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O LIVRO DE GÊNESIS

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Introdução

AUTORIA
A. TÍTULO
1. Os hebreus deram-lhe o nome de “Bereshith” devido à sua primeira frase, “No
princípio”.
2. Os tradutores da Septuaginta chamaram-no de “Gênesis” (Origem) em virtude de ele
relatar a origem do Universo e do homem na obra criativa de Deus.

B. AUTORIA DE MOISÉS CONTESTADA


1. Até o século dezessete, as comunidades judaicas e cristãs atribuíram universalmente a
autoria do Pentateuco a Moisés.
2. Depois que Baruch Spinoza insinuou em 1671 a possibilidade de seu autor ter sido
Esdras, muitas teorias apareceram sobre o assunto. O emprego de diferentes nomes de
Deus, estilos literários diversos e a enumeração de diferentes fases do desenvolvimento
do culto têm levado críticos a supor a existência de vários documentos originais. Alguns
estudiosos de nomeada concordam com o seguinte:
a. Jean Astruc (1753) admitiu uma autoria dupla por aparecerem dois nomes de Deus:
Elohim (E) e Yahweh (J) (de Javé).
b. Johann Eichorn (1780) também achou estilos literários diferentes em relação aos
dois nomes de Deus, e viu nisso evidências que confirmariam a existência de dois
autores.
c. Alexander Geddes (popularizado por W. M. de Wette, 1792) admitiu muitos
autores para o livro de Gênesis, mas um só redator que teria reunido os fragmentos,
partindo dos mais primitivos e diversos documentos para os mais unificados.
d. Hermann Hupfeld, Karl Graf e Abraham Kuenen (1853-69) dividiram o documento
(E) a fim de separar um Código Sacerdotal (P), e consideraram Deuteronômio
como o último documento (D).
e. Julius Wellhausen (1876) designou a organização clássica da Teoria Documentária,
estabelecendo a ordem JEDP.
3. A Teoria Documentária Wellhausen, com as suas datas muito tardias para o Pentateuco
(que teria sido escrito no período do exílio, ou mais tarde), já não é muito considerada,
mas a teoria dos quatro documentos subsiste.
As quatro principais fontes são geralmente vistas na seguinte ordem:
a. J (Javé), escrito no Reino do Sul por volta de 950 a.C.
b. E (Elohim), escrito no Reino do Norte cerca de 850 a.C.
c. D (Deuteronômio), composto aproximadamente em 650
d. C., antes de Josias.
e. P (Código Sacerdotal), composto de tradições mosaicas antigas depois do exílio,
cerca de 525 a.C.
4. Negar a autoria de Moisés traz inevitavelmente o desgaste de outras doutrinas:
a. É questionada a inspiração divina, pois os livros passam a ser considerados produto
de maquinações religiosas, em vez de palavras diretas de Moisés, o profeta de
Deus.
b. A exatidão histórica das narrativas e da legislação também são impugnadas, visto
que uma aparente aura de embuste se difunde no conjunto. Como conseqüência, os
acontecimentos passam a ser vistos como mitos inventados por devotos da religião,
em vez de história autêntica.

C. AUTOR IA DE MOISÉS CONFIRMADA


1. Moisés é reconhecido como o homem mais erudito da antiguidade e como aquele que
reivindicou escrever sob a direção de Deus (Êxodo 17:14; 34:27; Deuteronômio 31:9,
24; Atos 7:22). Nenhum outro autor da antiguidade foi assim identificado.
2. A unidade de conteúdo, estilo antiquado e gênero de palavras diferenciam os livros do
Pentateuco de todos os outros do Antigo Testamento. Há uma continuidade óbvia de
conteúdo e estilo em todos os cinco livros.
3. Cristo e os escritores do Novo Testamento afirmam ser Moisés o autor dos cinco livros
conhecidos como “A Lei” (João 1:17; 5:47; 7:19; Romanos 10:5, 19).
4. Evidências arqueológicas dignas de total credibilidade confirmam hoje que houve
atividade literária intensa antes de Moisés, pelo menos a partir da época de Abraão.
5. Quase todas as tradições judaicas reconhecem, até os tempos modernos, a autoria de
Moisés.
6. O reconhecimento de que Moisés usou no processo seletivo vários documentos antigos
disponíveis é compatível com a inspiração divina, pois muitos outros escritores bíblicos
admitiram essa prática (Lucas 1:1-3).

CENÁRIO HISTÓRICO
A. D A T A EM QUE FOI ESCRITO - 1443 a.C., aproximadamente.
1. Embora fosse possível Moisés escrever esse livro no exílio de quarenta anos em Midiã,
é duvidoso que ele tivesse a motivação humana ou a inspiração divina para compor essa
monumental obra literária. É mais provável que a tenha escrito num período
subsequente à sua comissão divina junto à sarça ardente que fez dele um profeta de
Deus.
2. Gênesis foi provavelmente redigido durante a primeira parte da peregrinação pelo
deserto, enquanto procurava instruir Israel sobre as verdades fundamentais divinas e o
programa da aliança de Deus para com a nação.
B. EXTENSÃO HISTÓRICA DE GÊNESIS - 2369 anos
1. A história de Gênesis começa com a criação do Universo e do homem e termina com a
morte de josé^ o último dos patriarcas de Israel.
2. O período de tempo está especificado na narrativa como sendo de 2369 anos, aceitando-
se o texto hebraico massorético. (V. Cronologia do Livro de Gênesis.)
C. EXTENSÃO GEOGRÁFICA DE GÊNESIS
1. A ação geográfica do livro é a do vale da Mesopotâmia, conhecido como o “berço” da
raça humana, até o vale do Nilo no Egito, o berço da raça hebraica.
2. Essa área, com uma configuração crescente, é chamada de “Fértil Crescente”. Três
continentes convergem para o seu centro, tornando-a de muitas maneiras o “centro da
terra”.
D. CENÁRIO RELIGIOSO
1. A religião, ou o relacionamento pessoal com Deus, figura proeminentemente em
Gênesis. Antes do dilúvio, o monoteísmo prevalece quase universalmente. Os castigos
divinos, por ocasião do dilúvio e da torre de Babel, foram motivados pela insolência e
rebelião do povo. Na época de Abraão, a idolatria se tinha alastrado tanto na Caldéia
como no Egito. A idolatria motivou o posterior castigo divino ao Egito.
2. A ação religiosa de Gênesis 1-11 retrata os inevitáveis resultados do pecado no mundo,
subjugando e corrompendo tudo o que toca. Começando com a independência e desejos
egoístas, o pecado sai do coração e da vontade e atinge o lar, a família, os descendentes
e a sociedade em geral. No dilúvio, Deus teve de quase destruir a raça humana a fim de
salvá-la.
3. Na história de Abraão e da sua aliança com Deus, o programa redentor divino é
apresentado como a resposta do Criador ao dilema do homem no pecado. De um mundo
emaranhado em idolatria (Josué 24:2), Deus selecionou Abraão como um homem de fé
a fim de que fosse o recipiente da sua graça e das suas alianças, sendo que, através
delas, o seu programa redentor seria executado.

OBJETIVOS DO LIVRO DE GÊNESIS


A. Seu objetivo histórico é proporcionar uma narrativa autêntica da origem nobre do
homem ao ser criado por Deus, sua queda ignóbil no pecado, com as devidas
consequências de corrupção e julgamento, e a introdução do reino de Deus e dos
programas redentores na terra. A história é mais específica do que geral, sempre
excluindo linhas colaterais a fim de traçar os programas da aliança e redenção.
B. O seu objetivo teológico é salientar a soberania de Deus sobre toda a criação e enfatizar
a responsabilidade do homem para com o Deus soberano. Reação positiva de
obediência traz a graça e o livramento de Deus, sendo que a reação negativa de rejeição
e rebeldia acarreta o julgamento divino.

ESBOÇO GENEALÓGICO DE GÊNESIS (‘‘Estas são as gerações”, Heb. 20 Conheça


Melhor o Antigo Testamento Toledoth)

1. 1. A Geração dos céus e da terra. 2:4 (desde 1:1)


2. 2. A Geração de Adão. 5:1
3. 3. A Geração de Noé. 6:9
4. 4. A Geração dos filhos de Noé. 10:1
5. 5. A Geração de Sem. 11:10
6. 6. A Geração de Terá. 11:27
7. 7. A Geração de Ismael. 25:12
8. 8. A Geração de Isaque. 25:19
9. 9. A Geração de Esaú. 36:1, 9
10. 10. A Geração de Jacó. 37:2

Contribuições Singulares de Gênesis


1. A SOBERANIA DE DEUS. A afirmação inicial da Bíblia apresenta Deus como o
“Criador” soberano de todas as coisas. Sua existência é admitida como a fundação
incontestável de toda a verdade, não se fazendo necessário apresentar provas dela, pois
nesse particular ninguém teria autoridade suficiente para julgar o assunto. Quem assim
proceder declara-se insensato (Salmo 14). Como Criador soberano, ele não dá satisfação
a ninguém, mas exige respeito e obediência de todos os seus súditos. Nada revela sobre
a sua origem ou passado; apenas surge da eternidade misteriosa para iniciar a sua obra
de criação. Como Criador, é chamado de “Elohim” no capítulo 1, enfatizando a sua
grandeza ou plenitude, bem como sugerindo a Trindade. Sua soberania é a grande
tônica do livro.
2. ÚNICO REGISTRO AUTÊNTICO DO INÍCIO. Apesar de terem sido achados
vários documentos antigos com vagos relatos sobre a criação do homem, nenhum deles
pode comparar-se, sequer remotamente, com o registro específico, simples e majestoso
de Gênesis 1 -2. O primeiro legislador e historiador de Israel dá instrução explícita com
documentos disponíveis e inspiração divina referente à origem de todas as coisas
essenciais à vida. Sem esse registro, não teríamos uma visão objetiva de como o mundo
começou, de como as várias formas de vida tiveram início, da origem verdadeira do
homem, de como o pecado entrou no mundo, de como as várias raças foram formadas, e
por que os idiomas foram diversificados em vez de unificados. O mais antigo livro
conhecido proporciona ao homem essas verdades absolutas.
3. A ENTRADA DO PECADO. Sem esse registro, seria difícil determinar a origem do
pecado ou do mal. Gênesis demonstra claramente que o Criador não criou o pecado ou
o mal. Ele surgiu de dentro do coração de Adão e Eva. A sua causa não foi um mau
ambiente, nem a serpente ou o fruto da árvore do bem e do mal. Essas não foram as
causas, mas a ocasião. A causa estava no uso egoísta da vontade humana de rejeitar a
vontade soberana de Deus, desobedecendo-lhe. Ao entrar no mundo, o pecado começou
a multiplicar-se imediatamente. Isso é descrito em Gênesis 4-6. Do coração do primeiro
casal passou ao lar, aos filhos e depois a toda a sociedade. O resultado é descrito em
6:11-12: “A terra estava . . . cheia de violência” e “todo ser vivente havia corrompido o
seu caminho.” O pecado não ficou inativo nem permaneceu apenas como um “defeito
de menor importância”.
4. O LIVRO DOS GRANDES JULGAMENTOS SOBRENATURAIS. Do mesmo
modo que o Apocalipse no final da Bíblia, Gênesis ressalta diversos julgamentos
sobrenaturais: 1) a maldição como resultado da Queda; 2) o Dilúvio; 3) a confusão de
idiomas em Babel; 4) fogo e enxofre sobre Sodoma e Gomorra. A rebelião contra a
vontade de Deus, rebelião que trazia corrupção, motivou cada julgamento. Os
julgamentos retratam a intolerância de Deus para com o pecado e a rebelião. Em cada
julgamento, porém, vinha a oferta divina de misericórdia e graça no caso de uma reação
favorável. Deve-se notar que o Senhor preserva a conseqüência ou “os destroços” de
cada julgamento com o fim de lembrar à terra que a sua ira é contra o pecado, mesmo
nesta época de graça.
5. O PROTO-EVANGELHO OU O “PRIMEIRO EVANGELHO”. A entrada do
pecado trouxe julgamento, mas trouxe também a promessa divina de redenção (3:15).
Ele prometeu que o “descendente” da mulher iria ferir a cabeça da serpente e a serpente
iria ferir o seu calcanhar (referindo-se a Cristo e ao demônio, João 12:31-32;
Apocalipse 12:9). É uma descrição resumida do reino de Deus e do plano de redenção.
A morte de Cristo destruiu potencialmente Satanás e o seu reino, ao prover redenção
aos descendentes de Adão e Eva. Esta primeira promessa divina é o “João 3:16” do
Antigo Testamento, exortando à fé demonstrada pelo derramamento do sangue animal.
6. A ALIANÇA ABRAÂMICA. A história de Abraão e sua aliança com Deus é a parte
mais importante de Gênesis. Os primeiros onze capítulos retratam o “dilema do
homem” ou o “progresso do pecado”, e os últimos trinta e nove retratam o “livramento
de Deus” ou a promessa de salvação. Essa promessa com os seus quatro elementos é
chamada de aliança abraâmica, e é o fundamento de todo o futuro programa divino para
a humanidade. Deus prometeu a Abraão que traria bênçãos pessoais, nacionais,
territoriais e espirituais através da sua “Semente”. A vida de Abraão é uma história da
dádiva da aliança. Numa série de seis encontros com o patriarca, “Javé” (Deus da
aliança) 1) estabeleceu a aliança (12:1-3); 2) confirmou-a (12:7); 3) ampliou-a (13:14-
17); 4) ratificou-a num ritual (15:8-18); 5) simbolizou-a (17:10); e 6) acrescentou o seu
juramento (22:16-18). Garantida apenas por Deus, não podia ser anulada pelas falhas de
Abraão ou da sua descendência. Apesar de parcialmente cumprida na história de Israel,
e cumprida espiritualmente na primeira vinda de Cristo, o cumprimento absoluto de
todos os seus elementos aguarda a segunda vinda do Senhor, que é o “descendente” de
Abraão (Gálatas 3:16).
7. CRISTOLOGIA EM GÊNESIS. Esse livro dos princípios também antecipa a vinda
de Cristo. Mesmo veladas à mente secular, essas referências sutis alertam os crentes
para aquele que cumprirá a promessa final. Essas referências cristológicas aparecem na
forma de profecias ou de tipos velados.

Profecias Específicas
a. O “descendente” da mulher no protótipo do evangelho (3:15). Um Filho de Eva (ou
Maria) viria fatalmente ferir e ser temporariamente ferido pela “serpente” ou Satanás
(Gálatas 4:4).
b. A “semente” de Abraão na aliança abraâmica (12:3). Um descendente de Abraão viria
abençoar todas as nações com a oferta da justificação pela fé (Atos 3:25; Gálatas 3:7-9).
c. Um “Leão” da tribo de Judá seria levantado como o Soberano do mundo (Gênesis 49:9
—10; Apocalipse 5:5).

ESBOÇO DE GÊNESIS
TEMA: “A Obra de Deus na Criação e na Origem da Salvação”
I A HISTÓRIA PRIMITIVA DA RAÇA HUMANA 1-11
A. A Narrativa da Criação 1-2
1. Narrativa de toda a criação 1
2. Narrativa especial da criação do homem 2
B. A Narrativa da Queda 3-6
1. Entrada do pecado 3
2. Avanço do pecado 4-6
C. A Narrativa do Dilúvio 6-8
1. Causa do dilúvio 6
2. Vinda do dilúvio 7
3. Conseqüência do dilúvio 8
D. A Narrativa da Nova Geração 9-11
1. Novo começo com Noé 9-10
2. Nova rebelião em Babel 11
II A HISTÓRIA PATRIARCAL DA RAÇA HEBRAICA 12-50
A. A Vida de Abraão - Aliança Prometida 12-24
1. Princípio da fé na aliança 12-14
2. Teste da fé na aliança 15-21
3. Aperfeiçoamento da fé 22-24
B. A Vida de Isaque - Aliança transmitida 21-26
1. Nascimento e casamento 21-24
2. Bênção concedida 25-26
C. A Vida de Jacó - Aliança prosseguida 27-36
1. Bênçãos materiais conseguidas 27-30
2. Bênçãos espirituais malogradas 31-36
D. A vida de Jacó - Aliança exercida 37-50
1. Treinamento por provações 37-40
2. Triunfo pela confiança 41-50

As Alianças da Bíblia: Deus Delineia o seu Programa


ALIANÇA ADÂMICA (Gênesis 3:15) – Deus promete redimir a humanidade
AS ALIANÇAS através da semente da mulher.
SEMINAIS ALIANÇA NOÉTICA (Gênesis 9:1-17) – Deus promete não mais destruir a
terra por águas.
ALIANÇA CENTRAL ABRAÂMICA (Gênesis 12:1-17) – Quatro promessas
de bênção a Abraão e através dele.
1. Bênção pessoal – um grande nome.
O PACTO
2. Bênção territorial – vasta extensão de terra prometida à sua “semente”.
CENTRAL
3. Bênção nacional – uma grande nação.
4. Benção espiritual – todas as nações seriam abençoadas na semente de
Abraão.
1. ALIANÇA MOISAICA
AS ALIANÇAS 2. ALIANÇA PALESTÍNICA
ESPECÍFICAS 3. ALIANÇA DAVÍDICA
4. ALIANÇA ESPIRITUAL
ALIANÇA NOVA ALIANÇA COM JEREMIAS
SECUNDÁRIA

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