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INSTITUTO TEOLÓGICO FRANCISCANO

Alunos: Alberto Sambei Data: 05.03.2024


Bruno Cezário
Franklin Matheus
Gabriel Nogueira
Silvério Cajonde
Componente: Pentateuco

INTRODUÇÃO AO LIVRO DO GÊNESIS

O nome "Gênesis" foi dado pela tradução dos Setenta justamente para expressar o
conteúdo do livro que se preocupa principalmente com os fundamentos do povo de Deus. Não
muito diferente do correspondente hebraico que significa "no princípio".

1. Aspecto Literário-narrativo
O livro do Gênesis tem 50 capítulos; 1534 versículo; 85 páginas (na BHS). O livro do

Gênesis começa com a criação do mundo e termina com a morte de Jacó e de José. Com a

morte de José se encerra o período dos patriarcas. Na estrutura do livro do Gênesis

encontramos subdivisões: Uma como genealogia (5,1;10,1;1,10;25,12;36,1.9) e outra como

narrativa (2,4;6,9;11,27;25,19;37,2). O livro pode ser dividido em quatro partes, a primeira se

ocupando com a origem, em segundo com a história de Abraão, terceira com a história de

Isaac e Jacó, e finalmente a história de José e seus irmãos.

Na perspectiva de SKA (2003), a narrativa constitui o momento mais importante. Isto

porque apresenta a criação do homem e da mulher, do dilúvio, da história de Abraão, de Jacó

e de José e seus filhos. Por outro lado, o livro Gênesis forma um todo completo: é a história

dos antepassados.

Compreende-se que no livro do Gênesis não se encontra um único gênero literário,

mas sim vários gêneros literários, por causa das diferentes fontes de informação. O Povo de

Deus esteve cercado por diversos impérios que os dominaram e influíram também na escrita e

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no pensamento da transmissão das ideias. Muitos elementos vieram da cultura da

Mesopotâmia, outros elementos vieram do Egito, bem como também de civilizações menores

como os Fenícios e os Cananeus

Além de contar a origem do universo, da criação do homem (que inclusive descrevem


o pecado e consequente afastamento de Deus), os relatos da primeira parte têm a preocupação
de situar o povo de Israel no mundo, evidenciando as diversas culturas e línguas. Ou seja, o
livro procura deixar evidente os fundamentos de Israel como entidade
histórico-cultural-religiosa.

2. Aspecto Histórico-mítico
Analisando o aspecto histórico-mítico do Livro de Gênesis, podemos destacar a
linguagem mítica como uma ferramenta essencial para compreender certas passagens. A
experiência de contemplar o céu estrelado é descrita como uma experiência mítica, onde o ser
humano se sente conectado ao universo de uma forma transcendental. A linguagem mítica,
caracterizada por símbolos e alegorias, permite que a mente humana busque decifrar os
enigmas da realidade em que está imersa.
O texto explora a relação entre mito e religião, destacando que o mito é uma linguagem
natural do ser humano para compreender o divino. Ao analisar passagens do Gênesis, o texto
ressalta a importância da linguagem mítica para uma leitura mais profunda e significativa.
Além disso, são apresentadas características das sagas e mitos presentes no Livro de
Gênesis, como a criação, a queda e o dilúvio. A análise mostra como esses elementos míticos
se relacionam com narrativas de outros povos da antiguidade, evidenciando a riqueza cultural
e religiosa presente nos textos bíblicos.
Como vimos no texto anterior, o livro do Gênesis é repleto de aspectos históricos e
míticos fascinantes. Um dos aspectos mais proeminentes é a narrativa da criação do mundo,
que é ao mesmo tempo uma explicação cosmológica e um relato mitológico sobre a origem da
humanidade. Gn 1,1-25
A história de Adão e Eva é um exemplo clássico de como o livro do Gênesis combina
elementos históricos com mitologia. Enquanto alguns estudiosos interpretam essa narrativa
como uma explicação simbólica da relação entre Deus e a humanidade, outros a veem como
uma história literal sobre os primeiros seres humanos.Gn 1,26-27
Outro aspecto interessante é a história de Noé e o dilúvio. Essa história tem sido objeto
de debate entre estudiosos, com alguns sugerindo que pode ter raízes em eventos históricos

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reais, como grandes inundações na antiguidade, enquanto outros a interpretam como uma
lenda mitológica destinada a transmitir lições morais e religiosas.

3. Aspecto Teológico

O Livro do Gênesis é a narrativa da história da formação do povo de Israel. Mas


apesar de conter muitos elementos históricos, o Gênesis é uma obra essencialmente teológica
que procurava responder aos problemas angustiantes colocados pelo acontecimento do Exílio
(séc. VI):
a. No meio das trevas, Deus é a luz do seu povo;
b. No desespero do cativeiro, Deus há de renovar a Aliança feita depois da saída do
Egito.
Vale aqui lembrar que os livros bíblicos foram escritos em um período remoto, onde
não se tinha quase nenhum conhecimento técnico científico como nós temos hoje.
Por detrás das “histórias” contadas pelos seus autores, o Gênesis contém os grandes
temas teológicos das origens do povo de Israel, que faz o livro introduzir o leitor na história
diante de algumas temáticas:
1. Criação do Mundo;
2. Os patriarcas;
3. Aliança com os patriarcas
4. A Promessa: terra prometida

3. Aspecto Patriarcal-familiar
O aspecto patriarcal une a preocupação pelo território e pela descendência,
entrelaçando terra e família. O objetivo de traçar uma descendência pode ser obviamente
definir uma linhagem, estabelecendo assim, a pertença e identidade de um povo, situando-o
no mundo: História da definição de Israel.
Essa segunda e a terceira parte são o núcleo do Livro do Gênesis, parte mais extensa e
importante, dedica-se aqui a história dos patriarcas, o fundamento da fé, conta-se como Deus
ao longo da história interveio para garantir sua promessa. Aqui o núcleo é a aliança, que
possui como contrato, da parte Deus: a promessa de posse da terra, e da parte do povo: o
compromisso de cumprir os mandamentos divinos.

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No Livro do Gênesis não temos os mandamentos da lei codificados, o que não era
necessário, pois a aliança se dava de forma direta entre Deus e os Patriarcas, sem
interventores, seja lei, seja profetas, etc.
As reviravoltas da intervenção de Deus evidenciam a procura do homem em
corresponder aos planos divinos, onde caberia ao homem a confiança e a fidelidade.

REFERÊNCIAS:

AIRES, J. V. . A linguagem mítica no Gênesis. Estudos Bíblicos, São Paulo, v. 20, n. 75, p.
52–60, 2022. Disponível em: https://revista.abib.org.br/EB/article/view/820. Acesso em: 4
mar. 2024.

BÍBLIA. Bíblia Sagrada. Petrópolis, RJ: Vozes, 2005.

BÍBLIA. Bíblia Sagrada de Jerusalém, São Paulo: Paulus, 2022.

BROWN, Raymond E; FRITZMYER, Joseph A; MURPHY, Roland E. Novo Comentário


Bíblico São Jerônimo, Antigo Testamento. Academia Cristã; Paulus, 2007.

KLEINE, M. Aliança com Abraão. Estudos Bíblicos, São Paulo, v. 24, n. 90, p. 20–26, 2022.
Disponível em: https://revista.abib.org.br/EB/article/view/651. Acesso em: 2 mar. 2024.

SELLIN, E; FOHRER, G. Introdução ao Antigo Testamento. Trad. D. Mateus Rocha – São


Paulo: Academia Cristã: Paulus, 2007.

SKA, Jean Louis. Introdução à leitura do Pentateuco: Chaves para a interpretação dos

cinco primeiros livros da Bíblia, Edições Loyola, 2003.

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