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Resumos dos Livros da Bíblia: Introdução

A Bíblia é um livro de livros. É uma pequena biblioteca de livros


escritos ao longo de 1.500 anos ou mais por aproximadamente 40
autores em três idiomas e em vários países. Nas Bíblias que
usamos hoje, estes livros não seguem uma ordem cronológica.
São organizados mais ou menos por tipo de livro – agrupamentos
de livros históricos, poéticos, proféticos, etc. Para muitos leitores,
o estudo da Bíblia se torna mais difícil por não ter noção de como
compreender estes livros no seu contexto. E muitas das doutrinas
erradas no mundo religioso vêm de abuso de textos bíblicos que
são interpretados sem respeitar seu contexto.

Com esta introdução, começamos a nossa jornada pelas páginas


destes livros fascinantes. Na leitura das Escrituras, veremos as
características de Deus, com ênfase no seu amor e na sua
santidade. Veremos as reações dos homens ao Criador, tanto os
fiéis e obedientes quanto os rebeldes e desobedientes. Em todos
estes casos, haverá lições para o nosso bem. Para receber o
benefício destes estudos, é preciso desejar a palavra como um
bebê deseja leite: “Despojando-vos, portanto, de toda maldade
e dolo, de hipocrisias e invejas e de toda sorte de
maledicências, desejai ardentemente, como crianças recém-
nascidas, o genuíno leite espiritual, para que, por ele, vos seja
dado crescimento para salvação, se é que já tendes a
experiência de que o Senhor é bondoso” (1 Pedro 2:1-3).

Gênesis: O Livro de Começos

No princípio. Estas são as primeiras palavras do primeiro livro


nas nossas Bíblias. A partir desta introdução, o relato descreve,
em termos muito resumidos, a criação do Universo e a história
dos primeiros seres humanos. O livro de Gênesis abrange um
período de tempo maior do que qualquer outro dos livros bíblicos,
e apresenta informações fundamentais para compreender os
demais. Vamos conhecer um pouco deste livro.

Gênesis é um dos livros atribuídos a Moisés, personagem


importante dos quatro livros que o seguem. Serve para explicar ao
povo judeu suas raízes genealógicas e, mais importante, o
propósito de Deus para este povo. Este livro responde, também, a
questões naturais de pessoas de quaisquer nações que buscam
entendimento de suas origens e da vontade do seu Criador.

Vamos ver resumidamente o conteúdo dos capítulos de Gênesis.

Capítulos 1 e 2 falam sobre a criação do Universo pela palavra de


Deus. O autor não apresenta argumentos filosóficos nem
explicações científicas deste processo. Ele afirma que Deus falou
e, pela força da sua palavra, criou todas as coisas. O primeiro
capítulo descreve a criação geral e o segundo volta a destacar
mais detalhadamente o que Deus fez para criar o homem e a
mulher, o casal que passa a ser conhecido como Adão e Eva.
Deus criou este casal com a capacidade de compreender palavras
faladas e de escolher entre o amor e o ódio. O amor seria
manifestado em atos de obediência para agradar o Criador,
enquanto a rebeldia seria prova do desrespeito para com ele.
Descobrimos no capítulo 2, também, a vontade de Deus sobre o
casamento. Antes de existir qualquer tipo de igreja ou religião
organizada, Deus explicou sua intenção de um homem e uma
mulher se unirem no casamento (Gênesis 2:24; compare Marcos
10:5-8).

Capítulos 3, 4 e 5 destacam a separação do homem de Deus em


consequência do pecado. Adão e Eva desobedeceram a palavra de
Deus e sofreram várias consequências deste erro. O mais grave
dos resultados foi a separação de Deus na expulsão do casal do
paraíso terrestre do Éden. Depois, outros também pecaram e
sofreram consequências.

Capítulos 6 a 9 relatam um dilúvio mundial que Deus usou para


limpar o mundo do pecado e começar novamente com a família
de Noé. Oito pessoas foram salvas pela água (1 Pedro 3:20).

Capítulos 10 e 11 descrevem a dispersão dos descendentes de Noé


depois do dilúvio. Foram espalhados pela confusão dos idiomas
que Deus fez quando alguns tentaram se exaltar contra o Senhor.
No final do capítulo 11, a lista dos descendentes de Noé chega a
Abraão, o personagem principal do resto do livro de Gênesis.

Capítulos 12 a 50 contam a história de quatro gerações da família


pela qual Deus prometeu cumprir seus propósitos para com os
homens. Deus prometeu fazer dos descendentes de Abraão uma
grande nação que receberia uma terra especial. Mais importante,
ele disse que um dos descendentes deste patriarca abençoaria
todas as famílias da terra. Esta profecia de Gênesis 12:1-3
predisse a vinda de Jesus Cristo uns 2.000 anos antes do seu
nascimento. Nestes capítulos, aprendemos sobre a fé obediente de
Abraão, Isaque, Jacó e José. Também descobrimos como esta
família chegou ao Egito, onde passou gerações na escravidão.
Desta maneira Moisés apresentou o pano de fundo para o povo
israelita de sua geração compreender seu lugar no plano de Deus.

Uma das principais mensagens do livro de Gênesis foi bem


resumida em um comentário no Novo Testamento sobre os
patriarcas: “Todos estes morreram na fé, sem ter obtido as
promessas; vendo-as, porém, de longe, e saudando-as, e
confessando que eram estrangeiros e peregrinos sobre a terra.
Porque os que falam desse modo manifestam estar
procurando uma pátria” (Hebreus 11:13-14). O primeiro livro
da Bíblia está cheio de esperança!

Êxodo A Constituição de Israel

“Eu sou o SENHOR, teu Deus, que te tirei da terra do Egito,


da casa da servidão” (Êxodo 20:2). Estas palavras, faladas no
monte Sinai antes de Deus pronunciar os dez mandamentos,
resumem bem a mensagem central do segundo livro da Bíblia.
Êxodo, o título comum deste livro, se refere à saída dos israelitas
do Egito depois de gerações naquele país, a última parte deste
período na condição de escravos. O livro é atribuído a Moisés e se
mostra importante para entender o papel deste líder na formação
da nação de Israel 3.500 anos atrás.
Um dos principais objetivos do livro de Gênesis foi explicar as
raízes do povo judeu como descendentes do patriarca Abraão.
Iniciando com um resumo rápido das mudanças mais importantes
nas gerações depois de José, o livro de Êxodo então foca o
estabelecimento da nação de Israel durante a vida de Moisés.

Depois dos primeiros dois capítulos, que incluem uma narração


rápida dos primeiros 80 anos da vida de Moisés, o resto do livro
relata os acontecimentos durante um período de um pouco mais
de um ano. Durante este período, Deus constituiu a nação de
Israel, cumprindo uma das três partes da promessa feita a Abraão
séculos antes (veja Gênesis 12:1-3).

Quando uma nova nação é formada, é comum a preparação de


algum documento que define os princípios pelos quais o povo
será governado. Conhecemos este documento como constituição.
Podemos olhar para o livro de Êxodo, especialmente o trecho
começando com os dez mandamentos (capítulo 20 em diante)
como a constituição da nação de Israel. A partir deste capítulo,
Deus anuncia ao povo os princípios desta teocracia. Esta parte da
revelação de Deus teve um grande impacto no futuro do povo
judeu, e tem influenciado sistemas de lei adotados por muitas
outras nações ao longo dos últimos 3.500 anos.

No livro de Êxodo, encontramos a narração dos seguintes


acontecimentos importantes:

Capítulo 1 fala da circunstância do povo de Israel na escravidão


no Egito, servindo como ponte de ligação entre José e Moisés.

Capítulo 2 resume os primeiros 80 anos da vida de Moisés e


explica o motivo de ele ficar longe do seu povo.

Capítulos 3 e 4 contêm a história do início da missão de Moisés.


Ele foi equipado por Deus para uma tarefa exigente de libertar o
povo do faraó (rei) egípcio e conduzi-lo à terra prometida séculos
antes aos patriarcas.
Capítulos 5 a 14 falam do sucesso de Moisés, guiado por Deus em
cada passo, em vencer o rei e os deuses do Egito para livrar os
israelitas da escravidão.

Capítulos 15 a 18 relatam a história das primeiras semanas da


viagem deste povo depois do livramento da escravidão, no trajeto
do Egito para o monte Sinai.

Capítulos 19 a 40 registram os principais acontecimentos dos


próximos 10 meses, terminando um mês antes da saída do povo
do monte Sinai. Nestes capítulos, lemos sobre: a revelação da Lei
de Deus por meio de Moisés, incluindo as instruções sobre o
tabernáculo, seus móveis e o sacerdócio da família de Arão
(capítulos 19 a 31); o grave erro de Arão e o povo em fazer um
bezerro de ouro (capítulos 32 e 33); a segunda revelação da Lei a
Moisés (capítulo 34), a preparação e montagem do tabernáculo, o
templo móvel que seria usado durante o resto da viagem para a
terra prometida (capítulos 34 a 40).

O livro de Êxodo encerra com a descrição da presença de Deus no


tabernáculo, mostrando a grande bênção da comunhão entre o
Senhor e seu povo escolhido.

Levítico: Instruções para os Sacerdotes de Israel

A comunhão do povo de Israel com Deus foi a prioridade de


Moisés. Quando Israel tropeçou, Moisés implorou que Deus não
se afastasse deles (Êxodo 33:12-17). No sistema inaugurado pelo
Senhor no deserto, uma parte chave desta comunhão entre o povo
e Deus foi o sacerdócio levítico. Deus determinou que Arão,
irmão de Moisés, e seus descendentes seriam os sacerdotes de
Israel. Ordenou, também, que os parentes deles ajudassem em
serviços de apoio. Eram todos da tribo de Levi. É desta tribo que
o terceiro livro da Bíblia recebeu seu nome comum, Levítico. O
livro relata as orientações dadas por Deus aos levitas e ao povo
que, guiado por esta tribo sacerdotal, participaria destes atos de
adoração e comunhão.
Uma vez que entendemos, pelo estudo do Novo Testamento, que
as leis dadas aos israelitas no monte Sinai não estão em vigor
após a morte de Jesus, seria fácil pular este livro e perder o valor
da sua mensagem. É claro que suas regras sobre sacrifícios,
ofertas, dízimos, alimentos e festas não se aplicam a nós, por
terem sido sombras de Jesus Cristo e sua mensagem (Colossenses
2:16-17). Mas nestas sombras achamos lições valiosas que
enriquecem o nosso entendimento do Novo Testamento e da base
da nossa comunhão com o Senhor na Nova Aliança.

O conteúdo do livro de Levítico pode ser resumido conforme os


assuntos tratados:

Capítulos 1 a 7 apresentam instruções detalhadas sobre diversos


tipos de sacrifícios e ofertas.

Capítulos 8 a 10 tratam da consagração dos primeiros sacerdotes


da família de Arão. No meio deste relato encontramos a triste
história da morte de dois dos filhos de Arão por não seguir à risca
as instruções dadas. Deus usou este exemplos para enfatizar a
importância da reverência do homem diante do seu Senhor.

Capítulos 11 a 16 falam das leis sobre coisas imundas, inclusive


sobre as distinções entre animais permitidos e proibidos como
alimentos para os judeus. Hoje, estas regras não se aplicam, mas o
princípio atrás delas mantém sua importância para os seguidores
de Jesus no Novo Testamento. Deus usou estas distinções para
ensinar a importância da santidade (separação) e explicou: “vós
sereis santos, porque eu sou santo” (Levítico 11:45). Pedro
usou este princípio como fundamento para seu ensinamento sobre
a santificação prática dos cristãos (veja 1 Pedro 1:15-16).

Capítulos 17 a 20, 24, 25 e 27 incluem diveras leis práticas para


manter a santidade do povo. Entre elas são restrições sobre
casamentos e relações sexuais, princípios de honestidade e ética,
avisos contra idolatria e blasfêmia, instruções sobre
responsabilidades para com os pobres e orientações sobre votos.
Capítulos 21 e 22 falam da santidade dos sacerdotes e de algumas
responsabilidades específicas deles.

Capítulos 23 e 25 estabelecem vários dias comemorativos no


calendário judaico.

Capítulo 26 apresenta um contraste por meio de duas listas. A


primeira designa diversas bênçãos para os obedientes enquanto a
segunda fala dos castigos que viriam se o povo for desobediente.
Neste capítulo, também, Deus mostra a sua vontade de perdoar os
pecadores arrependidos, demonstrando seu desejo de manter a
comunhão com este povo.

Na leitura do livro de Levítico, estamos nos preparando para


compreender conceitos do Novo Testamento, onde aprendemos
que todos os cristãos são sacerdotes com o privilégio de oferecer
sacrifícios a Deus. Pedro disse: “também vós mesmos, como
pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes
sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais
agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo” (1 Pedro
2:5). Que privilégio!

Números: Os Israelitas no Deserto

Depois da pausa para ver as orientações sobre adoração e serviço


no livro de Levítico, nossa leitura volta à narração histórica com o
livro de Números. Este livro preenche a lacuna entre Êxodo e
Deuteronômio e abrange quase todo o período da peregrinação
dos israelitas no deserto, a história de uma geração que saiu do
Egito, mas não entrou na terra de Canaã.

A primeira data citada neste livro foi exatamente um mês depois


do primeiro levantamento do tabernáculo em Sinai (compare
Êxodo 40:17 com Números 1:1). Os últimos capítulos registram
acontecimentos do último ano da peregrinação. Ao todo, Números
abrange mais de 38 anos da história de Israel.

O conteúdo do livro de Números pode ser resumido conforme os


assuntos tratados:
Capítulos 1 a 9 falam sobre a consagração do povo no monte
Sinai. Pouco mais de um ano depois da saída de Israel do Egito,
Deus ordenou um censo do povo. Moisés usou estas informações
na organização do acampamento e na divisão de tarefas. Os
levitas foram encarregados das coisas sagradas, enquanto as
outras tribos ficaram responsáveis pela defesa do povo. Foram
contados 603.550 homens com idade suficiente para participar de
guerra.

No capítulo 10, os israelitas saíram do monte Sinai, onde haviam


passado quase um ano, seguindo uma nuvem que Deus usou para
guiar seu povo. Deste momento, teria sido uma viagem
relativamente rápida para chegar à terra prometida. Mas, como
veremos nos capítulos seguintes, o povo se atrapalhou no deserto
e a posse da terra foi adiada uma geração.

Capítulos 11 e 12 falam dos primeiros problemas na viagem.


Como já havia feito um ano antes, o povo reclamou sobre a sua
situação, dizendo que os alimentos que recebiam na escravidão no
Egito eram melhores do que as provisões dadas por Deus na
liberdade! Desejavam aqueles pepinos e peixes e desprezaram o
maná enviado diariamente pelo Senhor. Outro problema partiu de
Arão e Miriã, irmãos de Moisés, que mostraram ciúmes do líder
escolhido por Deus.

Capítulos 13 e 14 relatam a história do erro que selou o destino de


uma geração de hebreus. Dez dos doze espiões enviados para
avaliar a terra de Canaã voltaram mais impressionados com o
tamanho dos gigantes do que com o poder de Deus. Por sua
covardia, convenceram o povo a desistir da conquista da terra boa
que Deus havia preparado. Como consequência, todos os homens
que saíram do Egito, com exceção dos dois espiões fieis,
morreram no deserto. Somente seus filhos, que eram crianças
quando saíram ou que nasceram no caminho, teriam oportunidade
para entrar na terra de promessa.

Capítulos 15 a 19 falam sobre ensinamentos e exemplos daquela


geração que serviam para reforçar a importância de respeitar a
Deus e à sua vontade.
Capítulos 20 a 36 registram a história de alguns dos últimos
meses da jornada do povo. Depois de 38 anos de peregrinação e a
morte de uma geração, começaram o último trecho da viagem
para Canaã. Alguns fatos de destaque deste período são a morte
de Miriã e Arão, o pecado de Moisés que impediria a sua entrada
na terra prometida, e os conflitos com os povos que encontraram
no caminho para Canaã. Deus deu aos israelitas vitórias
impressionantes sobre gigantes e povos grandes. Mesmo quando
reis e profetas se juntaram contra o povo de Israel, Deus se
mostrou mais forte e protegeu seu povo. Estes capítulos incluem
instruções sobre várias situações, especialmente em relação à
herança de terra, assunto que se tornaria importante na conquista
de Canaã.

Um último censo feito antes da conquista da terra mostrou que,


depois de várias gerações de crescimento rápido, a população de
Israel se estagnou. O povo sofreu porque pecou!

Deuteronômio: As Últimas Palavras de Moisés

Alguns livros da Bíblia abrangem centenas ou até milhares de


anos, enquanto outros tratam de apenas semanas ou meses. O
livro de Deuteronômio, o último do Pentateuco, trata de um
período de aproximadamente um mês no final da vida do líder
escolhido por Deus para libertar Israel da escravidão e revelar ao
povo sua Lei. Antes de morrer, Moisés fez uma última série de
discursos nas planícies de Moabe, do lado oriental do rio Jordão.
No final do livro é relatada a morte deste homem, abrindo espaço
para Josué, seu sucessor, conduzir o povo na conquista da terra
prometida.

O livro de Números registra os movimentos dos israelitas nos


últimos meses da peregrinação, até chegar à Transjordânia. Antes
de morrer, Moisés reforçou tudo que ele havia ensinado ao longo
de quase 40 anos, focando a importância da obediência constante
do povo para tomar e manter posse da terra prometida a esses
descendentes de Abraão.
Na leitura de Deuteronômio, percebemos facilmente a divisão do
livro, principalmente nos discursos de Moisés.

Capítulos 1 a 4 apresentam um resumo histórico da jornada do


povo desde o monte Sinai (Horebe), frisando as consequências da
incredulidade e desobediência da geração que morreu no deserto,
sem alcançar a terra prometida. Ao mesmo tempo, estes capítulos
relembram os israelitas do poder de Deus em cuidar deles, dando-
lhes vitórias contra adversários fortes que ocupavam as terras que
eles atravessaram no final da jornada.

Capítulos 5 a 26 registram o segundo e maior dos discursos, que


inclui a repetição dos Dez Mandamentos e de diversas outras leis
já reveladas nos livros de Êxodo e Levítico. Sendo um livro
focado na comunhão do povo com Deus na nova terra, há uma
grande ênfase nos princípios da santidade que servem de base
para permanecer na presença do Senhor. É nesta mensagem que
ele inclui uma das grandes profecias messiânicas (sobre o Cristo)
do Antigo Testamento (veja Deuteronômio 18:15-19).

Capítulos 27 a 30 relatam o terceiro discurso (alguns dividem este


trecho em dois discursos), no qual Moisés apresentou um
contraste entre as bênçãos sobre os obedientes e as maldições
sobre os desobedientes. As implicações dos ensinamentos deste
profeta foram bem resumidas nas palavras desafiadoras: “Vê que
proponho, hoje, a vida e o bem, a morte e o mal”
(Deuteronômio 30:15). Quase 1.500 anos depois, Jesus ofereceu a
mesma escolha nas suas pregações (veja Mateus 7:13-14; 25:46;
etc.)

Capítulos 31 a 34 são os capítulos de transição de uma geração


para a próxima. Josué foi nomeado por Deus como sucessor de
Moisés, e este deu suas últimas orientações, parte por meio de
dois cânticos ou salmos. O livro encerra com o relato da morte de
Moisés poucas semanas antes da entrada dos israelitas na terra de
Canaã.

Entre os muitos princípios importantes que Moisés ensinou na


Transjordânia estão estes:
–Ninguém tem direito a modificar a palavra de Deus
(Deuteronômio 4:2).

–Os pais devem transmitir a palavra de Deus aos seus filhos


(Deuteronômio 6:6-7).

–Deus não revelou tudo que os homens gostariam de saber


(Deuteronômio 29:29).

–É importante lembrar-se do passado e aprender as lições da


história (Deuteronômio 9:7; 24:9,18; 32:7). Moisés encerrou sua
carreira olhando para o futuro para incentivar a fidelidade e a
esperança do povo de Israel. Ele agia pela fé “porque
contemplava o galardão” (Hebreus 11:26).

Josué: A Conquista da Terra Prometida

Após a morte de Moisés, Josué foi encarregado com o trabalho de


guiar os israelitas na próxima fase do desenvolvimento da nação.
Sob sua liderança, o povo tomou posse da terra de Canaã e, desta
maneira, Deus cumpriu mais uma parte da promessa feita a
Abraão (Gênesis 12:3). A grande nação constituída na saída do
Egito recebeu a herança prometida.

O homem destacado no livro de Josué servira como auxiliar de


Moisés durante a jornada do povo no deserto e se destacou como
guerreiro valente e homem de fé. Josué e Calebe foram os únicos
dois dos doze homens enviados numa missão de reconhecimento
que acreditavam na promessa de Deus, e foram os únicos daquela
geração admitidos à terra.

Na leitura de Josué seguimos a história da conquista da terra de


Canaã:

Capítulos 1 a 5 relatam o início do trabalho de Josué como líder e


a entrada do povo na terra prometida. Quando chegaram a Canaã,
os homens nascidos no deserto foram circuncidados, uma
condição da posse da terra, e o povo celebrou a Páscoa,
comemorando sua libertação do poder dos egípcios exatamente 40
anos antes.

Capítulo 6 registra a vitória dos israelitas sobre Jericó, uma cidade


bem fortificada perto do rio Jordão. Esta primeira batalha na terra
foi importante para mostrar ao povo o poder do Senhor e sua
fidelidade em cumprir as promessas feitas a eles e aos seus
antepassados.

Capítulos 7 a 12 falam da conquista do país, começando com o


sul, passando para o norte e, depois, apresentando um resumo da
campanha da conquista, incluindo as terras conquistadas na
Transjordânia antes da morte de Moisés.

Capítulos 13 a 22 registram a divisão da terra entre as tribos de


Israel, destacando o estabelecimento das cidades dos levitas e,
entre elas, as cidades de refúgio.

Capítulos 23 e 24 encerram a história de Josué com seu resumo da


história da fidelidade de Deus e os desafios finais apresentados ao
povo antes da morte deste grande líder.

Há muitas lições importantes em Josué. Destacamos estas:

– Seja forte e corajoso. O primeiro capítulo nos impressiona com


o refrão que chama Josué a ser forte e corajoso, sempre confiando
no Senhor que prometeu acompanhá-lo: “Tão-somente sê forte e
mui corajoso para teres o cuidado de fazer segundo toda a lei
que meu servo Moisés te ordenou; dela não te desvies, nem
para a direita nem para a esquerda, para que sejas bem-
sucedido por onde quer que andares. Não cesses de falar deste
Livro da Lei; antes, medita nele dia e noite, para que tenhas
cuidado de fazer segundo tudo quanto nele está escrito; então,
farás prosperar o teu caminho e serás bem-sucedido” (Josué
1:7-8).

– Graça e fé. No relato da conquista de Jericó encontramos um


excelente exemplo da necessidade da graça de Deus junto com a
fé do homem: Deus deu, e o povo tomou. A graça divina é
destacada nestas palavras: “Então, disse o SENHOR a Josué:
Olha, entreguei na tua mão Jericó, o seu rei e os seus
valentes” (Josué 6:2). Mais tarde, percebemos a importância da fé
obediente do homem para receber a promessa (Josué 6:20).

– Escolha seu senhor. O apelo final de Josué chamou o povo para


servir ao Senhor e nunca voltar aos ídolos impotentes que seus
antepassados serviam: “Porém, se vos parece mal servir ao
SENHOR, escolhei, hoje, a quem sirvais: se aos deuses a quem
serviram vossos pais que estavam dalém do Eufrates ou aos
deuses dos amorreus em cuja terra habitais. Eu e a minha
casa serviremos ao SENHOR” (Josué 24:15).

Hoje, precisamos ser fortes e corajosos, determinados a servir ao


único e verdadeiro Senhor.

Juízes: O Povo sem Rei

O livro de Juízes conta, resumidamente, a história do período


entre a morte de Josué e o início da monarquia de Israel, um total
de mais de três séculos. Deus já havia revelado sua Lei para
governar o povo e usou este período para tentar educar os
israelitas na importância da obediência, reforçando o ensinamento
comunicado por meio de Moisés no deserto.

Alguns trechos de Juízes frisam suas mensagens principais. Deus


enfatizou o fato que os problemas enfrentados pelo povo nas
gerações depois de Josué não vieram por infidelidade divina, e
sim por desobediência humana: “Subiu o Anjo do SENHOR de
Gilgal a Boquim e disse: Do Egito vos fiz subir e vos trouxe à
terra que, sob juramento, havia prometido a vossos pais. Eu
disse: nunca invalidarei a minha aliança convosco. Vós,
porém, não fareis aliança com os moradores desta terra;
antes, derribareis os seus altares; contudo, não obedecestes à
minha voz. Que é isso que fizestes? Pelo que também eu disse:
não os expulsarei de diante de vós; antes, vos serão por
adversários, e os seus deuses vos serão laços” (Juízes 2:1-3).
Ao longo do livro, geração após geração, Israel sofreu as
consequências da sua própria incredulidade. Por não acreditarem
na palavra de Deus sobre o perigo de se envolver com os povos
idólatras que permaneciam na terra, criaram laços com esses
povos e foram castigados, exatamente como o Senhor havia
avisado.

A expressão que melhor representa o período dos juízes é repetida


algumas vezes no livro e serve como conclusão no último
versículo: “Naqueles dias, não havia rei em Israel; cada um
fazia o que achava mais reto” (Juízes 21:25; veja 17:6; 18:1;
19:1). Esta descrição da época não precisava ser negativa, pois o
povo não ficou sem Deus nem sem lei. Se cada um tivesse achado
reto fazer a vontade do Senhor, Israel teria evitado muito
sofrimento. Mas quando acharam reto fazer o errado, trouxeram
sobre si a ira de Deus.

Juízes apresenta um ciclo de cinco etapas repetido nas várias


gerações. (1) O povo caía na idolatria, (2) Deus mandava um
castigo de repreensão, geralmente opressão por um outro povo,
(3) O povo clamava ao Senhor pedindo livramento deste
sofrimento, (4) Deus enviava um libertador, chamado juiz, para
livrar o povo do castigo, (5) O povo continuava fiel até a morte
daquele juiz. Depois, caia novamente na idolatria e o ciclo se
repetia.

Vamos agora considerar o conteúdo dos capítulos deste livro:

Capítulos 1 a 3 descrevem, em termos gerais, as condições em


Israel após a morte de Josué.

Capítulos 3 a 16 contam as histórias dos juízes: Otniel (3:7-11);


Eúde (3:12-30); Sangar (3:31); Débora (4:1 - 5:31); Gideão (6:1 -
8:35); a usurpação por Abimeleque (9:1-57); Tola (10:1-2); Jair
(10:3-5); Jefté (10:6 - 12:7); Ibsã (12:8-10); Elom (12:11-12);
Abdom (12:13-15). Sansão (13:1 - 16:31).
O resto do livro apresenta duas histórias de acontecimentos
típicos da época, usadas para ilustrar a rebeldia e anarquia que
dominavam:

Capítulos 17 e 18 falam da idolatria dos danitas no extremo norte


do território de Israel.

Capítulos 19 a 21 relatam um dos fatos mais tristes de toda a


história bíblica como o último exemplo da depravação dos
israelitas da época. Um caso de estupro e homicídio provocou
uma guerra em Israel. Como resultado, a tribo de Benjamim foi
quase exterminada.

Juízes é um livro cheio de exemplos da destruição e sofrimento


causados pelo pecado de pessoas que desrespeitam a vontade do
seu Criador. O mesmo livro, porém, mostra a longanimidade e a
misericórdia de Deus, que sempre procura o livramento do seu
povo.

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