mitologia grega, envolvendo o deus Hermes, em latim Mercúrio” (ROHDEN, 1999, p. 112). No Panteão grego ele era associado à linguagem ou fala, pois como deus, poderia nomear as coisas e as pessoas. Também era o intérprete da vontade dos deuses aos seres humanos. A hermenêutica, como um conjunto do saber humano ocidental, nasceuno século XVII, da necessidade de superar a distância cultural e/ou cronológica que prejudicava a compreensão dos textos antigos, pretendendo determinar o seu significado e demonstrar sua pertinência na atualidade. Ela foi nomeada arte da interpretação. E foi dividida em três disciplinas: ● Hermenêutica sacra (teologia). ● Hermenêutica profana (filosofia e filologia). ● Hermenêutica juris (direito). Isto não quer dizer que anteriormente a esse período não houvesse uma preocupação com a interpretação de textos. Platão, o primeiro a usar o vocábulo hermenêutica, já sentia a inevitabilidade de interpretar o que pessoas antes dele escreveram, sobretudo os mitos, e chamou o seu modo de fazer isso como alegorese. Também judeus e, depois, cristãos, sentiram a necessidade de entender o que estava escrito nas Escrituras judaicas ou no Antigo Testamento. “A consciência histórica racionalista iluminista reposicionou a questão hermenêutica, de simples leitura dos textos para o sentido que o ser humano dá a si mesmo e ao mundo que lhe é totalmente estranho” (LACOSTE, 2004, p. 816). A história da hermenêutica, doravante, envolve cinco personagens: 1- F. D. Schleiermacher, filósofo romântico do século XVII e tradutor de textos da antiga civilização grega, foi o primeiro a desenvolver um projeto hermenêutico geral baseado em duas tarefas: o estudo da cultura e da língua do autor e a adivinhação simpática do seu pensamento. 2- Wilhelm Dilthey, filósofo historicista do século XVIII, fundou a distinção entre as ciências do espírito (humanas): que compreendem; e as ciências objetivas (naturais): que esclarecem; a hermenêutica cabia às primeiras. 3- Martin Heidegger, filósofo existencialista do século XIX, reviu o projeto hermenêutico elaborado até então e o reorganizou teoricamente, de modo a colocar a compreensão à frente da interpretação, isto é, da compreensão de si enquanto existente no mundo é que se fará a interpretação de algo. Coube a ele, também, a introdução da estrutura circular da compreensão: círculo hermenêutico. 4 -H. G. Gadamer, filósofo fenomenológico da primeira metade do século XX, enfatizou a compreensão como uma pré-interpretação em diálogo com outras pré-interpretações existentes na história, de modo que cabe à Hermenêutica colocar em relação os horizontes a cada tempo e promover a fusão de horizontes, num diálogo do qual nasce, não a única, última e melhor interpretação, mas outra interpretação. 5 -Paul Ricoeur, filósofo fenomenológico da segunda metade do século XX, que terminou por eliminar a diferença entre esclarecer ou explicar (ciências da natureza) e compreender (ciências da humanidade), para fazer da explicação o pressuposto da compreensão, pois não há mais distanciamento objetivante entre o intérprete e o texto, cabendo à hermenêutica abrir o mundo do texto ao leitor para que habite nele. CONCEITOS E DEFINIÇÕES AMPLAS
O sentido comum dado à palavra hermenêutica é interpretação,
e esta tem a ver com a compreensão de textos, para cuja função se usa a palavra exegese. Temos, assim, um relacionamento sinonímico que aproxima exegese de interpretação e de hermenêutica. Conforme os antigos gregos, o primeiro povo que nos deixou um registro idade hermenêutica, os três termos eram desenvolvimentos da disciplina chamada heurística: o estudo e desenvolvimento dos métodos ou princípios que ajudam a descobrir o sentido e significado de um texto. Portanto, hermenêutica se relaciona com a ideia da descoberta, mais especificamente, com o esforço por entender algo que alguém diz ou escreve. De modo clássico, é a ciência que formula linhas gerais, leis e métodos para interpretar o significado dado por um autor original. Contemporaneamente, também trata de interpretar o significado do texto para uma audiência que o lê. Ainda nele, um mundo secularizado, para alguns, e pós-metafísico, para outros, no qual a referência transcendental da Verdade já não mais existe, o ser humano toma consciência dos seus limites e finitude, restando-lhe entender o sentido do seu falar e fazer no mundo. Exegese, amplamente definida, trata-se da atividade normal de alguém em compreender o que ouve ou lê no seu dia a dia. Quando se trata de textos escritos, descreve a tarefa de extrair o significado desse texto, mas também inclui explicar, interpretar, contar, relatar, descrever o seu significado. Classicamente, diz respeito à articulação ou descoberta do significado do texto baseado no entendimento da intenção e objetivos de um autor original. Interpretação é frequentemente usada, intercambiavelmente, com as palavras: hermenêutica e exegese. Para alguns, os três termos são mesmo sinônimos, sem nenhum conteúdo específico. Existem, porém, algumas distinções que podem definir melhor o que se faz quando se pratica a exegese. Do geral para o específico, o termo interpretação é o mais amplo, pois abrange qualquer comunicação que seja objeto de interpretação: oral, gestual, simbólica e escrita. No caso da hermenêutica e da exegese, seu objeto se restringe ao texto escrito. Elas seriam subcategorias da interpretação. Modernamente, exegese é a descoberta do significado de um texto direcionada para o estudo do sentido que o autor quis dar ao mesmo. O texto é aquilo que o autor quis dizer quando o escreveu, envolvendo, desse modo, a maneira como o escritor original intencionou que ele fosse entendido por sua audiência. Veja as seguintes definições: Descoberta do que o texto significa em si mesmo, isto é, a intenção original do escritor, e o significado da passagem como ele gostaria que entendessem os leitores aos quais foi primeiro intencionado. (Ralph P. Martin) O termo exegese é usado em um sentido conscientemente limitado para referir a investigação histórica de um significado do texto bíblico. Ela responde à questão: o que o autor bíblico quis dizer? Isto tem a ver tanto com o que ele disse (conteúdo em si) e com o porquê ele disse (contexto literário). Além disso, a exegese está primariamente interessada com a intencionalidade: o que o autor intencionava que seus leitores originais entendessem. (Gordon Fee) Esta compreensão de exegese é chamada histórico-gramatical ou exegese histórica ou exegese própria. Ela está interessada no pano de fundo histórico, na intenção do autor original e no entendimento destas intenções pela primeira audiência. A filosofia hermenêutica para esta abordagem histórico-gramatical foi elaborada inicialmente pelo teólogo alemão Karl Keil, em 1788. Para ele, interpretar um autor significava apenas ensinar o que ele intencionou dizer em sua obra. Não interessava se o que ele afirmava era falso ou verdadeiro, em termos filosóficos, históricos ou teológicos. Como um historiador descreve um fato do passado, assim um exegeta deveria descrever as palavras de um autor em busca do que ele quis dizer. E este significado tinha apenas um sentido decorrente do uso das palavras e sentenças pelo autor, num entendimento o mais literal possível. Uma mudança recente ocorreu quando se concedeu um papel ativo ao exegeta ou ao intérprete do texto, como aquele que o julga ou critica, desde o seu ponto de vista, notadamente as informações e formações históricas que consegue amealhar a seu respeito. Denominada exegese histórico-crítica, ela é dividida em três subdisciplinas: 1 um conjunto de métodos que busca descrever a forma linguística do texto e suas estruturas subjacentes; 2 um conjunto de métodos que busca pelas circunstâncias que cercam a origem do texto e procura identificar seus destinatários originais; 3 um conjunto de métodos que investiga a recepção do texto ao longo de sua história até o presente. De acordo com W. G. Kümmel (1982): 1 o exegeta deve procurar aprender com o texto o que ele diz sobre as circunstâncias históricas no tempo de sua composição, seu autor, os leitores aos quais foi endereçado, o meio intelectual que o originou e a história externa e interna do Cristianismo primitivo; 2 o exegeta deve procurar descobrir o significado objetivo do texto, isto é, aprender dele o que ele diz sobre o assunto que é discutido, e o que quer dizer para o intérprete pessoalmente. Mais recentemente, ainda têm surgido novos modos de fazer a exegese de textos como reação aos conhecidos até então. Antes de simplesmente corrigir aqueles baseados na história e na crítica, eles rejeitam várias de suas pressuposições baseadas historicamente, e escolhem enfatizar outros critérios exegéticos. Estes métodos exegéticos não podem ser agrupados aleatoriamente, pois eles se originam em diferentes modelos como reação à exegese tradicional e, em outros, de outras disciplinas. Bem ao gosto do nosso tempo, existem formas alternativas ou substitutivas e interdisciplinares de exegese, também chamadas análises de textos, que incluem: - a análise do discurso, uma forma de exegese que depende muito das ideias da Linguística moderna; - a análise retórica e narratológica, com suas raízes baseadas historicamente, mas muito de sua prática atual se apoia em concepções da literatura moderna; - a análise literária, que permanece um campo amplo e diverso; - as análises ideológicas, que incluem a crítica da libertação e de gênero; - a análise sociocientífica, que retira sua sugestão diretamente do trabalho recente das ciências sociais; e - a análise canônica, que reflete diretamente interesses do cânon, não apenas em suas dimensões históricas, mas como um produto de certo tempo. PROBLEMAS HERMENÊUTICOS FUNDAMENTAIS
A leitura e o entendimento de um texto diferem em grau e
complexidade, dependendo se é uma carta pessoal, um jornal diário, um romance, uma obra clássica, um código jurídico ou a Bíblia. Isto acontece devido a três problemas principais, que veremos a seguir: 1- O PROBLEMA DA HISTÓRIA O significado de um texto inclui tanto o que ele significou no passado quanto o que ele significa no presente. A distinção na Linguística contemporânea coloca isso em termos de sincronia e diacronia. Quanto à primeira, o objetivo é descrever um texto com base em sua coerência, estrutura e função na sua forma final. Quanto à segunda, o objetivo é explicar os eventos e processos históricos que trouxeram o texto à existência. A descoberta do significado do texto que busca responder ao que o texto significa no presente normalmente se baseia em uma abordagem sincrônica ao texto: o que ele é. A busca que se interessa pelo que o texto significou no passado se apoia pesadamente sobre uma abordagem diacrônica do texto: como ele veio a ser o que é. Por que é difícil ligar essas duas condições de existência do texto? Primeiro, porque um texto antigo não foi escrito originalmente para nós, leitores modernos. Mas para audiências antigas. De certo modo, somos observadores intrusos de outra realidade que não vivenciamos. Segundo, porque os textos antigos, inclusive os manuscritos bíblicos, foram compostos em outra língua, no caso da Bíblia, em hebraico, aramaico e grego, em sua maioria, portanto, bem diferentes da língua portuguesa. Quem usa uma tradução desses manuscritos depende, de certa forma, de interpretação do(s) tradutor(es). Mesmo que conheça a língua, falta-lhe o acesso ao modo como elas eram faladas e usadas no tempo de registro do texto. Terceiro, porque há uma grande distância histórica e cultural entre os autores e a audiência de um texto antigo e os seus leitores atuais. Por um lado isso é bom, pois permite que o texto fale por si mesmo; por outro lado, ele pode deixar de ser relevante para nós, pois fala para o passado. Quando confrontados com muitas questões atuais, eles parecem nada ter a dizer. Forçar um sentido atual ao texto pode gerar muita ambiguidade e distorções em relação ao autor e à audiência original. Muitos exegetas, hoje, acreditam ser impossível a interpretação objetiva, pois seu significado se perdeu para sempre, e desnecessária, pois seu significado não faz o menor sentido hoje. Quarto, porque a inexistência dos documentos autógrafos, isto é, o texto originalmente escrito pelo autor, e a existência de milhares de cópias manuscritas, principalmente no caso do texto bíblico, e de inúmeras versões e edições ao longo do tempo, somam mais problemas à questão de qual texto é o mais adequado. 2 O PROBLEMA DAS PRESSUPOSIÇÕES
Hoje, se reconhece que a descoberta de um significado para um
texto é modelada pelas tradições que o exegeta possui e pelas quais aprendeu a ler o texto, inclusive o jurídico ou o bíblico, e pelo lugar, papel e peso que a discussão destas tradições representa à exegese. Isso tem a ver sobre como cada exegeta entende para si mesmo o status do texto: - orientação principal para a vida; - legitimação de uma forma de vida dele mesmo, de um grupo, de uma família, de uma comunidade, de uma igreja; - como parte das condições de mundo no qual se vive. Estas situações colocam a questão das pressuposições do exegeta. A exegese histórica, em geral, como é o pressuposto de toda ciência moderna de caráter positivista, afirma que pratica uma exegese objetiva, na qual o exegeta se coloca no contexto, ambiente e mundo dos autores e leitores antigos, vendo as coisas de sua perspectiva original e suprimindo qualquer opinião moderna que afete sua interpretação. Rudolf Bultmann questionou essa espécie de objetividade e neutralidade histórica quando escreveu seu ensaio: “É possível a interpretação sem pressuposições?” Para ele, a pressuposição é necessária e possível se isso significa não pressupor o resultado final da exegese. Por outro lado, ele afirma que: Nenhuma exegese é sem pressuposições, na medida em que o exegeta não é uma tábula rasa, mas, ao contrário, aborda o texto com questões específicas ou de um modo específico de levantar questões, e assim tem uma certa ideia do assunto com o qual o texto está lidando. Se existem pressuposições, o exegeta não pode ler o texto de modo neutro e objetivo, pois ele está determinado por sua própria individualidade, inclinações especiais, hábitos, virtudes e fraquezas. Ao ler o texto, ele deve formular um entendimento inicial, uma ideia inicial, um ponto de referência do que o texto está dizendo. Isto será verificado pelo próprio texto. Conforme Conzelmann e Lindemann: O exegeta deve perguntar pelas pressuposições que traz ao texto. Qual sua tradição ou background? Que perguntas ele espera que o texto responda? Por que ele se dedica a esse texto?... Não há exegese sem pressuposições. Cada interpretação é pelo menos influenciada pelo próprio ambiente histórico do exegeta. 3 O PROBLEMA DA TEOLOGIA No caso específico da exegese de textos bíblicos, talvez a questão mais controversa é sobre o lugar da Teologia, notadamente acerca do caráter descritivo (não confessional) ou prescritivo (confessional) da exegese. Para este segundo tipo, prescritivo, o texto bíblico é um texto sagrado, que implica em: ele registra as palavras de Deus; é a melhor apresentação da realidade; sua autoridade ultrapassa a de qualquer outro texto literário; ele tem um papel central em guiar a fé e a prática de indivíduos e comunidades. Para os exegetas que trabalham com esses pressupostos, a interpretação só pode ser feita desde dentro e para uma comunidade de fé, e ao resultado da exegese o indivíduo e a comunidade devem se submeter. O problema aqui é que os pressupostos doutrinários, de antemão, já determinem os resultados da exegese. Para o primeiro tipo de exegese, descritiva, o que importa é o lugar e papel histórico do texto bíblico na época de sua composição e na forma como se encontra escrito. Isso implica em: valorizar o significado passado do texto; tratar o texto bíblico como uma literatura antiga; em formas históricas mais radicais, reduzir referências sobrenaturais a uma determinada época histórica. Contudo, o texto bíblico não é apenas um registro das comunidades antigas, no sentido histórico, mas um registro moderno para comunidades atuais, no sentido teológico. A questão mais profunda da exegese do texto bíblico diz respeito ao papel do exegeta como proclamador do que o texto significou no passado, e do teólogo como proclamador do que o texto significa no presente. FRIEDRICH D. E. SCHLEIERMACHER- O PAI DA HEMERNÊUTICA MODERNA
Para Schleiermacher, considerado o pai da Hermenêutica
moderna, esta era “a arte da compreensão correta do discurso de um outro” (SCHLEIERMACHER, 1999, p. 15). Ele foi influenciado tanto pelo processo hermenêutico renascentista, de caráter filológico, quanto pela tradição exegética protestante, de caráter histórico. Em ambos persiste o ideal exegético de reconstituir o sentido original do texto acrescido das exigências de considerar as condições gerais nas quais ocorrem a interpretação e a justificativa do processo mesmo de interpretação. A novidade de Schleiermacher foi fundamentar o processo hermenêutico em um conceito geral de compreensão. Para que a compreensão ocorra é preciso observar: 1 A inseparabilidade entre sujeito e objeto. 2 O condicionamento de todo discurso humano a um horizonte linguístico específico que determina o resultado da compreensão. 3 A circularidade entre o todo e o particular que gera a dedução como método científico. 4 A referência a um ponto de vista, ou pré-compreensão que prioriza a pergunta sobre a resposta. Segundo o processo hermenêutico de Schleiermacher (1999, p. 16), a compreensão é “uma reconstrução histórica e divinatória dos fatores objetivos e subjetivos de um discurso falado ou escrito”. Trata-se de um esforço consciente e metódico de justificar racionalmente o processo de interpretação. Devido ao distanciamento do intérprete em relação ao autor, duas operações acontecem: a pré- compreensão do intérprete e a diferença entre intérprete e autor. A compreensão implica dominar a pré-compreensão e superar a diferença. Esta superação é feita por meio da recuperação objetiva (sintático semântica) da linguagem empregada por uma comunidade falante da qual o autor faz parte e, especificamente, como o autor usa essa linguagem - recuperação subjetiva ou psicológica. Contudo, toda compreensão é provisória e o distanciamento/estranhamento nunca se esgota, pois envolve circularidades que se sobrepõem infinitamente. Há duas maneiras de eliminar, gradativamente, a distância: o método divinatório/adivinhatório (o que o intérprete entende que o autor quis dizer ou pensou em uma passagem) e o comparativo (a pré-compreensão do intérprete). Para Schleiermacher (1999), portanto, compreender uma obra antiga era chegar até a mente ou ao gênio criativo do seu autor. Para isto, era necessário conhecer os estímulos que o ambiente ou contexto deste autor lhe ofereceu para que ele produzisse a sua obra. Se o trabalho fosse bem feito, seria possível ao intérprete compreender o que o autor quis dizer, melhor do que este mesmo o teria feito. Na medida em que o intérprete se identificava com o contexto do autor, tudo iria muito bem. Mas, no momento em que ele estranhasse alguma coisa naquele ambiente, ocorria a necessidade da interpretação. Essa estranheza era o resultado da distância entre o contexto do intérprete e o contexto do autor. Nessas circunstâncias, o significado não se tratava mais de reproduzir o pensamento do autor, mas de chegar a possibilidades do seu pensamento que nem mesmo o autor teria sido capaz de imaginar, sob o estímulo do contexto do próprio intérprete. Nesse tópico você viu que: ● A Hermenêutica parte da constatação de que é preciso superar a distância cultural e/ou cronológica que prejudica a compreensão dos textos antigos, pretendendo determinar o seu significado e demonstrar sua pertinência na atualidade. ● Os termos interpretação, hermenêutica e exegese se relacionam do geral para o específico, sendo interpretação o mais amplo, pois abrange qualquer comunicação que seja objeto de interpretação, e hermenêutica e exegese possuem seu objeto restrito ao texto escrito. ● A dificuldade de interpretação de textos escritos acontece devido a três problemas principais: a distância histórica, as pressuposições e, no caso da exegese bíblica, a teologia. ● Schleiermacher é considerado o pai da Hermenêutica moderna, pois ele apontou o seu objeto para todo aspecto da realidade humana, e o seu método para a compreensão do pensamento do autor a partir de uma relação simpática com ele. A leitura foi ampla e, em alguns momentos, você pode ter percebido escapar alguma coisa. É muito importante que você guarde o que foi estudado neste tópico, pois será indispensável em uma retomada posterior do seu conteúdo. 1 O início da Hermenêutica como ciência da interpretação nasceu no século XVII, com a finalidade de: ( ) fazer a exegese de textos escritos em línguas antigas. ( ) interpretar o significado simbólico de antigos documentos religiosos. ( ) superar a dificuldade de compreensão de antigos textos, evidenciando a sua importância para a atualidade. ( ) completar o sentido de textos obscuros. 2 Dentre os principais problemas que justificam a necessidade da Hermenêutica, pode-se citar: ( ) as pressuposições, a história e a teologia, no caso específico do texto bíblico. ( ) a teologia, as pressuposições e a história, no caso próprio do texto bíblico. ( ) as pressuposições e a história. 3 O pai da Hermenêutica moderna é F. D. Schleiermacher. Sua importante contribuição foi: ( ) fundamentar o processo hermenêutico em um conceito geral de compreensão. ( ) afirmar o vínculo inseparável entre o autor e o texto que é interpretado. ( ) introduzir o sistema quádruplo no ato de compreensão. Referências AUSTIN, John L. Quando dizer é fazer. Rio de Janeiro: Artes Médicas, 1990. BARTHES, Roland. A aventura semiológica. São Paulo: Martins Fontes, 2001. BLEICHER, Josef. Hermenêutica contemporânea. Rio de Janeiro: Edições 70, 1980. BULTMANN, Rudolf. Crer e compreender. São Leopoldo: Sinodal, 2001. CAHOONE, Lawrence E. From Modernism to Postmodernism: An Anthology.Oxford: Blackwell, 1996. CANDIDO, Antonio. Literatura e sociedade. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2010. CORETH, Emerich. Questões fundamentais de hermenêutica. São Paulo: USP, 1973.CRITICAL HERMENEUTICS. In: LEWIS-BECK, Michael S. (Eds.) The Sage Encyclopedia Of Social Sciences Research Methods. California: SAGE, 2004. DENZIM, Norman K; LINCOLN, Yvona S. 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