Ivar C. Pereira
Índice
1. Introdução ...................................................................................... 3
9. Bibliografia ...................................................................................... 78
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1 Introdução
1. Propósito
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Escrituras, pura e simplesmente, para entendermos plenamente acerca desta
revelação?
Esta pergunta tem pelo menos duas respostas. A primeira, é que, no que
diz respeito à salvação individual de cada homem, a revelação bíblica é
suficientemente clara e poderosa para alcançar todos os que estão perdidos
nos seus muitos delitos e pecados. Foi certamente isto o que Paulo quis
dizer quando afirmou o seguinte em sua carta aos Romanos: “Pois não me
envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo
aquele que crê...” (Rm 1:16). Ora, como a mensagem bíblica possui este
propósito maior, podemos afirmar que ela é sempre suficientemente clara e
poderosa para a “salvação de todo aquele que crê”.
Sobre esta questão específica, quero ilustrar o meu pensamento, contando
uma surpreendente experiência de minha própria vida. Em certa ocasião, há
alguns anos, quando conversava com alguns irmãos ao final de um culto
noturno de um domingo, um homem ainda jovem se aproximou de nós
com a seguinte pergunta: “Esta é uma igreja dos crentes em Jesus”? Fiquei
surpreso, e ao mesmo tempo curioso, e respondi, “sim, certamente que esta
é uma igreja dos crentes em Jesus”. E ao mesmo tempo, indaguei: Por que
você deseja saber isto? Ele imediatamente me respondeu contando a sua
surpreendente história.
Ele era um trocador de ônibus, e estava fazendo a sua última viagem
noturna em um domingo, quando, chegando à garagem, resolveu
inspecionar os bancos do seu ônibus, para ver se alguém havia se
esquecido de algum objeto. Para sua surpresa, encontrou uma Bíblia, que
ele logo se lembrou que deveria pertencer aos “crentes” que estavam nesta
sua última viagem. Resolveu guardá-la, para ver se encontraria seu dono
em uma viagem próxima. Como não consegui este objetivo, resolveu ler a
Bíblia, em suas horas de folga, começando (certamente pela graça de Deus)
a sua leitura pelo evangelho de Mateus.
Segundo ele, seu entusiasmo com a leitura foi aumentando, a medida que
lia cada evangelho, e podia entender muita coisa, na verdade o suficiente
para entender acerca da sua necessidade de um salvador. Assim, creu
nestas palavras de poder, e crendo, confessou e se arrependeu dos seus
pecados. Sentiu, nas suas palavras, uma grande paz no coração, e um
imenso desejo de conhecer uma igreja dos “crentes em Jesus”. E, desta
forma, lá estava ele naquela noite fazendo-nos aquela estranha pergunta.
Tudo isso aconteceu sem qualquer interferência de quem quer que fosse, o
que nos deixou maravilhados com o poder imenso da palavra de Deus.
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Fiz este relato para provocar você, que agora está lendo esta apostila,
com a seguinte pergunta: Então, não é necessário estudar a Bíblia; basta lê-
la com atenção e compreenderemos tudo o que Deus deseja que saibamos
para a nossa vida e para a nossa salvação? É claro que isto não é verdade, e
você vai saber a seguir acerca dos motivos pelos quais devemos estudar a
Bíblia com afinco, com oração, com disciplina e também, com uma
adequada metodologia. E esta será a segunda resposta à pergunta que fiz no
início deste tópico: “Não bastaria que lêssemos as Escrituras, pura e
simplesmente, para entendermos plenamente acerca desta revelação?”.
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No entanto, o versículo anterior não pode se constituir em motivo de
desânimo para nenhum de nós, pois o mesmo Espírito Santo que “moveu”
o coração de cada homem chamado para receber uma parcela de toda a
revelação divina (2 Pe 1:21), também nos ensina, iluminando o nosso
entendimento para que entendamos o necessário à nossa própria salvação,
ao nosso discipulado diário, e ao nosso amadurecimento na fé.
Desse modo, veremos a seguir, como podemos vencer todas estas
barreiras (pelo menos, em parte) e dificuldades mencionadas, e realizar um
estudo bíblico profundo e abençoador.
Assim, estes fatos, e muitos outros que ainda podem ser lembrados,
formam este “abismo hermenêutico”, ou seja, um abismo entre o “aqui e
agora” do momento em que vivemos e lemos o texto sagrado, e
procuramos entender o seu significado para nós hoje, e o “lá e então”, que
foi o momento em que este texto foi originalmente entregue, e possuía
apenas um sentido para cada receptor original da mensagem divina. E essas
são afinal, “as duas dimensões do estudo bíblico”, sobre as quais devemos
constantemente trabalhar.
O trabalho que devemos realizar para descobrir o sentido original do
texto sagrado (Lá e Então) é chamado de “exegese”, palavra cujo prefixo
“ex” significa “para fora de”, ou, “tirar de”, o que leva ao significado
etimológico de “retirar do texto o seu real significado”.
A exegese pode ser melhor definida, como sendo o “estudo cuidadoso e
sistemático da Escritura, para descobrir o significado original que foi
pretendido pelo autor de cada livro da Bíblia”. A exegese é a nossa
tentativa de “escutar” a Palavra conforme os destinatários originais devem
tê-la ouvido.
Aqui, nunca é demais reafirmar que a mensagem original recebida nos
“tempos bíblicos”, sempre foi uma ação direta de Deus, que em todo esse
tempo tomou a iniciativa de se revelar ao homem. Nesse sentido, vale
recordar o significativo texto encontrado em 2 Pe 1:21, cujas palavras são:
“... porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por
vontade humana; entretanto, homens santos falaram da parte
de Deus, movidos pelo Espírito Santo” ( 2 Pe 1:21).
Uma vez que entendemos que Deus resolveu se revelar ao homem
dentro do seu próprio contexto de vida, o trabalho maior do bom estudante
da Bíblia é descobrir qual foi esse contexto. Para isso, as seguintes
perguntas constituem-se em um guia seguro no trabalho da exegese bíblica:
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O que estava acontecendo no momento da revelação bíblica?
Qual era a cultura da época?
Qual era o sentido da literatura?
O que a língua significava?
Quando esse trabalho é realizado com cuidado, podemos avançar para o
“aqui e agora” (significado para nós, hoje, no tempo em que vivemos), que
é o trabalho da “hermenêutica” propriamente dita. A palavra
“hermenêutica” abrange primariamente o campo inteiro da interpretação,
inclusive a própria exegese. Entretanto, é também usada no sentido mais
restrito de “procurar a relevância contemporânea dos textos bíblicos”,
sendo essa a definição com a qual trabalharemos nesta apostila.
Creio, que com essas definições em mente, você está preparado para
aplicar alguns métodos de estudo que irão facilitar ainda mais a
compreensão do texto sagrado, pois esses referidos métodos formarão uma
“metodologia” que ficará guardada na sua mente no decorrer do estudo
bíblico.
3. Exercícios de Aplicação
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(l) Paulo era também, neste aspecto, exemplo de um cristão legitimamente
emancipado destes tabus, pois desfrutava plenamente da liberdade que
Cristo lhe concedera. Adaptava-se ao modo de viver dos judeus, quando se
achava numa sociedade judaica, tanto quanto, ao modo de vida dos gentios
quando vivia entre estes (1 Co 9:20-23). E isto não significava,
obviamente, a falta de um caráter cristão bem definido, e não era resultante
também, de uma personalidade volúvel que facilmente se adapta a qualquer
situação;
(m) Antes, esta liberdade que notamos em Paulo, devia-se a uma
personalidade cristã amadurecida, equilibrada, capaz assim, de gozar de
toda liberdade que lhe fora concedida pela graça de Deus. Entretanto, esta
liberdade sempre tinha para ele um importante limite, que era o interesse
maior da propagação do Evangelho, que visava o bem supremo daqueles
que eram por este alcançados;
(n) Este era um limite que ele próprio se impunha, pois sabia que nem
todos tinham a maturidade espiritual que ele já alcançara. Muitos eram
ainda, “débeis na fé” (vs. 1), imaturos e carentes de instrução, devendo,
portanto, serem acolhidos pelos demais com carinho, compreensão e muito
aconselhamento. Com esses, recomenda Paulo, deve-se evitar os debates
inúteis acerca de certas questões da vida cristã diária, para as quais eles não
estão ainda preparados;
(o) Esses são aqueles nossos irmãos sempre indecisos, sensíveis e cheios
de escrúpulos, que se deixam abater facilmente pela atitude livre e decidida
daqueles mais maduros, diante de situações que não representam realmente
qualquer desobediência à vontade de Deus1.
Sumarizando o que já vimos anteriormente, na época de Paulo, havia
duas áreas (entre muitas outras) que provocavam atitudes discordantes:
Uma era acerca do que se devia ou não comer (vs. 2), e a outra, referia-se à
observância religiosa de certos dias (vs. 5), considerados por alguns como
mais sagrados. Ambas, eram questões conflitantes (pois judeus e gentios
viviam lado a lado nas igrejas), provenientes do entendimento que alguns
judeus convertidos ainda possuíam acerca da observância destes aspectos
da legislação mosaica;
1
São muito importantes as palavras de William Hendriksen, acerca deste assunto à página 596 do seu comentário de Romanos:
“Ora, enquanto nenhuma significação ou mérito salvífico de qualquer espécie fosse atribuído à perpetuação de tais normas e
regulamentações, e nenhuma ofensa fosse atribuída, tal persistência em aderir ao antigo podia ser tolerada”. Os adeptos devem
ser tratados com amor e paciência. Esse foi o caso especialmente durante o que se pode chamar “o período de transição”
(Hendriksen, William, Editora Cultura Cristã, São Paulo, 2001).
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(p) A questão levantada pelo apóstolo é, assim, acerca da atitude a ser
obedecida por aqueles mais maduros na fé. Deveriam eles, no meio de tão
diversas convicções, pôr-se a debater estas questões polêmicas,
determinados a convencer os mais fracos do seu erro? As exortações
contidas neste capítulo, acerca destas questões, apontam para duas “marcas
do cristianismo”, que devem existir onde quer que se pretenda viver a fé
cristã de modo pleno: A “liberdade” e o “amor” que Jesus nos conquistou
na cruz;
(q) Liberdade para entender que somos livres para comer ou para beber,
contanto que o nome de Cristo não seja desonrado; amor para compreender
a fraqueza daquele irmão que está muitas vezes dando os seus primeiros
passos na fé, fraqueza esta, que deve ser entendida pelo nosso amor, que se
revela acolhedor, e que muitas vezes se priva até mesmo do que é lícito, em
amor por estes mais fracos.
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A lei foi e é a revelação da vontade de Deus para o homem; Cristo é a
revelação da sua graça soberana, na forma de uma dádiva que foi a vida do
seu próprio filho. No momento em que Cristo consumou a nossa salvação
por meio da sua morte e ressurreição, ele aniquilou a lei que tinha essa
função.
3.3 – Outros textos para exercícios de fixação
è Hb 10:32-39; Rm 12:1-3
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2 Partes Básicas do Estudo Bíblico
4
Citação retirada do livro “Métodos de Estudo Bíblico”, de Walter A. Henrichsen, pg. 62.
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(e) Qual? - Qual era o pano de fundo histórico? Qual era a situação das
pessoas envolvidas na revelação bíblica?
Nesta etapa você deve também assinalar os “limites” do contexto em
estudo, ou seja, você deve verificar qual é a porção do texto que fala sobre
um mesmo assunto. Em outras palavras, onde o seu texto começa, e onde
ele termina.
Cada observação deve ser cuidadosamente anotada (em uma tabela,
como exemplificado no final deste capítulo) para análise e comparação
posteriores.
(2ª) Interpretação – Esta parte responde à pergunta: “O que significa?”
(“Lá e Então”). Os dicionários definem a interpretação como “o ato ou o
processo de explicar; esclarecer o sentido de; dar uma explicação”. Nesta
parte do estudo da Bíblia, você procura explicar o sentido da passagem
(“Lá e Então”) e compreender o sentido que essas palavras tinham para o
escritor bíblico quando ele as comunicou às pessoas do seu tempo.
Aqui o intérprete focaliza o texto com perguntas como:
(a) Que significavam estes pormenores (que eu estou agora “observando”)
para as pessoas às quais foram dados originalmente?
(b) Qual a principal ideia que o texto está procurando comunicar?
(c) Qual foi o propósito do autor no texto que estou estudando?
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o tema do “amor cristão” encontra a sua excelência em 1 Co 13, e assim
por diante).
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Na parábola dos “dois filhos” (Mt 21:28-32), Jesus deixa bem clara esta
questão. O pai pediu ao primeiro filho que trabalhasse na vinha, mas ele se
recusou a ir. Mais tarde, mudou de ideia e obedeceu ao pai. O segundo
filho concordou prontamente quando foi solicitado, mas nunca se
apresentou para o trabalho. Jesus fez a aplicação desta parábola com a
seguinte pergunta: “Qual dos dois fez a vontade do pai?” (21:31a).
Ainda como parte do exercício dos conceitos anteriores, faça uma tabela
como a que segue, e procure sistematizar o seu estudo. Mas lembre-se,
você está, com este exercício, procurando estabelecer as “duas dimensões
do estudo bíblico”, ou seja, o “lá e estão” e o “aqui e agora”. A tabela que
segue procura apenas exemplificar como este exercício deve ser feito. Faça
a sua de modo mais completo possível.
è Exercícios de Aplicação
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OBSERVAÇÃO INTERPRETAÇÃO APLICAÇÃO CORRELAÇÃO
(Lá e Então) (Lá e Então) (Aqui e Agora)
O autor afirma que
Para responder à pergunta da
O texto inicia falando a “nuvem de
coluna anterior, temos que
(vs. 1) acerca de uma verificar em que “contexto” esta testemunhas” era
uma prova da
Rm 5:3-4;
“nuvem de referida expressão está inserida.
testemunhas”. O que o Logo aprendemos que o cap. 11 ação de Deus nos Tg 1:3-4;
autor desta carta quis Seus servos do
é onde está a “nuvem de 1:12;
dizer com esta passado, e um
testemunhas”, que são os heróis
expressão? da fé da Antiga Aliança forte motivo para a Ap 1:9;
nossa 2:2; 2:3; 2:19; 3:10;
perseverança,
atualmente.
(1) O vs.1 fala ainda da
necessidade de livrar- (1) Nos pecados que muitas Para viver uma (1) Rm 15:18;
nos de certos vezes cometemos; “vida cristã”
“embaraços” (tudo o vitoriosa (2) 2 Ts 3:14-15;
que nos atrapalha) que (2) Esses pecados se necessitamos de
nos assediam. constituem em “embaraços” em obediência à (3) 1 Pedro 1:22-23;
nossa caminhada cristã. Palavra de Deus e
(2) Em que o autor está do poder do
pensando exatamente (4) Romanos 15:13
Espírito Santo em
com estas palavras? nossas vidas.
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3 Regras Fundamentais de Interpretação
Quando estudamos a Bíblia devemos deixar que ela fale por si mesma,
sem lhe acrescentar ou subtrair nada.
Exemplo de interpretação com “omissão” e “acréscimo”: Gênesis 2:16-
17 e Gênesis 3:1-4. No primeiro texto, Deus estabelece que Adão e Eva
poderiam comer livremente do fruto de “toda árvore do jardim”. Mas do
fruto da “árvore do conhecimento do bem e do mal” eles não poderiam
comer. Uma penalidade foi por Deus imposta caso eles desobedecessem:
“No dia em que dela comeres, certamente morrerás”.
Satanás, conhecendo muito bem a ordem divina, tentou a mulher
generalizando a ordem divina: “É assim que Deus disse: Não comereis de
toda árvore do jardim?” (3:1). Eva respondeu distorcendo a ordem divina,
acrescentando que eles “nem poderiam tocar” no fruto daquela árvore
(3:3). Uma colocação como esta tende a tornar uma ordem sem sentido, ou
até mesmo ridícula.
Assim, Satanás responde, fazendo uma afirmação que “subtrai” a
verdade da ordem de Deus: “É certo que não morrereis” (3:4). Ou seja, ele
omitiu o fato de que a morte na Bíblia é tanto física (separação da alma do
corpo) quanto espiritual (separação entre o homem e Deus). Quando eles
desobedeceram, a morte física não ocorreu de imediato, mas a comunhão
que tinham com Deus (morte espiritual) ocorreu imediatamente.
Esta regra, no entanto, é principalmente aplicável às grandes verdades da
Bíblia e não apenas à versículos específicos.
Exemplo de um grande tema bíblico: “A segurança da salvação”
è Alguns versículos individuais sobre este tema: Gálatas 5:4 e Apocalipse
2:10
è O que diz a Escritura como “um todo” sobre esta questão? (Jo 10:27-29;
Ef 1:11-14; e, Rm 8:35-39).
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Ao estudarmos um capítulo ou um parágrafo da Bíblia, o contexto é o
primeiro lugar onde devemos procurar a interpretação.
Nos afazeres diários da vida, nenhuma pessoa séria pretende que o que
diz ou escreve tenha uma diversidade de sentidos. Ao contrário, deseja que
o sentido óbvio e verdadeiro seja compreendido por seus ouvintes ou
leitores;
Se você fosse dizer a um auditório: “Atravessei o oceano dos Estados
Unidos à Europa”, certamente não gostaria que interpretassem a sua
afirmação como significando que você atravessou as difíceis águas da vida
até o porto de uma nova experiência;
Para comunicar algo, você precisa presumir dois fatos igualmente
verdadeiros: (1º) Que o verdadeiro propósito da palavra é transmitir o
pensamento; e (2º) Que a língua é um meio de comunicação digno de
confiança;
Portanto, a interpretação literal, no contexto bíblico é a única
interpretação verdadeira. Se você não tomar literalmente a passagem
bíblica, todos os tipos de interpretação fantasiosa podem resultar disso.
Um grande exemplo de uma interpretação fantasiosa vem da própria
história da igreja, quando o grande servo de Deus, Aurélio Agostinho (354-
430 d.C.), resolveu interpretar a parábola do “Bom Samaritano” (Lc 10:30-
37) de modo alegórico.
Segundo ele, o homem atacado pelos ladrões simbolizava Adão (a
humanidade); Jerusalém simbolizava os céus e Jericó, o mundo; os ladrões,
o diabo e suas hostes; o sacerdote, a lei; o levita simbolizava os profetas e o
bom samaritano, Jesus Cristo; o animal sobre o qual foi colocado o homem
ferido simbolizava o corpo de Cristo (que suporta o Adão caído); a
hospedaria era um símbolo da igreja, e as duas moedas (dois denários), o
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Pai e o Filho; a promessa do bom samaritano de voltar era, também, um
símbolo da segunda vinda de Cristo.
Os reformadores reconheciam a natureza divino-humana das Escrituras
e, por esse motivo, defendiam a sua interpretação literal, enfatizando
também a importância da gramática e da história.
Assim, Lutero afirmou: “Nós devemos nos ater ao sentido simples, puro
e natural das palavras, como requerido pela gramática e pelo uso do idioma
criado por Deus entre os homens” (citação retirada do livro “Sola Scriptura
– A Doutrina Reformada das Escrituras”, Pg. 25).
Sobre esta mesma questão, João Calvino chegou a afirmar que a
interpretação alegórica era satânica, por desviar o homem da verdade das
Escrituras. Afirmou também que “é uma audácia próxima do sacrilégio
usar as Escrituras ao nosso bel-prazer e brincar com elas como com uma
bola de tênis, como muitos antes de nós o fizeram” (citação retirada da
mesma obra anteriormente mencionada, pg. 125).
Exemplos:
(a) Nos tempos medievais a Igreja ensinou o Celibato Clerical;
(b) Neste mesmo período medieval, a Igreja exaltou Maria à posição de
igualdade com Deus;
(c) Entretanto, a “história da Igreja” trouxe luz à diversas doutrinas bíblicas
fundamentais, tais como, a doutrina da “divindade de Cristo” e a doutrina
da “salvação pela graça”, através da fé.
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4 Método de Análise do Versículo
1. Definição
2. Objetivo
3. Etapas Básicas
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3.3 – Anotar todas as observações contidas no versículo estudado e,
também, possíveis aplicações. Anote dificuldades específicas de
interpretação, estabelecendo objetivamente qual é a dificuldade. Isto irá
facilitar o estudo posterior destas referidas dificuldades.
3.4 – Reescreva resumidamente cada ênfase do versículo estudado com
suas próprias palavras. Procure expressar nesta etapa, o cerne do
pensamento do autor, e, principalmente, a “ideia principal” que ele está
comunicando.
3.5 - Procure as referências bíblicas de cada ideia contida no versículo,
verificando se existe “outra ideia” parecida na Bíblia. Procure versículos
que ajudem a explicar, esclarecer ou ilustrar a ideia principal que o
versículo estudado transmite.
Ao proceder desse modo, você estará correlacionando seu texto com o
restante das Escrituras, e assim, esclarecendo ou enriquecendo o assunto
estudado.
3.6 - De todas as possíveis aplicações, escolha aquela que você sentiu,
entendeu ou percebeu que Deus quer que você execute em sua vida.
4. Aplicação Prática 1
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(4) Todas estas ordens vem acompanhadas de “termos modificadores”
è (O)
(a) Regozijai-vos sempre; (b) Orai sem cessar; e (c) Em tudo, dai graças
Dar graças (vs. 18) não é um dos meus pontos fortes. Tenho a tendência
de “resmungar” acerca de tudo; è (A)
Eu me “regozijo” (vs. 16) às vezes, mas nem sempre; è (A)
Costumo orar (vs. 17) com certa constância, mas não da forma como
aqui é ensinado (sem cessar); è (A)
Todos os “termos modificadores” (sempre, sem cessar, em tudo)
expressam a ideia de coisas contínuas, isto é, de que nunca haverá ocasião
em que essas ações não devam ser feitas. è (I)
5. Aplicação Prática 2
Procure exercitar o que foi anteriormente ensinado com o texto de 2 Pedro
1:19. Faça a tabela ensinada anteriormente, como forma de treinamento do
“lá e então” (exegese) e do “aqui e agora” (hermenêutica).
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“Temos, assim, tanto mais confirmada a palavra profética, e fazeis bem
em atendê-la, como a uma candeia que brilha em lugar tenebroso, até que
o dia clareie e a estrela da alva nasça em vosso coração...” (2 Pe 1:19).
Qual foi o tema tratado Um tema possível para estes versos é Qual é a importância destes João 5:39
neste texto (1:16-21), e a “superioridade da Palavra de fatos para nós hoje? Assim com
porque (lá e então) Pedro Deus”, que estava sendo distorcida (lá naquela ocasião, temos, “aqui e Atos 17:11
se preocupava com estes e então) por “fábulas engenhosamente agora”, muitos falsos mestres, e
fatos? inventadas” (1:16), introduzidas por muito ensino distorcido. Qual Romanos 15:4
falsos mestres daquela ocasião (2:1- deve ser então a nossa atitude
3). nesta questão? 2 Pedro 3:16
Pedro afirma ser O evento citado por Pedro (vs. 17-18), Esta é uma grande lição para
testemunha ocular do foi o da transfiguração de Jesus, nós hoje. A nossa única fonte de
poder, da vinda, e da quando estavam presentes os salvação, vida e direção, é Ele, Mateus 3:13-17
majestade de Jesus Cristo apóstolos Pedro, Tiago e João (Mt Jesus, e mais ninguém que
(vs. 1). Que evento real ele 17:1-5 e Lc 9:28-35). afirme algo de modo Marcos 9:2-8
cita para exemplificar sua Naquele evento, a principal “palavra” diferenciado do contido nas
afirmação? ouvida pelos discípulos foi a voz de Escrituras. Atos 4:12
Deus dizendo a respeito de Jesus:
“Este é o meu Filho amado, em quem
me comprazo; a ele ouvi”.
O evento do “monte da Acerca desta “Palavra” ele afirma, sua Nos nossos dias, a centralidade
transfiguração” (monte superioridade, centralidade e das Escrituras é um fato a ser
João 5:39
santo) é citado por Pedro inspiração divina, ensinando-nos com constantemente lembrado e
como mais uma uma frase curta, porém, importante: resgatado, pois as heresias que
2 Pedro 1:21
confirmação para a “fazeis bem em atendê-la” (vs. 19a). surgem baseiam-se na distorção
“palavra profética” (as do verdadeiro conteúdo da
Escrituras como um todo). Bíblia.
Pedro cria neste texto, três As metáforas são: (1) “uma candeia A “candeia que brilha” (a Bíblia) (1) Candeia que
metáforas com as quais ele que brilha”; (2) “O dia que clareia”; e, é que nos faz conhecer a brilha:
quer ensinar fatos (3) “A estrela da alva” (vs. 19a). A vontade de Deus para nossas
Mt 5:15; Lc 11:36
fundamentais da fé cristã. “candeia que brilha” é a Palavra de vidas, nos guiando hoje nas
Quais são estas metáforas, Deus (a Bíblia) que ilumina os lugares decisões que temos que tomar (2) Dia que clareia:
e o que Pedro pretendia tenebrosos do coração humano. “O dia (Sl 119:105), que nos levará
Rom 13:12-13
ensinar com elas? que clareia” é o dia da segunda vinda com segurança ao “dia que
de Cristo, quando então todo pecado clareia” (2ª Vinda de Cristo). (3) A estrela da alva
humano deixará de existir. “A estrela Tudo isso só é possível, por que
Nm 24:17; Ap 22:16
da alva” é a própria vida de Cristo em temos “a estrela da alva” (Cristo)
nossas vidas, fato que se tornará em nossas vidas, dando-nos
definitivo na sua 2º vinda. força, poder e vitória.
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Nos versos 20 e 21, Pedro O sentido é o de que a Bíblia é a Cumpre, portanto, a cada cristão
refere-se às Escrituras revelação da vontade de Deus para observar atentamente o que as 2 Timóteo 3:16;
como uma profecia no todo toda a sua criação, e assim, a palavra Escrituras nos ensinam, pois
do seu conteúdo. nela contida é uma profecia. estaremos então fazendo a Romanos 1:2;
vontade de Deus.
Como devemos entender
essa afirmação? Romanos 16:26
Quando Pedro diz (vs. 20) Assim, o que Pedro deseja ensinar Este fato nos dá a certeza de Gálatas 1:11;
que “nenhuma profecia da aqui, é que o conteúdo da Bíblia não que, ao lermos a Bíblia, não
Escritura provém de contém interferência humana, pois ela estamos lendo algo produzido Gálatas 3:8;
particular elucidação”, ele nos foi entregue por Deus, através de por homens, e, portanto, sujeito
está afirmando que nada homens que foram “movidos pelo a erros diversos. A Bíblia é 1 Pedro 1:12;
na Bíblia foi escrito porque Espírito Santo”, nas suas mentes e “inerrante”, porque foi produzida
alguns homens decidiram corações (vs. 21) pela vontade de Deus 1 Coríntios 15:54
produzi-lo por sí próprios.
6. Aplicação Prática 3
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5 Método Analítico
1. Definição
O “Método Analítico” é aquele que nos ensina a estudar o texto bíblico em
seus pormenores, examinando cuidadosa e completamente a passagem em
estudo, como se a observássemos através de um microscópio.
2. Objetivo
O principal alvo deste método é levar o estudante a compreender o que o
escritor bíblico tinha em mente quando escreveu sua mensagem original.
Assim, aprenderemos através deste método, a reconstruir, tão claramente
quanto possível, o pensamento original do autor.
3. Etapas Básicas
3.1 - Aplicar constantemente as quatro (4) partes básicas do estudo da
Bíblia (Observação, Interpretação, Correlação e Aplicação), após uma
leitura cuidadosa de todo o texto. Ao fazer este exercício você estará
realizando um trabalho de “exegese” e de “hermenêutica” com o texto em
estudo.
3.2 - Dar especial atenção (anotando com destaque) as “palavras-chaves”
ou “expressões-chave” encontradas no texto bíblico. Algumas vezes o
escritor bíblico usa uma palavra repetidamente (ex.: a palavra “livro” em
Ap 5); outras vezes encontramos o uso intensivo de metáforas (ex.: 2 Tm
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2:1-13) que formam a base do pensamento do autor. Em certos livros uma
“palavra-chave” é repetida muitas vezes, fato que devemos anotar na
coluna “observação”.
Como exemplo podemos citar o termo “melhor” ou “superior” que é
encontrado muitas vezes na carta aos Hebreus (1:4; 6:9; 7:7; 7:19; 7:22;
8:6; 11:16, 11:35 e 11:40), pois o autor compara ao longo desta carta as
“duas religiões” (judaísmo e cristianismo) que se apóiam historicamente na
revelação divina, demonstrando que o cristianismo é “superior” ou
“melhor” do que o judaísmo.
Assim, esses são alguns indícios que nos levarão a descobrir o
pensamento original do autor, levando-nos à “ideia central” da passagem
em estudo.
3.3 - Procure descobrir se o “fluxo de idéias” da passagem se dirige para a
exortação à ação ou para o ensino de doutrinas. Se for ação, concentra-se
nos verbos; se for doutrina, nos substantivos.
3.4 - Após descobrir a “ideia central” da passagem, desenvolva esta
referida ideia formulando um título para o estudo, o qual deve resumir o
“tema do texto” em estudo. Este referido tema nos ajudará a desenvolver o
estudo de modo claro e lógico.
3.5 - No desenvolvimento de estudo (principalmente quando da sua
aplicação a grupos de estudo), siga uma sequência lógica que deve ser
composta de no mínimo três (3) partes distintas: (a) Introdução, (b)
Desenvolvimento e (c) Conclusão e Aplicação. Estas partes formarão o que
se pode chamar de “esboço” do estudo bíblico.
4. Aplicação Prática 1
Preparar um estudo bíblico em forma de esboço, usando como texto básico
o capítulo dois (2) da primeira carta de Pedro è 1 Pedro 2:1-10
4.1- Palavras-Chaves ou Expressões-Chaves no texto:
(a) “a pedra que vive” (vs. 4);
(b) “a pedra angular” (vs. 6);
(c) “despojando-vos” (vs. 1);
(d) “crianças recém-nascidas” (vs. 2);
- 34 -
(e) “casa espiritual” (vs. 5).
4.2- Fluxo de idéias da passagem:
(a) Devemos então nos concentrar nos verbos (Pois trata-se de uma
passagem que exorta os leitores à ação)
(b) Alguns exemplos:
“Crescer” (vs.2);
“Chegar” (vs.4);
“Edificar” (vs. 5a);
“Oferecer” (vs. 5b)
4.3 - Ideia central da passagem:
“Como agora somos uma “casa espiritual” de Deus, devemos viver uma
vida cristã exemplar”.
4.4 - Título ou Tema:
“O Novo Estilo de Vida do Povo de Deus”, ou, “A Pedra que Vive”, ou,
“A Casa Espiritual da Nova Aliança”.
4.5 – Esboço do Estudo
(a) Tema: “A Casa Espiritual da Nova Aliança”
(b) Introdução
(2º) Prepará-los para que entendam o assunto – O que pode ser feito com
uma ligeira explicação do significado do texto, ou, do contexto, quando a
- 35 -
compreensão deste esclarece o sentido do estudo ou da mensagem como
um todo. Não deve ser esquecido o “pano de fundo” histórico de alguns
livros cujo conhecimento é essencial para o entendimento completo do
texto (ex.: Carta aos Hebreus, aos Gálatas, o Apocalipse, e etc.). O objetivo
da mensagem (ou estudo) deve ser sintetizado, para que os ouvintes saibam
antecipadamente qual é a proposição desta.
(c) Desenvolvimento
É neste tópico que o estudo (ou mensagem) tem a sua argumentação
desenvolvida, o que deve ser feito de forma lógica e sequencial. Na maioria
das vezes o próprio texto escolhido já contém divisões naturais que
acompanham o pensamento do autor bíblico, e, neste caso, esta será a
melhor forma de conduzir o estudo ou a mensagem (Ex: Rm 12:1-2).
(d) Conclusão e Aplicação
4.6 – Tabela da Exegese – Pratique a exegese deste texto (1Pedro 2:1-10)
com a aplicação das “quatro partes básicas” do estudo da Bíblia, como
exemplificado abaixo.
- 36 -
TEMA: A PEDRA QUE VIVE
1. INTRODUÇÃO
- 37 -
è(3º) Os três reis magos apresentados nos evangelhos como reis orientais
que vieram adorar o novo “rei dos judeus”, não teriam realmente existido,
pois os historiadores não veem base para tal história espantosa (pg. 43);
Como podemos entender este fato, e por que Jesus, a “pedra que vive”,
pode representar ao mesmo tempo ambos os extremos mencionados?
Veremos a seguir que esta é uma das características do Senhor Jesus ao
longo de toda a história da igreja. Ele se tornou um “divisor de águas” da
história humana, até mesmo em relação à cronologia desta, que após a sua
morte passou a ser feita através das abreviações a.C. e d.C. Entretanto,
aqui, neste texto, há algo de fundamental para o povo de Deus, pois o
apóstolo Pedro nos exorta a um novo estilo de vida, que tem nesta “pedra”
a sua razão fundamental de ser e existir. As suas sábias palavras a todos
nós são:
“Chegando-vos para ele, a pedra que vive, rejeitada sim, pelos homens, mas para
com Deus eleita e preciosa...” (vs. 4).
2. DESENVOLVIMENTO
- 38 -
Estudando com atenção o presente texto, vemos que o apóstolo Pedro
nos ensina os seguintes fatos acerca desta “pedra” eleita e preciosa:
è(1º) Esta “pedra” é, de um modo geral, “rejeitada pelos homens”, embora
eleita e preciosa para com Deus (vs. 4).
- 40 -
Assim, aprendemos aqui que Ele, Jesus, pode ser para o mundo ao qual
Ele foi enviado, tanto pedra angular, quanto pedra de tropeço, dependendo
da atitude de cada um em relação ao propósito eterno de Deus em colocá-lo
como o fundamento sólido e inabalável do Seu reino eterno.
Que são, do ponto de vista do reino, “os que crêem” e “os descrentes”
(vs. 7a). Para os primeiros, esta “pedra” é uma “preciosidade”, enquanto
que para os descrentes, ela se constitui em “pedra de tropeço” e “rocha de
ofensa”, por que são desobedientes à “Palavra” revelada por Deus em
Jesus. E essa desobediência à “Palavra” implica em rejeitar o único
caminho providenciado por Deus para a salvação do homem, ou seja, a
cruz de Cristo.
Foi essa a aplicação que o apóstolo Paulo fez em Rm 9:30-33 quando
ele explica a razão da incredulidade de Israel como nação e a sua
consequente rejeição da parte de Deus. Israel, diz Paulo neste texto,
buscava a justificação através das “obras de justiça”, e por este motivo,
“tropeçaram na pedra de tropeço” (Rm 9:32b). O que Paulo quis ensinar
neste texto, é que a “pedra angular” colocada por Deus em Sião era a obra
expiatória realizada por Jesus na cruz, o único e sólido fundamento (e por
isso uma pedra preciosa para os que crêem) para a salvação humana. Mas a
cruz tornou-se em “escândalo para os judeus” (1 Co 1:23), que não podiam
entender como o seu Messias prometido poderia morrer em uma sórdida
cruz, morte que a lei apontava como uma maldição (Dt 21:22-23). Assim,
tropeçaram no sólido fundamento colocado por Deus em Sião.
Esse é ainda o motivo pelo qual as pessoas hoje em dia “tropeçam”
nessa “pedra angular”, pois ela destrói os alicerces da nossa justiça própria,
quando nos revela que nada podemos fazer para alcançar méritos diante de
Deus, no que diz respeito à nossa salvação. Mas Paulo nos diz (Rm 9:33b)
que “aquele que nela crê não será confundido”, mostrando-nos que nessa
rocha (ou fundamento), eleita e preciosa, nós podemos descansar e
depositar realmente toda a nossa confiança.
è(5º) Esta “pedra” faz com que pessoas irremediavelmente perdidas e sem
esperança, como cada um de nós, possam agora ser declaradas povo de
Deus passando a viver sob a sua graça e misericórdia (vs. 9-10).
- 41 -
É interessante notar aqui, que todas as designações que o Velho
Testamento usa para Israel (Ex 19:5-6; Dt 7:6; Dt 14:2), o povo escolhido
de Deus, são agora usadas pelo apóstolo Pedro para a igreja, o único povo
de Deus na Nova Aliança. Assim, as “qualificações” aqui usadas nos
ensinam o que nós realmente somos agora diante de nosso Deus e Pai, e
demonstram o alto grau de responsabilidade da igreja perante aquele que a
chamou “das trevas para a sua maravilhosa luz”.
3. CONCLUSÃO E APLICAÇÃO
- 42 -
Escrituras. No último número da revista “Ultimato” (janeiro-
fevereiro/2003, pg. 28) foi transcrito um triste depoimento feito anos atrás
à revista “Isto É” (20/12/2000, pg. 90), que também transcrevemos aqui, tal
como originalmente publicado:
“No final de 2000, o apreciado teólogo, filósofo e psicanalista Rubem
Alves, autor de vários livros e professor na Unicamp, fez uma estranha
confissão: “Hoje, as idéias centrais da teologia cristã em que acreditei
nada significam para mim: são cascas de cigarras, vazias. Não fazem
sentido. Não as entendo. Não as amo. Não posso amar um Pai que mata
o Filho para satisfazer sua justiça”.
Nascido em lar evangélico, criado na Escola Dominical, bacharel em
teologia pelo Seminário Presbiteriano do Sul e ex-pastor da igreja
Presbiteriana de Lavras, MG (de 1959 a 1966), Rubens Alves muitas vezes
tomou o cálice da Ceia do Senhor e repetiu solenemente as palavras de
Jesus Cristo: “Isto é o meu sangue, o sangue da Aliança, que é derramado
em favor de muitos, para remissão dos pecados” (Mt 26:28). Agora, aos 69
anos, já não acredita no sacrifício vicário realizado por Jesus Cristo na
Sexta-Feira da Paixão.
Que a nossa decisão hoje seja depositar toda a nossa confiança nessa
“pedra angular eleita e preciosa”, “chegando-nos para ela, a pedra que
vive”. Foi ela que nos fez alcançar o abençoado “status” de “povo de
propriedade exclusiva de Deus”. Foi ela que nos trouxe a graça da vida e
da salvação. É ela que continua a ser a nossa rocha, o nosso refúgio, o
nosso escudo, e a força da nossa salvação.
Salmos 18:2 O SENHOR é a minha rocha, a minha cidadela, o meu
libertador; o meu Deus, o meu rochedo em que me refugio; o meu escudo,
a força da minha salvação, o meu baluarte.
(1 Pe 2:9-10)
- 43 -
“Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade
exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou
das trevas para a sua maravilhosa luz; vós, sim, que, antes, não éreis povo, mas,
agora, sois povo de Deus, que não tínheis alcançado misericórdia, mas, agora,
alcançastes misericórdia”.
6 Método Sintético
1. Definição
1.1 - O “Método Sintético” aborda cada livro da Bíblia como uma unidade
e procura entender o seu sentido como um todo, não se interessando pelos
pormenores, mas pelo escopo global do livro.
Com o “método analítico”, anteriormente estudado, nós olhamos para o
texto bíblico através de um microscópio. Neste método, o texto será olhado
através de um telescópio, ou seja, olhando o conteúdo como um todo, sem
maiores preocupações com detalhes.
1.2 - Usando a ilustração de uma biblioteca: na “abordagem sintética” nós
olhamos a biblioteca em conjunto; enquanto que, na “abordagem
analítica”, nós estudamos o conteúdo de cada livro.
2. Objetivos
2.1- Dar ao estudante uma visão geral de um livro da Bíblia, abordado por
este método como uma unidade completa. Assim, obtemos através desta
forma de estudo bíblico, uma “visão panorâmica” de cada livro da Bíblia.
- 44 -
2.2- O propósito deste método tem correlação direta com os métodos
anteriormente estudados, mas aqui a visão bíblica é sempre global. Assim,
procuraremos (através deste método) responder as perguntas tais como:
O que o escritor bíblico (movido pelo Espírito Santo) tinha em mente
quando escreveu seu livro?
Qual é o ”pensamento-chave” ou “ideia principal” do livro?
Qual era o “propósito original” do autor no seu livro, e como ele atinge o
seu objetivo?
3. Etapas Básicas
3.1- Aplicar constantemente as quatro partes básicas do Estudo da Bíblia
(observação, interpretação, correlação e aplicação, após uma leitura
cuidadosa de todo o livro.
3.2- Ler todo o livro com muita atenção, anotando “pensamentos-chave” e
“argumentos principais” que fluem pelo livro. Registre, também, lugares e
acontecimentos importantes relacionados no livro em estudo.
3.3- Faça um levantamento acerca do “pano de fundo” histórico do livro.
Isto o levará ao “pensamento central” do autor e, em consequência, ao
propósito e ao tema do livro.
3.4- Procure analisar o “conteúdo do livro” para determinar o “estilo”
usado pelo escritor. Alguns livros fazem uma “forte defesa” de um
determinado assunto (são livros “apologéticos”) como, por exemplo, a
carta aos Gálatas. Outros são “fortemente exortativos”, como, por exemplo,
a carta aos Hebreus. Outros, ainda, apresentam um “estilo lógico”, pois o
autor se move de forma a conduzir-nos à sua própria conclusão. O melhor
exemplo deste fato é o “estilo” de Paulo na sua carta aos Romanos.
3.5- Faça um “esboço” do seu estudo, no qual você procurará responder ás
seguintes perguntas principais:
(a) Quem Escreveu? (Autoria)
Como já vimos, o “estilo do livro” nos faz entender melhor acerca das
“motivações do autor”. A “estrutura” define como o autor desenvolve o seu
pensamento, e o “Conteúdo Teológico” por sua vez, nos conduz a um
melhor entendimento dos ensinamentos básicos do autor.
4. Aplicação Prática 1
Preparar um estudo bíblico da “carta aos Hebreus” segundo o “método
sintético”, elaborando um “esboço de estudo”, na forma preconizada neste
método.
- 46 -
A autoria da “carta aos Hebreus” é desconhecida (alguns especulam que
ela foi escrita por Paulo, ou Barnabé, ou Lucas, ou Apolo);
Entretanto, o escritor era alguém que conhecia profundamente o Antigo
Testamento, e de modo particular, o ritual levítico.
Como o “grego” desta carta é bastante “apurado”, supõe-se que ela foi
escrita por um “judeu helenista”, ou seja, um judeu nascido e criado no
“mundo grego” daquela época.
O escritor era ainda uma pessoa bastante familiarizada com seus leitores,
face às diversas citações de fatos específicos da comunidade a qual se
dirige (5:2; 6:9-10; 10:32-34; 13:18-19).
Era ainda alguém que conhecia bem a Timóteo (13:23), discípulo de
Paulo, sendo, portanto, um judeu contemporâneo desse e dos demais
discípulos e apóstolos de Jesus.
4.2 - Quando Escreveu? (Data)
Quais eram os fatos históricos por trás da Epístola aos Hebreus? O que
ocorria com os destinatários desta carta por ocasião da sua escrita?
O autor destaca dois fatos marcantes sobre a vida dos seus leitores:
- 47 -
è1º Fato: O seu passado espiritual
Entretanto, notamos ao longo desta carta que o autor passa deste “tema
geral” para um “tema particular”, que é o “sacerdócio de Cristo”.
Este passa a ser a “linha-mestra” ou o “pensamento-chave” do autor
nesta epístola.
Assim, cabe a pergunta: Por que o autor passou de um “tema geral” (o
cristianismo é melhor do que o judaísmo) para um “tema particular” (o
sacerdócio de Cristo)?
Qual é o objetivo da fé cristã? Resposta: trazer o homem de volta à
comunhão com Deus.
Que “ministério específico” torna possível alcançar esse propósito?
Resposta: É o “sacerdócio de Cristo”, pois foi sua “obra sacerdotal” que
removeu a “barreira do pecado” existente entre Deus e os homens.
4.5 - A quem Escreveu? (Destinatários)
Os leitores originais eram:
- 48 -
(a) Judeus “helenistas” convertidos ao cristianismo5. Observamos em hebreus,
que o autor concentra seus ensinamentos no culto do Antigo Testamento,
nas cerimônias levíticas, nas suas grandes figuras históricas, como Moisés,
Josué e Arão, e no “culto sacerdotal” da Antiga Aliança, repleto de
significados espirituais;
(b) Uma comunidade de cristãos autênticos (6:10; 10:32-34);
5. Aplicação Prática 2
5
“Judeus helenistas” – Judeus que viviam há muito tempo em um mundo de língua e cultura grega.
- 49 -
Preparar um estudo bíblico da “carta aos Gálatas” segundo o “método
sintético”, elaborando um “esboço de estudo”, na forma preconizada neste
método.
Tente realizar este estudo sozinho, segundo o que foi ensinado
anteriormente. Depois de encerrado, compare seu estudo com o realizado a
seguir. Creio que você já pode realizar algo até mesmo melhor do que o
exemplo a seguir.
INTRODUÇÃO PANORÂMICA
(a) Caracterização
- 50 -
Assim, temos que responder inicialmente a esta pergunta: Qual é a
característica marcante do livro de Gálatas? A resposta, muito conhecida
de todos nós, é que se trata de uma carta ou epístola do Novo
Testamento, que foram documentos escritos por vários servos de Deus,
em forma de carta daquela época, primeiro século da história da igreja;
- 51 -
Jesus. Segundo eles, era necessário que os gentios convertidos passassem
pela circuncisão e guardassem a lei de Moisés (At 15:1-5) para terem
então assegurada a sua salvação. Assim, esse ensino confrontava o
Evangelho pregado por Paulo, cuja base maior era a justificação apenas
pela graça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo (At 13:38-39; At 15:6-
11);
Esta é uma das poucas cartas do Novo Testamento sobre a qual quase não
existe debate acerca da autoria. A carta afirma ter sido escrita por Paulo
(1:1) tendo este dito ainda, na sua parte final, que a escreveu do seu
“próprio punho” (6:11); sua teologia é marcantemente paulina, apontando
para alguém que luta para defender a “verdade do evangelho” (2:5),
mostrando-se perplexo com a atitude de rejeição a esta verdade por parte
de seus ouvintes (3:1), a quem repreende com energia, mas ao mesmo
tempo com brandura e amor (4:19-20), lembrando-se que eles o haviam
recebido como um “anjo de Deus” em um momento difícil de enfermidade
(4:13-14). Enfim, esta é uma epístola que aponta para um único homem
dentro do cenário do Novo Testamento, homem este cuja personalidade
traz aqui, nesta carta, suas maiores marcas e características.
3. QUANDO E A QUEM ESCREVEU? (Data e Destinatários)
A data desta carta depende da compreensão que se tem acerca de quem
eram os Gálatas a quem Paulo dirige esta carta. Quando ele usou o termo
“Gálatas” (3:1), referia-se aos povos do Norte (Galácia étnica) ou aos do
- 52 -
Sul (Galácia política)? As “igrejas da Galácia”, a quem ele se dirige na
saudação inicial desta carta (1:2), pertencem à província romana da Galácia
(divisão política) onde Paulo realizou a sua primeira viagem missionária,
ou à Galácia étnica, que Paulo teria visitado por ocasião da sua segunda
viagem missionária?
Assim, com base nos questionamentos anteriores, se formaram duas
teorias acerca da data desta Epístola:
è (1ª) Teoria da Galácia do Sul – Data: Aproximadamente 48-49 d. C.;
è (2ª) Teoria da Galácia do Norte – Data: Aproximadamente 57 d. C.
- 53 -
Uma forma simples e objetiva de se chegar com segurança ao tema de
um livro da Bíblia, é procurar pelas ênfases maiores do autor neste livro
e suas maiores preocupações, quase sempre reveladas através de palavras
ou expressões-chave repetidas ao longo das argumentações do referido
autor;
Em Gálatas, uma das palavras mais utilizadas pelo apóstolo Paulo é o
termo evangelho, repetido como substantivo simples por onze vezes ao
longo desta Epístola (1:6, 7, 8, 9, 11; 2:2, 5, 7, 14; 3:8 e 4:13), e por mais
duas vezes, de modo indireto, como componente do verbo pregar (1:16,
23), totalizando assim, treze menções a esta palavra em uma carta com
apenas seis capítulos;
Assim, esse é o centro da preocupação de Paulo nesta carta, preocupação
revelada por expressões como, “outro evangelho” (1:6), “evangelho que
vá além do que vos temos pregado” (1:8), “evangelho que vá além
daquele que recebestes” (1:9). Esta é a grande luta de Paulo nesta carta,
luta esta que ele também revela através de expressões como, “... para que
a verdade do evangelho permanecesse ente vós” (2:5), e, “Quando,
porém, vi que não procediam corretamente segundo a verdade do
evangelho...” (2:14), e ainda, “Vós corríeis bem; quem vos impediu de
continuardes a obedecer à verdade?” (5:7);
Assim, o tema desta carta é algo que tem relação direta com esta
“verdade do evangelho” da qual Paulo faz uma intensa apologia nesta
epístola. Qual é então essa verdade no contexto desta carta? Para
responder a esta pergunta poderíamos partir de “trás para frente”, ou seja,
relembrar a principal motivação de Paulo ao escrever Gálatas, que foi a
de combater o falso ensino dos “judaizantes”. E este ensino, era
simplesmente o de que a obra de Jesus na cruz não era suficiente para a
salvação de quem quer que seja, pois a esta referida obra deveria ser
acrescentado o esforço humano de cumprir a lei mosaica, bem como de
realizar o sinal externo da circuncisão, característica marcante da Antiga
Aliança;
Assim, este ato estaria afirmando que qualquer um de nós poderia
realizar algo pela sua própria salvação, bastando o cumprimento de um
certo número de regras e leis estipuladas no Antigo Testamento. Foi
contra este fato que Paulo se revoltou, passando a ensinar enfaticamente
“que o homem não é justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em
- 54 -
Cristo Jesus” (2:16), sendo este ensino a “verdade do evangelho” que
Paulo ensina por toda esta epístola (2:21; 3:11, 4:2-6; 5:2-6; 6:14-16).
Portanto, resumindo, podemos dizer que o tema de Gálatas é o ensino de
Paulo acerca do “evangelho da justificação pela fé sem as obras da lei”,
verdade essa que poderíamos expressar de um modo mais
contemporâneo com as palavras a seguir:
Esta é uma das cartas mais apologéticas do Novo Testamento, pois faz uma
forte defesa da “verdade do evangelho”, lutando todo tempo para que esta
“verdade” seja firmada no coração dos seus ouvintes. É por este motivo
que esta epístola contém as mais enfáticas declarações sobre a “salvação
sem as obras” que se encontram nas Escrituras, tendo ela revolucionado o
pensamento de Martinho Lutero e influenciado decisivamente nas grandes
decisões por ele tomadas por ocasião da reforma protestante do século
dezesseis. Martinho Lutero chegou ao ponto de afirmar que se sentia “tão
casado com este livro, quanto estava casado com sua esposa Catarina”.
Ao desenvolver esta carta, Paulo o fez através da seguinte estrutura
básica:
è (1º) Abordagem Histórica (1:1-2:14) – Nestes dois capítulos iniciais,
mediante uma seleção de eventos de sua vida, o apóstolo se defende contra
a acusação, subentendida ou expressa, de que ele jamais teria recebido um
chamamento divino para o ministério apostólico, e que o seu evangelho,
consequentemente, não merecia crédito. Esta seção de Gálata é às vezes
conhecida como uma “autodefesa” de Paulo, acerca do seu apostolado e do
evangelho que ele pregava. Entretanto, estes capítulos representam muito
mais do que isto, e foi João Calvino quem muito habilidosamente explicou
este fato, com as seguintes palavras: “Lembremos, portanto, que na pessoa de
Paulo a verdade do evangelho foi atacada. Os assaltantes atacaram Paulo para
poderem destruir o seu evangelho. Eles concluíram que se o apostolado de Paulo
fosse de origem meramente humana, então o seu evangelho também seria uma
mera invenção humana”.
- 55 -
è (2º) Abordagem Doutrinária – Esta carta pode ser estruturada, de modo
resumido, da seguinte forma:
(a) Capítulos 1 e 2 – A Origem do Evangelho – Este não é de origem
humana, e, sim, divina, e, por essa razão, é completamente independente
das iniciativas humanas.
(b) Capítulos 3 e 4 – A Defesa do Evangelho – Tanto a Escritura, isto é, o
Antigo Testamento, quanto a vida (experiência, história passada) dão o
testemunho da sua veracidade.
(c) Capítulos 5 e 6 – A Aplicação do Evangelho – Ele produz a verdadeira
liberdade na vida dos que crêem. Paulo exorta assim, que os Gálatas
permaneçam firmes nas suas verdades, assim como o próprio apóstolo, que
afirma que se gloria apenas na cruz de Cristo (6:14-16).
Os claros objetivos desta carta podem ser resumidos nos seguistes pontos a
seguir, nos quais Paulo nos diz que escreveu Gálatas para:
è (1º) Opor-se à influência dos mestres judaizantes que estavam
procurando destruir a autoridade de Paulo, bem como, do evangelho por
ele pregado;
è (2º) Refutar os seguintes erros doutrinários que estes mestres ensinavam:
(a) Que a obediência à lei mosaica deveria ser acrescida à fé em Jesus
como condição básica essencial à salvação de quem quer que seja;
(b) Que o cristão é aperfeiçoado pela observância da lei de Moisés.
è (3º) Restaurar os Gálatas que tinham abandonado o caminho da graça de
Deus (5:2, 4).
- 56 -
crentes sinceros que corriam iminente perigo de decaírem do evangelho da
graça. Assim, temos que lidar com a questão sempre presente da
contextualização da mensagem desta carta, ou seja, da sua relevância para
os dias em que vivemos, para os quais as questões históricas levantadas
nesta epístola não mais possuem qualquer significado prático.
Assim, temos que entender, que a despeito do cenário histórico local já
ultrapassado, esta carta apresenta princípios bíblicos eternos, aplicáveis a
todos os cristãos de qualquer geração da história da igreja. Apenas como
exemplo, deveríamos recordar o papel representado por esta epístola por
ocasião da reforma protestante do século XVI, e em especial, sobre o
pensamento e sobre a teologia de Martinho Lutero. Na sua batalha feroz
contra as doutrinas papistas, ele considerava a atuação dos “judaizantes”
desta carta como exemplos dos legalistas na religião, e, portanto, como
exemplos de qualquer sistema religioso em que a aproximação de Deus
tenha como base exigências legalistas. Lutero sabia, por experiência
própria, que o sistema monástico da sua época representava uma
escravidão tão grande quanto a situação histórica confrontada por Paulo
nesta carta. A justificação pela fé foi a resposta de Paulo à sua época, sendo
esta, da mesma forma, a resposta de Lutero à sua própria geração.
A relevância de Gálatas se mantém de modo permanente em todas as
épocas, porque sempre existe a tendência das pessoas pensarem que a sua
salvação é algo que pode ocorrer por meio de suas próprias realizações.
Com muita frequência o cristianismo tem sido entendido como nada mais
do que um sistema de moralidade, como uma cuidadosa observação de um
sistema sacramental, ou como uma conformidade a padrões previamente
estabelecidos pela própria igreja.
Assim, ao estudarmos Gálatas com profundidade, poderemos aprender
porque esta carta pode ser considerada como uma das maiores âncoras da
fé cristã. Entre os princípios bíblicos eternos ensinados nesta epístola, os
que listamos a seguir certamente falam igualmente a todos os homens de
qualquer época, pois são ensinamentos divinos revelados diretamente pelo
Senhor Jesus ao apóstolo Paulo. Desta forma podemos destacar três
aspectos distintos desta carta que permanecem tão atuais agora quanto o
foram naquela ocasião:
è (1º) A carta aos Gálatas faz uma séria advertência contra o legalismo –
Os judaizantes da época de Paulo estavam tão condicionados a uma
abordagem legalista que não enxergavam os seus perigos e nem mesmo a
- 57 -
ameaça fatal que ela representava para o próprio cristianismo. Esta carta
contém um grande desafio a todos os que hoje fazem parte da igreja cristã,
no sentido de que examinem os seus princípios básicos de vida. Qualquer
abordagem do cristianismo que dependa da rígida observância de regras
externas, como meio de salvação, coloca-se dentro das mesmas condições
dos ouvintes originais desta epístola.
è (2º) A carta aos Gálatas contém um forte alerta contra a libertinagem dos
tempos modernos – Esta é outra forte tendência dos tempos modernos, ou
seja, considerar a liberdade individual mais importante do que qualquer
código de ética estabelecido pela sociedade humana. À primeira vista pode
parecer que as referências de Paulo à liberdade que obtivemos em Cristo
apóiam as reivindicações da liberdade individual. Entretanto, Paulo deixa
perfeitamente claro que essa liberdade que temos em Cristo, não pode
usada como ocasião para a carne (5:13), ou seja, para aquelas atitudes e
atos provenientes do egoísmo humano, que enxerga apenas a si mesmo, por
ainda viver em um estado decaído de corrupção moral. O antídoto de
Gálatas à libertinagem de nossos tempos é o exercício do amor (5:22), o
primeiro dos frutos do Espírito, uma vez que considera o serviço prestado
aos outros de maior valor do que a auto-satisfação (5:13-14).
è (3º) A carta aos Gálatas relembra-nos da importância da Escritura na vida
da igreja – Paulo utiliza as Escrituras de modo até intenso nesta carta, e
quando o faz, ele nos ensina o conceito de que quando a Escritura fala, ela
fala com a voz de Deus. A fórmula “está escrito”, é usada muitas vezes
nesta pequena carta (3:10, 13, 22; 4:22, 27, 30), ensinando-nos acerca de
onde realmente devemos procurar ouvir a voz de Deus.
- 58 -
7 Método Temático
1. DEFINIÇÃO
- 59 -
A “amplitude” do estudo temático dependerá da profundidade que se
deseja alcançar sobre um determinado assunto, e também, do tempo
disponível.
Como exemplo, se formos estudar acerca do “pecado” em toda a Bíblia,
esta seria uma tarefa colossal, que demandaria muito tempo; mas, se
limitássemos este estudo aos “ensinamentos de Jesus”, ou ainda, aos
ensinamentos do apóstolo João em sua primeira carta, a “amplitude” (e
também a profundidade) desse estudo se reduziria consideravelmente.
Ao se realizar um “estudo temático” deve-se tomar o cuidado de
considerar os diversos “termos com igual sentido” (termos ou palavras
cognatas) que uma determinada palavra possui no texto bíblico.
Assim, por exemplo, se formos realizar um estudo sobre o tema,
“mandamentos de Deus” no livro de Salmos, devemos considerar também,
os termos, “preceitos”, “juízos”, “lei”, “decretos”, e “prescrições” (Sl
119:2).
2. OBJETIVOS
3. ETAPAS BÁSICAS
- 60 -
leitura cuidadosa dos diversos versículos encontrados nos livros ou nos
capítulos onde se concentra o tema escolhido.
3.2 - Fazer um levantamento dos principais versículos ou capítulos que se
referem ao “tema” escolhido.
- 62 -
(2) Quais as conclusões a que chegamos que devemos ressaltar no
“fechamento” do estudo?
(3) Que aplicação prática podemos e devemos fazer às nossas vidas?
5. Aplicação Prática 2
Preparar um estudo bíblico sobre o seguinte tema: “Provações e Tentações:
Significados e Diferenças”.
(1) Levantamento dos “textos básicos” em Tiago: Tg 1:12-18; 1:2-4;
(2) Levantamento dos “textos básicos” em outros livros: Rm 5:3-5
(Provação); 1 Pe 1:6 (provação); Mt 26:41 (tentação); Hb 4:15
(tentação)
(Tg 1:12-18)
1. INTRODUÇÃO
Tiago complementa e aprofunda nestes versículos (vs. 12-18) a abordagem
já realizada acerca do tema, “provações na vida cristã” (1:2-4). Seu
enfoque agora muda, sempre abrangendo, entretanto, fatos práticos que
ocorriam em seu ministério de pastor e bispo da Igreja em Jerusalém. Em
meio às perseguições, tribulações e aflições daqueles dias, muitos sentiam-
se inclinados à “soluções” que fugiam aos ensinamentos da “Palavra”,
sendo tentados, caindo em ciladas, e afastando-se por vezes da comunhão
da Igreja.
O apóstolo Tiago quer alertá-los neste ponto, sobre um assunto
importante na vida cristã. Ele enfatiza com a expressão “não vos enganeis”
(vs 16), acerca da confusão reinante nas Igrejas do primeiro século no que
dizia respeito à origem das provações e tentações por que passavam
naqueles dias. Pensavam que ambas tinham a sua origem em Deus, o que
confundia o significado e propósito de cada uma, mas justificava suas
fraquezas quando tentados ou provados.
Como entender o significado e as diferenças entre as provações e
tentações? Porque esse entendimento é importante para o discipulado
- 63 -
cristão? Tiago preocupa-se, pois, em separar essas experiências (provações
e tentações), situando suas origens, propósitos e efeitos em nossa vida, de
forma a evitar qualquer engano da nossa parte, ao considerar que “tudo
provém de Deus”, não restando-nos por vezes qualquer alternativa de
vitória.
2. DESENVOLVIMENTO
- 65 -
Portanto, a conclusão de Tiago é óbvia: “... Deus mesmo a ninguém tenta”
(1:13b).
Sendo assim, qual é então a origem da tentação? Ele afirma que esta
tem a sua origem em nossa própria “cobiça” (vs. 14), ou “concupiscência”
(ARC) que significa no original grego (epithymia), um “desejo intenso e
ardente”, que surge em nosso íntimo e é acalentado por algum tempo. Este
desejo, segundo Tiago, atua no “velho homem” que persiste em nós, como
uma isca que atrai e seduz (engoda, engana), o peixe, enganando-o e
arrastando-o do seu meio. Esta é uma “linguagem de pescador”, mostrando
que a cobiça pode atuar em relação a qualquer área da nossa vida, seja ela a
área moral (sexual), material (riquezas), ou qualquer outra.
Neste ponto (vs. 15) Tiago utiliza ainda uma outra imagem, na qual
compara a cobiça a uma “mulher grávida”, que após o período da gestação
dá a luz um filho (pecado) que gera a morte, ou seja, separa o homem de
Deus. Assim, devemos entender que a cobiça é algo inerente ao homem
pecador, procede do seu coração, que deve ser guardado acima de tudo (Pv
4:23; Sl 139:23-24).
Este texto nos orienta, portanto, a evitar o engano (vs. 16) de confundir
estas duas experiências (provações x tentações), separando tudo que é mal,
que produz tentações, cuja origem é nossa própria cobiça, do que é bom,
que tem sua origem em Deus. Provações procedem de Deus, e são usadas
por Ele para a nossa edificação. Tentações procedem do nosso próprio
coração (cobiça), e são usadas por Satanás para nos derrotar.
Nesta parte final parece que Tiago quer ter a certeza de que seus leitores
não se enganarão nesta questão tão importante. Atribuir a Deus a “ação
maligna” de tentar as pessoas é um assunto por demais sério. Longe de
atrair para o pecado, Deus é o “referencial supremo” do bem, a fonte de
“todas as boas dádivas”. Tiago utiliza aqui uma “linguagem cosmológica”,
quando afirma que o único referencial do bem é o “Pai da luzes” (vs. 17),
ou seja, o “Pai dos astros e dos luminares” (Sl 136:7-9; Jr 31:35-36). É
possível que ele observasse os astros em uma bonita noite estrelada,
visualizando “variações” de trajetórias dos asteroides, ou, os movimentos
periódicos dos corpos celestes. Talvez, “sombra de mudança”, seja uma
referência às fases da lua, ou, à sombra projetada por um eclipse. De
qualquer forma, o que Tiago quer ressaltar é a “mutabilidade da criação”
- 66 -
(do cosmos) quando comparada com a “imutabilidade de Deus”. E
“imutabilidade” não pode de forma alguma ser confundida com
“imobilidade”. Deus é “imutável” em Seu caráter e em Sua essência, mas
age constantemente e de diversas maneiras em nossas vidas.
Aqui fica uma grande lição para nós: Se Deus é o “Pai das luzes”,
imutável em seu caráter, sem “sombras de mudança” em seu propósito,
logo Ele é o único referencial de vida no universo. Nesse caso nossa vida
só faz sentido quando vivida em função d’Ele, dentro de suas leis e
mandamentos (Sl 119:1-6).
Como evidência maior do que foi declarado no versículo 17, Tiago
apresenta a maior de todas as dádivas, ou seja, o “novo nascimento”: “Pois,
segundo o seu querer, ele nos gerou pela palavra da verdade...” (vs. 18a).
Deus agiu em nossa história, através do seu querer, gerando uma vida que
não existia. Como Ele realizou o seu propósito? O instrumento foi a
“Palavra da Verdade” (1 Pe 1:23-25), ou seja, o conjunto de toda a
revelação de Deus aos homens, que teve o seu ponto culminante na vinda
de Jesus (Hb 1:1-2). Toda essa revelação transmitida pelo Espírito Santo de
Deus aos seus profetas e servos, foram reunidos na Bíblia para que a
aceitação da sua mensagem, e o seu completo entendimento produzisse
(gerasse) em nós a maior dádiva de Deus, que é o “novo nascimento”. A
Bíblia em si mesma não pode ser tomada como um talismã milagroso,
como se apenas uma despretensiosa leitura produzisse efeitos
maravilhosos. Ela é a “palavra da verdade”, mas deve ser lida com fé para
que produza mudanças em nossas vidas.
Finalmente, se Deus agiu segundo o “seu querer”, usando como
instrumento do novo nascimento, a “palavra da verdade”, tinha
naturalmente um grande propósito. Este encontra-se no final do versículo
18: “... para que fôssemos como que primícias das suas criaturas”. A
palavra “primícias” é uma referência a uma das três maiores festividades
judaicas do Antigo Testamento, que era conhecida como “festa das
semanas” ou “dia das primícias” (Ex 34:22; Lv 23:9-14). Nela os israelitas
ofereciam o “primeiro feixe de cevada” como expressão de gratidão a Deus
pela colheita de cereais. As “primícias” das colheitas eram oferecidas no
segundo dia da “festa da Páscoa”, e nada da nova safra poderia ser usada
enquanto não se fizesse essa oferta (Lv 23:14). A ideia era a seguinte: A
safra era impura até que o seu produto fosse dedicado a Deus.
- 67 -
No Novo Testamento a palavra “primícias” é uma designação habitual
dos cristãos (Ap 14:4), dando a entender que somos oferecidos em louvor a
Deus como “primícias” da sua criação, como a melhor parte do seu plano
redentor, abrangendo e purificando todas as coisas (Rm 8:19-23). Por este
motivo, Tiago nos ensina que agora todos os que crêem foram gerados
como “primícias das suas criaturas”. Só o “querer de Deus”, pleno de graça
e misericórdia poderia fazer isso por mim e por você (Fp 2:13).
3. CONCLUSÃO E APLICAÇÃO
- 68 -
8 Método Biográfico
1. DEFINIÇÃO
1.1 - Método biográfico é aquele que aborda o estudo da Bíblia através das
biografias de seus principais personagens, procurando aprender através das
suas vidas e atitudes os ensinamentos e advertências contidos em suas
histórias, que Deus nos deixou nas Escrituras como exemplos (1Co 10:11).
- 69 -
“Estas coisas lhes sobrevieram como exemplos e foram
escritas para advertência nossa, de nós outros sobre quem
os fins dos séculos têm chegado” (1Co 10:11)
3. ETAPAS BÁSICAS
- 73 -
4.2 - O enfoque desejado para o estudo é acerca da fé que mudou a vida
desta famosa meretriz, tornando-a parte da própria genealogia de Jesus.
4.3 - Desenvolvimento do Estudo
(a) Tema: “Uma Vida Transformada pela Fé”
Raabe era uma prostituta da cidade de Jericó, situada além do rio Jordão
na terra de Canaã. Ela e outros integrantes da sua comunidade tinham
ouvido como Deus tinha permitido que os israelitas atravessassem o Mar
Vermelho em terra seca, e, também, como tinham derrotado os reis dos
amorreus (Js 2:9-11).
Quando os espias de Israel chegaram à sua porta, ela os acolheu em paz
e os escondeu do rei de Jericó, que buscava suas vidas. Ela mentiu aos
enviados do rei, dizendo que os espiões não estavam mais em sua casa, e
deu uma pista falsa aos homens de Jericó que os procuravam (Js 2:1-7).
Raabe pediu segurança aos espias de Israel, para si e para a sua família,
dando-lhes testemunho de que cria que o Deus de Israel era “Deus em cima
nos céus e embaixo na terra”, baseada no que tinha ouvido dos Seus atos
(Js 2:11-13).
Os espias, por sua vez, lhe prometeram salvamento se ela não revelasse
o paradeiro deles; a prova desse mútuo compromisso seria um cordão de
“fio de escarlata” que ela deveria pendurar à janela da sua casa (Js 2:14-
21).
A vida de Raabe foi poupada na queda de Jericó (Js 6:25) e mais tarde
ela se tornou “tataravó” do rei Davi, e assim, entrou para a genealogia de
Jesus (Mt 1:5).
Podemos observar desta narrativa, que Raabe, apesar da pouca
informação que possuía acerca de Deus, foi capaz de agir com fé (Hb
11:31), quando todos os demais habitantes de Jericó agiam com muito
medo. Esse é um grande exemplo para nós hoje, pois Deus não deu atenção
ao que ela era naquele momento (apenas uma prostituta) e sim, ao fato
maior de que ela creu.
- 74 -
Outro fato importante a ser registrado é o “olhar de Deus” para com
uma pessoa de má fama, uma “excluída” da sociedade humana. Esse foi o
“olhar de Jesus” durante o seu ministério terreno, quando transformou a
vida da mulher samaritana, quando perdoou a avareza e a vida de roubos de
Zaqueu, quando perdoou os pecados de Maria Madalena, e tantos outros
relatados nos Evangelhos. Esse “olhar divino” deve ser também o nosso
olhar hoje, para aqueles que nos cercam em iguais condições de exclusão.
(c) Desenvolvimento
Deus não olha para o homem perdido e pecador, como muitas vezes nós
olhamos. O Senhor vê o interior da alma, a sinceridade do coração, a
disposição em crer e obedecer;
- 75 -
Observamos nas atitudes de Raabe, que após crer, ela agiu; sua fé foi
assim, autenticada pelos seus atos, pelas suas ações, mostrando que agora
ela era realmente uma “nova criatura” (Tg 2:25);
Será que a nossa fé é realmente uma fé que age, que produz frutos, que
pode ser demonstrada pelas nossas ações (Tg 2:14-18)?
Temos aprendido a viver com o mesmo “olhar de misericórdia” com
que Deus olha a todos os “excluídos” do mundo em que vivemos, como
olhou um dia para Raabe há tantos anos atrás na história de Israel?
5. APLICAÇÃO PRÁTICA 2
Neemias viveu num momento histórico (445 a.C.) de grande aflição para o
seu povo. Exilados na Babilônia desde 605 a.C., o povo judeu vivia então
sob o domínio do império persa, que, a despeito da maior benevolência dos
seus governantes, quando comparados aos caldeus e medos, ainda
subjugavam o povo de Deus, cobrando entre outras coisas, pesados
impostos. Alguns anos antes (536 a.C.), o imperador Ciro havia libertado o
povo do cativeiro babilônico, publicando um decreto (Ed 1:1-3) em que
libertava-os do exílio, e incentivava-os a retornar a Jerusalém. Estava
criada, assim, a província de Judá, para onde retornaram alguns poucos
judeus em 536 a.C., liderados pelo governador Zorobabel. Anos mais tarde
(458 a.C.), o persa Artaxerxes liberou outra grande leva de judeus, que
retornaram sob a liderança do sacerdote Esdras. As dificuldades,
entretanto, eram inúmeras. O povo judeu vivia cercado de inimigos que
durante o seu exílio, passaram a dominar nesta região da palestina. Nada
conseguiam realizar na terra, e viviam momentos de grande miséria e
desprezo (Ne 1:2-3). Jerusalém estava assolada pelos inimigos, seus muros
derrubados, seu povo perdido e desorientado. Afastados de Deus, por
setenta anos de cativeiro, não sabiam a quem recorrer. Aqui, aparece
Neemias. O que motivou esse grande homem de Deus? O que fez dele um
dos maiores líderes de Israel? Como ele procedeu?
- 76 -
2. DESENVOLVIMENTO
- 77 -
“a boa mão do meu Deus era comigo” (2:8b), “o Deus dos céus é quem nos
dará bom êxito” (2:20), e “o nosso Deus pelejará por nós” (4:20b).
(4o) CAPACIDADE DE MOTIVAÇÃO – Neemias raramente agia
sozinho, e foi capaz de motivar o seu povo, fazendo com que trabalhassem
unidos em torno de um só ideal (2:17-18);
(5o) TEMOR DE DEUS – Mesmo algumas coisas que lhe seriam lícitas,
Neemias deixou de lado, pelo temor que tinha a Deus (Ne 5:14-18).
2.3 - DESAFIOS QUE FORAM ENFRENTADOS
(1º) ZOMBARIAS E DESPREZO (2:19-20; 4:1-5);
(2º) CILADAS DO INIMIGO – Intimidação, mentiras, profecias falsas e
intrigas (6:1-14);
(3o) AMEAÇAS DE ATAQUES ARMADOS (4:7-9);
(4º) DESVIOS DE CONDUTA DA PRÓPRIA LIDERANÇA (5:6-12).
2.4 - VISÃO ESTRATÉGICA DAS PRIORIDADES
Será que Neemias considerava que a reconstrução dos muros de Jerusalém
era toda a missão que recebera de Deus? Certamente que não. Este grande
líder possuía uma visão estratégica do Reino. Ou seja, ele sabia agir por
prioridades para alcançar o objetivo final, que era fazer retornar o povo de
Israel ao seu lugar de benção, de nação santa, de povo escolhido de Deus.
Neemias agiu desta forma, segundo sua visão estratégica de prioridades,
quais sejam:
(1a) RECONSTRUÇÃO DOS MUROS DE JERUSALÉM – Ponto vital
para tornar a cidade habitável, e assim, restaurar o culto e a própria nação
judaica. Neemias gastou apenas cinqüenta e dois (52) dias nesta primeira
etapa;
(2a) RESTAURAÇÃO DA PRÓPRIA CIDADE DE JERUZALÉM, DAS
SUAS INSTITUIÇÕES E SEGURANÇA INTERNA (7:1-4) ;
(3a) LEVAR O POVO A REENCONTRAR A LEI DE DEUS - Produzindo
arrependimento, confissão de pecados e renovação completa de vida (8:8-
10);
- 78 -
(4a) RESTAURAR ISRAEL AO SEU LUGAR DE “POVO DA
ALIANÇA” (9:34-38).
3. CONCLUSÃO E APLICAÇÃO
Bibliografia
6
A Sociedade Bíblica do Brasil lançou no corrente ano de 2003, a versão 3.0 desta sua Bíblia Online,
certamente com muito mais recursos que a anterior.
- 82 -
4. Biblos CR-ROM – Software de origem americana, comercializado no
Brasil sob licença PELA Editora Vida Nova, é um aplicativo de uso fácil,
que contém os seguintes principais recursos:
- 83 -
O “mundo evangélico” e o “ensino bíblico” vêm ultimamente
priorizando este poderoso recurso, e, atualmente, muito se pode aprender,
desde que se saiba onde encontrar material de boa qualidade. Aliás, este é
exatamente o problema de quem se dispõe a “navegar” nos milhares de
“sites” de que se compõe a INTERNET. Existe muita informação de “baixa
qualidade”, para usarmos uma expressão caridosa, misturada com alguma
boa informação, e, até mesmo, poucas informações de excelente qualidade.
Foi em busca dessa “excelente qualidade” que me propus a selecionar
“sites evangélicos” que contenham informações (Estudos Bíblicos,
Confissões de Fé da Igreja, Bíblias On Line gratuitas, Enciclopédias,
Dicionários Bíblicos, etc.) que produzam edificação na vida dos meus
alunos, e de quantos venham a se utilizar desta simples pesquisa. Procurei
atribuir uma classificação a cada site, variando de uma a cinco estrelas,
apenas como um recurso inicial de avaliação, que é, reconheço, um tanto
subjetivo, pois depende, entre outros fatores, do meu próprio gosto pessoal.
Espero contar com a cooperação futura de quantos se utilizarem deste
trabalho inicial, que pode vir a auxiliar aqueles que ainda estão dando seus
primeiros passos nesta área. Caso você conheça outros sites valiosos ao
estudo bíblico, e queira se comunicar comigo, ficarei feliz com a
contribuição, que, certamente, será de valia para muitos outros irmãos.
(Cotação: )
(Cotação: )
- 84 -
4. Site: www.yahoo.com - Site de busca e pesquisas, de origem
americana, com páginas traduzidas em português, e muitos recursos na
INTERNET.
(Cotação: )
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- 85 -
(Cotação: )
5. Site: www.thirdmill.org/portuguese - (Ministério Terceiro Milênio) –
Excelente site de teologia reformada que contém diversos e preciosos
estudos nas áreas de Apologética, Teologia, Teologia Pastoral, História da
Igreja e Bíblia em geral. Os autores destes estudos situam-se entre os mais
bem preparados na área teológica em nosso país. A grande novidade aqui, é
que este site tem versões nas línguas inglesa, espanhola, russa e chinesa,
com estudos preparados por autores desses respectivos países.
(Cotação: )
6. Site: www.e-sword.net - Bíblia Online gratuita, com muitos recursos
(porém, toda em Inglês), tais como, diversos comentários, léxicos do
hebraico e do grego, versão grega da Septuaginta, e muitas traduções da
Bíblia.
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- 86 -
(Cotação: )
- 87 -
15. Site: www.monergismo.com – Excelente Site contendo grande
quantidade de estudos bíblicos, os principais credos e confissões da história
da Igreja, e, excelentes recomendações de livros a serem lidos. A principal
e mais excelente característica deste site é que seus artigos e estudos são
todos de teologia reformada, o que já é um sinal de sua excelente
qualidade.
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- 89 -
Aula Data Planejamento Obs
nº
Introdução: “Por Que a Bíblia Precisa ser
1 01/08 1º e 2º
Estudada?” “Como a Bíblia deve ser estudada”?
Períodos
- 90 -
Aula nº Data Planejamento (Turma Setembro/2012) Obs
- 91 -