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Ciclo I – Visão Histórica

PROJETO DE LEITURA BÍBLICA


Ciclo I – Visão Histórica
FAZENDO DISCÍPULOS DE CRISTO NO MUNDO

Sumário
Ciclo I – Visão Histórica ........................................................................................................ 3
Preparativos para leitura ......................................................................................................... 4
1. O cenário da redenção ....................................................................................................... 6
2. Peregrinos em Canaã ........................................................................................................ 12
3. A providência de Deus para o seu povo ........................................................................... 19
4. O Senhor, o Deus verdadeiro .......................................................................................... 24
5. A Páscoa e o Êxodo ......................................................................................................... 28
6. Adorando o Senhor.......................................................................................................... 32
7. Incredulidade ................................................................................................................... 36
8. A Lei de Deus .................................................................................................................. 43
9. A aliança de Deus e uma das grandes transições na história da redenção ........................ 48
10. Uma missão maior do que conquistar a terra ................................................................. 53
11. Esquecendo-se do Senhor .............................................................................................. 59
12. O pedido por um rei ...................................................................................................... 66
13. O início da monarquia em Israel: Saul ou Davi?............................................................ 72
14. O reino de Davi.............................................................................................................. 77
15. O reino de Salomão ....................................................................................................... 84
16. Os ministérios de Elias e Eliseu e o reino de Israel ........................................................ 91
17. Da queda de Samaria ao Exílio Babilônico .................................................................... 97
18. O retorno do exílio ....................................................................................................... 102
19. O rei escolhido por Deus ............................................................................................. 108
20. O rei escolhido por Deus (II) ....................................................................................... 113
21. O reino de Deus ........................................................................................................... 118
22. O reino de Deus (II) .................................................................................................... 124
23. A Igreja em Jerusalém, na Judeia e em Samaria ........................................................... 130
24. A Igreja alcançando os confins da terra ........................................................................ 136
PROJETO DE LEITURA BÍBLICA
Ciclo I – Visão Histórica
FAZENDO DISCÍPULOS DE CRISTO NO MUNDO

Ciclo I – Visão Histórica


O primeiro ciclo (C1) é considerado básico e voltado para leitores iniciantes, crianças ou
quem deseja iniciar um projeto de leitura para o resto da vida. O C1 visa proporcionar um
conteúdo histórico básico e sequencial que capacita o leitor para entender o enredo (ou, o
progresso) do grande drama da revelação. Quem não entende o enredo de um livro não consegue
discernir o progresso na história; ele se torna refém de trechos isolados e não tem como saber se
a história está progredindo ou se repetindo. Semelhantemente, o leitor que se propõe a ler a
Bíblia precisa entender o enredo básico que é usado como um palco onde os grandes atos de
Deus são realizados. Várias pessoas já me consultaram sobre qual seria um “bom” livro para se
iniciar uma leitura da Bíblia. A resposta obvia seria “comece pelo começo”, mas eu entendo a
motivação da pergunta. É possível que tais pessoas já tenham iniciado a leitura da Bíblia diversas
vezes, mas, na maioria delas, sem conseguir chegar ao final como planejavam. Por esse motivo,
qualquer recomeço que exija ler novamente Gênesis e Êxodo, por exemplo, se torna
desmotivador.
Pensando nisso, o C1 selecionou uma sequência composta primariamente de narrativas
e deixa de fora, temporariamente, todas as genealogias, listas, leis, cânticos, bênçãos e outras
porções que não são imprescindíveis àqueles que: a) estão lendo a bíblia pela primeira vez, b)
são novos convertidos ou c) pretendem ler a Bíblia mais de uma vez na vida. O conteúdo deixado
de fora no C1 foi cuidadosamente selecionado e voltará a ser contemplado no próximo ciclo. Ao
final do C1 é esperado que o leitor tenha adquirido: 1) uma visão panorâmica de toda a bíblia e
2) a competência para perceber o progresso dos eventos na narrativa bíblica.
Ao completar a leitura do C1 (11.118
versículos), o leitor terá lido 35% do conteúdo total
de toda a bíblia. Conforme explicado anteriormente,
a seleção dos trechos para leitura prioriza o material
histórico, proporcionando ao leitor um pano de
fundo para entender os demais livros e eventos da
bíblia.
Leia sempre um item completo de cada vez.
Se tiver tempo, leia mais de um (seguindo a
indicação dos dias em cada guia de leitura), mas
evite deixar um item lido pela metade.
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Práticas recomendadas na leitura do C1:


a. Sempre que você se deparar com uma ideia que não tenha ficado clara na primeira
leitura, não gaste tempo tentando solucioná-la satisfatoriamente; deixe um pequeno
sinal de interrogação na margem lateral (?) para referência posterior na próxima
leitura. Se quiser dar um passo além, anote em um arquivo ou caderno o que
exatamente não ficou claro naquela passagem.
b. Sempre que você se deparar com uma ideia que tenha marcado profundamente sua
vida na primeira leitura, indique com um sinal de exclamação (!). Anote em arquivo
ou caderno o que exatamente chamou a sua atenção naquela passagem. Não se
esqueça de colocar a data, isso ajudará no acompanhamento do progresso do seu
conhecimento ao longo do tempo.
c. Sempre que possível, anote nesse mesmo arquivo ou caderno acontecimentos
marcantes ocorridos durante a leitura de cada ciclo. Por exemplo: situações que
trouxeram alegria, tristeza, ira, remorso, gratidão, etc. Em muitos casos, são situações
como essas que nos deixam mais sensíveis para ouvir a voz de Deus numa leitura.

Preparativos para leitura


Como já foi mencionado, o projeto de leitura não é uma competição de velocidade, mas
um planejamento para utilizar o conteúdo da Bíblia como alimento espiritual para a vida. É
altamente recomendado que o leitor iniciando o seu Projeto de Leitura da Bíblia tenha um
caderno ou um aplicativo de anotações, especialmente um que possa acompanhar o projeto por
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muito tempo. País que planejam acompanhar seus filhos no início desse projeto, lembrem-se de
que eles crescerão e não terão interesse em encadernações com motivo infantil. Pense em algo
que seu filho ou filha poderá carregar, anotar e consultar pelos próximos 20 anos. O mesmo tipo
de sugestão se aplica aos que estão discipulando novos convertidos, guardadas as devidas e óbvias
diferenças.
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1. O cenário da redenção

Quem sou eu nessa história?


Constantemente nos perguntamos “por que sou como sou?” ou, então, “por que o
mundo está como está?”. Cada vez mais parece que as pessoas estão buscando respostas para
estas perguntas no presente, geralmente, buscando a quem responsabilizar ou culpar. Neste
sentido, uma pergunta que se perdeu e que, talvez, poucos a fazem é “por que estou aqui?”.

Como aproveitar a leitura


A primeira sequência de leitura foi projetada para ser cumprida em quatro dias. Ela
pretende fornecer uma visão histórica dos dias da criação até os dias de Noé. Recomenda-se que
ao ler, você anote em um caderno ou aplicativo de anotações as principais características do
enredo das histórias que lerá: onde que se passa, quem são os personagens envolvidos, o que
acontece com eles. De forma especial, tente perceber os momentos em que o narrador emite
algum juízo de valor ou apresenta uma informação que somente ele parece possuir. Exemplo
disso, “Ora, um e outro, o homem e a sua mulher, estavam nus e não se envergonhavam” (Gn
2.25).

PLB

Dia 1: Gênesis 1.1-2-4 [o Criador e a sua criação]; 2.5-25 [a criação do ser humano em detalhes,
seus relacionamentos e suas obrigações]
A boa Palavra de Deus que criou todas as coisas muito boas (1.31) também foi
dirigida ao homem dizendo: “[...] da árvore do conhecimento do bem e do mal você
não deve comer; porque, no dia em que dela comer, você certamente morrerá”
(2.17).
Dia 2: Gênesis 3.1-24 [a queda do homem e o caminho prometido por Deus para sua redenção];
4.1-26 [o primeiro sinal da inimizade entre a descendência da mulher e a descendência da
serpente]
A mesma Palavra usada para criar todas as coisas foi utilizada pelo Senhor para
sentenciar a serpente, a terra e Caim. Por outro lado, ela também foi instrumento de
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esperança para a vida de Adão e Eva, dando-lhes a promessa do descendente que


esmagaria a cabeça da serpente.
Dia 3: Gênesis 6.1-22 [o anúncio do dilúvio por causa da multiplicação da maldade na terra]; 7.1-
24 [o dilúvio e a salvação de Noé e sua família]
A desobediência dentro do jardim do Éden culminou com a multiplicação do pecado
em toda a terra, levando o Senhor a destruí-la por meio das águas do dilúvio.
Dia 4: Gênesis 8.1-22 [as águas do dilúvio baixam e Noé e sua família saem da arca]; 9.1-19 [a
aliança de Deus com Noé]; 9.20-29 [maldito seja Canaã, bendito seja o Senhor]
O dilúvio é uma história singular. Pelas águas Deus destruiu todo ser vivente que
corrompia e enchia a terra de violência, mas, ao deixarem a arca, Noé percebe que
a descendência da serpente é espiritual. Não são apenas os filhos de Caim, mas na
própria linhagem de Sete, encontra-se Cam e seu filho Canaã, que daria origem a um
povo que séculos depois também seria considerado maldito à semelhança do
primeiro assassino.

GUARDANDO A LEITURA
1. O que a criação revela sobre o Criador?
Nos acostumamos a ler Gênesis 1 e a concluir que é um texto que simplesmente fala da
criação. Lembramos da forma como Deus trouxe à existência céu, terra, mar, animais e o ser
humano e imaginamos a beleza original do mundo feito pelo Criador. No entanto, uma leitura
atenta do primeiro capítulo da Bíblia, também nos ensinará muito a respeito do próprio,
principalmente nas expressões e frases que mais se repetem (“Chamou Deus”, “Viu Deus”, “e
assim se fez”, etc.). Duas delas, em especial, nos ensinam a respeito da natureza singular do
Senhor: 1) “Disse Deus”; 2) “e viu Deus que era bom”.
A primeira oração, “Disse Deus”, nos ensina que o Deus da Bíblia é um Deus que fala.
Por meio do seu falar, Deus criou todas as coisas e instruiu o ser humano sobre suas
responsabilidades (cf. Gn 2.15-17). Ao longo da leitura, descobriremos também que é por meio
da sua Palavra que ele consola, condena, gera uma nova vida espiritual e faz tantas outras coisas.
Seu ato de falar revela que o Senhor é um Deus pessoal que se relaciona com a sua criação, em
especial, com aqueles que são sua imagem.
Uma segunda frase que nos diz muito a respeito do Criador é que ao criar tudo “viu
Deus que era bom”. A frase que se repete ao final do relato de cada dia da criação, não qualifica
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apenas a criação como boa, mas nos mostra que a criação só era boa, porque o Criador também
o é.

2. Criados para adoração e relacionamentos


Quando o ser humano foi criado, o caráter distintivo da sua essência em relação a todos
os animais é que ele foi feito “à imagem e semelhança de Deus”. Esta característica singular o
colocou imediatamente em um relacionamento de adoração e obediência ao Senhor. Além disso,
foi lhe dado responsabilidades em relação aos seus semelhantes e para com a criação.
Dentro do jardim do Éden, um santuário separado por quatro rios do restante da terra,
foi atribuída a Adão a responsabilidade de “cultivar” e “guardar” o santuário. Dentro do jardim,
o ser humano desempenharia o papel de sacerdote de Deus.
O relacionamento de adoração para com Deus e todos os demais relacionamentos
dependeriam da obediência do homem a um mandamento do Senhor: “da árvore do
conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente
morrerás.” (Gn 2.17)

3. O que é o pecado?
O pecado é toda transgressão contra a lei de Deus. A cobiça, o pecado mais interior do
ser humano, é apontada como origem de toda a transgressão (cf. Tg 1.14-15), sendo esta
possivelmente a razão de ser a matéria do décimo mandamento do decálogo.
Com Adão e Eva, a serpente, o diabo (cf. Ap 12.9), fez uso da cobiça como arma para
que os dois quebrassem o mandamento estabelecido pelo Senhor. Sutilmente, Satanás levou a
Eva a distorcer a Palavra do Senhor até o momento em que declarou a contradisse por completo:
“é certo que vocês não morrerão”. Porém, a sua artimanha mais eficaz foi prometer à mulher de
que os dois “seriam como Deus, conhecedores do bem e do mal”. Plantada esta semente, aqueles
que foram criados para adorar o Senhor, por meio da relação de Senhor e servo, cobiçam a
posição de igualdade e, por consequência, de independência em relação a Deus. Comendo do
fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, transgrediram a lei do Senhor.
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4. As consequências da queda
Tendo aquele que é a imagem de Deus e seu representante diante de toda a criação se
tornado um pecador, imediatamente as consequências de seu erro são percebidas. Vergonha e
medo, sentimentos que não conheciam até então, tomam conta de seu coração. A voz do Senhor
que o outrora era sua fonte de instrução, agora, trazia-lhes pavor a ponte de se esconderem entre
as árvores do jardim. Quando confrontados por Deus, a primeira atitude foi a tentativa de culpar
terceiros pelo seu pecado. Não apenas a semelhante era culpada, mas o superior que a havia lhe
dado como esposa também o era. Relacionamentos quebrados são produtos de nossos pecados.
Mas, a maior de todas as consequências ainda lhes seria demonstrada. Aqueles que até
então não conhecimento sentimentos negativos, também nunca haviam contemplado a morte.
Por isso, para mostrar que “certamente morreriam”, o próprio Senhor matou um inocente
animal, tanto lhes ensinando a respeito da realidade do preço do seu erro (cf. Rm 6.23), quanto
lhes provendo cobertura para o que lhes dava vergonha.

5. A expectativa do descendente
Junto com o animal morto para providenciar roupas para Adão e Eva, o Senhor falou
que a respeito de um descendente da mulher que seria ferido pela serpente, mas a derrotaria.
Desde então, homem e mulher, bem como todo o povo de Deus do Antigo Testamento,
passaram a esperar por este descendente que triunfaria sobre seu inimigo. As palavras de Eva ao
nascer seu primogênito ecoaram o que estava em seu coração: “Adquiri um varão com o auxílio
do Senhor”.
No entanto, ao invés de inimigo, Caim se revelou como um aliado de Satanás. Após
assassinar seu irmão mais novo, foi amaldiçoado pelo Senhor da mesma forma que a serpente e
a terra o foram. Após isso, se tornou fugitivo e errante pela terra, afastando-se da presença de
Deus.
Em sua misericórdia, em conformidade com o plano prometido, “Deus concedeu outro
descendente em lugar de Abel, que Caim matou”. Com Sete e sua descendência, o nome de
Senhor passou a ser invocado entre os homens. De forma diferente, a linhagem de Caim revelava-
se mais e mais inclinada à violência e à vingança.
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6. A razão do dilúvio
A maldade inicialmente atrelada à descendência de Caim revelou-se presente em meio a
todos os homens. O Senhor que outrora “viu que tudo era muito bom” (Gn 1.31) agora “viu que
a a maldade das pessoas havia se multiplicado na terra e que todo desígnio do coração delas era
continuamente mau” (Gn 6.5). Porque “a terra esta corrompida à vista de Deus e cheia de
violência” (Gn 6.11), o Senhor resolveu acabar com todos os seres humanos por meio do dilúvio,
poupando apenas Noé, “homem justo e íntegro entre seus companheiros”, e sua família.
Por quarenta dias e quarenta noites de chuva e, depois, por mais de um ano, o dilúvio
destruiu a criação. E, se havia a expectativa de que com a destruição dos homens maus,
especialmente a descendência de Caim, o mal também estaria eliminado, o ato de Cam
demonstrou que a descendência da serpente é exclusivamente espiritual, podendo estar tanto na
descendência de Caim, quanto na descendência de Sete. A maldição de Canaã é a mesma da
serpente, da terra e de Caim.

APLICANDO A LEITURA
1. Constantemente as pessoas estão questionando qual o sentido da vida. Com a leitura de
Gênesis 1 e 2, você acredita que este sentido é estabelecido por Deus, pela própria pessoa ou
pela sociedade? Por quê?

2. Em quais áreas da vida humana conseguimos perceber as consequências do pecado? Há


alguma área de sua vida que estas consequências são mais nítidas?
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3. A característica principal da queda de Adão e Eva foi sua rebeldia e busca por autonomia em
relação a Deus. Uma das formas de lutar contra o pecado é identificando onde estamos sendo
rebeldes em relação à lei de Deus. Você enxerga algum traço desta rebeldia em sua vida? Você
já tentou lutar contra ela? Se a luta até o momento não se mostrou frutífera, quais outros
instrumentos ou auxílios você pode utilizar?

4. O que você aprendeu de novo com a leitura destes quatro primeiros dias?

5. Ficou alguma dúvida sobre a leitura dos primeiros capítulos de Gênesis? Se sim, escrava para
geimar@ipsantoamaro.com.br
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2. Peregrinos em Canaã

Quem sou eu nessa história?


Constantemente, a Bíblia descreve o cristão como um forasteiro ou peregrino por esta
terra. Paulo, por exemplo, diz que “a nossa pátria está nos céus” (Filipenses 3.20).
Na série de textos que leremos do dia 5 ao dia 17, encontraremos personagens que
também estavam sob a mesma condição que a nossa, ou seja, a condição de peregrinos em terra
alheia. Como podemos aprender com eles a peregrinar com Deus?

Como aproveitar melhor a leitura?


Com um caderno em mãos, anote ao longo da leitura de cada dia frases ou expressões
que lembra ter lido nos dias anteriores. Destaque também os momentos em que Deus faz
promessas aos personagens bem como pronuncia bênção sobre a vida deles.

PLB

Dia 5: Gênesis 11.1-9 [a torre de Babel]; Gênesis 11.27-12-20 [Deus chama Abrão para
peregrinar]; Gênesis 13.1-18 [a confiança de Abrão no Senhor]
Abrão é chamado pelo Senhor para peregrinar na terra prometida. Ali, seria
instrumento nas mãos de Deus quer para a bênção dos povos quer para a maldição
deles. O episódio no Egito é um retrato do segundo caso.
Dia 6: Gênesis 14.1-24 [Bendito seja o Senhor que entregou os teus inimigos nas tuas mãos];
Gênesis 15.1-21 [a aliança com Deus é segurança contra o medo]; Gênesis 16.1-16 [tentativa de
se antecipar a promessa do descendente]
Nos três capítulos a confiança de Abrão no Senhor é um elemento central. Primeiro,
diante de Melquisedeque reconheceu seu benfeitor celeste. Depois, pela fé, firmou
aliança com o Senhor. Porém, diante de sua velhice e da esterilidade de Sarai, Abrão
tomou uma segunda esposa e por meio dela tentou antecipar a promessa.
Dia 7: Gênesis 17.1-27 [o símbolo visível da promessa invisível]; Gênesis 18.1-33 [reafirmação
da promessa do descendente para Abraão e Sara]
A aliança de Deus com Abraão foi marcada pela circuncisão de todo homem,
devendo ser praticada ao oitavo dia do seu nascimento.
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Dia 8: Gênesis 19.1-29 [o resgate de Ló da destruição de Sodoma e Gomorra]; Gênesis 20.1-18


[restauração da fertilidade da casa de Abimeleque]; Gênesis 21.1-21 [o nascimento de Isaque]
É possível que tenhamos considerado nos primeiros passos da peregrinação de
Abraão, a possibilidade de Ló, seu sobrinho, se tornar o seu herdeiro. Porém,
afastando-se de seu tio, este juntou-se a um povo que precisava ser destruído por
causa da sua maldade. A misericórdia de Deus que salvou Ló da morte naquele dia,
revelou-se também na casa de Abraão e Sara, 25 anos após começarem a peregrinar
com o Senhor, trazendo da morte, a vida em Isaque.
Dia 9: Gênesis 21.22-34 [aliança entre Abraão e Abimeleque]; Gênesis 22.1-19 [provando a fé
de Abraão]; Gênesis 23.1-20 [a morte de Sara]
Peregrinando em um mundo caído, Abraão viu a realidade da morte ser subjugada
diversas vezes pelo Senhor. Pela fé, “quando posto à prova, ofereceu Isaque [...]
considerou que Deus era poderoso até para ressuscitar Isaque dentre os mortos, de
onde também figuradamente o recebeu de volta” (Hb 11.17-19)
Dia 10: Gênesis 24.1-67 [Deus proverá uma esposa para Isaque?]
Abraão experimentou a providência de Deus na vida de seu filho no monte Moriá.
Agora, resta ser respondida a pergunta que pode pairar no ar: a aliança de Deus é
com Abraão é também com os seus descendentes? A providência de Deus ao guiar
o caminho do servo de Abraão até Rebeca e, depois, por meio dela, consolando
Isaque da morte de sua mãe, nos responde com um sonoro “Sim”.
Dia 11: Gênesis 25.7-11 [a morte de Abraão]; Gênesis 25.19-34 [Deus abençoa Isaque]; Gênesis
26.1-35 [Isaque faz aliança com Abimeleque]
Da mesma forma que esteve com Abraão, o Senhor peregrina junto com Isaque.
Depois da morte daquele, “Deus abençoou Isaque” dando-lhe prosperidade em
Canaã e, principalmente, provendo-lhe descendência, apesar de aos olhos humanos
isso ser impossível devido a esterilidade de Rebeca.
Dia 12: Gênesis 27.1-47 [Isaque abençoa Jacó]
“Amei a Jacó, porém desprezei a Esaú” (Rm 9.13). Um filho vendeu seu direito de
primogenitura, o outro, com a ajuda da sua mãe, enganou seu irmão e pai. Será que
Deus vai abençoar a Jacó?
Dia 13: Gênesis 28.1-22 [a jornada de Jacó para Padã-Arã e o sonho que teve em Betel]; Gênesis
29.1-35 [Jacó se casa e tem filhos e filhas]
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Rumando para a casa dos parentes de sua mãe, Jacó, em Betel, tem um sonho em
que Deus lhe diz: “Em você e na sua descendência serão benditas todas as famílias
da terra.” A mesma promessa feita a Abraão e Isaque alcança também a Jacó. Outro
que, pela fé, irá peregrinar.
Dia 14: Gênesis 30.1-43 [Deus abençoa Jacó na terra de sua parentela)
Em Padã-Arã Jacó tem seus filhos e enriquece apesar das dificuldades impostas pelo
seu próprio sogro. Em toda a narrativa sobre este período é evidente que muitas
características do Jacó trapaceiro persistem enquanto Deus constantemente vai o
transformando.
Dia 15: Gênesis 31.1-52 [Jacó sai da sua parentela]
Uma narrativa sobre enganos. Labão engana Jacó. Jacó engana Labão. Raquel engana
Labão. Porém, o maior de todos os enganos foi escondido por Raquel.
Dia 16: Gênesis 32.1-32 [Preparando-se para o encontro com Esaú, Jacó se depara com Deus];
Gênesis 33.1-20 [o encontro de Jacó e Esaú]
Tendo deixado a sua parentela, Jacó, transpondo o vau de Jaboque, tem um embate
com Deus, no qual sua vida é transformada. Ali, Deus transformou o caráter de Jacó
e fez abençoou este para ser uma grande nação.
Dia 17: Gênesis 35.1-29 [a nação de Israel]; Gênesis 36.1-8 [a nação de Edom]; Gênesis 37.1-36
[José é vendido pelos seus irmãos]
Ao ler o início da narrativa sobre a vida de José, podemos nos perguntar: 1) como
alguém que sonhou liderar seus irmãos acaba vendido por estes? 2) o que se dará
com José sob posse de um povo estranho indo para uma terra estranha? 3) Como
fica o plano de Deus para ele e sua família diante disso?

GUARDANDO A LEITURA
1. Bênção e maldição
Quando Deus ordenou que Abrão deveria deixar a sua terra e partir para a terra
prometida, disse que abençoaria os que abençoassem Abraão e amaldiçoaria os que o
amaldiçoassem (cf. Gn 12.1-3).
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Anteriormente, bênção e maldição já haviam sido pronunciadas por Noé em relação a


seus filhos. Ele abençoou a Sem, e a Jafé junto a ele, e amaldiçoou a descendência de Cam (cf.
Gn 9.24-27). O que há de singular na promessa de Deus feita a Abraão quanto aos mesmos temas
é que Abraão seria o referencial ou para bênção ou para maldição. A forma como os povos que
entrassem em contato com o patriarca agissem para com ele determinaria se da parte de Deus
seriam abençoados ou amaldiçoados.
Logo, infere-se ao menos duas coisas: 1) Abraão estava a partir daquele momento sob a
bênção de Deus; 2) ele também seria instrumento eleito por Deus quer para o bem, quer para o
mal daqueles que com ele entrassem em contato. Nos dois momentos em que Sara é raptada,
enxergamos exemplos disso. Por faraó, Abraão não intercede (cf. Gn 12.9-20), por Abimeleque,
ele o faz (cf. Gn 20)
Deus continua a mover a história resumindo os povos como seus aliados ou como seus
inimigos.
2. A terra de Canaã
Para Abraão, Canaã dificilmente se pareceu como sendo o seu lar. Sua única posse
definitiva foi a caverna utilizada como sepulcro de sua esposa. Constantemente, viveu como um
peregrino, movendo sua tenda de um lado para o outro.
É possível que nos perguntemos, por que Deus prometeu uma terra à Abraão se este
nunca chegou a possuí-la? Teria a promessa de Deus falhado?
Sempre que acompanhamos a peregrinação dos patriarcas na terra prometida
enxergamos que esta terra era fatiada e, constantemente, mudava de soberanos. Abimeleque
reinava em parte de Canaã. A região da campina constantemente era palco de batalhas entre reis
vindos de outras terras para exercer sob ela domínio (cf. Gn 14). E no meio deste cenário hostil,
os patriarcas peregrinavam. Onde colocavam o pé, erguiam um altar e simbolicamente
mostravam que a terra disputada por reis, pertencia ao Rei dos reis.
Para Abraão, Isaque e Jacó e os filhos deste, Canaã sempre foi o símbolo da terra que
jamais trocará de proprietário. Por isso, a respeito de Abraão foi dito que “Pela fé, peregrinou na
terra da promessa como em terra alheia, habitando em tendas com Isaque e Jacó, herdeiros com
ele da mesma promessa; porque aguardava a cidade que tem fundamentos, da qual Deus é o
arquiteto e edificador” (Hb 11.9-10)
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3. A aliança de Deus com Abraão


No hostil território canaanita, Abraão acabara de se envolver em uma batalha para
resgatar seu sobrinho que havia sido feito prisioneiro de guerra (cf. Gn 14). Certamente, após
dela retornar vitorioso (cf. Gn 14.18-24), deveria estar temendo que seus inimigos se
reorganizassem e o atacassem em represália. Neste cenário de angústia, o Senhor fez com ele
uma aliança (cf. Gn 15).
A aliança de Deus com Abraão tinha dois objetos centrais: descendência e terra. Ao
homem em idade avançada e cuja mulher era estéril, o Senhor reafirmava a promessa de uma
posteridade tão numerosa quanto as estrelas (cf. Gn 15.4-5). Ao peregrino em terra alheia, Deus
reafirmava a promessa de entregar Canaã aos descendentes de Abraão que ainda nem existiam
(cf. Gn 15.12-16). Como garantia de suas promessas, o Senhor, sozinho, passou entre pedaços
de animais cortados como se dissesse: “Aconteça comigo como aconteceu a estes animais, se as
promessas não forem cumpridas”. Em outro momento disse algo semelhante: “Jurei, por mim
mesmo, diz o SENHOR, porquanto fizeste isso e não me negaste o teu único filho, que deveras te
abençoarei e certamente multiplicarei a tua descendência como as estrelas dos céus e como a
areia na praia do mar; a tua descendência possuirá a cidade dos seus inimigos” (Gn 22.16-17).
Foi a aliança com Deus, assegurando as promessas divinas, que trouxe segurança àquele
que “creu em Deus” (Gn 15.6).

4. A descendência que abençoaria todas as famílias da terra


Na narrativa sobre a vida de cada um dos patriarcas, uma frase é repetida constantemente:
“em ti serão benditas todas as famílias da terra”. Ao chamar Abraão (cf. Gn 12.3), ao resgatar
Isaque (cf. Gn 28.14) e ao aparecer em sonho à Jacó (cf. Gn 28.14), Deus anunciava bênção a
todas as nações da terra por intermédio dos seus servos. Até o dia, que por intermédio do Filho
as nações fossem abençoadas (cf. Gálatas 3.6-9; 13-14).

APLICANDO A LEITURA
1. Como um peregrino ou forasteiro é visto pelas pessoas nativas do local por onde ele peregrina?
Pense em um estrangeiro, quais são as características que o diferenciam das pessoas naturais do
país em que está?
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2. Quando Deus nos chamou a peregrinar com ele, isso trouxe implicações para a nossa vida.
Quais são estas implicações uma vez que você passou a ser considerado um estrangeiro no
próprio lugar em que habita (cf. 1Pedro 1.1-2; 2.11)?

3. Em momentos de sofrimento e angústia, quais promessas de Deus o ajudam a recuperar a


tranquilidade e a confiança no Senhor?

4. O que você tem feito ou pode vir a fazer para ser um instrumento nas mãos de Deus para
abençoar todas as famílias da terra?

5. Tem dúvidas sobre a história patriarcal narrada em Gênesis? Se sim, escreva para
geimar@ipsantoamaro.com.br
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3. A providência de Deus para o seu povo

Quem sou eu nessa história?


Uma das perguntas mais comuns que ouvimos na igreja é “Por que eu sofro?”.
Costumeiramente os cristãos são confrontados por situações de luta e tristeza que,
aparentemente, parecem não se coadunarem com as promessas feitas por Deus. Temos
dificuldade de enxergar Deus transformando “o mal em bem” ou, então, “que todas as coisas
cooperam para o bem daqueles que amam a Deus”. Se você luta ou já lutou com esta dúvida, os
próximos dias de leitura serão enriquecedores, pois os patriarcas, em especial José, passaram por
contextos semelhantes.

Como aproveitar melhor a leitura?


Com um caderno em mãos, anote ao longo da leitura de cada dia frases ou expressões
que lembra ter lido nos dias anteriores. Destaque também os momentos em que Deus faz
promessas aos personagens bem como pronuncia bênção sobre a vida deles.

PLB

Dia 18: Gênesis 39.1-23 [José como escravo no Egito]; Gênesis 40.1-23 [José preso no Egito
interpreta dois sonhos]
Depois de ser injustamente encarcerado, na prisão, José interpreta o sonho de dois
serviçais de faraó, cada um com um significado diferente. Ao término da
interpretação do sonho do copeiro, José pede “Lembra-te de mim, quando tudo te
correr bem”. Porém, o copeiro dele se esqueceu.
Vendido pelos irmãos, escravo no Egito, preso injustamente, esquecido por aquele a
quem auxiliou... certamente, José foi tentado a se perguntar: “Onde está o teu Deus?”

Dia 19: Gênesis 41.1-57 [a interpretação do sonho de faraó e a ascensão de José]


O copeiro se lembrou de José somente após os magos se mostrarem incapazes de
interpretar o sonho de faraó. Por causa da interpretação e, depois, da confirmação
dela, José ascendeu como governador do Egito. Treze anos de aparente
“esquecimento” se passaram. Porém, ao nascerem seus dois filhos, José por meio de
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seus nomes disse: “esquecendo o que ficou para trás – Deus me fez próspero na terra
da minha aflição”.

Dia 20: Gênesis 42.1-38 [José encontrasse com seus irmãos sem se revelar a eles]; Gênesis 43.1-
34 [Ainda sem se revelar, José encontrasse com Benjamim]
O encontro de José com seus irmãos pode ser considerado como uma prova de que
realmente “esqueceu o que ficou para trás” e de que confiava no propósito do
Senhor.

Dia 21: Gênesis 44.1-34 [a singular disposição de Judá de ser o substituto de seu irmão]; Gênesis
45.1-28 [José se revela aos seus irmãos]
Agora, pois, não vos entristeçais, nem vos irriteis contra vós mesmos por me haverdes
vendido para aqui; porque, para conservação da vida, Deus me enviou adiante de
vós. (45.5)
Dia 22: Gênesis 46.1-7 [uma nação dentro de outra nação]; Gênesis 46.28-34 [encontro de José
e Jacó]; Gênesis 47.1-31 [todo o Egito se torna propriedade de faraó]; Gênesis 48.1-22 [Jacó
abençoa José em seus filhos]
O Senhor cuida do seu povo? A pergunta que pode ter sido feita enquanto José
parecia esquecido e que foi respondida pelo próprio José em suas palavras e atos,
agora, também é respondida ao ver o Senhor guardando setenta pessoas debaixo do
reino de faraó. Enquanto isso, o Senhor reafirma as mesmas promessas feitas a
Abraão, Isaque e Jacó.

Dia 23: Gênesis 49.1-27 [Jacó abençoa sua descendência]; Gênesis 49.28-33 [Jacó dá instruções
sobre seu sepultamento]; Gênesis 50.1-26 [as mortes de Jacó e José]
No leito de morte: “Eu morro; porém Deus certamente vos visitará e vos fará subir
desta terra para a terra que jurou dar a Abraão, a Isaque e a Jacó. José fez jurar os
filhos de Israel, dizendo: Certamente Deus vos visitará, e fareis transportar os meus
ossos daqui.” (Gn 50.24-25)
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GUARDANDO A LEITURA
1. A interpretação dos sonhos
A característica mais marcante de José era a capacidade dada por Deus a ele de interpretar
sonhos e, até mesmo, ele próprio sonhar com respeito a eventos futuros. Foi assim que ele
sonhou com os feixes de seus irmãos se inclinando diante do seu feixe ou com o sol, lua e estrelas
fazendo o mesmo, sonho interpretado por seu pai como a sua casa se prostrando diante dele (cf.
Gn 37.10). Já no Egito, interpretou os sonhos do padeiro e do copeiro-chefe e do próprio Faraó.
Quer na trajetória forçada de Canaã para o Egito ou por meio desde dom singular dado por
Deus, José estava sendo alvo da providência divina.
No Antigo Testamento, até o início do que conhecemos como período neotestamentário,
Deus fez uso de sonhos e visões para comunicar sua verdade a seu povo. Esta foi uma das muitas
formas de Deus revelar sua Palavra a seu povo (Hb 1.1). A mesma Palavra que ele usou para
criar todas as coisas e que usa para também sustenta-las (Hb 1.3), usa também para salvar,
direcionar e dar ânimo ao seu povo. No período mais difícil da vida de José, ela foi o instrumento
do Senhor para lhe comunicar que Deus estava transformando o mal em bem. Assim, o Senhor
nos ensina a respeito da sua providência.

2. O mal que Deus transformou em bem


Alvo da inveja reativa de seus irmãos por causa de seus sonhos e do cuidado especial que
seu pai lhe dedicava, José acabou vendido por estes à uma caravana midianita que o vendeu no
Egito. Servo de Potifar, injustamente acusado pela esposa deste, preso como um criminoso e
temporariamente esquecido por aqueles que ajudou, José, diante do temor daqueles que deram
origem à sua árdua jornada, confortou-os, dizendo: “Vocês, na verdade, planejaram o mal contra
mim; porém Deus o tornou em bem, para fazer, como estão vendo agora, que se conserve a vida
de muita gente.” (Gn 50.20).
José revelou a consciência de que Deus cuidou dele por meio de todas as adversidades,
porém, acima de tudo, que Deus as utilizou para que não apenas ele fosse abençoado, mas para
que outras pessoas com ele experimentassem e descobrissem a respeito do cuidado do Senhor.
Pelo menos dois objetivos podem ser vistos quando Deus permite que um servo dele sofra: 1)
para que este confie mais no próprio Senhor (1Pe 1.6-9); 2) para que sua vida sirva de testemunho
a outras pessoas (2Co 4.13-15). Foi desta forma que Deus entregou aquele que é bom para sofrer
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o mal e trazer o bem a todos aqueles que passam a enxergar a bondosa providência que vem de
Deus (cf. At 2.22-24 e 4.8-12; ).

3. Israel no Egito
O grande movimento da história da redenção bíblica é a descida de Jacó e sua família
para o Egito. Com 70 pessoas, Israel foge da fome em Canaã sob a promessa de segurança e
lugar de habitação feita por José. No Egito, Jacó morre, porém não sem antes abençoar cada um
dos filhos que seriam os patriarcas do que ficaram conhecidas como as doze tribos de Israel. Nas
palavras de Moisés, à beira da terra que o Senhor tinha prometido a Abraão: “Quando os pais
de vocês desceram ao Egito, eram apenas setenta pessoas; agora o SENHOR, seu Deus, fez de vocês
uma multidão tão numerosa como as estrelas do céu.” (Dt 10.22).
A providência de Deus para o seu povo se evidencia quer naquilo que a principio
enxergamos como mal, quer naquilo que enxergamos como bem. Lágrimas e sorrisos, ambos
podem ser consequência de ações divinas em prol do seu povo. Com Israel, tanto a seca em
Canaã que os obrigou a descerem ao Egito, como a prosperidade que lá viveram nos primeiros
anos, sob o regimento de José, revelam isso. Afinal, quando somadas, “todas as coisas cooperam
para o bem daqueles que amam a Deus” (Rm 8.28).

APLICANDO A LEITURA
1. Você já passou por adversidades que hoje consegue ver a providência de Deus por meio delas.
Destaque em detalhes ao menos uma e, em como Deus a usou para fortalecer a sua fé.

2. Como a história de José pode nos auxiliar a passar por tempos de adversidade? Como a
Palavra de Deus pode auxiliá-lo nestes momentos?
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3. A história de José também nos ensina sobre perdão. Como você enxerga o papel do perdão
no plano maior de Deus para a vida das pessoas que estão ao seu redor?

4. Ficou alguma dúvida sobre a leitura? Se sim, escrava para geimar@ipsantoamaro.com.br


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4. O Senhor, o Deus verdadeiro

Quem sou eu nessa história?


O Livro do Êxodo narra a história do resgate do povo hebreu do Egito pela poderosa
mão do Senhor. Este êxodo prefigurava o maior êxodo de todos, isto é, o resgate de todo cristão
da escravidão sob o império das trevas para uma nova vida no Reino de Deus. Todo aquele que
crê em Cristo pode ler a respeito do resgate do povo hebreu do Egito, considerando que a obra
que aconteceu em seu próprio coração é muito mais grandiosa do que até mesmo os grandes
sinais operados por Deus diante de faraó.

Como aproveitar melhor a leitura?


A história do Êxodo é uma das histórias mais conhecidas pelos cristãos. Desde criança,
aprendemos a respeito deste grande ato de salvação proporcionado pelo Senhor ao seu povo.
Uma vez que corremos o risco de ler este relato acreditando que já o conhecemos em detalhes,
leia cada um dos capítulos com atenção e anote tudo aquilo que descobrir ser algo que ainda não
conhecia.

PLB

Dia 24: Êxodo 1.1-22 [a multiplicação dos descendentes de Israel no Egito]; Êxodo 2.1-25 [a vida
de Moisés no Egito e sua fuga]
Deus cumpriu a promessa feita a Abraão duplamente: 1) aqueles que desceram como 70
pessoas ao Egito, tornaram-se uma grande nação dentro de outra (Gn 12.1-3); 2) a descendência de
Abraão foi reduzida à escravidão (cf. Gn 15.11-14).
Dia 25: Êxodo 3.1-22 [o encontro de Moisés com Deus]; Êxodo 4.1-31 [a volta de Moisés ao
Egito e seu encontro com Arão]
O nome SENHOR ou Yahweh revela que aquele que é Criador de todas as coisas também se revela ao
seu povo em um relacionamento pessoal e pactual. Mencionando este nome invocado pelos patriarcas,
Moisés, comissionado por Deus, se poria diante do povo hebreu, prometendo-lhe, em nome do
Senhor, a sua libertação.
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Dia 26: Êxodo 5.1-6.13 [o encontro de Moisés com faraó e com o povo hebreu]
O relato inicial do livro do Êxodo aponta para a libertação proporcionada pelo subjugamento
daqueles que se levantam ou são alçados à posição que é exclusiva do Senhor: “Quem é o SENHOR
para que lhe ouça eu a voz e deixe ir a Israel? Não conheço o SENHOR, nem tampouco deixarei ir a
Israel” (faraó).

Dia 27: Êxodo 6.28-7.25 [novos encontros com faraó e a primeira praga]
Dia 28: Êxodo 8.1-32 [segunda, terceira e quarta pragas]; Êxodo 9.1-35 [quinta, sexta e sétima
pragas]
Dia 29: Êxodo 10.1-29 [oitava e nona pragas]; Êxodo 11.1-10 [o anúncio da décima praga]
”Faraó não ouvirá vocês para que as minhas maravilhas se multipliquem na terra do Egito” (11.9).
O Novo Testamento torna ainda mais claro o objetivo de Deus tanto no endurecimento do coração de
faraó como nas maravilhas operadas na terra do Egito: “para que o meu nome seja anunciado em
toda a terra." (Rm 9.17)

GUARDANDO A LEITURA
1. O representante do povo de Deus
As histórias narradas por Moisés a respeito da sua própria vida se assemelham àquilo que
Deus fez com o seu próprio povo. Assim como, Moisés precisou fugir do Egito (cap. 2), Israel
também se colocaria em fuga sobre a proteção do Senhor (cap. 12-15). Assim como Deus se
encontrou com Moisés em um monte (cap. 3), se encontraria com Israel no Sinai para o instruir
(cap. 19). O chamado e a instrução à obediência para o líder (caps. 3-4), depois renovado (cap.
6) se repetiria com o povo liderado, tanto na instituição da aliana (caps. 21-24), quando em sua
renovação (cap. 34), após este povo ter loucamente se disposto a adorar um bezerro de ouro. Em
tudo isso, enxergamos Moisés desempenhando um papel de representante de Israel e que, até
mesmo, temporariamente seria de mediador no relacionamento do povo com Deus (cap. 33).
Moisés e Israel são tipos representativos daquele que seria o representante e mediador
definitivo do povo de Deus. Jesus foi aquele que do Egito foi chamado ( (Mt 2.13-15), que foi
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tentado em um lugar deserto (Mt 4.1-11) e que viveu plenamente segundo o padrão da aliança
estabelecido por Deus.

2. O foco em uma história maior


Uma das características marcantes de Moisés é que apesar de escrever os cinco livros do
Pentateuco, pouco ele fala a respeito de si mesmo, em especial, em Êxodo. Ao menos um
período de 80 anos da sua vida está contemplado no registro do Êxodo, porém, ele destaca
apenas o seu nascimento, sua fuga do Egito e seu chamado. Ele não menciona nada da sua
infância ou juventude e pouco narra a respeito da sua vida após a fuga do Egito. Sua ênfase com
respeito a si mesmo é somente no papel de líder comissionado por Deus para conduzir o povo
para fora do Egito. Esta característica dos escritos de Moisés nos ensinam um princípio para
interpretação do restante das Escrituras: a história menor está sempre dentro da história maior.
A história menor pode ser o relato sobre Abraão, Moisés, Paulo, etc., porém, todas elas foram
registradas com o princípio de ensinar o povo de Deus a respeito da história maior: a história da
salvação em Cristo.

3. O Deus verdadeiro e os deuses falsos


Cada uma das dez pragas comumente é considerada como um ataque de Deus à falsidade
da religião politeísta egípcia. O Senhor declarou que executaria seu juízo contra os deuses do
Egito (cf. 12.12) e, em outro lugar, “o Senhor trouxe juízo sobre todos os deuses do Egito” (Nm
33.4).
Porém, em especial, as pragas são usadas pelo Senhor como mecanismo para mostrar ao
deus-homem faraó, a grandiosidade do único Deus verdadeiro, uma vez que faraó em seu
orgulho disse: “Quem é o Senhor?” (5.2). Victor Hamilton declara: “O propósito divino era que
Faraó e seu povo — para não falar dos israelitas — realmente adquirissem conhecimento do
verdadeiro Deus. Elas [as pragas] tinham uma lógica educativa. Seria um conhecimento baseado
em observação e confronto, não em boatos. Conhecer o Senhor como Senhor significa
reconhecer e depois submeter-se à sua autoridade. Esta foi a escolha que Faraó precisaria fazer
e foi convidado a fazer. [Porém] Para ter certeza, não há referência em capítulos posteriores ao
Faraó dizendo: "Agora conheço Javé" ou "Agora sei quem é Javé". 1

1 Cf. HAMILTON, Victor P. Handbook on the Pentateuch. p. 160.


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APLICANDO A LEITURA
1. Uma das marcas do relacionamento do Senhor com o seu povo é a promessa dele de
estar conosco até a consumação dos séculos. Como esta promessa o encoraja a enfrentar as
tarefas que o Senhor pode designar a você?

2. O Êxodo foi um prenuncio da salvação que temos em Cristo. Qual o propósito final dela?
Quais propósitos secundários podem derivar de nossa salvação?

3. A princípio, Moisés relutou para aceitar seu chamado, nisso: 1) questionou Deus, 2)
dúvida e 3) até mesmo demonstrou traços de descrença. Há algum destes três aspectos com os
quais você se depara em sua caminhada? Como você luta para superá-lo? Como a aliança
assegurada por Deus te ajuda nisso?
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5. A Páscoa e o Êxodo

Quem sou eu nessa história?


A saída do Egito marcou o início da caminhada do povo de Deus rumo à terra prometida.
De forma semelhante, porém, muito mais grandiosa, os cristãos foram resgatados do domínio
do pecado para peregrinarem por este mundo rumo à pátria celestial. Nesta caminhada, o Senhor
é aquele que nos salva, protege e assegura que chegaremos ao destino.

Como aproveitar melhor a leitura?


O quinto guia contém quatro dias de leitura (30-33). Os textos bíblicos contemplados
abrangem um período de três meses de história entre a saída do povo hebreu do Egito e sua
chegada ao monte Sinai. Para aproveitar a leitura, preste atenção especial aos versículos que
concluem cada trecho lido.2 Veja como Moisés caracteriza o relacionamento de Deus com o seu
povo em cada conclusão.

PLB

Dia 30: Êxodo 12.1-28 [a páscoa, sinal de que o Senhor livrou os hebreus do Egito]; 12.29-51 [a
décima praga e a saída do Egito]
Sob o sangue do cordeiro pascal, Israel encontrou no próprio Deus sua proteção
para que o Destruidor não os matasse (cf. 12.23). Assim, o Senhor tirou o seu
exército da terra do Egito (cf. 12.41-42).
Dia 31: Êxodo 13.1-22 [Diante do exército vai o Senhor]; 14.1-31 [a travessia do Mar]
O caminho pelo qual o Senhor conduziu o seu povo tinha dois objetivos: 1) para que
Israel não desejasse voltar ao Egito (cf. 13.17-18); 2) para que o povo confiasse no
Senhor e em Moisés (cf. 14.30-31)
Dia 32: Êxodo 15.1-21 [verbalizando a confiança no Senhor]; 15.22 - 16.363 [murmurando contra
o Senhor]

2
É importante destacar que cada dia de leitura pode ter mais de um trecho a ser lido.
3
Começa no capítulo 15, versículo 22 e se estende até o capítulo 16, versículo 36.
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Murmuração rapidamente substitui a gratidão. Ainda assim Deus responde, não por
causa das murmurações, mas apesar das murmurações.
Dia 33: Êxodo 17.1-16 [está o Senhor no meio do seu povo?]; 18.1-27 [auxiliares para a liderança
de Moisés]; 19.1-25 [povo resgatado para ser do Senhor]
Três meses depois de deixarem a terra do Egito, Israel chega o Sinai onde
permaneceria por aproximadamente um ano, aprendendo sobre como ser povo do
Senhor. Assim, conheceriam: 1) seus privilégios; 2) suas responsabilidades; 3) seu
papel como representantes de Deus perante as nações.

GUARDANDO A LEITURA
1. A páscoa
No relato sobre a instituição da Páscoa, aprendemos sobre a centralidade do sangue do
cordeiro nos eventos que aconteceriam na última noite de Israel no Egito. Deus instruiu Moisés
acerca da forma de como o cordeiro deveria ser morto, como e com que deveria ser comido e o
que deveria ser feito com seu sangue (cf. 12.1-14). Moisés, ao comunicar sobre a Páscoa aos
anciãos de Israel, fez questão de enfatizar o papel e o significado do sangue naquele rito (cf.
12.21-28).
O sangue do cordeiro proporcionaria um refúgio para os hebreus para que o Destruidor
não os matasse como seria feito com os primogênitos dos egípcios. Na viga superior da porta,
estaria simbolizado que o próprio Senhor é quem protege o seu povo: “o SENHOR passará por
cima da porta e não permitirá que o Destruidor entre na casa de vocês para matá-los” (12.23).
Por isso, ao longo das Escrituras, aqueles que se rebelam são chamados à conversão para se
refugiarem sob o Senhor (cf. Sl 2.2-3 e 12). Quando Cristo se revelou como a nossa páscoa (cf.
Lc 22.14-21), também nos assegurou o perdão de pecados e a vida eterna (cf. Ap 22.14).

2. O Êxodo
O êxodo é um dos principais temas de toda a Bíblia. No Antigo Testamento, a saída dos
hebreus do Egito é o grande ato salvífico do Senhor para com seu povo. Da mesma forma, outros
livramentos do Senhor são retratados como um tipo do êxodo (por exemplo, o retorno do exílio
babilônico).
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Porém, precede a todo êxodo um período de escravidão ou exílio. Durante 430 anos, o
povo hebreu esteve longe da terra prometida aos patriarcas, boa parte deste tempo como escravos
no Egito (cf. 12.41). Os judeus por 70 anos ficaram exilados na Babilônia. E, todos os seres
humanos, ficaram alheios e carentes da glória de Deus sob a escravidão do pecado. Por esta
razão, Deus se fez homem (cf. Hb 2.14-15), experimentando inclusive um exílio geográfico (cf.
Mt 2.13-15), para que por meio da sua morte, proporcionasse a todo aquele que nele crer um
novo êxodo, maior do que todos os outros: “Ele nos libertou do poder das trevas e nos
transportou para o Reino do seu Filho amado, em quem temos a redenção, a remissão dos
pecados” (Cl 1.13-14).

3. O povo do Senhor
A leitura do capítulo 19 de Êxodo nos auxilia a entender que o Senhor salvou o povo
hebreu para que este fosse seu povo. No Sinai, os hebreus aprenderiam a como serem servos do
Senhor (Êxodo 20-40) e a viverem com um Deus Santo habitando no meio de pecadores
(Levítico).
O relacionamento exclusivo do povo de Deus com o Senhor é marcado pelo
estabelecimento de uma aliança entre os dois. O exemplo mais próximo que temos é o do
casamento, onde aqueles que se casam possuem privilégios e responsabilidades próprios do
casamento. O que Israel aprenderia no Sinai pode ser resumido nos versículos abaixo:
“Vocês viram o que fiz aos egípcios e como levei vocês sobre asas de águia e os trouxe
para perto de mim [privilégio, estar perto do Senhor]. Agora, pois, se ouvirem atentamente a
minha voz e guardarem a minha aliança [responsabilidades], vocês serão a minha propriedade
peculiar dentre todos os povos [papel diante dos povos]. Porque toda a terra é minha, e vocês
serão para mim um reino de sacerdotes e uma nação santa.” (Êxodo 19.4-6)

APLICANDO A LEITURA
1. Quais são os privilégios que o povo de Deus tem no relacionamento com o Senhor? Utilize
alguns textos bíblicos para fundamentar sua resposta.
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2. Como, ao desfrutar dos privilégios e a viver segundo os mandamentos do Senhor, podemos


ser testemunhas de Deus entre todos os povos?

3. Um dos grandes perigos da caminha com Deus é a murmuração. Como o louvor e as ações
de graças ao Senhor podem nos ajudar a evita-la?
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6. Adorando o Senhor

Quem sou eu nessa história?


Depois do Êxodo, Israel descobriu que seriam povo de propriedade exclusiva do Senhor.
Este relacionamento gera algumas perguntas: 1) Como pecadores habitam com um Deus que é
santo? 2) Como eles o adoram? A salvação coloca todo cristão em um cenário privilegiado,
dando-lhe acesso direto ao Senhor. Esta presença ao mesmo tempo que traz responsabilidades
ao adorador, também o modela para que se pareça mais com o seu Senhor.

Como aproveitar melhor a leitura?


O quinto guia contém sete dias de leitura (34-40). Os textos lidos revelam a proximidade
do relacionamento de Deus com o povo que ele redimiu. Porém, o episódio do bezerro de ouro
marca a aparente ruptura neste relacionamento. Ao ler este trecho, liste todas as ações que Moisés
realiza em favor do povo após eles terem pecado. Destaque o perceber de novo nos diálogos de
Deus com Moisés.

PLB

Dia 34: Êxodo 20.1-17 [os dez mandamentos]; 23.20-24.18 [promessa e aliança de Deus para o
seu povo]
Não são as obrigações a razão do relacionamento, mas o relacionamento com Deus
a razão das obrigações sob a aliança. Com o sangue aspergido sobre o povo, este,
comprometeu-se a cumprir os mandamentos designados pelo Senhor.
Dia 35: Êxodo 31.18-32.25 [adorando outros deuses]
Apesar de estar 07 capítulos à frente do momento em que o povo disse “Tudo o que
o SENHOR falou nós faremos e obedeceremos. (cf. 24.7), o episódio do bezerro de
ouro é o relato, tendo o povo como personagem, imediato a esta concordância dos
hebreus com a lei e a aliança de Deus. Isso demonstra o quão rápido esqueceram de
seus votos.
Dia 36: Êxodo 33.1-23 [a mediação de Moisés]; 34.1-35 [renovação da aliança]
Moisés desempenha o papel central de mediar o relacionamento de Deus com o
povo que acabara de abandonar seus compromissos.
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Dia 37: Êxodo 35.1-36.1 [continuando do ponto em que foi interrompido, a execução do projeto
do tabernáculo]
Do ponto em que a narrativa foi interrompida (31.18), por causa do episódio do
bezerro de ouro, ela é retomada (35.1). O que foi projetado e descrito quanto ao
tabernáculo, passa a ser executado com os recursos entregues pelo povo e com a
capacitação do Espírito Santo à Bezalel e Aoliabe.
Dia 38: Êxodo 39.32-40.38 [o Senhor habitando no meio do seu povo]
A conclusão do tabernáculo segundo o projeto do próprio Senhor culmina com o
próprio Senhor passando a habitar no meio do povo que resgatou do Egito.
Dia 39: Levítico 8.1-36 [a consagração da família de Arão como sacerdotes]
A habitação de Deus no tabernáculo santificaria também o povo. Nos sacerdotes, os
representantes do povo diante de Deus, isso foi simbolizado. Fazia parte do seu ritual
de ordenação, o permanecerem durante uma semana junto à tenda da congregação
para serem consagrados.
Dia 40: Levítico 9.1-10.7 [está o Senhor no meio do seu povo?]
A morte de Nadabe e Abiú serviu como um instrumento para que o povo recordasse
que habitavam junto a um Deus Santo. Desde a chegada ao Sinai, estava aprendendo
que todo o projeto de adoração foi desenhado pelo próprio Deus, que também
estabeleceu o padrão de vida para o seu povo: “Sejam santos, porque eu, o SENHOR,
o Deus de vocês, sou Santo” (Lv. 19.2).

GUARDANDO A LEITURA
1. A vida segundo a aliança
Em uma aliança, duas partes entram em compromisso de fidelidade uma para com a
outra. Foi este o compromisso que Israel, com a intermediação de Moisés, selou aos pés do
monte Sinai ao dizer: “Tudo o que o Senhor falou nós faremos” (cf. Êx 24.4 e 7). Este foi o voto
feito depois de ouvirem o Decálogo e o Código da Aliança (Êx 20-23). Não houve falta de
sinceridade, porém, como o episódio do bezerro de ouro sinalizaria, a fidelidade da parte do
povo duraria pouco tempo.
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FAZENDO DISCÍPULOS DE CRISTO NO MUNDO

Porém, a infidelidade do povo não anula os preceitos da lei de Deus, em especial dos dez
mandamentos. O Senhor faz uso das estipulações da aliança como instrumento para a instrução
do seu povo sobre como se relacionar com o próprio Deus e com o próximo (cf. Marcos 12.29-
31).

2. A adoração e a santidade segundo Deus


O projeto do tabernáculo no registro de Moisés foi dividido em duas partes: 1) descrição
do tabernáculo e seus componentes (Êx 25-31); 2) execução e finalização da obra (Êx 35-40).
Entre a descrição e a execução encontramos o sombrio episódio do bezerro de ouro (Êx 32-34).
A continuidade do que foi apresentado ao final do capítulo 31 no capítulo 35, indica que o
Senhor se preocupa com a forma com que é adorado, por isso, designou e supervisionou a obra
de construção do tabernáculo. De forma semelhante, a vida do povo de Deus também encontra
como modelo o padrão vindo do próprio Senhor. Deus chama seu povo à santidade porque ele
é Santo.
Assim, em seu culto amplo ou em seu culto restrito, o povo de Deus não é chamado a
imitar as formas ou práticas que outros povos adotam. Antes, encontrará em Deus aquilo que é
bom e agradável a ele. Uma vez que tudo aquilo que Deus requer do seu povo ou ele já fez ou
ele já é para aqueles que com ele caminham.

APLICANDO A LEITURA
1. A rapidez com que os hebreus abandonaram seu compromisso nos ensina que somos tentados
constantemente a fazer o mesmo. Em quais momentos somos tentados a buscar “deuses que vão
adiante de nós”?

2. O projeto do tabernáculo foi desenhado pelo próprio Deus, sendo patrocinado pelo povo e
executado por homens que foram habilitados pelo Espírito Santo ao serviço. Como você pode
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se envolver com algum projeto da sua igreja que glorifique a Deus? Faça um pequeno
planejamento e apresente a alguém que pode ajuda-lo a colocar em prática.

3. Deus passou a habitar no meio do seu povo. De forma semelhante, somos lembrados pelo
apóstolo Paulo que ele habita dentro de nós (1Co 6). Como a presença de Deus conosco modela
nossa vida de santidade?
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7. Incredulidade

Quem sou eu nessa história?


Do Sinai/Horebe levaria 11 dias para o povo estar na fronteira com a terra de Canaã.
Algumas semanas depois, desfrutariam para sempre da terra que mana leite e mel. Ao total, da
saída do Egito até a entrada em Canaã teria sido cerca de 1 ano e 2 meses. Para quem durante
décadas foi escravo no Egito, poderia não parecer um tempo longo. Porém, Israel, mesmo
sabendo que 11 dias depois de começar a marchar estaria em Canaã, começou a murmurar
contra o Senhor e Moisés. 11 dias se tornaram mais 38 anos. Quantas vezes nossa vida se torna
mais difícil por causa de nossas próprias escolhas?

Como aproveitar melhor a leitura?


Neste sétimo guia, o foco está nas histórias narradas pelo livro de Números. Após
passarem quase um ano, construindo o tabernáculo e aprendendo da lei do Senhor, o povo de
Israel pôde se colocar em marcha.
Para aproveitar a leitura, veja e anote como as murmurações e pecados de Israel se
intensificam nos primeiros 11 dias de jornada (caps. 9-14). Depois, veja como tornam-se
frequentes os relatos de mortes dentro da comunidade. Em tudo isso, o capítulo 14 é um “divisor
de águas”, pois o povo não creu que o Senhor poderia lhes dar a terra de Canaã habitada por
gigantes.

PLB

Dia 41: Números 9.1-23 [a celebração da Páscoa]; 10.11-36 [o exército do Senhor marcha]
A celebração da Páscoa no deserto do Sinai indica que um ano havia se passado
desde que na noite de Páscoa o povo havia deixado o Egito (cf. Êx 12). Este, e mais
os cinquenta dias que seguiram, foi o tempo que o povo hebreu esteve ao pé do Sinai
aprendendo sobre como adorar e viver com Deus habitando no meio deles. Chegou
a hora de marchar rumo à terra prometida.
Dia 42: Números 11.1-35 [murmurações iniciais]
Do momento em que começaram a marchar até o momento em que estariam na
fronteira da terra prometida, seria um período de apenas 11 dias (cf. Dt 1.2). Porém,
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antes que este curto período se completasse, o povo retomou uma rotina que há
quase um ano não se via: eles murmuraram. Desde o episódio do bezerro de ouro,
havia silêncio sobre isso.
Dia 43: Números 12.1-16 [rebelião de Miriã e Arão]; 13.1-33 [incredulidade dos espias]
As murmurações se intensificam, alcançando a liderança do povo. A rebelião que
havia começado com o “populacho” – um misto de nações que havia saído junto
com os hebreus do Egito (cf. Êx 12.38) – alcançou Miriã e Arão. Sintomas do pior
que veio na sequência: o relatório dos espias.
Dia 44: Números 14.1-45 [como 11 dias viraram mais 38 anos, totalizando 40 anos]
Nem mesmo o fiel relatório cheio de confiança de Calebe e Josué, completamente
conscientes da promessa de Deus, fez com que o povo continuasse a marcha que há
poucos dias havia começado. Intensificaram a murmuração a ponto de, assim como
no episódio do bezerro de ouro, desejarem retornar para o Egito. A incredulidade
fez com que fossem disciplinados pelo Senhor precisando marchar por mais 38 anos.
Não mais em linha reta, mas em círculos.
Dia 45: Números 16.1-40 [a rebelião de Corá]
A rebelião liderada por Corá, Datã e Abirão demonstra que o povo não estava
consciente de que a razão de não entrarem em Canaã era seu próprio pecado. Sua
incredulidade os cegava de tal forma, que atribuíram a culpa a Moisés e Arão. Mais
do que isso, se referiam ao Egito como terra que mana leite e mel (cf. Nm 16.12-14).
Dia 46: Números 16.41-17.13 [quem pode se aproximar do tabernáculo do Senhor?]; Números
20.1-39 [morte de Miriã e Arão]
A geração que saiu do Egito não entraria em Canaã. As mortes de Miriã e Arão,
ambos na fronteira com Canaã (terra de Cades), são o primeiro testemunho disso.
Porém, o próprio Moisés, por não santificar o Senhor diante do povo, também seria
impedido de entrar na terra. Cumpriria a missão de levar o povo até a fronteira e,
então, apenas a contemplaria de longe.
Dia 47: Números 21.1-35 [a serpente de bronze levantada]
As rebeliões se tornaram constantes nos quarenta anos de peregrinação. Se o leitor
já se pergunta como é possível um povo murmurar tanto, mesmo sendo sustentado
com o maná vindo do céu, deve se perguntar: será que todas as murmurações foram
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registradas? Certamente não. Porém, a serpente de bronze os lembrava que o


remédio para a incredulidade era apenas um: fé.
Dia 48: Números 22.1-41 [Balaque e Balaão]
Balaque tenta contratar Balaão para amaldiçoar Israel. Este, movido por sua
ganância, aceita a missão, porém, é impedido pelo próprio Senhor.
Dia 49: Números 23.1-30 [abençoado o que era para ser amaldiçoado]; Números 24.1-25
[profecia de Balaão]
Não é possível amaldiçoar aquele que o Senhor abençoou. As bendições de Balaão
sobre Israel são um eco do momento em que o Senhor chamou o patriarca Abraão
para que sua descendência abençoasse as nações (cf. Gênesis 12.1-3).
Dia 50: Números 25.1-18 [o estratagema de Balaão]; 27.12-23 [o sucessor de Moisés]
Porém, Balaão, apesar de não ter amaldiçoado Israel, pois o Senhor o havia
abençoado, conseguiu que Israel se afastasse do Senhor segundo sua própria cobiça
no caso de Baal-Peor (2Pedro 2.15 e Judas 11 lançam certa luz sobre o episódio).
Uma vez que Moisés não entraria em Canaã, Josué é designado como seu sucessor.
Dia 51: Números 31.1-54 [vingança contra os midianitas]
A vitória sobre os midianitas e a vingança obtida em relação ao caso de Baal Peor
indicavam que a geração dos filhos de Israel estava pronta para entrar em Canaã (Nm
31). A distribuição dos despojos da batalha contra aquele povo (Nm 31.25-47),
estabelecia o padrão da distribuição que era esperada da vitória maior que viria contra
os cananeus.
Dia 52: Números 32.1-42 [Duas tribos e meia além do Jordão]; 33.38-56 [instruções acerca da
conquista de Canaã]
Pela segunda vez, a morte de Arão é narrada, agora, como um marco temporal de
que a nação que saiu do Egito havia perecido no deserto, não entrando em Canaã.
Porém, antes disso, Moisés se depararia com algo que talvez lhe remontaria ao
relatório dos espias, afinal duas tribos e meia (já dos filhos da geração que pereceu
no deserto) decidem não entrar na terra de Canaã. Será que tudo começaria de novo,
38 anos depois?
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GUARDANDO A LEITURA
1. Um exército em marcha e um inimigo constantemente presente
O povo estava pronto para marchar. O tabernáculo estava pronto, os levitas e sacerdotes
orientados sobre sua função quanto à manutenção e transporte do santuário, o exército
enumerado e organizado sob seus estandartes. Eles já podiam deixar a região do monte Sinai,
onde havia estado durante cerca de 11 meses. Antes de sair dali, lembraram-se da grande obra
que o Senhor fizera em seu favor, na noite em que feriu o Egito e os tirou da escravidão (cf. 9.5).
Era o Senhor que ditava o ritmo de caminhada rumo à Canaã. No dia em que o
tabernáculo foi construído, a nuvem do Senhor se pôs sob ele (cf. 9.15). Quando ela se levantava
o povo deveria marchar (cf. 9.22-23). Visualmente eles eram lembrados de que rumavam para a
terra prometida. Sonoramente, pelo toque de rebate das trombetas de prata, eles eram lembrados
de que eram um exército indo para a batalha (cf. 10.5-6, 9). Adiante deles, ia a arca do Senhor,
como um símbolo de que o Senhor batalhava junto a eles (cf. 10.33-36). Porém, o maior inimigo
daquele exército no deserto era o próprio povo.

2. Incredulidade: a grande ameaça


A marcha de cerca de 11 dias chegou próximo ao destino dos filhos de Israel. A terra de Canaã
estava próxima de ser alcançada, por isso Moisés preparou um grupo de homens, um de cada
tribo, para espiarem a terra e relatarem ao povo com respeito ao que observassem na terra
prometida. Eles deveriam analisar a terra, o povo que nela habitava, bem como as suas
construções, e a fertilidade daquele local. Deveria ser uma conclusão triunfante para todo o relato
desde o Êxodo até aqui, porém ao invés de glória uma tragédia aconteceu.
Ao regressarem de sua missão, os espias iniciam o relato de acordo com o que Moisés
havia pedido deles. Porém, Calebe percebe que não é apenas uma descrição objetiva do que foi
visto, há uma inclinação subjetiva de medo e desistência de reclamar a possessão da terra que o
Senhor tinha prometido. Ele tenta animar o povo, confiando que o Senhor os faria prevalecer
mesmo contra um exército de gigantes, mas os demais espias conseguiram desanimar o povo,
fazendo-os desistir de invadir a terra.
Ao desejarem retornar ao Egito, os hebreus demonstram o que realmente estava no seu
coração: incredulidade. Mesmo diante das alegações de Moisés, Arão, Calebe e Josué, o povo
continuava obstinado a regressar, propondo até mesmo apedrejá-los. Diante disso, a ira do
Senhor se acendeu contra eles, disposto a destruí-los imediatamente. Porém, diante da
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intercessão de Moisés baseada na glória do nome de Deus e na sua natureza misericordiosa, o


Senhor mitiga o julgamento. Apenas os espias rebeldes são destruídos imediatamente. O povo é
condenado a vagar pelo deserto durante quarenta anos até que toda aquela geração incrédula
perecesse. Somente Calebe e Josué, que permaneceram fiéis entrariam em Canaã, liderando a
próxima geração. A promessa do Senhor de que Israel herdaria a terra prometida é assegurada
pela manutenção da lei que deveria ser obedecida quando o povo ali estivesse (cf. 15.1).
Este triste relato demonstra que o que estava em jogo não era apenas geopolítica
envolvendo conquista territorial. O povo questionava a própria aliança de Deus baseada na
promessa de propriedade da terra. Assim, era uma questão espiritual: o povo confiará na palavra
de Deus? Vimos que não. Porém, a manutenção da lei com respeito aos sacrifícios (Nm 15) nos
mostra que o arrependimento de todo o coração pode restaurar um povo rebelde a uma posição
em que possam experimentar as bênçãos de Deus.

3. O fim da geração que saiu do Egito


A história de uma geração rebelde chegou ao fim. Em Baal-Peor a incredulidade dela
esteve mais uma vez à mostra. Por meio de uma praga o Senhor elimina os últimos que não
fariam parte do novo censo (26.64). Por fim, prepara até mesmo o sucessor de Moisés.
Se Balaque não conseguiu o que desejava, a primeira geração do próprio povo hebreu
encaminhou sua ruína. Isso se evidenciou desde a saída do Egito, alcançando o àpice na sedição
diante do relatório dos espias e agora alcançando um fim em Baal-Peor. Aparentemente, um
grupo de homens (25.6), não todo povo, se prostituiu com as moabitas se envolvendo em idolatria
com os seus deuses. Por isso, uma praga do Senhor veio sobre o povo, cessando somente depois
que os infratores foram mortos, principalmente Zinri e Cosbi pela lança de Fineias.
Na sequencia deste evento, um novo censo foi levantado (Nm 26). Foram contados então
somente aqueles que poderiam entrar na terra prometida. Segundo o número de pessoas de cada
tribo se dividiria as heranças em Canaã.
Moises, devido ao seu próprio erro em Meribá, também foi instruído pelo Senhor a
preparar Josué como seu sucessor. Ele não entraria em Canaã, por isso, em suas próprias
palavras, precisava preparar um novo líder para que o povo não fosse "como ovelhas que não
tem pastor" (27.16-17).
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Um dia estas mesmas palavras seriam utilizadas por Cristo para descrever uma multidão
e pedir aos seus discípulos que rogassem ao Pai, como Moises rogou, que providenciasse
trabalhadores para a seara (Mt 9.36-37).

APLICANDO A LEITURA
1. As murmurações iniciais de Israel já em marcha culminaram com a incredulidade de que o
Senhor podia lhes dar a terra que prometera. Como pequenas murmurações de nosso dia podem
minar nossa confiança em Deus?

2. Incredulidade costuma deturpar a capacidade do coração e da mente de interpretar a realidade


ao redor. Por exemplo, os hebreus começaram a ver com desprezo o maná enviado por Deus.
Coisas boas são vistas como más e coisas más como boas. Há algum sinal de que você tem
deturpado o significado das coisas que são colocadas em sua vida? Como alguém pode te ajudar
a interpretar melhor a realidade ao redor?

3. Em Números 14.20, o Senhor disse que havia perdoado o povo. No entanto, impôs sobre eles
a penas de peregrinarem por mais 38 anos no deserto. Como você define a relação entre perdão
e disciplina? É possível o Senhor nos perdoar e ainda nos disciplinar?
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8. A Lei de Deus

Quem sou eu nessa história?


Como o passado serve de motivação para continuarmos a caminhada? Quando olhamos
para o passado de nossos pais, de outros cristãos ou o nosso próprio, encontramos tanto situações
que se revelam como perigosas e devemos evitá-las a todo o custo, como revelam vitórias dadas
por Deus que nos ajudam a continuar confiando nele e vivendo segundo a sua vontade.

Como aproveitar melhor a leitura?


O oitavo guia compreende cinco dias de leitura (53-57). Cada um deles focado em falas
de Moisés à beira de Canaã, na segunda vez que chegaram tão perto da terra prometida.
Basicamente, Moisés reconta a história de Israel desde que saíram do Egito, em especial de
Horebe, e enfatiza o fundamental papel que a lei de Deus tem na vida do seu povo. Para
aproveitar melhor a leitura destes dias, anote momentos em que Moisés conta erros ou acertos
do passado que servem como exemplo para a exortação do povo que entraria em Canaã.

PLB

Dia 53: Deuteronômio 1.1-46 [a estrada até aqui]


O povo hebreu estava na fronteira de Canaã. Duas tribos e meia já tinha recebido a
sua herança além do Jordão, porém, faltava a conquista da terra que o Senhor
prometeu. Antes de avançarem rumo à conquista, Moisés lhes recorda os quarenta
anos de peregrinação e, em especial, como 11 dias se tornarão 38 anos a mais. Moisés
recorda o passado pois teme que os erros anteriores se repitam ou há outro propósito
em vista?
Dia 54: Deuteronômio 2.1-37 [vitória sobre Seom]; 3.1-29 [vitória sobre Ogue e distribuição da
terra dos dois reis às duas tribos e meia]
Moisés continua recordando os eventos antes da segunda chegada do povo de Israel
nas fronteiras de Canaã. Agora, fala a respeito das vitórias sobre Seom e Ogue com
as seguintes informações importantes: 1) 38 anos andando pelo deserto (cf. 2.14); 2)
objetivo destruir a geração que saiu do Egito e que não confiou no Senhor quando
chegaram a Cades-Barneia na primeira vez (cf. 2.15); 3) o Senhor esperou a morte
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destes homens de guerra para começar a “incutir terror e medo [...] aos povos” com
a fama da nova geração. Desta forma, respondendo a pergunta do dia anterior, a
preocupação para que erros não fossem repetidos parece dar lugar a um
encorajamento à nova geração que conquistara as terras de Seom e Ogue e se
preparava para adentrar a terra que outrora seus pais temeram conquistar. O fato de
Moisés contar que teve seu pedido para entrar em Canaã negado por Deus,
corrobora a ideia de uma nova geração em um novo momento.
Dia 55: Deuteronômio 4.1-40 [exortação à obediência]
Moisés continua discursando ao povo de Israel como forma de prepará-los à grande
missão que teriam pela frente. Nesta missão, obediência à lei do Senhor seria fator
determinante para o sucesso: “ó Israel, ouça os estatutos e os juízos que eu lhes
ensino, para que vocês os cumpram, para que vivam, entrem e tomem posse da terra
que o SENHOR, o Deus de seus pais, está dando a vocês.” (4.1)
Dia 56: Deuteronômio 4.44 - 5.334 [novo pronunciamento dos dez mandamentos]
“O SENHOR, nosso Deus, fez aliança conosco em Horebe. Não foi com nossos pais
que o SENHOR fez esta aliança, e sim conosco, todos os que hoje aqui estamos vivos.”
(5.2-3) A aliança de Deus com a nova geração tinha como matéria o mesmo
conteúdo, a lei de Deus auxiliá-los-ia a, após entrarem em Canaã e desfrutarem da
terra, a prolongarem os seus dias na terra.
Dia 57: Deuteronômio 6.1-25 [o SENHOR, nosso Deus, é o único Senhor]; 7.1-26 [admoestações
contra a infidelidade, bênçãos decorrentes da obediência]
Quando o amor a Deus e à sua lei dominassem o coração de pais e filhos, a lei que
deveria ser vivida no dia a dia do povo de Israel, os auxiliaria a após entrarem em
Canaã, desfrutarem da terra e, nela prolongarem os seus dia, a não esquecerem do
Senhor que os tirou do Egito.

4
A leitura começa no versículo 44 do capítulo 4 e termina no versículo 33 do capítulo 5.
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GUARDANDO A LEITURA
1. Qual o papel de recordar o passado?
Deuteronômio continua a história de Israel do ponto em que Números parou. Nas
campinas de Moabe, na fronteira natural que é o rio Jordão, os hebreus aguardavam para entrar
em Canaã. Porém, ao invés de registrar os eventos cronologicamente subsequentes, Moisés
preferiu registrar um dos seus discursos que continha uma revisão da história de Israel no deserto.
O livro de Deuteronômio marcará a Aliança entre Deus e o povo que irá entrar em
Canaã, por isso existe essa necessidade de se recontar a história para que ela jamais fosse
esquecida. Três são os objetivos de se revisitar os grandes atos de Deus em favor do povo e a
falha deste em crer nas promessas divinas: 1) lembrar do relacionamento entre Deus e os filhos
de Israel; 2) enfatizar a bondade do Senhor e, por conseguinte, demonstrar o quanto Israel dele
dependia; 3) exortar o povo a ser fiel ao Senhor e não cometer erros semelhantes aos do passado.
Assim, há um valor em se recordar a história. Para os hebreus a história os ajudaria a
lembrar que o Senhor continuava fiel à sua promessa de fazê-los entrar em Canaã e que tratava
Israel com justiça diante de seus pecados. Era também a oportunidade de relembrar os grandes
feitos de Deus em seu favor, as vitórias que o Senhor havia dado contra os inimigos anteriores e
a esperança de vitórias futuras dentro da terra prometida. Além disso, sem a história Israel não
teria noção alguma da sua identidade. Eles eram o povo pactual de Deus, vassalos de um
grandioso Rei, por isso, eram regidos por uma lei superior que os exortava a uma vida de
santidade.

2. O que define a identidade do povo de Deus?


Recapitular a história (Dt 1-3) tinha um propósito. Na fronteira com Canaã, Moisés
relembrou Israel de sua história para mostra que a identidade deles era moldada pela salvação
do Senhor (Dt 6.20-23) e pela lei do Senhor (Dt 6.1-2). Assim, dois lugares são usados como
exemplos de antagonismos. Baal-Peor representava o ápice da perda de identidade desta nação,
enquanto Horebe era o marco formador de um novo povo em um relacionamento com o
Senhor.
Em Baal-Peor, todo homem que se prostituiu com as moabitas, e principalmente adorou
os deuses delas, foi consumido pelo Senhor (4.3). A idolatria é a principal causa de
desvirtuamento de uma identidade. Por causa de sua idolatria, os cananeus seriam expulsos da
terra que habitavam (Gn 15.16). Se Israel um dia seguisse este mesmo caminho, a expulsão desta
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mesma terra e o exílio seriam consequências do esquecimento do seu relacionamento exclusivo


com o Senhor (4.27-28).
O relacionamento com Deus, bem como a identidade do povo, foi moldado em Horebe.
Lá Moisés e o povo receberam a lei do Senhor (5.4-21). Do meio do fogo, o Senhor os proibiu
de terem outros deuses diante dele. Proibiu-os de fazerem imagens voltadas à idolatria e os
cerceou de qualquer pecado que se origina pelo abandono do relacionamento da aliança. Israel
era o povo do Senhor, moldado pela sua lei.
Isto era tão vital para o povo, que deveria fazer parte da sua vida cotidiana. Rotineiramente
deveriam se lembrar da lei do Senhor, ensinar aos seus filhos em toda situação oportuna, para
que a lei do Senhor estivesse no coração de ambos (6.4-9). Isto era necessário, pois diariamente
existiria a possibilidade do povo ser tentado a se esquecer do Senhor. Na terra prometida,
herdariam bênçãos pela graça do Senhor, mas correriam o risco de fazer dessas bênçãos algo
mais precioso do que o próprio Deus que os salvou da escravidão (6.10-13).
As palavras de Deuteronômio nos lembram que ninguém pode servir a dois senhores (Mt
6.24)

APLICANDO A LEITURA
1. Recorde o passado! Faça uma lista de seus erros que ficaram no passado e explique como se
afastar deles contribuiu para a sua caminhada com Deus.

2. Recorde o passado! Quais foram os grandes atos de bondade de Deus em sua vida e como
lembrar destes atos contribui para a sua caminhada com o Senhor?
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3. O que define a sua identidade? Quais são seus principais gostos? Eles se sustentam diante dos
dez mandamentos de Deus ou há algum deles que precisa ser deixado para trás para se tornar
um erro do passado?
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9. A aliança de Deus e uma das grandes transições na história da


redenção

Quem sou eu nessa história?


Uma das marcas dos cristãos é que são o povo da aliança. Estamos em um relacionamento
com Deus, estabelecido pelo próprio Senhor. Neste relacionamento vivemos sob as estipulações
que requerem que vivamos segundo o padrão celestial, ao mesmo tempo em que promessas e
maldições à elas são atreladas. Estar nesta aliança é garantia de vida e, fora dela, certeza de morte.

Como aproveitar melhor a leitura?


O nono guia compreende oito dias de leitura (58-63). Ele permanece focado, assim como
o oitavo, no livro de Deuteronômio, porém, nas leituras diárias, pula uma grande seção de leis
(Ciclo de leitura II) contida entre os capítulos 12 e 26. Para aproveitar as leituras indicadas por
este guia, anote todas as vezes em que o texto bíblico parece indicar o fim de uma era (Moisés e
a travessia do deserto) e o início de uma nova (Josué e a vida do povo em Canaã).

PLB

Dia 58: Deuteronômio 8.1-20 [a dependência do Senhor]; 9.1-29 [o perigo de repetirem a


incredulidade demonstrada no passado]
Moisés continua a falar sobre a lei de Deus e em como ela molda o coração e a vida
daqueles que a guardam. Uma das formas é revelando o quanto o povo de Deus
depende do seu Senhor. Até aqui, o Senhor os conduziu pelo deserto. Era para eles,
se confiassem no Senhor, já estarem desfrutando de Canaã, porém, não creram no
Senhor tramaram voltar para o Egito e se intimidaram diante dos gigantes da terra.
Dia 59: Deuteronômio 10.1-22 [o relato sobre as segundas tábuas de pedra]; 11.1-32 [o
relacionamento entre amor e obediência]
Moisés recorda como o Senhor providenciou tábuas novas dos dez mandamentos
após o episódio do bezerro de ouro, em que Moisés havia quebrado as primeiras. E
com esta recordação, ele retoma sua exortações para que o povo ame a Deus sobre
todas as coisas e evidencie este amor por meio da obediência à sua lei. Amor e
obediência são pilares da aliança de Deus com o seu povo.
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Dia 60: Deuteronômio 27.1-28.14 [bênçãos e maldições da aliança]


Toda aliança, além de possuir as partes que a celebram e as estipulações que a regem,
possui também as consequências previstas pelo cumprimento ou não das
estipulações. Num contrato de aluguel, cumprir ou não as regras, acarreta na
possibilidade de permanecer no imóvel ou em multas e até despejo. Na aliança
bíblica, as consequências são bênçãos ou maldições.
Dia 61: Deuteronômio 28.15-68 [continuação das maldições – castigos – da desobediência]
A marca final da vida em desconformidade em relação à aliança é a reversão do status
de povo: “O SENHOR fará com que vocês voltem ao Egito em navios, pelo caminho
de que eu lhes disse: “Nunca mais vocês o verão.” Ali vocês serão oferecidos para
venda como escravos e escravas aos seus inimigos, mas não haverá quem queira
comprá-los.” (28.68). É a aliança que diferencia aqueles que são povo de Deus
daqueles que não o são.
Dia 62: Deuteronômio 29.1-29 [nova aliança]; 30.1-20 [promessas de misericórdia em caso de
arrependimento]
Pronunciadas as bênçãos e as maldições, ou seja, os últimos termos do contrato,
Deus faz nova aliança com o seu povo. Sabendo do coração enganoso do seu povo,
acrescente promessas de restauração caso a aliança seja quebrada e os que quebram
se arrependam de todo o coração.
Dia 63: Deuteronômio 31.1-8 [Josué, o sucessor de Moisés]; 31.9-29 [ordem para leitura
constante da lei]
São constantes as exortações bíblicas para que o povo de Deus medite na lei do
Senhor rotineiramente (cf. Sl 1.2). Há uma razão para isso, somos inclinados a nos
alimentar de pensamentos de vaidade (cf. Sl 2.1) e, mediante eles, a nos rebelarmos
contra o Senhor (cf. Dt 31.20).
Dia 64: Deuteronômio 31.30-32.47 [o cântico de Moisés]; 32.48-52 [Moisés contempla Canaã]
O cântico de Moisés não deve ser visto como apenas um louvor ao Senhor, antes era
instrumento de ensino e de testemunho ao povo de Israel. Lembrava-lhes que o
relacionamento com o Senhor continuava e alertava-lhes de não se afastarem dele.
Algo que seria posto a prova, uma vez que seu principal líder não estaria mais entre
eles.
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FAZENDO DISCÍPULOS DE CRISTO NO MUNDO

Dia 65: Deuteronômio 33.1-29 [Moisés pronuncia as últimas bênçãos sobre Israel]; 34.1-12 [a
morte de Moisés]
Á semelhança do que fizera Jacó (Gn 49), Moisés abençoa Israel. As bênçãos do
patriarca foram dirigidas aos seus filhos, as de Moisés às tribos. De um homem,
Abraão, passando por Jacó e os seus filhos, Deus fez um povo. Ele cumpriu suas
promessas (Gn 12.1-3). A próxima etapa: conquistar Canaã.

GUARDANDO A LEITURA
1. A aliança molda o povo de Deus
A identidade do povo de Deus é forjada no relacionamento de graça com o Senhor. O
Senhor que tirou Israel do Egito, separou-os de entre as nações para serem o seu povo exclusivo,
por isso, também lhes deu sua lei para que em a cumprindo, o seu coração não se elevasse com
um orgulho que busca por autonomia (Dt 8.14).
A escolha de Deus por Israel, jamais deve ser considerado como razão para tal sentimento
altivo. Segundo Moisés, o Senhor não os escolheu por afeição ou por serem a maior e mais
numeroso dos povos. Pelo contrário, sendo o menor deles, que com apenas 70 pessoas haviam
descido ao Egito (Dt 10.22), foram alvos do amor de Deus, recebendo as promessas feitas aos
patriarcas (Dt 7.7-8).
De forma semelhante, ao entrarem em Canaã, não deveriam se exaltar, crendo que a
recebiam do Senhor por causa da sua justiça (Dt 9.6-7). Eles não podiam se esquecer de todos
os momentos em que foram rebeldes à Palavra do Senhor e, principalmente, naqueles que
abandonaram a Deus seguindo outros deuses. Se Baal-Peor é o último exemplo de infidelidade
do povo na jornada pelo deserto, o episódio do bezerro de ouro em Horebe os lembrava que
desde o princípio provocaram o Senhor à ira (Dt 9.8).
Por isso, quando tomassem posse da terra prometida, deveriam ter em mente duas razões
do Senhor para lhes dá-la: 1) eles seriam instrumentos de justiça de Deus contra nações cuja
maldade alcançou o limite; 2) pela sua misericórdia, o Senhor cumpriria a promessa feita a
Abraão, Isaque e Jacó (Dt 9.5; Gn 15.16).
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Assim, todos aqueles que são alvos da graça divina devem por meio dela fortalecer a sua
identidade: “Porque tu és povo santo ao Senhor, teu Deus; o Senhor, teu Deus, te escolheu, para
que lhe fosses o seu próprio povo, de todos os povos que há sobre a terra” (Dt 7.6).

2. A vida ou a morte?
. O quarto discurso de Moisés se assemelha a um sermão em que Moisés explica a
natureza da aliança com o Senhor, seus preceitos e suas promessas, culminando com a
necessidade de que os filhos de Israel tomem uma decisão. A vida ou a morte. A bênção ou a
maldição.
Ambas, foram postas diante deles. Se amassem ao Senhor de todo o coração e se
obedecessem aos seus mandamentos, prosperariam na terra e dela desfrutariam todos os dias da
sua vida. Porém, se esquecessem do Senhor, e fossem após outros deuses para os adorar, então
a ira do Senhor se ascenderia contra eles para os destruir e os arrancar daquela terra que havia
lhes dado. Uma decisão, duas opções.
Naquele dia, em que Moisés fez seu discurso, esta decisão seria tomada, porém a
inclinação do povo deveria ser demonstrada cotidianamente.
Infelizmente um prenúncio do futuro de Israel nos mostra que eles não viveriam de
acordo com o voto com que se comprometeram: “.20Quando eu tiver introduzido o meu povo
na terra que mana leite e mel, a qual, sob juramento, prometi a seus pais, e, tendo ele comido, e
se fartado, e engordado, e houver tornado a outros deuses, e os houver servido, e me irritado, e
anulado a minha aliança” (Dt 31.20).
A razão para abandonarem o Senhor e seguirem aos outros deuses é muito clara: Israel
se acomodou. Numa boa terra, tendo obtido tudo o que seu corpo precisava, tendo ido além do
que lhes era necessário, eles se conformariam à vida ali, esquecendo do que o Senhor fez e
esquecendo da bênção e da maldição do Senhor. Os bens daquela terra os seduziriam a
abandonar o seu voto.
Assim, este texto nos ensina que a escolha de fazer parte do povo de Deus vai além do
momento em que nos juntamos à uma comunidade. A demonstração das responsabilidades
assumidas perante Deus e o restante do seu povo se reflete em uma vida cotidiana de obediência
aos preceitos de Deus e de amor ao próximo. Um dos grandes inimigos que podemos ter nesse
caminho é o do amor excessivo por nós mesmos e ao nosso bem-estar. As palavras de Cristo nos
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FAZENDO DISCÍPULOS DE CRISTO NO MUNDO

ajudam a resumir isso: “que aproveita ao homem ganhar o mundo e perder a sua alma?” (Mc
8.36).

APLICANDO A LEITURA
1. Israel sempre foi alertado que poderia, após entrar em Canaã e desfrutar dos benefícios da
terra prometida, esquecer-se do Senhor. Como uma bênção do Senhor pode se tornar uma pedra
de tropeço na nossa vida?

2. Os capítulos finais de Deuteronômio sinalizam o fim de uma era e a transição para outra.
Quais são as expectativas lançadas sobre Israel neste período de transição? Quais são as
expectativas de Deus em relação a nós quando nossa vida também passa por grandes mudanças?

3. Com base nas palavras de Moisés a Josué em 31.1-8. Como você definiria a missão de Josué
ao suceder a Moisés? Existe algum paralelo com a missão de sua vida?
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10. Uma missão maior do que conquistar a terra

Quem sou eu nessa história?


Uma das perguntas que mais repetimos para nós mesmos é: “por que eu estou aqui?” ou,
em outras palavras, “qual o sentido da minha vida?”. Muitos vivem vidas desgovernadas e até
mesmo depressivas porque não sabem responder a perguntas como estas. Ao ler sobre Josué e
o povo de Israel ao longo deste guia, busque responder às perguntas acima. Procure colocar em
palavras qual é a missão da sua vida.

Como aproveitar melhor a leitura?


O décimo guia abrange os dias 66 a 72. Nele, o foco está exclusivamente no livro de Josué
e, em como este apresenta a forma como Deus cumpriu sua promessa de entregar Canaã ao
povo de Israel. Porém, além de contar como isso foi feito, o livro parece constantemente lembrar
Josué e Israel de sua missão principal que vai além da terra física que passavam a possuir.
Enquanto lê os trechos indicados, busque assinalar todas as vezes que os povos ouviam algo a
respeito de Israel. O que eles ouviam e quais as suas reações ao que ouviam?

PLB

Dia 66: Josué 1.1-28 [o comissionamento do servidor de Moisés]; 2.1-24 [os dois espias e Raabe];
3.1-17 [a travessia do Jordão]
Um dos trechos mais marcantes para os cristãos é o comissionamento de Josué e o
chamado do Senhor para que ele fosse forte e corajoso. Porém, temos que tomar o
cuidado para não olhar para o início de Josué como se algo completamente novo
estivesse acontecendo. A missão de Josué era a mesma de Israel, que era a mesma
de Moisés, isto é, permanecer fiel à lei do Senhor e confiar nas promessas de Deus.
Por isso, é curioso ver que Josué envia dois espias à Jericó em um breve eco, desta
vez positivo, do momento em que Israel deixou de confiar em Deus no caso dos 12
espias enviados à Canaã. Do longo relatório que os espias certamente passaram a
Josué ficou registrado apenas que: “Certamente o Senhor entregou toda esta terra
em nossas mãos” (Js 2.24)
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Dia 67: Josué 4.1-24 [o significado da travessia do Jordão]; 5.1-15 [circuncisão e páscoa]; 6.1-27
[conquista de Jericó]
Quão significativos são estes três capítulos! Como Moisés, Josué foi engradecido por
Deus. Como o mar vermelho foi aberto, o mesmo aconteceu com o Jordão. Se Israel
celebrou a Páscoa saindo do Egito, o mesmo estava acontecendo. Se foram
sustentados pelo maná, não o precisariam mais, pois Deus havia cumprido a
promessa de trazê-los para a terra que mana leite e mel, por isso, passavam a comer
dos frutos desta terra. Jericó conquistada seria um marco dos benefícios de se confiar
plenamente no Senhor.
Dia 68: Josué 7.1-26 [o desvio para a direita ou para a esquerda: o pecado de Acã]; 8.1-35 [vitória
sobre Ai depois da primeira derrota]
O pecado de Acã ao tomar para si objetos consagrados da cidade de Jericó
representou um retrocesso no relacionamento do povo com Deus. Ao invés de
obedecer ao Senhor, Acã não tomou o cuidado de guardar a lei no coração (veja Dt
6.4-6 e 12-13). Tal pecado traria dificuldades para Israel no processo de conquista.
Os povos que antes se trancavam em suas cidades com medo de Israel, agora, uma
vez que a pequena Ai os havia derrotado parcialmente, acreditavam que poderiam
sair à guerra contra o povo hebreu.
Dia 69: Josué 9.1-27 [aliança com os gibeonitas]; 10.1-43 [Josué e Israel derrotam cinco reis]
Após o pecado de Acã e da batalha de Ai a mensagem que corria entre os povos de
Canaã passou a ser dúbia. A maioria dos reis acreditava que poderia derrotar Israel
em batalha, os gibeonitas, tomando ciência dos mesmos acontecimentos, creram que
seria melhor fazer aliança com o novo povo que chegava à região. Israel, enganado,
fez com eles aliança. E, assim, ao menos um povo que poderia no futuro fazer Israel
se desviar permaneceu habitando a terra (cf. Dt 12.29-32).
Dia 70: Josué 11.1-23 [nova vitórias de Israel]; 13.1-13 [o que ainda precisava ser conquistado];
14.1-25 [começando a distribuição da terra por Calebe]
Após as vitórias que consolidaram o avanço de Israel sobre a terra de Canaã, chegou
o momento de se analisar o panorama da conquista. Listou-se o que faltava ainda a
ser conquistado e se começou a dividir o que já fora e o que ainda seria conquistado.
Calebe, junto com Josué, o único espia que confiou no Senhor na primeira missão,
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é o primeiro a reclamar e receber sua terra. A mesma confiança do passado o


impulsiona a pedir o monte Hebrom, detalhe – ainda habitado por gigantes.
Dia 71: Josué 22.1-34 [a disputa a respeito do altar construído junto ao Jordão]; 23.1-16
[lembrando Israel de sua missão principal]
Antes de ser militarmente bem sucedida, a nação de Israel precisava ser
espiritualmente bem sucedida. Tanto a disputa acerca do altar construído pelas duas
tribos e meia quanto a exortação de Josué para que o povo guardasse a lei ficariam
como testemunho para Israel sobre a necessidade de reconhecerem o senhorio de
Deus.
Dia 72: Josué 24.1-33 [últimas palavras e morte do servo do Senhor]
“Eu e a minha casa serviremos ao Senhor”. Com estas palavras Josué resumiu o
compromisso que assumiu em sua vida. Tal compromisso seria reconhecido por
aquele que finalizou o seu livro: “Depois destas coisas, Josué, filho de Num, servo
do SENHOR, morreu [...] Israel serviu o SENHOR todos os dias de Josué e todos os dias
dos anciãos que ainda sobreviveram por muito tempo depois de Josué e que sabiam
de todas as obras que o SENHOR tinha feito por Israel.” (24.29, 31). Josué deixou um
legado em Israel por longo tempo.

GUARDANDO A LEITURA
1. Qual é a nossa missão?
Qual é a maior missão de uma pessoa? Qual é a maior missão de um líder guiando um
povo rumo a uma terra que lhe havia sido prometida? No caso de Josué, muitos diriam que sua
principal missão era ser o bom general que lideraria a conquista de Canaã. Porém, para o Senhor,
a principal missão da vida de Josué era servir à ele com fidelidade.
Após a morte de Moisés, o Senhor orientou Josué sobre seu objetivo. Josué precisava ter
o cuidado de, meditando e falando constantemente da lei do Senhor, “fazer segundo todo a lei
que meu servo Moisés te ordenou; dela não te desvies” (Js 1.7).
É justamente Moisés o padrão que Josué deveria almejar. Moisés foi retratado ao longo
de todo o livro escrito por Josué como o “servo do SENHOR” (1.1, 1.13, 1.15, 8.31, 11.12, 22.5,
etc). Enquanto isso, o próprio Josué se intitulava “servidor de Moisés” (1.1). Porém, após a sua
morte ele também é reconhecido como “servo do SENHOR” (Js 24.29; Jz 2.8).
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Ciclo I – Visão Histórica
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Por que deste reconhecimento póstumo? Uma única resposta é possível: Josué cumpriu
a missão de ser um servo fiel do Senhor. Como? Confiando no Senhor.
Esta é a marca dos quatro primeiros capítulos do livro. A liderança de Josué foi
reconhecida em ser Deus com ele (1.17). Raabe acolheu e salvou os espias porque havia ouvido
a respeito das grades obras do Senhor em favor de Israel (2.10-13). A arca do Senhor mostrou o
caminho pelo qual o povo deveria passar, uma vez que nunca haviam passado por ali (3.3-4). E
o que falar da forma como o Senhor engrandeceu a Josué diante de todo Israel (4.10 e 14).
O Senhor é quem vai adiante do seu povo (Dt 31.8; Js 1.9). Confiar nesta promessa é a
principal missão de todos os seus servos. Assim foi com Josué. Assim é com cada um dos que
confiam em Cristo como seu Senhor.

2. Aquilo que animou os inimigos


Os capítulos 9 a 11 de Josué marcam as vitórias que possibilitaram a divisão da terra entre
as tribos de Israel. Porém, algo soa errado, no mínimo diferente. Ao invés de atacar, Israel é
atacado. Se com Jericó e Ai a investida foi iniciada sob a ordem de Josué, agora, são os rei de
Canaã que tomam a iniciativa. A grande pergunta é “Por que”?
A resposta está no início de cada capítulo. Há algo que eles ouviram/ficaram sabendo.
Todos os reis daquém do Jordão ouviram (9.1), Adoni-Bezeque ouviu (10.1) e também Jabim
(11.1). Mas o que eles ouviram que, ao invés de esperarem o ataque e se defenderem, os levou
a atacar Israel (9.2)?
A resposta é uma: eles ouviram o que aconteceu em Aí. Lá, em sua primeira investida,
Israel foi derrotado pelo exército daquela cidade (Js 7.4-5).
Quando Israel passou o Jordão, o sentimento destes reis era completamente diferente.
Quando ouviram que o Senhor secou o Jordão, seu coração ficou sem esperança e desalentado
(Js 5.1), porém depois do episódio em Ai, tornaram a acreditar que era possível destruir Israel.
O episódio de Ai e as consequências ouvidas por toda a Canaã nos ensinam que o pecado
causa um estrago terrível entre o povo de Deus. Israel foi lá derrotado, por que Acã desobedeceu
a ordem do Senhor para destruir tudo o que tinha vínculo com as práticas idólatras em Jericó (Js
7.20-21).
O pecado de um homem trouxe consequência para a nação inteira. Desde então, a
conquista se tornou mais difícil, pois Israel passou a ser atacado. Povos começaram a fazer
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Ciclo I – Visão Histórica
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estratagemas para permanecer habitando na terra. Por fim, Israel não conseguiria conquistar de
forma completa Canaã. Tal vitória só viria com o rei Davi, 400 anos depois.
Na história de Acã, vemos que pelo pecado de um só homem derrotas e ameaças vieram
sobre Israel. Porém, a história é maior. Como nos ensina Paulo, por um só homem entrou o
pecado no mundo e por ele a morte (Rm 5.11). Porém, pela misericórdia do Senhor, por um só
homem a graça de Deus é abundante sobre muitos (Rm 5.15).

APLICANDO A LEITURA
1. Quais são os principais planos da sua vida? Como cada um deles se coaduna com a principal
missão da sua vida dada por Deus?

2. Há pecados em nossas vidas que podem trazer dificuldades que não imaginávamos que
teríamos, como a oposição que Israel teve após o pecado de Acã. Quais são as principais
consequências do pecado que você enxerga na sua vida?

3. “Eu e minha casa serviremos ao Senhor”. Essa foi a forma como Josué resumiu a sua vida e a
sua missão. Como vimos, seu serviço a Deus deixou um grande legado em Israel. Como confiar
em Deus e ser fiel a ele tem ajudado você a testemunhar às pessoas que estão ao seu redor e a
deixar legados semelhantes ao de Josué?
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11. Esquecendo-se do Senhor

Quem sou eu nessa história?


O tempo dos juízes foi o mais sombrio da história de Israel. O que você pensaria se
dissesse que o livro relata milhares de mortes de israelitas, mas nenhuma delas cometida por
inimigos externos, antes, todas cometidas por outros israelitas?
Pois bem esta é uma das muitas perguntas estarrecedoras que o livro levanta. Por isso, a
cada leitura, devemos considerar quais são os perigos que corremos ao nos esquecer do Senhor?

Como aproveitar melhor a leitura?


Doze dias de leitura (73 a 84) são contemplados pelo décimo primeiro guia. Nossa
atenção se volta exclusivamente para o Livro dos Juízes que registra o período que vai da morte
de Josué até algumas décadas antes do início da monarquia em Israel. Para aproveitar a leitura
deste livro, recomendamos que faça uma tabela com cinco colunas (cf. imagem abaixo) e anote
as vezes em que: 1) o moto/refrão do livro for repetido – “os filhos de Israel fizeram o que era
mau aos olhos do Senhor”; 2) o momento em que o Senhor levanta um novo juiz; 3) frases que
indicam a atuação de Deus com o juiz; 4) frases em que o povo ou o juiz parecem agir segundo
o seu próprio interesse. Ao final, parecerá que Israel vive uma história cíclica.
MOMENTO EM QUE
JUIZ/POVO COM JUIZ/POVO SEM
JUIZ REFRÃO O JUIZ FOI
DEUS DEUS
LEVANTADO
Juiz
1
Juiz
2
Juiz
3
Etc.

PLB

Dia 73: Juízes 1.1-36 [Israel consulta o Senhor]


Após a morte de Josué, Israel continuou o processo de conquista da terra de Canaã
buscando saber qual seria a vontade do Senhor (cf. 1.1-2). No entanto, nas primeiras
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campanhas contra os canaanitas enxergamos o povo hebreu copiando as práticas


canaanitas (ex: cortar os polegares de Adoni-Bezeque), fazendo aliança com os povos
que deveria expulsar, etc. Alguns prenúncios dos anos que viriam.
Dia 74: Juízes 2.1-3.6 [a razão de Deus levantar juízes]; 3.7-31 [os primeiros juízes]
Logo após as primeiras investidas de Israel contra os canaanitas após a morte de
Josué, o Senhor disse: “Quanto a vocês, não façam nenhuma aliança com os
moradores desta terra; pelo contrário, derrubem os seus altares. No entanto, vocês
não obedeceram à minha voz. O que é isso que vocês fizeram?”. O Senhor
interpretou as ações de Israel narradas no capítulo 1 como marcadas pela
desobediência. Por esta razão, Israel sofreria com os povos vizinhos (cf. 2.3). Em sua
misericórdia, o Senhor levantaria juízes para os livrar (cf. 2.16).
Dia 75: Juízes 4.1-24 [Vitória sobre Jabim e Sísera]; 5.1-31 [o cântico de Débora]
Um dos refrões do Livro dos Juízes é: “os filhos de Israel tornaram a fazer o que era
mau aos olhos do Senhor”. Por isso, o Senhor novamente os entrega nas mãos de
inimigos. No entanto, somente no capítulo 4, o inimigo que oprime são os próprios
canaanitas liderados por Jabim e Sísera, nos demais casos eram outros povos contra
os quais Israel não necessariamente precisaria investir contra (filisteus, midianitas,
moabitas, etc.). Por isso, ecoando palavras pronunciadas por Deus ainda no Jardim
do Éden, é tão marcante o cântico de Débora: “[Jael] Golpeou Sísera, rachou-lhe a
cabeça, furou e atravessou-lhe as têmporas. Aos pés dela ele se encurvou, caiu e ficou
estirado [...]” (5.26-27)
Dia 76: Juízes 6.1-40 [Gideão como juiz]; 7.1-25 [vitória sobre os midianitas]
Em um novo ciclo que se inicia, marcado pelo refrão do livro dos Juízes, o chamado
de Gideão e sua vitória contra os midianitas são uma das histórias bíblica mais
conhecidas. Após relutar em aceitar o chamado do Senhor, Gideão com 300 homens
dirigiu-se ao acampamento midianita comparado à um exército de gafanhotos.
Porém, com as mãos ocupadas, segurando uma trombeta e uma tocha, nenhum
homem sacou sua espada naquele dia. A vitória foi-lhes dada pelo próprio Senhor.
Dia 77: Juízes 8.1-35 [esquecendo-se do Senhor]
Gideão que testemunhara o poder de Deus fazendo os midianitas se autodestruírem,
decidiu perseguir os inimigos que sobraram. Apesar de num primeiro momento tal
decisão parecer nobre, ela se revelou motivada por interesses próprios: 1) Gideão
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não se importa em ameaçar duas regiões habitadas pelos próprios israelitas, regiões
que provavelmente eram vulneráveis à uma reinvestida dos midianitas; 2) vingança
parece o motivar (cf. 8.18-19). Além disso, quando chamado a dominar sobre Israel
por causa de suas vitórias, a modéstia de Gideão se revela como apenas externa,
afinal chamou o seu filho de Abimeleque, cujo significado é, “meu pai é rei”. Por
fim, Gideão contribuiu no final da sua vida para que Israel se afastasse ainda mais de
Deus.
Dia 78: Juízes 9.1-57 [um dos legados de Gideão]
Abimeleque conseguiu que seus conterrâneos o proclamassem rei sobre eles. Se
Gideão dominou sobre eles sem dizer que dominava sobre eles, Abimeleque
apresentou suas intenções de imediato: “O que é melhor para vocês: que setenta
homens, todos os filhos de Jerubaal, dominem sobre vocês ou que vocês sejam
dominados por apenas um”. Deus retorna à história (a última menção a ele como
agente foi na vitória contra os midianitas no capítulo 7) fazendo com que a maldição
de Jotão se cumprisse.
Dia 79: Juízes 10.1-5 [Tola e Jair]; Juízes 10.6-12.7 [Jefté como juiz]
Sob os filisteus e os moabitas Israel passa a sofrer, porque “tornaram a fazer o que
era mau aos olhos do Senhor”. Por isso, o Senhor levantou a Jefté para julgar Israel
e livrá-lo das mãos dos filhos de Amom.
Dia 80: Josué 12.8-15 [juízes menores]; Juízes 13.1-14.20 [a vida de Sansão]
Diante da opressão dos filisteus, o Senhor levantou Sansão para ser o juiz de Israel.
No entanto, diferente dos outros juízes, somente de Sansão conhecemos vários
detalhes de sua vida privada (nascimento, família, casamento, etc.). Foi o único desde
o nascimento consagrado ao Senhor. Porém, aparentemente, foi o único que ao
longo de toda a sua vida foi movido por razões particulares ao invés das preocupações
coletivas de seus povo. Em tudo isso, no entanto, era o Senhor que buscava ocasião
contra os filisteus (cf. 14.4).
Dia 81: Juízes 15.1-16.31 [Sansão como juiz]
Sobre nenhum outro juiz foram lançadas tantas expectativas como sobre Sansão. Sua
concepção e nascimento foram singulares. Ele foi consagrado como nazireu. Jamais
se viu alguém tão forte. Poderia ser considerado o protótipo perfeito para liderar
Israel contra os seus inimigos. Porém, diferente dos outros juízes, não vemos Sansão
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acompanhado de um exército. Suas ações eram egoístas. Se arriscava por razões


fúteis. É possível que realmente tenha julgado Israel somente na hora da sua morte.
Dia 82: Juízes 19.1-30 [O ápice do esquecimento]
A degeneração em Israel alcançou seu ápice quando a concubina de um levita é
estuprada até a morte e este a desmembra em doze partes, enviando-as por todo
Israel. Mais e mais Israel que começou consultando o Senhor, esquece-se do Senhor.
Dia 83: Juízes 20.1-48 [guerra civil]
A atrocidade dos atos de Benjamim em relação ao levita e a concubina foi tamanha
que o próprio Senhor, à semelhança do que fizera no início do livro (cf. 1.1-2),
ordena que Judá suba contra Benjamim. O mal que outrora era combatido contra os
canaanitas, agora, estava se multiplicando dentro de Israel. Isso, porque,
continuamente, após a morte de Josué, “os filhos de Israel fizeram o que era mal aos
olhos do Senhor”.
Dia 84: Juízes 21.1-25 [a razão do esquecimento]
O livro que começou com os filhos de Israel buscando saber qual era a vontade do
Senhor (cf. 1.1-2) e que se desenvolveu repetindo o moto - “os filhos de Israel fizeram
o que era mal aos olhos do Senhor” – conclui dizendo: “Naqueles dias, não havia rei
em Israel; cada um fazia o que achava mais certo.” (21.25). Nas palavras finais, há
um misto de esperança (como seria se houvesse um rei) ao mesmo tempo que
apresenta a razão de Israel se afastar tanto do Senhor: cada um vivia como se fosse
um rei.

GUARDANDO A LEITURA
1. O perigo de uma vida que imita o que todo mundo faz
O livro dos Juízes conta a história do povo de Israel depois de Josué e antes da monarquia.
Esta história é demarcada pelo primeiro e pelo último versículo do livro. No primeiro, lemos
que: “Depois da morte de Josué, os filhos de Israel consultaram o Senhor” (Jz 1.1). No último,
encontramos o seguinte registro: “Naqueles dias, não havia rei em Israel; cada um fazia o que
achava mais reto” (Jz 21.25). Um é o início e o outro é o fim e diante deles ficamos preocupados
com o que tem no meio. Se olharmos atentamente para o início e o fim, veremos que o povo
que unido começou buscando saber qual era a vontade do Senhor, terminou dividido com cada
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pessoa fazendo a sua própria vontade ou o que achava mais reto. Como surgiu a desunião? Como
esqueceram-se da vontade do Senhor e cada um tomou conta do seu caminho? As respostas
estão no meio do livro.
Primeiro, nos capítulos 1 a 3, vemos que o povo de Israel começou a adotar as práticas
dos cananeus. No relato sobre Adoni-Bezeque, é dito que assim como este rei cortava os
polegares dos seus inimigos subjugados, com ele Israel fez o mesmo. Ao invés de matá-lo, como
o Senhor ordenou que fosse feito com todos os povos daquela terra, Israel o levou a Jerusalém,
onde possivelmente morreu de causas naturais (Jz 1.7).
Segundo, o povo fez alianças que eram reprovadas pelo Senhor. No capítulo 1, vemos
que as tribos começam vencendo as batalhas, mas então parece que elas começam a fracassar.
Elas não expulsam por completo os cananeus que começam a habitar no meio delas, até que no
ápice, Dã é expulsou pelos cananeus (1.34). E, antes, que pensemos que é apenas um fracasso
militar, o anjo do Senhor revela que o povo fez aliança com eles porque não ouviu a voz de Deus
(2.3).
Terceiro, estas alianças evoluíram ao ponto de Israel esquecer o seu propósito. No
capítulo 3, vemos que o Senhor deixou nações na terra para “pôr à prova” os filhos de Israel. E
a razão para isso, é porque Israel não sabia como guerrear (3.1-2). A pergunta que devemos fazer
é: Como uma nação que foi chamada para conquistar Canaã e teve vitórias espetaculares como
em Jericó desaprendeu a guerrear? Só existe uma resposta: Israel se acostumou tanto com os
cananeus e seus ídolos que não viu mais necessidade de cumprir a vontade do Senhor.
O início e todo o livro dos Juízes nos mostram que quando adotamos o que todo mundo
faz, faremos aliança com o mundo até que esqueçamos o propósito que o Senhor nos deu.

2. Por que precisamos do Rei?


A degeneração em Israel, oriunda do fato daquela geração não conhecer o Senhor, atinge
o ápice em duas histórias de extrema violência e divisão: 1) a do levita e da sua concubina que
fora violada e morta; 2) a da guerra civil entre as tribos de Israel contra a de Benjamim. Assim,
como nas histórias anteriores, ecoa-se o fato de não haver rei em Israel e cada um fazer o que
achava mais reto (19.1; 21.25).
No centro dos últimos relatos do livro dos Juízes estão levitas que como representantes
do povo perante Deus retratam também a degeneração do povo que representam. O primeiro,
nos capítulos 17-18, era oportunista. Este, dos capítulos finais, é insensível e perverso. Porém, a
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história dele e de sua concubina nos mostra a perversidade de uma tribo e, de certa forma, de
uma nação.
Após, buscar sua concubina-esposa que o havia abandonado (19.1-10), ambos retornam
para a sua terra. No caminho, uma vez que a noite se aproxima, evitam parar perto de Jerusalém,
pois consideravam a região “estranha” ou “hostil”, uma vez que não era dominada por Israel,
mas pelos jebuseus. No entanto, mal sabiam que a situação em Gibeá, terra de Israel, da tribo de
Benjamim era tão ou ainda mais hostil. Depois de serem acolhidos por um habitante local,
homens perversos (cf. “filhos de belial” de 19.22) foram até a casa de seu anfitrião com o objetivo
de violentá-lo.5 O dono da casa acabou entregando a concubina do levita, que foi violentada a
noite inteira e acabou morrendo.
Porém, a perversidade da história está também no próprio levita. Aquele que buscou a
esposa que o havia abandonado, depois de ver seu estado de humilhação e as marcas da violência
nela, simplesmente diz a ela “Levanta-te e vamos” (19.28). Não há compaixão, nem mesmo luto.
Apenas a busca por vingança, iniciada ao esquartejar sua concubina e enviar os pedaços por todas
as tribos de Israel.
Vendo e ouvindo sobre o ultraje que se fez ao levita e sua concubina, o povo de Israel se
reuniu para pelejar contra a tribo de Benjamim que não quis entregar os homens responsáveis
pelo estupro e assassinato (20.12-14). E, apesar de vermos o Senhor autorizando a guerra civil,
precisamos nos lembrar deste fato, que Benjamim em sua degeneração decidiu manter em seu
meio filhos de Belial, assim como os cananeus um dia encheram “a medida da sua iniquidade”
(Gn 15.16).
Por fim, sobre o livro dos Juízes e a guerra civil uma última informação é necessária. Nele
não há qualquer relato sobre inimigos externos (cananeus, jebuseus, amorreus, etc) matando
israelitas. Todas os assassinatos de israelitas no livro, foram seus próprios irmãos que cometeram.
Quando não se conhece o Senhor (Jz 2.10) e cada um faz o que acha mais reto,
considerando-se o próprio rei de sua vida (Jz 21.15) nada importa. As consequências de suas
atitudes em relação a outras pessoas, mesmo que seja alguém próximo, não são calculadas.
Como era necessário um rei em Israel. Não Saul, que foi proclamado pelo próprio povo.
Mas Davi (um dos objetivos do livro de Rute), proclamado pelo próprio Deus. Como é

5
Fato que lembra a história dos dois anjos em casa de Ló que foram alvo das mesmas ameaças pelos
sodomitas.
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necessário um rei sobre nós. Não nós mesmos nos autoproclamando, mas Jesus coroado por
Deus.

APLICANDO A LEITURA
1. Como você age quando precisa tomar alguma decisão em sua vida? Em quais decisões você
costuma buscar entender se ela se encaixa com a vontade de Deus para sua vida?

2. Você acredita que as vezes sua vida parece um círculo em que ora você está acertando e ora
errando? Por que você acredita que sua vida muitas vezes parece um círculo? Como a leitura do
Livro dos Juízes te ajuda a responder estas questões?

3. Como o fato de Jesus ser rei sobre sua vida muda a forma como você vive? Liste exemplos
práticos.
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12. O pedido por um rei

Quem sou eu nessa história?


Por que pedimos aquilo que pedimos ao Senhor? A primeira parte do livro de 1Samuel
é marcada por diversos pedidos feitos pelos personagens da história: 1) Ana pede por um filho;
2) Israel pede para que a arca fosse levada à batalha; 3) Israel pede por um rei. Porém, apesar de
todos os pedidos parecerem nobres, nem sempre se evidenciam como sendo em conformidade
com a vontade de Deus. Por isso, precisamos responder à pergunta sobre o que motiva os nossos
pedidos.

Como aproveitar melhor a leitura?


Este guia contempla os dias 85 a 91 de leitura. Seu foco está especialmente no livro de
Rute e na primeira parte de 1Samuel, até o momento em que Saul é coroado rei de Israel.
Lembre-se, que até este momento, Israel vivia um período em que “cada um fazia o que achava
mais certo” (cf. Jz 21.25). Por isso, para aproveitar melhor a leitura veja como Ana e, em especial,
Samuel são contrastados com outros personagens e, em especial, com toda a nação de Israel.

PLB

Dia 85: Rute 1.1-22 [no tempo dos juízes, Noemi volta à Belém]; 2.1-23 [Rute, a estrangeira, nos
campos de Boaz]
O Livro dos Juízes terminou com ecoando a necessidade de um rei sobre a nação de
Israel. No tempo em que cada um fazia o que achava mais certo, uma família de
Belém não achou mais lugar para si entre seus irmãos. Porém, viúva e sem filhos, a
esposa, Noemi, precisou retornar. Neste cenário surge Rute, também viúva,
esperando contra a esperança e contrastando com todo Israel nos tempos dos juízes
(cf. Rt 1.1-17). Foi justamente na lei do Senhor, praticada por Boaz, que Rute e
Noemi encontraram refúgio em meio ao seu desalento. Uma por ser estrangeira
encontra e por sua situação de fragilidade encontra proteção quanto ao sustente, a
outra um resgatador.
Dia 86: Rute 3.1-18 [Rute e Boaz]; 4.1-22 [o nascimento do resgatador e a genealogia do rei]
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No capítulo 3, a expressão mais repetida é “tudo quanto disser, farei”. Em Boaz,


encontra-se o auge desta expressão mesmo ela sendo oculta no texto. Quando disse
que “havia outro resgatador que era parente mais chegado do que ele”, Boaz em
suma disse “tudo quanto o Senhor disser, farei”. Em todo seu comportamento para
com Rute, cumpria a lei de Deus. Por fim, com o nascimento de Obede, o livro que
começou ressaltando o sombrio tempo dos juízes (1.1) termina falando do maior rei
de Israel (4.18-22). A expectativa por um rei se fortalecia mais e mais.
Dia 87: 1Samuel 1.1-22 [O pedido de Ana e o nascimento de Samuel]; 2.1-11 [o cântico de
Ana]; 2.12-36 [o contraste entre a família de Eli e Samuel]
Não esqueça o pano de fundo, este continua sendo o tempo dos juízes. Cada um
continua fazendo o que acha mais certo, inclusive os sacerdotes representantes do
povo perante Deus e vice-versa. Neste contexto, emerge Ana indo contra a maré. Seu
pedido revelava que era uma serva diante do seu Rei: “SENHOR dos Exércitos, se de
fato olhares para a aflição da tua serva, e te lembrares de mim, e não te esqueceres
da tua serva, e lhe deres um filho homem, eu o dedicarei ao SENHOR por todos os
dias da sua vida, e sobre a cabeça dele não passará navalha.” (1.11). Seu cântico
exaltou o Rei: “O SENHOR julga as extremidades da terra, dá força ao seu rei e exalta
o poder do seu ungido.” (2.10). Qual rei? Quando ungido? Ainda é o tempo dos
juízes.
Dia 88: 1Samuel 3.1-21 [O Senhor fala a Samuel]; 4.1-22 [por que Deus deixou a arca ser
tomada? O fim da casa de Eli]
Do que adianta levar o símbolo da presença de Deus para a batalha, se na vida diária
Deus não é obedecido e servido? Por que Hofini e Finéias e todos Israel acreditavam
que a arca poderia fazer em campo de batalha? Apesar de ter reconhecido que
Samuel estava confirmado como profeta do Senhor (cf. 3.20), aparentemente Israel
não desejava ouvir. Por isso, tratavam a arca como um amuleto.
Dia 89: 1Samuel 5.1-12 [a arca e Dagom]; 6.1-7.1 [a arca é devolvida a Israel]; 7.2-17 [exortação
de Samuel para que o povo ouça a Deus e se arrependa]
Se no capítulo 5, quando a arca estava diante de Dagom, e na primeira parte do
capítulo 6, enquanto estava entre os filisteus, constantemente se fez referência a como
a mão do Senhor foi contra este povo, na segunda parte do capítulo 6, quando a arca
já está novamente em território israelita, mesmo quando os israelitas pecam, não se
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faz menção dizendo que foi a mão do Senhor que os puniu. Por isso, após conclamar
Israel a se arrepender de seus pecados e ver a vitória deles contra os filisteus foi
registrado que: “Assim os filisteus foram abatidos e nunca mais vieram ao território
de Israel, porque a mão do SENHOR esteve contra eles todos os dias de Samuel.”
(7.13).
Dia 90: 1Samuel 8.1-22 [o pedido por um rei]; 9.1-27 [a princípio, um estranho Saul]
Um dia Deus predisse que chegaria o momento em que Israel pediria um rei para
si, não segundo a vontade de Senhor, mas porque as outras nações o tinham (cf. Dt
17.14). Porém, o Senhor se reservaria a manter a prerrogativa da escolha para ensinar
o seu povo (cf. Dt 17.15). Quando este dia chegou (cf. 1Sm 8.4-9), o Senhor manteve
a prerrogativa de escolha para em primeiro lugar ensinar-lhes que estavam rejeitando
o Rei dos reis. Por isso, aquele que viria a ser o primeiro rei de Israel é descrito de
forma tão estranha: 1) filho de um homem rico, não tinha nada para dar ao vidente;
2) se todo Israel conhecia a Samuel (cf. 3.20), ele não conhecia (cf. 9.18-19); 3) seu
anônimo e jovem servo revela-se mais sábio que ele.
Dia 91: 1Samuel 10.1-27 [a coroação de Saul]; 11.1-15 [vitória sobre os amonitas]; 1Samuel 12.1-
25 [transição do governo do juiz Samuel para o rei Saul]
A coroação de Saul acontece tempos depois de ter sido ungido por Samuel. Samuel
retoma o ensino de que Deus estava coroando Saul como rei de Israel, porém, que
tal ato não afastava a rebeldia do povo contra o reinado do próprio Senhor. O
número de homens que Saul reúne para a batalha demonstra que Israel aceitara a
sua escolha. Em uma espécie de despedida, Samuel lembra Israel que tanto o povo
como o seu rei deveriam ser submissos ao Senhor.

GUARDANDO A LEITURA
1. Como Ana destoava da nação de Israel
Ouvir uma mulher pedir a Deus por um filho é uma história comovente. Quando o
pedido é acompanhado de uma promessa de que ela entregará o filho a Deus, é muito mais
comovente. Mas, se o pedido e a promessa são feitos em um momento em que cada um pede
coisas para seu próprio propósito, a oração da mulher revela-se como uma quebra no paradigma
de uma sociedade.
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Desde o momento em que sua mãe Ana moveu os lábios para orar a Deus para tê-lo, a
vida de Samuel ganhou uma característica diferente entre o povo: sua vida era para a glória de
Deus.
O tempo foi o período em que os juízes julgaram Israel. Como diz o livro que leva este
termo em seu título: “Naqueles dias não havia rei em Israel. Cada um faziz o que parecia certo
aos seus próprios olhos” (Juízes 21.25). Hofni e Finéias, filhos de Eli e sacerdotes de Israel, eram
o exemplo da sociedade israelita. Ao invés de servirem em favor do povo, seu trabalho era
exclusivamente realizado para seu próprio propósito.
A vida de Samuel é o oposto do senso comum de sua época. Sua vida foi consagrada a
Deus por sua mãe. Deus escolheu falar com ele em um momento em que sua palavra e revelação
eram raras. Enquanto os filhos de Eli cada vez mais se afastam do conhecimento de Deus, ele
surgiu diante de Deus e assumiu um papel importante na história de Israel: entraria e sairia diante
do ungido do Senhor.
Porque Israel decidiu como os filhos de Eli seguir seu próprio caminho sem a lei do
Senhor, Deus decidiu destruir a casa de Eli e construir uma nova casa com um novo sacerdote,
um novo profeta e um novo rei. Samuel seria os dois primeiros, mas não poderia ser o terceiro.
Apenas uma pessoa pode ser sacerdote, profeta e rei, Jesus Cristo, o ungido.
Em Cristo, Deus constrói um novo lar que pode agrupar todos os que creem em Cristo
como seu salvador. A razão para isso é porque Cristo como Ana e Samuel, mas de uma maneira
mais perfeita, serve a Deus somente para a glória de Deus.

2. Pedidos iguais, motivações diferentes


O primeiro capítulo de Samuel nos apresenta tanto a personagem Ana, exemplo de
pessoa que sabe se humilhar diante do Senhor, quanto o contexto para todo o livro de 1Samuel,
que aponta em outra direção.
Uma das marcas do começo do livro que terá como personagem central, pelo menos na
primeira parte, o profeta Samuel, é a origem humilde dele mesmo. Diferente de como terminou
o livro de Rute, demonstrando a linhagem importante de Davi (Rute 4.18-22), 1Samuel apresenta
a linhagem de Elcana, pai de Samuel, em que nenhum personagem é conhecido até então. Além
disso, logo em seguida somos conduzidos a olhar para Ana, como aquela que está em uma
situação de humilhação, diante de Penina, de Elcana e até mesmo de Eli, que confunde o seu
estado de espírito como sendo um estado de embriaguez (1Sm 1.14).
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Porém, como ela lhe explica, sua oração é motivada por grande ansiedade e aflição (1.16).
E é nesta oração de Ana que vemos tanto a sua humildade como o contexto para todo o livro de
1Samuel e até mesmo de 2Samuel. Nela, Ana faz ao Senhor o pedido para ter um filho homem.
Seu pedido, demonstra sua humildade, pois ela pede que Deus dê um filho, para depois
ela devolvê-lo ao próprio Senhor. No final, não é algo para ela, mas alguém que será consagrado
ao próprio Deus. Ao longo deste primeiro capítulo ecoam palavras derivadas do verbo “pedir”.
Exemplo disso é que quando Ana recebe o que pediu, ou seja, Samuel nasce, ela lhe dá este
nome, pois “Do Senhor o pedi”, mesmo que o significado do nome Samuel seja “Deus é o seu
nome”. Por que desta ênfase em pedir? Porque tempos depois Israel também pediria um rei.
Ana pediu um filho, diante de Penina que já tinha filhos. Israel pediu um rei (1Sm 8.4-
10; 12.13), porque as nações tinham reis. Porém, há uma diferença profunda nos pedidos. Ana
pediu para consagrar seu filho ao Senhor, enquanto Israel pediu um rei rejeitando ao Senhor
(8.6-7; 12.17, 19).
Deus sempre nos ensinou a pedir. A oração do “Pai nosso” possui mais pedidos do que
qualquer outra coisa. Porém, precisamos saber o que pedir e porque pedir. Na oração ensinada
por Jesus, antes de tudo o interesse de Deus deve ser buscado: “santificado seja o teu nome,
venha o teu reino, seja feita a tua vontade” (Mt 6.9-10). A exemplo de Ana, não de Israel.

APLICANDO A LEITURA
1. Quais são seus principais pedidos nas últimas orações que dirigiu a Deus? Quais são as razões
que te levaram a fazer tais pedidos?

2. Infelizmente, como vimos nos capítulos 4 e 5 de 1Samuel, Israel se relacionava com o Senhor
como alguém que se relaciona com um amuleto. Quais elementos dos primeiros capítulos de
1Samuel podem nos auxiliar a não nos relacionarmos com o Senhor com uma perspectiva
semelhante à de Israel?
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3. Por que, apesar de reconhecermos a Deus como nosso Rei, muitas vezes temos dificuldade
de vivermos segundo a vontade dele? Quais desejos de nossa vida podem estar em conflito com
o governo do Senhor sobre nós?
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13. O início da monarquia em Israel: Saul ou Davi?

Quem sou eu nessa história?


O que motiva a nossa vida? Somos guiados pelos nossos próprios interesses e temores
ou organizamos a nossa vida para que o nome do Senhor seja glorificado? Nas leituras dos dias
92 a 102, você verá o contraste entre dois reis: um rejeitado e outro escolhido. Quais são as fontes
de motivação da vida de cada um? Enxergamos semelhanças com as motivações de algum deles?

Como aproveitar melhor a leitura?


O décimo terceiro guia contempla os dias 92 a 102 do projeto de leitura da bíblia. Os
textos que serão lidos basicamente retratam o início da monarquia em Israel, porém, com um
fato curioso a partir de 1Samuel 15-16: dois reis em paralelo. Um é Saul, que apesar de continuar
no trono de Israel, fora rejeitado pelo Senhor. O outro é Davi, que apesar de ser escolhido pelo
Senhor, passa a maior parte do tempo fugindo de Saul e exilado fora de Israel. Para aproveitar
melhor a leitura, crie uma tabela onde você identifique características contrastantes entre a vida
de Saul e a de Davi neste período.

PLB

Dia 92: 1Samuel 12.1-25 [o último juiz – uma espécie de despedida]; 13.1-23 [Nenhuma dinastia
para Saul]
Naquilo que parece uma despedida, Samuel relembra Israel que a opção pela
monarquia foi um erro. Não pela estrutura governamental, mas porque ao pedirem
um rei, rejeitaram o Senhor como rei deles. No entanto, apesar de tal erro, Samuel
e, o próprio Senhor, continuam a demonstrar favor para com Israel. Saul por outro
lado, decorrido um ano de seu reinado, optou por oferecer ele mesmo sacrifícios ao
Senhor. De certa forma, um eco do momento em que a arca era tratada como um
amuleto (1Samuel 4-5). Os sacrifícios não eram oferecidos ao Senhor, mas foram
apressados por causa da batalha contra os filisteus.
Dia 93: 1Samuel 14.1-52 [vitória e derrotada contra os filisteus]
Aos olhos do narrador de 1Samuel e, possivelmente, do próprio Senhor, o reinado
de Saul acaba no capítulo 14. Sim, apesar de sua morte ser registrada somente no
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capítulo 31 e, ele continuar como um importante personagem da história, suas glórias


ou as poucas que teve são contadas em 14.47-52, diferente dos outros reis que o
sucederiam cujas glórias seriam narradas junto com sua morte. Suas vitórias são aqui
narradas, por causa da sua atitude no capítulo 15.
Dia 94: 1Samuel 15.1-35 [Saul rejeitado como rei]
Se no capítulo 13 foi dito que não teria uma dinastia de Saul reinando em Israel, no
capítulo 15, por causa de outra desobediência de Saul, registra-se: “Hoje o SENHOR
rasgou das suas mãos o reino de Israel e o deu a alguém que é melhor do que você.”
(15.28). Não só rejeitado, como substituído.
Dia 95: 1Samuel 16.1-23 [Davi é ungido como rei]
O substituto de Saul e, aquele que teria uma dinastia eterna, é ungido no capítulo 16.
Diferente de Saul, que era alto e belo entre os israelitas, Davi parece uma escolha
improvável para um rei, o mais jovem da casa de seu pai. O Espírito que estivera em
Saul passa a estar em Davi, o maior sinal de quem era o novo rei.
Dia 96: 1Samuel 17.1-58 [vitória de Davi contra o filisteu Golias]
A batalha de Davi contra Golias é registrada como um sinal de mudança em Israel.
Se antes, Saul governado pela sua própria vontade, desobedecia ao Senhor
publicamente e, também, “sempre que via um homem forte e valente, Saul o
agregava a si.” (cf. 14.42), agora, contemplara Davi vencendo o gigante que
amedrontara todos os guerreiros de Israel. Razão disso estão nas palavras do próprio
Davi dirigidas a Golias: “Eu, porém, vou contra você em nome do SENHOR dos
Exércitos, o Deus dos exércitos de Israel, a quem você afrontou.” (1Samuel 17.45).
Dia 97: 1Samuel 18.1-30 [o relacionamento de Davi com a casa de Saul]; 19.1-24 [Saul procura
matar Davi]
A vitória de Davi sobre Golias dá-lhe acesso à família real de Saul. Porém, ao invés
de vê-lo como um competidor, Jônatas, que aos olhos humanos seria o herdeiro
natural do trono, o vê como alguém a quem se deve lealdade. Enquanto que até
mesmo a casa de Saul se alia à Davi, Saul passa a buscar a morte daquele que
começara a enxergar como seu rival.
Dia 98: 1Samuel 20.1-43 [Jônatas livra Davi de Saul]; 21.1-15 [Davi foge de Saul]
Os capítulos 20 e 21 são marcados pela fuga de Davi da presença de Saul, uma vez
que a lealdade de Jônatas demonstrou a verdadeira intenção de Saul: eliminar Davi.
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Dia 99: 1Samuel 22.1-23 [Abiatar se junta a Davi em fuga]; 23.1-29 [O Senhor não entrega Davi]
A continuação da fuga de Davi de Saul é marcada pelo ajuntamento de diversos
grupos de pessoas a Davi. Primeiro, seus parentes. Depois, pessoas sem esperança
de dias melhores. Depois, o sacerdote Abiatar. Esta é a primeira vez que vemos um
grupo se conglomerar debaixo da liderança de Davi.
Dia 100: 1Samuel 24.1-22 [Davi se recusa a matar o rei ungido]; 25.1-44 [Davi e Abigail]
Apesar de constantemente ameaçado por Saul que o via como um inimigo, Davi tem
a oportunidade de se ver livre desta perseguição, porém se recusa a matar o rei
ungido. A providência de Deus, usando Abigail, impediu que Davi ferisse a Nabal,
mesmo este merecendo a morte (razão pela qual Deus o matou cf. 25.38), uma vez
de Nabal ser um dos homens de Judá. Davi não volta a sua espada contra seus irmãos.
Dia 101: 1Samuel 26.1-25 [novamente Davi se recusa a matar Saul]; 27.1-12 [Davi em Gate];
28.1-25 [o problema em Em-Dor]
Novamente, Davi se recusa a matar Saul mesmo tendo nova oportunidade. Saul,
então, comete mais um erro, dirige-se à necromante em Em-Dor. Com Samuel
morto, como consultar o Senhor que não responde? De forma insensata, Saul
procura, ocultamente, uma necromante, algo proibido pela lei de Deus (cf. Lv 20.27;
19.31).
Dia 102: 1Samuel 29.1-11 [a providência de Deus impede que Davi guerreie contra Israel]; 30.1-
31 [Davi busca a vontade do Senhor e livra o seu povo]; 31.1-13 [a morte e o sepultamento de
Saul]
Novamente, em sua providência, Deus impede que Davi em fuga e protegido por
outros povos entre em conflito com seus irmãos israelitas. Apesar de muito descrita,
a morte de Saul é a morte de Saul, não a morte do rei. Esta função legítima havia
cessado como visto no capítulo 13, sendo o 14 a descrição das glórias de um rei.
Abre-se espaço para que Davi tome a posição que é dele por direito como ungido
do Senhor.
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GUARDANDO A LEITURA
3. Saul ou Davi?
A monarquia já era uma realidade. Israel havia pedido um rei segundo o padrão que viu
entre as nações. Apesar de rejeitado, o Senhor, concedeu-lhes o rei que pediram, afinal já havia
previsto em sua própria lei que este dia chegaria (cf. Dt 17.14-20). Seria esta lei que determinaria
a continuidade do rei pedido ou não, como Samuel bem lembrou seus irmãos em seu discurso
de despedida: “E agora, aqui está o rei que elegeram e que pediram. E eis que o SENHOR deu
um rei a vocês. Se vocês temerem o SENHOR, se o servirem, se derem ouvidos à sua voz e não
forem rebeldes ao seu mandado, se seguirem o SENHOR, seu Deus, tanto vocês como o rei que
governa sobre vocês, então tudo lhes irá bem.” (1Samuel 12.13-14)
Porém, Israel, mesmo com um rei sobre si, continua a se afastar do Senhor. Na verdade,
é interessante como a narrativa de 1Samuel muda do registro dos atos pecaminosos de Israel (até
capítulo 12), para o registro dos atos pecaminosos de Saul, o rei escolhido. Tão grave quanto os
pecados do povo são os pecados de seu representante. Por isso, Saul, depois de ter sacrificado
antes que Samuel chegasse perdeu o direito a ter uma dinastia sobre Israel. E depois de não ter
matado Agague e ter mantido os despojos da guerra, como o Senhor ordenou, perdeu o direito
de até mesmo ser rei. Uma coisa é saber que ao final da sua vida não haverá descendente que
continue a sua linhagem sobre o trono de Israel (cf. 13.13-14), outra é tomar a ciência de que
naquele momento: “o SENHOR rasgou das suas mãos o reino de Israel e o deu a alguém que é
melhor” do que si (15.28).
Enquanto Saul, à semelhança de Israel, agia segundo seus próprios interesses, Deus
começara a buscar um representante para Israel que seria conhecido como “homem segundo o
coração de Deus”. Na casa de Jessé, este rei foi encontrado. Diferente de Saul, não escolhido
segundo padrões humanos, pois era o menor de sua casa, assim como um dia Israel o fora a
menor das nações que o Senhor amou (cf. Dt 7.7).
Assim começa a história de Davi, tipificando o descendente que eternamente se assentaria
em seu trono. Alguém cujo zelo não era pelos seus interesses próprios, como o fazia Saul, mas
que zelava pelo nome do Senhor (cf. 1Sm 17.45), a mesma razão que moveu o Senhor a
continuar zelando pelo seu povo, apesar de rejeitado por este (cf. 1Sm 12.20).
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APLICANDO A LEITURA
1. Quais são as diferenças mais evidentes entre Saul e Davi conforme o registro de 1Samuel 13-
31?

2. Como você explicaria o fato do Espírito de Deus ter deixado Saul na mesma hora em que
Davi foi ungido?

3. Há características da vida de Saul que você vê em sua vida? E da vida de Davi, segundo
1Samuel 13-31? Como você enxerga tais características à luz da vontade do Senhor?
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14. O reino de Davi

Quem sou eu nessa história?


Davi possivelmente é um dos personagens bíblicos com os quais o cristão mais se
identificará. Talvez esta é uma das razões de Davi ser o principal autor dos Salmos, palavras que
Deus inspirou para serem cantadas e oradas pelo povo de Deus a Deus. A vida do maior rei de
Israel no AT foi marcada por grandes vitórias e grandes derrotas, principalmente, para o pecado.
Porém, como o final de 2Samuel quer deixar claro, sua vida também foi marcada por uma grande
restauração.

Como aproveitar melhor a leitura?


O décimo quarto guia abrange 13 dias de leitura (103-115). Seu foco é o reino de Davi
conforme apresentado por 2Samuel. Para aproveitar a leitura liste as características do reino de
Davi que identificar em cada uma de suas fases: 1) início e auge (caps. 1-10); 2) declínio e revolta
de Absalão (11-18); 3) restauração (19-24).

PLB

Dia 103: 2Samuel 1.1-16 [Davi toma conhecimento da morte de Saul]; 1.17-27 [lamento de Davi
por Saul e Jonatas]
Há um futuro para Israel após a morte de Saul? A forma como 2Samuel começa é
semelhante a Josué e Juízes. Houve um futuro após a morte de Moisés e Josué? Sim.
Haverá após a de Saul? Sim. Davi emerge como o rei que fora ungido, porém, ainda
não reconhecido. Estaria o jovem amalequita, ao entregar a coroa e o bracelete de
Saul a Davi, simbolicamente coroando o novo rei? No entanto, diferente da maioria
dos reis quando veem seus opositores destruídos, Davi lamenta a morte de Saul e
Jonatas e ordena a morte daquele que diz ter tirado a vida do rei ungido pelo Senhor.
Afinal, Davi quando teve oportunidade de matar Saul, não o fez. Quando a morte
deste chega, nenhum sentimento negativo acompanha o seu lamento.
Dia 104: 2Samuel 2.1-3.5 [a divisão entre a casa de Davi e a casa de Saul]
Os primeiros sete anos após a morte de Saul foram marcados pela divisão dentro de
Israel. De certa forma, mesmo com Saul as doze tribos nunca estiveram
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completamente unidas. Agora, a tribo de Judá decidira ungir Davi como rei,
enquanto as outras onze tribos seguiram Isbosete, filho de Saul. Infelizmente, o que
se segue é uma guerra civil em Israel com 380 mortes.
Dia 105: 2Samuel 3.6-39 [morte de Abner]; 4.1-12 [morte de Isbosete]
Duas mortes simbolizam a transição total do reino da casa de Saul para a casa de
Davi. A morte de Abner, o grande general de Saul, e a de Isbosete, o descendente
de Saul. Em ambas as histórias, a ética inicial do reino de Davi é revelada, não é
possível retribuir o mal com bem. Por isso, quando Abner é assassinado por Joabe,
Davi lamenta a sua morte e condena em seu lamento as ações de Joabe. Na morte
de Isbosete, assim como retribuiu ao amalequita que trouxe a coroa e o bracelete de
Saul, fez com os dois irmãos que mataram seu filho enquanto este dormia.
Dia 106: 2Samuel 5.1-25 [reino unificado]; 6.1-23 [rei entronizado]
O reino de Davi é marcado por novidades. Há um reino novo, unificando Israel e
Judá. Há uma capital nova com a conquista de Jerusalém após Davi derrotar os
jebuseus. Há um palácio novo, com a aliança feita com Hirão. Novos filhos que
nasceram em Jerusalém. Porém, a maior de todas as novidades, por mais estranho
que pareça, é alguém lembrando da arca da aliança do Senhor, esquecida desde antes
da escolha de Saul como rei (cf. 1Samuel 7). Logo, quando vemos a arca sendo
buscada simbolicamente Davi relembra o povo, que havia rejeitado o reinado do
Senhor ao escolher Saul, que o verdadeiro rei é o “SENHOR dos Exércitos, que se
assenta acima dos querubins.” (cf. 2Sm 6.2). O reino de Davi começa de forma
extremamente positiva.
Dia 107: 2Samuel 7.1-29 [a promessa de uma dinastia davídica]; 8.1-18 [as vitórias de Davi]; 9.1-
13 [a unificação de Israel simbolizada em Mefibosete]
Os três capítulos podem se descritos como representando o auge do reinado de Davi.
Diferente de Saul, a quem o Senhor negou dinastia quando transferiu o reino para
Davi (cf. 1Sm 13.14), Davi recebeu do Senhor a promessa de um descendente que
se assentaria em seu trono (cf. 2Sm 7.12). Davi continuou a demonstrar ser um ótimo
comandante, como o era na época em que servia a Saul. No entanto, a sua tratativa
para com Mefibosete, filho de Jonatas, herdeiro da casa de Saul, revelou que ele
também era um ótimo rei.
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Dia 108: 2Samuel 10.1-19 [vitória sobre amonitas e sírios]; 11.1-27 [a queda do rei]; 12.1-25 [a
restauração do rei e o juízo do Senhor]
Davi permaneceu conseguindo vitórias sobre os inimigos de Israel. No entanto,
estranhamente longe do campo de batalha, com altivos olhos, cobiçou a mulher do
seu próximo. Deitou-se com Bate-Seba e ela engravidou. Para esconder a cadeia de
pecados, Davi arranjou a morte de Urias, esposo de Bate-Seba, sem que isso também
custasse a vida de outros soldados de Israel. Davi “fez o que era mau aos olhos do
Senhor” – terrível moto do livro dos Juízes. Em seu orgulho, Davi se esqueceu de
servir ao Rei que é o Senhor. Confrontado por Natã, reconheceu seu pecado, porém,
não sem um custo – a morte do seu filho por causa do seu pecado. Como sinalizar a
restauração de Davi? Que o rei e comandante que se ausentou volte ao campo de
batalha (cf. 2Sm 12.27-28). Por este tempo, nasceu Salomão.
Dia 109: 2Samuel 13.1-39 [Amnon, Tamar e Absalão]; 14.1-33 [Absalão como postulante ao
trono]
O capítulo 13 registra a tragédia que se abateu sobre a casa de Davi. Desejo
incestuoso, estupro e vingança marcam as cenas envolvendo Amnon e Tamar e
depois Absalão e Amnon. A ênfase em relacionar os três entre si mais do que associá-
los a Davi seu pai pode ser um indicativo do que viria depois, um estratagema de
Absalão para tomar o reino. Ao matar Amnon, Absalão eliminou o primogênito na
linha sucessória (cf. 2Sm 3.2). Ao retornar a Jerusalém, após o exílio, estava no lugar
ideal para continuar seu plano de usurpar o trono.
Dia 110: 2Samuel 15.1-37 [o estratagema de Absalão para usurpar o trono]; 16.1-23 [Absalão
usurpa o trono]
O capítulo 15 lança luz a parte dos capítulos anteriores. Mais do que vingança por
Tamar, Absalão conseguiu uma desculpa para eliminar um possivelmente
concorrente ao trono. De volta a Jerusalém após a sua fuga, buscou a todo instante
angariar o apoio de Israel para a sua revolta contra Davi (cf. 2Sm 15.5-6). Após se
autoproclamar rei e, por causa do número de seguidores, obrigar Davi a fugir,
adentrou em Jerusalém e seguindo conselhos de Aitofel acabou por cumprir a
profecia de Natã contra Davi por causa de seu pecado no adultério com Bate-Seba
(cf. 2Sm 16.22-23; 2Sm 12.11-12). Assim, é difícil não imaginar que a tragédia
narrada nos últimos quatro capítulos não seja consequência dos pecados de Davi.
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Dia 111: 2Samuel 17.1-29 [a fuga de Davi de Absalão]; 18.1-33 [a morte de Absalão]
Novamente, o cenário de guerra entre irmãos (cf. 2Sm 1-2 e 14) se instala. Agora, a
guerra é entre o exército de Israel, seguindo Absalão, e o de Davi, ou seja, israelitas
contra israelitas. Apesar de todos os abomináveis atos feitos por Absalão, Davi, assim
como o narrador que enxergava a providência de Deus (cf. 2Sm 17.14), compreende
que o cenário final era resultado de seus próprios atos e, assim, uma disciplina do
Senhor: “Meu filho Absalão, meu filho, meu filho Absalão! Quem me dera que eu
tivesse morrido em seu lugar, Absalão, meu filho, meu filho!” (2Sm 18.33)
Dia 112: 2Samuel 19.1-43 [restaurando o reino]
Após a morte de Absalão, Davi se vê diante de vários desafios. Como lidar com
aqueles que não o acompanharam quando Absalão se revoltou? Como lidar com
aquele que o amaldiçoou como Simei? Como recompensar quem o ajudou? Porém,
o maior de todos foi como apaziguar a divisão entre Israel e Judá.
Dia 113: 2Samuel 20.1-26 [a revolta de Seba, benjamita]; 21.1-22 [gibeonitas, oficiais de Davi e
gigantes mortos]
O período mais sombrio da história de Davi parece estar chegando a um fim. Como
tudo começou, diversos eventos são narrados recordando fatos do início do reinado
do rei. Gigantes, como Golias, são mortos. A casa de Saul não permanece reinando,
mesmo Seba tendo tentado isso. Seus oficiais são novamente mencionados. De certa
forma, a narrativa apresenta um recomeço.
Dia 114: 2Samuel 22.1-51 [a revolta de Seba, benjamita]
O recomeço se torna evidente quando é registrado dezenas de anos de pois o cântico
que Davi compôs “no dia em que o SENHOR o livrou das mãos de todos os seus
inimigos e das mãos de Saul.” (22.1). De certa forma, é como se a história voltasse
ao ponto em que foi interrompida com o pecado de Davi. Deus, por meio do salmo
composto, volta a ser entronizado como rei, como o fora quando Davi ainda se
propunha a construir para ele um templo.
Dia 115: 2Samuel 23.1-7 [Davi como ungido de Deus]; 23.8-39 [os valentes de Davi]; 24.1-25 [o
censo, a praga e a expiação]
Se o capítulo 23 se soma aos anteriores como indicativo da restauração de Davi e do
seu reino, o 24 poderia ser interpretado como uma sombra que paira sobre esta
restauração. No entanto, todo o capítulo deve ser lido à luz da seguinte informação:
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“Mais uma vez a ira do SENHOR se acendeu contra os israelitas, e ele incitou Davi
contra eles” (24.1). É difícil identificar a razão da ira de Deus, uma vez que nenhum
pecado de Israel é mencionado nos capítulos próximos. No entanto, é preciso
lembrar que Israel escolheu seguir Absalão e, depois, também seguiu temporiamente
a Seba contra Davi. Se o Senhor restaurou o seu rei, necessitava, por meio da
disciplina, restaurar o seu povo. Os três dias de peste após o censo são emblemáticos,
sendo encerrados somente no momento em que animais são mortos no lugar de
Israel.

GUARDANDO A LEITURA
4. Será Davi o descendente esperado?
Apesar da glória de Salomão como veremos, Davi é o grande rei de Israel e cabeça do
povo de Deus no Antigo Testamento. As poesias registradas no livro dos Salmos retratam Davi
como o grande modelo de rei (cf. Salmo 2, 89, 110, 132, etc.), isso, porque os livros de Samuel
cumpriram o papel de registrar seus grandes feitos. Dentre eles, pelo menos dois: 1) a unificação
das doze tribos de Israel dentro do mesmo reino; 2) a conquista de Jerusalém, “calcanhar de
Aquiles” do povo na conquista da terra de prometida.
Assim, o leitor de Samuel pode se perguntar: sendo o unificador do povo e o aquele que
conquistou a terra prometida, será Davi o descendente prometido desde o jardim do Éden? Essa
não seria uma pergunta estranha, uma vez que os livros de Samuel sempre trazem o tema a luz.
No princípio, Ana pediu por um “descendente” (mesmo termo utilizado em Gênesis 3.15 em
1Samuel 1.11 quando pede por um filho). O único grande ato de Saul foi derrota Naas (em
hebraico nāḥāš - “serpente”) quando este atacou Jabes-Gileade (cf. 1Samuel 11), porém, Saul
revelou-se movido por outros interesses que não a glória de Deus. Por isso, Davi é ungido rei, e
sua primeira missão é derrotar sem armadura um Golias coberto com uma armadura de bronze
(bronze em hebraico é nĕḥōšeṯ, com a mesma raiz de nāḥāš), matando-o com um ferimento na
cabeça. Estes e outro eventos poderiam despertar a curiosidade do leitor sobre quem desferiria
o ferimento final sobre a cabeça da serpente conforme prometido em Gênesis 3.15. Davi com
certeza era o candidato mais provável.
Porém, dois textos sinalizam que um descendente seu seria responsável por cumprir o
que desde o principio fora prometido. O primeiro é 2Samuel 7.11-12, que assegura que a
linhagem de Davi continuará, diferente da dinastia de Saul que fora rejeitada (cf. 1Sm 13.13-14).
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Pouco tempo depois, Davi, a semelhança de Eva que viu e tomou do fruto proibido por Deus,
veria e tomaria Bate-Seba para si, algo proibido como no primeiro caso. Não, o descendente que
esmagaria a serpente que até mesmo influenciou a Davi, não era Davi, mas dele viria (cf.
confiança de Davi na eterna aliança 2Sm 7.11-12, reafirmada em 23.5). O que Davi, deixa claro
em um segundo texto, em uma bela poesia como os salmos, tratadas por 2Samuel como “as
últimas palavras de Davi” (23.1). Em suas últimas palavras, Davi como um profeta (cf. 23.2-3)
falou a respeito:
“[D]aquele que governa o povo
com justiça,
que domina no temor de Deus,
é como a luz da manhã,
quando sai o sol,
como manhã sem nuvens,
cujo esplendor, depois da chuva,
faz brotar da terra a erva.”

E do:

os homens malignos [literalmente o Belilal] serão [será]


todos lançados fora como os espinhos,

Aquele que reina com justiça, e este não pode ser Davi, pois estas são as últimas palavras
dele, não apenas “faz brotar da terra a erva”, assim como Deus o fez quando criou todas as coisas
(cf. Gn 2.5-9), como será o responsável por lançar fora Belial e os espinhos, sendo estes a marca
indelével na terra após o pecado (cf. Gn 3.18). Nas últimas palavras de Davi é realimentada a
promessa do descendente que esmagará a cabeça da serpente. Apesar deste não ser Davi, uma
coisa é certa, daqui para frente o leitor deve esperar pelo descendente como oriundo da linhagem
de Davi.

APLICANDO A LEITURA
1. Como você descreveria o reino de Davi em seu início e auge? Quais as principais
características? Você enxerga semelhanças na vida de Davi neste período com a sua?
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2. Como você descreveria o reino de Davi no período de declínio? Quais as principais


características? Você enxerga semelhanças na vida de Davi neste período com a sua?

3. Como você descreveria o reino de Davi no período de restauração? Quais as principais


características? Você enxerga semelhanças na vida de Davi neste período com a sua? Por que a
história de Davi narrada em 2Samuel termina com Davi oferecendo holocaustos?
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15. O reino de Salomão

Quem sou eu nessa história?


Tamanha foi a glória de Salomão que seus pecados finais se tornaram ainda mais
marcantes diante dela. Como construiu o templo ao Senhor, assim também edificou santuários
aos ídolos adorados por suas esposas. De que forma a história de Salomão nos ajuda a zelar pela
nossa vida espiritual quando parecemos crescer e prosperar?

Como aproveitar melhor a leitura?


Os primeiros dezesseis capítulos de 1Reis são o foco do guia de leitura 15. Este trecho
bíblico abrange o início do reino de Salomão até a sua morte, destacando também a forma como
se consolidou a divisão de Israel por causa de seus pecados. Acima de tudo, a glória, sabedoria
e riquezas de Salomão são registradas.
Assim, uma boa forma de guardar a leitura seria a cada dia responder à seguinte pergunta:
quais erros de Salomão não foram registrados de forma explicita mas estão presentes uma vez
que sua história é concluída dizendo que seu coração se afastou do Senhor? Depois, veja a lista
de reis que o seguem e enumere os pecados bem explicitados pela narrativa.

PLB

Dia 116: 1Reis 1.1-40 [Salomão é proclamado rei]; 1.41-53 [Salomão como Davi]
Diante da avançada idade de Davi, era necessário que alguém o sucedesse. Diferente
de Saul, um descendente davídico herdaria o trono. Porém, qual deles? Adonias que
mais se parece com Absalão do que com seu pai ou Salomão, até aqui, pouco ativo
na história. Montado na mula de Davi, Salomão foi proclamado rei e, em seu
primeiro ato como governante, poupou a vida de seu rebelde irmão, lembrando a
forma como Davi tratou a casa de Saul após se tornar rei.
Dia 117: 1Reis 2.1-46 [o fim de uma era e o começo de outra]
As últimas palavras de Davi, o breve registro de sua morte e as mortes de Adonias,
Joabe e Simei, indicavam duas coisas: 1) cessou o período de um reino dividido entre
duas casas, a de Davi e a de Saul; 2) Salomão reinará sem opositores. Tudo isso foi
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registrado pelo autor de Reis: “E assim se firmou o reino sob o domínio de Salomão”
(2.46)
Dia 118: 1Reis 3.1-28 [a sabedoria de Salomão]; 4.1-19 [a administração de Salomão]
O capítulo 3 registra o pedido de Salomão a Deus por sabedoria e a prática dela no
julgamento da causa de duas mulheres. Como Davi, Salomão tem um início de
reinado justo, marcado pela lista dos seus oficiais responsáveis por administrar as
províncias de Israel e suprir a demanda de uma corte real. No entanto, o narrador
começa a dar indícios dos problemas que surgiriam no decorrer do seu reino: 1) ele
casou com a filha de faraó; 2) primeiro, se preocupou com sua moradia, depois com
a de Deus e por fim com os interesses do povo; 3) o povo continuava a oferecer
sacrifício nos altos, inclusive Salomão (cf. 3.1-3). Mesmo na glória de Salomão,
algumas sombras de dúvida pairavam sobre sua vida e reino.
Dia 119: 1Reis 4.20-34 [prosperidade e sabedoria]; 5.1-18 [aliança estratégica]
O registro histórico do significado do auge do reino de Salomão indica não apenas a
prosperidade do seu reino ou a sabedoria que Deus lhe deu, mas também o
cumprimento das promessas de Deus. Ao firmar aliança com Abraão, o Senhor disse
que daria à descendência dele a posse da terra desde o rio do Egito até o grande rio
Eufrates (cf. Gn 15.18), sob o reino de Salomão tal promessa estava cumprida (cf.
1Reis 4.21). Possivelmente, tal cenário foi alcançado ainda sob o reino de Davi, que
era um homem de guerras, sendo esta também a razão do porque Salomão e não
Davi, em aliança com Hirão, edificou o templo ao Senhor (cf. 5.3-5). Apesar da leva
de trabalhadores forçados dentre Israel, diferente do que aconteceu no Egito,
“Parece que para os trabalhadores de Salomão, o jugo do rei é suave e seu fardo é
leve”.6
Dia 120: 1Reis 6.1-38 [a descrição do novo tabernáculo]
Apesar do livro dos Reis não indicar a razão porque Salomão construiu o templo
como o construiu, 1Crônicas 28.19 indica que foi sob instruções que Davi recebeu
do próprio Deus, semelhantes as que Moisés recebeu para construir o tabernáculo
(cf. Êx 25.9). Apesar da grandiosa obra que fazia, o Senhor alerta Salomão que
obediência mais do que seu projeto arquitetônico seria a garantia da presença de
Deus entre o povo (cf. 6.11-13).

6
HAMILTON, Victor P. Handbook on the Historical Books. p. 394.
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Dia 121: 1Reis 7.1-51 [descrição dos utensílios do templo, em especial dos feitos de bronze]
O sétimo capítulo descreve diversos elementos que são construídos para o templo,
em especial, aqueles trabalhados pelas mãos de Hirão, artífice de bronze.
Aparentemente, de tudo o que fora o tabernáculo, só a arca da aliança permaneceu
a mesma (cf. 7.48-51).
Dia 122: 1Reis 8.1-66 [a dedicação do templo]
Como Davi, uma das marcas do reino de Salomão foi levar a arca para um novo
lugar. Diferente de Davi que precisou de duas tentativas para fazê-la chegar a
Jerusalém, Salomão, com ela já na cidade de Davi, a leva direto para o seu lugar no
interior do templo. A oração de Salomão é marcada pela ideia de perdão de pecados,
inclusive, antevendo a possiblidade de um exílio para um povo rebelde.
Dia 123: 1Reis 9.1-28 [a aliança de Deus com Salomão]; 10.1-29 [a fama de Salomão entre os
povos]
Diferente do capítulo 8 em que Salomão muito fala, no capítulo 9, ele está em
silêncio. Deus é quem fala primeiro e depois o autor do livro registra diversas ações
tomadas pelo rei. Em sua fala dirigida a Salomão, Deus que incondicionalmente
prometeu um descendente a Davi que se assentaria eternamente no trono de Israel
(cf. 2Sm 7.11-12), condicionalmente, faz promessas sobre a manutenção da
prosperidade do reino de Israel (cf. 9.4-9). A sabedoria e as riquezas de Salomão que
trouxeram até ele a rainha de Sabá são mencionadas no décimo capítulo. Porém, é
possível que o leitor comece a se perguntar, como alguém se mantém no auge de sua
fama?
Dia 124: 1Reis 11.1-43 [alianças que se tornam em armadilhas]
O capítulo 11 pode ser dividido da seguinte forma: 1) os pecados de Salomão (11.1-
8; 2) o anúncio do seu julgamento (11.9-13); 3) a execução do julgamento (11.14-40);
4) o fim da vida e do reino de Salomão (11.41-43). E sumarizado com a seguinte
frase: para se manter no auge, Salomão fez alianças (por meio de casamentos com
princesas de diversos povos) que afastaram seu coração do Senhor.
Dia 125: 1Reis 12.1-24 [a divisão do reino de Israel: Judá e Israel]
Por causa dos pecados cometidos por Salomão em sua velhice, o Senhor confirmou
a palavra que enviara pelo profeta (cf. 11.11-13, 30-39). Roboão, sem saber que isso
vinha do Senhor para exercer seu juízo, preferiu seguir o conselho de jovens ao invés
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dos anciãos que aconselhavam seu pai. Assim, ao invés de aliviar a carga tributária
imposta por Salomão para manutenção da corte real, aumentou-a. Diante disso, dez
tribos, lideradas por Jeroboão o seguiram, fazendo-o rei sobre Israel.
Dia 126: 1Reis 12.25-13.34 [a idolatria em Israel];
Se a primeira parte do capítulo 13 apresenta vários personagens tentando convencer
o homem de Deus a ficar ou voltar para Israel, quer pela força ou por palavras
enganosas, seu final diz que “Jeroboão ainda persistiu em seu mau caminho”, ele não
voltou ou se arrependeu.
Dia 127: 1Reis 14.1-20 [profecia contra a casa de Jeroboão e contra o reino de Israel por causa
da idolatria]1Reis 14.21-31 [breve descrição do reinado de Roboão];
Depois de Davi e seu filho Salomão, nenhum outro rei surgiu com a proeminência
de ambos. Jeroboão, apesar de ter herdado 10 tribos, teria uma dinastia tão curta
quanto a de Saul. Porém, mais triste ainda é o fato de que por causa de seus pecados
um dia Israel seria exilado sem poder voltar.
Dia 128: 1Reis 15.1-24 [a misericórdia do Senhor por causa de Davi]; 15.25-32 [o juízo do Senhor
por causa de Jeroboão]; 15.33-16.20 [o padrão em Israel: mal aos olhos do Senhor]
A principal distinção entre o reino de Judá e o reino de Israel é que serão
encontrados reis fazendo o que é reto aos olhos do Senhor no reino do sul, enquanto
que em Israel, o do norte, o padrão que impera é “fez o que era mau aos olhos do
Senhor”. Em Judá, os reis fizeram o que era reto, porque Deus mantinha em mente
as promessas feitas a Davi. Porém, Israel mais e mais se afastava do Senhor.

GUARDANDO A LEITURA
5. A proclamação de Salomão como rei
Há um futuro para Israel. Se Josué, Juízes e 2Samuel iniciaram com a dúvida se haveria
um futuro para Israel, afinal os principais líderes da nação haviam morrido (Moisés, Josué e Saul,
respectivamente), 1Reis começa destacando que Davi continua vivo, mesmo que por pouco
tempo. Diante deste cenário, a pergunta que surge é: “Quem sucederá a Davi como rei de
Israel?”
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Diferente das transições de liderança anteriores, esta, a princípio parece não ser executada
diretamente pelo Senhor, que outrora havia indicado Josué, Saul e o próprio Davi. Cabe pela
primeira vez uma transição de líder escolhido dentro da casa daquele que avista sua morte, ou
melhor, quando avistam sua morte.
1Reis começa apresentando Davi muito velho e bastante inativo, a ponto de ser o
personagem mais passivo do capítulo 1. Primeiro, vendo a velhice do rei, seus servos resolvem
buscar uma moça para que “durma nos seus braços, para que o rei, nosso senhor, se aqueça.”
(1.1-4). A estranheza da história que envolve Abisague, a sunamita, é aclarada por duas razões:
1) demonstrar que Davi está completamente restaurado de suas faltas, como já sinalizado
implicitamente no final de 2Samuel, e explicitado pela colocação de 1Reis – “mas o rei não teve
relações com ela.”; 2) demonstrar que chegou a hora do reino ser transferido para um de seus
filhos, afinal, o rei é incapaz de cuidar de si mesmo.
Os últimos dias de Davi levaram à auto exaltação de Adonias e à exaltação de Salomão.
Adonias, à semelhança de seu irmão Absalão (cf. 2Samuel 15.1), e como filho mais velho, reuniu
seus apoiadores, entre eles Joabe, e se autoproclamou rei de Israel (1.5). Salomão, por outro
lado, é completamente passivo em sua coroação. Primeiro, sua causa, quer ele sabia dela ou não,
foi defendida pelo profeta Natã e por sua mãe Bate-Seba, diante de Davi. Depois, mesmo com
seu irmão autoproclamado soberano, foi, sob palavra de Davi, posto sobre a jumenta de seu pai
e ouviu o povo gritando: “Viva o rei Salomão!”.
Assim, o primeiro capítulo de Reis apresenta pelo menos dois pontos de atenção para o
leitor: 1) Deus está cumprindo sua promessa de fazer de Davi uma dinastia (cf. 2Samuel 7.12-
14); 2) quem é (será) Salomão? Se não ficam claras quais foram as razões de Davi ter apontado
Salomão como seu sucessor, nem mesmo se ele prometeu isso a Bate-Seba, no lugar de Adonias,
suspeita semelhante é lançada sobre Salomão. Até aqui, a única informação que a respeito dele
o leitor tem, razão suficiente para ele ser escolhido rei, é que ele é filho de Davi. Porém, diferente
de Josué e Davi, não era um homem de batalhas, e diferente de Saul, não foi escolhido por Saul.
Assim, quem é Salomão? No conjunto de incertezas, somente sabe-se que Deus está levando à
frente as promessas feitas à Davi. Promessas que alcançariam cumprimento pleno na época em
que o próprio Filho de Deus, mas também descendente de Davi, entraria montado em um
jumento pelos portões de Jerusalém (cf. Mc 111-11).
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6. A fama que precede a queda


De sua proclamação como rei de Israel à sua morte, o reino de Salomão foi registrado
pelo autor de Reis como de sabedoria e riquezas. Livre das guerras que foram travadas por Davi,
Salomão teve a calmaria desejada para executar seus grandiosos projetos arquitetônicos (inclusive
a construção do templo), escrever, julgar as causas das pessoas e, certamente, inspirar a muitos,
como a rainha de Sabá. No entanto, tanta ênfase em sua glória, como registrada dos capítulos 2
a 10, poderia ser o indicativo de que algo estava sendo ofuscado, isto é, a busca da glória de Deus
pelo próprio Salomão.
1Reis 11 registra que Salomão teve mil esposas que lhe perverteram o coração fazendo
com que seu coração não fosse mais fiel ao Senhor (cf. 11.3-4). Apesar do texto falar que Salomão
já era velho quando seu coração foi pervertido, as suas ações que levaram a esta condição foram
iniciadas muito tempo antes, afinal, ninguém se casa com mil mulheres do dia para a noite e é
capaz de construir capelas para seus deuses em tão pouco tempo.
Desde o momento em que tem o seu primeiro casamento registrado, isto é, com a filha
de faraó (1Reis 3.1), há um indicativo de que Salomão tinha algumas ações questionáveis. Uma
rápida conta entre o tempo que reinou (40 anos, cf. 11.42) e a idade com que seu filho Roboão
começou a reinar (41 anos, cf. 14.21), indica que a filha de faraó foi no mínimo a segunda esposa
de um Salomão poligâmico. Esposa tomada em um processo de estabelecer aliança com faraó,
rei do Egito.
Assim, ao longo do seu reinado, Salomão fez uso de seus casamentos como instrumento
de fomentar alianças na região. No entanto, quando já estava velho, suas ações anteriores visando
o fortalecimento estratégico do seu reino cobraram o seu preço. Salomão multiplicou riquezas
(contrário a ordem de Deus em Dt 17.17), trouxe para dentro da assembleia de Israel filhas das
nações que o Senhor havia proibido (cf. Dt 23.3-8; Êx 34.11-16; Dt 7.1-14), logo elas trouxeram
também seus deuses e, infelizmente, o próprio rei começou a adorá-los, afastando o seu coração
do Senhor. Por isso, o Senhor sentenciou a divisão do reino. Não apagou a promessa de um
descendente davídico que eternamente se assentaria sobre o trono de Israel, mas dividiu a glória
do período mais glorioso do Israel antigo.
PROJETO DE LEITURA BÍBLICA
Ciclo I – Visão Histórica
FAZENDO DISCÍPULOS DE CRISTO NO MUNDO

APLICANDO A LEITURA
1. Quais foram as razões que levaram Salomão a pedir a Deus por sabedoria? Como tal pedido
de Salomão nos ensina a moldar nossas petições ao Senhor todas as vezes em que precisamos
de sabedoria?

2. De acordo com 1Reis 6.11-13 qual o propósito do templo construído? De que forma este
propósito nos ajuda a entender o propósito de nossa própria vida como templos vivos do Espírito
Santo (cf. 1Co 6.6-9)?

3. Alianças têm um efeito duradouro. Apesar dos benefícios imediatos que podem trazer, há
algumas consequências futuras que precisam ser colocadas na balança. Como o exemplo de
Salomão nos ensina que nem toda aliança é bem vista aos olhos de Deus? Quais são os riscos de
formar tais alianças?

4. Surgiu alguma dúvida sobre a leitura dos primeiros 11 capítulos de 1Reis? Se sim, escreva para
geimar@ipsantoamaro.com.br
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Ciclo I – Visão Histórica
FAZENDO DISCÍPULOS DE CRISTO NO MUNDO

16. Os ministérios de Elias e Eliseu e o reino de Israel

Quem sou eu nessa história?


O Reino de Israel, parte norte do reino dividido, é marcado pela idolatria que afasta o
povo do Senhor. Uma das marcas da idolatria neste reino é que os israelitas não adoravam
exclusivamente os falsos deuses, antes, misturavam a adoração a Deus com a adoração a Baal,
Azerá e tantos outros.
Infelizmente, muitas vezes, somos como Israel. Publicamente professamos que somos
povo de Deus, porém, agarramos a coisas terrenas como sendo mais importantes que o Senhor.
Diante da idolatria de Israel, Deus levantou Elias e Eliseu. Como o ministério deles nos ajuda a
abandonarmos a idolatria?

Como aproveitar melhor a leitura?


Podemos dizer que o décimo sexto guia de leitura da Bíblia abrange a porção central dos
dois livros dos Reis quando vistos como um só. O foco desta parte são os ministérios dos profetas
Elias e Eliseu diante do reino de Israel que continuamente fazia “o que era mal aos olhos do
Senhor”. Aliás, esta frase é o moto do livro. Por isso, uma boa forma de aproveitar a leitura é
contrastando “o que era mal aos olhos do Senhor” com aquilo que era “reto aos olhos do
Senhor”, também presente no texto bíblico, porém, menos frequente.

PLB

Dia 129: 1Reis 16.21-28 [o reinado de Onri, de Israel]; 16.29-34 [o casamento de Acabe com
Jezabel]; 17.1-24 [Elias e a viúva de Sarepta]
Além da idolatria, principal “mal aos olhos do Senhor”, o reino de Israel (norte) volta
a experimentar divisões internas e alianças com povos com os quais o Senhor
proibira. O casamento de Acabe com Jezabel é um marco na maldade que se
espalhava sobre a nação, a ponto do profeta Elias ser levantado por Deus com uma
mensagem de juízo – seca sobre a terra durante três anos e meio. Por causa da
mensagem, precisou fugir da presença do rei Acabe. Durante o seu ministério,
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FAZENDO DISCÍPULOS DE CRISTO NO MUNDO

inclusive nos milagres operados pelo Senhor por seu intermédio, ficara marcada a
seguinte frase: “a palavra do Senhor e verdade” (cf. 17.24).
Dia 130: 1Reis 18.1-46 [Elias e os profetas de Baal]; 19.1-21 [Elias e Eliseu];
Enquanto havia fome em Israel por causa da seca, Jezabel sustentava em sua mesa
os falsos profetas de seus deuses. Israel que seguira a idolatria de seus reis ora serviam
a Baal ora se viam como servos do Senhor. Diante disso, Elias se coloca em um
batalha com os profetas de Baal para que os israelitas deixem de pular entre dois
pensamentos e adorassem o único Deus verdadeiro. Diante da intensificação da
perseguição promovida por Jezabel aos servos do Senhor, Elias é conduzido por este
ao Sinai, estando no local onde Israel um dia viu um monte fumegando por causa da
presença de Deus ali (cf. Êxodo 19.16-20). Assim, o Senhor restaurou a disposição
de Elias ao serviço, sendo o comissionamento de Eliseu parte dele.
Dia 131: 1Reis 20.1-43 [Acabe é condenado por seu procedimento na guerra contra os sírios];
21.1-29 [Acabe e a vinha de Nabote];
Enquanto o capítulo 20 termina com Acabe aborrecido e indignado porque fora
condenado por permitir que Ben-Hadade fosse livre, o capítulo 21 começa com
Acabe aborrecido e indignado por não possuir a vinha de Nabote. Nestes dois
eventos, a maldade de Acabe, acompanhado de Jezabel no último caso, é revelada.
Se poupou a vida daquele que o Senhor condenou (Ben-Hadade), não poupou a
vida do cidadão do seu reino que deveria proteger (Nabote), antes usou de mentiras
e subterfúgios para conseguir o que queria. Tendo continuamente feito o mal aos
olhos do Senhor, este condenou sua dinastia por intermédio da palavra de Elias.
Dia 132: 1Reis 22.1-40 [o fim do reino de Acabe com sua morte]; 22.41-51 [Josafá, rei de Judá,
e a continuidade da reforma espiritual promovida por Asa]; 22.52-54 [reinado de Acazias, de
Israel]
O retrato final de Acabe é como o de Israel em no monte Carmelo, “pulando entre
dois pensamentos”. Buscando benefícios próprios é capaz de ouvir profetas distintos,
desde que não profetizasse o mal a respeito dele (cf. 22.8). Faltava-lhe convicções
profundas como tinham outros personagens ao seu lado – Elias e o rei Josafá
(seguindo firmemente o Senhor) ou até mesmo Jezabel (firmemente seguindo seus
falsos deuses). A morte do rei de Israel foi tão tola quanto a sua vida.
Dia 133: 2Reis 1.1-18 [Elias e Acazias]; 2.1-25 [Eliseu, o sucessor de Elias]
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Marcante na segunda metade de 1Reis e na primeira metade de 2Reis são os vários


relatos sobre os ministérios de Elias e Eliseu. Se pensarmos em 1 e 2Reis como um
livro só, concluímos que a vida destes dois profetas domina o centro do livro. Por
que disto? Infelizmente, porque os reis de Israel, alvos principais do seu ministério
permaneciam liderando o povo de Israel à idolatria. Até mesmo quando chega o
momento de Elias encerrar seu ministério, o Senhor trata de prover Eliseu como seu
sucessor. A mensagem de juízo continuará.
Dia 134: 2Reis 3.1-27 [Eliseu prediz uma vitória israelita]; 4.1-44 [Eliseu como Elias]
Novamente o Senhor usa um profeta como instrumento da sua palavra. Novamente,
os milagres feitos por intermédio de Eliseu, assim como foi com Elias, sucederam
“conforme a palavra do Senhor” (cf. 4.44).
Dia 135: 2Reis 5.1-27 [a cura de Naamã, um sírio]; 6.1-33 [o papel de Eliseu na guerra contra os
sírios]
A cura de Naamã é emblemática. Ele é um exemplo de que há servos do Senhor,
como Eliseu, mesmo entre o exército inimigo. Enquanto isso, Geazi, servo do
profeta, desconhece o verdadeiro Deus.
Dia 136: 2Reis 7.1-20 [a vitória do Senhor sobre os sírios]; 8.1-15 [novo rei sobre os sírios]; 8.16-
24 [o reinado de Jeorão, de Judá]; 8.25-29 [o reinado de Acazias de Judá]
O leitor dos livros dos Reis nunca deve perder de vista o mal que era praticado em
Israel, constantemente o autor o menciona ou revela suas consequências.
Geralmente, na sequência, apresenta um rei de Judá que fazia o que era reto aos
olhos do Senhor. Porém, isso não acontece no capítulo 8. Antes, os dois reis de Judá
que são apresentados – Jeorão e Acazias – fizeram o que era mal aos olhos do
Senhor, sendo que o autor do livro deixa claro as razões – casaram com mini-réplicas
de Jezabel, mulheres da casa de Acabe (cf. 8.18 e 27).
Dia 137: 2Reis 9.1-37 [Jeú como rei de Israel]
Dentre as disciplinas do Senhor contra o reino do norte estava o fim da casa de
Acabe. Ele vem com a ascensão de Jeú ao trono de Israel.
Dia 138: 2Reis 10.1-36 [Jeú extermina a casa de Acabe]
Jeú é um instrumento da justiça de Deus ao longo do capítulo 10. Ele mata todos os
da casa de Acabe, segundo a profecia. Mata Jezabel e os adoradores de Baal. Porém,
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isso não significa que há volta para o reino do norte. Israel e até mesmo Jeú, “não se
afastaram dos pecados que Jeroboão levou Israel a cometer” (10.31).
Dia 139: 2Reis 11.1-21 [Atalia intenta destruir os descendentes de Davi]; 12.1-21 [o reinado de
Joás, de Judá]; 13.1-9 [o reinado de Jeocaz, de Israel]; 13.10-25 [profecia final de Eliseus e sua
morte]
Como uma serpente oriunda da casa de Acabe (cf. 8.27), Atalia buscou eliminar
todos os descendentes de Davi que pudessem se assentar no trono de Judá.
Refugiado na Casa do Senhor, simbolicamente, sobre a proteção do próprio Deus,
Joás escapou da morte. Este, ao assumir o trono de Judá, voltou à tradição dos reis
deste reino fazerem o que era reto aos olhos do Senhor.
A ausência de um sucessor para Eliseu é um mal sinal para Israel.

GUARDANDO A LEITURA
O grande problema de Israel: coxear entre dois pensamentos (2Reis 18.20-40)
O reino do norte, Israel, se afastou do Senhor porque pulava continuamente entre dois
pensamentos. Tão infelizes quanto os profetas de Baal eram os espectadores da batalha que Elias
travou contra eles (2Reis 18.20-40). O povo que assistia não gritavaa em alta voz, nem se cortava
como os primeiros. Estava ali, esperando para saber qual era o verdadeiro Deus. Um povo que
coxeava entre dois pensamentos. Ora adorava o Senhor, ora adorava Baal.
Em pelo menos três momentos, a precária situação espiritual de Israel é evidenciada: 1)
na exortação inicial de Elias sobre o senhor a quem serviam; 2) no acordo quanto ao formato do
desafio entre Elias e os profetas de Baal; 3) nas ruínas do altar dedicado ao Senhor.
Primeiro, a situação espiritual é evidenciada, no momento em que Elias questionou até
quando ficariam pulando de um lado para o outro (18.21). Quando Elias deu um ultimato ao
povo entre servir a Baal ou ao Senhor, o povo “não disse uma só palavra”. É como se Elias
clamasse “ó povo de Israel, responde-me, até quando vocês vão ficar pulando entre dois deuses...
até quando vão misturar o culto do Senhor com o de Baal, até quando buscarão o que traz mais
benefícios, até quando quebrarão os compromissos da aliança com o Senhor?”. A falta de
resposta à exortação de Elias sinalizava que espiritualmente estavam tão mortos quanto Baal que
também não respondia.
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FAZENDO DISCÍPULOS DE CRISTO NO MUNDO

De forma interessante, quando Elias diz que o povo “coxeava” entre dois pensamentos
(18.21) o termo em hebraico é o mesmo do usado para dizer que os profetas de Baal
“manquejavam” ao redor do altar de Baal (18.26).7 Elias estava dizendo que pular entre dois
pensamentos era semelhante à prática da idolatria, afinal, é impossível servir a dois senhores (Mt
6.24).
Em segundo lugar, sua condição espiritual foi exposta enquanto esperavam por aquilo
que seria mais útil. À proposta de Elias feita aos profetas de Baal (18.22-24), o povo concordou
que era uma boa proposta. Antes de pensarmos que o povo está reagindo com fé, se olharmos
para a resposta com atenção, veremos que não há nenhuma confiança em Deus. Eles
simplesmente esperavam para saber qual o deus mais poderoso. Esqueceram de todos os atos
que Deus fez no passado em favor deles. Três anos e meio de seca se passaram desde que Elias
a anunciou (17.1), e, ainda, o povo não reconhecia que ela era a vontade do único Deus.
Em terceiro lugar, o abandono do altar do Senhor testemunhava contra eles. Após os
profetas de Baal não terem sucesso em seu ritual, Elias, no versículo 30 diz ao povo:
“Aproximem-se de mim”. E, então, passou a executar a sua parte no teste que propôs. O texto
fala que ele restaurou o altar do Senhor que estava em ruínas. Com esta imagem, temos um
indicativo de que no pular entre dois pensamentos, Israel se esquecia do lado do Senhor. Sua
dubiedade de pensamento os afastou de Deus (Tg 1.5-8).

APLICANDO A LEITURA
1. Por que “coxear” ou “pular entre dois pensamentos” é o mesmo que ter um pensamento só?
Como misturar o culto a Deus com de outros deuses na verdade não é adorar o Deus verdadeiro?

2. Elias é um servo do Senhor. Jezabel, uma serva de Baal. Acabe e Israel aqueles que buscam
os maiores benefícios terrenos, pulando de um lado para o outro. Com quais destes personagens

7
Verbo pāsaḥ = pular, manquejar, etc.
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você compararia a sua vida neste momento? Justifique apresentando características do


personagem extraído da leitura.

3. Constantemente, o autor de Reis lembra que em relação aos reis de Judá e a este reino o
Senhor agia em seu favor por amor a Davi. Sendo Davi um tipo de Cristo no AT, liste quais são
as obras que Deus faz em sua vida por amor ao seu Filho Jesus.

4. Surgiu alguma dúvida sobre a leitura dos primeiros de 1Reis 15 a 2Reis 13? Se sim, escreva
para geimar@ipsantoamaro.com.br
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17. Da queda de Samaria ao Exílio Babilônico

Quem sou eu nessa história?


A parte final de 1 e 2Reis relata os últimos 130 anos da monarquia de Judá. Este tempo,
de certa forma, é inaugurado com a queda de Samaria, capital de Israel (722 a.C.) e termina com
a queda de Jerusalém, capital de Judá (597 a.C.). A queda da primeira era um alerta para se evitar
a queda da segunda, porém, os reis de Judá, em especial Manassés, ignoraram o alerta.
A caminhada cristã muitas vezes é marcada por alertas incisivos de Deus de que nossa
vida espiritual não vai bem. Enquanto lê os capítulos finais de 2Reis procure pensar em ações
suas que são semelhantes ao do reino de Judá e que revelam, de certa forma, um ignorar dos
alertas de Deus.

Como aproveitar melhor a leitura?


O décimo sétimo guia de leitura abrange os capítulos 14 a 25 do Segundo Livros dos Reis.
Enquanto escreve a respeito da queda de Samaria, do progresso da maldade entre os reis de
Judá, culminando com a queda de Jerusalém, o autor parece querer que o leitor identifique
características que um bom rei do povo de Deus deveria ter. Por isso, enquanto lê estes capítulos,
tente listar características que um rei deveria ter. Depois, compare com as características de dois
reis específicos: Ezequias e Josias.

PLB

Dia 140: 2Reis 14.1-22 [o reinado de Amazias, de Judá]; 14.23-29 [o reinado de Jeroboão II, de
Israel];
Após o ministério profético de Elias e Eliseu, o livro dos Reis começa a mencionar
outros profetas que, diferente daqueles, ficaram mais conhecidos pelos seus escritos.
Entre eles: Jonas e Isaías. Desde que o reino foi dividido em dois, sob Jeroboão II,
como sob em Jeroboão, o reino do norte alcançou o seu auge. No entanto, a sombria
nota de 14.27 indica que sua prosperidade duraria pouco.
Dia 141: 2Reis 15.1-7 [O reinado de Azarias, de Judá]; 15.8-12 [o reinado de Zacarias, de Israel];
15.13-16 [o reinado de Salum, de Israel]; 15.17-22 [o reinado de Menaém, de Israel]; 15.23-26
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[o reinado de Pecaías, de Israel]; 15.27-31[o reinado de Peca, de Israel]; 15.32-38 [o reinado de


Jotão, de Judá]
A grande marca do capítulo 15 de 2Reis é que Uzias (Azarias) foi acometido de lepra
(segundo 2Cr 26.16-23) enquanto que ao norte, cinco reis subiram ao trono de Israel
durante o seu reinado ao sul. O norte cada vez mais se afastava de Deus, sem volta,
marca disso é que todos os reis deste período começaram a governar após matarem
seu antecessor. O único que não morreu assim foi Menaém porque se aliou ao rei
da Assíria para que “este o ajudasse a consolidar o seu reino” (2Re 15.19), ou seja,
um breve tempo sem inimigos internos.
Dia 142: 2Reis 16.1-20 [o reinado de Acaz, de Judá]; 17.1-2 [o reinado de Oseias, de Israel];
17.3-41 [a queda de Samaria]
Como instruir Judá a não continuar no caminho tomado por seu rei Acaz (cf. 2Reis
16)? Para o autor do Livro dos Reis revelando as razões da queda do reino de Israel
e a deportação de seus habitantes para outra terra. Desde que Jeroboão se tornou rei
quando o reino foi dividido, Israel ao norte se afastou do Senhor e se envolveu com
idolatria. Por causa disso, o Senhor por meio da Assíria os enviou para o cativeiro
(cf. 2Re 17.7-12). Sob Acaz, diferente dos reis que lhe precederam, Judá ao sul deu
um primeiro passo neste mau caminho.
Dia 143: 2Reis 18.1-37 [o reinado de Ezequias, de Judá]
O capítulo 18 estabelece o cenário do reinado de Ezequias, principalmente, quando
se lembra que Acaz, seu pai, havia feito acordos com o monarca da Assíria. Agora, o
império que outrora foi tomado por Acaz como um aliado na batalha contra Israel
(cf. 1Re 16), agora, invadia Judá e cercava a cidade de Jerusalém.
Dia 144: 2Reis 19.1-37 [Ezequias e o profeta Isaías]; 20.1-21[os últimos anos do reinado de
Ezequias]
Dentro da narrativa de 1 e 2 Reis, Ezequias é o grande rei que surge em Israel e Judá.
O fato de ter dado ouvidos à mensagem do profeta Isaías, já o isola dos demais reis
que reinaram sobre o povo do Antigo Testamento, que rejeitavam, censuravam e até
mesmo matavam os mensageiros de Deus. Ezequias torna-se o paradigma esperado
para os próximos reis, para que assim, o destino sombrio que alcançou o reino do
norte não alcançasse também o reino do sul.
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FAZENDO DISCÍPULOS DE CRISTO NO MUNDO

Dia 145: 2Reis 21.1-18 [O reinado de Manassés, de Judá]; 21.19-26 [o reinado de Amom, de
Judá]; 22.1-20 [o reinado de Josias, de Judá]; 23.1-30 [reforma religiosa sob Josias]
Após a morte de Ezequias, sobem respectivamente ao trono Manassés e Amon, reis
que fariam o povo esperar por outro rei semelhante a Ezequias. Manassés, em
particular, que fez “pior do que tudo o que os amorreus fizeram antes dele”, é o
principal responsável pela decisão do Senhor de destruir Jerusalém (cf. 21.11-13).
Nem mesmo o exemplar reinado de Josias, promovendo reformas espirituais em
Judá, à semelhança de Ezequias, demoveu o Senhor do seu intento de enviar Judá
para o exílico (cf. 23.24-27).
Dia 146: 2Reis 23.31-35 [o reinado de Joacaz, de Judá]; 23.36-24.7 [o reinado de Jeoaquim, de
Judá]; 24.8-17 [Nabucodonosor e o cativeiro da nobreza de Judá]; 24.18-5.7 [a queda de
Jerusalém]; 25.8-30 [o cativeiro de Judá e sua submissão à Babilônia]
Seguiram-se a Josias dois reis maus aos olhos do Senhor, completando o siclo de reis
que se afastaram e levaram o povo a se afastar de Deus. O povo e seus representantes,
diferente de Ezequias e Josias, não deram ouvidos aos mensageiros de Deus, por
isso, trouxe Nabucodonosor e os caldeus, exilando o povo de Judá para a região da
babilônia.

GUARDANDO A LEITURA
O rei esperado pelo Livro dos Reis
Desde o momento em que Salomão começou a acumular para si riquezas e poder,
precisando aumentar o número de seus casamentos com mulheres de outros povos para os
manter, os reis de Israel e Judá começaram a se afastar do Senhor. Por consequência, o povo
que representavam fez o mesmo. Se no reino do norte, Israel, não houve rei bom aos olhos do
Senhor, ao sul, em Judá, os reis, em sua maioria viveram segundo a vontade de Deus, porém,
sempre lhes faltava algo, como constantemente o autor sinalizou por esta frase: “apenas os lugares
altos não foram tirados”. Somente Ezequias e Josias, reis que conseguiram remover os lugares
altos, destoaram de seus semelhantes.
De certa forma, todas as vezes que um rei subia ao trono de um dos dois reinos, o autor
do livro nutria no leitor a expectativa por ler sobre a vida de um rei que: 1) se comprometesse
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com o Senhor; 2) rejeitasse a idolatria; 3) removesse os lugares altos e todos os elementos da


idolatria canaanita; 4) o povo seguisse as suas boas obras.
Somente os reis de Judá cumpriram o primeiro requisito. Isso porque o Senhor
misericordiosamente se lembrava das promessas que havia feito a Davi. Ao norte, os reis criavam
seus próprios santuários e impediam o povo de Israel de ir para Jerusalém (ao sul) adorar a Deus
como ele havia designado que seria adorado.
A idolatria foi a marca principal dos reis de Israel. Fazendo aquilo que era mal aos olhos
do Senhor, trouxeram para sua terra deuses de outros povos. Adoraram Baal, Aserá e outros
deuses da religião canaanita. Fizeram para si bezerros de ouro e construíram altares para
sacrificarem a estes bezerros. Ao sul, a idolatria demorou para dominar o povo de Judá. Porém,
primeiro com as filhas de Acabe, casando-se com reis de Judá e depois com Acaz, aqueles que
adoravam ao Senhor passaram a adorar deuses fabricados por mãos humanas.
Porém, Judá e, em especial, os seus reis nunca eliminaram os resquícios da idolatria
canaanita. Um dos motos dos livros dos Reis é que rei ascendia ao trono e morria, porém, os
altos permaneciam como locais de sacrifício em Israel. Somente Ezequias e Josias conseguiram
removê-los, mas, por curto tempo. Após sua morte, os altos retornaram, isso, porque o próprio
povo não soube identificar e imitar aquilo que fora bom nestes dois reis.
O Livro dos Reis se encerra mostrando que Joaquim passou a comer da mesa do rei dos
caldeus, ou seja, indicando ao leitor que se encerrou a era dos reis de Israel. No entanto, se o
cativeiro pôs fim à monarquia independente de Israel, não pôs fim à esperança de um rei que
atendesse aos critérios acima elencados.

APLICANDO A LEITURA
1. O Senhor destruiu o reino de Israel por meio dos Assírios, permitindo que este fosse um alerta
para o reino de Judá. Por que o Senhor emitiu este alerta ao reino do sul? Há momentos em
nossa vida que infelizmente vemos “alertas” de Deus, mas simplesmente decidimos os ignorar?
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2. Ezequias e Josias são os dois únicos reis exemplares no Livro dos Reis. Quais foram as ações
que tomaram que mais chamaram a sua atenção? Como você pode aprender com elas aplicando-
as à sua vida?

3. De que forma Cristo preenche os quatro requisitos listados no texto “O Rei esperado pelo
Livro dos Reis”? Como você pode imitar a Cristo de acordo com o quarto requisito?

4. Surgiu alguma dúvida sobre a leitura dos primeiros de 2Reis 14 a 25? Se sim, escreva para
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18. O retorno do exílio

Quem sou eu nessa história?


Você já teve a experiência de retornar para uma região em que morou muitos anos depois
de ter partido? Quais sentimentos se revelaram quando você retornou para aquele lugar para
visitá-lo?
Esdras e Neeemias conta a história do povo de Judá que retornou do exílio babilônico
após 70 anos. Muitos dos que retornaram, na verdade haviam nascido no tempo do exílio, porém
alguns, viram a glória de Judá antes que Nabucodonosor a invadisse (cf. Ed 3.12). De volta à
Jerusalém, precisariam reconstruir aquilo que havia sido derrubado, resistir a oposição de
inimigos e reparar erros em sua própria casa.

Como aproveitar melhor a leitura?


Esdras e Neemias são os livros contemplados na leitura dos dias 147 a 160 que compõem
o décimo oitavo guia. O tempo a respeito do qual falam é um período de reconstrução do templo,
da cidade de Jerusalém e da vida dos judeus como um povo. Assim, para aproveitar melhor a
leitura, anote reações de choro, tristeza e arrependimento sempre que as ler no texto. Na
sequência, registre as razões que levaram a tal reação.

PLB

Dia 147: Esdras 1.1-11 [o decreto de Ciro autorizando o retorno]


A vontade do Senhor outrora foi que o povo de Judá precisava passar pelo exílio.
Agora, 70 anos depois, sua vontade era o retorno. Por isso, assim como antes usou
Nabucodonosor como instrumento de seu juízo, agora, utilizava Ciro, grande
imperador persa, para executar a sua vontade.
Dia 148: Esdras 2.1-70 [o primeiro grupo que retornou]
A lista daqueles que retornaram no exílio assegura que este foi um dos fatos mais
marcantes da história. Judá, como outros povos, foi exilado, porém, diferente de
outros povos que deixaram de existir por causa de seus exílios, permaneceu como
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um povo em que até mesmo as árvores genealógicas eram bem discerníveis. No ápice
da lista, a descrição daqueles que serviriam no templo.
Dia 149: Esdras 3.1-13 [início da construção do templo]; 4.1-24 [oposição dos povos vizinhos];
5.1-17 [ânimo sob a palavra de Deus]
A chegada à Jerusalém foi marcada pela construção do altar e a oferta de sacrifícios
ao Senhor. Os fundamentos do templo foram lançados, sendo seguido por oposição
dos povos mistos que foram trazidos à época do exílio para habitar ali. Diante da
oposição humana e o medo que ela poderia gerar, a palavra de Deus, por meio de
Ageu e Zacarias, anima o povo a continuar a obra de construção do templo, apesar
da adversidade.
Dia 150: Esdras 6.1-22 [decreto de Dario autorizando a construção]; 7.1-28 [a primeira vinda de
Esdras à Jerusalém]
Debaixo da autorização de Dario, rei da Perdia, mas, especialmente, sob autorização
do Senhor, Rei dos reis, o templo foi construído no ano sexto da chegada do povo à
Jerusalém. Seguiu-se à finalização da obra a celebração da Páscoa e o envio de Esdras
que se tornaria o responsável pela instrução do povo. As semelhanças com o Êxodo
são emblemáticas.
Dia 151: Esdras 8.1-14 [o segundo grupo que retornou]; 8.15-36 [a chegada à Jerusalém]; 9.1-15
[oração e confissão de Esdras]
Com Esdras, uma segunda leva de judeus retornou das terras babilonicas para
Jerusalém. Em especial, acompanharam-no levitas que oficiariam no templo. No
entanto, assim como era um tempo de reconstrução, havia a necessidade de ser um
tempo de arrependimento, pois os judeus casaram-se com povos que o Senhor havia
proibido o casamento.
Dia 152: Esdras 10.1-17 [os judeus despedem as esposas estrangeiras]; 10.18-44 [lista dos que se
casaram com estrangeiras]
O Livro de Esdras se encerra com o povo confessando o seu pecado e reparando o
seu erro.
Dia 153: Neemias 1.1-11 [Neemias toma conhecimento da situação de Jerusalém]; 2.1-20
[Neemias é autorizado a ir a Jerusalém]
Quais as consequências de um servo estar triste diante do rei em tempos antigos?
Certamente, a ameaça de punição que poderia pairar sobre Neemias não era maior
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do que sua tristeza por saber das condições em que Jerusalém se encontrava. O
Senhor moveu a história para que este encontrasse favor do rei e fosse a Jerusalém.
Dia 154: Neemias 3.1-32 [reedificação dos muros de Jerusalém]; 4.1-23 [estratégia para se
defender dos adversários]
Na antiguidade as cidades costumavam ser muradas. Essa era uma questão de
segurança diante da hostilidade dos povos vizinhos. No entanto, no Livro de Neemias
reerguer o muro era uma necessidade porque também simbolizava o
reestabelecimento do relacionamento do povo de Judá com o Senhor. Assim como
a aliança e a Lei os separavam de outros povos, a reconstrução do muro era um passo
na direção da restauração da cidade na qual o Senhor escolheu habitar.
Dia 155: Neemias 5.1-19 [limpando a própria casa]; 6.1-24 [planos dos adversários contra
Neemias]; 6.15 - 7.4 [finalização da construção do muro]
Da mesma forma que o muro simbolizava o reestabelecimento do relacionamento
com o Senhor, ajustes morais eram necessários entre o povo de Jerusalém.
Destaque se dá para a avaliação de Neemias após a reconstrução do muro: “A cidade
era espaçosa e grande, mas havia pouca gente nela, e as casas ainda não haviam sido
reconstruídas.” (Ne 7.4). Ainda havia trabalho a ser feito.
Dia 156: Neemias 7.5-69 [a relação dos primeiros que voltaram do cativeiro]; 7.70-73
[contribuições para o templo]
Como uma forma de indicar que não são histórias distintas, uma vez da não menção
do templo até aqui, Neemias encontra o livro de registro dos primeiros que
retornaram do exílio.
Dia 157: Neemias 8.1-18 [leitura da lei e festa dos tabernáculos]; 9.1-38 [arrependimento e
confissão de pecados]
A sequência da história apresenta Esdras lendo o livro da lei em um momento de
renovação da aliança entre o Senhor e o seu povo. A festa dos tabernáculos foi
celebrada como há muito tempo não se fazia. Diante da leitura da lei, o povo se
arrependeu e confessou os seus pecados. Porém, diferente do arrependimento
registrado no Livro de Esdras, que se referia às uniões não aprovadas por Deus, este
arrependimento foi nacional, de um povo que sabe que seus pais e, eles próprios,
abandonaram a Deus.
Dia 158: Neemias 10.1-39 [Comprometimento com a lei]
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Como o povo que saiu do Egito, o povo que saiu da Babilônia e agora estava
novamente em Jerusalém, compromete-se a guardar a lei de Deus, cumprindo sua
parte na aliança (cf. Êx 24.3, 7).
Dia 159: Neemias 11.1-36 [distribuição das terras de Judá]; 12.1-26 [lista dos sacerdotes]
Com Jerusalém reconstruída, o povo repartiu a terra à semelhança do que foi feito
na época em que Josué e o povo de Israel conquistara Canaã. Desta vez, a
preocupação era apenas quem habitaria em Jerusalém e o restante que povoaria o
interior das terras de Judá.
Dia 160: Neemias 12.27-43 [dedicação dos muros]; 12.44-47 [a manutenção dos levitas]; 13.1-31
[o relacionamento com outros povos]
Os trechos finais de Neemias são dedicados à consagração da muralha, separação
daqueles que oficiavam no templo e atenção aos povos que não deveriam fazer parte
da congregação de Israel. Diante disso, novamente o assunto de casamentos mistos
foi matéria de consideração e condenação. Assim, o reestabelecimento do muro
físico de certa forma era um símbolo do reestabelecimento do “muro” espiritual – a
lei de Deus – que diferenciava o seu povo dos demais povos.

GUARDANDO A LEITURA
O que diferencia o povo de Deus?
Judá, como outros povos, inclusive Israel, havia sido exilado debaixo do domínio de
reinos mais poderosos. No entanto, diferente de outros povos, inclusive Israel, Judá, pela graça
de Deus, pôde retornar à sua terra após 70 anos de cativeiro.
Os livros de Esdras e Neemias narram os anos que se seguiram ao retorno para Jerusalém
e os principais desafios enfrentados neste período. Além da oposição dos povos que ali estavam
vivendo, desde que também foram tirados de suas próprias terras (exemplo disso são os
samaritanos), o povo judeu enfrentava alguns problemas de moralidade interna herdados tanto
por causa de suas próprias inclinações, como do relacionamento que teve com outros povos
enquanto exilado. Dois são os problemas principais levantados por Esdras e Neemias: 1) o
casamento com estrangeiros, em especial, povos que não deveriam fazer parte da congregação
do povo de Deus; 2) a questão da usura. Porém, outros, como a questão de comer ou não
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alimentos consagrados (cf. Ne 7.61), provavelmente, também receberam especialmente a atenção


de Esdras, responsável pelo ensino do povo.
Quando ao primeiro caso, tanto Esdras como Neemias abordam a questão dos
casamentos mistos e encerram seus livros falando sobre eles. Os filhos de Judá haviam tomado
para si mulheres de outros povos, em especial, de povos como os moabitas e amonitas que
haviam sido banidos de fazerem parte da congregação de Israel. Já a segunda questão, recebe
atenção somente de Neemias, pois, quando se tornara governador de Judá, identificou que os
próprios judeus vendiam seus irmãos em troca de lucro e, os governadores que o antecederam,
extorquiam o povo na cobrança de tributos.
Em ambos os casos, a tratativa foi buscar conhecer aquilo que estava previsto na lei do
Senhor. Enquanto se reerguia um muro físico ao redor de Jerusalém para que a cidade ficasse
protegida de invasões militares, Neemias, e, em particular, Esdras reerguiam o “muro” espiritual
que era a lei de Deus. Foi ela que o Senhor deu ao povo de Israel para o diferenciar de todos os
outros povos (cf. Êx 19.3-6).
Apesar de não nos separar fisicamente do mundo, como o muro de Jerusalém fazia com
os judeus, Deus requer que nos separemos espiritualmente dele. Enquanto cumprimos a missão
de proclamar o Evangelho, precisamos ter a atenção para não nos tornarmos amigos do mundo
e inimigos de Deus (cf. Tg 4.1-10).

APLICANDO A LEITURA
1. Esdras e Neemias nos falam a respeito de diversos reis das nações (Ciro, Dario, Assuero,
Artaxerxes, etc.) que foram utilizados para assegurar o retorno do povo a Jerusalém e a
construção do templo e do muro de Jerusalém. O que isto te ensina a respeito da soberania de
Deus e como este conhecimento contribui para a sua vida em tempos de adversidade?
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2. Judá e Israel foram exilados pelo Senhor porque não guardaram a sua lei. Judá retornou do
exílio em vários momentos lendo a lei e a respondendo com ações práticas de purificação. De
que forma a lei é instrumento da graça de Deus para a vida do seu povo?

3. Em vários momentos do livro de Neemias, encontramos alguns destaques de orações que


Neemias fazia em situações específicas. Você consegue listar quais foram estas situações? Como
pode crescer em sua vida de oração se espelhando em Neemias?

4. Surgiu alguma dúvida sobre a leitura de Esdras e Neemias? Se sim, escreva para
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19. O rei escolhido por Deus

Quem sou eu nessa história?


Todo leitor dos Evangelhos deve, ao longo da leitura, colocar-se no lugar dos discípulos
que estavam seguindo Cristo. Quem eles são? Quais são as suas lutas de fé? Quem é Cristo para
eles? Quais são as instruções que ouvem? Nossa jornada como cristãos muitas vezes é marcada
por perguntas semelhantes a estas, sendo a principal delas: “Como Jesus, o Filho de Deus, é
autoridade sobre a minha vida?”.

Como aproveitar melhor a leitura?


Pela primeira vez, leremos textos do Novo Testamento, começando pelos primeiros 14
capítulos do Evangelho Segundo Mateus. O guia que contempla os dias 161 a 170 da leitura
bíblica foca nestes capítulos que narram a vida de Jesus do seu nascimento até a importante
declaração de seus discípulos: “Verdadeiramente o senhor é o Filho de Deus!” (14.33). Para
melhor aproveitar esta leitura, tente responder as perguntas listas acima, na parte “Quem sou eu
nessa história?”, porém, respondendo da perspectiva dos discípulos ou do povo judeu que se
relacionou com Cristo durante a sua primeira vinda.

PLB

Dia 161: Mateus 1.1-17 [o descendente de Davi]; 1.18-25 [o salvador]; 2.1-23 [o nascimento mais
esperado]
Os dois capítulos iniciais de Mateus focam no nascimento de Jesus, principalmente,
destacando sua origem como: descendente de Davi, Filho de Deus e novo Israel. Sua
genealogia e a forma como o anjo se dirige a José, chamando-o de “filho de Davi”
(1.20) indicam que era o nascimento do rei. As diversas profecias do AT cujos
cumprimentos são registrados no capítulo 2 sinalizam que era o rei esperado pelo
povo de Deus do Antigo Testamento.
Dia 162: Mateus 3.1-17 [o batismo de Jesus]; 4.1-11 [a tentação]; 4.12-25 [a pregação sobre o
reino de Deus]
Os capítulos 3 e 4 concentram-se em demonstrar a autoridade de Jesus. Seu batismo,
à semelhança da unção de sacerdotes, reis e profetas do AT, revela que ele estava
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autorizado pelo próprio espírito como sacerdote, rei e profeta. A vitória na tentação
confirma a sua autoridade como aquele que é fiel à lei de Deus. Por isso, o que se
segue é a pregação a respeito da proximidade do reino de Deus, marcada por sinais
que confirmavam a sua autoridade sobre tudo aquilo que foi criado.
Dia 163: Mateus 5.1-16 [as bem-aventuranças]; 5.17-48 [a autoridade de Jesus]
As bem-aventuranças podem ser vistas como o padrão devida daqueles que fazem
parte do reino de Deus atrelado ao nascimento e pregação de Jesus. Como aquele
que veio cumprir a lei, sua autoridade é superior à dela a ponto de instruir e legislar
à semelhança da legislação do AT (cf. expressão “eu, porém, lhes digo”).
Dia 164: Mateus 6.1-34 [continuação do sermão do monte]; 7.1-29 [continuação do sermão do
monte]
O ensino autoritativo de Jesus é marcado por instruções acerca do relacionamento
de seus discípulos com Deus e com o próximo. Como um discípulo de Jesus deve
orar? Quais são as preocupações centrais de sua vida? Como ele lida com a falta de
irmãos? Essas são algumas perguntas respondidas no sermão pregado por Jesus.
Como Mateus registra ao final: “Quando Jesus acabou de proferir estas palavras, as
multidões estavam maravilhadas com a sua doutrina, porque ele as ensinava como
quem tem autoridade, e não como os escribas.” (7.28-29)
Dia 165: Mateus 8.1-17 [curas realizadas por Jesus]; 8.18-22 [sacrifícios esperados dos discípulos
de Jesus]; 8.23-27 [a autoridade de Jesus]; 9.1-8 [a cura de um paralítico]; 9.9-13 [o chamado de
Mateus]
Cada uma das curas realizadas por Jesus aponta para a sua autoridade como
representante do reino de Deus entre nós. No centro da leitura do dia, encontramos
Jesus acalmando uma tempestade ao mesmo tempo que é possível ver os discípulos
sem compreenderem completamente quem estava com eles.
Dia 166: 9.14-17 [a presença do noivo]; 9.18-25 [autoridade sobre a morte]; 9.27-31 [autoridade
sobre o mundo físico]; 9.32-34 [autoridade sobre o mundo espiritual]; 9.35-38 [a compaixão de
Jeus]
Em todo o tempo o Evangelho de Mateus apresenta Jesus como aquele que tem a
autoridade como um rei. Porém, sua autoridade é maior do que a vista em qualquer
outro rei que pisou nesta terra. Sua autoridade é sobre o mundo físico, sua autoridade
é sobre o mundo espiritual, estendendo-se até mesmo sobre a morte. No entanto,
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também diferente dos outros reis, apesar de todo o seu poder, Cristo Jesus é o Rei
que também sabe qual é o sofrimento do seu povo.
Dia 167: Mateus 10.1-4 [os doze apóstolos]; 10.5-42 [instruções aos discípulos]; 11.1-19 [Jesus é
o Messias esperado]; 11.20-24 [os riscos de se rejeitar o rei]; 11.25-27 [quem recebe o rei]; 11.28-
30 [quem o rei recebe]
O reino de Deus pregado por Jesus e pelos apóstolos avança sobre o reino inimigo,
sabendo das possíveis represálias. Porém, apesar do contra-ataque inimigo, os
discípulos devem ter a plena confiança de que o Senhor os habilitará e os autorizará
a serem testemunhas fiéis do reino do Senhor, marcado pela presença de servos
humildes e ausência daqueles que permanecem impenitentes.
Dia 168: Mateus 12.1-8 [Senhor do sábado]; 12.9-21 [oposição secreta]; 12.22-32 [oposição
pública]; 12.33-37 [os frutos dependem da natureza da árvore]; 12.38-42 [o sinal de Jonas]; 12.43-
45 [a volta do espírito imundo]; 12.46-50 [a vontade de Deus]
Apesar de todas as evidências de sua autoridade e poder, é comum identificarmos
na leitura do Evangelhos pessoas que não compreendiam quem era Jesus. Como
visto antes, os próprios discípulos tinham esta dificuldade. Porém, nenhum outro
grupo falhou, apesar de toda a sua instrução, a tal ponto como os fariseus. Acusando
Jesus de expulsar demônios com a autoridade de Satanás, foram associados por
Cristo a Satanás (cf. 12.34).
Dia 169: Mateus 13.1-23 [a parábola do semeador]; 13.24-30 [a parábola do joio]; 13.31-32 [a
parábola do grão de mostarda]; 13.33-35 [a razão das parábolas]; 13.36-43 [explicação da
parábola do joio]; 13.44 [a parábola do tesouro escondido]; 13.45-52 [outras parábolas]
As parábolas registradas no capítulo 13 são conhecidas como as parábolas do reino.
Elas explicam a forma como o reino de Deus se desenvolve, seu valor e quem dele
faz parte e quem não faz. Neste capítulo, também são registradas razões para Jesus
falar em parábolas, isto é, para que somente aqueles que fazem parte do reino dos
céus compreendam o ensinamento que vem do céu.
Dia 170: Mateus 14.1-12 [a morte de João Batista]; 14.13-21 [multiplicação de pães e peixes];
14.22-33 [quem é Jesus?]; 14.34-36 [curas em Genesaré]
Curiosamente, o Evangelho de Mateus pareia o relato da morte de João Batista, o
relato da primeira multiplicação de peixes e a primeira declaração vinda dos
discípulos de que Jesus é o Filho de Deus. De certa forma, Mateus sinaliza o ponto
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de transição em sua narrativa. O Messias foi predito pela lei (Moisés) e pelos profetas
(João Batista), agora aquele que é maior do que ambos é reconhecido em sua plena
identidade: Ele é o Filho de Deus.

GUARDANDO A LEITURA
A maior expectativa se cumpriu
O Evangelho de Mateus é “cirúrgico” em sua narrativa inicial a respeito do nascimento e
vida de Jesus. Em uma sequência de quatro capítulos (1-4), o evangelista apresenta Jesus como
aquele que era esperado pelos judeus, o seu rei, o descendente que esmagaria a cabeça da
serpente e que consumaria a chegada do reino de Deus. O descendente de Davi, também é Filho
de Deus, com autoridade superior à de Davi, abarcando o mundo físico e espiritual.
A narrativa do nascimento sinaliza que Jesus era o rei davídico esperado desde o Antigo
Testamento. Porém, nos primeiros dias de vida, muitas outras expectativas sobre ele também se
cumpriram: seu local de nascimento, sua fuga e volta do exílio, a oposição do reino de Satanás
ao seu reino. Cada uma das promessas cumpridas (Mt 2) apontava que Cristo não era apenas um
novo Davi, mas também um novo Israel.
A autoridade de Cristo e sua representação do povo de Israel foram publicamente
reveladas após o seu batismo. Pela primeira vez, após 400 anos de silêncio, ouvia-se a voz de
Deus Pai dizendo “Este é o meu Filho amado, em quem me agrado”. Frase utilizada pelo próprio
Satanás na tentativa de desmerecer Jesus e sua autoridade.
Porém, Cristo, fiel a Deus e à sua Palavra, sem ceder a tentação alguma passou a revelar
a sua autoridade. Primeiro, com o serviço que os anjos lhe prestaram. Depois, com o início do
seu ministério público, pregando às pessoas arrependimento de pecados devido à proximidade
do reino de Deus.

APLICANDO A LEITURA
1. Compare as seguintes passagens: Mateus 8.23-27 e Mateus 14.22-33. Em cenários semelhantes
(no meio do mar), porque a reação dos discípulos aos eventos ali ocorridos no primeiro texto é
de dúvida e no segundo de certeza? Qual é esta certeza?
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2. Diversos grupos se relacionaram com Cristo durante o seu ministério público. Liste quais
foram estes grupos e as principais reações deles ao que Jesus fazia ou falava. Depois, pense na
reação dos discípulos. Como a reação deles muitas vezes se parece com a nossa?

3. De acordo como sermão do monte (Mateus 5 a 7), liste as principais características dos
membros do reino de Deus. Há alguma que você acredita falhar em sua vida? Como você pode
buscar se adequar a este padrão? Há alguém que pode te ajudar com isso?

4. Surgiu alguma dúvida sobre a leitura dos primeiros capítulos de Mateus? Se sim, escreva para
geimar@ipsantoamaro.com.br
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20. O rei escolhido por Deus (II)

Quem sou eu nessa história?


Novamente, na segunda parte do Evangelho de Mateus, coloque-se no lugar dos
discípulos que acompanhavam a Jesus. Agora, no entanto, considere que Cristo mais e mais fala
a respeito da necessidade de sua morte e de que seus discípulos devem carregar a sua cruz. Como
o propósito de Cristo frustrava a expectativa de seus seguidores? E como muitas vezes frustra
nossas próprias expectativas de vaidade?

Como aproveitar melhor a leitura?


O vigésimo guia do primeiro ciclo de leituras, focado nas histórias bíblicas, contemplo os
capítulos 15 a 28 do Evangelho de Mateus. Estes capítulos estão divididos em leituras ao longo
de 11 dias que abordam principalmente a certeza de Cristo de que seu destino estava atrelado à
cruz. Para melhor aproveitar as leituras deste dia, anote em um caderno todas as vezes em que o
tema autoridade de Jesus aparece e, principalmente, se essa autoridade é contrastada com a de
algum grupo ou com as expectativas que as pessoas nutriam a respeito dela.

PLB

Dia 171: Mateus 15.1-20 [o problema na tradição dos anciãos]; 15.21-28 [a mulher cananeia];
15.29-31[mudos, aleijados, coxos e cegos curados]; 15.32-39[nova multiplicação de pães e
peixes]; 16.1-12 [o sinal de Jonas]; 16.13-28 [a confissão de Pedro e a cruz]
Mateus 14 terminou com os discípulos confessando que Jesus é o Filho de Deus e o
adorando. A cura de muitos mudos, aleijados, coxos e cegos, testifica que ele é o
servo do Senhor aguardado desde o Antigo Testamento (cf. Is 60). No entanto,
apesar de já terem confessado e testemunhado muitos sinais que indicavam que
Cristo era, os discípulos, mesmo aqueles mais confiantes como Pedro, lutavam com
o entendimento de que ele precisava morrer (cf. 16.21-23)
Dia 172: Mateus 17.1-13 [o vislumbre do reino]; 17.14-21 [a cura de um possesso]; 17.22-23
[predição da morte e ressurreição]; 17.24-27 [a questão do imposto]
A transfiguração é um vislumbre dado aos discípulos mais próximos do que é o reino
de Deus. Caminhando com eles estava aquele que é maior do que Moisés e do que
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Elias, ou seja, aquele que é maior do que a lei e os profetas, razão pela qual ouviram
do céus: “Este é o meu Filho amado, em quem me agrado; escutem o que ele diz!”
(17.5)
Dia 173: Mateus 18.1-14 [o maior no reino dos céus]; 18.15-22 [o perdão e a disciplina]; 18.23-
35 [o reino dos céus é semelhante ao rei que perdoa dívidas]; 19.1-12 [sobre o divórcio]; 19.13-
30 [os ídolos do coração]
Tanto os discípulos quanto o jovem rico lutavam com o real significado de entender
quem era Jesus e qual a natureza do seu reino. Os primeiros discutiam quem seria
maior no reino dos céus. O último em seu coração ponderava os custos de fazer
parte dele. Infelizmente, esse apegado às suas riquezas, não conseguindo se sujeitar
em amor aquele que é o rei dos reis.
Dia 174: Mateus 20.1-16 [a parábola dos trabalhadores na vinha]; 20.17-19 [nova predição sobre
a morte de Jesus]; 20.20-28 [incompreensão sobre o reino]; 20.29-34 [reconhecimento do reino];
21.1-17 [entrada em Jerusalém]; 21.18-22 [a figueira sem fruto]
A entrada de Jesus em Jerusalém é um novo vislumbre de seu reinado. À semelhança
de Salomão, que foi apontado como rei de Israel quando foi posto sob a jumenta de
seu pai Davi (cf. 1Reis 1), Jesus entrou em Jerusalém sob um jumentinho. Porém,
novamente por não entenderem a natureza de seu reino, os que o aplaudiam e
saudavam, em breve o rejeitariam.
Dia 175: Mateus 21.23-27 [a autoridade de Jesus]; 21.28-32 [a parábola dos dois filhos]; 21.33-
46 [a parábola dos lavradores maus]; 22.1-14 [a parábola da festa do casamento]; 22.15-22 [a
César o que é de César]
A grande expectativa dos judeus da época de Jesus e, em muitas situações como visto,
dos próprios discípulos é que o reino de Cristo seria semelhante aos reinos que eles
conheciam. Em sua mente, Cristo os libertaria do jugo do império romano,
restaurando o reino de Israel e sua independência em relação às nações. Porém,
Cristo, constantemente, frustra as equivocadas expectativas de seus seguidores.
Dia 176: 22.23-33 [sobre a ressureição]; 22.34-46 [o grande mandamento]; 23.1-12 [condenação
dos fariseus]; 23.13-36 [inimigos do reino]
A oposição a Cristo se intensifica. Saduceus se opõe a ele quanto a questão da
ressurreição. Fariseus e escribas sobre a sua autoridade. Este último grupo recebe
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sobre si condenação tal como a serpente no jardim. Eles, apesar de falarem sobre o
reino de Deus, são inimigos deste reino.
Dia 177: Mateus 23.37-39 [lamento sobre Jerusalém]; 24.1-31 [a primeira parte do sermão
profético]; 24.32-44 [necessidade de vigiar]
O reino de Deus pregado por Jesus e pelos apóstolos avança sobre o reino inimigo,
sabendo das possíveis represálias. Porém, apesar do contra-ataque inimigo, os
discípulos devem ter a plena confiança de que o Senhor os habilitará e os autorizará
a serem testemunhas fiéis do reino do Senhor, marcado pela presença de servos
humildes e ausência daqueles que permanecem impenitentes.
Dia 178: Mateus 24.45-51 [parábola do servo bom e do mau]; 25.1-13 [parábola das dez virgens];
25.14-30 [parábolas dos talentos]; 25.31-46 [o fim do sermão profético]
Apesar de não falar a respeito do dia e da hora em que retornará, Cristo, justamente
por isso, exortou seus discípulos a manterem uma vida de constante vigilância. Eles
deveriam se preparar para o retorno do seu Senhor, que colocará fim aos reinos
inimigos, por meio do julgamento de Deus.
Dia 179: Mateus 26.1-46 [o período antes da crucificação]
Dentre as diversos eventos narrados por Mateus nesta parte de seu livro, dois se
destacam: 1) a unção de Jesus em Betânia como um reconhecimento daquele que
estava prestes a morrer; 2) a vontade do Senhor em celebrar a páscoa com os
discípulos e, então, a instituição da ceia.
Dia 180: Mateus 26.47-75 [a prisão de Jesus e a negação de Pedro]; 27.1-31 [julgamento e
humilhação]
As últimas horas de vida de Cristo revelam a loucura do mundo em pecado. O rei
dos reis, não apenas dos judeus, tem sua morte deliberada por dois reis e, por fim,
decidida por uma multidão. Humilhado por soldados, também foi abandonado
pelos seus discípulos.
Dia 181: Mateus 27.32-66[a morte de Jesus]; 28.1-17 [a ressurreição de Jesus]; 28.18-20 [a grande
comissão];
O auge da humilhação “daquele que sendo como Deus [...] se fez servo” (Fp. 2.5-8)
também é o início da sua glorificação. Na cruz Cristo foi abandonado por Deus, mas
também, como rei, definiu o destino daqueles que foram crucificados ao seu lado. A
ressurreição marca o raiar de uma nova era: a do reino de Deus pondo em ordem
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aquilo que o pecado havia corrompido, a começar pela derrota da morte no primeiro
dia da semana.

GUARDANDO A LEITURA
A autoridade de Jesus sobre os céus e a terra
O Evangelho de Mateus claramente tem como um de seus temas principais exaltar a
autoridade de Cristo. Ele tem autoridade sobre a criação, autoridade sobre demônios e a
autoridade exclusiva de Deus de perdoar pecados. Cada passo que ele deu com os seus discípulos
pelas regiões da Galileia e da Judeia davam vislumbres da autoridade que um dia ele teria sobre
os céus e a terra.
A autoridade de Cristo sobre céus e terra, como ele afirma ter enquanto comissionava
seus discípulos (cf. Mt 28.18-20), foi obtida por causa de sua perfeita obra. É necessário lembrar
que durante a sua tentação no deserto, Jesus recebeu a oferta de Satanás de receber toda
autoridade sobre os reinos deste mundo se ele se prostrasse e adorasse o diabo (cf. Mt 4.8-9).
Logo, Jesus que rejeitou o caminho mais fácil (cf. Mt 4.10-11), precisou seguir o caminho mais
difícil, visando restaurar a autoridade que um dia Adão perdera com a queda. Esse caminho
passava pela cruz.
A retomada da autoridade sobre os reinos da terra implicava na existência de um homem
que fosse perfeito naquilo que o primeiro homem havia falhado. Era necessário que surgisse um
segundo Adão (cf. Rm 5), que fielmente obedecesse a Deus até a morte de cruz. Sem pecado
algum, manifestando a plena justiça do reino de Deus, Cristo obteve a autoridade que veio
retomar.
Assim, com toda autoridade sobre os céus e sobre a terra, Cristo, à semelhança de Moisés
contemplando Canaã do alto do monte (cf. Dt 33-34), contempla todo mundo sobre o qual agora
reina. Diferente de Moisés, no entanto, é capaz de prometer estar até a consumação dos séculos
acompanhando os seus discípulos que conquistam o mundo por meio da pregação do evangelho
do reino de Deus.
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APLICANDO A LEITURA
1. Quais as características você espera encontrar em sua vida se você for fiel à grande comissão?
E em uma igreja, como você enxerga que ela deveria ser enquanto cumpre esta ordem de Cristo?

2. Em seu sermão profético, Cristo exaltou a necessidade dos seus discípulos estarem vigilantes.
Como tem sido sua luta contra o pecado e sua vida com Deus, quando você coloca no horizonte
de seu pensamento a certeza de que Cristo irá voltar apesar de não saber o dia e a hora?

3. Infelizmente, assim como os contemporâneos de Mateus, muitos compreendem


incorretamente quem Cristo é. Para muitos, ele é um grande modelo de amor, por exemplo.
Como você explicaria que além disso, Cristo também é seu substituto e o único capaz de
reconciliar os homens com Deus?

4. Surgiu alguma dúvida sobre a leitura dos capítulos finais de Mateus? Se sim, escreva para
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Ciclo I – Visão Histórica
FAZENDO DISCÍPULOS DE CRISTO NO MUNDO

21. O reino de Deus

Quem sou eu nessa história?


Quais são as características que definem um cidadão do reino dos céus? Nossa cidadania
define a forma como vivemos e as leis as quais nos submetemos. Lendo o livro de Lucas, somos
confrontados constantemente com a pregação de Jesus a respeito do reino de Deus do qual
fazemos parte. Este reino possui características específicas que marcam todos que dele fazem
parte. Enquanto lê este evangelho, tente identificar algumas destas características, adotando para
a sua vida aquelas que ainda não tem evidenciado em sua caminhada.

Como aproveitar melhor a leitura?


Alcançamos em nossa leitura do Ciclo I, o ciclo histórico, o Evangelho Segundo Lucas.
Este guia contempla os primeiros onze capítulos deste livro, divididos em onze dias de leitura.
Como todo estudante da Bíblia já deve ter notado, o período da história narrado por Mateus é o
mesmo do narrado por Lucas, isto é, a encarnação, ministério, morte e ressurreição de Jesus.
Porém, as perspectivas dos evangelhos e alguns eventos narrados são diferentes. Assim, na leitura
de Lucas, tente identificar os eventos que não foram narrados por Mateus.

PLB

Dia 182: Lucas 1.1-25 [propósito do livro e anúncio do nascimento de João Batista]; 1.26-45
[anúncio do nascimento de Jesus]
O Evangelho de Lucas tem por objetivo fundamentar a fé de Teófilo e de todos os
seus leitores. Para isso, é “uma exposição em ordem” da vida de Jesus e, em especial,
do anuncio do reino de Deus em Cristo. Cristo é o herdeiro do trono de Davi,
porém, diferente de todos os herdeiros anteriores, seu reino não terá fim.
Dia 183: Lucas 1.46-56 [o cântico de Maria]; 1.157-66 [o nascimento de João Batista]; 1.67-80 [o
cântico de Zacarias]; 2.1-24 [o nascimento de Jesus]
Apesar da narrativa sobre João Batista e Jesus (ambos foram anunciados, ambos
tiveram o nascimento registrado e celebrado em cânticos), Lucas aponta para a
superioridade de Jesus sobre João. Algo que o próprio João reconheceria no
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momento de batizar o seu Senhor. Ele seria o profeta que prepararia o caminho para
o rei.
Dia 184: Lucas 2.25-38 [o cumprimento das esperanças de Simeão e Ana]; 2.39-52 [a infância
de Jesus]; 3.1-22 [a pregação de João Batista, sua prisão e o batismo de Jesus]; 3.23-38 [sobre o
divórcio]
O final do capítulo 2 e o capítulo 3 são a “antessala” do ministério público de Jesus.
Assim também “a palavra que veio a João” é a penúltima de Deus, seguida pela última
que é Cristo. Apesar de ser o evangelista que mais fala do ministério de João, Lucas
não detalha suas roupas, sua alimentação, etc. seu foco é naquilo que ele tinha a falar.
Como Edwards sinaliza, anunciava a necessidade de arrependimento para que,
então, fosse recebido aquele que é mais poderoso (cf. 3.15).8
Dia 185: Lucas 4.1-15[a tentação de Jesus e o início do seu ministério]; 4.16-30 [a vinda do Servo
do Senhor]; 4.31-44 [curas e a razão da vinda de Jesus]
A dinâmica do registro de Lucas demonstra uma certa urgência na pregação de
Cristo, bem como revela a sua autoridade. Rejeitado pelos seus, prega inicialmente
em Cafarnaum, mas, logo, se vê impelido a pregar o evangelho do Reino de Deus
também em outras regiões.
Dia 186: Lucas 5.1-11 [o chamado de discípulos/pescadores]; 5.12-26 [curas que revelam a
autoridade do Filho do Homem]; 5.27-32 [o chamado de um coletor de impostos]; 5.33-6.5
[sobre o jejum e o senhorio de Cristo sobre o sábado]; 6.6-11 [intensificação da oposição]
Como Mateus, Lucas narra que a oposição dos fariseus a Cristo foi se intensificando
com o passar do tempo até o momento em que começaram a pensar sobre o que
fariam com Jesus (cf. 6.11). Diferente de Mateus, que registra rapidamente o
chamado de Pedro, André, Tiago e João, Lucas apresenta em mais detalhes a razão
destes se tornarem discípulos de Cristo: seriam também pescadores de homens.
Antes de “pescarem”, eles mesmos foram “pescados”.
Dia 187: Lucas 6.12-16 [os doze apóstolos]; 6.17-19 [curas e ensino]; 6.20-26 [bem-aventuranças
e ais]; 6.27-36 [o amor do reino de Deus]; 6.37-42 []; 6.43-49 [a primeira parte do sermão
profético];
Edwards identifica o progresso dos textos de hoje: 1) Jesus ora sozinho; 2) Jesus
escolhe doze apóstolos; 3) o encontro com muitos discípulos (6.17); 4) uma grande

8
Cf. EDWARDS, James. The Gospel According to Luke. p. 102.
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multidão de todas as regiões da Palestina. Assim, o ministério de Jesus se revela como


sendo a expansão de um ministério solitário para um ministério de muitos e muitos.9
Todos aqueles que fazem parte desta empreitada precisam ser instruídos como a
segunda parte do capítulo nos mostra.
Dia 188: Lucas 7.1-10 [a cura do servo de um centurião]; 7.11-17 [a ressurreição do filho de uma
viúva]; 7.18-35 [aquele que esperavam]
O testemunho de Jesus sobre João Batista se tornou uma acusação contra o
ministério dos fariseus. Eles pregavam uma rígida separação do mundo, porém
viviam de forma hipócrita. Ao encontrarem João Batista, o acusavam, por causa de
seu ascetismo de ter demônio. Ao ver Cristo, envolvido com as pessoas, acusavam-
no de ser um pecador. Enquanto isso, Jesus e João, com estilos diferentes, pregavam
a mesma mensagem que alcançava os perdidos, isto é, o próprio Cristo.
Dia 189: Lucas 7.36-50 [a unção dos pés de Jesus]; 8.1-3 [as mulheres que seguiam a Jesus]; 8.4-
15 [a parábola do semeador]; 8.16-18 [a luz]; 8.19-21 [a família de Jesus]; 8.22-25[Jesus acalma
uma tempestade]
Todas as passagens da leitura deste dia apontam para a principal missão de Jesus por
ora, a pregação do evangelho do Reino de Deus (cf. 8.1). Para responder à pergunta
de João, na leitura anterior, se ele era aquele que estavam esperando, Jesus apontou
para os sinais da vinda do reino (cf. 7.22).
Dia 190: Lucas 8.26-39 [o poder sobre os demônios]; 8.40-56 [o poder sobre as enfermidade,
inclusive a morte]; 9.1-6[a missão dos doze igual à do mestre]; 9.7-9 [João ou Jesus?]; 9.10-17
[multiplicação de pães e peixes]
O poder de Jesus e sua autoridade claramente são o ponto central desta parte da
narrativa de Lucas. A mesma autoridade, o próprio Cristo também delega aos seus
discípulos, pois estes estariam envolvidos com a mesma missão de Jesus (cf. 9.1-2).
Dia 191: Lucas 9.18-27 [a missão não é completamente compreendida]; 9.28-36 [vislumbre do
reino]; 9.37-50 [dificuldades com a compreensão do reino de Deus]; 9.51-62 [o compromisso
com o reino de Deus]
Diversos são os elementos da leitura que indicam a dificuldade daqueles que seguiam
a Jesus de entender a natureza de sua missão e do reino de Deus. Os discípulos com
certeza são o foco de Cristo, pois são eles que devem carregar a cruz como seu mestre

9
Ibid. p. 183.
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o faria, sendo também responsáveis por se comprometer a tal ponto com o reino do
qual se tornarão cidadãos a ponto de não olhar mais para trás.
Dia 192: Lucas 10.1-24 [a missão dos setenta]; 10.25-37 [a parábola do bom samaritano]; 10.38-
42 [Marta e Maria]; 11.1-13 [sobre a oração]
Jesus continua a expandir sua missão. Tendo começado sozinho, reuniu os primeiros
apóstolos, depois trouxe doze para mais perto de si e, agora, enviava setenta
discípulos. Curiosamente, a missão deles não seria independente da do próprio
Cristo, pois no fundo são a mesma, a tal ponto, deles serem enviados para cidades
em que Cristo planejava passar (cf. 10.1-2). Porém, apesar do sucesso da missão dos
discípulos é notória a maior vitória destacada pelo Senhor: “alegrem-se, não porque
os espíritos se submetem a vocês, e sim porque o nome de cada um de vocês está
registrado no céu.” (10.20).

GUARDANDO A LEITURA
João Batista e Jesus
O Evangelho de Lucas exalta a posição singular de João Batista na história da redenção.
Para tal, os primeiros três capítulos do seu livro enfatizam sua pessoa quase tanto enfatizam o
principal personagem: Jesus. Até mesmo um certo padrão comparativo é estabelecido entre
ambos: 1) o nascimento de João foi anunciado pelo mesmo anjo que anunciou o nascimento de
Jesus (cf. 1.11-13; 1.30-31); 2) ambas as concepções, a de João e a de Jesus, são milagres de Deus
– a primeira na vida de um casal estéril (cf. 1.7, 18), a segunda envolvendo uma virgem (cf. 1.34);
3) por causa do nascimento de ambos, Deus foi louvado – no de João, Zacarias seu pai o fez (cf.
1.67-79), no de Jesus, uma milícia celestial se encarregou disso (cf. 2.13-14).
Em sua habilidade como escritor e inspirado por Deus, Lucas de certa forma traduzia a
comparação que surgiu na mente dos contemporâneos de Jesus e João Batista já adultos:
Estando o povo na expectativa, e pensando todos em seu íntimo a respeito de João,
se por acaso ele não seria o próprio Cristo [...] (Lc 3.15)
A vida e a pregação de João foram tão singulares que a comparação com o Messias tão
aguardado pelo povo foram inevitáveis. Foi por meio de João que Deus falou com um profeta
depois de 400 anos (cf. Lc 3.1-2 - o último tinha sido Malaquias). Lucas apresentou João como
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sendo aquele que foi preanunciado pelo profeta Isaías (cf. Lc 3.3-6). Além disso, a pregação do
filho de Zacarias e Isabel poderia ser considerada um resumo perfeito do ensinamento de todo
o Antigo Testamento (cf. Lc 3.7-14). Toda essa grandiosidade revelada na pessoa de João levou
o povo a se perguntar se ele não seria o Cristo anunciado pelo AT.
A forma como “João tratou de explicar a todos” é decisiva para entender a diferença entre
ele e o Cristo:
Eu, na verdade, batizo vocês com água, mas vem aquele que é mais poderoso do que
eu, do qual não sou digno de desamarrar as correias das suas sandálias; ele os batizará
com o Espírito Santo e com fogo. Ele tem a pá em suas mãos, para limpar a sua eira
e recolher o trigo no seu celeiro; porém queimará a palha num fogo que nunca se
apaga. (3.16-17)
Apesar de ser o maior homem nascido de mulher como afirmado pelo próprio Jesus (cf.
Lc 7.28a), João sabia que ele próprio necessitava da dignidade e da graça que só há em Jesus.
Essa dignidade, como Jesus afirma na segunda parte de seu elogio a João, está presente em todo
aquele que é nascido no reino de Deus, mesmo que seja considerado o menor dele (cf. Lc 7.28b).

APLICANDO A LEITURA
1. Quais são as características que marcam o reino de Deus segundo aprendeu na leitura do
Evangelho de Lucas? Como essas características se revelam em sua vida?

2. Como você explicaria a seguinte frase de Jesus: “entre os nascidos de mulher, ninguém é maior
do que João; mas o menor no Reino de Deus é maior do que ele” (7.28)? Qual o significado de
ser considerado maior do que João Batista e de que forma essa condição especial é um sinal da
graça de Deus?
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3. Uma vez que nos dois guias anteriores a leitura se concentrou no Evangelho de Mateus, quais
foram os novos aprendizados que obteve lendo o Evangelho de Lucas? Em especial, destaque
como eles contribuíram para a sua vida com Deus?

4. Surgiu alguma dúvida sobre a leitura dos capítulos inicias de Lucas? Se sim, escreva para
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22. O reino de Deus (II)

Quem sou eu nessa história?


Há semelhança das leituras do guia anterior, a segunda parte de Lucas continua exaltando
a vinda do reino de Deus por meio da obra de Cristo. Como cidadão deste reino, na leitura
anterior, foi orientado a identificar quais as características que marcam quem faz parte deste
reino. Agora, neste segundo conjunto de leitura, uma vez que a oposição entre Cristo e os fariseus
aumenta na narrativa, busque identificar distorções geralmente associadas ao reino de Deus
promovidas pelo grupo que antagonizava com Jesus.

Como aproveitar melhor a leitura?


Se você está lendo o Ciclo I desde o início, saiba que ao longo dos textos indicados neste
guia, alcançará duzentos dias de leitura das histórias narradas pelas Escrituras, é um marco muito
interessante. Do dia 193 ao 204, leremos a segunda parte do Evangelho Segundo Lucas. Para
melhor aproveitar a leitura destes dias, anote momentos em que Jesus parece corrigir um ensino
distorcido. Ex: “Não vem o reino de Deus com visível aparência” (Lc 17.20).

PLB

Dia 193: Lucas 11.14-28 [reinos opostos]; 11.29-54 [ais contra os fariseus]; 12.1-12 [não temei o
homem, confiai no Senhor]
As leituras deste dia apontam para o antagonismo entre dois reinos. Apesar dos
fariseus atribuírem a autoridade e poder de Jesus como derivado do próprio diabo,
Jesus revelou a loucura de tal pensamento. Como complemento, associou os fariseus
ao inimigo, como os responsáveis, por exemplo, pelas mortes dos profetas do
passado. Mas os discípulos, que ouviam tudo isso, não deveriam temer aqueles que
poderiam em algum momentos prendê-los por causa do evangelho, antes, deveriam
confiar no Espírito Santo como fonte da autoridade de seu testemunho.
Dia 194: Lucas 12.13-34 [o problema da avareza no presente e da ansiedade sobre o futuro];
12.35-59 [a necessidade de vigiar e observar os sinais dos tempos]
Jesus ensina seus discípulos sobre dois males que afetam o ser humano: 1) o apego
aos bens presentes; 2) a ansiedade sobre o que comer e o que vestir amanhã. Assim,
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FAZENDO DISCÍPULOS DE CRISTO NO MUNDO

ensina que a vida cristã pode ser contemplada como o uso correto dos bens que se
tem e a confiança quanto a provisão de Deus para o amanhã. Tal disposição auxilia
em um cuidado mais importante, isso é, observar os sinais do fim para que se esteja
vigilante para a volta do Senhor.
Dia 195: Lucas 13.1-9 [o perigo do não arrependimento]; 13.10-17 [a cursa de uma mulher
enferma]; 13.18-30 [parábolas sobre o reino de Deus]; 13.31-35 [lamento sobre Jerusalém e sua
liderança]
Os textos lidos são emoldurados por dois alertas de Jesus sobre o perigo de se
continuar em um caminho mal. É muito interessante como Jesus utiliza duas
“manchetes de jornal” – a morte de galileus e a queda da torre de Siloé - no primeiro
relato para ensinar que aqueles que não se arrependerem irão perecer (cf. 13.1-5). E
no relato final, lamenta por Jerusalém que continuamente derrama o sangue dos
profetas de Deus.
Dia 196: Lucas 14.1-6 [cura em um sábado]; 14.7-24 [recompensas na ressurreição dos mortos];
14.25-35 [a necessidade de abnegação para seguir a Jesus]
Cristo ensina que desfrutarão das bênçãos da ressurreição aqueles que em vida não
tinham o que oferecer ao Senhor que os convida para este momento tão especial.
Ninguém possui algo que o Senhor necessite, porém, muitos em seu orgulho
acreditam que podem sentar nas melhores posições de uma mesa pelo muito que
tem. Jesus, porém, ensina que para segui-lo é necessário não se colocar aquilo que é
de valor terreno à frente do que tem valor eterno.
Dia 197: Lucas 15.1-32 [quem pode estar perdido?]; 16.1-17 [ninguém pode servir a dois
senhores]; 16.18-31 [o rico e Lázaro];
Para entender as parábolas é necessário entender se o local onde a coisa, animal ou
pessoa perdida é externo ou interno. A ovelha se perde fora. A dracma é perdida
dentro da casa. O filho pródigo se perde fora, mas volta para casa. E o filho mais
velho? Assim, também, é possível que muitos que tinham a Moisés e os Profetas
(judeus, de dentro de casa) estivessem perdidos.
Dia 198: Lucas 17.1-10 [sobre o perdão]; 17.11-19 [cura de dez leprosos]; 17.20-37 [o dia do
Filho do homem e a vinda do reino]; 18.1-14 [parábolas sobre justiça]; 18.15-30 [quem pode
receber o reino de Deus?]; 18.31-43 [Jesus prediz a sua morte e realiza nova cura]
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O reino de Deus é um dos principais temas do Evangelho de Lucas. Aqui, sua


consumação é associada com a segunda vinda de Cristo. Além disso, Jesus ensina
que não é possível herdar a parte no reino de Deus sem renunciar aos ídolos
terrenos. O reino de Deus se recebe como uma criança, em dependência e fé.
Dia 199: Lucas 19.1-27 [a preparação para entrar em Jerusalém]; 19.28-48 [a chegada em
Jerusalém]; 20.1-26 [a autoridade de Jesus]
A autoridade de Jesus é maior do que a de João Batista, dos fariseus e do seus
escribas e até mesmo do que de César. Sua ida a Jerusalém estava atrelada à
manifestação do reino de Deus do qual ele é o principal representante. Se aqueles
que deveriam cuidar do povo não o fizeram, aquele que veio em nome de Deus o
fará.
Dia 200: Lucas 20.27-47 [a ressurreição e o juízo]; 21.1-36 [os sinais dos tempos]
Aproximando-se o momento da crucificação de Jesus, os temas cada vez mais se
entrelaçam com ela. Com saduceus, ele fala a respeito da ressurreição dos mortos.
Questionando-os sobre o Messias ser filho de Davi, indica a exaltação que ele mesmo
receberia após sua morte e ressurreição. Aos seus discípulos, falou a respeito dos
dias finais.
Dia 201: Lucas 21.37-22.38 [últimos momentos antes da crucificação]
Apesar de sua mensagem, da celebração da Páscoa e da instituição da ceia, os
discípulos até os últimos momentos permaneciam sem compreender por completo
a real natureza da vinda de Cristo ao mundo. Sua perspectiva continuava sendo a de
um reino terreno, conquistado por meio de espadas, enquanto que Cristo
permanecia a lhes falar sobre um reino eterno marcado não por aqueles que são
maiores, mas por aqueles que são menores e capazes de abrir mão do que mais
valorizam nesta terra por amor ao reino de Deus.
Dia 202: Lucas 22.39-71 [a prisão de Jesus]
A prisão de Jesus marca o início daquela que Jesus chamou de “vossa hora e de
poder das trevas”. Aquele que veio para recuperar o reino usurpado por Satanás tem
em seu caminho a submissão passiva aos reinos movidos pelo inimigo. Mesmo
sabendo que se assentaria à direita de Deus para reinar (cf. 22.69), primeiro precisava
ser completamente rejeitado pelos homens e por Deus.
Dia 203: Lucas 23.1-32 [veredito e preparativos para a crucificação]; 23.33-56 [a morte de Jesus]
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A crucificação é marcada pelo desprezo e zombaria de muitos, mas pelo


reconhecimento de quem morreria por poucos. Um dos malfeitores crucificados ao
lado de Cristo, reconheceu que ele viria em seu reino. Um dos oficiais mais leais ao
império romano, reconheceu que havia morrido um homem justo, ou seja, não
merecedor da punição que recebeu do estado romano.
Dia 204: Lucas 24.1-35 [a ressurreição e os discípulos a caminho de Emaús]; 24.36-53 [a ascensão
de Jesus]
Como explicado por Cristo aos discípulos a caminho de Emaús e aos discípulos mais
próximos, era necessário que tudo ocorresse como ocorreu. Tudo havia sido predito
pela Lei, pelos Profetas e pelos Salmos: “Porventura, não convinha que o Cristo
padecesse e entrasse na sua glória?”. Sua morte foi o início da sua exaltação e a
consumação do plano redentor de Deus.

GUARDANDO A LEITURA
Como estava escrito na Lei, nos Profetas e nos Salmos
A forma como Lucas conta os eventos vinculados a ressurreição de Jesus, revela que os
discípulos além de temerem os judeus (cf. 20.19) que mataram o seu Senhor, tinham dúvidas e
pareciam até mesmo temer a verdade de que Jesus havia ressuscitado. Ele narra:
Falavam eles ainda estas coisas [o relato de Cleopas e seu companheiro] quando
Jesus apareceu no meio deles e lhes disse: Que a paz esteja com vocês! Eles, porém,
ficaram assustados e com medo, pensando que estavam vendo um espírito. Mas ele
lhes disse: Por que vocês estão assustados? E por que surgem dúvidas no coração de
vocês? (Lucas 24.36-38)

Em um primeiro momento, é difícil imaginar o porquê do temor dos discípulos, uma vez
que já ouviram os relatos tanto de Simão Pedro como dos dois discípulos que reconheceram
Cristo no partir do pão. Porém, como Hendriksen afirma, o sentimento deles era como se fosse
bom demais para ser verdade.10 Todos os eventos dos dias anteriores retratavam que as
esperanças do grupo acabaram, pois seu Senhor estava morto. Porém, agora, viam e ouviam a
respeito da sua ressurreição. Trancados em uma casa, são surpreendidos pela presença de Jesus

10
Cf. HENDRIKSEN, William. Lucas. São Paulo: Cultura Cristã, 2014. vol. 2. p. 665.
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entre eles. É um fantasma? É a primeira pergunta que lhes surge. Porém, tanto as chagas dos
pregos, quanto o ato de comer um peixe assado diante dos discípulos, revelam que não era um
espírito. Diante deles estava o Cristo redivivo (cf. Lc 24.36-42). Era muita coisa para assimilar. O
misto de temor, dúvida e alegria certamente se fez presente.
À semelhança do que fez com os discípulos no caminho para Emaús, Jesus faz com o
grupo reunido com os onze, falando-lhe a respeito da necessidade da sua morte e ressurreição.
É possível que o que está registrado em Lucas 24.44-49 seja o resumo dos ensinos de Jesus
durante os quarenta dias que seguiram à sua ressurreição. Porém, quer ele tenha falado tudo na
noite do dia que ressurgiu, quer ele tenha anunciado em outros dias, uma coisa é certa, os
discípulos com medo e dúvidas precisavam ter a certeza da necessidade de todos aqueles eventos.
Por isso, Jesus lhes disse: “São estas as palavras que eu vos falei, estando ainda convosco:
importava se cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos
Salmos. Então, lhes abriu o entendimento para compreenderem as Escrituras; e lhes disse: Assim
está escrito que o Cristo havia de padecer e ressuscitar dentre os mortos no terceiro dia” (24.44-
46).
Como visto, a Lei, os Profetas e os Salmos, ou seja, as três grandes divisões do Antigo
Testamento, testemunham a respeito do triunfo do reino de Deus sobre o reino inimigo. Porém,
coube aos evangelhos dar nitidez ao principal modo como este triunfo foi concretizado. A cruz
e a ressurreição foi a forma utilizada por Deus para exaltar Jesus como vitorioso sobre seus
inimigos. Seu ensino era de que o Messias precisava morrer em lugar do seu povo. Porém, sendo
justo não poderia ser retido pela morte, pois por causa da sua fidelidade tinha direito à vida.
Portanto, precisava ressuscitar.

APLICANDO A LEITURA
1. Quais as novas características que marcam o reino de Deus que aprendeu com a leitura da
segunda parte do Evangelho de Lucas? Como essas características se revelam em sua vida?
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2. Como forma de aprofundar o seu conhecimento tente pesquisar sobre o significado desta frase
de Jesus: “Porque o Reino de Deus está entre vocês.” (Lc 17.21). Qual o impacto do significado
dela para a sua vida prática?

3. Continue com o exercício de comparação entre a narrativa de Mateus e Lucas, quais as novas
informações apresentadas por este último evangelista? Em especial, destaque como eles
contribuíram para a sua vida com Deus?

4. Surgiu alguma dúvida sobre a leitura dos capítulos finais de Lucas? Se sim, escreva para
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23. A Igreja em Jerusalém, na Judeia e em Samaria

Quem sou eu nessa história?


Os eventos narrados em Atos são um novo marco na história da redenção. No AT, Israel
era a principal testemunha de Deus, porém, falhou. Cristo, substituindo Israel, cumpriu
perfeitamente sua missão até a cruz. Ao ressuscitar e ascender aos céus, comissionou a Igreja a
cumprir a sua: fazer discípulos de Cristo. Como um cristão, nós temos como missão de nossa
vida glorificar a Deus cumprindo o chamado de fazer discípulos de Cristo. Como temos nos
envolvido com essa missão? Atos nos ajuda a entender como os primeiros cristãos a cumpriram.

Como aproveitar melhor a leitura?


O guia 23 contempla a leitura dos capítulos iniciais de Atos dos Apóstolos. Com seus
recursos, leremos a primeira parte deste livro que narra o período em que a Igreja essencialmente
cumpriu sua missão em Jerusalém, na Judeia e Samaria. A segunda parte, próximo guia, narrará
a forma como a Igreja avançou para os confins da terra.
Para aproveitar melhor a leitura deste livro, saiba que ele é a continuação de Lucas. Lucas
escreveu ambos os livros. Assim, enquanto lê em Atos sobre os eventos com os quais os
discípulos se envolvem, tente recordar e anotar promessas feitas por Jesus e narradas por Lucas
que começavam a se cumprir.

PLB

Dia 205: Atos 1.1-26 [a missão da igreja e o reino de Cristo]


Atos deve ser lido como a continuação da história narrada no Evangelho de Lucas.
Veja que ambos são endereçados a Teófilo (cf. Lc 1.1-4; At 1.1). Assim, poderíamos
dizer que Lucas narra os atos de Cristo em seu ministério público, enquanto Atos
são as ações de Cristo por meio da igreja. Assunto aos céus e reinando sobre todas
as coisas, comissiona seu povo a fazer discípulos em Jerusalém, na Judeia, em
Samaria e até os confins da terra.
Dia 206: Atos 2.1-41 [Pentecostes]
Cristo prometeu estar com seu povo até a consumação dos séculos (cf. Mt 28.28-20)
e assegurou isso enviando o Espírito Santo que faz de todo crente o seu templo e
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habitação. Assim como um dia o Espírito Santo desceu sobre Jesus, como uma
indicação de que Cristo poderia iniciar o seu ministério público com toda autoridade
e poder, assim também, o que acontece em Pentecostes é a autorização da Igreja
como embaixadora legítima de Cristo na terra.
Dia 207: Atos 2.42-3.26 [a vida da igreja primitiva e a oposição dos judeus]; 4.1-31 [a prisão de
Pedro e João]
Após o envio do Espírito Santo, Deus fazia com que sua igreja crescesse sobre o
fundamento dos apóstolos e em comunhão. Isso atraiu a oposição dos judeus. Pedro
e João, presos, experimentaram do cumprimento de uma das promessas de Jesus:
“Por minha causa vocês serão levados à presença de governadores e de reis, para lhes
servir de testemunho, a eles e aos gentios. E, quando entregarem vocês, não se
preocupem quanto a como ou o que irão falar, porque, naquela hora, lhes será
concedido o que vocês dirão. Afinal, não são vocês que estão falando, mas o Espírito
do Pai de vocês é quem fala por meio de vocês.” (Mt 10.18-20, veja também Lc
21.10-19).
Dia 208: Atos 4.32-5.11 [a unidade da Igreja]; 5.12-42 [nova prisão dos apóstolos]; 6.1-7 [a
necessidade de homens cheios do Espírito]
Enquanto a igreja crescia, mais e mais pessoas decidiam permanecer em Jerusalém
para crescer junto ao ensino dos apóstolos. Isso fazia com que deixassem seus
empregos em outras regiões, fazendo com que fosse necessária a contribuição
financeira da igreja para que o corpo continuasse a ser edificado em Jerusalém. A
prisão dos apóstolos indicava o excelente propósito ao qual se apegavam: “E eles se
retiraram do Sinédrio muito alegres por terem sido considerados dignos de sofrer
afrontas por esse Nome.” (At 5.41; veja o ensino de Cristo em Mt 5.10-12).
Dia 209: Atos 6.8-7.60 [a prisão de Estevão e seu testemunho]
Ao ler este trecho, tente responder: Por que Estevão permaneceu firme em sua fé e
testemunhando até a morte? Em seu discurso, é possível perceber que a Igreja do
Novo Testamento é a continuação de um projeto iniciado por Deus no Antigo.
Dia 210: Atos 8.1-25 [da Judeia para a Samaria]; 8.26-40 [a conversão do Eunuco]
Apesar de seu crescimento, não era o propósito final da Igreja permanecer em
Jerusalém e na Judeia. Cristo os comissionou para irem a todo o mundo, assim era
necessário que continuassem avançando. Deus, em sua maravilhosa providência, fez
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com que a Igreja alcançasse o restante da Judeia e Samaria por causa de uma intensa
perseguição em Jerusalém (cf. 8.1).
Dia 211: Atos 9.1-30 [a conversão de Paulo]; 9.31-43 [a Igreja cresce nas novas regiões]
A conversão de Paulo é um dos grandes marcos do Livro de Atos. Aquele que
perseguiu a Igreja e consentiu com a morte de Estevão, agora, passava a integrar o
corpo de Cristo. Até mesmo inimigos podem ser alcançados, pois quem alcança a
todos é o próprio Senhor Jesus, como chamou Paulo das trevas para a luz.
Dia 212: Atos 10.1-48 [a conversão de Cornélio]
Talvez para os apóstolos, judeus de origem, mais surpreendente do que um inimigo
ser alcançado pelo Evangelho, como foi o caso de Paulo, foi um gentio também o
ser. A conversão de Cornélio e de sua casa, é outro marco na missão da Igreja. Os
gentios, ainda em terras da Judeia e Samaria são batizados e, também, tornam-se
morada do Espírito Santo, repousando sobre eles a mesma autorização de falar em
nome de Cristo que até, então, estava reservada aos judeus.
Dia 213: Atos 11.1-30 [os cristãos se espalham]; 12.1-25 [intensificação da perseguição na Judeia]
Os capítulos 11 e 12 indicam uma transição na narrativa de Atos. Por causa de nova
perseguição (cf. 11.19) e do martírio do apóstolo Tiago por Herodes (cf. 12.1-2), a
igreja se espalha agora para terras gentílicas. Em Antioquia, os do caminho recebem
o nome de cristãos, indicando que há um grupo diferente chegando em lugar ainda
não alcançado. Se no início, Matias foi escolhido para assumir o lugar de Judas entre
os apóstolos (cf. 1.21-26), fica a expectativa de quem assumirá a posição de Tiago.

GUARDANDO A LEITURA
O Espírito Santo e a Igreja
Muito se tem debatido sobre o significado do que foi testemunhado no dia de Pentecostes
narrado por Atos 2. Muitos utilizam este relato para defender que a descida do Espírito Santo
sobre a Igreja teve como principal objetivo a capacitar com dons extraordinários. Em partes, é
possível enxergar isso, pois os apóstolos, pessoas humildes, se comunicaram na língua dos povos
e sua pregação foi confirmada pelos sinais que faziam. No entanto, a ênfase exclusiva sobre a
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capacitação da igreja, oculta aquele que deve ser visto como o principal objetivo dos eventos do
Pentecostes: a autorização da Igreja como representante de Cristo.
A descida do Espírito Santo é o principal indicativo de que os cristãos são embaixadores
de Cristo para propagação do Evangelho. Ao menos três informações bíblicas nos ajudam a
entender isso: 1) o Espírito Santo autorizava pessoas específicas no Antigo Testamento; 2) o sinal
público para o início do ministério de Jesus; 3) o sinal público para início do ministério da igreja
em Atos.
Em primeiro lugar, no Antigo Testamento pessoas específicas eram autorizadas como
representantes de Deus perante o povo. Essas pessoas eram os profetas, os sacerdotes e os reis.
Se lembrarmos da história de Saul e Davi, por exemplo, podemos perceber que quando Saul foi
rejeitado como rei, o Espírito Santo o deixou e entrou em Davi (cf. 1Samuel 16.13-14), momento
que coincidiu com a unção de Davi como rei. Davi tinha tamanha consciência disso que, quando
pecou no adultério com Bate-Seba, temeu que fosse também rejeitado como rei (cf. Salmo
51.11).
O início do ministério público de Jesus, em segundo lugar, é marcado pela descida do
Espírito Santo sobre ele. Jesus, ao ser batizado, com certeza não como um sinal de purificação
de pecados, pois nunca pecou, e a multidão que testemunhava seu batismo, viram o Espírito
Santo descer em forma de pomba sobre ele (cf. Mateus 3.14-17). Qual o significado desta imagem
e do batismo em si se não que Cristo estava sendo ungido e autorizado como um legítimo
representante de Deus? A partir daí e, só a partir daí, Cristo começa a pregar a respeito da
proximidade do reino de Deus entre os judeus (cf. Mt 4.12-17).
Por fim, a o início da igreja neotestamentária deve ser visto como marcado pela descida
do Espírito Santo como narrado em Atos 2. Jesus havia dito que, antes de irem pelo mundo
pregando o evangelho, os apóstolos deveriam aguardar em Jerusalém até que fossem revestidos
de poder ou autoridade vindo do alto (cf. Lc 24.29). Atos 2 registra o momento em que o Espírito
Santo revestiu os apóstolos de autoridade. Depois, para a surpresa até mesmo dos apóstolos, os
próprios gentios receberam o Espírito Santo (cf. 11.1-18). A questão maior não era a capacitação
dos gentios, mais a autoridade que passavam a ter, algo que no AT fora reservado somente para
os judeus. O grande dom do povo de Deus e a habitação do Espírito Santo com eles.
Tudo isso deve ser somado com a interpretação que Pedro deu aos eventos de Atos 2:
Mas o que está acontecendo é o que foi dito por meio do profeta Joel:
“E acontecerá nos últimos dias,
diz Deus,
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que derramarei o meu Espírito


sobre toda a humanidade.
Os filhos e as filhas de vocês profetizarão,
os seus jovens terão visões,
e os seus velhos sonharão.
Até sobre os meus servos
e sobre as minhas servas
derramarei o meu Espírito naqueles dias,
e profetizarão.

Pedro entendeu que o que estava reservado aos profetas no AT, agora se estendia a todos
do povo de Deus no NT. Por isso, em outro lugar disse: “Vocês, porém, são geração eleita,
sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamar as
virtudes daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.” (1Pedro 2.9)

APLICANDO A LEITURA
1. Como você caracterizaria a vida da igreja primitiva segundo a narrativa de Atos? Compare a
sua vida com as características da igreja primitiva que descreveu.

2. Deus usa de ao menos duas perseguições para que os discípulos cumprissem a missão de ir à
Samaria e aos confins da terra. Como Deus pode utilizar momento se sofrimento e tribulação
em nossa vida para que testemunhemos do evangelho? Você tem aproveitado estes momentos?
Como?
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3. Como você tem se envolvido com a missão de fazer discípulos de Cristo até os confins da
terra?

4. Surgiu alguma dúvida sobre a leitura dos capítulos iniciais de Atos? Se sim, escreva para
geimar@ipsantoamaro.com.br
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24. A Igreja alcançando os confins da terra

Quem sou eu nessa história?


Como tem sido o meu testemunho a respeito de Cristo e do reino de Deus? Quais
dificuldades e oportunidades tenho para evangelizar? A segunda parte de Atos apresenta a forma
como Deus providenciou, em especial, a Paulo, oportunidades para que o testemunho dele
alcançasse os gentios.

Como aproveitar melhor a leitura?


O último guia do primeiro ciclo de leitura contempla a segunda parte do Livro de Atos.
De Atos 13 a 28 são narrados eventos relacionados à vida de Paulo e sua missão como apóstolo
aos gentios. Enquanto realiza a leitura destes capítulos, destaque momentos em que Deus em sua
providência possibilitou que Paulo continuasse sua missão apesar da oposição ao Evangelho.

PLB

Dia 214: Atos 13.1-12 [o início da missão de Paulo]; 13.13-52 [missões aos gentios]
O capitulo 13 de Atos pode ser considerado um marco na leitura deste livro. O foco
narrativo deixa de ser a Igreja reunida nas regiões da Judeia e Samaria, passando a
ser descrita como uma Igreja missionária aos gentios. Assim, a narrativa da conversão
de Sérgio Paulo é significativa, pois é a primeira conversão de um gentio em terras
gentílicas.
Dia 215: Atos 14.1-28 [pregação na Ásia Menor]; 15.1-35 [concílio de Jerusalém]
A primeira viagem missionária de Paulo concentrou-se na região da Ásia Menor. Ali,
Paulo testemunhou, viu gentios crendo em Cristo por meio da sua pregação e quase
foi morto por causa disso. De sua evangelização, outra dificuldade também foi
suscitada: “os gentios devem ser circuncidados ao crerem no Evangelho?”. O concílio
de Jerusalém, presidido pelo presbítero Tiago, deliberou que não. A conversão dos
irmãos não-judeus era o cumprimento da profecia dos profetas sobre a restauração
da casa de Davi. Deus não levantou um rei aos moldes terrenos, mas o rei que é
Cristo, a raiz de Davi, cujo reino se estende sobre todos os povos – judeus e gentios.
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Dia 216: Atos 15.36-16.15 [início da segunda viagem missionária de Paulo]; 16.16-40 [a
conversão do carcereiro]
Na narrativa inicial da segunda viagem missionário do apóstolo Paulo, Lucas
concentra-se em apresentar as conversões de Lídia e do carcereiro. Ambas são de
destaque, pois uma é de uma mulher que possivelmente chefiava sua casa. A outra
de um oficial do império romano.
Dia 217: Atos 17.1-15 [missão em Tessalônica e Bereia]; 17.16-40 [Paulo em Atenas]; 18.1-28 [o
final da segunda viagem missionária]
Se na primeira viagem missionária Paulo enfrentou constantemente a oposição de
judeus na Ásia Menor, em terras gregas, durante a segunda viagem, a oposição foi da
religião oficial do estado romano e da filosofia grega. Porém, como o episódio em
Atenas demonstra – “houve, porém, alguns homens que se juntaram a ele e creram”.
O avanço continua independente da oposição enfrentada.
Dia 218: Atos 19.1-20 [Terceira viagem missionária]; 19.21-41 [oposição em Éfeso]
E se a nova religião que chegou na cidade interfere na economia local? O
cristianismo, como já ensinado por Cristo, carrega consigo o custo de ser fiel ao
Senhor. Ninguém pode servir a dois senhores. Diana dos efésios, as diversas
divindades gregas, o dinheiro ou qualquer outra coisa criada tornam-se ídolos no
momento em que são alvos da adoração humana ao invés do Senhor.
Dia 219: Atos 20.1-12 [nova ida à região da Grécia]; 20.13-38 [Paulo em Mileto]; 21.1-16 [trecho
da viagem retornando a Jerusalém]
A volta para a região da Grécia foi marcada pelo encontro em Mileto com os
presbíteros de Éfeso. A preocupação de Paulo com as igrejas por onde passou não
era temporária, mas, como suas epístolas testemunharão, contínua.
Dia 220: Atos 21.17-40 [prisão em Jerusalém]; 22.1-30 [defesa no julgamento]
Apesar de saber, por meio de Ágabo, o que aconteceria consigo, Paulo decidiu
retornar a Jerusalém. Em sua decisão, na sua prisão ou na sua defesa é possível
enxergar que, apesar das dificuldades e ameaças, Paulo mantinha-se comprometido
com a sua missão, da qual ele descreveu o início em sua defesa.
Dia 221: Atos 23.1-10 [Paulo diante do Sinédrio]; 23.11-35 [o plano de Deus para Paulo]
Nada na vida de Paulo e, nem na nossa, foge aos planos de Deus. Sua prisão em
Jerusalém servia para os propósitos do Senhor de fazer com que ele chegasse à Roma
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(o coração do império). Por isso, Deus o livrou também da emboscada armada pelos
judeus.
Dia 222: Atos 24.1-27 [Paulo e os governantes romanos]; 25.1-27 [Paulo e os governantes
romanos - continuação]
A providência de Deus na vida de Paulo ia além do fato de ter salvo a sua vida em
diversos momentos. Antes mesmo de Paulo conhecer a Cristo, a providência divina
já havia se encarregado de garantir a cidadania romana ao apóstolo. Tal cenário,
impedia que Paulo, mesmo que fosse culpado, o que não era, fosse sentenciado em
Jerusalém. Como cidadão romano, passou pelas cortes dos governantes romanos da
região.
Dia 223: Atos 26.1-32 [a defesa de Paulo diante de Agripa]
É significativa a declaração de Agripa para Festo – “este homem bem podia ser solto,
se não tivesse apelado para César” (26.32). Nem mesmo a inocência de Paulo, diante
daquilo que estava sendo acusado, contornaria o desígnio de Deus de o conduzir até
o coração do mundo gentílico. Podendo ser solto, a apelação de Paulo a César, o
levou de qualquer forma a Roma – “é necessário que você testemunhe também em
Roma” (23.11).
Dia 224: Atos 27.1-44 [viagem para Roma e naufrágio]
Quantas viagens Paulo deve ter feito, algumas com o próprio Lucas, antes da narrada
no capítulo 27? De quantas delas conhecemos tantos detalhes como desta? O leitor
deve se perguntar: Por que preciso saber que a ida à Itália foi marcada por tantas
dificuldades, incluindo um naufrágio? Qualquer que seja a resposta que obtenha,
deve continuar sabendo que: “[era] preciso que [Paulo] comparecesse diante de
César” (27.14). Independente da dificuldade, isso estava assegurado pelo Senhor.
Dia 225: Atos 28.1-31 [Paulo chega a Roma]
As dificuldades enfrentadas no trecho da viagem narrado pelo capítulo 27 são
perfeitamente simbolizadas por “uma víbora, fugindo do calor, prend[endo]-se na
mão” de Paulo. Satanás utilizava-se de todas as suas artimanhas, inclusive de uma
serpente, para impedir que o evangelho chegasse até Roma. Porém, como Atos
encerra sua narrativa: “[Paulo] Pregava o Reino de Deus, e, com toda a ousadia,
ensinava as coisas referentes ao Senhor Jesus Cristo, sem impedimento algum.”
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GUARDANDO A LEITURA
O avanço do reino de Deus e a oposição inimiga
O Livro dos Atos dos Apóstolos narra a expansão da igreja primitiva primeiro em
Jerusalém, seguindo para Judeia, Samaria e alcançando os confins da terra. Em diversos
momentos, como visto no guia anterior e percebido nas leituras deste, a providência de Deus
(quer por meio da perseguição, prisão ou cidadania romana do apóstolo Paulo) proporcionou o
contexto necessário para que a Igreja crescesse e alcançasse os gentios. Assim, como bem
destacou Lucas “o Senhor lhes acrescentava, dia a dia, os que iam sendo salvos” (At 2.47).
O crescimento da Igreja era proporcionado por Deus por uma razão fundamental – para
a Igreja crescer, o reino inimigo precisava retroceder. Desde a ressurreição e ascensão de Cristo
isso vinha acontecendo. O reino de Deus irrompia contra o reino usurpado por Satanás, pois
toda autoridade foi dada a Cristo sobre céus e terra (cf. Mt 28.18-20).
Dois textos que emolduram as leituras indicadas pelo guia desta semana apresentam que
o avanço da Igreja envolvia a batalha entre o reino de Deus e o reino de Satanás: 1) o da conversão
de Sérgio Paulo (At 13); 2) a última parada de Paulo antes de chegar a Roma (At 28).
A narrativa da conversão de Sérgio Paulo é marcante, pois é a primeira conversão de um
gentio em terras gentílicas. A casa de Cornélio, cuja conversão é narrada em Atos 10, foi em
território que pertenceu a Israel no Antigo Testamento (Judá e Samaria). Paulo Sérgio, no
entanto, foi alcançado pelo evangelho em Chipre. Por isso, Lucas, de forma brilhante, registra
que a primeira conversão em terras gentílicas foi marcada pela batalha entre o apóstolo Paulo e
Barjesus ou Elimas (cf. At 13.4-12). Este, apesar de seu nome judeu significar filho (bar) de Jesus
ou Josué, ao se opor à pregação do Evangelho e tentar dissuadir Paulo Sérgio, foi propriamente
identificado por Paulo como “filho do diabo” (cf. 13.10). A conversão do procônsul romano,
indicava que o reino de Deus triunfou sobre o reino de Satanás em sua primeira expansão sobre
terras gentílicas.
O restante do Livro de Atos demonstra que o reino de Deus não seria derrotado. Faltava,
como os últimos capítulos do livro indicam (22-28) alcançar o coração do império. No grande
projeto de Deus para que Paulo testemunhasse diante de César, diversas dificuldades se
revelaram na viagem do apóstolo, como prisioneiro, a Roma: uma tempestade, ventos contrários,
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indisposição dos navegantes e um naufrágio. Tudo isso seguido por uma víbora mordendo a mão
de Paulo quando este e os demais companheiros de viagem naufragados precisaram se refugiar
na ilha de Malta.
No entanto, nenhuma das artimanhas utilizadas por Satanás, quer por meio de Barjesus
ou por meio dos perigos da viagem a Roma, foi suficiente contra o avança do reino de Deus. Por
isso, Lucas encerra Atos dizendo que “[Paulo] pregava o Reino de Deus, e, com toda a ousadia,
ensinava as coisas referentes ao Senhor Jesus Cristo, sem impedimento algum”, isso já em Roma.

APLICANDO A LEITURA
1. Em quais momentos você enxergou a providência de Deus agindo na história da igreja narrada
em Atos, mesmo sem Deus ser mencionado como o agente imediato? Em que momentos você
enxerga a providência de Deus possibilitando oportunidades para que você testemunhe de
Cristo?

2. Por que o Evangelho enfrenta tanta oposição como narrada em Atos? Você enfrenta oposição
em sua vida por causa do Evangelho? Como a história da igreja primitiva te ajuda a continuar
testemunhando?
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3. A algo que te impede de testemunhar de Cristo? É algo de ordem pessoal (timidez, falta de
conhecimento bíblico, etc.) ou social (temor de rejeição ou perseguição)? Como você pode tratar
isso para que se alinhe a vontade divina para que pregue o evangelho?

4. Surgiu alguma dúvida sobre a leitura dos capítulos finais de Atos? Se sim, escreva para
geimar@ipsantoamaro.com.br

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