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JONAS
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25/06/2017
Datação e autoria
O livro não traz nenhuma referência à autoria.
Quanto ao nome Jonas e referência ao rei Jeroboão II (Séc
VIII a C) nada indica que o escrito seja da mesma época
A linguagem utilizada é tardia, com palavras aramaica e
portanto do período persa.
Deus do céu (1,8) é expressão desta época. Existem
alusões de costumes persas: animais participando de
cerimônias de luto(3,7-8); co-autoria de decreto real.
Anacronismos e imprecisões geográficas:
Na época de Jeroboão II, Nínive não era grande e nem
importante;
Nesta mesma época não haveria referência para rei de
Nínive, mas sim da Assíria;
A cidade portuária de Jope seria mais perto de quem vem
de Jerusalém e não da Galiléia, como na descrição (Tiro
ou Aco) .
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Estrutura do livro
No Mar Em Terra
A 1,1-3 Missão de Jonas 3,1-4
B 1,4-16 Deus e os Gentios 3,5-10
C 2,1-11 Deus e Jonas 4,1-11
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Deus cria o ser humano à Sua imagem e semelhança – O ser humano faz a
experiência de Deus na Criação: Teologia da criação.
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Enquanto o povo realiza o projeto de Deus, Ele age com amor e ternura;
enquanto povo se desvia de seus caminhos, Ele age com castigo e punição:
Teologia profética.
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Cidade
portuária de
Jope, atual Jafa,
em Tel Aviv.
Cidade de Nínive,
atual Mosul, no
estado de Ninawa
do Iraque.
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CAPÍTULO 2
No segundo capítulo temos em Jn 2,5.8-10: 5E eu dizia: Fui expulso
de diante de teus olhos. Como poderei contemplar novamente o teu
santo templo? 8Quando minha vida em mim desfalecia,lembrei-me de
Javé; minha prece chegou a ti,até o teu santo templo.9Aqueles que
veneram os ídolos vãos,abandonam seu amor.10Quanto a mim, com
cantos de ação de graças,vou te oferecer sacrifícios e vou cumprir os
votos que tiver feito:a Javé pertence a salvação!”
Praticamente todo o capítulo 2 retrata a súplica de um salmo.
Nele aparece por duas vezes a menção do templo. No livro de
Jonas é a única vez que o templo aparece.
Conforme estes versos, Jonas é partidário da teologia do templo,
no qual Javé reside. No vs 5 temos suas afirmações básicas: a
expulsão diante dos olhos de Deus equivale a não mais poder
contemplar o seu santo templo. O mesmo ocorre no vs 8: a
minha prece chegou a ti, a teu santo tempo. A oração que
alcança o templo também alcança a Deus e vice-versa.
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CAPÍTULO 2
É muito importante lembrar que esta é a teologia de Jonas e do grupo ao
qual pertence, diferente da teologia do autor do livro.
O canto de ação de graças geralmente era acompanhado do sacrifício de
um animal. Canto e sacrifício de agradecimento são designados por um
mesmo termo, são gestos do mesmo ritual e expressões do mesmo
sentimento.
O sacrifício de um animal simbolizava o restabelecimento da comunhão.
Somente as partes gordurosas do animal eram queimadas. A carne era
consumida pelo salmista e seus amigos e familiares.
Este ritual é colocado em cheque através do texto de Oséias 6,1-6:
"1.Vinde, voltemos ao Senhor, ele feriu-nos, ele nos curará; ele causou a ferida, ele
a pensará. 2.Dar-nos-á de novo a vida em dois dias; ao terceiro dia levantar-nos-á,
e viveremos em sua presença. 3.Apliquemo-nos a conhecer o Senhor; sua vinda é
certa como a da aurora; ele virá a nós como a chuva, como a chuva da primavera
que irriga a terra. 4.Que te farei, Efraim? Que te farei, Judá? Vosso amor é como
a nuvem da manhã, como o orvalho que logo se dissipa. 5.Por isso é que os
castiguei pelos profetas, e os matei pelas palavras de minha boca, e meu juízo
resplandece como o relâmpago, 6.porque eu quero o amor mais que os sacrifícios, e
o conhecimento de Deus mais que os holocaustos.“
CAPÍTULO 2
O povo reconhece que seu pecado reside no
afastamento de Javé, mais precisamente na falta de
conhecimento de Javé.
A presença de Javé na vida do povo é certa como o dia
a dia e abundante como a chuvarada. Esta abundância
da presença de Javé se compara de forma inversa ao
orvalho do amor do povo.
Deus não quer os sacrifícios e holocaustos, mas o amor
e conhecimento que se traduz não por doutrina a ser
decorada, repetida e aplicada, mas experiência da
presença amorosa e libertadora de Javé e a partir desta
experiência do amor, perceber como que Ele quer que a
gente olhe e organize a vida.
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CAPÍTULO 3
No terceiro capítulo de Jonas, temos duas questões teológicas que estão
interligadas.
A primeira diz respeito ao anúncio de destruição em 40 dias para Nínive.
O tema sobre o dia ou ira de Javé é recorrente no AT, principalmente no
meio profético. Amós é primeiro profeta a trazer este tema, mas vamos
também encontrar no livro de Joel, contemporâneo de Jonas.
O outro tema presente no capítulo três de Jonas é o arrependimento de
Deus. Jonas anuncia o dia da destruição, o rei e o povo de Nínive fazem
jejum de arrependimento, entretanto isto não é garantia de que Deus irá se
arrepender: Jn3,9: 9Quem sabe? Talvez Deus volte atrás, arrependa-se e revogue
o ardor de sua cólera, de modo que não pereçamos!”
No livro do profeta Joel 2,13-14 há algo de semelhante, quando ele afirma
que um arrependimento verdadeiro por parte do povo pode mover o
coração de Deus.
Em Jonas 3,10 a conversão dos ninivitas move o coração de Deus, que se
arrependeu do mal que ameaçara fazer-lhes e não fez. Portanto temos aí
os dois temas importantes: o dia de Javé e o seu arrependimento diante da
conversão do povo.
CAPÍTULO 4
No quarto capítulo temos em Jonas 4,2: “E rezou a Javé: Ah! Javé! Não era
justamente isso que eu dizia quando estava na minha terra? Foi por isso que eu
corri, tentando fugir para Társis, pois eu sabia que tu és um Deus compassivo e
clemente, lento para a ira e cheio de amor, e que voltas atrás nas ameaças feitas”.
A conversão dos ninivitas faz Javé voltar atrás e não destruir a cidade.
Por isso Jonas sente um grande desgosto e fica irado. Jonas sabe que a
misericórdia de Deus se estende a todos os povos, mas não aceita.
A teologia presente está baseada no amor gratuito de Deus. O ser humano
é salvo por graça de Javé. Não sabemos se Jonas aceitou esta compreensão
de Deus. Pelo jeito não. Ele proclama a misericórdia de Deus, mas sua
vida e pratica a negam.
Há uma contradição entre teoria e a prática. No livro de Jeremias 18,1-10,
encontramos a famosa comparação entre Deus e o oleiro. Esta
comparação traz a teologia da misericórdia que encontramos em Jonas
Deus modela o povo como a argila, refaz os seus planos de acordo com o
que seja melhor para o povo, por isso é capaz de rever suas ameaças
transformando-as em acolhida e bênçãos.
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CONCLUSÃO:
O livro de Jonas revela um Deus muito humano. Ele sente, igual
a nós, pena de pessoas; isto o motiva a agir com misericórdia.
Não encontramos nada do dogmatismo e esquematismo de
Jonas;
Não se vê nenhum Deus calculista que soma direitos e deveres
em seu bloco de anotações.
O livro de Jonas nos revela um Deus livre e soberano, que não se
enquadra no rígido esquema da ortodoxia israelita.
A vida é o que importa para este Deus. Quando a vida está em
jogo, ele se deixa comover.
Este amor está bem próximo do amor presente nas parábolas de
Jesus. É o amor do Pai que recebe de braços abertos o filho que
desperdiçou toda a sua fortuna (Lc 15,11-32).
É a justiça do Deus que vê a necessidade do trabalhador e dá
salário igual a todos os operários, mesmo que alguns não
tenham tido a sorte de ter serviço durante o dia inteiro (Mt 20,1-16)
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