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INSTITUTO DE FILOSOFIA SANTO TOMÁS DE AQUINO – INFISTA

HERMENÊUTICA

José Augusto Scudilio Junior

SÃO CARLOS
Junho/2023
José Augusto Scudilio Junior

Trabalho apresentado ao curso do


Instituto de Filosofia Santo Tomás de
Aquino em disciplina Hermenêutica.

Professor: Padre Marcos Eduardo Coró.

SÃO CARLOS
Junho/2023
HERMENEUTICA ARTE E TÉCNICA DA INTERPRETAÇÃO

Na obra, o conjunto de escritos traduzido do autor, são frutos de notas pessoais


de Schleiermacher dirigidos a cursos e conferencias que o mesmo conduziu entre os
anos de 1805 e 1833 neles são expostos a teoria e os princípios que norteiam toda a arte
da compreensão e interpretação de textos, como também dos discursos.
A filosofia hermenêutica de Schleiermacher é fundamento base para o
desenvolvimento e compreensão geral das ciências do espírito, em vista de sua busca
metodológica e positivista a partir das ciências da natureza. Através dele, o contexto
científico conseguiu avanços significativos na dimensão interpretativa e compreensiva
de textos, através dos elementos que trouxe em sua teoria e possibilitaram como técnica,
uma melhor compreensão. Neste sentido, o autor problematiza a compreensão apenas
pelos dados de experiencia em si, pelo fato de que não podem bastar a eles mesmos,
apontando para uma análise que parta da parte para o todo, do geral para o particular,
aquilo que conhecemos como o círculo hermenêutico.
Através do método dialético, ele vai justificar que tanto a linguagem, como o
conhecimento, não é algo universal, quando tratado da linguagem, dos seus símbolos,
dados que pertencem a linguagens e formas particulares de serem expressadas,
consequentemente, consideradas para que sejam entendidas e refletidas. Ele então,
busca encontrar elementos que possibilitem uma compreensão geral, uma forma válida
que permita através da dialética conversar universalmente.
Em seu primeiro discurso, 1829, que trata sobre os Discursos acadêmicos, sobre
o conceito de hermenêutica, com referência às indicações de F.A. Wolf e ao compêndio
de F. Ast, 23, Schleiermacher aponta que são muitas as atividades cotidianas que
acompanham a vida humana e se relacionam com o modo de como elas são executadas,
ou seja, busca explicar a origem dos seus estudos diante das fragilidades do sistema
hermenêutico enquanto não sistematizada, na arte de interpretar. Para ele, os estudos
deveriam se converter para uma hermenêutica geral, em caráter a ser capaz de dialogar
universalmente e levar a alcançar os princípios adequados, no que se diz respeito a arte
da interpretação, seja de um texto ou mesmo discurso.
Para ele, isso acontece de três maneiras: A primeira, de modo mecanizado; A
segunda, nas as experiencias e observações; já a terceira, apoia-se no sentido literal das
coisas em si. Dentre estas características, é possível também, anexar o processo da
interpretação. Destas, o primeiro modo, está claramente em nosso cotidiano, nos modos
mecanizados de compreensão; o segundo, no modo qual buscamos saber da validade
das coisas; o terceiro, na forma que busca encontrar razões em si. Sendo assim, busca na
prática da interpretação, encontrar uma forma adequada e científica que se estenda e de
concretude ao processo hermenêutico.
Sendo assim, apresenta elementos que o processo hermenêutico é necessário e
precisa ir para além de tradução de textos antigos, como era utilizada anteriormente, em
seu desenvolvimento, mas, é necessária e primordial ao relacionamento de todos os
homens, e com isso, precisa ser vista como elemento necessário ao que proporciona o
entendimento e a compreensão dos homens entre si.
Em sua análise, estuda as formas e os princípios de Ast. e Wolf, enquanto se
referem a compreensão e comparação entre os métodos de comparação e divinização
que são utilizados pelos respectivos, e que buscam uma compreensão do que se estuda
de forma rápida. Enquanto Wolf representa o contexto do espírito mais sutil da sua
filologia, Já Ast., se esforça em proceder sempre como um filólogo que opera as
combinações filosoficamente, ou seja, deve assim ser mais instrutivo e fecundo. Wolf
evita a forma sistemática em todo o seu ensaio voluntariamente, porque ele não
considerava esta forma como apropriada ao lugar do ensaio, ou seja, uma revista
destinada a receber abordagens variadas sem nenhuma consideração sistemática. Por
sua vez. Ast., ao contrário, prescreve-se esta forma; e ele nos explica logo de início que,
sem espírito filosófico, nenhuma teoria pode ser comunicada cientificamente.
Sendo assim, as teorias de Ast. e Wolf sobre comparação e divinização, tem
como objetivo compreender os métodos utilizados por eles para uma compreensão mais
rápida. Enquanto Wolf representa uma abordagem mais livre e sutil da filologia, Ast.
prefere uma abordagem mais sistemática e instrutiva. Wolf não considerava a forma
sistemática apropriada em sua revista, enquanto Ast. acreditava que o espírito filosófico
é essencial para uma teoria cientificamente comunicada.
Enquanto Wolf considera a gramática, a hermenêutica e a crítica como estudos
preparatórios para as disciplinas filosóficas propriamente formuladas. Ast., trata destas
mesmas disciplinas como apêndices da filologia. Desde o início, ele enfatiza a tarefa da
compreensão e busca uma unidade de espírito entre a vida grega e cristã. Ele afirma que
a hermenêutica deve tratar desses dois objetos e não apenas se limitar à antiga ciência e
teologia cristã. No entanto, Wolf critica a hermenêutica por ser ainda muito imperfeita
como teoria, enquanto ele a descreve como a arte de descobrir os pensamentos de um
autor em todo tipo de escrita. Enfatizando que a compreensão só é possível se houver
algo em comum entre aquele que compreende e o que deve ser compreendido.
No segundo discurso, “Hermenêutica, primeiro projeto [1809-1810]”, trás como
o objetivo primordial a interpretação dos livros sagrados, uma vez que é através da
compreensão desses livros que se pode perceber a sua importância sagrada.
Contrariando uma crença comum, o espírito sagrado está sim submetido às regras de
interpretação e não pode ser interpretado de forma arbitrária. A hermenêutica por sua
vez se envolve de dois pontos distintos, ou seja, a compreensão da linguagem e a
compreensão do falante, sendo que a arte da interpretação é baseada nessa dupla
compreensão. Como cada operação pressupõe a outra, é necessário que elas estejam
ligadas para serem completas. Na aplicação, a combinação de ambas as operações se
torna essencial, mas nas prescrições, é preciso separá-las para que cada uma tenha seu
centro particular. É necessário conduzir cada operação individualmente, porém, também
é importante mostrar os pontos de ligação naturais entre elas.
Na interpretação gramatical apresentada por ele, consiste em encontrar o sentido
preciso de um discurso através da linguagem. Sua principal função é descobrir a
verdadeira intenção do autor em cada caso específico, evitando interpretações
equivocadas, excessivas ou limitadas. Toda hermenêutica é parte de uma sentença,
composta por elementos materiais e formais, que se complementam para a compreensão
completa. Para alcançar uma interpretação precisa, é necessário recorrer a analogias
históricas, experiências e interpretações externas confiáveis, além de exercitar a
habilidade de interpretação gramatical.
No terceiro discurso, Exposição separada da segunda parte – 1826-1827,
Schleiermacher, aborda a interpretação técnica, que visa entender a composição do
pensamento a partir do indivíduo, em contraposição à interpretação gramatical, que se
concentra na compreensão da língua e da estrutura do discurso. Segundo
Schleiermacher, na interpretação técnica, a língua é uma ferramenta para expressar a
individualidade. Ele também destaca a importância da descoberta da unidade de estilo
do autor, seja por meio da comparação com outras obras ou por meio da análise da obra
em si, considerando seu tema interno e sua originalidade.
Sendo assim, em sua obra, Schleiermacher propôs uma nova forma de entender a
Hermenêuticas, como em consequência nas Ciências Naturais, focando na interpretação
do sentido dos textos. Ele enfatizou a relação inseparável entre sujeito e objeto, a
circularidade entre o todo e o particular, e a importância da pré-compreensão. Aplicando
a dialética para ilustrar a relatividade do conhecimento diante da linguagem histórica e
ausência de uma linguagem universal. E mudou os rumos da hermenêutica de um
campo técnico e científico para um filosófico, com o objetivo de compreender o autor
em vez de somente o texto em si. Ou seja, a maneira como ele encara o assunto com sua
hermenêutica, faz com que ela possa ser vista como um método artístico de
compreensão que têm origem na necessidade de decifrar e adaptar obras clássicas
antigas adequadamente.

REFERENCIA
SCHLEIERMACHER, F. Hermenêutica arte e técnica da interpretação. Petrópolis, RJ,
Vozes, 2000.

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