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TRANSFORMAÇÃO
GAIO, Isabel Silva1 - UEL
Resumo:
1
Graduanda do Curso de Pedagogia da Universidade Estadual de Londrina, aluna bolsista do Cnpq. email:
bel_gaio@hotmail.com
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Graduanda do Curso de Pedagogia da Universidade Estadual de Londrina. email:
jessicapreti2006@hotmail.com
3
Graduanda do Curso de Pedagogia da Universidade Estadual de Londrina. email:
elainevieira697@hotmail.com
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Graduanda do Curso de Pedagogia da Universidade Estadual de Londrina. email: livia.zuccoli@hotmail.com
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Introdução
O Sentido da Educação
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Saviani (1992) define trabalho de duas maneiras: o “trabalho material” e o “trabalho não-material”. No
“trabalho material” o produto se distancia do produtor, como em livros e trabalhos artísticos. Este tipo de
trabalho está a matéria, ao físico, sendo necessário antes a representação da ideia para depois torná-la real. Já no
“trabalho não-material” o produto e o produtor caminham juntos, como por exemplo a aula, ela é produzida pelo
professor e consumida pelo aluno ao mesmo tempo.
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[...] o homem é inteiramente novo, a cada momento e a cada dia, o ser humano é um
ser artificial, construído, é uma invenção humana, ele foi criado por ele mesmo
quando transformava o seu meio, por isso, o homem de um século atrás não é o
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mesmo de hoje. Ele se constrói e se diferencia. (PARO, 1996 )
Paro7 nos mostra que o homem se constitui enquanto homem, pois este se refaz a cada
novo momento através da intervenção no meio em que vive, produzindo o mundo
humanizado e promovendo sua existência. O autor ainda afirma que o homem “[...] não se
contenta com o como ele nasceu, ele ultrapassa isso. Ele tem valores do que quer e aí
estabelece objetivos do que quer alcançar, e passa a se construir como ser humano.”8
Não é necessário que o homem reinvente tudo a cada geração, pois ele consegue
passar para as novas gerações todos os conhecimentos e saberes, assim produz-se o mundo
humano – a cultura. Essa é a responsabilidade da educação segundo Paro (1996), propiciar o
acesso aos saberes produzidos historicamente.
Sendo assim, a educação é um ato de produção. Só pode ser reconhecida como ato
intencional pertinente a seres humanos. Para Saviani (1992, p. 12). “[...] a educação é um
fenômeno próprio dos seres humanos significa que ela é, ao mesmo tempo, uma exigência do
e para o processo de trabalho, bem como é, ela própria, um processo de trabalho.”
A educação é um processo de trabalho, que produz a criação e/ou produz a
permanência, bem como a transformação da cultura humana.
Saviani9 afirma que “a escola é uma instituição cujo papel consiste na organização do
saber sistematizado”, ou seja, ela deve se ocupar com o ensino ordenado, metódico e com o
conteúdo científico. A escola existe para transmitir, não o senso comum, e sim o
conhecimento científico.
No entanto, o quadro que se observa sobre a escola está distante do alcance do seu
papel, Paro10 relata que a escola não tem sido o local onde se ensina a navegar, os alunos não
são sujeitos da sua própria educação, mas um lugar em que o conhecimento tem sido
depositado neles. Nota-se que a própria escola não sabe quais são seus objetivos, pois tem se
preocupado em fazer com que os alunos passem no vestibular, sem dar tanta importância à
6
Palestra ministrada em Curitiba aos professores da rede estadual do Paraná em 1996, a convite do sindicato de
professores, sobre o Papel do administrador na escola pública.
7
Ibid
8
Ibid
9
Ibid
10
Ibid
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A necessária promoção da ingenuidade à criticidade não pode ou não deve ser feita a
distância de uma rigorosa formação ética ao lado sempre da estética. Decência e
boniteza de mãos dadas [...] Mulheres e homens, seres histórico-sociais, nos
tornamos capazes de comparar, de valorar, de intervir, de escolher, de decidir, de
romper, por tudo isso nos fizemos seres éticos. Só somos porque estamos sendo.
Estar sendo é a condição, entre nós, para ser (FREIRE,1996, p.32).
Freire nos mostra que é impossível pensar os seres humanos longe da ética, pior ainda
fora dela, considerando que estar longe ou fora desta entre nós, homens e mulheres, seria uma
violação, tendo em vista que a experiência educativa deve ter seu caráter formador.
A especificidade da educação está na ação política de escolhas. Escolha de elementos
culturais como: valores, conceitos, hábitos e atitudes que tenham como finalidade a educação.
Estes elementos culturais só são considerados objetos da educação a partir do momento que o
homem encontrar a necessidade de assimilá-los. Tal necessidade é atendida no processo de
escolarização em que se requer um processo de intervenção profissional. Para tanto o
planejamento se faz imprescindível, considerando que o mesmo exige pelo registro, marcação
de organização e tempos sobre o percurso a ser realizado, propiciando a clareza das intenções
aos sujeitos partícipes do processo de educação.
A escola, como instituição social, precisa cumprir seu papel social de humanização e
emancipação, no qual o aluno possa crescer como pessoa e como cidadão, onde o professor
possa repensar sua prática, refletir sobre ela, e buscar novas alternativas. Para isso, o
planejamento cumpre o papel de instrumentalização de uma ação intencional.
Planejar é uma atividade que faz parte do ser humano, muito mais inclusive do que
imaginamos à primeira vista. Nas coisas mínimas do dia-a-dia, como tomar um
banho ou dar um telefonema, estão presentes atos de planejamento.”
(VASCONCELLOS, 2000, p. 14)
pois está em pauta a formação do ser humano, porém é muito comum o professor considera-lo
como mais uma burocracia. Há uma cobrança sobre os professores para a entrega dos planos,
mas quando a entrega é feita o plano é esquecido, ou engavetado, causando, com isso, certa
resistência por parte dos professores, gerando uma descrença no planejamento.
Planejar remete a: querer mudar algo; acreditar na possibilidade de mudança da
realidade; perceber a necessidade da mediação teórico-metodológica; vislumbrar a
possibilidade de realizar aquela determinada ação. Para a realização de uma mudança é
necessário que o educador veja o planejamento como necessário e possível.
A necessidade de mudança é um fator decisivo para a significação do planejamento.
Se não há algo que precisa ser modificado, transformado, aperfeiçoado na prática escolar,
então não há necessidade de projeto. “A ausência de falta, a inapetência (física e/ou
intelectual), a ausência de desejo é sinal de estagnação, e, portanto, de morte.” ( p. 36)12.
Projetar é uma questão desafiadora, pois é para o humano, e estamos desanimados, descrentes
e cansados. Também no meio educacional está presente a ausência de desejo, porém, são as
pessoas, os sujeitos, que historicamente assumem a construção de uma prática
transformadora. O planejamento só tem sentido se o sujeito coloca-se numa perspectiva de
mudança.
É preciso trabalhar a descrença que o professor traz com relação ao planejamento, e
trazer a valorização do planejamento, mobilizar este educador a fazê-lo e entendê-lo
realmente como uma necessidade. Na medida em que envolve posicionamentos, opções, jogos
de poder, compromisso com a reprodução ou com a transformação, o planejamento é uma
questão política. É hora de tomada de decisões, de resgate de princípios que embasam a
prática pedagógica, mas para chegar a isto é preciso atribuir-lhe valor, acreditar nele, sentir
que planejar faz sentido e que é preciso.
O planejamento precisa ser a necessidade do professor.
12
Ibid
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não partimos de qualquer realidade. Este é um dos grandes desafios tanto do professor como
da instituição, chegar a uma ação que seja eficaz, inovadora, uma ação transformadora. O
planejamento se coloca como ferramenta para se chegar a esta ação transformadora, que deve
ser embasada por uma intencionalidade.
A insistência do planejamento está fielmente ligada ao reconhecimento da
possibilidade da transformação vir a ocorrer. O desafio fundamental, portando, está em
resgatar a confiança nas possibilidades do sujeito. A possibilidade objetiva de planejar
determinada ação está também atrelada à capacidade de intervenção no real. É preciso que o
sujeito sinta que tem capacidade de dominar uma situação e nela promover mudanças, pois
planejar envolve exercício de poder, de empoderamento das relações sociais.
A condição para que o fazer seja efetivo, é acreditar naquilo que se está fazendo,
buscando elementos que convençam de que é necessário e que há possibilidade de fazer
alguma coisa. A mudança é um processo, os problemas devem ser solucionados um a um,
progressivamente.
Vasconcellos (2000) afirma que o planejamento tem algumas finalidades, como:
despertar e fortalecer a esperança na história como possibilidade; ser um instrumento de
transformação da realidade; combater a alienação; dar coerência a ação da instituição; ajudar a
prever e superar dificuldades.
É necessário planejar com responsabilidade, e não entrar ingenuamente na sua
elaboração, para não causar mais uma frustração na comunidade educativa. O planejamento é
um instrumento e uma necessidade, sem ele ficaríamos mais susceptíveis a desorganização
interior e as pressões exteriores. É um trabalho exigente, que implica investimento de tempo,
e, sobretudo, energias, crenças, valores, verdade, reflexão, mas deve estar sempre atento e
aberto a realidade interior e exterior.
Para que a prática educativa real seja uma práxis, ou seja, para que ela se torne uma
ação, é necessário que ela se dê no âmbito de um projeto. Para Severino (1998) a escola é o
lugar institucional de um projeto educacional.
Para que a construção do projeto seja possível, é necessário propiciar situações que
permitam que os professores aprendam a pensar e a realizar o fazer pedagógico de forma
coerente.
A discussão do projeto político pedagógico exige uma reflexão acerca da concepção
da educação e sua relação com a sociedade e a escola, sua construção não se limita a âmbitos
interpessoais.
Veiga (2005) afirma que a principal possibilidade de construção do projeto político-
pedagógico passa pela relativa autonomia da escola, pela sua capacidade de delinear sua
própria identidade, e deve contemplar a questão da qualidade de ensino. A autonomia anula a
dependência. A própria escola concebe sua proposta pedagógica ou projeto e tem autonomia
para executá-lo e avalia-lo ao assumir uma nova atitude de liderança.
A construção do projeto político pedagógico é resultado de um processo complexo de
debate, cuja concepção demanda não só tempo, mas também estudo, reflexão e aprendizagem
de trabalho coletivo. Como projeto/intenções, ele deve constituir-se em tarefa comum da
equipe escolar e, mais especificamente, dos serviços pedagógicos.
Considerações Finais
REFERÊNCIAS
VEIGA, Ilma Passos Alencastro (Org.) et al. Escola: espaço do projeto político-
pedagógico. 8ª ed Campinas: Papirus, 2005.