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DESCRIÇÃO DA MATÉRIA
Este curso trata-se de revisão, instrução e prática dos princípios de interpretação bíblico. Sua
ênfase será dada nas questões mais específicas da abordagem hermenêutica.
PROPÓSITO
Esta matéria visa conduzir o aluno ao aprofundamento das questões hermenêuticas, repensando
seu uso e abuso, oferecendo ferramentas mais adequadas no uso da interpretação das Escrituras.
OBJETIVOS – No final deste curso o aluno será capaz de...
1. Relembrar os mais importantes princípios hermenêuticos;
2. Saber qual é a história da hermenêutica e seus efeitos;
3. Compreender a unidade das Escrituras sabendo lidar com suas particularidades;
4. Usar os princípios de interpretação de maneira ordenada dentro de cada texto;
5. Avaliar as questões hermenêuticas e refletir sobre sua importância para os dias atuais
6. Aplicar corretamente o texto bíblico ao seu uso ministerial.
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
INTRODUÇÃO
Definição
Necessidade
1. REVENDO AS BASES DA PREGAÇÃO BÍBLICA
1.1 A Bíblia e Pregação
1.2 A Importância da Pureza da Pregação
1.3 A Diferença da Pregação Bíblica e a Quase Bíblica
2. BASE HERMENÊUTICA
2.1. Método Lítero-Histórico-Gramatical
2.2. Cânon
2.3. História da Interpretação
2.4. Leis Básicas
3. O USO DA HERMENÊUTICA
3.1 Exegese
3.2 Teologia Sistemática e Teologia Bíblica
4. PRINCÍPIOS GERAIS NA HERMENÊUTICA
5. PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS NA HERMENÊUTICA
ATIVIDADES PROPOSTAS
1. Leitura do livro: Hermenêutica Avançada, Henry A. Virkler.
2. Leitura da apostila e fazer exercícios quando sugerido
3. Trabalho para apresentação
Escolha um dos temas abaixo e faça um trabalho contendo:
Introdução; Explicação do assunto; Usos comuns no texto bíblico; Bibliografia usada.
Temas para apresentação em aula:
1. Questões Hermenêuticas nas Epístolas 6. Tipologia na Bíblia 11. Dispensacionalismo
2. Literatura em Provérbios 7. Profecias 12. Uso literário
3. Literatura em Atos 8. Figuras de Linguagem 13. Uso Cultural
4. Literatura Apocalíptica 9. Parábolas 14. Uso Gramatical
5. O emprego do AT no NT 10. Alegorias 15. A aplicação da Palavra
PROF. PR. FÁBIO REIS 2
INSTITUTO BATISTA BÍBLICO DA BAHIA
ORATÓRIA HOMILÉTICA AVANÇADA
INTRODUÇÃO
DEFINIÇÃO
Diz-se que a palavra hermenêutica deve sua origem ao nome de Hermes, o Deus grego que servia
de mensageiro dos deuses, transmitindo e interpretando suas comunicações aos seus afortunados ou,
com freqüência, desafortunados destinatários.1 Hermes era conhecido como o deus-mensageiro de pés
alados da mitologia grega. Cabia a ele transformar o que estava além do entendimento humano em algo
que a inteligência humana pudesse assimilar. Afirma-se que foi ele quem descobriu a linguagem verbal e
a escrita, tendo sido o deus da literatura e da eloqüência, dentre outras coisas.
NECESSIDADE
A leitura simples de um texto bíblico não significa necessariamente que o leitor compreende seu
significado. A Bíblia sendo um livro divino, pois é inspirado pelo Espírito de Deus; e humano, pois
contém estrutura literária comum; exige redobrada atenção no seu estudo e condições apropriadas para
sua interpretação.
2 Co 3.14-16 – _______________________
1 Co 3.1-2 – _________________________
2 Pe 3.16 – ___________________________________________
2 Tm 2.15 – ___________________________________________
2 Tm 3.17-18 – ___________________________________________________________
1
Henry Virkler. HERMENÊUTICA, p. 09
2
Roy Zuck. A INTERPRETAÇÃO BÍBLICA, p. 22
PROF. PR. FÁBIO REIS 3
INSTITUTO BATISTA BÍBLICO DA BAHIA
ORATÓRIA HOMILÉTICA AVANÇADA
Não é a originalidade, não se procura descobrir aquilo que ninguém jamais viu.
INTRODUÇÃO 2
Rm 10.14-15
“A pregação mais profunda é aquela que faz diferença no dia-a-dia das pessoas”
“Quando alguém prega, os céus e a terra aguardam resultado” (M. Simpson).
Para ministrar em nome de Jesus, o pregador terá que fazer o que não consegue com aquilo
que não tem.
Aplicação
1. A BÍBLIA E A PREGAÇÃO
“O segredo essencial não é dominar certas técnicas, mas ser dominado por determinadas convicções.
A teologia é mais importante do que metodologia” (John Stott)
Há certo número de palavras diferentes no N.T. que dão a idéia de “passar à diante” recados,
relatórios e instruções. A análise dos principais termos em grego contribuirá para uma percepção da
afinidade entre a Bíblia e a pregação.
“A pregação autêntica é aquela que trata da pessoa inteira, em que o ouvinte se sente envolvido e
sabe que foi profundamente tocado e exortado por Deus, através do pregador” (Dr. Loyd Jones).
João Crisóstomo, um grande pregador de sua época, que recebeu a alcunha de “O Boca de Ouro”,
definiu quatro características principais da sua pregação.
1ª Era bíblica
2ª Sua interpretação das Escrituras era singela e direta
3ª Suas aplicações morais eram aplicáveis à vida diária prática
4ª Era destemido nas suas condenações – Chama pecado pelo nome, não faz arrodeios.
Uma mensagem quase bíblica tem pregador, púlpito, Bíblia, auditório, audiência, mas...
3.2.1 _______________________________________
Normalmente oferecem meros comentários de assuntos diversos
Uma coxa de retalhos
3.2.2 _______________________________________
No Evangelho usa as histórias fora do contexto
Não se preocupa com o porque daquela história naquele lugar
Tem crise com problemas sinóticos
3.2.3 _______________________________________
Quando o texto está fora do contexto
Quando um assunto aparece sem que o texto o apresente
3.2.4 _______________________________________
Auto-estima
Temperamentos Não são bíblicos, não tem na Bíblia.
Neurologia, Etc.
3.3.3 Usar idéias de outros sem conhecer sua formação e posição teológica
3.3.6 Começar um sermão por uma idéia e não por um texto bíblico
3.3.9 Dar preferência a uma porção somente das Escrituras (NT e VT)
3.3.10 Ter interesse exagerado em querer agradar as pessoas (Toda profecia tem dois elementos: exortação depois
consolação) (Jesus aponta o pecado depois a solução)
PARA REFLETIR
Continuando...
A palavra de Deus, infalível e terna, é o livro que o guiará por toda a vida. Vamos ver três
habilidades que podem ser usada para uma melhor compreensão da Palavra de Deus: observação (O
que vejo?), interpretação (O que significa?) e aplicação (O que faço?).
Observação
(Descubra o que o texto diz!)
PRIMEIRO PASSO
Com muita freqüência a oração é o elemento que falta no estudo da Bíblia. Você está
prestes a aprender o método mais eficaz de estudo bíblico que existe. No entanto, a não
ser pela obra do Espírito Santo, o que lhe apresentamos não passa disso – um método. É
o Espírito Santo que habita em nós quem nos guia em toda a verdade, quem toma o que
vem de Deus e nos revela. Peça sempre a Deus que o ilumine e lhe ensine, antes de abrir
as Escrituras.
SEGUNDO PASSO
Quando estiver estudando uma passagem das Escrituras, qualquer passagem, qualquer livro da
Bíblia, forme o hábito de perguntar a si próprio constantemente: Quem? Quê? Quando? Onde? Por
quê? Como? Essas perguntas são o alicerce em que se apóia a observação precisa, por sua vez
essencial para uma interpretação exata. Muitas vezes as Escrituras são mal-interpretadas porque o
contexto não foi examinado com o devido cuidado: a observação foi falha.
Quando nos apressamos em fazer a interpretação do texto, sem primeiro lançar o alicerce
fundamental chamado observação, nossa compreensão é contaminada por nossas pressuposições –
nosso modo de pensar, nossos sentimentos ou o que as pessoas dizem. Tenhamos o máximo cuidado
de não distorcer as Escrituras para nossa própria ruína (2Pe 3.16).
As respostas exatas às seguintes perguntas nos ajudarão a obter interpretações corretas.
__________assunto se discute? De que trata o capítulo? O que você aprendeu a respeito de alguma
pessoa, de algum acontecimento, ou qual é o ensino do texto? Que instruções nos são passadas? Em
1 Pedro 5.2, o apóstolo Pedro instrui os presbíteros a que pastoreiem o rebanho e exerçam boa
supervisão.
__________ ocorrem ou vão ocorrer esses fatos? Quando é que algo especial aconteceu ou vai
acontecer na vida de determinada pessoa, povo ou nação? Quando? é uma pergunta-chave para
apurar o progresso dos acontecimentos. Em 1 Pedro 5.4, ficamos sabendo que, “quando aparecer o
Sumo Pastor”, os presbíteros receberão “a incorruptível coroa da glória”.
__________aconteceu ou vai acontecer esse fato? Onde está escrito isso? Em 1 Pedro 5, a única
referência a lugar encontra-se no versículo 13, em que lemos sobre uma saudação de alguém que
está “em Babilônia”.
___________ esse fato ou essa pessoa estão sendo mencionados? Por que isso aconteceu ou vai
acontecer? Por que nessa ocasião? Por que envolver essa pessoa? A passagem de 1 Pedro 5.12
explica por que e como Pedro escreveu essa carta, e dá-nos seu propósito: exortar aqueles irmãos,
testemunhando que essa é a verdadeira graça de Deus, e que permaneçam firme nela.
___________esse fato aconteceu ou vai acontecer? Como se fez isso? Como ficou ilustrado esse
ensino? Em 1 Pedro 5.2, observe como os presbíteros deverão exercer sua supervisão: de modo
voluntário e de ânimo pronto, de acordo com a vontade de Deus.
Sempre que estiver estudando uma passagem da Bíblia, tenha em mente as “seis pertuntas-chave”.
Não fique preocupado demais se em cada caso você não encontrar as respostas adequadas. Lembre-
se de que a Bíblia se compõe de muitos tipos diferentes de escritos, e nem sempre as mesmas
perguntas são aplicáveis. Depois de fazer as perguntas Quem? Quê? Quando? Onde? Por quê? e
Como? Faça anotações nas margens de sua Bíblia. Medite nas verdades que Deus lhe revelou. Pense
em como elas se aplicam a você. Esse exercício impedirá que seu estudo bíblico se torne uma
espécie de busca intelectual só do conhecimento e de nada mais.
Quando estiver aplicando as Escrituras à sua vida, as seguintes perguntas poderão ser úteis:
2. Essa passagem das Escrituras desmascara algum erro em minhas crenças ou em meu
comportamento? Haveria algum mandamento a que não estou obedecendo? Existem em mim
atitudes ou motivos errados, trazidos a luz pelas Escrituras?
3. Quais são as instruções de Deus para mim na condição de filho? Há novas verdades em que
devo crer? Novos mandamentos a que devo obedecer? Novos entendimentos que devo explorar
melhor, e a eles atender? Existiam novas promessas que devo receber?
Uma das grandes preocupações do apóstolo Paulo a respeito de Timóteo, seu filho na fé, era que o
jovem aprendesse a manejar bem a palavra de Deus, de modo que agradasse a Deus (2Tim 2.15).
Um dia também desejaremos prestar contas de nossa mordomia da Palavra de Deus. Será que temos
manejado de modo correto? Temos dado honra àqueles a quem Deus chamou a fim de conduzir-nos
e pastorear-nos, enquanto pesquisamos as Escrituras por nós mesmos para entender suas verdades?
Por acaso temos permitido que a Palavra viva e operante de Deus mude nossas vidas?
A observação, a interpretação e a aplicação conduzem-nos à transformação. Esse é o objetivo de
nosso estudo da palavra de Deus. Mediante a Bíblia somos transformados de glória em glória, até
alcançarmos a imagem de Cristo.
Interpretação
(Descubra o que o texto significa!)
observação nos conduz a uma compreensão exata do que a Palavra de Deus diz. A
A interpretação dá um passo adiante e nos ajuda a entender o que sua Palavra significa.
Quando se interpreta com exatidão a Palavra de Deus, torna-se capaz de pôr suas verdades
em prática com toda a confiança na vida diária.
À semelhança de muitas outras pessoas, você pode ter sido levado a crer em determinado sistema de
crenças, sem jamais ter estudado a Palavra de Deus por si mesmo. Talvez você tenha formado suas
opiniões a respeito dos ensinos da Bíblia antes de examina-la você mesmo com o máximo cuidado.
Todavia, à medida que for manejando a Palavra de Deus com detença, você vai-se tornando capaz de
discernir suas crenças estão em harmonia com as Escrituras. Caso seja esse seu desejo, se você se
chegar à Palavra de Deus com um espírito aberto ao aprendizado, Deus o orientará e o conduzirá a
toda verdade.
Se deseja realmente interpretar a Bíblia com a máxima precisão, as seguintes orientações lhe serão
de grande utilidade:
Quando tiver conhecido muito bem a Palavra de Deus, você não aceitará determinado ensino só
porque alguém tomou um ou dois versículos isolados como apoio. Esses versículos poderão estar
isolados de seu contexto. Outras passagens importantes poderão ter sido desprezadas ou mal-
estudadas, e o resultado foi a má interpretação. Quando estiver lendo a Bíblia com regularidade e
com grande dedicação, ficará mais e mais familiarizado com todo o conselho da Palavra de Deus e
estará adquirindo capacidade de discernir se determinado ensino é bíblico ou não.
Revista-se da Palavra de Deus; ela é sua salvaguarda contra as falsas doutrinas.
O melhor intérprete das Escrituras são as Escrituras. É preciso lembrar-nos de que as Escrituras são
integralmente inspiradas por Deus; Deus como que as “soprou” nos autores, ou seja, nos escritores.
Essa é a razão por que jamais podem contradizer-se.
A Bíblia contém toda a verdade de que vai precisar em quaisquer situações de sua vida, pois Ela não
contem a palavra de Deus, Ela é a própria Palavra de Deus. Todavia, há ocasiões em que poderá
julgar muito difícil conciliar duas verdades aparentemente contraditórias, as quais são ensinadas pela
Bíblia. Exemplo disso é a soberania de Deus e a responsabilidade do homem. Quando duas ou mais
verdades claramente ensinadas na Bíblia parecem entrar em contradição, lembre-se de que nós, seres
humanos, temos mentes finitas. Não leve nenhum ensino a um extremo a que nem o próprio Deus o
levou. Simplesmente se humilhe em seu coração, em fé, e creia no que Deus está dizendo, ainda que
não consiga entender o assunto de modo completo, nem consiga conciliar as partes no presente
momento.
Passagem obscura é aquela cujo sentido não se pode entender com facilidade. Visto que tais
passagens são difíceis de entender, ainda quando se empregam os princípios mais sadios de
interpretação, elas não devem ser utilizados como textos doutrinários básicos.
Aplicação
(Descubra como o texto se aplica!).
N ão importa muito quanto você conheça a respeito da Palavra de Deus: se não aplicar o que
aprendeu, as Escrituras jamais beneficiarão sua vida. Ouvir a Palavra de Deus sem pô-la em
prática é enganar-se a si próprio (Tg. 1.22-25). Esse é o motivo por que a aplicação é de
vital importância. A observação e a interpretação constituem o “ouvir” a Palavra de Deus. Mediante
a aplicação, você se transforma na imagem de Cristo. A aplicação é a assimilação da Palavra, a
incorporação da verdade, a “execução” da Palavra de Deus. Esse é o processo pelo qual Deus opera
em sua vida.
Em 2 Timóteo 3.16,17 lemos: “Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar,
para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça; Para que o homem de Deus seja perfeito, e
perfeitamente instruído para toda a boa obra”. Aqui temos a chave da aplicação: aplique as
Escrituras à luz de seu ensino, repreensão, correção e instruções sobre a vida.
Ensino (doutrina) é o que a Palavra de Deus diz a respeito de certo assunto. Esse ensino seja qual for
o assunto, sempre é certo. Portanto, tudo quando Deus diz na Bíblia acerca de determinado assunto é
a verdade absoluta.
O primeiro passo na aplicação é descobrir o que a Palavra de Deus diz a respeito de todo e qualquer
assunto. Isso conseguimos mediante observação cuidadosa e interpretação exata do texto. Desde que
você saiba o que a Palavra de Deus ensina, estará obrigado, perante Deus, a aceitar essa verdade e
por ela viver. A partir do momento que tiver rejeitado um falso ensino, no qual cria até então, ou
tiver feito nele os acertos necessários, sendo abraçado a verdade revelada na Palavra de Deus, terá
aplicado o que acabou de aprender.
Correção é o passo seguinte no processo da aplicação, em geral mais difícil. Muitas vezes você
consegue ver o que está errado em sua vida, mas permanece relutante em tomar as providências
necessárias para corrigir o erro. Deus jamais o abandonou sem ajuda alguma ou sem as respostas
concernentes a esse passo corretivo. Noutras circunstâncias, torna-se difícil encontrar as respostas,
ainda desejoso de sempre à disposição, de modo que qualquer filho de Deus desejoso de agradar a
seu Pai, saberá, pelo Espírito Santo, como faze-lo.
Muitas vezes a correção advém pela simples confissão dos erros e pelo abandono do
pecado. Noutras ocasiões, Deus nos mostra claramente que passos haveremos de dar.
Exemplo disso encontramos em Mateus 18.15-17. Nessa passagem, Deus nos mostra
como chegar a um irmão que pecou. Quando você aplica a correção a suas ações e
atitudes, Deus começa a operar em você, de modo que passa a agrada-lo (Fp. 2.13).
Depois da obediência virá a alegria.
LÍTERO porque trata-se de uma proposta a uma análise literal do texto bíblico,
compreendendo que o autor original tinha somente um propósito em mente na sua transmissão
da revelação divina.
HISTÓRICO porque a Bíblia sendo um livro que relata acontecimentos no passado e dentro
da história, exige uma análise histórica dos fatos e argumentos que envolveram sua revelação.
GRAMATICAL porque a Bíblia sendo um livro com estrutura literária comum requer uma
análise gramatical de seu conteúdo escriturístico.
A palavra cânon tem raiz na palavra “cana”, “junco” (do hebraico geneh, através do grego kanon).
O ‘junco’era usado como uma vara para medir e, por fim, veio a significar “padrão”.
Orígenes empregou a palavra “cânon para indicar aquilo que chamamos de ‘regra de fé’, o
padrão pelo qual devemos medir e avaliar...” Mais tarde teve o sentido de “lista” ou “rol”. Aplicada às
Escrituras, a palavra cânon significa “uma lista de livros oficialmente aceitos.”
Deve-se ter em mente que a igreja não criou o cânon nem os livros que estão incluídos naquilo
que chamamos de Escrituras. Ao contrário, a igreja reconheceu os livros que foram inspirados desde o
princípio. Foram inspirados por Deus ao serem escritos.
01. Revela autoridade? – Veio da parte de Deus? (Esse livro veio com o autêntico “assim diz
o Senhor?”).
02. É profético? – Foi escrito por um homem de Deus?
03. É autêntico? (Os pais da igreja tinham a prática de ‘em caso de dúvida, jogue fora’. Isso
acentua a validade do discernimento que tinham sobre os livros canônicos.).
04. É dinâmico? – Veio acompanhado do poder divino de transformação de vidas?
05. Foi aceito, guardado, lido e usado? – Foi recebido pelo povo de Deus?
3
Josh McDowell. EVIDÊNCIA QUE EXIGE UM VEREDITO, pp.37-38
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INSTITUTO BATISTA BÍBLICO DA BAHIA
ORATÓRIA HOMILÉTICA AVANÇADA
Como você pode ver o Tanakh, tem os mesmos livros da nossa Bíblia e a mesma quantidade, a
única diferença é a ordem cronológica ou seja enquanto que na Bíblia Hebraica termina com
Segunda Crônicas, a nossa termina com Malaquias mas isso não muda nada em questão, um
bom exemplo seria por exemplo quando Jesus disse:
“Para que sobre vós caia todo o sangue justo derramado sobre a terra, desde o
sangue do justo Abel, até o sangue de Zacarias, filho de Baraquias, que mataste
entre o santuário e o altar.´´ (Mateus 23:35). Aqui Jesus nos diz da morte de Abel (Gn
4) que era reto perante Deus, quando foi morto pelo seu irmão Caim, até a morte do filho de
Baraquias o equivale ao Profeta Zacarias (Zc 1:1). Isso poderia ser feita com uma comparação
bíblica como de (Gênesis até Malaquias) ou (Abel até Zacarias) que equivaleria o mesmo. E aqui
nós o entendemos, procurando apenas em aumentar o nosso entendimento a Luz da Palavra do
Senhor.
Uma coisa interessante é que na Bíblia Hebraica existe 24 Livros, mas que são exatamente
aqueles que estão na Bíblia Protestante, a onde começa o derramamento do sangue inocente de
Abel (Gênesis), e Zacarias (Malaquias); veja em Segunda Crônicas, “O Senhor enviou-lhes
profetas que deram testemunho contra eles para que se convertessem a ele, mas
não lhes deram ouvidos. Então o Espírito de Deus revestiu Zacarias, filho do
sacerdote Joiadá que, apresentando-se diante do povo, lhes disse: «Assim diz
Deus: Por que transgredis os mandamentos do Senhor? Não tereis êxito, pois, por
ter abandonado o Senhor, ele vos abandonará a vós». Mas eles conspiraram
contra ele, e por ordem do rei, o apedrejaram no átrio da casa do Senhor.” 2
Crónicas 24:17-214
4
Extraído de: https://emdefesadabiblia.wordpress.com/2015/05/15/o-canon-hebraico-na-epoca-de-cristo/
PROF. PR. FÁBIO REIS 18
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ORATÓRIA HOMILÉTICA AVANÇADA
2.2.3 O cânon do Novo Testamento
O fator básico para determinar a canonicidade do NT foi à inspiração divina, e o principal
teste da inspiração foi a apostolicidade.
Geisler e Nix detalham a respeito: “Na terminologia do NT, a Igreja foi edificada ‘sobre o
fundamento dos apóstolos e profetas’ (Ef 2.20), os quais Cristo prometera que, pelo Espírito Santo,
iriam guiar ‘a toda a verdade’ (Jo16. 13). Atos 2.42 diz que a igreja em Jerusalém perseverou ‘na doutrina
dos apóstolos e na comunhão’. A palavra apostolicidade, conforme empregada para designar o teste da
canonicidade, não significa obrigatoriamente ‘autoria apostólica’ nem ‘aquilo que foi preparado sob a
direção dos apóstolos...’.
Uma idéia mais apropriada para o teste básico da canonicidade é a autoridade apostólica, ou a
aprovação apostólica, e não simplesmente autoria apostólica.
Há três razões que mostram a necessidade de se definir o cânon do NT:
a) Um herege, Marcião (cerca de 140 a.D.), desenvolveu seu próprio cânon e começou a
divulgá-lo. A igreja precisava contrabalançar essa influência decidindo qual era o verdadeiro
cânon das Escrituras do NT.
b) Muitas igrejas orientais estavam empregando nos cultos livros que eram claramente espúrios.
Isso requeria uma decisão concernente ao cânon.
c) O edito de Diocleciano (303 a.D.) determinou a destruição dos livros sagrados dos cristãos.
Quem desejava morrer por um simples livro religioso? Eles precisavam saber quais eram os
verdadeiros livros.
O testemunho dos pais da igreja confirmam essa formação do NT:
a) Justino Mártir (100-165 AD), ao fazer menção sobre as reuniões dominicais, refere-se à
leitura dos apóstolos e profetas como autoridade eclesiástica.
b) Irineu (180AD), educado aos pés de Policarpo, discípulo de João, foi bispo de Lion, na
Gália, seus escritos reconhecem como canônicos os 4 evangelhos, Atos, Romanos, 1 e 2
Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, 1 e 2 Tessalonicences, 1 e 2 Timóteo,
Tito, 1 Pedro e 1 João e Apocalipse.
c) Atanásio de Alexandria (367 A. D) nos apresenta a mais antiga lista de livros do NT que é
exatamente igual à nossa atual.
d) Jerônimo (340-420 AD) e Agostinho (354-430 AD) definiram o cânon de 27 livros.
e) Os concílios da igreja. Quando finalmente um Concílio da Igreja, o Sínodo de Hipona (393
a.D.) elaborou uma lista dos 27 livros do NT, não conferiu-lhes qualquer autoridade que já
não possuíssem.
2.2.4 Implicações do Cânon para a Hermenêutica
O fato do cânon da Bíblia estar fechado contribui para uma formulação completa do
método hermenêutico que mais se aproxima de uma interpretação exata das
Escrituras.
A formação do cânon contribui para a compreensão da revelação progressiva, onde a
Palavra de Deus é exposta de maneira exata e contínua.
A formação do cânon contribui para a relação entre o A.T. e o N.T.
A formação do cânon contribui para a unidade do A.T.
A formação do cânon contribui para a unidade do N.T.
No transcurso dos séculos, desde que Deus revelou as Escrituras, tem havido diversos métodos
de estudar a Palavra de Deus. Os intérpretes mais ortodoxos têm encarecido a importância de uma
interpretação literal, pretendendo com isso interpretar a Palavra de Deus da maneira como se interpreta
a comunicação humana normal. Outros têm empregado um método alegórico, e ainda outros têm
examinado letras e palavras tomadas individualmente como possuindo significado secreto que precisa
ser decifrado.
Uma visão geral histórica dessas práticas proporcionará um entendimento dos pressupostos de
outros métodos e a validação daquele que será escolhido como o método que mais se aproxima de uma
interpretação exata.
2.3.1Judaica Antiga
Um estudo da história da interpretação bíblica começa, em geral, com a obra de Esdras.
Ao voltar do exílio na Babilônia, o povo de Israel solicitou a Esdras que lhes lesse o Pentateuco.
Neemias 8.8 lembra: “Leram [Esdras e os levitas] no Livro, na lei de Deus, claramente,
dando explicações, de maneira que entendessem o que se lia”.
Visto que, durante o período do exílio, os israelitas provavelmente tenham perdido sua
compreensão do hebraico, a maioria dos eruditos bíblicos supõe que Esdras e seus ajudantes traduziam
o texto hebraico e o liam em voz alta em aramaico, acrescentando explicações para esclarecer o
significado. Assim, pois, começou a ciência e arte da interpretação bíblica.
Os escribas que vieram a seguir tiveram grande cuidado em copiar as Escrituras, crendo que
cada letra do texto era a Palavra de Deus inspirada, levando os rabinos a pressupor que sendo Deus o
autor das Escrituras,
O rabi Akiba, no primeiro século da era cristã, finalmente entendeu que isto sustentava que toda
repetição, figura de linguagem, paralelismo, sinônimo, palavra, letra, e até as formas das letras tinham
significados ocultos. Esse “letrismo” foi levado a tal ponto que o significado que o autor tinha em
mente era menosprezado e em seu lugar se introduzia uma especulação fantástica.
(1) Literal
O método literal de interpretação, referido como peshat, servia como base para
outros tipos de interpretação. Há para este método uma relativa infreqüência das
interpretações literalísticas da literatura talmúdica, isto é explicado porque este tipo de
comentário devia ser conhecido por todos; e uma vez que não havia disputas a seu
respeito, não era registrado.
(2) Midráshica
Incluía uma variedade de dispositivos hermenêuticos que se haviam desenvolvido
nos tempos de Cristo.
O rabi Hillel, cuja vida antedata a ascensão do Cristianismo por pelo menos uma
geração, é considerado como o elaborador das normas básicas da exegese rabínica que
acentuava a comparação de idéias, palavras ou frases encontradas em mais de um texto, a
5
Virkler, pp 35-55
PROF. PR. FÁBIO REIS 20
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ORATÓRIA HOMILÉTICA AVANÇADA
relação de princípios gerais com situações particulares, e a importância do contexto na
interpretação.
Contudo, teve continuidade a tendência no sentido de uma exposição mais
fantasiosa em vez de conservadora. Isto resultou numa exegese que (a) dava significado a
textos, frases e palavras sem levar em conta o contexto no qual se tencionava fossem
aplicados; (b) combinava textos que continham palavras ou frases semelhantes, sem
considerar se tais textos referiam-se à mesma idéia; e (c) tomava aspectos incidentais de
gramática e lhes dava significação interpretativa.
(3) Pesher
Esta interpretação existia particularmente entre as comunidades de Qumran. Esta
forma emprestou extensivamente das práticas midráshicas, mas incluía um significado
enfoque escatológico. A comunidade acreditava que tudo quanto os antigos profetas
escreveram tinha significado profético velado que devia ser iminentemente cumprido
por intermédio de sua comunidade do pacto.
Muitas vezes a interpretação pesher era denotada pela frase: “este é aquela”,
indicando que “este presente fenômeno é cumprimento daquela antiga
profecia”.
(4) Alegórica
Esta interpretação baseava-se na idéia de que o verdadeiro sentido jaz sob o
significado literal da Escritura. Historicamente, o alegorismo foi desenvolvido pelos
gregos para reduzir a tensão entre sua tradição de mito religioso e sua herança filosófica.
No tempo de Cristo, os judeus que desejavam permanecer fiéis à tradição mosaica,
mas adotavam a filosófica grega, defrontavam-se com uma tensão semelhante. Alguns
judeus a reduziam alegorizando a tradição mosaica. Filão (c. 20 a.C. – c. 50 d.C.) ficou
bem conhecido neste aspecto.
Filão acreditava que o significado literal da Escritura representava um nível imaturo
de compreensão; sendo o significado alegórico para os maduros. Ele formulou algumas
normas para se usar o método alegórico:
(1) Confessionalismo
O Concílio de Trento reuniu-se em várias ocasiões de 1545 a 1563 e elaborou uma
lista de decretos expondo os dogmas da igreja católica romana e criticando o
protestantismo. Os protestantes reagiram com o desenvolvimento de credos que
definiam sua posição.
Os métodos hermenêuticos durante este período eram deficientes porque a exegese
se tornou uma criada da dogmática, e muitas vezes desegerou-se em mera escolha de
texto para comprovação.
(2) Pietismo
O pietismo surgiu como reação à exegese dogmática e muitas vezes amarga do
período confessional. Philip Jakob Spener (1635 – 1705) é considerado o líder do
reavivamento pietista. Num folheto intitulado Anseios Piedosos ele pedia o fim da
controvérsia inútil, o retorno ao interesse cristão mútuo e às boas obras; melhor
conhecimento da Bíblia por parte dos cristãos, melhor preparo espiritual para os
ministros.
O pietismo fez significativas contribuições para o estudo da Escritura. Nos seus
mais sublimes momentos os pietistas uniram um profundo desejo de entender a Palavra
de Deus a apropriar-se dela para suas vidas com uma excelente apreciação da
interpretação histórico-gramatical. Contudo, muitos pietistas mais recentes descartaram a
base de interpretação histórico-gramatical, e passaram a depender de uma “luz interior”
ou de “uma unção do Santo”. Isso os afastaram de um significado correto do texto.
O judeu Baruch Spinoza (1632 – 1677) foi um filósofo holandês que ensinava que a
razão humana está desvinculada da teologia. A teologia (revelação) e a filosofia (razão)
pertencem a campos distintos. Assim sendo, ele contestava os milagres bíblicos. O que
determinou foi que a razão é o critério absoluto para julgar qualquer interpretação de
uma passagem bíblica: “A regra da exegese bíblica só pode ser a luz da razão, para todos.” ··.
(1) Liberalismo
O racionalismo filosófico lançou a base do liberalismo teológico. Ao passo que nos
séculos anteriores a revelação havia determinado o que a razão devia pensar, no final do
século XIX a razão determinava que partes da revelação (se houvesse alguma) deviam
ser aceitas como verdadeiras.
Alguns pressupostos determinaram o rumo da Hermenêutica neste período:
(a) o foco na autoria humana (graus de inspiração);
(b) a negação do caráter sobrenatural da inspiração;
(c) naturalismo consumado, ou seja, rejeitavam tudo o que não estivesse conforma à
“mentalidade instruída”; etc.
Cada um desses pressupostos influenciou profundamente a credibilidade que os
intérpretes davam ao texto bíblico,e desse modo, teve importantes implicações para os
métodos interpretativos. Era freqüente a mudança do próprio foco interpretativo: A
pergunta dos eruditos já não era “Que é que Deus diz no texto?”, e sim, “Que é que o texto me
diz a respeito do desenvolvimento da consciência religiosa deste primitivo culto hebraico?”.
(2) Neo-ortodoxia
A neo-ortodoxia é um fenômeno do século XX. Ocupa, em alguns aspectos, uma
posição intermediária entre os pontos de vista liberal e ortodoxo. Os que se encontram
dentro desses círculos geralmente crêem que a Deus é o testemunho do homem à
revelação que Deus faz de si próprio. Sustentam que Deus não se revela em palavras,
mas apenas por sua presença. Quando alguém lê as palavras da Deus e reage com fé à
presença divina, ocorre a revelação.
A revelação não é considerada como algo ocorrido num ponto histórico, o qual
agora nos é transmitido nos textos bíblicos, mas uma experiência presente que deve
fazer-se acompanhar de uma reação existencial pessoal.
A principal tarefa do intérprete é, pois, despir o mito de seus envoltórios históricos a
fim de descobrir a verdade existencial que ele contém.
(*) Durante os últimos 200 anos continuou a haver intérpretes que criam que Deus
representava a revelação que faz de si próprio – de suas palavras e de suas ações – à
humanidade. A tarefa do intérprete tem sido procurar compreender mais plenamente o
significado intencional do primitivo autor.
2.3.8 Conclusão
Além do método literal de interpretação da Escritura, quatro outros métodos
predominaram em várias fases da história da igreja: o alegórico, que praticamente deixa de lado o literal; o
tradicional, que em grande parte abandona o individual; o racionalista, que descarta o sobrenatural e o
subjetivo, que desconsidera o objetivo.
Essa breve retrospectiva da história da hermenêutica mostra a importância de os evangélicos
continuarem a enfatizar a interpretação histórica, gramatical e literária da Bíblia. Somente esta capacita
os cristãos a entenderem a Palavra de Deus corretamente, como fundamento que é uma vida piedosa.
Os problemas existentes entre judeus e cristãos, sem dúvida, começam pela forma de
interpretar o Antigo Testamento. As diferenças confessionais dentro do próprio cristianismo são
essencialmente diferenças de interpretação. O que separa protestantes de católicos é, em sínteses,
uma discrepância exegética em torno do texto de Mateus 1.18.
Todo intérprete, antes de iniciar o seu trabalho, há de ter uma idéia clara das
características do texto que vai interpretar. Ao ocupar-nos da interpretação da Bíblia, temos
que fazer algumas perguntas: Que lugar ocupa estes livros na literatura universal? São
produções comparáveis aos livros sagrados de outras religiões? Constituem simplesmente o
testemunho da experiência religiosa de um povo moldado pela agilidade de seus legisladores,
poetas, moralistas e profetas? Obviamente, as respostas a estas perguntas desempenham um
papel importante e decisivo na interpretação das Escrituras.
Não se pode negar que a Bíblia, em seu conjunto, é de origem divina, recolhe a mensagem
de Deus dirigida aos homens e mulheres de modos diversos, em diferentes épocas. São abundantes
os textos bíblicos que testificam que a Bíblia tem uma revelação especial de Deus.
Uma das frases mais repetidas no Antigo Testamento é: “E disse Deus”; ou “... a Palavra
de Deus”. Esta palavra de Deus é criadora e normativa desde o princípio da história de Israel (Êxodo
4.28; 19.6; 20.1-17; 24.3; Números 3.16, Deuteronômio 2.2,17; 5.5-22; 29.1-30). Israel adquire
plena consciência de sua entidade histórica sob a influência dos grandes atos de Deus, e da
interpretação verbal da boca dos profetas.
Além disso, a Palavra de Deus está entrelaçada com a história do povo israelita, não só no
seu começo, mas ao longo dos séculos.
A História de Israel, como aparece nas Escrituras, é um todo orgânico, e não um conjunto
de histórias. Não é fácil explicar esta característica da Bíblia em geral, se não admitimos a realidade
da ação de Deus, tanto na revelação como preservação e ordenação das Escrituras.
INSPIRAÇÃO DA BÍBLIA
Este é um dos pontos mais controvertidos da teologia cristã. Ainda que a revelação dê
origem às Escrituras, fica por determinar até que ponto e com que grau de fidelidade, e
fidedignidade, o escritor bíblico expressou o revelado por Deus.
O que temos que entender é que a inspiração da Palavra de Deus é uma obra de
Deus, e do seu Espírito Santo, que trabalha neste processo desde o princípio, até que o
homem dê forma a esta Palavra, para que ela seja inteligível razão humana.
É necessária uma comunicação entre o autor bíblico (e o seu mundo) e o intérprete (e o seu
mundo), e isto nos leva ao “diálogo”. Neste diálogo, o intérprete inicia sua tarefa com sua
compreensão prévia do texto, a qual é confirmada ou pode ser modificada pela luz que o texto lança
sobre ela.
É o que se tem chamado de Sentido Pleno, plena sensibilidade da Escritura. Por exemplo, o
texto de Isaías 7.14, relativo ao Emanuel, se referia a um acontecimento próximo à profecia, mas o
alcance pleno do seu significado, ao menos na expectativa messiânica que nos oferece o novo
Testamento, será encontrado posteriormente em Mateus 1.23.
OS REQUISITOS DO INTÉRPRETE
O exegeta deve estar consciente e capacitado para aplicar ao seu estudo da Bíblia os
mesmos critérios que segue na interpretação de qualquer texto literário, preocupar-se com a crítica
textual, análise lingüística, fundo histórico e tudo quanto possa contribuir e esclarecer o significado
do texto (arquielogia, filosofia, antropologia etc.). o intérprete deve saber manejar cientificamente o
texto bíblico.
Falta ainda a tomada de consciência dos problemas em Amós e aplica-los aos problemas
do mundo em que vivemos. Temos que descobrir os paralelos existentes entre os dois mundos: o do
autor bíblico e o nosso próprio mundo. Isso fará a interpretação de Amós mais atrativa e
diferenciada.
Em nossa época, tem-se obscurecido a relação viva com a Palavra. Não obstante, devemos
fazer o esforço de interpretar os sinais de nossos dias. É verdade que os nossos conhecimentos
filológicos, arqueológicos e filosóficos, bem como sociais, progrediram muito, na ajuda da
interpretação bíblica. Nossa inteligência teórica das Escrituras tem, na atualidade, uma precisão
metódica sem precedentes, capaz de abarcar as informações com uma força sistemática inigualável.
A idéia direta que nós queremos forjar da realidade bíblica é mais que científica; ela é
também determinante para a vida dos homens. Às vezes perdemos o caminho das origens e da
eternidade, onde cada qual pode encontrar o que pessoalmente quer. E não temos deixado a voz de
Deus falar. A responsabilidade do intérprete é fazer a voz de Deus ser ouvida novamente.
INFALIBILIDADE E INERRÂNCIA
O antônimo de infalibilidade é falibilidade, que se deriva do latim falíeri, que quer dizer
enganar, induzir ao erro, ser infiel no cumprir, trair-se.Neste sentido, se pode dizer que a Bíblia é
infalível. A Bíblia não nos induz a erros, a enganos, não nos trai. Já o vocábulo “inerrância”, que é
um neologismo teológico, indica a ausência de erros nos livros da Bíblia.
Que amplitude deve dar-se a estes conceitos? A tendência mais generalizada em credos e
declarações de fé tem sido a de aceitar a infalibilidade das Escrituras em todo o concernente às
questões de fé e conduta, enquanto que a inerrância se tem aplicado especialmente aos fatos
históricos em sua relação com a obra redentora.
A este fato nem sempre se conforma o teólogo, tão dado a ligar tudo solidamente em seu
ideal sistematizador. O intérprete da Bíblia há de recordar a cada momento, e com humildade, que
“somente em parte conhecemos e em parte profetizamos” (1Coríntios 13.9).
A PRÁTICA DA HERMENÊUTICA
A HERMENÊUTICA DE AUTOR
Schleiermacher é um teólogo que insiste no autor, tanto que chega a dizer que para
compreender um texto devemos entrar na mente do autor, identificar-nos com ele. Dilthey fala de
chegar à experiência total; repetir em nós a globalidade da experiência do autor, entrando em seu
sentir total (emotivo e passional). Gunkel convida o intérprete a interpretar e a entrar na mente do
autor.
Deste ponto de vista, o sentido do texto vem definido pela intenção do autor. O leitor, para
entender o texto, deve encontrar-se com a intenção do autor. Para compreender o texto devo
compreender aquilo que quis dizer o autor, porque a chave da interpretação está na intenção do
autor.
A HERMENÊUTICA DE TEXTO
Vimos que a hermenêutica de autor se revela como insuficiente para uma compreensão e
interpretação adequada da obra literária. Existe outro caminho, uma outra teoria que facilita a
interpretação e que tem em conta os diversos fatores implicados nela: uma hermenêutica de texto.
Há três fatores importantes nesta interpretação hermenêutica: autor, obra e receptor.
A obra. Esta é a tendência mais objetiva e atual. A obra literária nasce de um autor, mas
não deixa de ser uma realidade autônoma, isto é, ela é adulta. A obra é um sistema preciso de
palavras, ordenado e significativo; é uma estrutura ou um sistema de estruturas. Como estrutura
feita, é um ato realizado e ao mesmo tempo uma potencia que pede para ser atualizada. A obra está
aí, à nossa disposição, convidando a entrar nela e a ser descoberta em suas múltiplas facetas e
possibilidades de comunicação. Deste ponto de vista não cabe o exclusivismo do texto. Faz-se
necessária a presença do sujeito, do intérprete, do leitor.
O conceito hebreu da palavra “verdade” significa muito mais que a simples coerência
teórica, ou exatidão empírica. Significa fidelidade, integridade e autenticidade. O contrário é
falsidade e engano. Deus é verdade, faz a verdade, diz a verdade e conhece a verdade. Deus não
engana, nem atua nunca com falsidade.
Não é nada fácil interpretar com exatidão a Bíblia e anunciar com nitidez a verdade de
Deus. Por isso o apóstolo exortou seu amado discípulo a que procurasse com diligência apresentar-
se como obreiro aprovado por Deus, que não tivesse de que se envergonhar, e que usasse com
responsabilidade a Palavra da verdade (2Timóteo 2.15). o discípulo tem que deixar as fábulas e
ocupar-se em ler, e pensar que sua tarefa hermenêutica é fundamentalmente a interpretação da
Palavra de Deus no exercício do seu ministério.
_________________________________________________.
O que a Bíblia diz, Deus diz. Por isso, a Bíblia possue suprema autoridade.
Ex.: 2 Tm 3:16-17
__________________________________________________.
A Bíblia é o seu próprio ( e melhor) intérprete, ela não se contradiz.
Ex.: 1 Co 7.20
__________________________________________________.
A Bíblia é literatura como qualquer outro livro e conseqüentemente, suas palavras devem ser
entendidas de forma literal ( a menos que o autor esteja usando uma figura de linguagem).
Ex.: Arca de Noé
___________________________________________________.
As palavras das Escrituras devem ser interpretadas no seu sentido natural, literal, de acordo
com as regras comuns da gramática:
Uma palavra tem somente um sentido literal quando usada numa sentença
O sentido de uma palavra é ligada à sentença por meio de regras gramaticais
O sentido da palavra deve ser derivado do seu contexto
Ex.: Ef 1.7
_____________________________________________________.
A Bíblia foi escrita (completada) há dois mil anos atrás. É um registro histórico de eventos
que de fato aconteceram -- e não mitologia criada na imaginação de alguém. Desde que se
originou num contexto histórico, só pode ser compreendida à luz das história bíblica.
Ex.: At 2
*** Estas leis básicas se aplicam a todos os gêneros, estilos e princípios da hermenêutica.
6
Davi Cox Jr. Apostila de MÉTODOS DE ESTUDO BÍBLICO, p.33
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CAPÍTULO 3 - O USO DA HERMENÊUTICA
3.1 EXEGESE
Exegese é a aplicação dos princípios da hermenêutica para chegar-se a um entendimento correto
do texto. O prefixo grego ex (‘fora de’, ‘para fora’, ou ‘de’) refere-se à idéia de que o intérprete está
tentando derivar seu entendimento do texto, em vez de ler seu significado no (‘para dentro’) texto
(eisegese).
A chave à boa exegese, e, portanto, a uma leitura mais inteligente da Bíblia, é aprender a ler
cuidadosamente o texto e fazer as perguntas certas ao texto. Há duas perguntas básicas que devemos
fazer a cada passagem bíblica: aquelas que dizem respeito ao contexto e aquelas que dizem respeito ao
conteúdo. As perguntas sobre o contexto também são de dois tipos: históricas e literárias.8
3.1.1 Contexto
7
Fee e Stuart. ENTENDES O QUE LÊS? p.19
8
Fee e Stuart, p.22
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3.1.2 Conteúdo
A segunda categoria maior de perguntas que a pessoa deve fazer a qualquer texto tem a
ver com o conteúdo real do autor. “Conteúdo” tem a ver com os significados das palavras, com
os relacionamentos gramaticais nas frases, e com a escolha do texto original onde os
manuscritos têm textos variantes. Inclui, também, certo número dos itens mencionados supra
em “contexto histórico”:·
Na sua maior parte, estas são as perguntas normais quanto ao sentido, que fazemos
comumente ao texto bíblico.
Ex.: Quando Paulo diz em 2 Coríntios 5.16: “ Se antes conhecemos a Cristo segundo a
carne, já agora não o conhecemos deste modo,” iremos querer saber: Quem estava “segundo
a carne”, Cristo, ou a pessoa que conhecia a Ele? Faz uma diferença considerável
quanto ao significado saber que já não conhecemos a Cristo “de um modo de vista
mundano”, que é o que Paulo quer dizer, e não que já não conhecemos a Cristo
“na Sua vida terrestre.”
Neste ponto talvez o estudante bíblico sinta necessidade de ajuda externa para chegar a
uma conclusão certa do texto. Na maior parte das vezes, portanto, você pode fazer boa exegese
com uma quantidade mínima de ajuda externa, posto que tal ajuda seja da mais alta qualidade.
Há quatro ferramentas básicas de auxílio para o estudante de hermenêutica e exegese:
Ps. Para uma leitura complementar sobre “ajudas externas” ler apêndice 1 do livro
ENTENDES O QUE LÊS? Fee & Stuart, Ed. Vida Nova.
3.2.1 Definições
Seguindo a exegese estão os campos gêmeos da teologia bíblica e da teologia sistemática.
Teologia bíblica é o estudo da revelação divina no Antigo e no Novo Testamentos. Donald Carson a
define como: “um ramo da teologia cuja preocupação é estudar cada segmento das Escrituras individualmente,
especialmente quanto ao seu lugar na história da revelação progressiva de Deus.”9 Ela indaga: “Como foi que esta
revelação específica contribuiu para o conhecimento que os crentes já possuíam naquele tempo? Tenta
mostrar o desenvolvimento do conhecimento teológico através dos tempos do Antigo e Novo
Testamento.10
Contrastando com a teologia bíblica, a teologia sistemática organiza os dados bíblicos de uma
maneira lógica antes que histórica. Tenta reunir toda a informação sobre determinado tópico (e.g., a
natureza de Deus, a natureza da vida no além, o ministério de anjos) de sorte que possamos entender a
totalidade da revelação de Deus a nós sobre esse tópico. Carson a define como o ramo da teologia que visa
9
Donald Carson. TEOLOGIA BÍBLICA OU TEOLOGIA SISTEMÁTICA? , p. 27
10
Virkler, p.11
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elaborar o todo e as partes da Escritura, demonstrando suas conexões lógicas (não apenas históricas), dando pleno
reconhecimento à história da doutrina, ao clima intelectual e às categorias e indagações contemporâneas, tendo sua base de
autoridade final nas Escrituras, propriamente interpretadas. Teologia Sistemática lida com a Bíblia como um
produto pronto.11
A teologia bíblica e a sistemática são campos complementares; juntas elas nos proporcionam
maior entendimento do que qualquer uma delas isoladamente.
Teologia Sistemática
Olhando não tanto para uma perspectiva de um teólogo, mas sim de um mestre preocupado com a
formação acadêmica, Davi Merkh e Davi Cox Jr, propõe o seguinte diagrama: 13
11
Carson, p. 27
12
Virkler, p. 11
13
Davi Merkh e Davi Cox Jr. HERMENÊUTICA, p.12
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CAPÍTULO 4 – PRINCÍPIOS GERAIS NA HERMENÊUTICA
A hermenêutica apresenta pelo menos duas categorias gerais de princípios de interpretação: 14
É preciso destacar que cada um desses princípios gerais são importantes para o estudo bíblico e
devem ser analisados cuidadosamente. Isto não será feito neste material porque em primeiro lugar
pressupõe-se que seus alunos já tenham gastado tempo neste estudo, em segundo lugar esta matéria se
propõe a investigar áreas mais específicas da Hermenêutica.
14
Davi Merkh. HERMENÊUTICA, p. 01
15
Idem
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4.2 PASSOS PARA A INTERPRETAÇÃO
Os passos apresentados abaixo são proposições apresentados no livro “Hermenêutica” de
Henry Virkler:16
4.2.1 Análise Histórico-Cultural e Contextual:
(1) Determinar o ambiente geral histórico e cultural do escritor e de sua audiência.
a. Determinar as circunstâncias históricas gerais.
b. Estar atento às circunstâncias históricas gerais.
c. Discernir o nível de compromisso espiritual da audiência
(2) Determinar o propósito (ou propósitos) do autor ao escrever um livro.
a. Observar as declarações explícitas ou frases repetidas.
b. Observar as seções parentéticas ou hortativas.
c. Observar os problemas omitidos ou os enfocados.
(3) Entender de que forma a passagem se enquadra no contexto imediato.
a. Localizar os principais blocos de material no livro e mostrar como se encaixam
num todo coerente.
b. Mostrar como a passagem se ajusta à corrente de argumento do autor.
c. Determinar a perspectiva que o autor tenciona comunicar – numenolóca
(a realidade das coisas) ou fenomenológica ( a aparência das coisas).
d. Distinguir entre verdade descritiva e verdade prescritiva.
e. Distinguir entre detalhes incidentais e ponto central do ensino de uma passagem
f. Localizar a pessoa ou categoria de pessoas às quais a passagem é dirigida.
Exercício: 17
Analise a questão do lava-pés. Esse costume é mencionado 19 vezes na Bíblia (Gn 18.4;
19.2; 24.32; 43.24; Ex 30.19; 40.31; Jz 19.21; 1 Sm 24.41; 2 Sm 11.8; Ct 5.3; Lc 7.44; Jo 13.5, 6, 8-
10, 12, 14 e 1 Tm 5.10).
Procure esses versículos e veja se consegue dizer como esse costume era praticado e
qual seu significado nas épocas do AT e NT.
Depois, pense nas seguintes questões:
O lava-pés é tão necessário hoje quanto nos tempos bíblicos? Justifique.
As Escrituras nos mandam praticar o lava-pés como uma ordenança da
igreja? Justifique.
A quem Jesus dirigiu suas palavras em Jo 13.15?
Os cristãos modernos devem segui-las? Justifique.
Que razões Jesus deu em Jo 13 para praticá-lo com os discípulos? Veja
principalmente os versículos 1, 7, 12 e 16.
(1) Determinar seu próprio ponto de vista da natureza do relacionamento de Deus com
o homem.
A coleta de provas, a estruturação das perguntas, e a compreensão de
determinados textos afetam o resultado desse estudo.
(2) Descobrir as implicações deste ponto de vista para a passagem que está sendo
estudada.
Por exemplo, uma posição sobre a natureza da relação de Deus com o homem,
basicamente descontínua, verá o AT como menos pertinente aos nossos
contemporâneos do que o NT.
(4) Determinar o significado que a passagem possuía para seus primitivos destinatários à
luz do conhecimento que tinham.
(5) Descobrir o conhecimento complementar acerca deste ponto que hoje temos
disponível em virtude de revelação posterior.
Exercício:
Procure fazer uma ‘teologia bíblica’ de Mc 5.1-20 usando as categorias de
‘demonologia’, ‘cristologia’ e ‘antropologia’.
Aliste tudo que este texto ensina sobre demônios,
Aliste tudo que este texto ensina sobre Cristo,
Aliste tudo que este texto ensina sobre a natureza do homem.
5.1 NARRATIVAS
A Bíblia contém mais do tipo de literatura chamado “narrativa” do que de qualquer outro tipo
literário. Por exemplo, mais de 40% do AT é narrativa. Posto que o próprio AT compõe ¾ do volume
da Bíblia, não é surpreendente que o tipo mais comum de literatura na Bíblia inteira, individualmente, é
a narrativa.
Não são alegorias, ou histórias cheias de significados ocultos. Pode, no entanto, haver
aspectos de narrativas que não são de fácil compreensão. Noutras palavras, as narrativas não
respondem a todas as nossas perguntas acerca de uma determinada questão. São limitadas no
seu enfoque, e nos oferecem uma só parte do quadro global daquilo que Deus está fazendo
na história.
Elas nem sempre ensinam de modo direto. As narrativas dão um tipo de conhecimento
mediante contato direto com a obra de Deus no Seu mundo, e embora este conhecimento
seja secundário ao invés de ser primário, não deixa de ser um conhecimento que pode ajudar
a moldar seu comportamento.
Cada narrativa ou episódio individual dentro de uma narrativa não possui necessariamente
uma lição moral individual. Elas não podem ser interpretadas atomisticamente, como se cada
declaração, cada evento, cada descrição pudesse, independentemente das demais, ter uma
mensagem especial para o leitor.
(1) Não devem ser tomadas como fonte de ensino objetivo de doutrina cristã apostólica.
(3) Apontam para uma verdade ou lição principal. Procurar um significado mais
profundo ou “espiritual” sem outras dicas no texto é abusar o texto.
(4) Registram, apenas o fato em si, não exigindo, necessariamente a presença de uma
“moral da história”
(5) Apresentam personagens humanos distantes da perfeição, muitas vezes, inserido sem
exemplos mais negativos do que positivos.
18
Fee e Stuart, pp.66-68
PROF. PR. FÁBIO REIS 39
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(6) São seletivas e incompletas, descrevendo aquilo que o autor bíblico preferiu incluir ou
deixar de fora (Jo 21.25). Devem ser julgadas com base no conjunto de verdades
expostos objetivamente nas Escrituras.
(7) Têm propósitos muito particulares, deixando certos assuntos ou temas levantados
para serem abordados em outras partes das Escrituras.
(9) Devem ser interpretadas à luz de seus elementos culturais: política (nacional e civil),
religião, economia, leis, agricultura, arquitetura, vestimentas, vida doméstica,
geográfica, organização militar, estrutura social, uma análise histórico-cultural.19
5.1.3 Exercício
À luz desses princípios de interpretação analise o texto de Atos 19.1-7 e determine qual o
significado dessa narrativa para nossos dias.
A pergunta que deve permear sua análise é: Receber o Espírito Santo após a salvação é para
nossos dias?
Use este espaço para apresentar seus argumentos.
5.2 PARÁBOLAS
“Parábola”, do vocábulo grego “parabolh” (para = lado a lado + ballw = jogar,
trazer, colocar) literalmente quer dizer “colocar lado a lado com”, “manter ao lado”, “jogar para”,
“comparar”.
Algumas definições:
“A parábola é um gênero literário que, formalmente, consiste de uma história típica, tirada da realidade cotidiana
do ouvinte oferecendo um exemplo de comportamento ao qual reagir”
“Parábola é uma narrativa de acontecimento real ou imaginário em que tanto as pessoas como as coisas e as ações
correspondem a verdades de ordem espiritual e moral”
(Antonio Almeida, MANUAL DE HERMENÊUTICA SAGRADA, Cep, p. 39)
“As parábolas de Jesus são uma forma concreta e dramática de linguagem teológica que força o ouvinte a reagir.
Elas revelam a natureza do reino de Deus e/ou indicam como um filho do reino deve agir, e no que deve crer”
(Keneth Bailey, A POESIA E O CAMPONÊS, Vida Nova, p. 14)
19
Emerson S. Pereira. HERMENÊUTICA – NARRATIVAS (não publicado)
PROF. PR. FÁBIO REIS 40
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20
Esta seção foi inspirada no trabalho acadêmico não publicado de José Humberto de Jesus F. Oliveira, apresentado em
sala de aula no Programa de Mestrado do SBPV.
21
DITNT, Vol III, p. 452
22
Herbert Lockyer. TODAS AS PARÁBOLAS DA BÍBLIA, p. 17-18
23
Roy Zuck, pp. 238-253
PROF. PR. FÁBIO REIS 41
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5.2.3 Exercício
Determine o propósito central das parábolas contadas em Lucas 15. Verifique os pontos
de similaridade entre elas.
Use este espaço para apresentar seus argumentos.
Uma figura de linguagem é meramente uma palavra ou frase colocada de forma diferente de seu
emprego ou sentido original e simples, ela é utilizada para comunicar um sentido diferente do literal,
verdadeiro.
5.3.3 Exercício
Fazer os exercícios sugeridos por Roy Zuck no livro A Interpretação Bíblica, p. 194-195.
Use a lista da próxima página.
24
Roy Zuck, pp. 167-196
PROF. PR. FÁBIO REIS 42
INSTITUTO BATISTA BÍBLICO DA BAHIA
ORATÓRIA HOMILÉTICA AVANÇADA
5.4 PROFECIAS
O termo profecia vem de duas palavras gregas que significam “falar por, ou antes”. Assim sendo,
profetizar é falar e escrever sobre acontecimentos futuros. Em ambos os Testamentos, “profeta é um
porta-voz de Deus que declara a vontade de Deus ao povo”25
Por outro lado, no que diz respeito à linguagem da profecia, especialmente no seu
significado quanto ao futuro, deve-se observar o seguinte, sugere J. Dwight Pentecost:27
Os profetas freqüentemente falam de coisas que pertencem ao futuro como se
fossem presentes a seus olhos ( Is 9.6)
Eles falam de coisas futuras como se fossem passadas (Is 53)
Quando o tempo exato de certos acontecimentos não era revelado, os profetas os
apresentavam como contínuos. Viam o futuro mais propriamente no espaço que no
tempo; o todo, então, aparece em perspectiva reduzida; e é levada em conta a
perspectiva, e não a distância real. Eles parecem, muitas vezes, falar de coisas futuras
como um leigo observaria as estrelas, agrupando-as da maneira que aparecem, e não
de acordo com suas verdadeiras posições.
25
Henry Virkler, p. 146
26
Idem
27
J. Dwight Pentecost. MANUAL DE ESCATOLOGIA, p. 74
28
Zuck, pp. 263-264
PROF. PR. FÁBIO REIS 44
INSTITUTO BATISTA BÍBLICO DA BAHIA
ORATÓRIA HOMILÉTICA AVANÇADA
29
Esta seção é baseada no capítulo 8 do livro A INTERPRETAÇÃO BÍBLICA, de Roy Zuck
30
Virkler, p.141
PROF. PR. FÁBIO REIS 45
INSTITUTO BATISTA BÍBLICO DA BAHIA
ORATÓRIA HOMILÉTICA AVANÇADA
5.5.2 Princípios para interpretação das profecias
(3) Reparar nos elementos de contraste ou de diferenças, para evitar caracterizá-los como
aspectos do tipo.
5.5.3 Exercício
Preencher a lista de tipos confirmando sua posição, na página 212 do livro A
INTERPRETAÇÃO BÍBLICA, Roy Zuck.
Usos e Citações:
31
Zuck, pp. 289-322
PROF. PR. FÁBIO REIS 47
INSTITUTO BATISTA BÍBLICO DA BAHIA
ORATÓRIA HOMILÉTICA AVANÇADA
Alterações
Substituir substantivo por pronome – Mt 3.3 / Is 40.3
Substituir substantivo plural por singular – Mt 13.35 / Sl 78.2
Modificar pronomes – Mt 1.23 / Is 7.14
Mencionar quem fala na citação – Jo 1.23 / Is 40.3
Discurso direto passar a indireto - Rm 9.25 / Os 2.23
Discurso indireto passar a direto – Rm 9.20 / Is 29.16
Modificação forma verbal (ligeiramente) – Jo 19.36 / Ex 12.46
Reproduzir livremente o sentido de passagens por meio de paráfrases – Mt 13.35 /
Sl 78.2
Omissão
Abreviar versículos – Mc 4.12 / Is 6.10
Citações parciais – Lc 4.18-19 / Is 61.2
Emprego sinônimos
Substantivos – Mt 3.3 / Is 40.3
Usando a LXX – Hb 10.5 / Sl 40.6
Novos aspectos da verdade
Explica o sentido real do texto – Ef 4.8 / Sl 68.18
Enquadra o uso no sentido do NT – Rm 9.24 / Os 2.23 (revelação progressiva)
Aplica à nova dispensação – Ef 6.2,3 / Dt 5.16
A forma como o NT usou o AT não sugere significados múltiplos para cada texto?
Há 4 concepções a respeito dessa pergunta:
a) Cada passagem tem um e apenas um significado, o qual os autores compreendiam.
b) Os leitores podem encontrar em qualquer passagem bíblica uma série de sentidos
independentes.
c) Certas passagens podem ter sentido mais completo do que o planejado ou compreendido
pelo autor, sentido esse, pretendido por Deus. (sensus plenior – escritor católico Andrea Fernandez,
1925)
Alguns problemas: essa interpretação que transcende o sentido literal, na maioria das vezes usa o método
alegórico que não tem estrutura definida; a interpretação oficial dependente da revelação do NT, dos pais da igreja
e das declarações oficiais da igreja católica.
d) Cada texto bíblico possui um só significado, embora alguns possam ter implicações
relacionadas. Ex.: Sl 78.2 tem um só significado, mas tem dois referentes, Asafe e Jesus .
Motivos para aceitar essa posição: a interpretação histórica, gramatical requer a existência
de um único significado (declaração de Chicago sobre Hermenêutica Bíblica); a idéia de que um só
sentido pode referir-se a mais de um elemento condiz com a forma de emprego do AT no NT;
essa concepção está de acordo com o aspecto progressivo da revelação; os significados
relacionados não dão margem a alegorização.