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Prefácio do Autor

E studar a Bíblia é algo que há muitos anos exerce um grande


fascínio sobre a minha vida, sendo este um dos motivos que me
levam a gastar muito tempo meditando, refletindo, orando e
estudando com empenho sobre este livro, que é a revelação de Deus para
nossas vidas.
Entretanto, aprendi há algum tempo, que estudar as Escrituras, com
disciplina, e com uma metodologia adequada, pode tornar este estudo ainda
mais fascinante, e, certamente, muito mais proveitoso.
O que você vai encontrar nas páginas a seguir é, em grande parte, a
minha própria experiência de ensinar a Bíblia por muitos anos, seja em
classes de Escola Dominical, seja, mais recentemente, no curso de
“Imersão Bíblica” do Seminário Teológico Escola de Pastores, onde venho
lecionando esta matéria por mais de oito anos. Assim, creio que este é o
momento oportuno para expressar minha gratidão ao referido Seminário,
pelo chamado e pela confiança demonstrada nesse meu ministério, fato que
me inspirou a escrever estas páginas que agora você tem em mãos.
No entanto, alerto desde já, que estas são páginas escritas ainda de
modo “incipiente”, ou seja, esta é ainda uma primeira experiência de
colocar no papel algo que de há muito está na minha mente. Por este
motivo, você certamente encontrará muitas falhas, que, pretendo, sejam
corrigidas com o tempo, e com a ajuda das muitas críticas construtivas que
certamente receberei.
Por último, quero enfatizar que o propósito único deste material é ajudar
meus alunos a estudar as Escrituras com mais proveito, para que as suas
vidas sejam abençoadas e para que sejam eles próprios, bênçãos para as
suas igrejas e para o reino de Deus.
Que este propósito se cumpra na vida de cada um será a minha maior
alegria, e a realização maior deste ministério que Deus tem me confiado.

Ivar C. Pereira
Índice

1. Introdução ...................................................................................... 3

2. Partes Básicas do Estudo Bíblico ................................................... 16

3. Regras Fundamentais de Interpretação .....................................................


21

4. Método de Análise do Versículo ....................................................... 26

5. Método Analítico .............................................................................. 32

6. Método Sintético .............................................................................. 43

7. Método Temático ............................................................................. 58

8. Método Biográfico ........................................................................... 68

9. Bibliografia ...................................................................................... 78

10. Apêndice A: Sugestões para uma Pequena Biblioteca .................. 79

11. Apêndice B: Recursos Digitais no Estudo da Bíblia ..................... 80

12. Apêndice C: Recursos de Estudo na Internet ................................ 82

13. Planejamento do Curso ................................................................... 88

-2-
1 Introdução

1. Propósito

O propósito e a ênfase desta apostila é ao mesmo tempo simples e


complexo. Por mais paradoxal que seja esta colocação, creio que
ela é realmente verdadeira, pois este referido propósito é ensinar
ao estudante da Bíblia a pensar “exegeticamente”. Já aqui reside a primeira
e grande dificuldade, pois, possivelmente, você perguntaria o que isso
realmente significa. Mas, após um bom entendimento deste termo, você
certamente passará a considerar esta tarefa como “simples” de ser
entendida.
Entretanto, posso afirmar que esta é verdadeiramente uma tarefa
absolutamente necessária, embora por vezes, seja também bastante
complexa. Mesmo assim não devemos desanimar diante desta afirmação,
pois a tarefa mais básica da “exegese”, bem como, a posterior realização de
uma “boa e correta hermenêutica” não é algo absolutamente distante do
estudante comum, mesmo daquele ainda em fase bem inicial de
conhecimentos básicos acerca dos ensinamentos bíblicos.
Isso, é claro, no pressuposto de que certos conceitos básicos sejam bem
entendidos no que se refere a sua aplicação ao texto bíblico. E são estes
conceitos, o alvo principal desta introdução, quando você vai aprender com
profundidade acerca das estranhas palavras (exegese, hermenêutica) que
acabamos de usar, e, principalmente, o “porque” da necessidade de se
estudar a Bíblia.

2. Como A Bíblia Deve Ser Estudada

2.1 – O “Porque” do Estudo da Bíblia

S e entendemos a Bíblia como sendo a “revelação que Deus faz de si


mesmo ao homem” (Hb 1:1-2; 2 Pe 1:20-21), revelação esta que tem
o propósito maior de fazer com que a criatura conheça perfeitamente
o seu Criador e a Sua santa vontade, então, não bastaria que lêssemos as

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Escrituras, pura e simplesmente, para entendermos plenamente acerca desta
revelação?
Esta pergunta tem pelo menos duas respostas. A primeira, é que, no que
diz respeito à salvação individual de cada homem, a revelação bíblica é
suficientemente clara e poderosa para alcançar todos os que estão perdidos
nos seus muitos delitos e pecados. Foi certamente isto o que Paulo quis
dizer quando afirmou o seguinte em sua carta aos Romanos: “Pois não me
envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo
aquele que crê...” (Rm 1:16). Ora, como a mensagem bíblica possui este
propósito maior, podemos afirmar que ela é sempre suficientemente clara e
poderosa para a “salvação de todo aquele que crê”.
Sobre esta questão específica, quero ilustrar o meu pensamento, contando
uma surpreendente experiência de minha própria vida. Em certa ocasião, há
alguns anos, quando conversava com alguns irmãos ao final de um culto
noturno de um domingo, um homem ainda jovem se aproximou de nós
com a seguinte pergunta: “Esta é uma igreja dos crentes em Jesus”? Fiquei
surpreso, e ao mesmo tempo curioso, e respondi, “sim, certamente que esta
é uma igreja dos crentes em Jesus”. E ao mesmo tempo, indaguei: Por que
você deseja saber isto? Ele imediatamente me respondeu contando a sua
surpreendente história.
Ele era um trocador de ônibus, e estava fazendo a sua última viagem
noturna em um domingo, quando, chegando à garagem, resolveu
inspecionar os bancos do seu ônibus, para ver se alguém havia se
esquecido de algum objeto. Para sua surpresa, encontrou uma Bíblia, que
ele logo se lembrou que deveria pertencer aos “crentes” que estavam nesta
sua última viagem. Resolveu guardá-la, para ver se encontraria seu dono
em uma viagem próxima. Como não consegui este objetivo, resolveu ler a
Bíblia, em suas horas de folga, começando (certamente pela graça de Deus)
a sua leitura pelo evangelho de Mateus.
Segundo ele, seu entusiasmo com a leitura foi aumentando, a medida que
lia cada evangelho, e podia entender muita coisa, na verdade o suficiente
para entender acerca da sua necessidade de um salvador. Assim, creu
nestas palavras de poder, e crendo, confessou e se arrependeu dos seus
pecados. Sentiu, nas suas palavras, uma grande paz no coração, e um
imenso desejo de conhecer uma igreja dos “crentes em Jesus”. E, desta
forma, lá estava ele naquela noite fazendo-nos aquela estranha pergunta.
Tudo isso aconteceu sem qualquer interferência de quem quer que fosse, o
que nos deixou maravilhados com o poder imenso da palavra de Deus.
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Fiz este relato para provocar você, que agora está lendo esta apostila,
com a seguinte pergunta: Então, não é necessário estudar a Bíblia; basta lê-
la com atenção e compreenderemos tudo o que Deus deseja que saibamos
para a nossa vida e para a nossa salvação? É claro que isto não é verdade, e
você vai saber a seguir acerca dos motivos pelos quais devemos estudar a
Bíblia com afinco, com oração, com disciplina e também, com uma
adequada metodologia. E esta será a segunda resposta à pergunta que fiz no
início deste tópico: “Não bastaria que lêssemos as Escrituras, pura e
simplesmente, para entendermos plenamente acerca desta revelação?”.

2.2 – As Dificuldades do Estudo da Bíblia

D eus escolheu revelar-se ao homem pecador, dentro do contexto da


sua própria história (a história humana), escolhendo para isso,
homens, que, ao longo de muitos anos viveram suas vidas em
diferentes circunstâncias, culturas e línguas.
Assim, quando desejamos entender com profundidade a mensagem do
texto sagrado, devemos entender também, o contexto em que essa
mensagem alcançou cada um dos respectivos mensageiros (os receptores
originais da Palavra revelada), bem como, os povos, pessoas ou
comunidades aos quais a mensagem bíblica foi originalmente dirigida.
E esse fato, não se constitui na única barreira à nossa plena compreensão
da Bíblia, pois, o maior entrave, é, certamente, o nosso próprio pecado, que
turva ou embaça a nossa visão acerca das realidades espirituais do reino de
Deus.
O apóstolo Paulo, dirigindo-se à igreja de Corinto na sua primeira carta,
disse as seguintes palavras:
“Porque, agora, vemos como em espelho, obscuramente; então,
veremos face a face. Agora, conheço em parte; então, conhecerei
como também sou conhecido”. (1 Co 13:12).
O que Paulo quis ensinar com estas palavras, foi que, agora, no
momento em que vivemos (“agora”) no qual ainda carregamos um “corpo
do pecado” (uma natureza decaída pela ação do pecado) em nossas vidas
(Rm 6:6), tudo o que conseguimos é uma visão “como em espelho,
obscuramente” das realidades celestiais (2 Co 3:18). Mas, chegará o
momento (“então”), quando tomarmos posse do reino, em que “veremos
face a face” e não mais apenas “em parte” e “obscuramente”.

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No entanto, o versículo anterior não pode se constituir em motivo de
desânimo para nenhum de nós, pois o mesmo Espírito Santo que “moveu”
o coração de cada homem chamado para receber uma parcela de toda a
revelação divina (2 Pe 1:21), também nos ensina, iluminando o nosso
entendimento para que entendamos o necessário à nossa própria salvação,
ao nosso discipulado diário, e ao nosso amadurecimento na fé.
Desse modo, veremos a seguir, como podemos vencer todas estas
barreiras (pelo menos, em parte) e dificuldades mencionadas, e realizar um
estudo bíblico profundo e abençoador.

2.3 – As Duas Dimensões do Estudo Bíblico

V imos, anteriormente, que são muitas as dificuldades que nos


separam de uma plena compreensão da mensagem bíblica.
Queremos citar apenas algumas, a título de ilustração, e, para
melhorar a nossa compreensão deste fato, gostaria de criar aqui uma
imagem metafórica, na qual estas referidas dificuldades compõem o que
poderíamos chamar de um “abismo hermenêutico” que nos separa de um
bom entendimento do texto sagrado. Para isso, acompanhe na figura 1 (no
final deste capítulo), o que eu gosto de chamar de “as duas dimensões do
estudo bíblico”. Em primeiro lugar, vamos definir exatamente, o que
abrange esse referido “abismo”. Logo veremos que ele se compõe dos
seguintes fatos principais:
 A cultura dos povos por ocasião de cada porção da revelação;
 O tempo decorrido entre nós e o momento de cada mensagem bíblica;
 As línguas faladas (hebraico, aramaico, grego) em cada época distinta
da revelação divina;
 A forma literária (narrativas, poesias, profecias, epístolas, parábolas,
etc.) que compõe cada parte do texto sagrado;
 A situação de vida (estavam em paz ou em guerra, exilados, dominados
por outros povos, eram peregrinos, ou já possuíam uma pátria, e etc.) de
Israel e de cada nação ou comunidade recebedora da mensagem sagrada;
 Os Impérios dominantes por ocasião da revelação do texto sagrado (por
exemplo, o domínio dos Caldeus, com Nabucodonozor e vários outros reis
Caldeus, na época do profeta Daniel, o domínio dos Medo-Persas, com
Ciro e Dario, por ocasião do fim do exílio babilônico, o domínio de
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Alexandre o Grande, imperador macedônico que impôs a cultura grega
cerca de 300 anos a.C.).
 Este é certamente um fato que pode afetar grandemente a nossa
compreensão dos fatos relatados na Bíblia. Devemos tentar compreender
como o domínio destes impérios mudou a situação de vida daqueles que
receberam a revelação de Deus em momentos de grande tensão, dominados
que estavam por nações que impunham suas culturas, línguas, e outros
fatos mais a serem analisados.

Assim, estes fatos, e muitos outros que ainda podem ser lembrados,
formam este “abismo hermenêutico”, ou seja, um abismo entre o “aqui e
agora” do momento em que vivemos e lemos o texto sagrado, e
procuramos entender o seu significado para nós hoje, e o “lá e então”, que
foi o momento em que este texto foi originalmente entregue, e possuía
apenas um sentido para cada receptor original da mensagem divina. E essas
são afinal, “as duas dimensões do estudo bíblico”, sobre as quais devemos
constantemente trabalhar.
O trabalho que devemos realizar para descobrir o sentido original do
texto sagrado (Lá e Então) é chamado de “exegese”, palavra cujo prefixo
“ex” significa “para fora de”, ou, “tirar de”, o que leva ao significado
etimológico de “retirar do texto o seu real significado”.
A exegese pode ser melhor definida, como sendo o “estudo cuidadoso e
sistemático da Escritura, para descobrir o significado original que foi
pretendido pelo autor de cada livro da Bíblia”. A exegese é a nossa
tentativa de “escutar” a Palavra conforme os destinatários originais devem
tê-la ouvido.
Aqui, nunca é demais reafirmar que a mensagem original recebida nos
“tempos bíblicos”, sempre foi uma ação direta de Deus, que em todo esse
tempo tomou a iniciativa de se revelar ao homem. Nesse sentido, vale
recordar o significativo texto encontrado em 2 Pe 1:21, cujas palavras são:
“... porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por
vontade humana; entretanto, homens santos falaram da parte
de Deus, movidos pelo Espírito Santo” ( 2 Pe 1:21).
Uma vez que entendemos que Deus resolveu se revelar ao homem
dentro do seu próprio contexto de vida, o trabalho maior do bom estudante
da Bíblia é descobrir qual foi esse contexto. Para isso, as seguintes
perguntas constituem-se em um guia seguro no trabalho da exegese bíblica:
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 O que estava acontecendo no momento da revelação bíblica?
 Qual era a cultura da época?
 Qual era o sentido da literatura?
 O que a língua significava?
Quando esse trabalho é realizado com cuidado, podemos avançar para o
“aqui e agora” (significado para nós, hoje, no tempo em que vivemos), que
é o trabalho da “hermenêutica” propriamente dita. A palavra
“hermenêutica” abrange primariamente o campo inteiro da interpretação,
inclusive a própria exegese. Entretanto, é também usada no sentido mais
restrito de “procurar a relevância contemporânea dos textos bíblicos”,
sendo essa a definição com a qual trabalharemos nesta apostila.
Creio, que com essas definições em mente, você está preparado para
aplicar alguns métodos de estudo que irão facilitar ainda mais a
compreensão do texto sagrado, pois esses referidos métodos formarão uma
“metodologia” que ficará guardada na sua mente no decorrer do estudo
bíblico.

3. Exercícios de Aplicação

3.1 - Texto para estudo: è Romanos 14:1-5 e 15:1


(a) O primeiro passo do estudo bíblico é realizar uma leitura atenta do
texto proposto. Faça isso agora, prestando toda atenção aos detalhes dados
pelo autor bíblico. Anote suas observações em um local apropriado;
(b) Agora vamos exercitar a “primeira dimensão” do estudo bíblico (“Lá e
Então”), ou seja, vamos realizar a exegese deste texto. Uma primeira
pergunta a ser feita é: “O que estava ocorrendo na igreja de Roma que
levou a apóstolo Paulo a fazer as recomendações contidas nestes textos
(Rm 14:1-5 e 15:1)?”.
b1 - “Acolhei ao que é débil na fé, não, porém, para discutir
opiniões” (14:1);
b2 - “Ora, nós que somos fortes devemos suportar as debilidades
dos fracos e não agradar-nos a nós mesmos” (15:1).
(c) Aqui, as perguntas exegéticas devem ser:
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 Quem era o “débil na fé” (lá e então, naquela ocasião) e porque deviam
ser “acolhidos”?
 Quem eram os “fortes na fé” e porque deviam eles suportar as
“debilidades” dos fracos? (15:1).
(d) Da leitura atenta do texto, você certamente destacou o que está contido
em dois versículos fundamentais na exegese deste texto, que são:
d1 - “Um crê que de tudo pode comer, mas o débil come legumes” (14:2);
d2 - “Um faz diferença entre dia e dia; outro julga iguais todos os dias. Cada um
tenha opinião bem definida em sua própria mente” (14:5).
(e) Estes dois versículos destacam duas pessoas, ou, dois grupos distintos.
O primeiro grupo cria que podia comer de tudo e julgava igual “todos os
dias”. O segundo grupo, só comia legumes, e fazia diferença entre “um dia
e o outro dia”, ou seja, alguns dias eram bem mais importantes para eles do
que os demais. As perguntas que devemos fazer aqui são:
e1 - Quem eram as pessoas que compunham esses dois grupos?; e,
e2 - Porque alguns tinham severas restrições e os demais demonstravam
ausência de restrições no tocante aos fatos mencionados (comer de tudo e
guardar determinados dias)?
(f) Ao estudar um versículo ou um texto em separado do seu contexto
maior, que nesse exemplo é a carta aos Romanos, devemos ter o cuidado
de estudar também esta carta como um todo.
E, nesse caso, aprenderemos que esta carta foi originalmente dirigida à
igreja de Roma, a qual era composta de judeus e gentios convertidos, os
quais certamente se reuniam nos cultos de adoração e louvor da igreja
como um todo.
Este fato ocorria na maior parte das igrejas da era apostólica, e,
certamente, se constituía em uma dificuldade nos relacionamentos entre os
seus membros.
Os judeus convertidos continuaram por algum tempo seguindo a Lei
prescrita na “Torah” (a lei mosaica), a qual determinava (nas leis
cerimoniais) que não comessem da carne de certos animais impuros, e que
observassem também, certos dias sagrados (como o sábado, a páscoa, as
festas das “primícias”, dos “tabernáculos”, e outras mais).
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Os gentios, no entanto, haviam entendido que toda esta legislação (no
que se refere às leis cerimoniais) havia se cumprido em Cristo, quando este
morreu na cruz por todos nós;
(g) Assim, o apóstolo Paulo considera os judeus como “fracos na fé”
(imaturos na fé), por ainda não terem compreendido esta questão, e, como
“fortes na fé” (maduros, espiritualmente falando) aos demais (geralmente
os gentios) que entendiam plenamente acerca da sua plena liberdade no
tocante a estes fatos;
(h) Neste ponto, você acabou de realizar um bom trabalho de exegese
destes versículos. Entretanto, a nossa tarefa não está ainda terminada. Resta
realizar a “segunda dimensão” do estudo bíblico que implica no “Aqui e
Agora”, ou seja, no trabalho de descobrir a “relevância contemporânea”
dos textos em estudo (trabalho que se chama de hermenêutica, no sentido
restrito que usamos nesta apostila);
(i) Novo Testamento Jesus declarou limpos todos os alimentos, ensinando-
nos que não é o que entra no homem (o que come ou deixa de comer) que o
contamina, mas sim o que sai através da sua boca, porque provém do
coração, onde residem os “maus desígnios” do homem decaído (Mc 7:14-
23).
Mas, nem mesmo os discípulos na ocasião destes ensinamentos, foram
capazes de entender plenamente o significado destas palavras, e anos mais
tarde, o apóstolo Pedro demonstrou como era difícil para os judeus
aceitarem as plenas implicações contidas neste ensinamento de Jesus (Gl
2:11-21; At 10:9-16; 11:1-18);

(j) Assim, podemos entender que eles, os judeus-cristãos da época de


Paulo, não haviam entendido plenamente que a morte de Cristo na cruz
cumpriu, e com isso aboliu todas as “sombras” e as “figuras” da legislação
mosaica do Antigo Testamento (Hb 8:1-5; 10:1-4; Ef 2:13-16), bem como,
obviamente, todas as “normas humanas” que haviam sido incorporadas a
esta;
(k) Portanto, nestes capítulos (14:1-15:13), Paulo passa a tratar desta
questão de grande importância, referente aos que compartilham a mesma fé
em Cristo. É a questão da liberdade que temos em Cristo, de desfrutar do
que nos cerca (contanto que isento de atos pecaminosos) sem inibições e
tabus tão comuns no meio da comunidade cristã dos nossos dias.

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(l) Paulo era também, neste aspecto, exemplo de um cristão legitimamente
emancipado destes tabus, pois desfrutava plenamente da liberdade que
Cristo lhe concedera. Adaptava-se ao modo de viver dos judeus, quando se
achava numa sociedade judaica, tanto quanto, ao modo de vida dos gentios
quando vivia entre estes (1 Co 9:20-23). E isto não significava,
obviamente, a falta de um caráter cristão bem definido, e não era resultante
também, de uma personalidade volúvel que facilmente se adapta a qualquer
situação;
(m) Antes, esta liberdade que notamos em Paulo, devia-se a uma
personalidade cristã amadurecida, equilibrada, capaz assim, de gozar de
toda liberdade que lhe fora concedida pela graça de Deus. Entretanto, esta
liberdade sempre tinha para ele um importante limite, que era o interesse
maior da propagação do Evangelho, que visava o bem supremo daqueles
que eram por este alcançados;
(n) Este era um limite que ele próprio se impunha, pois sabia que nem
todos tinham a maturidade espiritual que ele já alcançara. Muitos eram
ainda, “débeis na fé” (vs. 1), imaturos e carentes de instrução, devendo,
portanto, serem acolhidos pelos demais com carinho, compreensão e muito
aconselhamento. Com esses, recomenda Paulo, deve-se evitar os debates
inúteis acerca de certas questões da vida cristã diária, para as quais eles não
estão ainda preparados;
(o) Esses são aqueles nossos irmãos sempre indecisos, sensíveis e cheios
de escrúpulos, que se deixam abater facilmente pela atitude livre e decidida
daqueles mais maduros, diante de situações que não representam realmente
qualquer desobediência à vontade de Deus1.
Sumarizando o que já vimos anteriormente, na época de Paulo, havia
duas áreas (entre muitas outras) que provocavam atitudes discordantes:
Uma era acerca do que se devia ou não comer (vs. 2), e a outra, referia-se à
observância religiosa de certos dias (vs. 5), considerados por alguns como
mais sagrados. Ambas, eram questões conflitantes (pois judeus e gentios
viviam lado a lado nas igrejas), provenientes do entendimento que alguns
judeus convertidos ainda possuíam acerca da observância destes aspectos
da legislação mosaica;

1
São muito importantes as palavras de William Hendriksen, acerca deste assunto à página 596 do seu comentário de Romanos:
“Ora, enquanto nenhuma significação ou mérito salvífico de qualquer espécie fosse atribuído à perpetuação de tais normas e
regulamentações, e nenhuma ofensa fosse atribuída, tal persistência em aderir ao antigo podia ser tolerada”. Os adeptos devem
ser tratados com amor e paciência. Esse foi o caso especialmente durante o que se pode chamar “o período de transição”
(Hendriksen, William, Editora Cultura Cristã, São Paulo, 2001).

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(p) A questão levantada pelo apóstolo é, assim, acerca da atitude a ser
obedecida por aqueles mais maduros na fé. Deveriam eles, no meio de tão
diversas convicções, pôr-se a debater estas questões polêmicas,
determinados a convencer os mais fracos do seu erro? As exortações
contidas neste capítulo, acerca destas questões, apontam para duas “marcas
do cristianismo”, que devem existir onde quer que se pretenda viver a fé
cristã de modo pleno: A “liberdade” e o “amor” que Jesus nos conquistou
na cruz;
(q) Liberdade para entender que somos livres para comer ou para beber,
contanto que o nome de Cristo não seja desonrado; amor para compreender
a fraqueza daquele irmão que está muitas vezes dando os seus primeiros
passos na fé, fraqueza esta, que deve ser entendida pelo nosso amor, que se
revela acolhedor, e que muitas vezes se priva até mesmo do que é lícito, em
amor por estes mais fracos.

3.2 – Texto para estudo:  Rm 10:1-4

1 Irmãos, a boa vontade do meu coração e a minha súplica a Deus a


favor deles são para que sejam salvos. 2 Porque lhes dou testemunho de
que eles têm zelo por Deus, porém não com entendimento. 3 Porquanto,
desconhecendo a justiça de Deus e procurando estabelecer a sua própria,
não se sujeitaram à que vem de Deus. 4 Porque o fim da lei é Cristo, para
justiça de todo aquele que crê.

Nestes versículos Paulo enfatiza a falta de entendimento dos israelitas:


“Porque lhes dou testemunho de que eles têm zelo por Deus, porém não
com entendimento (vs. 2). Conforme já vimos na introdução, Paulo
conhecia bem esta atitude obsessiva do seu povo, por ter ele procedido
anteriormente de igual modo (At 26:9-11).
Assim, agora o apóstolo pode entender que a atitude do povo judeu, tanto
quanto a sua anteriormente, devia-se à sua ignorância acerca do caminho
estabelecido por Deus para a salvação do homem.
Deste modo, eles agiam (e agem ainda) de modo até feroz e brutal em
relação ao evangelho, com base nesta falta de entendimento, e não
propriamente com base na perversidade de suas mentes. Julgavam (ao
agirem de modo implacável com a igreja), estarem servindo com zelo e
afeição à verdadeira causa de Deus.
Paulo nos esclarece mais acerca desta falta de entendimento do povo de
Israel, quando contrasta a “justiça de Deus”, com a “sua própria justiça”
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(vs. 3). O apóstolo está ensinando aqui, o mesmo que nos ensina em Fl 3:9,
quando ele diz: “... e ser achado nele, não tendo justiça própria, que
procede de lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que
procede de Deus, baseada na fé”.
Assim, Paulo afirma que os israelitas desconheceram o caminho
estabelecido por Deus, e estabeleceram o seu próprio caminho que provê a
justiça que “procede de lei”. Paulo afirma (vs. 3b) que eles “não se
sujeitaram à (justiça) que vem de Deus”, a qual é baseada apenas na fé em
Cristo.
Neste ponto, é certamente oportuno ouvir o que Calvino 2 disse acerca
deste assunto: “Aqueles, pois que querem ser justificados por si mesmos
jamais se submetem à justiça procedente de Deus, porquanto o primeiro
passo para obtermos a justiça divina consiste em renunciarmos a nossa
própria justiça”.
Podemos notar ainda, que no proposital contraste entre a “justiça de
Deus” e a “justiça humana” (vs. 3), o apóstolo nos ensina que uma se opõe
à outra, pois não podem ambas se manter unidas; deste modo, a justiça de
Deus é subvertida assim que o homem estabelece a sua própria justiça.
Além disso, Paulo caracteriza a justiça divina como aquela que é um “dom
divino” (vs. 3b), em contraste com aquela que o homem busca dentro de si
mesmo, que ele chama de justiça humana.
Entretanto, devemos desfazer em nós a ideia, de que esta falta de
entendimento acerca do meio estabelecido por Deus para a salvação do
homem seja um problema exclusivo do povo judeu.
Sobre isso, o Dr. John Stott 3 disse com muita propriedade: “Essa
ignorância quanto ao verdadeiro caminho para Deus e esta trágica
adoção do caminho falso não são, de maneira alguma, prerrogativa do
povo judeu. Encontram-se amplamente divulgadas entre religiosos de
todas as crenças, inclusive cristãos confessos. Todos os seres humanos,
cientes de que Deus é justo e eles não - já que “não há nenhum justo, nem
um sequer” (3:10) - vivem naturalmente em busca de uma justiça que lhes
possa dar condições de apresentar-se diante de Deus”.
Portanto, temos diante de nós apenas duas opções possíveis. A primeira é
tentar construir a nossa própria justiça através de nossas boas obras e
observando os preceitos religiosos.
2
João Calvino, “Exposição de Romanos”, pg 357.
3
John Stott, “A Mensagem de Romanos”, pg.340.
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Isso, porém, está fadado ao fracasso, uma vez que aos olhos de Deus,
como disse o profeta Isaías, “... todos nós somos como o imundo, e todas
as nossas justiças, como trapo da imundícia; todos nós murchamos como a
folha, e as nossas iniquidades, como um vento, nos arrebatam” (Is 64:6).
A outra opção é submeter-nos à justiça de Deus, aceitando-a como uma
dádiva procedente da graça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo.
O versículo 4 esclarece bem acerca do erro cometido por aqueles que
procuram estabelecer a sua própria justiça. Paulo disse: “Porque o fim (gr.
telos) da lei é Cristo, para justiça de todo aquele que crê”. A palavra grega
utilizada para “fim” é “telos”, que possui dois significados: alvo ou término
(encerramento).
O primeiro significado nos ensina que Cristo é a meta visada pela lei, no
sentido de que Ele é a encarnação da perfeita justiça (o homem perfeito),
pois ele veio para “engrandecer a lei e fazê-la gloriosa” (Is 42:21). Foi o
próprio Senhor Jesus quem disse: “Não penseis que vim revogar a lei ou os
profetas; não vim para revogar, vim para cumprir” (Mt 5:17). E assim, a lei
é cumprida também na vida daqueles que estão “em Cristo Jesus” (8:3-4).
O segundo significado de “telos”, que é a ênfase principal destas
palavras de Paulo, é que Cristo é o “término da lei”, no sentido de que, com
Ele, a velha ordem (da qual a lei fazia parte), foi eliminada, para ser
substituída pela nova ordem do Espírito. Nesta nova ordem, a vida e a
justiça são acessíveis mediante a fé em Cristo; portanto, ninguém precisa
(nem pode) tentar obter essas bênçãos por meio da lei.
Entretanto, devemos entender bem o significado deste sentido da palavra
“telos”. Quando Paulo escreveu que nós “morremos” para a lei e fomos
“libertados” dela (7:4, 6), e que, portanto, já não estamos “debaixo da lei, e
sim da graça” (6:15), ele estava se referindo à lei como a forma de sermos
justificados com Deus.
Por este motivo é que Paulo acrescenta no verso 4b, “... para justiça de
todo aquele que crê”, ou seja, para que haja salvação para todo aquele que
crê em Jesus.
Assim, quando se trata de salvação, Cristo e a lei são alternativas
incompatíveis. Se a justiça é decorrente da lei, então ela não vem através
de Cristo; entretanto, se ela se dá através de Cristo, então não é decorrente
da lei.

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A lei foi e é a revelação da vontade de Deus para o homem; Cristo é a
revelação da sua graça soberana, na forma de uma dádiva que foi a vida do
seu próprio filho. No momento em que Cristo consumou a nossa salvação
por meio da sua morte e ressurreição, ele aniquilou a lei que tinha essa
função.
3.3 – Outros textos para exercícios de fixação
è Hb 10:32-39; Rm 12:1-3

- 15 -
2 Partes Básicas do Estudo Bíblico

U ma forma muito prática de exercitar os conceitos anteriores (a


exegese e a hermenêutica), é procurar estudar o texto bíblico com
a aplicação de quatro partes básicas que nos ajudarão a
sistematizar o estudo. São elas, a “observação”, a “interpretação”, a
“correlação”, e a “aplicação”. A seguir definiremos cada parte ou passo
básico, e exemplificaremos cada uma para melhor compreensão da sua
aplicação.
(1ª) Observação - Esta parte responde à pergunta: “O que vejo?”, ou, “O
que o texto diz” (“Lá e Então”).

 O “Webster’s New Collegiate Dictionary” define “observação” como o


“ato de reconhecer e anotar um fato ou ocorrência”; significa estar
mentalmente ciente do que se vê.
De modo muito semelhante, o dicionário da língua portuguesa “Aurélio”
diz que, “observar é examinar minuciosamente; olhar com atenção;
estudar”.
“O propósito da observação no estudo da Bíblia é saturar-se do conteúdo
da passagem da Escritura, ficar tão familiarizado quanto possível com tudo
que o escritor bíblico está dizendo, explícita ou implicitamente” 4.
 Nesta parte o estudante aborda o texto como um detetive, anotando todos
os pormenores e verificando todos os detalhes; as perguntas que devem ser
feitas nesta etapa são:
(a) Quem? – Quem está envolvido?
(b) O Que? – O Que sucedeu? ; Que idéias estão expressas?
(c) Onde? – Onde estes fatos aconteceram?
(d) Quando? – Quando estes fatos aconteceram?

4
Citação retirada do livro “Métodos de Estudo Bíblico”, de Walter A. Henrichsen, pg. 62.
- 16 -
(e) Qual? - Qual era o pano de fundo histórico? Qual era a situação das
pessoas envolvidas na revelação bíblica?
 Nesta etapa você deve também assinalar os “limites” do contexto em
estudo, ou seja, você deve verificar qual é a porção do texto que fala sobre
um mesmo assunto. Em outras palavras, onde o seu texto começa, e onde
ele termina.
 Cada observação deve ser cuidadosamente anotada (em uma tabela,
como exemplificado no final deste capítulo) para análise e comparação
posteriores.
(2ª) Interpretação – Esta parte responde à pergunta: “O que significa?”
(“Lá e Então”). Os dicionários definem a interpretação como “o ato ou o
processo de explicar; esclarecer o sentido de; dar uma explicação”. Nesta
parte do estudo da Bíblia, você procura explicar o sentido da passagem
(“Lá e Então”) e compreender o sentido que essas palavras tinham para o
escritor bíblico quando ele as comunicou às pessoas do seu tempo.
 Aqui o intérprete focaliza o texto com perguntas como:
(a) Que significavam estes pormenores (que eu estou agora “observando”)
para as pessoas às quais foram dados originalmente?
(b) Qual a principal ideia que o texto está procurando comunicar?
(c) Qual foi o propósito do autor no texto que estou estudando?

 Exemplo: Hebreus 12:1-13 (Exercitar com este texto)

(3ª) Correlação – Esta parte responde à pergunta: “Como o texto que eu


estou estudando se relaciona com o restante daquilo que a Bíblia diz?”. Os
dicionários definem a correlação como o “ato de estabelecer relação de
duas ou mais coisas entre si”.
Desde que a Bíblia é a revelação que Deus faz de Si mesmo aos homens,
ou seja, Ela é a verdade de Deus para o homem por Ele criado, é
importante relacionar as “várias verdades” n’Ela contida, umas com as
outras. A correlação ajudará a mostrar a coerência das Escrituras e a Sua
unidade de pensamento, servindo também, para aprofundar o estudo
bíblico, visto que, alguns textos desenvolvem os temas bíblicos mais do
que outros (Ex.: O tema “ressurreição” é estudado de modo mais profundo
em 1 Co 15; o tema da “fé cristã”, tem um dos seus pontos altos em Hb 11,

- 17 -
o tema do “amor cristão” encontra a sua excelência em 1 Co 13, e assim
por diante).

 O bom estudante da Bíblia deve fazer mais do que somente examinar


passagens individuais;
 O estudo de um texto bíblico deve ser correlacionado com tudo mais que
a Bíblia diz sobre o assunto estudado.
 Exemplo: Hebreus 12:1-13 com Romanos 5:1-5 (procure ler e anote a
correlação).
(4ª) Aplicação - Esta parte responde à pergunta: “O que significa para
mim, hoje?” (“Aqui e Agora)”, o que eu entendi do texto estudado (“Lá e
Então”), ou, Quais são as implicações práticas do texto em estudo para os
dias atuais? (para mim e para a igreja).

 Esta etapa do estudo bíblico tem se constituído, ao longo de toda


revelação bíblica, na maior necessidade dos que lêem as Escrituras. Nos
tempos do Antigo Testamento, Deus freqüentemente repreende o Seu povo
por deixar de fazer a aplicação das Suas Verdades. No Novo Testamento,
Tiago diz as seguintes palavras:
“Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes,
enganando-vos a vós mesmos. Porque, se alguém é ouvinte da palavra e
não praticante, assemelha-se ao homem que contempla, num espelho, o
seu rosto natural; pois a si mesmo se contempla, e se retira, e para logo
se esquece de como era a sua aparência. Mas aquele que considera,
atentamente, na lei perfeita, lei da liberdade, e nela persevera, não sendo
ouvinte negligente, mas operoso praticante, esse será bem-aventurado no
que realizar. (Tg 1:22-25)

 A Bíblia é “Deus falando”, e a Sua Palavra exige uma resposta. Essa


resposta tem que ser nada menos do que a nossa obediência à vontade
revelada por Deus na Sua Palavra.
Assim, ao fazer a aplicação do ensino bíblico às nossas vidas, devemos
distinguir entre “emoção” e “volição” (ato pelo qual a vontade se
determina a alguma coisa). Muitas vezes, aplicar a Palavra de Deus é
apenas uma experiência emocional, que passa rapidamente. Todavia, o que
Deus quer ver em nossas vidas é ação e não apenas sentimento ou
emoções.

- 18 -
 Na parábola dos “dois filhos” (Mt 21:28-32), Jesus deixa bem clara esta
questão. O pai pediu ao primeiro filho que trabalhasse na vinha, mas ele se
recusou a ir. Mais tarde, mudou de ideia e obedeceu ao pai. O segundo
filho concordou prontamente quando foi solicitado, mas nunca se
apresentou para o trabalho. Jesus fez a aplicação desta parábola com a
seguinte pergunta: “Qual dos dois fez a vontade do pai?” (21:31a).
 Ainda como parte do exercício dos conceitos anteriores, faça uma tabela
como a que segue, e procure sistematizar o seu estudo. Mas lembre-se,
você está, com este exercício, procurando estabelecer as “duas dimensões
do estudo bíblico”, ou seja, o “lá e estão” e o “aqui e agora”. A tabela que
segue procura apenas exemplificar como este exercício deve ser feito. Faça
a sua de modo mais completo possível.
è Exercícios de Aplicação

(1º) Aplique o que foi anteriormente ensinado ao texto básico de Hebreus


12:1-3. Faça uma tabela como a que segue (pg. 19) para facilitar o registro
das suas conclusões. Mas, lembre-se: Você está agora fazendo um
exercício de exegese (Lá e então) e de hermenêutica (Aqui e agora).
(2º) Faça um segundo exercício com o texto de Lc 18:18-27 (o episódio do
jovem rico). Este texto é famoso por conter um ensinamento
(aparentemente) paradoxal, quando Jesus, referindo-se aos que se apegam
às riquezas, disse: “... é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha
do que entrar um rico no reino de Deus”. (Lc 18:25). Será que Jesus estava
ensinando que a salvação de uma pessoa rica é algo totalmente impossível?
Quais são os verdadeiros ensinamentos de Jesus neste belo e profundo
texto?
(a) Texto em estudo: Lc 18:18-27 (Mt 19:16-26; Mc 10:17-22);
(b) Tema sugerido: “A Salvação de alguém que confia nas riquezas – Uma
impossibilidade humana”;
(c) Primeiro passo: Leia o texto com toda atenção, observando e anotando
(na coluna Observação) os principais fatos relevantes deste belo e rico
episódio da vida de Cristo.

- 19 -
- 20 -
OBSERVAÇÃO INTERPRETAÇÃO APLICAÇÃO CORRELAÇÃO
(Lá e Então) (Lá e Então) (Aqui e Agora)
O autor afirma que
Para responder à pergunta da
O texto inicia falando a “nuvem de
coluna anterior, temos que
(vs. 1) acerca de uma verificar em que “contexto” esta testemunhas” era
uma prova da
 Rm 5:3-4;
“nuvem de referida expressão está inserida.
testemunhas”. O que o Logo aprendemos que o cap. 11 ação de Deus nos  Tg 1:3-4;
autor desta carta quis Seus servos do
é onde está a “nuvem de 1:12;
dizer com esta passado, e um
testemunhas”, que são os heróis
expressão? da fé da Antiga Aliança forte motivo para a  Ap 1:9;
nossa 2:2; 2:3; 2:19; 3:10;
perseverança,
atualmente.
(1) O vs.1 fala ainda da
necessidade de livrar- (1) Nos pecados que muitas Para viver uma (1) Rm 15:18;
nos de certos vezes cometemos; “vida cristã”
“embaraços” (tudo o vitoriosa (2) 2 Ts 3:14-15;
que nos atrapalha) que (2) Esses pecados se necessitamos de
nos assediam. constituem em “embaraços” em obediência à (3) 1 Pedro 1:22-23;
nossa caminhada cristã. Palavra de Deus e
(2) Em que o autor está do poder do
pensando exatamente (4) Romanos 15:13
Espírito Santo em
com estas palavras? nossas vidas.

(1) Devemos orar


para saber qual é
esse propósito
(1) Certamente que o autor está específico, que
(1) O texto nos diz
afirmando que Deus tem um envolve os dons (1) Rm 5:3-4;
ainda “corramos, com
propósito para nossas vidas, que Ele nos  
perseverança, a
hoje e agora. concedeu.
carreira que nos está
(2) Tg 1:3-4; 1:12
proposta” (vs. 1).
(2) Ele (o autor) certamente se (2) Mas sabemos
inspirou nos “jogos olímpicos” que o propósito
(2) O que o autor desta
daquela época, nos quais os geral é sermos (3) 1 Coríntios 9:24-27
carta quis dizer com
atletas tinham que ser muito suas testemunhas
esta expressão?
perseverantes. em todos os
momentos. Para
isso precisamos
ser fiéis e
perseverantes.

(1) O próprio autor


(1) O vs. 2 nos diz faz a aplicação no
como devemos correr vs. 3:
essa “carreira: Ele é o nosso alvo porque suportou a (1) 2 Coríntios 4:8 ;
cruz, desprezou a vergonha, e agora “Pensem bem
está a direita de Deus-Pai naquele que (2) Atos 20:24;
“Tendo os olhos intercedendo por nós. suportou tal
fitos em Jesus, oposição dos (3) Hb 12:4-13
autor e consumador pecadores contra
da nossa fé”. si mesmo, para
que vocês não se
cansem nem
desanimem”.

- 21 -
3 Regras Fundamentais de Interpretação

(1ª) A Bíblia é o seu melhor intérprete. A Escritura explica melhor


a própria Escritura.

 Quando estudamos a Bíblia devemos deixar que ela fale por si mesma,
sem lhe acrescentar ou subtrair nada.
 Exemplo de interpretação com “omissão” e “acréscimo”: Gênesis 2:16-
17 e Gênesis 3:1-4. No primeiro texto, Deus estabelece que Adão e Eva
poderiam comer livremente do fruto de “toda árvore do jardim”. Mas do
fruto da “árvore do conhecimento do bem e do mal” eles não poderiam
comer. Uma penalidade foi por Deus imposta caso eles desobedecessem:
“No dia em que dela comeres, certamente morrerás”.
 Satanás, conhecendo muito bem a ordem divina, tentou a mulher
generalizando a ordem divina: “É assim que Deus disse: Não comereis de
toda árvore do jardim?” (3:1). Eva respondeu distorcendo a ordem divina,
acrescentando que eles “nem poderiam tocar” no fruto daquela árvore
(3:3). Uma colocação como esta tende a tornar uma ordem sem sentido, ou
até mesmo ridícula.
 Assim, Satanás responde, fazendo uma afirmação que “subtrai” a
verdade da ordem de Deus: “É certo que não morrereis” (3:4). Ou seja, ele
omitiu o fato de que a morte na Bíblia é tanto física (separação da alma do
corpo) quanto espiritual (separação entre o homem e Deus). Quando eles
desobedeceram, a morte física não ocorreu de imediato, mas a comunhão
que tinham com Deus (morte espiritual) ocorreu imediatamente.
 Esta regra, no entanto, é principalmente aplicável às grandes verdades da
Bíblia e não apenas à versículos específicos.
 Exemplo de um grande tema bíblico: “A segurança da salvação”
è Alguns versículos individuais sobre este tema: Gálatas 5:4 e Apocalipse
2:10
è O que diz a Escritura como “um todo” sobre esta questão? (Jo 10:27-29;
Ef 1:11-14; e, Rm 8:35-39).
- 22 -
 Ao estudarmos um capítulo ou um parágrafo da Bíblia, o contexto é o
primeiro lugar onde devemos procurar a interpretação.

Exemplo: Gálatas 5:4 (individualmente) e Ap 7:4 e 14:1-5


- Ver contexto do capítulo
- Ver contexto do livro

(2ª) A Escritura tem somente um sentido, e deve ser tomada


literalmente.

 Nos afazeres diários da vida, nenhuma pessoa séria pretende que o que
diz ou escreve tenha uma diversidade de sentidos. Ao contrário, deseja que
o sentido óbvio e verdadeiro seja compreendido por seus ouvintes ou
leitores;
 Se você fosse dizer a um auditório: “Atravessei o oceano dos Estados
Unidos à Europa”, certamente não gostaria que interpretassem a sua
afirmação como significando que você atravessou as difíceis águas da vida
até o porto de uma nova experiência;
 Para comunicar algo, você precisa presumir dois fatos igualmente
verdadeiros: (1º) Que o verdadeiro propósito da palavra é transmitir o
pensamento; e (2º) Que a língua é um meio de comunicação digno de
confiança;
 Portanto, a interpretação literal, no contexto bíblico é a única
interpretação verdadeira. Se você não tomar literalmente a passagem
bíblica, todos os tipos de interpretação fantasiosa podem resultar disso.
 Um grande exemplo de uma interpretação fantasiosa vem da própria
história da igreja, quando o grande servo de Deus, Aurélio Agostinho (354-
430 d.C.), resolveu interpretar a parábola do “Bom Samaritano” (Lc 10:30-
37) de modo alegórico.
 Segundo ele, o homem atacado pelos ladrões simbolizava Adão (a
humanidade); Jerusalém simbolizava os céus e Jericó, o mundo; os ladrões,
o diabo e suas hostes; o sacerdote, a lei; o levita simbolizava os profetas e o
bom samaritano, Jesus Cristo; o animal sobre o qual foi colocado o homem
ferido simbolizava o corpo de Cristo (que suporta o Adão caído); a
hospedaria era um símbolo da igreja, e as duas moedas (dois denários), o
- 23 -
Pai e o Filho; a promessa do bom samaritano de voltar era, também, um
símbolo da segunda vinda de Cristo.
 Os reformadores reconheciam a natureza divino-humana das Escrituras
e, por esse motivo, defendiam a sua interpretação literal, enfatizando
também a importância da gramática e da história.
 Assim, Lutero afirmou: “Nós devemos nos ater ao sentido simples, puro
e natural das palavras, como requerido pela gramática e pelo uso do idioma
criado por Deus entre os homens” (citação retirada do livro “Sola Scriptura
– A Doutrina Reformada das Escrituras”, Pg. 25).
 Sobre esta mesma questão, João Calvino chegou a afirmar que a
interpretação alegórica era satânica, por desviar o homem da verdade das
Escrituras. Afirmou também que “é uma audácia próxima do sacrilégio
usar as Escrituras ao nosso bel-prazer e brincar com elas como com uma
bola de tênis, como muitos antes de nós o fizeram” (citação retirada da
mesma obra anteriormente mencionada, pg. 125).

(3ª) Cada texto bíblico pertence a um determinado contexto,


razão pela qual não pode ser interpretado isoladamente.

 O estudante precisará identificar o contexto imediato, ou seja, o trecho


ou o capítulo bíblico no qual o texto se insere; e também o contexto
amplo, ou seja, a seção do livro bíblico, ou até mesmo o livro bíblico, a
que o texto pertence.
 Todo texto bíblico é coerente com seus contextos imediato e
amplo. Compreendendo o sentido do seu contexto, o estudante terá
melhores condições de interpretar o texto.

 Um exemplo prático da aplicação desta regra pode ser encontrado


na passagem de Hebreus 12:1-13.
 Nesse texto o autor faz referência inicialmente a uma “nuvem de
testemunhas” (vs. 1). Ao que ele se refere ao fazer uso desta metáfora?
 Para responder, teremos que consultar o “contexto imediato”, que
é todo capítulo 11 desta carta. Verificaremos então que essa referida
metáfora é uma referência a diversos homens e mulheres que viveram na
Antiga Aliança, e que triunfaram pela fé em Deus sobre diversas
circunstâncias muito difíceis que viveram naquela ocasião.
- 24 -
 Mas, esse texto nos ajuda também a entender o que é o “contexto
amplo” de uma passagem.
 Nessa referida carta, o propósito maior do autor é encorajar seus
leitores (judeus convertidos ao cristianismo) a não abandonar a fé cristã,
mesmo em meio às grandes dificuldades em que viviam naquela ocasião.
 Assim, o “contexto amplo” desta passagem (Hb 12:1-13) é toda a
carta aos Hebreus, que deve ser estudada como um todo para uma plena
compreensão dos ensinamentos do seu autor.

(4ª) A Escritura originou-se num contexto histórico e só pode ser


compreendida à luz da história bíblica.

 Essa regra ou princípio de interpretação trata do cenário histórico


da Bíblia. Como já vimos anteriormente, Deus decidiu revelar-se
dentro do contexto da vida humana, chamando para isso muitos
homens ao longo de muitos anos, aos quais revelou a sua
vontade.
 Assim, quando começarmos nosso estudo de uma passagem
devemos nos imaginar como um repórter em busca de todos os
fatos, e fazer as seguintes perguntas:
(a) A quem foi escrito a carta ou o livro que estou estudando?
(b) Qual é o “pano de fundo” histórico do escritor e do livro que
estou lendo? Qual a motivação do autor ao escrever esse livro?
(c) Qual foi a experiência ou ocasião que deu origem à mensagem
contida no texto em estudo?
(d) Quem são os principais personagens do livro que estou lendo?
 Como exemplo da importância dessa regra, faça uma pequena
recordação dos acontecimentos contidos na carta de Paulo aos
Gálatas.

(5ª) Interprete a experiência pessoal à luz da Escritura, e não a


Escritura à luz da experiência pessoal.
 Exemplo: O Novo Testamento não ensina que, porque Jesus ressurgiu
dos mortos, Ele é o Filho de Deus. Antes, porque Ele é o Filho de Deus,
Ele ressurgiu dos mortos.
- 25 -
 Os acontecimentos narrados no livro de Atos, por exemplo, não podem
servir de base para extrairmos conclusões doutrinárias;
 Estes acontecimentos devem ser interpretados à luz das passagens
doutrinárias.

(6ª) A história da Igreja é importante, mas não decisiva na


interpretação da Escritura.

 A Igreja não determina o que a Bíblia ensina. A Bíblia determina o que a


Igreja ensina.

Autoridade Autoridade Autoridade


da Tradição da da Razão

FATO MAIS CENTRAL

 Exemplos:
(a) Nos tempos medievais a Igreja ensinou o Celibato Clerical;
(b) Neste mesmo período medieval, a Igreja exaltou Maria à posição de
igualdade com Deus;
(c) Entretanto, a “história da Igreja” trouxe luz à diversas doutrinas bíblicas
fundamentais, tais como, a doutrina da “divindade de Cristo” e a doutrina
da “salvação pela graça”, através da fé.

- 26 -
4 Método de Análise do Versículo

1. Definição

O “Método de Análise do Versículo” é aquele que nos ensina a estudar o


texto bíblico a partir de um único versículo, que deve ser estudado
levando-se em conta o seu contexto imediato e o contexto bíblico na sua
totalidade. Este é um cuidado fundamental para bom resultado deste
método, e a sua não observância pode acarretar resultados verdadeiramente
desastrosos, que são, de um modo geral, os obtidos pelas muitas seitas
conhecidas.

2. Objetivo

O principal alvo deste método é levar o estudante a analisar com


profundidade um único versículo da Bíblia, sendo este um exercício de
reflexão de grande proveito, em virtude de concentrarmos nossa atenção
em uma pequena porção do texto bíblico.

3. Etapas Básicas

3.1 - Aplicar constantemente as quatro (4) partes básicas do estudo da


Bíblia (Observação, Interpretação, Correlação e Aplicação), após uma
leitura cuidadosa do versículo escolhido. Com este exercício você estará
realizando a exegese e a hermenêutica do texto escolhido, e ao mesmo
tempo, estará aprofundando o seu conhecimento acerca do tema central
desse referido texto, com a realização da atividade da correlação.
3.2 – Descobrir qual é o contexto (contexto próximo) em que o versículo
em estudo está inserido e assinalar os seus limites. Neste ponto você deve
recordar que o contexto próximo de qualquer versículo é toda porção de
texto anterior e/ou posterior a este referido versículo que se refere ao
mesmo tema ou assunto do texto que você está estudando.

- 27 -
3.3 – Anotar todas as observações contidas no versículo estudado e,
também, possíveis aplicações. Anote dificuldades específicas de
interpretação, estabelecendo objetivamente qual é a dificuldade. Isto irá
facilitar o estudo posterior destas referidas dificuldades.
3.4 – Reescreva resumidamente cada ênfase do versículo estudado com
suas próprias palavras. Procure expressar nesta etapa, o cerne do
pensamento do autor, e, principalmente, a “ideia principal” que ele está
comunicando.
3.5 - Procure as referências bíblicas de cada ideia contida no versículo,
verificando se existe “outra ideia” parecida na Bíblia. Procure versículos
que ajudem a explicar, esclarecer ou ilustrar a ideia principal que o
versículo estudado transmite.
Ao proceder desse modo, você estará correlacionando seu texto com o
restante das Escrituras, e assim, esclarecendo ou enriquecendo o assunto
estudado.
3.6 - De todas as possíveis aplicações, escolha aquela que você sentiu,
entendeu ou percebeu que Deus quer que você execute em sua vida.

4. Aplicação Prática 1

Preparar um estudo bíblico em forma de esboço, usando como texto básico


o versículo encontrado em 1 Tessalonicenses 5:17 (1Ts 5:17)
è 1º Passo: Verifique o contexto e assinale os limites.
O contexto deste versículo são os versículos imediatamente anterior (vs.
16) e subsequente (vs. 18). è(O)
è 2º Passo: Anote as observações e possíveis aplicações. è (O)
(1) Neste passo devemos procurar as dificuldades do texto (se houverem),
estabelecendo especificamente qual é a dificuldade;
(2) Enquanto desenvolvemos as outras etapas, devemos acrescentar as
novas observações que forem surgindo nesta parte do estudo.
(3) Existem no texto e no contexto, três (3) ordens bem claras: “Regozijai-
vos”, “Orai” e “Dai Graças”. è (O)

- 28 -
(4) Todas estas ordens vem acompanhadas de “termos modificadores”
è (O)
(a) Regozijai-vos sempre; (b) Orai sem cessar; e (c) Em tudo, dai graças

 A frase: “... porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para


convosco.”, parece aplicar-se aos três versículos. è (O)

 Dar graças (vs. 18) não é um dos meus pontos fortes. Tenho a tendência
de “resmungar” acerca de tudo; è (A)
 Eu me “regozijo” (vs. 16) às vezes, mas nem sempre; è (A)
 Costumo orar (vs. 17) com certa constância, mas não da forma como
aqui é ensinado (sem cessar); è (A)
 Todos os “termos modificadores” (sempre, sem cessar, em tudo)
expressam a ideia de coisas contínuas, isto é, de que nunca haverá ocasião
em que essas ações não devam ser feitas. è (I)

è 3º Passo: Reescreva resumidamente cada um dos versículos com suas


próprias palavras. Procure expressar a “ideia principal” que o escritor
bíblico está comunicando. è (I)
(1) Devo aprender a “alegrar-me espiritualmente” (regozijar-me) em todas
as situações da minha vida, mesmo naquelas “situações de choro”,
procurando entender o que Deus quer me ensinar nestas situações (Fl 1:12-
18);
(2) “Orar sem cessar”, deve ser uma atitude de vida, um verdadeiro “estilo
de vida”, através do qual eu procuro me manter em permanente contato
com Deus;
(3) Ao “dar graças” em tudo, eu demonstro que sou submisso à vontade do
Pai.
(4) Paulo me ensina aqui, que esta é a vontade de Deus para a minha vida.
Mas, eu sei que só posso realizar essas coisas, “em Cristo Jesus”.

è 4º Passo: Procure as referências bíblicas de cada um destes versículos,


verificando se existe “outra ideia” parecida na Bíblia. Procure versículos
que ajudem a explicar, esclarecer ou ilustrar a ideia principal que os
versículos transmitem. è (C)
- 29 -
 Exemplos:
Vs. 16 è Filipenses 4:4; Vs. 17 è Efésios 6:18;
Vs. 18 è Romanos 1:21; Efésios 5:20.

è 5º Passo: De todas as possíveis aplicações, escolha aquela que você


sentiu, entendeu ou percebeu que Deus quer que você execute em sua vida.
è (A)
(1) Sinto-me culpado de ingratidão diante de muitas situações que me
ocorrem. Vou procurar substituir a minha ingratidão por expressões verbais
de agradecimento a Deus;
(2) Vou pedir perdão a Deus por isso e, também, às pessoas envolvidas (se
for o caso). Suplicarei a Deus que me ajude a pôr isso em prática;
(3) Pedirei aos meus parentes e amigos que me ajudem neste propósito,
chamando a minha atenção quando eu me expressar de modo ingrato.

è 6º Passo: Procure a “ideia central” da passagem. Geralmente existe uma


palavra ou frase, em torno da qual o pensamento gira. Devemos perguntar:
“Qual é o propósito principal da passagem que estou estudando?” (Ensinar
doutrina? Exortar a alguma ação?). è (I)

 A “palavra-chave” deste texto é orar. Este é o único meio de nos


apropriarmos da graça de Deus, que nos capacita a sentir alegrias sempre e
a dar graças em tudo, pois através da oração podemos entender a constante
“ação de Deus” em nossas vidas.

7º Passo: Escolha um tema na forma de um título, para a passagem em


estudo.

 Exemplo: “VIVENDO SOB A SOBERANIA DE DEUS”

5. Aplicação Prática 2
Procure exercitar o que foi anteriormente ensinado com o texto de 2 Pedro
1:19. Faça a tabela ensinada anteriormente, como forma de treinamento do
“lá e então” (exegese) e do “aqui e agora” (hermenêutica).

- 30 -
“Temos, assim, tanto mais confirmada a palavra profética, e fazeis bem
em atendê-la, como a uma candeia que brilha em lugar tenebroso, até que
o dia clareie e a estrela da alva nasça em vosso coração...” (2 Pe 1:19).

OBSERVAÇÃO INTERPRETAÇÃO APLICAÇÃO CORRELAÇÃO


(Lá e Então) (Lá e Então) (Aqui e Agora)

O texto em estudo começa Sempre que iniciamos o estudo de um É então, de extrema


com a expressão, “temos, texto isolado, devemos estabelecer os importância, que façamos uma
assim...”, indicando que limites do contexto bíblico. Ou seja, leitura cuidadosa do contexto
Pedro se refere a algum onde o assunto tratado começa e onde completo (1:16-21). É muito xxx
fato anterior de grande ele termina. No caso em questão, o importante também, ler todo
importância. Que fato é apóstolo inicia seu pensamento no texto anterior (1:1-15), para
este? verso 16 deste capítulo, e termina no saber do que Pedro vinha
verso 21. falando.

Qual foi o tema tratado Um tema possível para estes versos é Qual é a importância destes João 5:39
neste texto (1:16-21), e a “superioridade da Palavra de fatos para nós hoje? Assim com
porque (lá e então) Pedro Deus”, que estava sendo distorcida (lá naquela ocasião, temos, “aqui e Atos 17:11
se preocupava com estes e então) por “fábulas engenhosamente agora”, muitos falsos mestres, e
fatos? inventadas” (1:16), introduzidas por muito ensino distorcido. Qual Romanos 15:4
falsos mestres daquela ocasião (2:1- deve ser então a nossa atitude
3). nesta questão? 2 Pedro 3:16
Pedro afirma ser O evento citado por Pedro (vs. 17-18), Esta é uma grande lição para
testemunha ocular do foi o da transfiguração de Jesus, nós hoje. A nossa única fonte de
poder, da vinda, e da quando estavam presentes os salvação, vida e direção, é Ele, Mateus 3:13-17
majestade de Jesus Cristo apóstolos Pedro, Tiago e João (Mt Jesus, e mais ninguém que
(vs. 1). Que evento real ele 17:1-5 e Lc 9:28-35). afirme algo de modo Marcos 9:2-8
cita para exemplificar sua Naquele evento, a principal “palavra” diferenciado do contido nas
afirmação? ouvida pelos discípulos foi a voz de Escrituras. Atos 4:12
Deus dizendo a respeito de Jesus:
“Este é o meu Filho amado, em quem
me comprazo; a ele ouvi”.

O evento do “monte da Acerca desta “Palavra” ele afirma, sua Nos nossos dias, a centralidade
transfiguração” (monte superioridade, centralidade e das Escrituras é um fato a ser
João 5:39
santo) é citado por Pedro inspiração divina, ensinando-nos com constantemente lembrado e
como mais uma uma frase curta, porém, importante: resgatado, pois as heresias que
2 Pedro 1:21
confirmação para a “fazeis bem em atendê-la” (vs. 19a). surgem baseiam-se na distorção
“palavra profética” (as do verdadeiro conteúdo da
Escrituras como um todo). Bíblia.

Pedro cria neste texto, três As metáforas são: (1) “uma candeia A “candeia que brilha” (a Bíblia) (1) Candeia que
metáforas com as quais ele que brilha”; (2) “O dia que clareia”; e, é que nos faz conhecer a brilha:
quer ensinar fatos (3) “A estrela da alva” (vs. 19a). A vontade de Deus para nossas
Mt 5:15; Lc 11:36
fundamentais da fé cristã. “candeia que brilha” é a Palavra de vidas, nos guiando hoje nas
Quais são estas metáforas, Deus (a Bíblia) que ilumina os lugares decisões que temos que tomar (2) Dia que clareia:
e o que Pedro pretendia tenebrosos do coração humano. “O dia (Sl 119:105), que nos levará
Rom 13:12-13
ensinar com elas? que clareia” é o dia da segunda vinda com segurança ao “dia que
de Cristo, quando então todo pecado clareia” (2ª Vinda de Cristo). (3) A estrela da alva
humano deixará de existir. “A estrela Tudo isso só é possível, por que
Nm 24:17; Ap 22:16
da alva” é a própria vida de Cristo em temos “a estrela da alva” (Cristo)
nossas vidas, fato que se tornará em nossas vidas, dando-nos
definitivo na sua 2º vinda. força, poder e vitória.

- 31 -
Nos versos 20 e 21, Pedro O sentido é o de que a Bíblia é a Cumpre, portanto, a cada cristão
refere-se às Escrituras revelação da vontade de Deus para observar atentamente o que as 2 Timóteo 3:16;
como uma profecia no todo toda a sua criação, e assim, a palavra Escrituras nos ensinam, pois
do seu conteúdo. nela contida é uma profecia. estaremos então fazendo a Romanos 1:2;
vontade de Deus.
Como devemos entender
essa afirmação? Romanos 16:26

Quando Pedro diz (vs. 20) Assim, o que Pedro deseja ensinar Este fato nos dá a certeza de Gálatas 1:11;
que “nenhuma profecia da aqui, é que o conteúdo da Bíblia não que, ao lermos a Bíblia, não
Escritura provém de contém interferência humana, pois ela estamos lendo algo produzido Gálatas 3:8;
particular elucidação”, ele nos foi entregue por Deus, através de por homens, e, portanto, sujeito
está afirmando que nada homens que foram “movidos pelo a erros diversos. A Bíblia é 1 Pedro 1:12;
na Bíblia foi escrito porque Espírito Santo”, nas suas mentes e “inerrante”, porque foi produzida
alguns homens decidiram corações (vs. 21) pela vontade de Deus 1 Coríntios 15:54
produzi-lo por sí próprios.

6. Aplicação Prática 3

Continue a exercitar o que foi anteriormente ensinado com um dos textos a


seguir: (a) 1 Pe 2:5; (b) Jo 4:14; (c) Jo 15:4; (d) 1 Pe 1:13

- 32 -
5 Método Analítico

1. Definição
O “Método Analítico” é aquele que nos ensina a estudar o texto bíblico em
seus pormenores, examinando cuidadosa e completamente a passagem em
estudo, como se a observássemos através de um microscópio.

2. Objetivo
O principal alvo deste método é levar o estudante a compreender o que o
escritor bíblico tinha em mente quando escreveu sua mensagem original.
Assim, aprenderemos através deste método, a reconstruir, tão claramente
quanto possível, o pensamento original do autor.

3. Etapas Básicas
3.1 - Aplicar constantemente as quatro (4) partes básicas do estudo da
Bíblia (Observação, Interpretação, Correlação e Aplicação), após uma
leitura cuidadosa de todo o texto. Ao fazer este exercício você estará
realizando um trabalho de “exegese” e de “hermenêutica” com o texto em
estudo.
3.2 - Dar especial atenção (anotando com destaque) as “palavras-chaves”
ou “expressões-chave” encontradas no texto bíblico. Algumas vezes o
escritor bíblico usa uma palavra repetidamente (ex.: a palavra “livro” em
Ap 5); outras vezes encontramos o uso intensivo de metáforas (ex.: 2 Tm
- 33 -
2:1-13) que formam a base do pensamento do autor. Em certos livros uma
“palavra-chave” é repetida muitas vezes, fato que devemos anotar na
coluna “observação”.
 Como exemplo podemos citar o termo “melhor” ou “superior” que é
encontrado muitas vezes na carta aos Hebreus (1:4; 6:9; 7:7; 7:19; 7:22;
8:6; 11:16, 11:35 e 11:40), pois o autor compara ao longo desta carta as
“duas religiões” (judaísmo e cristianismo) que se apóiam historicamente na
revelação divina, demonstrando que o cristianismo é “superior” ou
“melhor” do que o judaísmo.
 Assim, esses são alguns indícios que nos levarão a descobrir o
pensamento original do autor, levando-nos à “ideia central” da passagem
em estudo.
3.3 - Procure descobrir se o “fluxo de idéias” da passagem se dirige para a
exortação à ação ou para o ensino de doutrinas. Se for ação, concentra-se
nos verbos; se for doutrina, nos substantivos.
3.4 - Após descobrir a “ideia central” da passagem, desenvolva esta
referida ideia formulando um título para o estudo, o qual deve resumir o
“tema do texto” em estudo. Este referido tema nos ajudará a desenvolver o
estudo de modo claro e lógico.
3.5 - No desenvolvimento de estudo (principalmente quando da sua
aplicação a grupos de estudo), siga uma sequência lógica que deve ser
composta de no mínimo três (3) partes distintas: (a) Introdução, (b)
Desenvolvimento e (c) Conclusão e Aplicação. Estas partes formarão o que
se pode chamar de “esboço” do estudo bíblico.
4. Aplicação Prática 1
Preparar um estudo bíblico em forma de esboço, usando como texto básico
o capítulo dois (2) da primeira carta de Pedro è 1 Pedro 2:1-10
4.1- Palavras-Chaves ou Expressões-Chaves no texto:
(a) “a pedra que vive” (vs. 4);
(b) “a pedra angular” (vs. 6);
(c) “despojando-vos” (vs. 1);
(d) “crianças recém-nascidas” (vs. 2);
- 34 -
(e) “casa espiritual” (vs. 5).
4.2- Fluxo de idéias da passagem:
(a) Devemos então nos concentrar nos verbos (Pois trata-se de uma
passagem que exorta os leitores à ação)
(b) Alguns exemplos:
 “Crescer” (vs.2);
 “Chegar” (vs.4);
 “Edificar” (vs. 5a);
 “Oferecer” (vs. 5b)
4.3 - Ideia central da passagem:
“Como agora somos uma “casa espiritual” de Deus, devemos viver uma
vida cristã exemplar”.
4.4 - Título ou Tema:
“O Novo Estilo de Vida do Povo de Deus”, ou, “A Pedra que Vive”, ou,
“A Casa Espiritual da Nova Aliança”.
4.5 – Esboço do Estudo
(a) Tema: “A Casa Espiritual da Nova Aliança”
(b) Introdução

 A introdução tem dois objetivos principais:


(1º) Despertar interesse nos ouvintes quanto ao assunto - Nosso objetivo
aqui deve ser o de despertar não apenas o interesse intelectual, mas,
também, um interesse espiritual e prático, fazendo com que os ouvintes
entrem em sintonia com o assunto que vai ser apresentado. A melhor forma
de realizar este propósito é dizer algo que imediatamente interesse a mente
do ouvinte.

(2º) Prepará-los para que entendam o assunto – O que pode ser feito com
uma ligeira explicação do significado do texto, ou, do contexto, quando a

- 35 -
compreensão deste esclarece o sentido do estudo ou da mensagem como
um todo. Não deve ser esquecido o “pano de fundo” histórico de alguns
livros cujo conhecimento é essencial para o entendimento completo do
texto (ex.: Carta aos Hebreus, aos Gálatas, o Apocalipse, e etc.). O objetivo
da mensagem (ou estudo) deve ser sintetizado, para que os ouvintes saibam
antecipadamente qual é a proposição desta.
(c) Desenvolvimento
É neste tópico que o estudo (ou mensagem) tem a sua argumentação
desenvolvida, o que deve ser feito de forma lógica e sequencial. Na maioria
das vezes o próprio texto escolhido já contém divisões naturais que
acompanham o pensamento do autor bíblico, e, neste caso, esta será a
melhor forma de conduzir o estudo ou a mensagem (Ex: Rm 12:1-2).
(d) Conclusão e Aplicação
4.6 – Tabela da Exegese – Pratique a exegese deste texto (1Pedro 2:1-10)
com a aplicação das “quatro partes básicas” do estudo da Bíblia, como
exemplificado abaixo.

Observação Interpretação Aplicação Correlação


(Lá e Então) (Lá e Então) (Aqui e Agora)

4.7 – Exemplo Prático: Exemplifico a seguir, como o estudo deste texto


poderia ser elaborado. Você, provavelmente, faria de modo diferente, pois
Deus fala ao coração de cada um de nós de modo também diferenciado.

- 36 -
TEMA: A PEDRA QUE VIVE

 Texto base: 1 Pe 2:1-10

 Textos Correlatos: Rm 9:30-33; Is 28:16; Sl 118:22-23; Mt 21:42; At 4:11; 1 Co


10:4; Ef 2:20-22; 1 Co 3:11

1. INTRODUÇÃO

 O texto base deste estudo (1 Pe 2:1-10) nos fala de algo de fundamental


importância, neste momento em que iniciamos mais um ano, e cujo início
já foi devidamente comemorado por todos nós. Algo de fundamental tanto
para a igreja de Cristo, como para todos aqueles que ouvirem estas palavras
a qualquer tempo ou instante das suas vidas.
 Vivemos um momento em que a pessoa, a vida, e a obra de Jesus tem
sido mais e mais questionadas através dos mais diversos meios disponíveis
em nossa geração. Diversas “versões” acerca da sua vida e história
(obviamente, bem diversas daquela apresentada nos evangelhos) têm
aparecido na mídia de um modo geral, quase sempre distorcendo o que a
igreja conhece através das revelações do Novo Testamento.
 Um bom exemplo deste fato encontra-se registrado em conhecida revista
de nosso país, chamada “SUPER INTERESSANTE”, na sua última edição
de dezembro/2002. Em artigo assinado pelo repórter Rodrigo Cavalcante,
intitulado, “A VERDADEIRA HISTÓRIA DE JESUS”, diversos fatos são
citados como “incorretos” nas narrativas dos evangelhos, tais como:
è(1º) Jesus Cristo não nasceu em Belém, e sim, em Nazaré, na Galiléia (pg.
43);
è(2º) A terrível execução ordenada por Herodes e a fuga de Maria e José
para o Egito, não teria ocorrido (pg. 43), sendo este último fato narrado nos
evangelhos apenas uma “licença poética” do texto bíblico, para simbolizar
que Jesus era o novo Moisés;

- 37 -
è(3º) Os três reis magos apresentados nos evangelhos como reis orientais
que vieram adorar o novo “rei dos judeus”, não teriam realmente existido,
pois os historiadores não veem base para tal história espantosa (pg. 43);

 Entretanto, o que me deixa perplexo, não são propriamente estes fatos


citados na referida publicação, pois é muito comum que pessoas não cristãs
creiam e façam afirmativas acerca de Jesus de modo diferente daqueles que
nele crêem. O que realmente me causou espanto e tristeza foi que diversos
“consultores” do dito repórter foram teólogos de diversas Universidades e
Seminários cristãos, que forneceram base através de pesquisas históricas e
arqueológicas às afirmativas acima citadas, entre outras.
 No texto que acabamos de ler, o apóstolo Pedro usa a bela metáfora da
“pedra que vive” para se referir a Jesus. Esta “pedra” recebe neste texto
alguns adjetivos que a situam em lados extremos ou opostos:
(a) “Pedra que vive, rejeitada, sim pelos homens (um dos extremos), mas
para com Deus eleita e preciosa” (o outro extremo - vs. 4);
(b) “pedra angular, eleita e preciosa” (vs. 6), e, “pedra de tropeço e rocha
de ofensa” (vs. 8a);
(c) “pedra que os construtores rejeitaram” (vs. 7a), e, “principal pedra
angular” (vs. 7b)

 Como podemos entender este fato, e por que Jesus, a “pedra que vive”,
pode representar ao mesmo tempo ambos os extremos mencionados?
Veremos a seguir que esta é uma das características do Senhor Jesus ao
longo de toda a história da igreja. Ele se tornou um “divisor de águas” da
história humana, até mesmo em relação à cronologia desta, que após a sua
morte passou a ser feita através das abreviações a.C. e d.C. Entretanto,
aqui, neste texto, há algo de fundamental para o povo de Deus, pois o
apóstolo Pedro nos exorta a um novo estilo de vida, que tem nesta “pedra”
a sua razão fundamental de ser e existir. As suas sábias palavras a todos
nós são:

“Chegando-vos para ele, a pedra que vive, rejeitada sim, pelos homens, mas para
com Deus eleita e preciosa...” (vs. 4).

2. DESENVOLVIMENTO

- 38 -
 Estudando com atenção o presente texto, vemos que o apóstolo Pedro
nos ensina os seguintes fatos acerca desta “pedra” eleita e preciosa:
è(1º) Esta “pedra” é, de um modo geral, “rejeitada pelos homens”, embora
eleita e preciosa para com Deus (vs. 4).

 Este é um fato com o qual nos confrontamos a todo momento em nossa


vida de testemunho. O mundo como um todo faz com que a proclamação
do evangelho seja uma “pedra rejeitada”, algo impossível de ser aceito,
recebido e vivido.
 O apóstolo João ao descrever a encarnação do “Verbo” (Jesus, o Filho
de Deus) no primeiro capítulo do seu evangelho, diz claramente que, “O
Verbo estava no mundo, o mundo foi feito por intermédio dele, mas o mundo não o
conheceu. Veio para o que era seu, e os seus não o receberam” (Jo 1:10-11).

è(2º) Esta “pedra” provocou o surgimento de um dos fatos mais


abençoados da Nova Aliança, que foi a igreja de Cristo, a “casa espiritual”
da qual agora fazemos parte como outras “pedras que vivem” (vs. 5).

 Quando lemos este versículo, podemos observar como Pedro se apóia


em diversos elementos do culto levítico para nos ensinar quem somos nós
agora na Nova Aliança. As metáforas levíticas são claras: a “casa de
Israel”, povo eleito de Deus na Antiga Aliança, agora é uma “casa
espiritual” (a igreja); os sacerdotes que naquele culto ofereciam sacrifícios
diários a Deus, e que para isso eram separados, e por isto, santos, agora se
compõe de todo aquele que creu na “pedra que vive”; os sacrifícios antes
oferecidos na forma de animais continuamente sacrificados no altar
levítico, agora se transformou em um sacrifício de natureza espiritual, que
são os nossos louvores, a nossa vida de adoração, os nossos atos e atitudes
de total entrega, e a proclamação do fundamento desta nova ética de vida
(Rm 12:1).
 É a vida de cada um de seus discípulos refletindo entre os homens a
própria imagem do que Ele realmente é, daí, certamente, a imagem de
“pedras que vivem” formando um edifício espiritual que tem n’Ele a sua
própria base e razão de ser. Somos agora “pedras que vivem” porque
recebemos a verdadeira vida d’Ele que nos foi ofertada pela exclusiva
graça e misericórdia de Deus. Escrevendo aos efésios, Paulo nos ensina
que os cristãos formam agora um edifício espiritual no qual Cristo Jesus é a
- 39 -
“pedra angular”, sobre a qual todos nós estamos sendo edificados como um
“edifício bem ajustado”, um verdadeiro santuário para a habitação de Deus
através do Espírito Santo (Ef 2:20-22).
è(3º) Esta “pedra” tem um sólido e imutável fundamento na vontade
soberana de Deus (vs. 6).
“Pois isso está na Escritura: Eis que ponho em Sião uma pedra angular,
eleita e preciosa; e quem nela crer não será, de modo algum,
envergonhado”.

 Assim, podemos entender que este não é um fato novo e desconhecido,


inventado repentinamente pelo apóstolo Pedro e pelos demais apóstolos
naquele momento, já tão distante do surgimento dos primeiros discípulos e
da igreja. É, certamente por isso, que Pedro cita o Antigo Testamento por
duas vezes neste curto texto.
 Na primeira vez, ele menciona o profeta Isaías (Is 28:16) que num claro
contexto de condenação à atitude desobediente de Israel, profetizou com as
seguintes palavras: “Portanto, assim diz o SENHOR Deus: Eis que eu assentei
em Sião uma pedra, pedra já provada, pedra preciosa, angular, solidamente
assentada; aquele que crer não foge”. Vemos assim, que toda ação relativa à
obra de Cristo tem em Deus a sua origem, pois Ele mesmo diz: Eis que eu
assentei em Sião...”. Sião aqui é o monte Sião, sempre usado no Antigo
Testamento como representante simbólico de todo o reino de Israel. Deus
está nos dizendo, portanto, que o alicerce do seu reino, é esta pedra
angular, eleita e preciosa, razão de ser do reino, e seu fundamento sólido e
inabalável.
 Na segunda citação (vs. 7b), ainda num contexto de clara condenação,
Pedro cita o Salmo 118:22-23, que nos diz: “A pedra que os construtores
rejeitaram, essa veio a ser a principal pedra, angular; isto procede do SENHOR e
é maravilhoso aos nossos olhos”. Os “construtores”, aqui mencionados, é uma
clara alusão aos líderes judaicos que conduziam o povo ao erro e ao
afastamento deste sólido fundamento que é Jesus. Foi desta forma que
Jesus aplicou este texto quando enfrentou a rejeição dos líderes judaicos de
sua época, que questionavam Sua autoridade para realizar os milagres que
Ele fazia então no seu meio (Mt 21:42-44). Mais tarde o apóstolo Paulo
também fez uso destes textos para explicar a rejeição do povo judeu ao seu
Messias prometido (Rm 9:30-33).

- 40 -
 Assim, aprendemos aqui que Ele, Jesus, pode ser para o mundo ao qual
Ele foi enviado, tanto pedra angular, quanto pedra de tropeço, dependendo
da atitude de cada um em relação ao propósito eterno de Deus em colocá-lo
como o fundamento sólido e inabalável do Seu reino eterno.

è(4º) Esta “pedra” provoca, desde então, o surgimento no mundo de apenas


duas categorias de pessoas (vs. 7-8).

 Que são, do ponto de vista do reino, “os que crêem” e “os descrentes”
(vs. 7a). Para os primeiros, esta “pedra” é uma “preciosidade”, enquanto
que para os descrentes, ela se constitui em “pedra de tropeço” e “rocha de
ofensa”, por que são desobedientes à “Palavra” revelada por Deus em
Jesus. E essa desobediência à “Palavra” implica em rejeitar o único
caminho providenciado por Deus para a salvação do homem, ou seja, a
cruz de Cristo.
 Foi essa a aplicação que o apóstolo Paulo fez em Rm 9:30-33 quando
ele explica a razão da incredulidade de Israel como nação e a sua
consequente rejeição da parte de Deus. Israel, diz Paulo neste texto,
buscava a justificação através das “obras de justiça”, e por este motivo,
“tropeçaram na pedra de tropeço” (Rm 9:32b). O que Paulo quis ensinar
neste texto, é que a “pedra angular” colocada por Deus em Sião era a obra
expiatória realizada por Jesus na cruz, o único e sólido fundamento (e por
isso uma pedra preciosa para os que crêem) para a salvação humana. Mas a
cruz tornou-se em “escândalo para os judeus” (1 Co 1:23), que não podiam
entender como o seu Messias prometido poderia morrer em uma sórdida
cruz, morte que a lei apontava como uma maldição (Dt 21:22-23). Assim,
tropeçaram no sólido fundamento colocado por Deus em Sião.
 Esse é ainda o motivo pelo qual as pessoas hoje em dia “tropeçam”
nessa “pedra angular”, pois ela destrói os alicerces da nossa justiça própria,
quando nos revela que nada podemos fazer para alcançar méritos diante de
Deus, no que diz respeito à nossa salvação. Mas Paulo nos diz (Rm 9:33b)
que “aquele que nela crê não será confundido”, mostrando-nos que nessa
rocha (ou fundamento), eleita e preciosa, nós podemos descansar e
depositar realmente toda a nossa confiança.
è(5º) Esta “pedra” faz com que pessoas irremediavelmente perdidas e sem
esperança, como cada um de nós, possam agora ser declaradas povo de
Deus passando a viver sob a sua graça e misericórdia (vs. 9-10).

- 41 -
 É interessante notar aqui, que todas as designações que o Velho
Testamento usa para Israel (Ex 19:5-6; Dt 7:6; Dt 14:2), o povo escolhido
de Deus, são agora usadas pelo apóstolo Pedro para a igreja, o único povo
de Deus na Nova Aliança. Assim, as “qualificações” aqui usadas nos
ensinam o que nós realmente somos agora diante de nosso Deus e Pai, e
demonstram o alto grau de responsabilidade da igreja perante aquele que a
chamou “das trevas para a sua maravilhosa luz”.

 O apóstolo Pedro usa aqui, quatro diferentes qualificações ou


características para o povo da Nova Aliança, que formam um verdadeiro
“DNA” identificador da igreja. E essas são: (1º) Raça eleita; (2º)
Sacerdócio real; (3º) Nação santa; e (4º) Povo de propriedade exclusiva de
Deus. Mas todas estas importantes qualificações, que apontam para a nossa
nova identidade diante de Deus, tem enquanto vivemos um propósito bem
definido da parte de Deus: “Proclamar as virtudes daquele que vos chamou
das trevas para a sua maravilhosa luz” (vs. 9b).

3. CONCLUSÃO E APLICAÇÃO

 Qual a relação de tudo o que acabamos de estudar (ou, de ouvir) com as


nossas vidas hoje e agora? Qual deve ser a nossa reação diante e para com
a “pedra que vive?”. Creio que as seguintes atitudes devam ser observadas
por cada um de nós, seus discípulos, neste primeiro domingo (05/01/2003)
deste ano que está apenas se iniciando:
è(1ª) Viver sempre “chegando-nos para ele, a pedra que vive” (vs. 4).

 Como já mencionamos anteriormente, os ensinamentos do apóstolo


Pedro neste texto se destinam a produzir uma vida de verdadeira santidade,
pois este é o contexto dos seus ensinamentos nos capítulos iniciais desta
carta. A palavra grega usada aqui para “chegando-vos” (gr.
“proserchomai”) é um tempo verbal que indica ação contínua, ou seja, eu
devo me achegar a Ele hoje, amanhã e sempre. Isto nos ensina que este
deve ser o nosso estilo de vida como cristãos: viver sempre nos
aproximando, continuamente “chegando-nos para ele, a pedra que vive”.
 Muitos dos que já andaram com Cristo, agora amargam um grande
distanciamento dele. Perderam de vista a “pedra que vive” pois
abandonaram ou deixaram de crer no verdadeiro Jesus das sagradas

- 42 -
Escrituras. No último número da revista “Ultimato” (janeiro-
fevereiro/2003, pg. 28) foi transcrito um triste depoimento feito anos atrás
à revista “Isto É” (20/12/2000, pg. 90), que também transcrevemos aqui, tal
como originalmente publicado:
“No final de 2000, o apreciado teólogo, filósofo e psicanalista Rubem
Alves, autor de vários livros e professor na Unicamp, fez uma estranha
confissão: “Hoje, as idéias centrais da teologia cristã em que acreditei
nada significam para mim: são cascas de cigarras, vazias. Não fazem
sentido. Não as entendo. Não as amo. Não posso amar um Pai que mata
o Filho para satisfazer sua justiça”.
 Nascido em lar evangélico, criado na Escola Dominical, bacharel em
teologia pelo Seminário Presbiteriano do Sul e ex-pastor da igreja
Presbiteriana de Lavras, MG (de 1959 a 1966), Rubens Alves muitas vezes
tomou o cálice da Ceia do Senhor e repetiu solenemente as palavras de
Jesus Cristo: “Isto é o meu sangue, o sangue da Aliança, que é derramado
em favor de muitos, para remissão dos pecados” (Mt 26:28). Agora, aos 69
anos, já não acredita no sacrifício vicário realizado por Jesus Cristo na
Sexta-Feira da Paixão.

è(2ª) Viver sempre com a plena consciência do elevado “status espiritual”


(Ap 5:9-10) que a eleição divina conferiu a cada um de nós (vs. 9).

è(3ª) Viver sempre lembrando-nos da graça e da misericórdia através das


quais fomos todos um dia alcançados pela “pedra que vive” (vs.10).

 Que a nossa decisão hoje seja depositar toda a nossa confiança nessa
“pedra angular eleita e preciosa”, “chegando-nos para ela, a pedra que
vive”. Foi ela que nos fez alcançar o abençoado “status” de “povo de
propriedade exclusiva de Deus”. Foi ela que nos trouxe a graça da vida e
da salvação. É ela que continua a ser a nossa rocha, o nosso refúgio, o
nosso escudo, e a força da nossa salvação.
Salmos 18:2 O SENHOR é a minha rocha, a minha cidadela, o meu
libertador; o meu Deus, o meu rochedo em que me refugio; o meu escudo,
a força da minha salvação, o meu baluarte.

(1 Pe 2:9-10)

- 43 -
“Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade
exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou
das trevas para a sua maravilhosa luz; vós, sim, que, antes, não éreis povo, mas,
agora, sois povo de Deus, que não tínheis alcançado misericórdia, mas, agora,
alcançastes misericórdia”.

6 Método Sintético
1. Definição
1.1 - O “Método Sintético” aborda cada livro da Bíblia como uma unidade
e procura entender o seu sentido como um todo, não se interessando pelos
pormenores, mas pelo escopo global do livro.
Com o “método analítico”, anteriormente estudado, nós olhamos para o
texto bíblico através de um microscópio. Neste método, o texto será olhado
através de um telescópio, ou seja, olhando o conteúdo como um todo, sem
maiores preocupações com detalhes.
1.2 - Usando a ilustração de uma biblioteca: na “abordagem sintética” nós
olhamos a biblioteca em conjunto; enquanto que, na “abordagem
analítica”, nós estudamos o conteúdo de cada livro.

2. Objetivos
2.1- Dar ao estudante uma visão geral de um livro da Bíblia, abordado por
este método como uma unidade completa. Assim, obtemos através desta
forma de estudo bíblico, uma “visão panorâmica” de cada livro da Bíblia.

- 44 -
2.2- O propósito deste método tem correlação direta com os métodos
anteriormente estudados, mas aqui a visão bíblica é sempre global. Assim,
procuraremos (através deste método) responder as perguntas tais como:
 O que o escritor bíblico (movido pelo Espírito Santo) tinha em mente
quando escreveu seu livro?
 Qual é o ”pensamento-chave” ou “ideia principal” do livro?
 Qual era o “propósito original” do autor no seu livro, e como ele atinge o
seu objetivo?

3. Etapas Básicas
3.1- Aplicar constantemente as quatro partes básicas do Estudo da Bíblia
(observação, interpretação, correlação e aplicação, após uma leitura
cuidadosa de todo o livro.
3.2- Ler todo o livro com muita atenção, anotando “pensamentos-chave” e
“argumentos principais” que fluem pelo livro. Registre, também, lugares e
acontecimentos importantes relacionados no livro em estudo.
3.3- Faça um levantamento acerca do “pano de fundo” histórico do livro.
Isto o levará ao “pensamento central” do autor e, em consequência, ao
propósito e ao tema do livro.
3.4- Procure analisar o “conteúdo do livro” para determinar o “estilo”
usado pelo escritor. Alguns livros fazem uma “forte defesa” de um
determinado assunto (são livros “apologéticos”) como, por exemplo, a
carta aos Gálatas. Outros são “fortemente exortativos”, como, por exemplo,
a carta aos Hebreus. Outros, ainda, apresentam um “estilo lógico”, pois o
autor se move de forma a conduzir-nos à sua própria conclusão. O melhor
exemplo deste fato é o “estilo” de Paulo na sua carta aos Romanos.
3.5- Faça um “esboço” do seu estudo, no qual você procurará responder ás
seguintes perguntas principais:
(a) Quem Escreveu? (Autoria)

 Determinar (quando possível) a autoria do livro tem fundamental


importância na caracterização do “estilo do livro”, das doutrinas, e da
forma pelas quais os assuntos são tratados.
(b) Quando Escreveu? (Data)
- 45 -
 A “data da escrita” de um livro nos leva ao “pano de fundo histórico”, ou
seja, à própria “história do livro”. Isto nos conduzirá às “motivações do
autor” e, certamente, ao seu “tema”.
(c) Por que Escreveu? (Propósito)

 Procure descobrir, aqui, quais foram as “motivações originais” de quem


escreveu o livro em estudo. Isto, certamente, nos levará ao “propósito” do
autor.
(d) O que Escreveu? (Tema)

 Quando você já conhece as “motivações originais” do autor (que, quase


sempre tem relação como o “pano de fundo histórico”), você já está pronto
para “descobrir” o tema do livro em estudo.
(e) A quem Escreveu? (Destinatário)

 Conhecer os “destinatários” nos faz compreender a “essência” de cada


carta ou livro, pois passamos a conhecer o seu “momento de vida”, as suas
“aflições”, os seus “questionamentos”, enfim, os fatos que ocorriam com
eles que provocaram as “motivações do autor” em suas cartas (como é o
caso, principalmente, das cartas do Novo testamento).
(f) Como Escreveu? (Estilo, Estrutura e Conteúdo teológico)

 Como já vimos, o “estilo do livro” nos faz entender melhor acerca das
“motivações do autor”. A “estrutura” define como o autor desenvolve o seu
pensamento, e o “Conteúdo Teológico” por sua vez, nos conduz a um
melhor entendimento dos ensinamentos básicos do autor.

4. Aplicação Prática 1
Preparar um estudo bíblico da “carta aos Hebreus” segundo o “método
sintético”, elaborando um “esboço de estudo”, na forma preconizada neste
método.

ESBOÇO DE ESTUDO: “Epístola aos Hebreus”

4.1 - Quem Escreveu? (Autoria)

- 46 -
 A autoria da “carta aos Hebreus” é desconhecida (alguns especulam que
ela foi escrita por Paulo, ou Barnabé, ou Lucas, ou Apolo);
 Entretanto, o escritor era alguém que conhecia profundamente o Antigo
Testamento, e de modo particular, o ritual levítico.

 Como o “grego” desta carta é bastante “apurado”, supõe-se que ela foi
escrita por um “judeu helenista”, ou seja, um judeu nascido e criado no
“mundo grego” daquela época.
 O escritor era ainda uma pessoa bastante familiarizada com seus leitores,
face às diversas citações de fatos específicos da comunidade a qual se
dirige (5:2; 6:9-10; 10:32-34; 13:18-19).
 Era ainda alguém que conhecia bem a Timóteo (13:23), discípulo de
Paulo, sendo, portanto, um judeu contemporâneo desse e dos demais
discípulos e apóstolos de Jesus.
4.2 - Quando Escreveu? (Data)

 Foi antes da “destruição de Jerusalém” (70 d.C.), pois o autor emprega


diversos verbos no “tempo presente” quando se refere às “ofertas levíticas”
realizadas no templo, indicando que este ainda estaria de pé (7:8; 9:6-10;
13:10).
 As pessoas a quem esta carta é dirigida estavam em Cristo há algum
tempo (5:12), já tinham conhecido momentos de glória em dias anteriores
(10:32-34) e seus principais líderes já haviam morrido (13:8).
 Timóteo, discípulo e companheiro de Paulo em suas viagens
missionárias havia sido posto em liberdade recentemente (13:23), o que
parece apontar para uma data algo aproximada da prisão final de Paulo em
Roma (61-63 d.C.).
 Assim, podemos estimar uma data entre 61-65 d.C. para a escrita desta
carta.
4.3 - Por que Escreveu? (Propósito)

 Quais eram os fatos históricos por trás da Epístola aos Hebreus? O que
ocorria com os destinatários desta carta por ocasião da sua escrita?
 O autor destaca dois fatos marcantes sobre a vida dos seus leitores:

- 47 -
è1º Fato: O seu passado espiritual

 A conversão deles ocorrera há muitos anos (5:12; 13:7);


 Eles haviam sido “muito zelosos na fé que possuíam” no princípio das
suas vidas cristãs (6:10-11; 10:32-35).
è2º Fato: A sua presente condição espiritual

 Eles não haviam crescido espiritualmente (5:11-14).


 Por este motivo, eles corriam o risco de abandonar a fé cristã e voltar ao
judaísmo, onde se sentiam protegidos das perseguições;
 Assim, o propósito do autor é exortá-los a que permaneçam firmes no
cristianismo. Ao exortá-los o escritor compara o cristianismo com o
judaísmo e realiza a maior “apologia” do cristianismo em todo o Novo
Testamento.
4.4 - O que Escreveu? (Tema)
Tema Geral: “O cristianismo é melhor do que o judaísmo”

 Entretanto, notamos ao longo desta carta que o autor passa deste “tema
geral” para um “tema particular”, que é o “sacerdócio de Cristo”.
 Este passa a ser a “linha-mestra” ou o “pensamento-chave” do autor
nesta epístola.
 Assim, cabe a pergunta: Por que o autor passou de um “tema geral” (o
cristianismo é melhor do que o judaísmo) para um “tema particular” (o
sacerdócio de Cristo)?
 Qual é o objetivo da fé cristã? Resposta: trazer o homem de volta à
comunhão com Deus.
 Que “ministério específico” torna possível alcançar esse propósito?
Resposta: É o “sacerdócio de Cristo”, pois foi sua “obra sacerdotal” que
removeu a “barreira do pecado” existente entre Deus e os homens.
4.5 - A quem Escreveu? (Destinatários)
Os leitores originais eram:

- 48 -
(a) Judeus “helenistas” convertidos ao cristianismo5. Observamos em hebreus,
que o autor concentra seus ensinamentos no culto do Antigo Testamento,
nas cerimônias levíticas, nas suas grandes figuras históricas, como Moisés,
Josué e Arão, e no “culto sacerdotal” da Antiga Aliança, repleto de
significados espirituais;
(b) Uma comunidade de cristãos autênticos (6:10; 10:32-34);

4.6 - Como Escreveu? (Estilo, Estrutura e Conteúdo teológico)


(a) Estilo

 Carta fortemente exortativa e apologética (pois faz uma forte defesa da


excelência do cristianismo)
(b) Estrutura
(1) Seção Preparatória (cap. 1-4) – O autor nos prepara para o tema;
(2) Seção Central (cap. 5 – 10:18) – O autor discorre sobre o “tema
central”
(3) Seção Exortativa (cap. 10:19 – 13) – O autor aplica às nossas vidas os
fatos concernentes ao tema central.
(c) Conteúdo Teológico

 O autor insiste nesta carta, na “qualidade definitiva da revelação cristã”


(1:1-3).
 Ao desenvolver este fato, ele compara apenas as “duas religiões”
(judaísmo e cristianismo) que se apóiam historicamente na revelação
divina.
 Para melhor observar as constantes “comparações” em Hebreus,
devemos destacar as “palavras-chave”, “melhor” ou “superior” que
ocorrem constantemente nesta Epístola. (1:4; 6:9; 7:7; 7:19; 7:22; 8:6;
11:16, 11:35 e 11:40).

5. Aplicação Prática 2

5
“Judeus helenistas” – Judeus que viviam há muito tempo em um mundo de língua e cultura grega.

- 49 -
Preparar um estudo bíblico da “carta aos Gálatas” segundo o “método
sintético”, elaborando um “esboço de estudo”, na forma preconizada neste
método.
Tente realizar este estudo sozinho, segundo o que foi ensinado
anteriormente. Depois de encerrado, compare seu estudo com o realizado a
seguir. Creio que você já pode realizar algo até mesmo melhor do que o
exemplo a seguir.

Gálatas: “Uma Apologia da Verdade do Evangelho”

INTRODUÇÃO PANORÂMICA

1. QUE LIVRO É ESTE? (Caracterização)

(a) Caracterização

 Quando estudamos qualquer livro da Bíblia, este deve ser o


questionamento inicial a ser feito. Que tipo de literatura estamos
começando a estudar, ou seja, quais são as características marcantes do
livro que temos em mãos;
 Sabemos que todos os livros da Bíblia possuem uma ênfase específica
dentro do plano salvífico que compõe a revelação divina das Escrituras.
Alguns, como o livro de Salmos, nos alcançam através da poesia, outros,
como os livros de Rute, Ester e Atos dos Apóstolos, através de narrativas
ou biografias de algumas vidas preciosas usadas por Deus. Outros ainda,
se definem como livros proféticos, nos quais Deus usa os seus servos
para nos falar acerca da Sua vontade (Isaías, Jeremias, Apocalipse, etc.).
Enfim, todos os livros da Bíblia possuem uma característica marcante, a
partir da qual a nossa mente é alcançada pelo propósito soberano de
Deus;
 Além deste fato inicial, devemos considerar também, que a correta
interpretação de cada livro das Escrituras deve levar em conta esta
característica diferenciada entre os livros que compõem as Escrituras.
Não podemos interpretar da mesma forma um livro poético, uma
narrativa ou uma profecia, pois estaríamos relegando à um segundo
plano estas diferenças marcantes que acabamos de mencionar;

- 50 -
 Assim, temos que responder inicialmente a esta pergunta: Qual é a
característica marcante do livro de Gálatas? A resposta, muito conhecida
de todos nós, é que se trata de uma carta ou epístola do Novo
Testamento, que foram documentos escritos por vários servos de Deus,
em forma de carta daquela época, primeiro século da história da igreja;

 Este fato aparentemente simples e muito conhecido, nos conduz à


algumas importantes perguntas iniciais:
(1º) Como devemos interpretar uma carta do Novo Testamento?

(2º) Quais são as características em comum das cartas ou Epístolas que


devemos levar em consideração?

 De todos os fatos em comum entre as Cartas ou Epístolas, o que deve ser


levado em maior consideração é que todas elas (com a possível exceção
de Efésios) são documentos ocasionais ou circunstanciais, ou seja, são
documentos que “aconteceram” motivados por fatos ou circunstâncias
que ocorreram na vida das comunidades cristãs daquela época, primeiro
século da história da igreja.

(b) Circunstâncias – Pano de Fundo Histórico

 Após a sua conversão, Paulo realizou suas três famosas viagens


missionárias, através das quais ele pregou e plantou igrejas nas
províncias romanas da Galácia, Ásia, Macedônia (norte da Grécia) e
Acaia (sul da Grécia);

 Paulo supervisionava seu trabalho, através de sucessivas visitas, e das


cartas ás igrejas por ele implantadas. Esta foi uma das suas cartas, que
muitos crêem ser a primeira escrita por ele (cerca de 48-49 d. C.). Foi
dirigida às igrejas da Galácia, que eu pessoalmente entendo, como uma
referência à parte sul da província, particularmente às quatro cidades da
Psídia: Antioquia, Icônio, Listra e Derbe, que Paulo evangelizou durante
sua primeira viagem missionária (At 13 e 14);
 Algum tempo depois de estabelecidas, essas igrejas sofreram um
verdadeiro “ataque doutrinário” de mestres judaizantes (Judeus
convertidos procedentes da seita dos fariseus), que insistiam em ensinar
que para se obter a salvação, era necessário algo mais que a fé em Cristo

- 51 -
Jesus. Segundo eles, era necessário que os gentios convertidos passassem
pela circuncisão e guardassem a lei de Moisés (At 15:1-5) para terem
então assegurada a sua salvação. Assim, esse ensino confrontava o
Evangelho pregado por Paulo, cuja base maior era a justificação apenas
pela graça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo (At 13:38-39; At 15:6-
11);

 Além de solaparem “seu evangelho”, esses mestres judaizantes minavam


também a autoridade de Paulo, lembrando aos seus ouvintes que ele,
Paulo, não era um dos doze apóstolos, e, portanto, não possuía qualquer
autoridade para sustentar o que ensinava em suas viagens missionárias.
Na verdade, esses mestres judaizantes é que não possuíam qualquer
autoridade, agindo quase sempre como elementos perturbadores no seio
daquelas igrejas (At 15:24-25; Gl 1:6-7; Gl 6:12-13);
 Assim, Paulo escreve esta carta para desfazer esse ensino herético e
perturbador, e reiterar o seu ensino original àquelas igrejas, de que só
existe um evangelho através do qual a salvação é recebida apenas pela
graça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo (Gl 2:16).

2. QUEM ESCREVEU? (Autoria)

Esta é uma das poucas cartas do Novo Testamento sobre a qual quase não
existe debate acerca da autoria. A carta afirma ter sido escrita por Paulo
(1:1) tendo este dito ainda, na sua parte final, que a escreveu do seu
“próprio punho” (6:11); sua teologia é marcantemente paulina, apontando
para alguém que luta para defender a “verdade do evangelho” (2:5),
mostrando-se perplexo com a atitude de rejeição a esta verdade por parte
de seus ouvintes (3:1), a quem repreende com energia, mas ao mesmo
tempo com brandura e amor (4:19-20), lembrando-se que eles o haviam
recebido como um “anjo de Deus” em um momento difícil de enfermidade
(4:13-14). Enfim, esta é uma epístola que aponta para um único homem
dentro do cenário do Novo Testamento, homem este cuja personalidade
traz aqui, nesta carta, suas maiores marcas e características.
3. QUANDO E A QUEM ESCREVEU? (Data e Destinatários)
A data desta carta depende da compreensão que se tem acerca de quem
eram os Gálatas a quem Paulo dirige esta carta. Quando ele usou o termo
“Gálatas” (3:1), referia-se aos povos do Norte (Galácia étnica) ou aos do

- 52 -
Sul (Galácia política)? As “igrejas da Galácia”, a quem ele se dirige na
saudação inicial desta carta (1:2), pertencem à província romana da Galácia
(divisão política) onde Paulo realizou a sua primeira viagem missionária,
ou à Galácia étnica, que Paulo teria visitado por ocasião da sua segunda
viagem missionária?
Assim, com base nos questionamentos anteriores, se formaram duas
teorias acerca da data desta Epístola:
è (1ª) Teoria da Galácia do Sul – Data: Aproximadamente 48-49 d. C.;
è (2ª) Teoria da Galácia do Norte – Data: Aproximadamente 57 d. C.

Existem muitas controvérsias acerca destas duas teorias, e nenhuma


base totalmente segura para julgá-las. Se a segunda teoria for a verdadeira,
Paulo teria visitado esta região (Galácia étnica), composta das cidades de
Ancira (capital), Pessino e Távio, por ocasião da sua segunda viagem
missionária, quando teria estabelecido igrejas nestas cidades (At 16:6;
18:23). Assim, Paulo teria escrito esta Epístola ao fim da sua terceira
viagem missionária, quando estava em Éfeso, Macedônia ou Corinto,
pouco antes de escrever a Epístola aos Romanos. Teria transcorrido então,
entre dez a doze anos depois da fundação dessas igrejas, e nesse intervalo,
Paulo teria tornado a visitá-las por duas vezes.
Se, no entanto, a primeira teoria for a mais satisfatória, Paulo teria
escrito esta carta de Antioquia da Síria, logo depois de regressar da sua
primeira viagem missionária às cidades da província romana da Galácia
(Galácia do Sul). Além disso, ele a teria escrito antes do Concílio de
Jerusalém (At 15:1-5), realizado em 48-49 d.C., pois neste referido
Concílio foi decidido não ser necessária a circuncisão dos gentios para o
seu ingresso na igreja, sendo esta decisão transmitida imediatamente às
igrejas da Galácia (At 15:22-35). Os defensores desta teoria argumentam,
que se a carta fosse escrita após esta data (48-49 d.C.), Paulo faria menção
às importantes decisões do Concílio de Jerusalém.
Pessoalmente, creio que a teoria da “Galácia do Sul” tem muito mais
consistência, pois esta carta foi escrita em estado de “quase indignação”
(Gl 1:6; 3:1; 4:15-20; 6:11-13), e não creio que Paulo conseguisse esperar a
decisão do Concílio, para então escrever sua Epístola, tendo de antemão a
certeza da decisão correta.
4. O QUE ESCREVEU? (Tema)

- 53 -
 Uma forma simples e objetiva de se chegar com segurança ao tema de
um livro da Bíblia, é procurar pelas ênfases maiores do autor neste livro
e suas maiores preocupações, quase sempre reveladas através de palavras
ou expressões-chave repetidas ao longo das argumentações do referido
autor;
 Em Gálatas, uma das palavras mais utilizadas pelo apóstolo Paulo é o
termo evangelho, repetido como substantivo simples por onze vezes ao
longo desta Epístola (1:6, 7, 8, 9, 11; 2:2, 5, 7, 14; 3:8 e 4:13), e por mais
duas vezes, de modo indireto, como componente do verbo pregar (1:16,
23), totalizando assim, treze menções a esta palavra em uma carta com
apenas seis capítulos;
 Assim, esse é o centro da preocupação de Paulo nesta carta, preocupação
revelada por expressões como, “outro evangelho” (1:6), “evangelho que
vá além do que vos temos pregado” (1:8), “evangelho que vá além
daquele que recebestes” (1:9). Esta é a grande luta de Paulo nesta carta,
luta esta que ele também revela através de expressões como, “... para que
a verdade do evangelho permanecesse ente vós” (2:5), e, “Quando,
porém, vi que não procediam corretamente segundo a verdade do
evangelho...” (2:14), e ainda, “Vós corríeis bem; quem vos impediu de
continuardes a obedecer à verdade?” (5:7);

 Assim, o tema desta carta é algo que tem relação direta com esta
“verdade do evangelho” da qual Paulo faz uma intensa apologia nesta
epístola. Qual é então essa verdade no contexto desta carta? Para
responder a esta pergunta poderíamos partir de “trás para frente”, ou seja,
relembrar a principal motivação de Paulo ao escrever Gálatas, que foi a
de combater o falso ensino dos “judaizantes”. E este ensino, era
simplesmente o de que a obra de Jesus na cruz não era suficiente para a
salvação de quem quer que seja, pois a esta referida obra deveria ser
acrescentado o esforço humano de cumprir a lei mosaica, bem como de
realizar o sinal externo da circuncisão, característica marcante da Antiga
Aliança;
 Assim, este ato estaria afirmando que qualquer um de nós poderia
realizar algo pela sua própria salvação, bastando o cumprimento de um
certo número de regras e leis estipuladas no Antigo Testamento. Foi
contra este fato que Paulo se revoltou, passando a ensinar enfaticamente
“que o homem não é justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em

- 54 -
Cristo Jesus” (2:16), sendo este ensino a “verdade do evangelho” que
Paulo ensina por toda esta epístola (2:21; 3:11, 4:2-6; 5:2-6; 6:14-16).
Portanto, resumindo, podemos dizer que o tema de Gálatas é o ensino de
Paulo acerca do “evangelho da justificação pela fé sem as obras da lei”,
verdade essa que poderíamos expressar de um modo mais
contemporâneo com as palavras a seguir:

TEMA DE GÁLATAS: A Verdade do Evangelho é que a salvação de quem


quer que seja ocorre apenas por obra da graça de Deus, e a recebemos
exclusivamente pela fé na obra consumada de Cristo na cruz.

5. COMO ESCREVEU? (Estrutura)

Esta é uma das cartas mais apologéticas do Novo Testamento, pois faz uma
forte defesa da “verdade do evangelho”, lutando todo tempo para que esta
“verdade” seja firmada no coração dos seus ouvintes. É por este motivo
que esta epístola contém as mais enfáticas declarações sobre a “salvação
sem as obras” que se encontram nas Escrituras, tendo ela revolucionado o
pensamento de Martinho Lutero e influenciado decisivamente nas grandes
decisões por ele tomadas por ocasião da reforma protestante do século
dezesseis. Martinho Lutero chegou ao ponto de afirmar que se sentia “tão
casado com este livro, quanto estava casado com sua esposa Catarina”.
Ao desenvolver esta carta, Paulo o fez através da seguinte estrutura
básica:
è (1º) Abordagem Histórica (1:1-2:14) – Nestes dois capítulos iniciais,
mediante uma seleção de eventos de sua vida, o apóstolo se defende contra
a acusação, subentendida ou expressa, de que ele jamais teria recebido um
chamamento divino para o ministério apostólico, e que o seu evangelho,
consequentemente, não merecia crédito. Esta seção de Gálata é às vezes
conhecida como uma “autodefesa” de Paulo, acerca do seu apostolado e do
evangelho que ele pregava. Entretanto, estes capítulos representam muito
mais do que isto, e foi João Calvino quem muito habilidosamente explicou
este fato, com as seguintes palavras: “Lembremos, portanto, que na pessoa de
Paulo a verdade do evangelho foi atacada. Os assaltantes atacaram Paulo para
poderem destruir o seu evangelho. Eles concluíram que se o apostolado de Paulo
fosse de origem meramente humana, então o seu evangelho também seria uma
mera invenção humana”.

- 55 -
è (2º) Abordagem Doutrinária – Esta carta pode ser estruturada, de modo
resumido, da seguinte forma:
(a) Capítulos 1 e 2 – A Origem do Evangelho – Este não é de origem
humana, e, sim, divina, e, por essa razão, é completamente independente
das iniciativas humanas.
(b) Capítulos 3 e 4 – A Defesa do Evangelho – Tanto a Escritura, isto é, o
Antigo Testamento, quanto a vida (experiência, história passada) dão o
testemunho da sua veracidade.
(c) Capítulos 5 e 6 – A Aplicação do Evangelho – Ele produz a verdadeira
liberdade na vida dos que crêem. Paulo exorta assim, que os Gálatas
permaneçam firmes nas suas verdades, assim como o próprio apóstolo, que
afirma que se gloria apenas na cruz de Cristo (6:14-16).

6. POR QUE ESCREVEU? (Objetivos)

Os claros objetivos desta carta podem ser resumidos nos seguistes pontos a
seguir, nos quais Paulo nos diz que escreveu Gálatas para:
è (1º) Opor-se à influência dos mestres judaizantes que estavam
procurando destruir a autoridade de Paulo, bem como, do evangelho por
ele pregado;
è (2º) Refutar os seguintes erros doutrinários que estes mestres ensinavam:
(a) Que a obediência à lei mosaica deveria ser acrescida à fé em Jesus
como condição básica essencial à salvação de quem quer que seja;
(b) Que o cristão é aperfeiçoado pela observância da lei de Moisés.
è (3º) Restaurar os Gálatas que tinham abandonado o caminho da graça de
Deus (5:2, 4).

7. IMPORTÂNCIA ATUAL DE GÁLATAS (Contextualização)

As questões tratadas nesta carta formam um cenário histórico local há


muito tempo ultrapassado, no que se refere ao tratamento imediato dado
por Paulo, que se não debelou de todo o perigo da doutrina dos judaizantes,
certamente que produziu grandes transformações nas vidas daqueles

- 56 -
crentes sinceros que corriam iminente perigo de decaírem do evangelho da
graça. Assim, temos que lidar com a questão sempre presente da
contextualização da mensagem desta carta, ou seja, da sua relevância para
os dias em que vivemos, para os quais as questões históricas levantadas
nesta epístola não mais possuem qualquer significado prático.
Assim, temos que entender, que a despeito do cenário histórico local já
ultrapassado, esta carta apresenta princípios bíblicos eternos, aplicáveis a
todos os cristãos de qualquer geração da história da igreja. Apenas como
exemplo, deveríamos recordar o papel representado por esta epístola por
ocasião da reforma protestante do século XVI, e em especial, sobre o
pensamento e sobre a teologia de Martinho Lutero. Na sua batalha feroz
contra as doutrinas papistas, ele considerava a atuação dos “judaizantes”
desta carta como exemplos dos legalistas na religião, e, portanto, como
exemplos de qualquer sistema religioso em que a aproximação de Deus
tenha como base exigências legalistas. Lutero sabia, por experiência
própria, que o sistema monástico da sua época representava uma
escravidão tão grande quanto a situação histórica confrontada por Paulo
nesta carta. A justificação pela fé foi a resposta de Paulo à sua época, sendo
esta, da mesma forma, a resposta de Lutero à sua própria geração.
A relevância de Gálatas se mantém de modo permanente em todas as
épocas, porque sempre existe a tendência das pessoas pensarem que a sua
salvação é algo que pode ocorrer por meio de suas próprias realizações.
Com muita frequência o cristianismo tem sido entendido como nada mais
do que um sistema de moralidade, como uma cuidadosa observação de um
sistema sacramental, ou como uma conformidade a padrões previamente
estabelecidos pela própria igreja.
Assim, ao estudarmos Gálatas com profundidade, poderemos aprender
porque esta carta pode ser considerada como uma das maiores âncoras da
fé cristã. Entre os princípios bíblicos eternos ensinados nesta epístola, os
que listamos a seguir certamente falam igualmente a todos os homens de
qualquer época, pois são ensinamentos divinos revelados diretamente pelo
Senhor Jesus ao apóstolo Paulo. Desta forma podemos destacar três
aspectos distintos desta carta que permanecem tão atuais agora quanto o
foram naquela ocasião:
è (1º) A carta aos Gálatas faz uma séria advertência contra o legalismo –
Os judaizantes da época de Paulo estavam tão condicionados a uma
abordagem legalista que não enxergavam os seus perigos e nem mesmo a

- 57 -
ameaça fatal que ela representava para o próprio cristianismo. Esta carta
contém um grande desafio a todos os que hoje fazem parte da igreja cristã,
no sentido de que examinem os seus princípios básicos de vida. Qualquer
abordagem do cristianismo que dependa da rígida observância de regras
externas, como meio de salvação, coloca-se dentro das mesmas condições
dos ouvintes originais desta epístola.
è (2º) A carta aos Gálatas contém um forte alerta contra a libertinagem dos
tempos modernos – Esta é outra forte tendência dos tempos modernos, ou
seja, considerar a liberdade individual mais importante do que qualquer
código de ética estabelecido pela sociedade humana. À primeira vista pode
parecer que as referências de Paulo à liberdade que obtivemos em Cristo
apóiam as reivindicações da liberdade individual. Entretanto, Paulo deixa
perfeitamente claro que essa liberdade que temos em Cristo, não pode
usada como ocasião para a carne (5:13), ou seja, para aquelas atitudes e
atos provenientes do egoísmo humano, que enxerga apenas a si mesmo, por
ainda viver em um estado decaído de corrupção moral. O antídoto de
Gálatas à libertinagem de nossos tempos é o exercício do amor (5:22), o
primeiro dos frutos do Espírito, uma vez que considera o serviço prestado
aos outros de maior valor do que a auto-satisfação (5:13-14).
è (3º) A carta aos Gálatas relembra-nos da importância da Escritura na vida
da igreja – Paulo utiliza as Escrituras de modo até intenso nesta carta, e
quando o faz, ele nos ensina o conceito de que quando a Escritura fala, ela
fala com a voz de Deus. A fórmula “está escrito”, é usada muitas vezes
nesta pequena carta (3:10, 13, 22; 4:22, 27, 30), ensinando-nos acerca de
onde realmente devemos procurar ouvir a voz de Deus.

- 58 -
7 Método Temático

1. DEFINIÇÃO

1.1 - Método temático é aquele que procura abordar o estudo da bíblia


através de temas ou tópicos bem definidos que poderão abranger toda a
Bíblia ou apenas uma porção dela.
1.2 - Alguns exemplos de “temas” importantes nas Escrituras são: a fé, a
graça, o Espírito Santo e o Pecado humano. Estes temas poderão ser
estudados a partir de apenas um livro da Bíblia ou em toda ela.

 Como exemplo, podemos estudar a “graça de Deus” em todo o Novo


Testamento, ou apenas na Carta aos Romanos.

- 59 -
 A “amplitude” do estudo temático dependerá da profundidade que se
deseja alcançar sobre um determinado assunto, e também, do tempo
disponível.
 Como exemplo, se formos estudar acerca do “pecado” em toda a Bíblia,
esta seria uma tarefa colossal, que demandaria muito tempo; mas, se
limitássemos este estudo aos “ensinamentos de Jesus”, ou ainda, aos
ensinamentos do apóstolo João em sua primeira carta, a “amplitude” (e
também a profundidade) desse estudo se reduziria consideravelmente.
 Ao se realizar um “estudo temático” deve-se tomar o cuidado de
considerar os diversos “termos com igual sentido” (termos ou palavras
cognatas) que uma determinada palavra possui no texto bíblico.
 Assim, por exemplo, se formos realizar um estudo sobre o tema,
“mandamentos de Deus” no livro de Salmos, devemos considerar também,
os termos, “preceitos”, “juízos”, “lei”, “decretos”, e “prescrições” (Sl
119:2).

 De igual modo, ao se estudar o tema “controle da língua”, no livro de


Provérbios (ou na carta de Tiago), deve-se considerar também as palavras
“boca” e “lábios”.

2. OBJETIVOS

2.1 - Dar ao estudo uma visão mais aprofundada de determinado assunto,


chamado aqui de “tópico” ou “temático”.
2.2 - Como já vimos anteriormente, a profundidade deste estudo é função
direta da “amplitude” que determinamos (ou que desejamos dar) ao estudo.
2.3 - Este método é essencial ao estudo de alguns livros da Bíblia, como
por exemplo, o livro de Provérbios, no Antigo Testamento, e a Epístola de
Tiago, no Novo Testamento.

3. ETAPAS BÁSICAS

3.1 - Aplicar constantemente as quatro (4) partes básicas de estudo da


Bíblia (Observação, Interpretação, Correlação e Aplicação) após uma

- 60 -
leitura cuidadosa dos diversos versículos encontrados nos livros ou nos
capítulos onde se concentra o tema escolhido.
3.2 - Fazer um levantamento dos principais versículos ou capítulos que se
referem ao “tema” escolhido.

 Por exemplo, se o tema é, “a necessidade do controle da língua”, a partir


da carta de Tiago, você deverá considerar os versículos que falam
diretamente sobre a “língua” (1:26; 3:5-6 e 3:8), e também, os que enfocam
as palavras cognatas desta (palavras com igual sentido), como “boca” (3:3
e 3:10) e “lábios”.
 Neste caso, será necessário utilizar uma boa “concordância bíblica” e, se
possível, os modernos recursos da informática, como uma “Bíblia Digital”
de boa qualidade.
3.3 - Mesmo que o “estudo temático” seja restrito a um determinado livro
da Bíblia, devemos aprofundá-lo com a utilização de textos ou versículos
de outros livros onde este assunto seja tratado com maior profundidade.
 Assim, por exemplo, ao estudarmos o tema anteriormente mencionado (o
controle da língua), devemos aprofundá-lo necessariamente com a inclusão
de versículos conhecidos acerca deste tema no livro de Provérbios (Língua
– Pv 12:18; 15:2; 15:4 e 21:23) e (Boca – Pv 4:24; 6:2; 10:11; 12:6).
3.4 - Procure se aprofundar no “conceito bíblico” do tema escolhido, de
modo a entender com exatidão o “pensamento teológico” das Escrituras
acerca deste assunto.
 Assim, por exemplo, se estivéssemos estudando o tema “discriminação”
na carta de Tiago, deveríamos verificar o “conceito veterotestamentário”
(Dt 10:17-18; Lv 19:15) e o “neotestamentário” (Cl 3:9-11; Gl 3:26-28)
acerca este assunto. Isto nos fará entender, por exemplo, que a
“discriminação” é um grave pecado aos olhos de Deus, e que como
cristãos, jamais podemos praticar este tipo de ação.
3.5 - Desenvolver o estudo temático na forma de um “esboço” no qual
deve ser obedecida a seguinte sequência:
(1º) Tema
(2º) Introdução
(3º) Desenvolvimento
- 61 -
(4º) Conclusão e Aplicação
4. Aplicação Prática 1
4.1 - Preparar um estudo bíblico “temático” usando a palavra “língua”
como “termo tópico” deste estudo. A “amplitude” do estudo deverá
abranger toda a carta de Tiago e pelo menos alguns textos de provérbios O
enfoque desejado para o estudo é a “importância do controle da língua” na
vida do cristão.
4.2 - Desenvolvimento do Estudo
4.2.1- Tema: “A Língua: Benção ou Maldição?”
(1) Levantamento dos “textos básicos” em Tiago: Tg 3:1-12 / 4:11-12 (Tg
1:19; 1:26; 2:12; 3:5; 3:6; 3:10; 4:11 e 5:12)
(2) Levantamento dos textos básicos em Provérbios: Sobre a LÍNGUA (Pv
12:18; 15:4; 18:21; 21:23), sobre a BOCA (Pv 8:13; 10:11; 18:4; 18:7), e
sobre os LÁBIOS (Pv 4:24; 6:2; 10:13; 12:22).
4.2.2 - Introdução
(1) Falar da importância deste assunto no contexto de Tiago;
(2) Mencionar o destaque que a Bíblia faz acerca do tema escolhido;
(3) Contextualizar o assunto – Por que ele é importante nos nossos dias?
Por que devemos estudá-lo?
(4) Em que aspectos este assunto edifica nossas vidas hoje?

4.2.3 - Desenvolvimento (texto base: Tg 3:1-12)


(1) A maior responsabilidade dos que ensinam (vs. 1-2)
(2) A necessidade e a dificuldade do “controle da língua” (vs. 3-8)
(3) O uso contraditório da Língua (vs. 9-12)

4.2.4 - Conclusão e Aplicação


(1) Sumarize o que foi ensinado no decorrer do estudo.

- 62 -
(2) Quais as conclusões a que chegamos que devemos ressaltar no
“fechamento” do estudo?
(3) Que aplicação prática podemos e devemos fazer às nossas vidas?

5. Aplicação Prática 2
Preparar um estudo bíblico sobre o seguinte tema: “Provações e Tentações:
Significados e Diferenças”.
(1) Levantamento dos “textos básicos” em Tiago: Tg 1:12-18; 1:2-4;
(2) Levantamento dos “textos básicos” em outros livros: Rm 5:3-5
(Provação); 1 Pe 1:6 (provação); Mt 26:41 (tentação); Hb 4:15
(tentação)

“PROVAÇÕES E TENTAÇÕES: SIGNIFICADOS E DIFERENÇAS”

(Tg 1:12-18)

1. INTRODUÇÃO
Tiago complementa e aprofunda nestes versículos (vs. 12-18) a abordagem
já realizada acerca do tema, “provações na vida cristã” (1:2-4). Seu
enfoque agora muda, sempre abrangendo, entretanto, fatos práticos que
ocorriam em seu ministério de pastor e bispo da Igreja em Jerusalém. Em
meio às perseguições, tribulações e aflições daqueles dias, muitos sentiam-
se inclinados à “soluções” que fugiam aos ensinamentos da “Palavra”,
sendo tentados, caindo em ciladas, e afastando-se por vezes da comunhão
da Igreja.
O apóstolo Tiago quer alertá-los neste ponto, sobre um assunto
importante na vida cristã. Ele enfatiza com a expressão “não vos enganeis”
(vs 16), acerca da confusão reinante nas Igrejas do primeiro século no que
dizia respeito à origem das provações e tentações por que passavam
naqueles dias. Pensavam que ambas tinham a sua origem em Deus, o que
confundia o significado e propósito de cada uma, mas justificava suas
fraquezas quando tentados ou provados.
Como entender o significado e as diferenças entre as provações e
tentações? Porque esse entendimento é importante para o discipulado
- 63 -
cristão? Tiago preocupa-se, pois, em separar essas experiências (provações
e tentações), situando suas origens, propósitos e efeitos em nossa vida, de
forma a evitar qualquer engano da nossa parte, ao considerar que “tudo
provém de Deus”, não restando-nos por vezes qualquer alternativa de
vitória.

2. DESENVOLVIMENTO

2.1 - SIGNIFICADO E ORIGEM DAS PROVAÇÕES (vs. 12)


Tiago começa lembrando (vs. 12) que aquele que “suporta, com
perseverança, a provação”, é “bem-aventurado” aos olhos de Deus, ou seja,
segundo o ponto de vista do “Senhor” esse é um motivo de verdadeira
felicidade. Mas, há uma razão mais específica para essa bem-aventurança:
A posse da “coroa da vida”. Essa expressão (coroa da vida) remete-nos às
competições esportivas daquela época (jogos olímpicos gregos), onde o
vencedor recebia como prêmio pela sua perseverança, por ter suportado as
aflições dos treinamentos extenuantes, e por ter vencido, uma coroa de
louros. Assim, o prêmio mencionado por Tiago significa que após
suportarmos com perseverança as aflições inerentes a esta vida, nos
aguarda a posse de um “estilo de vida” idêntico ao de Deus, sendo esta,
certamente, a melhor interpretação para a expressão citada.
É neste mesmo sentido que as palavras de Jesus foram dirigidas à
sofrida Igreja de Esmirna: “... Não temas as coisas que tens de sofrer. Eis
que o Diabo está para lançar em prisão alguns dentre vós, para serdes
postos à prova, e tereis tribulação de dez dias. Sê fiel até à morte, e dar-te-
ei a coroa da vida” (Ap 2:10). No contexto de vida desta comunidade
cristã, a morte era uma realidade sempre presente, em face das constantes
perseguições movidas contra eles pela forte presença da colônia judaica
existente nesta cidade, e, principalmente, pela forte aversão demonstrada a
todo instante pelo imperador César Domiciano aos cristãos de todos os
lugares do império. O que Jesus diz tanto a eles no passado quanto a nós
outros, em qualquer geração da história da igreja, é que a morte nunca é a
última realidade da vida de um cristão, pois Ele nos tem reservada a “coroa
da vida”, ou seja, a realidade de que viveremos com Ele eternamente no
seu próprio estilo de vida.
Assim, podemos concluir que o ensino completo de Tiago sobre este
assunto (provações), é que estas produzem em nossas vidas dois tipos
distintos de bênçãos:
- 64 -
(1º) Uma bênção para a nossa vida atual – Que é alcançada pelo exercício
contínuo da virtude da “perseverança” (gr. hypomoné), cujo objetivo é nos
tornar maduros espiritualmente, “perfeitos e íntegros” (1:4) diante de Deus.
Ninguém pode ser aprovado numa prova que não fez. Só existe um
caminho para a aprovação: A “provação”, testes, e etc. (2 Tm 2:15; 1 Pe
1:6-7). Se de fato almejamos ser um obreiro do Reino de Deus, precisamos
ter a disposição de sermos TRATADOS e EDIFICADOS pela palavra de
Deus. Ele nunca é superficial com as nossas falhas de caráter e distorções
da nossa personalidade.
Quando atendemos ao chamado de Deus, mesmo andando em
obediência, não quer dizer que só nos acontecerão coisas positivas e
animadoras. Andar no centro da vontade divina não nos isenta das provas,
das dificuldades e das resistências do mundo espiritual (Dt 8:2; Hb 12:6-7).
Devemos nos lembrar ainda, que o tempo que leva as nossas provações
gera em nós perseverança e caráter. Perseverança produz caráter e caráter
produz perseverança. Portanto, em termos de caráter o tempo desempenha
um papel indispensável no processo de aprovação da fé (Rm 5:3-5).
(2º) Uma bênção para a eternidade – Que é a posse da “coroa da vida”,
prometida pelo Senhor aos que o amam (1:12b; 1 Co 9:24-25), cujo
significado, com já vimos, é “viver com Deus eternamente” dentro do Seu
próprio estilo de vida.
2.2 - SIGNIFICADO E ORIGEM DAS TENTAÇÕES (vs. 13-15)
Agora, Tiago se preocupa em mostrar que, se as provações procedem de
Deus e trazem os benefícios mencionados, o mesmo não acontece com as
tentações. Estas não procedem d’Ele (vs. 13), e não podem, portanto,
produzir qualquer benefício. O ensinamento contido aqui, é que nos
momentos difíceis da nossa vida, as tentações andam juntas com as
provações, podendo produzir em nós um fascínio pelo pecado. Muitas
vezes, ao cedermos, tomamos a atitude errada de culpar a Deus.
Assim, Tiago argumenta que “Deus não pode ser tentado pelo mal” (vs.
13b), ou seja, ele nos ensina aqui, que não existe a tentação para Deus,
porque o pecado é uma “impossibilidade moral” n’Ele. Nós todos podemos
pecar, mas Deus não, pois a sua santidade é absoluta. Acerca deste fato o
profeta Habacuque assim se manifestou: “Tu és tão puro de olhos, que não
podes ver o mal e a opressão não podes contemplar...” (Hc 1:13a).

- 65 -
Portanto, a conclusão de Tiago é óbvia: “... Deus mesmo a ninguém tenta”
(1:13b).
Sendo assim, qual é então a origem da tentação? Ele afirma que esta
tem a sua origem em nossa própria “cobiça” (vs. 14), ou “concupiscência”
(ARC) que significa no original grego (epithymia), um “desejo intenso e
ardente”, que surge em nosso íntimo e é acalentado por algum tempo. Este
desejo, segundo Tiago, atua no “velho homem” que persiste em nós, como
uma isca que atrai e seduz (engoda, engana), o peixe, enganando-o e
arrastando-o do seu meio. Esta é uma “linguagem de pescador”, mostrando
que a cobiça pode atuar em relação a qualquer área da nossa vida, seja ela a
área moral (sexual), material (riquezas), ou qualquer outra.
Neste ponto (vs. 15) Tiago utiliza ainda uma outra imagem, na qual
compara a cobiça a uma “mulher grávida”, que após o período da gestação
dá a luz um filho (pecado) que gera a morte, ou seja, separa o homem de
Deus. Assim, devemos entender que a cobiça é algo inerente ao homem
pecador, procede do seu coração, que deve ser guardado acima de tudo (Pv
4:23; Sl 139:23-24).
Este texto nos orienta, portanto, a evitar o engano (vs. 16) de confundir
estas duas experiências (provações x tentações), separando tudo que é mal,
que produz tentações, cuja origem é nossa própria cobiça, do que é bom,
que tem sua origem em Deus. Provações procedem de Deus, e são usadas
por Ele para a nossa edificação. Tentações procedem do nosso próprio
coração (cobiça), e são usadas por Satanás para nos derrotar.

2.3 - O REFERENCIAL ABSOLUTO E SUPREMO DO BEM (vs. 16-18)

Nesta parte final parece que Tiago quer ter a certeza de que seus leitores
não se enganarão nesta questão tão importante. Atribuir a Deus a “ação
maligna” de tentar as pessoas é um assunto por demais sério. Longe de
atrair para o pecado, Deus é o “referencial supremo” do bem, a fonte de
“todas as boas dádivas”. Tiago utiliza aqui uma “linguagem cosmológica”,
quando afirma que o único referencial do bem é o “Pai da luzes” (vs. 17),
ou seja, o “Pai dos astros e dos luminares” (Sl 136:7-9; Jr 31:35-36). É
possível que ele observasse os astros em uma bonita noite estrelada,
visualizando “variações” de trajetórias dos asteroides, ou, os movimentos
periódicos dos corpos celestes. Talvez, “sombra de mudança”, seja uma
referência às fases da lua, ou, à sombra projetada por um eclipse. De
qualquer forma, o que Tiago quer ressaltar é a “mutabilidade da criação”
- 66 -
(do cosmos) quando comparada com a “imutabilidade de Deus”. E
“imutabilidade” não pode de forma alguma ser confundida com
“imobilidade”. Deus é “imutável” em Seu caráter e em Sua essência, mas
age constantemente e de diversas maneiras em nossas vidas.
Aqui fica uma grande lição para nós: Se Deus é o “Pai das luzes”,
imutável em seu caráter, sem “sombras de mudança” em seu propósito,
logo Ele é o único referencial de vida no universo. Nesse caso nossa vida
só faz sentido quando vivida em função d’Ele, dentro de suas leis e
mandamentos (Sl 119:1-6).
Como evidência maior do que foi declarado no versículo 17, Tiago
apresenta a maior de todas as dádivas, ou seja, o “novo nascimento”: “Pois,
segundo o seu querer, ele nos gerou pela palavra da verdade...” (vs. 18a).
Deus agiu em nossa história, através do seu querer, gerando uma vida que
não existia. Como Ele realizou o seu propósito? O instrumento foi a
“Palavra da Verdade” (1 Pe 1:23-25), ou seja, o conjunto de toda a
revelação de Deus aos homens, que teve o seu ponto culminante na vinda
de Jesus (Hb 1:1-2). Toda essa revelação transmitida pelo Espírito Santo de
Deus aos seus profetas e servos, foram reunidos na Bíblia para que a
aceitação da sua mensagem, e o seu completo entendimento produzisse
(gerasse) em nós a maior dádiva de Deus, que é o “novo nascimento”. A
Bíblia em si mesma não pode ser tomada como um talismã milagroso,
como se apenas uma despretensiosa leitura produzisse efeitos
maravilhosos. Ela é a “palavra da verdade”, mas deve ser lida com fé para
que produza mudanças em nossas vidas.
Finalmente, se Deus agiu segundo o “seu querer”, usando como
instrumento do novo nascimento, a “palavra da verdade”, tinha
naturalmente um grande propósito. Este encontra-se no final do versículo
18: “... para que fôssemos como que primícias das suas criaturas”. A
palavra “primícias” é uma referência a uma das três maiores festividades
judaicas do Antigo Testamento, que era conhecida como “festa das
semanas” ou “dia das primícias” (Ex 34:22; Lv 23:9-14). Nela os israelitas
ofereciam o “primeiro feixe de cevada” como expressão de gratidão a Deus
pela colheita de cereais. As “primícias” das colheitas eram oferecidas no
segundo dia da “festa da Páscoa”, e nada da nova safra poderia ser usada
enquanto não se fizesse essa oferta (Lv 23:14). A ideia era a seguinte: A
safra era impura até que o seu produto fosse dedicado a Deus.

- 67 -
No Novo Testamento a palavra “primícias” é uma designação habitual
dos cristãos (Ap 14:4), dando a entender que somos oferecidos em louvor a
Deus como “primícias” da sua criação, como a melhor parte do seu plano
redentor, abrangendo e purificando todas as coisas (Rm 8:19-23). Por este
motivo, Tiago nos ensina que agora todos os que crêem foram gerados
como “primícias das suas criaturas”. Só o “querer de Deus”, pleno de graça
e misericórdia poderia fazer isso por mim e por você (Fp 2:13).

3. CONCLUSÃO E APLICAÇÃO

Se agora já entendemos o significado e a origem das tentações e das


provações, não podemos mais ser enganados confundindo-as, como se
ambas as experiências tivessem a sua origem em Deus, não nos restando
qualquer outra alternativa senão caminhar através do erro, sujeitos às
tentações sem opções de vitória.
Nós não encontramos na Bíblia um Deus relutante aos apelos de um
homem desesperado por uma salvação que lhe é negada. Desde o Éden
encontramos um Deus que procura e um homem que se esconde. Ele é a
fonte única e suprema de todo o bem, o que nos permite descansar nas
providências da sua graça, pois o mesmo “soberano querer” que nos gerou
também há de nos conduzir em vitória até o dia final.
Não foi esta a afirmação que o apóstolo Paulo fez em sua segunda carta
à Timóteo?

“... e, por isso, estou sofrendo estas coisas; todavia, não me


envergonho, porque sei em quem tenho crido e estou certo de que
ele é poderoso para guardar o meu depósito até aquele Dia” (2 Tm
1:12)

- 68 -
8 Método Biográfico

1. DEFINIÇÃO

1.1 - Método biográfico é aquele que aborda o estudo da Bíblia através das
biografias de seus principais personagens, procurando aprender através das
suas vidas e atitudes os ensinamentos e advertências contidos em suas
histórias, que Deus nos deixou nas Escrituras como exemplos (1Co 10:11).

- 69 -
“Estas coisas lhes sobrevieram como exemplos e foram
escritas para advertência nossa, de nós outros sobre quem
os fins dos séculos têm chegado” (1Co 10:11)

1.2 - As biografias encontradas na Bíblia fazem parte do gênero literário


chamado de “narrativa”, que é o tipo de literatura mais encontrada em toda
a Bíblia, chegando a perfazer cerca de 40 por cento da sua totalidade. As
narrativas bíblicas nos contam acerca de fatos que aconteceram no
desenrolar da revelação da vontade soberana de Deus aos homens, e o seu
propósito maior é mostrar-nos Deus operando na Sua criação e entre Seu
povo. As narrativas O glorificam, ajudam-nos a entendê-lo e a dar o devido
valor a Ele, e nos dão um quadro da Sua providência e proteção. Vale ainda
lembrar que toda biografia bíblica é uma “narrativa”, mas nem toda
narrativa é, necessariamente, uma biografia de algum personagem bíblico.
1.3 - O “método biográfico” nos permite “sondar” o caráter das pessoas,
observar suas reações diante dos fatos ocorridos, e, principalmente, tirar
preciosas lições das suas histórias.
1.4 - Muita coisa foi escrita acerca de alguns personagens bíblicos. Assim,
quando estudamos acerca de pessoas como, Abraão, Moisés, Jesus, pode
ser necessário delimitar o estudo, a alguns aspectos das suas vidas, ou, a
alguns livros da Bíblia.
1.5 - Assim, por exemplo, podemos estudar acerca de Jesus conforme nos é
revelado no Evangelho de João, ou, acerca de da vida de Moisés, durante o
Êxodo do povo de Israel, ou ainda, acerca do apóstolo Paulo no livro de
Atos dos apóstolos.
1.6 - Portanto, neste método de estudo, devemos também determinar a
“amplitude desejada” para o estudo, que é função natural da profundidade
de conhecimentos que queremos obter acerca da vida de um determinado
personagem.
2. OBJETIVOS
2.1 - Dar ao estudante uma visão mais aprofundada da vida de um
determinado personagem bíblico, do qual procuraremos obter lições e
exemplos para as nossas vidas hoje.
- 70 -
2.2 - Entretanto, devemos sempre nos lembrar que a Bíblia geralmente
estabelece uma narrativa acerca da vida de um determinado personagem,
descrevendo tanto os seus acertos quantos seus erros, sem comentários
acerca dos mesmos. Assim, devemos ter o cuidado de não tomar as vidas
mencionadas no texto sagrado como “modelos” a serem seguidos em tudo
o que fizeram. Devemos discernir os erros dos acertos, aprendendo a tirar
lições de ambos.
2.3 - Outro aspecto importante a ser lembrado aqui, é que não se pode
estabelecer qualquer ensinamento doutrinário com base nas narrativas
bíblicas, pois estas apenas relatam os fatos ocorridos, sem que estes
possam servir de modelos em toda sua extensão. Assim, tudo o que
aprendemos das biografias bíblicas necessita ser confirmado nos livros
doutrinários para que se possa considerar o referido ensino como
dogmático, ou seja, como algo irrefutável, que deva ser considerado
realmente como doutrina básica da fé cristã.
2.4 - O método biográfico é muito importante no estudo específico de
alguns livros da Bíblia, como, por exemplo, os livros de Rute e Ester no
Antigo Testamento, e a Epístola de Paulo a Filemom, no Novo Testamento.

3. ETAPAS BÁSICAS

3.1- Aplicar constantemente as quatro (4) partes básicas de estudo da


Bíblia (Observação, Interpretação, Correlação e Aplicação) após uma
leitura cuidadosa dos textos onde se encontram relatados os fatos
relacionados ao personagem escolhido.
3.2 - Escolha o personagem que você quer estudar e estabeleça a
“amplitude” do seu estudo, que pode ser, por exemplo, a “vida de Davi”
antes de tornar-se rei.
3.3 - Faça um levantamento preliminar de todas as referências (dentro da
amplitude estabelecida) acerca do personagem escolhido. Use neste
levantamento, como auxílio externo, uma boa concordância bíblica, a
“Bíblia de Referência de Thompson”, ou, principalmente, a “Bíblia On
Line” (Bíblia digital) da Sociedade Bíblica do Brasil.
3.4 - Leia cuidadosamente (e várias vezes) cada passagem anotada,
procurando extrair delas as lições e os ensinamentos que as atitudes do
personagem escolhido nos transmitem.
- 71 -
3.5 - Anote todos os pormenores observados acerca do personagem
escolhido. Todas as minúcias acerca do caráter do personagem escolhido
devem ser registradas. As seguintes perguntas poderão servir de auxílio
nesta “exegese biográfica”:
 Quem era ele?
 O que fazia no contexto da respectiva narrativa?
 Onde morava?
 Em que época viveu? (Se possível anotar a data)
 Por que o personagem tomou as atitudes narradas no texto
bíblico?
 Quais foram as virtudes do personagem estudado? Por que Deus
o considerou grande?
 Quais foram as suas fraquezas? Como e quando ele falhou?
3.6 - Anote os “versículos-chave” e os “pensamentos-chave” que podem
sintetizar a orientação da vida de um determinado personagem. Assim, por
exemplo, se o nosso estudo biográfico fosse acerca da meretriz “Raabe”, o
versículo-chave seria Hb 11:31 (pois confirma que ela realmente creu no
Deus de Israel) e o pensamento-chave para o bom entendimento das
atitudes de Raabe pode estar contido no versículo a seguir:

“Raabe se dispôs a correr grandes riscos porque creu no Deus de


Israel” (Js 2:9-11)
3.7 - Procure traçar (quando possível) o “pano de fundo” histórico do
personagem escolhido. Assim, as seguintes perguntas poderiam servir de
guia para se obter os dados necessários:

 Quando o personagem viveu?


 Quem foram os seus pais? Houve alguma coisa “incomum” em
torno do seu nascimento e da sua infância?
 Quais foram as condições políticas, sociais, religiosas e
econômicas da sua época?
 Qual era a sua vocação? Era agricultor, guerreiro, profeta ou
pastor de ovelhas? Este fato influenciou o seu ministério
posteriormente?
3.8 - Aplicação Prática - Desenvolver o estudo biográfico na forma de um
“esboço” no qual deve ser obedecida a seguinte sequência:
- 72 -
(a) Tema - O tema escolhido pode determinar o enfoque que se deseja dar
ao estudo. Assim, damos abaixo alguns exemplos:

 Abraão, “O Peregrino Espiritual”;


 Gideão, “O Poderoso Guerreiro de Deus”;
 Daniel, “O Profeta Estadista”;
 Jacó, “O enganador que se tornou campeão com Deus”.

(b) Introdução – Nesse item faça uma síntese da importância da vida do


personagem estudado, descrevendo sucintamente as principais
características que ilustram o enfoque que se pretende dar ao estudo.

(c) Desenvolvimento – Procure iniciar com uma descrição geral do


personagem, das suas principais atitudes e da sua filosofia de vida.

 Dê ênfase às motivações do personagem e aos seus objetivos na vida;


 Se for possível, contraste os “fatos positivos” da vida da pessoa
escolhida, com os “fatos negativos” da vida de um outro personagem
proeminente. Assim, por exemplo, se o nosso personagem fosse a
“meretriz Raabe”, poderíamos contrastar a sua “atitude de fé” diante do
poderoso exército de Israel, com a “atitude de incredulidade” e
desobediência da mulher de Ló. A primeira foi salva e entrou para a
genealogia de Cristo; a segunda foi condenada e virou uma estátua de sal
(Gn 19:26).
(d) Conclusão e Aplicação

 Quais são as lições da vida do personagem estudado que podemos


aplicar às nossas vidas?
 Quais são os fatos encontrados na biografia estudada que as Escrituras
pretendiam que servissem de exemplos para nós hoje?
 Que advertências encontramos no estudo realizado que podem ser
contextualizadas aos nossos dias, às nossas igrejas e a nós mesmos?
4. APLICAÇÃO PRÁTICA 1
4.1- Preparar um estudo bíblico “biográfico” acerca da vida da “meretriz
Raabe”. A “amplitude” do estudo deverá abranger todas as informações
contidas em toda a Bíblia.

- 73 -
4.2 - O enfoque desejado para o estudo é acerca da fé que mudou a vida
desta famosa meretriz, tornando-a parte da própria genealogia de Jesus.
4.3 - Desenvolvimento do Estudo
(a) Tema: “Uma Vida Transformada pela Fé”

 Levantamento dos “textos básicos”: Js 2:1-21; 6:17-25; Mt 1:5; Hb


11:31; Tg 2:25.
(b) Introdução

 Raabe era uma prostituta da cidade de Jericó, situada além do rio Jordão
na terra de Canaã. Ela e outros integrantes da sua comunidade tinham
ouvido como Deus tinha permitido que os israelitas atravessassem o Mar
Vermelho em terra seca, e, também, como tinham derrotado os reis dos
amorreus (Js 2:9-11).
 Quando os espias de Israel chegaram à sua porta, ela os acolheu em paz
e os escondeu do rei de Jericó, que buscava suas vidas. Ela mentiu aos
enviados do rei, dizendo que os espiões não estavam mais em sua casa, e
deu uma pista falsa aos homens de Jericó que os procuravam (Js 2:1-7).
 Raabe pediu segurança aos espias de Israel, para si e para a sua família,
dando-lhes testemunho de que cria que o Deus de Israel era “Deus em cima
nos céus e embaixo na terra”, baseada no que tinha ouvido dos Seus atos
(Js 2:11-13).
 Os espias, por sua vez, lhe prometeram salvamento se ela não revelasse
o paradeiro deles; a prova desse mútuo compromisso seria um cordão de
“fio de escarlata” que ela deveria pendurar à janela da sua casa (Js 2:14-
21).
 A vida de Raabe foi poupada na queda de Jericó (Js 6:25) e mais tarde
ela se tornou “tataravó” do rei Davi, e assim, entrou para a genealogia de
Jesus (Mt 1:5).
 Podemos observar desta narrativa, que Raabe, apesar da pouca
informação que possuía acerca de Deus, foi capaz de agir com fé (Hb
11:31), quando todos os demais habitantes de Jericó agiam com muito
medo. Esse é um grande exemplo para nós hoje, pois Deus não deu atenção
ao que ela era naquele momento (apenas uma prostituta) e sim, ao fato
maior de que ela creu.
- 74 -
 Outro fato importante a ser registrado é o “olhar de Deus” para com
uma pessoa de má fama, uma “excluída” da sociedade humana. Esse foi o
“olhar de Jesus” durante o seu ministério terreno, quando transformou a
vida da mulher samaritana, quando perdoou a avareza e a vida de roubos de
Zaqueu, quando perdoou os pecados de Maria Madalena, e tantos outros
relatados nos Evangelhos. Esse “olhar divino” deve ser também o nosso
olhar hoje, para aqueles que nos cercam em iguais condições de exclusão.
(c) Desenvolvimento

 Raabe seria, certamente, a última pessoa que na avaliação humana seria


capaz de crer no “Deus de Israel”. Entretanto, ela demonstrou que estava
informada sobre os fatos que vinham ocorrendo na vida deste povo (Js 2:9-
10).
 O modo de pensar que levou Raabe a crer foi simples:

“Se o Deus deste povo é capaz de realizar fatos tão grandiosos, é


porque ele é o único Deus verdadeiro” (Js 2:11).

 Assim, baseados nos fatos bíblicos narrados, podemos observar as


seguintes atitudes em Raabe:
è (1ª) Ela analisou os acontecimentos da história de Israel (Js 2:9-10);
è (2ª) Ela creu no Deus que faz acontecer a história (Js 2:11);
è (3ª) Ela demonstrou sua fé agindo de acordo com o que crera (Tg 2:25);
è (4ª) Ela tornou-se um exemplo de fé para todos os cristãos em todas as
épocas (Hb 11:31);
è (5ª) Sua fé transformou sua vida, fazendo-a entrar até mesmo para a
genealogia de Jesus (Mt 1:5).
(d) Conclusão e Aplicação

 Deus não olha para o homem perdido e pecador, como muitas vezes nós
olhamos. O Senhor vê o interior da alma, a sinceridade do coração, a
disposição em crer e obedecer;

- 75 -
 Observamos nas atitudes de Raabe, que após crer, ela agiu; sua fé foi
assim, autenticada pelos seus atos, pelas suas ações, mostrando que agora
ela era realmente uma “nova criatura” (Tg 2:25);
 Será que a nossa fé é realmente uma fé que age, que produz frutos, que
pode ser demonstrada pelas nossas ações (Tg 2:14-18)?
 Temos aprendido a viver com o mesmo “olhar de misericórdia” com
que Deus olha a todos os “excluídos” do mundo em que vivemos, como
olhou um dia para Raabe há tantos anos atrás na história de Israel?

5. APLICAÇÃO PRÁTICA 2

“NEEMIAS: UM LÍDER A SERVIÇO DO REINO”


(Ne 1:1-11)

1. INTRODUÇÃO – CONTEXTO HISTÓRICO

Neemias viveu num momento histórico (445 a.C.) de grande aflição para o
seu povo. Exilados na Babilônia desde 605 a.C., o povo judeu vivia então
sob o domínio do império persa, que, a despeito da maior benevolência dos
seus governantes, quando comparados aos caldeus e medos, ainda
subjugavam o povo de Deus, cobrando entre outras coisas, pesados
impostos. Alguns anos antes (536 a.C.), o imperador Ciro havia libertado o
povo do cativeiro babilônico, publicando um decreto (Ed 1:1-3) em que
libertava-os do exílio, e incentivava-os a retornar a Jerusalém. Estava
criada, assim, a província de Judá, para onde retornaram alguns poucos
judeus em 536 a.C., liderados pelo governador Zorobabel. Anos mais tarde
(458 a.C.), o persa Artaxerxes liberou outra grande leva de judeus, que
retornaram sob a liderança do sacerdote Esdras. As dificuldades,
entretanto, eram inúmeras. O povo judeu vivia cercado de inimigos que
durante o seu exílio, passaram a dominar nesta região da palestina. Nada
conseguiam realizar na terra, e viviam momentos de grande miséria e
desprezo (Ne 1:2-3). Jerusalém estava assolada pelos inimigos, seus muros
derrubados, seu povo perdido e desorientado. Afastados de Deus, por
setenta anos de cativeiro, não sabiam a quem recorrer. Aqui, aparece
Neemias. O que motivou esse grande homem de Deus? O que fez dele um
dos maiores líderes de Israel? Como ele procedeu?

- 76 -
2. DESENVOLVIMENTO

2.1 - PONTO DE PARTIDA – ATITUDES E MOTIVAÇÕES

Quais foram as motivações de Neemias que fizeram dele um líder usado


poderosamente por Deus? Quais foram as suas atitudes no decorrer da
reconstrução das muralhas de Jerusalém? Ao analisarmos as motivações de
Neemias poderemos aprender o que Deus requer da liderança da sua igreja.
Assim, podemos ver nesse grande líder as seguintes características:
è(1a) Profundo Envolvimento com o Seu Povo (Ne 1:1-4);

è(2a) Entrega Completa a Deus de Suas Emoções, Problemas e Aflições


(Ne 1:5-6)-Neemias orou por quatro (4) meses, antes de tomar qualquer
decisão (1:1/2:1);
è(3a) Capacidade de Invocar a Aliança de Deus com os seus Pais, como a
sua Aliança com Deus (1:8-10 / 12:1);
è(4a) Capacidade de Reconhecer os Pecados do seu Povo como o seu
próprio pecado (1:6-7);
è(5a) Capacidade de Perceber que ele era a resposta à sua própria
Intercessão (1:11).
2.2 - PONTOS BÁSICOS DO MINISTÉRIO DE NEEMIAS
(1º) VIDA DE ORAÇÃO – Neemias intercedia constantemente, antes e
durante a realização dos seus projetos. Na verdade, Neemias recebia os
seus projetos de Deus (1:4; 2:4; 2:12; 4:4-5; 6:9; 4:8-9);
(2o) PLANEJAMENTO – Neemias planejou tudo com antecedência. Prazo
de licença, segurança do empreendimento, material necessário. O
planejamento quando realizado desta forma, está longe de ser inimigo da
fé, pois ele nasce da própria fé. Neemias tinha tanta fé que conseguiu
visualizar até os detalhes do projeto (Ne 2:5-8);
(3º) AÇÃO DEPENDENTE DE DEUS - Em todo tempo Neemias age,
realiza e executa o que planejou. Entretanto, sua ação ocorre sempre na
dependência de Deus. O livro de Neemias está repleto de expressões como,

- 77 -
“a boa mão do meu Deus era comigo” (2:8b), “o Deus dos céus é quem nos
dará bom êxito” (2:20), e “o nosso Deus pelejará por nós” (4:20b).
(4o) CAPACIDADE DE MOTIVAÇÃO – Neemias raramente agia
sozinho, e foi capaz de motivar o seu povo, fazendo com que trabalhassem
unidos em torno de um só ideal (2:17-18);
(5o) TEMOR DE DEUS – Mesmo algumas coisas que lhe seriam lícitas,
Neemias deixou de lado, pelo temor que tinha a Deus (Ne 5:14-18).
2.3 - DESAFIOS QUE FORAM ENFRENTADOS
(1º) ZOMBARIAS E DESPREZO (2:19-20; 4:1-5);
(2º) CILADAS DO INIMIGO – Intimidação, mentiras, profecias falsas e
intrigas (6:1-14);
(3o) AMEAÇAS DE ATAQUES ARMADOS (4:7-9);
(4º) DESVIOS DE CONDUTA DA PRÓPRIA LIDERANÇA (5:6-12).
2.4 - VISÃO ESTRATÉGICA DAS PRIORIDADES
Será que Neemias considerava que a reconstrução dos muros de Jerusalém
era toda a missão que recebera de Deus? Certamente que não. Este grande
líder possuía uma visão estratégica do Reino. Ou seja, ele sabia agir por
prioridades para alcançar o objetivo final, que era fazer retornar o povo de
Israel ao seu lugar de benção, de nação santa, de povo escolhido de Deus.
Neemias agiu desta forma, segundo sua visão estratégica de prioridades,
quais sejam:
(1a) RECONSTRUÇÃO DOS MUROS DE JERUSALÉM – Ponto vital
para tornar a cidade habitável, e assim, restaurar o culto e a própria nação
judaica. Neemias gastou apenas cinqüenta e dois (52) dias nesta primeira
etapa;
(2a) RESTAURAÇÃO DA PRÓPRIA CIDADE DE JERUZALÉM, DAS
SUAS INSTITUIÇÕES E SEGURANÇA INTERNA (7:1-4) ;
(3a) LEVAR O POVO A REENCONTRAR A LEI DE DEUS - Produzindo
arrependimento, confissão de pecados e renovação completa de vida (8:8-
10);

- 78 -
(4a) RESTAURAR ISRAEL AO SEU LUGAR DE “POVO DA
ALIANÇA” (9:34-38).

“... Por causa de tudo isso, estabelecemos aliança fiel e o


escrevemos” (38 a)

3. CONCLUSÃO E APLICAÇÃO

QUAIS SÃO NOSSAS PRIORIDADES?


(1a) VIVER EM PLENA COMUNHÃO UNS COM OS OUTROS (Fl 2:1-
4);
(2a) CULTIVAR AS VIRTUDES CRISTÃS (Cl 3:12-17);
(3a) INTERCEDER CONTINUAMENTE EM FAVOR DOS HOMENS
(1Tm 2:1-7)
(4a) EXERCITAR OS DONS DADOS POR DEUS (2 Tm 1:6-14)
(5a) MANEJAR BEM A PALAVRA DA VERDADE (2 Tm 2:14-25)
(6a) SERVIR DE EXEMPLO NO MEIO DOS DEMAIS (Tt 2:6

Bibliografia

1. Henrichsen, Walter A. “Métodos de Estudo Bíblico”. São Paulo:


Editora Mundo Cristão, 1995.
2. Braga, James. “Como Estudar a Bíblia”. São Paulo: Editora Vida,
2002.
3. Stuart, Douglas & D. Fee, Gorgon. “Entendes o que Lês?”. São
Paulo: Sociedade Religiosa Edições Vida Nova, 2001.
4. Van Bruggen, Jakob. “Para Ler a Bíblia”. São Paulo: Editora
Cultura Cristã, 1998.
- 79 -
5. Berkhof, Louis. “Princípios de Interpretação da Bíblia”. São
Paulo: Editora Cultura Cristã, 2000.
6. Kaiser Jr., Walter C. & Silva, Moisés. “Introdução à Hermenêutica
Bíblica”. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2002.
7. Virkler, Henry A. “Hermenêutica”. São Paulo: Editora Vida, 1992.
8. Anglada, Paulo. “Sola Scriptura – A Doutrina Reformada das
Escrituras”. São Paulo: Editora Os Puritanos, 1998.
9. Henrichsen, Walter A. “Princípios de Interpretação da Bíblia”. São
Paulo: Editora Mundo Cristão, 1997.
10. Carson, D. A. “Os Perigos da Interpretação Bíblica”. São Paulo:
Edições Vida Nova, 2001.
11. Geisler, Norman & Nix, William. “Introdução Bíblica – Como a
Bíblia chegou até nós”. São Paulo: Editora Vida, 1997.

APÊNDICE A: Sugestões Para Uma Pequena Biblioteca

1. “O Novo Dicionário da Bíblia” (Edição em um volume) – Organizado


por J. D. Douglas, Edições Vida Nova, 2ª Edição, 1995;
2. “Manual Bíblico Vida Nova” - Editor Geral, David S. Dockery,
Edições Vida Nova, 1ª Edição, 2001;
3. “Panorama do Antigo Testamento” - Ângelo Gagliardi Junior, Editora
Sepal, 2000;
4. “Panorama do Novo Testamento” - Robert H. Gundry, Sociedade
Religiosa Edições Vida Nova, 2ª Edição, 1981;
5. “Estudo Panorâmico da Bíblia” - Henrieta C. Mears, Editora Vida;
- 80 -
6. “A História de Israel no Antigo Testamento” - Samuel J. Schultz,
Sociedade Religiosa Edições Vida Nova, 1ª Edição, 1977, 3ª Reimpressão,
Maio, 1986;
7. “Introdução ao Novo Testamento” - D. A. Carson, Douglas J. Môo,
Leon Morris, Edições Vida Nova, 1ª Edição, 1997, 5ª Reimpressão, 2002;
8. “Entendes o que Lês?” - Gordon D. Fee & Douglas Stuart, Edições
Vida Nova, 2ª Edição, 1997, 5ª Reimpressão, 2002;
9. “Comentários Série Cultura Bíblica”, Antigo e Novo Testamento,
Sociedade Religiosa Edições Vida Nova & Editora Mundo Cristão -
Comentários de ótima qualidade abrangendo quase todos os livros da
Bíblia;
10. “Bíblia de Estudo de Genebra”, Editora Cultura Cristã & Sociedade
Bíblica do Brasil, 1ª Edição, 1999 - A melhor Bíblia de Estudo na minha
opinião;
11. “Bíblia Sagrada Nova Versão Internacional” (NVI) - Considero esta a
melhor tradução em português coloquial;
12. “Concordância Bíblica Abreviada” – Editora Vida, 1ª Edição, 1992, 6ª
impressão, 1999.

APÊNDICE B: Recursos Digitais no Estudo da Bíblia

S ão muitos os recursos que o avanço da informática nos


proporcionam atualmente, como auxílio no estudo da Bíblia. Entre
eles, recomendo os programas (contidos em CDs) que estão listados
a seguir, em ordem de prioridade, no que diz respeito à facilidade de
consulta e riqueza de informações:

1. Bíblia Online da Sociedade Bíblica do Brasil (Versão 3.0 –


Módulo Avançado) – Software de origem canadense, comercializado sob
licença pela Sociedade Bíblica de Brasil (SBB), possui grande quantidade
de recursos e é um aplicativo de uso fácil, até mesmo para iniciantes na
- 81 -
informática. Entre os muitos recursos disponíveis destacam-se os
seguintes:

 Possui 70 Bíblias completas, em 30 línguas diferentes, incluindo os


textos nas línguas originais (hebraico, aramaico e grego);
 Sistema de busca rápida para pesquisas sincronizadas de Bíblias;
 Novo Comentário da Bíblia – Editado por F. Davidson;
 Diversos comentários bíblicos em sua língua original;
 Dicionário em português, da Bíblia de Almeida, da Sociedade Bíblica do
Brasil;
 Pesquisa no original antigo, grego e hebraico, com léxicos em inglês;
 Principais mapas a cores do Antigo e Novo Testamento;
 Recursos pata transferir seu conteúdo para aplicativos de composição de
textos, como o Word;
 Histórias infantis em português.6

2. Concordância Bíblica Exaustiva da Bíblia Sagrada (NVI) –


Software de origem americana, comercializado sob licença pela Editora
Vida Ltda., é também, um aplicativo de uso fácil, que se destaca pelas
seguintes principais características:

 Texto completo da NVI, com as notas de rodapé;


 Dicionário bíblico associado à NVI;
 Concordância exaustiva na NVI;
 Pesquisa de palavras e conceitos em cadeia temática;
 Atlas com diversos mapas em cores do mundo bíblico;
 Cem (100) imagens do mundo bíblico que podem ser transferidas para o
Word;
 Um plano completo de leitura da Bíblia.

3. Bible Works – Software de origem americana, não comercializado no


Brasil, que possui mais recursos que todos os anteriores, sendo, porém, de
difícil manuseio, exigindo ainda bom conhecimento da língua inglesa, na
qual foi originalmente preparado.

6
A Sociedade Bíblica do Brasil lançou no corrente ano de 2003, a versão 3.0 desta sua Bíblia Online,
certamente com muito mais recursos que a anterior.
- 82 -
4. Biblos CR-ROM – Software de origem americana, comercializado no
Brasil sob licença PELA Editora Vida Nova, é um aplicativo de uso fácil,
que contém os seguintes principais recursos:

 Onze (11) Bíblias em sete distintos idiomas (Português, Inglês,


Espanhol, Alemão, Francês, Grego e Latim);
 Bíblia completa na Nova Versão Internacional (NVI) da Editora Vida;
 Novo Comentário da Bíblia completo, em português;
 Versão da Septuaginta no grego original;
 Diversos hinos e fotos com motivos bíblicos;
 Editor de textos para o preparo de estudos;
 Dicionário “Easton’s Bible Dictionary em inglês;
 Comentário “Matthew Henry” completo em inglês;
 Novo Testamento grego “Westcott-Hort” (texto crítico);
 Novo Testamento grego – “Textus Receptus” (1894);
 Tradução “Vulgata Latina” preparada originalmente por Jerônimo.

APÊNDICE C: Recursos de Estudo na Internet

A “INTERNET” é mais do que uma realidade em nossos dias.


Muitos a utilizam, e falar do seu valor como meio de comunicação
é quase um “lugar comum”. No entanto, já há algum tempo, ela
vêm se transformando também, em um poderoso instrumento de “ensino-
aprendizado”, onde muitos podem ensinar e ricos ensinamentos podem ser
adquiridos.

- 83 -
O “mundo evangélico” e o “ensino bíblico” vêm ultimamente
priorizando este poderoso recurso, e, atualmente, muito se pode aprender,
desde que se saiba onde encontrar material de boa qualidade. Aliás, este é
exatamente o problema de quem se dispõe a “navegar” nos milhares de
“sites” de que se compõe a INTERNET. Existe muita informação de “baixa
qualidade”, para usarmos uma expressão caridosa, misturada com alguma
boa informação, e, até mesmo, poucas informações de excelente qualidade.
Foi em busca dessa “excelente qualidade” que me propus a selecionar
“sites evangélicos” que contenham informações (Estudos Bíblicos,
Confissões de Fé da Igreja, Bíblias On Line gratuitas, Enciclopédias,
Dicionários Bíblicos, etc.) que produzam edificação na vida dos meus
alunos, e de quantos venham a se utilizar desta simples pesquisa. Procurei
atribuir uma classificação a cada site, variando de uma a cinco estrelas,
apenas como um recurso inicial de avaliação, que é, reconheço, um tanto
subjetivo, pois depende, entre outros fatores, do meu próprio gosto pessoal.
Espero contar com a cooperação futura de quantos se utilizarem deste
trabalho inicial, que pode vir a auxiliar aqueles que ainda estão dando seus
primeiros passos nesta área. Caso você conheça outros sites valiosos ao
estudo bíblico, e queira se comunicar comigo, ficarei feliz com a
contribuição, que, certamente, será de valia para muitos outros irmãos.

1. SITES DE BUSCAS E PESQUISAS

1. Site: www.google.com.br - Site de busca e pesquisas considerado pelos


especialistas como o mais avançado da INTERNET;
(Cotação: )

2. Site: www.cade.com.br - Site de origem brasileira adquirido pela


“yahoo”, que apresenta bons recursos de pesquisa.

(Cotação: )

3. Site: www.bastaclicar.com.br - Site de origem brasileira, muito bom


para pesquisas dentro da realidade do nosso país.

(Cotação: )

- 84 -
4. Site: www.yahoo.com - Site de busca e pesquisas, de origem
americana, com páginas traduzidas em português, e muitos recursos na
INTERNET.

(Cotação: )

5. Site: www.altavista.com - Site de busca e pesquisas, de origem


americana, que possui muitos recursos, entre os quais, a busca de imagens
de várias partes do mundo.

(Cotação: )

2. SITES DE ESTUDOS BÍBLICOS

1. Site: www.sbb.org.br - Site da Sociedade Bíblica do Brasil. Contém


informações preciosas sobre as traduções da Bíblia em português mais
utilizadas no Brasil (Almeida Revista e Atualizada e Almeida Revista e
Corrigida). Possibilita a compra segura de diversas versões da Bíblia e
algumas outras publicações.
(Cotação: )

2. Site: www.estudosbiblicos.com - Site que possui parceria com o


“Templo Online”, e apresenta diversos estudos bíblicos, uma Bíblia e uma
Enciclopédia bíblica, e vários outros recursos. Entretanto, este site deve ser
usado com cuidado, pois é de “livre postagem”, podendo ocorrer alguns
estudos pouco ortodoxos.
(Cotação: )
3. Site: www.gospel.org.br - Apresenta vários estudos bíblicos, jogos
bíblicos, notícias do mundo missionário, arquivos MIDI (músicas sacras),
entrevistas, “karaokê gospel”, sites de bandas, e muito mais.
(Cotação: )
4. Site: www.ichtus.com.br - Site independente que contém uma “bíblia
Online”, diversos estudos bíblicos, análise de algumas seitas e religiões
orientais, mensagens bíblicas e estudos devocionais.

- 85 -
(Cotação: )
5. Site: www.thirdmill.org/portuguese - (Ministério Terceiro Milênio) –
Excelente site de teologia reformada que contém diversos e preciosos
estudos nas áreas de Apologética, Teologia, Teologia Pastoral, História da
Igreja e Bíblia em geral. Os autores destes estudos situam-se entre os mais
bem preparados na área teológica em nosso país. A grande novidade aqui, é
que este site tem versões nas línguas inglesa, espanhola, russa e chinesa,
com estudos preparados por autores desses respectivos países.
(Cotação: )
6. Site: www.e-sword.net - Bíblia Online gratuita, com muitos recursos
(porém, toda em Inglês), tais como, diversos comentários, léxicos do
hebraico e do grego, versão grega da Septuaginta, e muitas traduções da
Bíblia.
(Cotação: )

7. Site: www.textosdareforma.net - Trata-se de um portal de teologia


reformada, com excelentes artigos a este respeito, e muitos estudos bíblicos
de ótima qualidade.
(Cotação: )

8. Site: www.geocities.com/arpav/biblioteca - Site mantido pela


Associação Reformada Palavra da Verdade, e pela Faculdade Internacional
de Teologia Reformada. Contém textos dos gigantes da fé reformada de
ontem e de hoje.
(Cotação: )
09. Site: www.cacp.org.br – Excelente site do “Centro Apologético Cristão
de Pesquisas”, que proporciona estudos sobre seitas, e sobre temas
polêmicos (clonagem humana, jogos de azar, superstições, etc.). Possuem
também, livros gratuitos para download, e uma ótima seção com
“perguntas e respostas” acerca de questões bíblicas de difícil resposta. É
composto ainda por um “link” com os principais catecismos da fé cristã
(Confissão de Fé de Westminster, Confissão Belga, Catecismo de
Heidelberg, e etc.), e as “95 teses de Lutero”.

- 86 -
(Cotação: )

10. Site: www.icp.com.br - Trata-se de um ótimo site apologético do


“Instituto Cristão de Pesquisas”.
(Cotação: )
11. Site: www.chamada.com.br - Site bem elaborado, da obra missionária
“Chamada da Meia Noite”, com diversos estudos bíblicos, uma boa seção
de “perguntas e respostas”, e artigos e notícias do mundo evangélico em
geral. É possível ainda, comprar livros, revistas, CD’s, e vários outros
artigos.
(Cotação: )

12. Site: www.pilb.hpg.ig.com.br - Site do “Programa de Incentivo à


Leitura Bíblica” (PILB), contém muitos estudos bíblicos, diversas bíblias
Online gratuitas, a Bíblia na versão Católica (com os livros
Deuterocanônicos / Apócrifos), a Tora (Bíblia Judaica), uma bíblia
comentada, e a bíblia “King James Version” (Bíblia em Inglês). Possui
ainda, um “link” com uma excelente coleção de mapas bíblicos que podem
ser impressos.
(Cotação: )
13. Site: www.ebd.com.br - Um bom site na forma de uma “Escola
Dominical Online, que apresenta lições bem preparadas, mas apenas para
as faixas etárias de maternal (0-3 anos) até juniores (10-11 anos).
(Cotação: )
14. Site: www.seitas.net - Site do Centro de Pesquisa Religiosas” (CPR),
que é uma missão evangélica interdenominacional, que visa alertar os
cristãos contra a sedução das seitas heréticas, incentivando-os e
preparando-os para “batalhar pela fé que foi entregue aos santos” (Judas 3).
Tem também como meta, levar a Igreja de Jesus a uma participação mais
intensa na execução da “Grande Comissão” (Mt. 28:19-20), alcançando
sobretudo os adeptos de seitas.
(Cotação: )

- 87 -
15. Site: www.monergismo.com – Excelente Site contendo grande
quantidade de estudos bíblicos, os principais credos e confissões da história
da Igreja, e, excelentes recomendações de livros a serem lidos. A principal
e mais excelente característica deste site é que seus artigos e estudos são
todos de teologia reformada, o que já é um sinal de sua excelente
qualidade.
(Cotação: )

3. SITES PARA PESQUISAS DE OUTRAS RELIGIÕES

1. Site: www.boasnovas.cjb.net - Site especializado em Catolicismo


Romano, muito bom para pesquisas dos credos e da teologia Católica.
(Cotação: )
2. Site: www.chabad.org.br - Site da “Comunidade Judaica Brasileira”.
Ideal para quem deseja pesquisar acerca dos costumes, datas, religião, a
“Tora”, e a cultura judaica em geral.
(Cotação: )

4. SITES DE EDITORAS EVANGÉLICAS

1. Editora Vida: www.editoravida.com.br;

2. Editora Betânia: www.editorabetania.com.br;


3. Editora Teológica: www.editorateologica.com.br;
4. Edições Vida Nova: www.vidanova.com.br;
5. Editora Mundo Cristão: www.mundocristao.com.br;
6. Edições Sepal: www.editorasepal.com.br;
7. Editora Luz e Vida: www.luzevida.com.br;
8. Editora Candeia: www.candeia.com.br
9. Editora Atos: www.editoraatos.com.br
- 88 -
Instituto Bíblico Rev. Antônio Elias (IBRAE)

“Métodos de Estudo Bíblico”

- 89 -
Aula Data Planejamento Obs

Introdução: “Por Que a Bíblia Precisa ser
1 01/08 1º e 2º
Estudada?” “Como a Bíblia deve ser estudada”?
Períodos

2 08/08 Partes Básicas do Estudo Bíblico 1 1º Período

3 08/08 Partes Básicas do Estudo Bíblico 2 2º Período

4 15/08 Regras Fundamentais de Interpretação 1º Período

5 15/08 Método de Análise de Versículos 2º Período

6 22/08 Método Sintético 1º Período

7 22/08 Método Temático 2º Período

8 29/08 Método Biográfico 1º Período

9 29/08 Recursos Digitais no Estudo da Bíblia 2º Período

Dados para Contato:

Tel.: 26117098;  Cel.: 81654949;  e-mail: ivarcosta@gmail.com

- 90 -
Aula nº Data Planejamento (Turma Setembro/2012) Obs

1 05/09 Introdução 1: “Por Que a Bíblia Precisa ser Estudada?” 1º Período

05/09 Introdução 2: “Como a Bíblia deve ser estudada”? 2º Período


2

3 12/09 Introdução 3: Exercícios 1º Período

4 12/09 Regras Fundamentais de Interpretação 2º Período

5 19/09 Método de Análise de Versículos 1º Período

6 19/09 Método Temático 2º Período

7 26/09 Método Biográfico 1º Período

8 26/09 Recursos Digitais no Estudo da Bíblia 2º Período

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