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2) Interpretação Religiosa:
Contexto da religião grega - nos primeiros anos da era cristã (313, Constantino,
381 Teodósino religião oficial), surge um corpo técnico de interpretes que
deveriam esclarecer os textos religiosos e alcançar a mensagem do sagrado, surge
no judaísmo - Tradição judaico-cristã. Essa tradição chega ao cristianismo.
Primeira escola teórica do Cristianismo: Patrística: conciliação entre
conhecimento (filosofia grega) e fé (tradição religiosa-cristã que se apoia em
textos) – desenvolvido pelos Padres. Só foi possível em virtude do trabalho do
Alexandre, promoveu o helenismo (junção de conhecimentos do ocidente com o
oriente), as primeiras teses de conciliação entre razão e fé aparecem.
Fílon de Alexandria: primeiro a desenvolver uma técnica de interpretação dos
textos bíblicos: alegorese: a interpretação alegórica, o ponto de partida de
compreensão da mensagem sagrada é através do texto da bíblia, a interpretação
literal, porém, deve se conjuga-la com a alegorese, a mensagem escondida nas
palavras, enxergar para além do texto.
Orígenes: a tipologia – conciliar antigo e novo testamento, ler uma parte da
bíblia mais difícil através da chave: Cristo vai voltar. Resgaste a parusia: Para
Platão, mostração sensível da ideia, para o Cristianismo: A volta do Cristo.
Santo Agostinho: Da Doutrina Trinitária: intellige ut credas, crede et intelligas:
entender para crer, crer para entender. Se precisa da fé para que a interpretação
alegórica aparece. Essa interpretação era só alcançada por meio do corpo de
iniciados, só os membros do clero teriam essa condição de argumentar a fé com a
razão. Surge o monopólio de interpretação das escrituras por parte da igreja.
Santo Agostinho reúne a tradição de interpretação bíblica que se dá antes dele,
interpretação no texto “Da doutrina alfinetaria
Para Lutero, o texto é sui ipsus interpres; o texto é interpretado por ele mesmo,
não é necessário nenhum tipo de artificio como alegoria, tipologia, porém, é
necessário a fé, a iluminação e a necessidade da graça da fé para ter acesso a
mensagem da salvação, porém, a graça é acessível individualmente. Requisição
entre contextus e scopus: a situação linguística permite ver a finalidade total da
interpretação.
a) Hermenêutica Clássico-Historicista;
O cientista da história é aquele que vai se debruçar sobre esse objeto através de um
método que vai lhe garantir a sua neutralidade, sua função é descrever esse fato
histórico procurando apresentar os motivos de sua constituição. A historiografia
trabalha com uma categoria típica das ciências naturais, a categoria da explicação
causal. Fazer história é recompor os nexos que explicam o modo pelo qual aquele
fato histórico aconteceu. Explicar o objeto significa toma-lo no espaço e no tempo e
apresentar a motivação da sua presença. Com Droysen temos o desenvolvimento pela
primeira vez de uma Ciência da história.
- Fundo histórico da vida: a noção de época; Dilthey diz que tudo que se dá no
interior de uma época é uma expressão vital histórica dessa época. Época então
significa esse contexto histórico que vai permitir a articulação do nexo vital, o espaço
de constituição da vida, vida necessariamente se desenrola no interior de uma época,
diz que somos finitos porque respondemos a solicitação de uma época. Expressão
espirito objetivo: tudo que se dá no interior de uma época é uma expressão histórica
dessa época.
- As expressões objetivas no interior de uma época: as vivências, os modos de ser,
são imediatamente articulações de uma época e o espírito objetivo; Tudo é expressão
vivencial de uma época. A lei responde a solicitação de um todo.
Dilthey diz que a ciência é ingênua a partir do momento que não percebe a sua
fundamentação histórica, pois o cientista acha que estuda um objeto a partir de sua
vocação, mas aquilo é uma articulação do contexto vital (faz sentido naquele
momento estudar aquilo), as ciências retiram o fenômeno de seu contexto vital.
Como reconstruir esse contexto vital: Estudar cada expressão vital para assim
recompor o nexo histórico. O que é impossível, como analisar cada expressão? Não
há como reconstruir o mundo a partir dele. Algumas expressões porem conseguem
dar voz com mais clareza ao tempo em que se movimenta, uma expressão
reverberante: a poesia. Porém, a biografia é o melhor método pois é importante o
contexto vital em que o retratado se movimenta. A partir do perfil do biografado se
consegue ver a época histórica. Ainda diz que o melhor método é a descrição da
psicologia interior, se se descreve a vida psíquica do interior o que se encontra é
história: Texto chamado “ideias sobre uma psicologia descritiva e analítica”:
Descrever o interior me permite ver o exterior.
Heidegger diz que Dilthey estava à beira de perceber que não existe
interior, se reporte ao exterior, se reporta a filosofia da consciência, para
Heidegger, o interior é o reflexo do exterior, o psíquico interior é uma
articulação da história, um reflexo do exterior e não causa do exterior, não
se deve valorizar o interior em sua interioridade, por isso sua metodologia
não prossegue.
Problema fundamental: relativismo histórico, não se pode voltar a época
antiga, o que é corrigido pela fenomenologia por meio da fusão de
horizontes. A congenalidade não entra pois o passado é a expressão de
uma outra época.
Husserl diz que essas duas posturas hipostáticas são problemáticas porque sempre
pensam polos reduzidos da realidade.
- Caminho filosófico:
a) epoché: abstenção de julgar, do juízo (a coisa) – problema da existência
externa do mundo natural; o ponto da partida deve ser a contestação da tese da
existência natural, problema da existência do mundo exterior, pressupomos que
as coisas das quais lidamos diariamente existem e são tal como as encontramos.
Desde os Gregos a existência do mundo exterior não é passível de contestação.
Não posso dizer que o mundo exterior é tal como eu vejo
b) redução [recondução] fenomenológica; deixo de lado, suspendo o mundo
exterior e passo a examinar a dinâmica da consciência. Reconduzir a minha
investigação a dinâmica interna da consciência, quando se faz essa analise
sempre se percebe que a consciência acontece nessa relação de fluxo entre atos e
correlatos, quando se analisa cada um desses correlatos, se percebe que a
compreensão nunca é plena (de uma vez só), o que Husserl chama de zona de
penumbra. É necessário que se perceba os distintos modos de aparição desse
objeto para conseguir aquilo que não varia em meio as distintas variações.
Há distintos modos do modo ser se apresentar, mas o ser nele mesmo não se confunde
com cada um desses entes, o ser não é cristalino, não é 3 lados, não é aqui, não é bom.
O Heidegger quer pensar o que é o ser então para além dos distintos modos de
entificação? Ser e ente são coisas distintas. A pergunta da metafisica tradicional é “o
que é o ser enquanto ser?” Heidegger quer pensar o que é o ser pensado para além das
distintas respostas, para além dos distintos modelos históricos de metafisicas a respeito
da questão do ser, o que é o ser enquanto tal no interior da sedimentação da história da
metafisica?
- Ser e tempo (1927); deveria ser “Ser é tempo”, pois a tradição filosófica ocidental
pressupõe que o ser deve ser presença, estabilidade, imutabilidade. A causa final orienta
o movimento, para se orientar o movimento o fim não deve se alterar, se faz necessário
uma estabilidade para orientar o processo de movimento, permanência na mudança. O
transcendental no Kant, o espirito no Hegel. Obra em que Heidegger vai desenvolver a
chamada hermenêutica da fatidicidade, a hermenêutica do Ser-Aí.
- Ser e tempo: Para a tradição filosófica ser é estabilidade e não pode se corromper pelo
movimento, Heidegger quer mostrar que o ser não é presença e estabilidade, mas
diferença temporal, por isso é fundamental se perceber que ser e ente são coisas
distintas, o que vai chamar de diferença ontológica. Todo o projeto filosófico
Heideggeriano é perceber a formação do fundamento histórico das distintas formas de
metafisica, contudo esse fundamento é temporal, o ser é temporal, e essa temporalidade
do ser não atenta quanto ser ele mesmo.
Heidegger quer mostrar como as ciências pautaram o modo como se pensa o ser. As
ciências posicionam um objeto no espaço e no tempo, requerem a estabilidade desse
objeto para descrever o modo através do qual esses objetos se tornam o que eles são,
quais são as características, as causas, os fundamentos da aparição daquilo que aparece,
logo para a ciência o ser precisa ser estabilidade no interior de um processo racional de
conhecimento. Heidegger quer mostrar como esse modo através do qual as ciências
lidam com os entes dificultam a percepção do ser. Esse modo precisa ser revisto para se
perceber que essas metafisicas, essas teses cientificas são datadas, são históricas e não
atacam de forma radical os seus próprios fundamentos. A ontologia deve atacar e
questionar o fundamento do qual se movimenta as ciências e as teses metafisicas em
geral.
a importância da ontologia fundamental; Para que essa ontologia global possa ser
conduzida é necessário que se conduza a ontologia fundamental: antes de se indagar
sobre o que é o ser em geral para além das distintas metafisicas, deve se perceber o
modo como se dá, como acontece, qual é o ser desse ente que questiona a respeito do
ser em geral, qual é o modo de ser desse ente que coloca a questão do ser? Heidegger
parte da análise daquilo que vai chamar de Ser-Aí (o homem) para que consiga
desenvolver a ontologia. A ontologia fundamental é então a descrição do modo de ser
do homem porque é justamente o homem que se coloca a questão a respeito do ser em
geral. Ontologia fundamental é uma analítica da existência do Ser-Aí ao mesmo tempo
em que se realiza uma hermenêutica da facticidade – como o ser ai é ao mesmo tempo
ser no mundo.
Heidegger diz que qualquer questão filosófica para que seja bem conduzida deve estar
atenta a “situação hermenêutica”, os conceitos filosóficos se formam, a partir desse
momento, o processo no interior do qual eles despontam fica pra trás. Mas essa vida do
conceito é fundamental para que eu entenda o conceito como conceito. Porque nós nos
movimentamos no interior desse processo histórico, e esse processo histórico orienta a
nossa visão acerca das coisas. Nós sempre nos movimentamos numa situação
hermenêutica, e essa situação hermenêutica é fundamental para que eu entenda o autor
em questão (Guimaraes rosa). Não basta fazer a pergunta: O que é o ser enquanto ser?
Se deve analisar a própria estrutura desse ente que pergunta a respeito do ser: Analitica
existencial
- §9: Analítica existencial – o ser-aí; por que ser-aí; ser-aí como a priori performático
(existencial, uma performance, um movimento), e não como categoria ou conceito (de
homem); Como de pronto e imediato esse ente que se pergunta a respeito do ser
acontece? Como ele se dá? Qual a gênesis?
- Falar que o Ser-Aí é um ente negativo significa dizer que não temos essência,
precisamos existir para sermos, nós somos projetos, possibilidade, nos precisamos
existir para concretizarmos essa finitude originária, essa abertura. Dizer que o Ser-Aí é
um ente negativo significa dizer que cada modo existencial nos concretiza, tudo o que
nós fazemos no interior do dia a dia nos concretiza enquanto projeto existencial porque
eu não sou de partida absolutamente nada. Cada um dos modos de ser do Ser-Aí na
dinâmica cotidiana o constitui enquanto tal, o seu ser sempre está em questão em cada
um dos seus atos, de suas performances, porque ele não é efetivamente nada para além
dessa dinâmica de realização. Dizer que o Ser-Aí é finito significa dizer que ele existe
na forma do cuidado (a determinação do ente na relação), cada um dos meus modos de
ser me constitui porque eu sou cuidado, o ser-aí sempre vai se constituir na relação, é
sempre um modo de ser.
- Nenhum desses modos de ser é definitivo. O que você é? Uma estudante de direito.
Isso é um modo de ser, ocupações, cada definição nos constitui porquê de pronta e de
saída não somos nenhumas delas (porque não temos essência), nos ocupamos com essas
coisas. O corpo como definição atômica é também uma ocupação, é um modo cientifico
de lidar com as coisas.
- Ser um ente negativo significa antes de tudo ser eternamente projeto aberto,
possibilidade. Só o ser aí pode se perguntar a respeito do ser em geral. Esse ente nunca
é, ele sempre está sendo.
- Aquilo que eu faço concretiza aquilo que eu sou porquê de pronto e imediato eu não
sou absolutamente nada.
- Ser-aí significa de imediato ser um ser ser-no-mundo: O ser-aí por não ter estrutura,
precisa do mundo para ser.
- Dizer que o Ser-Aí é um Ser-no-mundo implica: 01) dizer que o Ser-Aí é marcado por
compreensão; 02) disposição e 03) discurso;
- 01) Compreensão: significa a abertura da existência ao mundo, estar diante da
facticidade do mundo; mundo: totalidade de campos de sentidos histórico-sedimentos,
que mobilizam significados de cada uma de nossas ações mundanas; consequência do
ser-jogado;
Ex.: Faz sentido eu fazer direito. Fazer direito é a interpretação. A interpretação não
precisa de método, eu imediatamente existo compreendendo e interpretando.
Dilthey procura desenvolver o nexo que aproxima vivencias e todos da vida, o que é
impossível de passar por todas as expressões de uma época. O Heidegger acredita que
para se ver a mundaneidade do mundo (como conjunto da capa de sentidos), eu tenho
que tomar os entes intramundanos a partir dos seus modos de ser. – três modos:
O utensílio (sempre aponta para uma rede referencial mais ampla em relação a ele)
deixa ver o mundo – o martelo e o martelar, a caneta e a escrita, o microfone e o falar, a
cadeira e o sentar (Ser e tempo), o sapato e o mundo do camponês (A Origem da obra
de arte); utensílio sempre aponta para a ideia de totalidade utensiliar; sedimentação dos
campos de uso;
Esses entes intramundanos sempre me permite ver uma relação entre sentidos e
significados. Compreender significa se colocar diante de campos de sentido, quando se
muda os campos de sentido, se muda os significados.
O ser ai por ser ser no mundo existe de forma decaída, existe de forma impessoal;
porque ele sempre se movimenta no interior do falatório (articulação discursiva da
linguagem), da curiosidade pelo novo (salta de um fenômeno intramundano para outro,
feed instagram) e da ambiguidade (consequência dos dois anteriores, o ser-aí acha que
tem conhecimento mas não o tem, está simplesmente mobilizando o mundo) o mundo e
a sedução da quididade; a decadência como fuga de si;
- §40: Se dá quando se abate a angústia (campos de sentido não atuam mais e trazem de
forma escancarada a sua negatividade) e a confrontação com a negatividade estrutural;
O gosto: gosto se discute sim porque o gosto se pauta através de critérios que são
forjados e transmitidos historicamente. (ideia do Husserl - síntese passiva: a lógica
acredita que o juízo se articula com elementos universais, o universal se forma a partir
de um juízo. Husserl vai dizer que o juízo logico se movimenta numa estrutura
prejudicativa – elemento intencional que orientou a articulação do juízo, ao exemplo da
data) Gadamer resgata essa tese com o gosto, esse gosto é fornecido pela tradição, não
significa algo essencialmente particular.
A retorica: Retorica sempre foi pensada de forma pejorativa, sobretudo pelo papel dos
sofistas: arte de dobrar o outro. No Platão e no Aristóteles, retorica significa
acompanhar o nexo de verossimilhança: aproximação com o universal, com o
verdadeiro, ligado a capacidade que as palavras tem de alguma forma se remeterem as
coisas em questão (ideia de logos thynos do platão). Retorica é a habilidade que não se
ensina metodologicamente de escolher a melhor palavra para se transmitir a coisa em
questão, a repetição da pratica discursiva do orador que vai permitir que ele aos poucos
vai formando a sua habilidade de escolher as melhores palavras de traduzir o que ele
quer traduzir.
Vimos que é possível fazer uma ciência da física hermenêutica, uma filosofia do direito
hermenêutica, uma ética hermenêutica, uma matemática hermenêutica se na medida em
que são questionados os objetos específicos de cada um desses setores científicos, se
atenta justamente para esse horizonte temático de colocação de questões, o filosofo é
aquele que não somente acompanha o modo a partir do qual as ciências questionam o
seu objeto de estudo como também consegue lançar a atenção a essa estrutura histórica
que permite que em seu interior questões cientificas se apresentem. – Retoma o projeto
de Dilthey de fazer presente essa rearticulação entre vivencias no todo da vida do
espírito agora corrigido pelo aspecto fenomenológico.
- Maximiliano diz que interpretar é fixar o sentido mas também delimitar o seu
alcance -> precisar as situações fáticas que vão receber a incidência do sentido
interpretado. Quais fatos terão condições de receber aquele sentido? Análise
conjunta de fattispecie normativa e situação fática concreta que pode ser inserida
nesse gênero da fattispecie.
- A Integração jurídica
- A integração é o desenvolvimento de uma técnica que permite resolver o problema das
lacunas jurídicas -> colmatar lacunas -> preencher o vazio jurídico que se nota diante
das lacunas.
- Art. 4º LINDB: Diante da ausência de lei o interprete deve recorrer a analogia, aos
costumes e aos princípios gerais do direito. -> fontes de apoio do direito. (Princípio da
proibição do non liqued – o interprete diante da carências de fontes imediatas não pode
deixar de decidir, para isso existem as técnicas de interpretação -> previsão de
mecanismos que auxiliarão o interprete de modo que ele promova a aplicação do
Direito.
- A Aplicação do Direito
Toda aplicação é um ato de decisão. A decisão é um ato de vontade, um “eu quero” do
aplicador, que não é subjetiva por força do art. 83, IX da CFRB, toda decisão jurídica
deve ser motivada. Chamada pela Doutrina de “ ato de vontade racional “. Fundamentar
significa apresentar as razões de decisão -> os motivos que o levaram a decidir daquela
forma e não de outra -> quais etapas e caminhos percorreu para chegar aquele
resultado? – É isso que se chama de método.
A teoria de interpretação ocupa um lugar de destaque na hermenêutica jurídica, há uma
distinção dos tipos de interpretação desenvolvida pelo civilista Italiano Betti, tem o
dialogo muito profícuo com o Gadamer
- Emilio Betti e os distintos tipos de interpretação:
o Cognitiva: aquela que se dedica a entender o sentido em questão, a
alcançar a mensagem das fontes, a entender o conteúdo do discurso
o Recognitiva: antes de tudo desenvolve um esforço cognitivo, procura
entender, só que a sua missão vai além, ela procura entender o texto para
reproduzi-lo. Ex.: ator no teatro, professor no teatro.
o Aplicativa: A hermenêutica jurídica tem por missão aplicar aquele
conteúdo a situações concretas. (Está presente na interpretação teológica)
02) A Hermenêutica Jurídica Clássica
- Noção fundamental e contexto do surgimento da expressão;
- É uma expressão que se tornou popular sobretudo no séc. XX, para se referir a
hermenêutica jurídica nascida a partir de Savigny – pai da hermenêutica jurídica:
Conseguiu conciliar as teses do Schleiermacher com o conteúdo do direito Romano.
- Nasce no interior do direito privado, é contemporânea ao aparecimento dos grandes
códigos, se desenvolve na França paralelamente a Escola da Exegese Francesa – se
dedica a dar aplicação ao código de napoleão, mas é de forma mais restrita.
- A partir da segunda metade do séc. XX quando a Constituição e sobretudo o Direito
Público passam a ser objeto de destaque na reflexão da teoria do Direito, toda a
investigação da Hermenêutica Jurídica no interior do Direito privado passa a receber
uma nova terminologia, passa a se falar na Hermenêutica Jurídica Clássica (de Savigny,
privado) e a Hermenêutica Jurídica Contemporânea, aquela que se dedicaria a
interpretação da Constituição. O método não poderia ser o mesmo pois as regras são
distintas.
- Alguns autores ainda (Virgílio Afonso da Silva) dirão que não há diferença nenhuma
entre os dois métodos.
- A Hermenêutica Constitucional mais tarde vai procurar abolir a ideia de método, acaba
por recepcionar as teses de Gadamer.
- Franlois Geny; autor que escreve na transição do séc. XIX para o séc. XX – texto de
1925 – fontes do direito e interpretação das leis, onde usa a expressão “técnica jurídica
de interpretação e de aplicação do direito” para se referir a hermenêutica jurídica
clássica.
- Professor Alípio Silveira e Professor Glauco Barreira (mostram cada um dos métodos)
- Origo legis: história do próprio instituto, como se originou no direito romano, como
foi caracterizado no mundo medieval, como se desenvolveu no ius commune, como foi
recuperado pelo código civil francês
AULA 13
- A Constituição, a partir da Revolução Francesa passa a ser texto jurídico, com o fim da
segunda-guerra esse diploma jurídico passa a chamar pra si a função de dirigir a
sociedade ao desenvolvimento pleno da dignidade humana, rumo a realização de todos
os valores jurídicos fundamentais -> erradicação da pobreza, fraternidade, realização de
todos os serviços públicos, solidariedade -> em consonância com a Declaração da ONU.
- É nesse contexto que aparece o Pós Positivismo, a corrente predominante pré segunda-
guerra era o positivismo jurídico, com isso se percebeu que o positivismo jurídico ao
adotar uma posição neutra, ao direcionar o seu esforço intelectual tão somente no papel
de descrição das normas jurídicas sem alguma participação valorativa, se visualiza que
esse papel foi fundamental para que as atividades da guerra acontecessem.
- Essa lei não teve toda a legitimidade que uma assembleia constituinte requereria teve a
necessidade de ser corrigida em termos morais sobretudo pelos tribunais, direito volta a
chamar atenção para a necessidade de correção moral e ética das normas jurídicas para
que as aspirações da sociedade pós-guerra pudesse se organizar.
Pós- Positivismo é a corrente de pensamento no interior das teorias do Direito que surge
sobretudo nos anos 50 do séc. XX que tem por finalidade reconciliar Direito e Ética,
Direito e valores, é nessa década que aparece a Escola “Jurisprudência dos valores”, que
tem por missão através da argumentação jurídica inserir os valores éticos no interior do
direito. Alexy chama isso de “correção moral do direito”, permitir que as normas
jurídicas sejam contaminadas por toda a eticidade fundamental para que a humanidade
não mais erre em termos de falhas com o próximo. Ética como valor fundamental no
interior do direito.
Policies: são aquelas que tem por finalidade estabelecer o propósito do estado, a
finalidade básica essencial do estado: erradicar a pobreza, promover a dignidade
humana. São projetos, tem aplicação a longo prazo.
Principio e regra: Tem o conteúdo normativo mais imediato, podem ser levados ao
tribunal para que ele de uma aplicação forçada em caso de seu desrespeito.
- Robert Alexy: Teoria dos direitos fundamentais – distinção a partir de duas teses –
tese fraca e tese forte.
- Tese fraca: diferença de nível de abstração; Tese forte: modos distintos de aplicação;
Tese fraca vem sendo desenvolvida desde o positivismo jurídico clássico, a diferença se
dava pelo fato de que a norma princípio é mais ampla e abstrata e a norma-regra é mais
concreta em termos de fattispecie normativa, não consegue se delimitar com clareza
qual a conduta positivada. – Tem dificuldade de delineamento prático, logo, não serve
para apresentar com clareza as diferenças.
- Tese forte: regras se aplicam nos easy cases – ou tudo, ou nada, via subsunção; em
caso de conflito entre regras, aplicam-se as cláusulas de exceção;
Tese forte se faz necessária, é aquela responsável por diferenciar norma-regra e norma-
principio através dos seus modos de aplicação.
As regras se aplicam nos casos dos casos fáceis, ou elas são aplicadas, ou não são
aplicadas através da subsunção, se observa se aquela situação fática configura um caso
da hipótese de incidência, se sim, a consequência jurídica da hipótese de incidência
obrigatoriamente se aplica aquele fato, se não, não se aplica.
É a partir das características dos fatos que o aplicador chega a uma argumentação
jurídica mais adequada para resolver aquela colisão, logo, não há uma resposta prévia
correta.
- Dworkin: a decisão jurídica se estabelece a partir da busca, por parte do juiz Hércules,
da, da integridade e da coerência; decidir: construção da tese do romance em cadeia –
retira do Harold Brun – o seu texto individual dialoga com o conjunto de autores que
escreveram antes de você;
Para Dworkin, há sempre uma resposta correta no interior do direito, logo, a decisão
jurídica deve buscar essa resposta correta que já existe de antemão, essa aplicação deve
se orientar pela atividade do juiz Hercules, aquele juiz que tem capacidade sobrehumana
de identificar a resposta correta no interior do ordenamento jurídico, através da análise
da cadeia de decisões que é desenvolvida no meio do tribunal. Buscar a integridade e a
coerência significa que a solução proferida pelo magistrado é uma decisão que não pode
ser isolada em relação ao conjunto de decisões do tribunal, o magistrado deve respeitar
a cadeia de decisões anteriores proferidas pelo tribunal nos casos parecidos, a decisão
coerente dialoga com a história institucional dos tribunais – tribunais em casos
complicados sempre tem um padrão de decisão.
art. 426-428 CPC – determinação de que a decisão judicial deve dialogar com a história
institucional do tribunal. – influência do Lenio Streck
Lenio diz que no interior do direito brasileiro há uma mixagem metodológica, não há
mais a aplicação da metodologia do direito privado, há a necessidade de se desenvolver
teorias da decisão judicial em que as respostas se constroem a partir de padrões
argumentativos em sentido amplo – Modelo do Alexy e do Dworkin são os mais
utilizados, porém, os aplicadores não percebem que eles são distintos.