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Hermenêutica Jurídica

Professor Lucas Rêgo


I - Conceitos fundamentais e perspectiva
histórica da formação da hermenêutica:

1 Interpretação e Hermenêutica.
Esclarecimentos necessários.

Raízes da palavra Hermenêutica. Hermeneuien,


verbo usualmente traduzido como “interpretar” e
hermeneia, substantivo traduzido como
“interpretação”

A representação mítica do Deus Hermes.


2- Conceitos fundamentais e perspectiva
histórica da formação da hermenêutica:

Segundo Celso Braid:


“A história da formação da hermenêutica,
enquanto arte da e técnica da interpretação
correta de textos, começa com o esforço dos
gregos para preservar e compreender os seus
poetas e desenvolve-se na tradição judaico-cristã
de exegese das Sagradas escrituras.”
2- Conceitos fundamentais e perspectiva
histórica da formação da hermenêutica:

Para Glauco Filho:

“A hermenêutica define a estrutura do ato da


compreensão ao mesmo tempo que aponta diretrizes par
reconhecer sua validade” ( FILHO, Glauco. Curso de
Hermnêutica Jurídica. Pág. 6).

O autor Emílio Betti chega a afirmar que a


“hermenêutica deve ser compreendida com uma
problemática geral da interpretação. ”( Palmer, Richard.
Hermenêutica, pág. 63)
2- Conceitos fundamentais e
perspectiva histórica da formação da
hermenêutica

“Hermenêutica é a teoria das operações


da compreensão em sua relação com a
interpretação dos textos.” ( RICOUER, Paul.
Hermenêutica e Ideologias. Ed. vozes, 2006
3. Perspectivas e sentidos da palavra
interpretação

“Interpretação é, portanto, talvez o ato essencial na nossa


vida diária; na verdade o próprio ato de existir pode ser
considerado como um processo constante de
interpretação”( Palmer, Richard. Hermenêutica, pág. 20)

“ A compreensão por sua vez, é a forma de apreensão do


sentido dos objetos culturais, ou seja, daqueles objetos que
resultam da criatividade humana” ( FILHO,Glauco.
Curso de Hermnêutica Jurídica. Pág. 6).
4. Interpretação e Linguagem.
Considerações gerais.
“ A linguagem molda a visão do homem e o seu
pensamento – simultaneamente a concepção que ele tem
de si mesmo e do seu mundo( não sendo este aspecto tão
separados como parecem).Muito mais do que se pensa, o
homem veicula através da linguagem as várias facetas de
sua vida – aquilo que venera, aquilo que ama, os
comportamentos sociais, o pensamento abstrato; mesmo a
forma dos seus sentimentos é conforme a linguagem. Se o
considerarmos este tema em profundidade, torna-se visível
que a linguagem é o “mediun” no qual vivemos, nos
movimentamos e no qual temos o nosso ser” (
MAGALHÃES, Glauco. Hermenêutica Jurídica)
5- Sentidos e usos da Hermenêutica jurídica
ao longo do tempo segundo Richard
Palmer.
a) Uma teoria da exegese bíblica.
b) Uma metodologia filológica.
c) Uma ciência de toda compreensão linguística
d)Uma base metodológica da ciências do espírito.
e) Uma fenomenologia da existência e
compreensão existencial
f) sistema de representação e a questão dos
símbolos e seus significados subjacentes. A
psicanálise.
II -Fundamentação filosófica do problema
hermenêutico

Situando o problema hermenêutico:

É possível falar em uma interpretação correta de um


objeto culturais que se expressem na forma da
linguagem escrita?

Aprofundando a reflexão.

É possível afirmar a existência de critérios que


orientem uma interpretação correta ou válida?
Hermenêutica e fundamentação filosófica do
problema hermenêutico

5.1 Schleiermacher e a dimensão psicológica da


interpretação.

5.1.1 A questão da intenção do autor na


dimensão do processo hermenêutico.

5.2- Dilthey , a compreensão e a questão da


historicidade.

5.2.1 A compreensão como um método


científico das ciências humanas.
Hermenêutica e fundamentação filosófica
do problema hermenêutico

5.3. Heidegger e a nova forma de “entender” a compreensão


como dimensão essencial do processo hermenêutico.

Compreender é o modo de estar no mundo, antes, pois, de um


método científico.

5.4 Gadamer, as tradições e o círculo hermenêutico.

A questão do jogo hermenêutico e o ato de compreender


como fusão de horizontes( passado e presente).
III - Hermenêutica Jurídica: Conceito,
função, perspectiva histórica e
fundamentação teórica. Hermenêutica e
argumentação jurídica.

1 Hermenêutica e a decidibilidade dos


conflitos.

2 Noções teóricas da Interpretação..


“`Interpretar` consiste na realização de uma
atividade intelectual; atividade intelectual que é
tanto concebida como de “descoberta”, de
`atribuição´, como da `combinação` de ambas
quanto ao “sentido” de algo.”( SGARBI, PÁG.427)
2.1 Conceito de interpretação jurídica:

Eros Grau: “Identificar ou determinar a significação de


algo, no caso a norma jurídica.”( GRAU, Eros. Discurso
sobra a interpretação/aplicação do direito. Pág.6)

Adrian Sgarbi: “Atividade de atribuir significados que


versa tanto sobre textos quanto fatos os quais o dirito
considera jurídicos.” (SGARBI, Adrian. Introdução à
Teoria do Direito. São Paulo: Ed. Marcial Pons, 2013.)
HERMENÊUTICA E ARGUMENTAÇÃO JURÍDICA.

 1- Interpretação jurídica como argumentação.


 Conceito de Processo argumentativo:
 “ Seria uma fala, um discurso, um raciocínio que recoloca um
conjunto de signos informativos em função do poder. O
processo argumentativo transforma mensagem linguística em
ideologia.” .”( WARAT,, Luis Alberto. Introdução Geral do Direito
Interpretação da Lei. Temas para uma reformulação)
HERMENÊUTICA E ARGUMENTAÇÃO JURÍDICA.

 Conceito de argumentos:
 “Seriam formas públicas de raciocínio, impuras,
facilmente dramatizáveis, que participam ao mesmo
tempo do intelectual e do científico, do lógico e do
narrativo. Seria uma reflexão processada no espírito,
uma opinião obtida a parti de uma prévia
indentificação emocional, valorativa e ideológica.”(
WARAT,, Luis Alberto. Introdução Geral do Direito
Interpretação da Lei. Temas para uma reformulação)
3- Contexto histórico para a formação da
hermenêutica jurídica ou para uma teoria forte
da interpretação jurídica.

3.1 – o século XIX e o fenômeno da positivação


do direito.

3.2 – A ciência do direito e a hermenêutica


jurídica.

3. 3 -A questão do critério( ou sentido) e uma


interpretação jurídica correta e disputa entre objetivistas e
subjetivistas.
3.3.1 - Críticas aos subjetivistas:

i) A vontade do legislador é uma ficção, pois não é


indenficável.

ii) Somente as manifestações normativas tem força


para obrigar e o legislador é apenas uma competência
legal.

iii) A sociedade é dinâmica em suas relações e a


interpretação jurídica deve acompanhar a dinâmica
dessa relações.
3.3.2 - Críticas aos objetivistas:

i) O recurso à técnica histórica de interpretação faz-


se necessário como forma de valorizar o legislador
originário.

ii) Os fatos que eventualmente determinam a vontade


objetiva da lei, também estão sujeitos a duvida
interpretativas.

Iii) Os objetivistas relativizam os valores da segurança


e da certeza.
4- “Lugares” de interpretação jurídica:
A) INTERPRETAÇÃO JUDICIAL:
É a interpretação comumente identificada com a “jurisprudência” de
determinado juízo ou tribunal. Diz-se, assim, que a “jurisprudência” a
respeito da lei L está firmada no sentido de que “mulher honesta” significa
X. Como já foi consignado, essa interpretação é relevante para a
compreensão de “precedente”.

B) INTERPRETAÇÃO DOUTRINÁRIA:
É a interpretação – tanto no sentido de “atividade” quanto de “produto” –
compreendida como “dos juristas”, seja em suas obras, seja nas faculdades
de direito quando lecionam.
 C) INTERPRETAÇÃO GERAL:

 É a interpretação não especializada procedida pelos


destinatários gerais das normas jurídicas. Obviamente este tipo
de interpretação dos matérias jurídicos carece de qualquer
valor mais expressivo no campo jurídico, sendo útil,
praticamente, apenas ao sujeito que a promove com o objetivo
de compreender o sentido que deva imprimir aos seus
comportamentos para poder qualificá-los.
5- Reflexões sobre a interpretação jurídica em
sua relação com a aplicação do Direito
5.1) Interpretação de “Normas”, Interpretação do “Direito”,
Interpretação de “Textos”.

A reconstrução pós-positivista da Teoria da norma e o primado da


interpretação na determinação do Direito.

5.2) A interpretação jurídica e o papel dos princípios jurídicos. A


reconciliação do Direito com a Moral
Norma é um gênero normativo, da qual resultam duas espécies:

a) Regra jurídica;
b) Princípio jurídico.

“Segundo Alexy, o princípio jurídico é uma espécie de norma jurídica, por meio do
qual são estabelecidos deveres de otimização aplicáveis em vários graus, segundo as
possibilidades normativos e fáticas”( ÁVILA, Humberto. Teoria dos Princípios
Jurídicos. Pag. 37”)
5.3) e a Interpretação dos “fatos” e a questão
da prova e a presunções legais .
“ Prova expressa, elementarmente, a informação que, por
ter sido levada ao juiz, contribui par a formação de seu
convencimento... Ou seja, prova é o conjunto de verificação e
demonstração, mediante as quais se procura chegar à
verdade quanto aos fatos relevantes para o julgamento.” (
SGARBI, Adrian. Teoria do Direito. Primeiros lições. Pág. 677)

5.3.1 A regulação normativa da prova. Distinção entre


prova, meio de prova( forma adequada para que se
leve para o juiz e conteúdo da prova( significado do
que se levou ao juízo. Resultado da valoração da
prova.)
 5.4) A interpretação e a questões das
lacunas e antinomias – caso difícil / hard
case.

5.5) A interpretação jurídica e a


indeterminação da linguagem/linguagem
jurídica.

5.5.1 A questão da vagueza e da ambiguidade


da linguagem e suas espécies

5.5.2 A interpretação jurídica e o caso


concreto.
“Vago é o texto que apresenta problemas de
intensão como de extensão, ou seja, quando
para a pergunta á que a coisa se refere?´ a
reposta seja duvidosa( SGARBI, Adrian. Teoria
do Direito. Primeiras lições. Pág. 527. )

“ Ambíguo entende-se o texto que comporta


muitos sentidos, com o que há dúvida a respeito
da norma que lhe corresponda” ( SGARBI,
Adrian. Teoria do Direito. Primeiras lições.
Pág. 527)
Reflexões sobre a interpretação jurídica em
sua relação com a aplicação do Direito
 5.7 A indeterminabilidade
decorrente da aplicação do Direito.
 “ Aristóteles mostra que toda Lei ´geral e não pode
conter em si a realidade prática em toda a sua
concreção, na medida em que se encontra numa
tensão necessária com o concreto da ação.” (
GADAMER, Hans Georges. Verdade e Método I.
pág.419)
 5.5.2 A interpretação jurídica e o
caso concreto
5.8 A interpretação jurídica, democracia
e o dever de fundamentação das
decisões judiciais. Artigo 479 do CPC e a
questão dos precedentes
Interpretação como argumentação.
Por argumentação, segundo Sgarbi, “designa-se
o processo prático intelectual realizado através do
diálogo com vistas à defesa ou à justificação de
uma tomada de posição sobre uma questão que é
opinável e duvidosa”. (pág 486/Sgarbi)
Reflexões sobre a interpretação jurídica em sua
relação com a aplicação do Direito
 5.8 A intepretação jurídica e a questão do
poder, da ideologia e do contexto.
 Por ideologia compreende-se o “conjunto dos
reflexos e das interpretações da realidade social e
natural que tem lugar no cerébro do homem e se
expressa por meio de palavras”. ( SGARBI, Adrian.
Teoria do Direito. Primeiras lições. Pág. 518. )
 Poder. “ O exercício do poder é um modo de uns
sobre os outros. ; ele se resume a conduzir condutas
em ordenar a probabilidade.” ( SGARBI, Adrian.
Teoria do Direito. Primeiras lições. Pág. 514. )
 Situando o problema hermenêutico
jurídico:
“É possível falar em uma interpretação
correta em Direito?” Desdobramentos e
perspectivas;

Aprofundando a reflexão.
É possível afirmar a existência de critérios
que orientem uma interpretação correta ou
válida?
Reflexões sobre a interpretação jurídica em
sua relação com a aplicação do Direito

 Assumindo o ponto de vista do Juiz, ou da


jurisdição, Habermas situa o problema da
resposta correta ao nível da tensão
entre o princípio da segurança jurídica
e a pretensão de tomar decisões
corretas.
IV-Discursos jurídicos sobre a
interpretação jurídica.
 1 A interpretação jurídica e a Teoria Pura do
Direito de Hans Kelsen

 2- Interpretação e a Semiologia Crítica de Warat

 3 – A interpretação jurídica e o pensamento de


Ronald Dorkin

 4 – A interpretação jurídica e o horizonte plural


da Teoria Crítica do Direito.
V- TEORIAS DA INTERPRETAÇÃO
JURÍDICA NA VISÃO DE ADRIAN SGARBI

1) AS TEORIAS DA INTERPRETAÇÃO
JURÍDICA. CRITÉRIOS E CATEGORIA
CONCEITUAIS.
OBS: A interpretação jurídica compreende
uma tríade de elementos:

A)EMISSOR do Texto Normativos(TN);


B) Mensagem ou SENTIDO
NORMATIVO(Extraída de TN ) e;
C) INTÉRPRETE
TEORIAS DA INTERPRETAÇÃO JURÍDICA
NA VISÃO DE ADRIAN SGARBI
Critérios para a interpretação jurídica.
1- Critério quanto ao peso/importância dos
elementos da interpretação jurídica

A)Peso no “emissor”:
Concentra a análise em sua totalidade naquele
que formula a mensagem colocando o
destinatário apenas em posição “passiva”
diante do legislador “onipotente”. Dessa
forma, a tarefa do destinatário é a de tão
somente “declarar” o direito “preexistente”
nas construções do emissor.
 B) Peso na “mensagem”:
Mantém a análise nos interpretes da
mensagem, responsabilizando-os totalmente
pela tarefa de fazer significar o texto.

 C) Peso distribuído entre “emissor” e


“mensagem”:

Concebe serem as normas o resultado de uma


relação de colaboração entre os diversos
atores que operam sobre os materiais
jurídicos tento em vista que não se perde a
referência linguística, o código utilizado, nem
mesmo a possível contextualização de sua
produção e apreensão.
2 Personagens distintos da atividade
interpretativa:
 2 – Classificação dos tipos de intérprete
judicial.

 A) Intérprete-declarador:
Resulta da elaboração iluminista da codificação e
consolidou-se na escola da exegese, nascida, na França, no
inicio do século XIX.

B) Intérprete-criador:
Dá-se, claramente, a partir do movimento de libertação
do intérprete, e, sobretudo, do juiz-intérprete, que tem
inicio com a crise do pensamento formalista da escola de
exegese.
 C) O personagem do “intérprete-
mediador”:
Como opção entre os dois extremos anteriores,
tem sido defendido, ou servido de pressuposto,
para uma série de construções teóricas a respeito
da atividade interpretativa.
.3 Teoria cognitiva
 1) Teoria cognitiva. Teses e críticas.
Para a teoria cognitiva da interpretação:
i) interpretar o texto normativo TN é realizar um
ato de “conhecimento”, de “descoberta”, de
“detecção” do significado de TN, informando
que por TN deve-se entender N.
ii) Ou seja, objeto do conhecimento ou da
descoberta é o significado do texto normativo,
ou legal produzido pelas autoridades normativas.
iii) Intérprete Declarador.
iv) Univocidade dos textos legais.
v) Verdade e falsidade da interpretação
jurídica.
vi) Coesão e completude do Direito.
vii) Única resposta correta em Direito.
 2) Teoria Cética.Teses e Críticas.
Para a teoria cética da interpretação:
i) interpretar o texto normativo TN é realizar um
ato de “atribuição”, “determinação”, “estipulação”
do significado de TN, procedendo à decisão de
que para TN deve-se entender N no especifico
caso C.
ii) Interpretação é um ato de vontade, de escolha
entre os sentidos possíveis decorrentes da
analise de um texto legal.
iii) Plurivocidade dos textos normativos
iv) O direito é composto por decisões judiciais.
v) As interpretações carecem de valores de verdade
e falsidade.
vi) Não há uma resposta única em Direito
 C) Teoria “conciliadora”:

Para a teoria “conciliadora” da


interpretação, interpretar o texto
normativo TN é realizar um ato de
“conhecimento”, de “descoberta”, de
“detecção” do significado de TN.
 2 -Os critérios de Interpretação Jurídica.
Considerações gerais de definição.
 “ Conjuntos técnicas admitidas pelo campo jurídico cujo objetivo é
auxiliar os intérpretes na determinação do sentido dos textos
legais”( SGARBI, PÁG 530)
 Para Warat os métodos de interpretação seriam “recursos
para a produção de redefinições das palavras da lei.”( WARAT,,
Luis Alberto. Introdução Geral do Direito Interpretação da Lei.
Temas para uma reformulação)
Os critérios de Interpretação Jurídica:

1- A técnica da Interpretação gramatical.

A) Noção geral; “Emprego de conhecimentos lingúsiticos com o objetivo


de, por intermédio dos enunciados linguísticos(materiais
jurídicos)produzidos pelos legislador, obter-se o entendimentos do que se
deve ou não fazer” ( SGARBI, pág. 262)

B) Condições para o seu uso; Que o materiais jurídico seja inteligível.

C) Argumentos pertinentes à técnica;

C.1) Argumento do “significado literal”;


C.2) Argumento do significado comum
C.3) Argumento do “significado técnico”
Argumento do “significado literal

ROCESSO CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL. ART. 65, PARÁGRAFO ÚNICO, DA LEI Nº


7.799/89. PORTARIA Nº 04/91. MINISTÉRIO DA ECONOMIA, FAZENDA E
PLANEJAMENTO. REMISSÃO. INTERPRETAÇÃO LITERAL. ART. 111 DO CTN. 1. Em homenagem
aos princípios de hermenêutica positivados no art. 111 do Código Tributário Nacional, está
desautorizada a interpretação não-literal de normas que disponham sobre suspensão ou
exclusão do crédito tributário. 2. Não é dado concluir-se pela ocorrência da remissão se a
autoridade fazendária limitou-se a sustar "a cobrança judicial e a não inscrição, como
Dívida Ativa da União, de débitos para com a Fazenda Nacional de valor consolidado igual
ou inferior a 200 (duzentos) Bônus do Tesouro Nacional - BTN". 3. Não configurada a
remissão, revela-se incabível o cancelamento da certidão de dívida ativa, restando inviável a
extinção da execução fiscal nos termos do art. 26 da Lei nº 6.830/80. 4. Recurso especial
provido

(STJ - REsp: 212392 RJ 1999/0039077-6, Relator: Ministro CASTRO MEIRA, Data de


Julgamento: 21/09/2004, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJ 16.11.2004 p. 220)
C.2) Argumento do “significado comum” .

RESPONSABILIDADE CIVIL – DANO MORAL – PROTESTO CAMBIAL –


NOTA PROMISSÓRIA –FALTA DE INTIMAÇÃO DE UM DOS EMITENTES –
REGULARIDADE (DEC. 2044/1908, Art. 29 e L.9492/97, Art. 14)–
NATUREZA E FINALIDADE DO PROTESTO – NORMA TÉCNICA
EMITIDA POR TRIBUNAL –OBSERVÂNCIA PELO OFICIAL DE PROTESTO
(L. 8.935/84, Art. 30, XIV)– DANO INEXISTENTE.
I - Nem sempre o termo protesto se faz acompanhar da expressão contra.
Há protestos em favor de alguém ou de alguma causa. É que, tanto na
linguagem corrente, quanto na terminologia jurídica, protesto é manifestação
de um propósito ou de um estado de espírito. É muito comum, na
correspondência formal, o “protesto de estima e consideração”. No
relacionamento entre governantes e oposicionistas ocorrem
constantes “protestos de repúdio à violência ou à corrupção”. Entre
correligionários verificam-se “protestos de solidariedade”
C.3) Argumento do “significado técnico”.

EXEMPLO 3. Sentido técnico e sentido comum- Em


se tratando da legitimidade ativa a que concerne o inciso IX
do artigo 103 da Constituição Federal, a organização
sindical é representada, para esse efeito, apenas pelas
Confederações Sindicais,termo técnico de sentido
específico, a traduzir justamente os órgãos sindicais, nas
suas respectivas áreas de profissões e de categorias
econômicas, que podem representá-las, no âmbito
nacional.Ação direta de inconstitucionalidade não
conhecida por falta de legitimidade do autor."
2) A técnica da interpretação histórica;

A) Noção Geral; Técnica segundo a qual a interpretação jurídica deve


entender o texto legal de acordo com o teor de seus antecedentes de formulação.

B) Condições para o seu uso;


“Possibilidade de alicerçar o sentido do texto com elementos caracterizadores do
momento histórico ao qual o intérprete que fixar.”

C) Argumentos pertinentes à técnica;

C.1) Argumento “psicológico”;


C.2) Argumento do precedente
C.3) Argumento da “interpretação evolutiva”.
Argumento psicológico

"PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. CAUTELAR. SUSPENSÃO


DO IR INCIDENTE SOBRE PROVENTOS DE APOSENTADORIA.
INEXISTÊNCIA DE FUMUS BONI IURIS.1. Ao estabelecer
hipótese de não-incidência do imposto sobre proventos e pensões
de pessoas idosas, de renda exclusiva do trabalho (art. 153, § 2º, II,
CF), conferiu a Constituição ao legislador ordinário o poder
normativo de fixar os termos e limites do benefício fiscal. Daí
verifica-se a incoerente e inaceitável imputação de ser o
dispositivo em comento auto-aplicável, pois se fosse da vontade do
legislador a ampla concessão do benefício, perceber-se-ia o silêncio
eloqüente da norma em tal sentido, e não a sua evidente previsão
de limites como se verifica na espécie.
C.2) Argumento do “precedente”.
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. EMENDA Nº 9, DE 12.12.96. LEI ORGÂNICA DO
DISTRITO FEDERAL. CRIAÇÃO DE PROCURADORIA GERAL PARA CONSULTORIA,
ASSESSORAMENTO JURÍDICO E REPRESENTAÇÃO JUDICIAL DA CÂMARA LEGISLATIVA.
PROCURADORIA GERAL DO DISTRITO FEDERAL. ALEGAÇÃO DE VÍCIO DE INICIATIVA E DE
OFENSA AO ART. 132 DA CF.
1. Reconhecimento da legitimidade ativa da Associação autora devido ao tratamento constitucional
específico conferido às atividades desempenhadas pelos Procuradores de Estado e do Distrito Federal.
Precedentes: ADI 159, Rel. Min. Octavio Gallotti e ADI 809, Rel. Min. Março Aurélio.
2. A estruturação da Procuradoria do Poder Legislativo didstrital está, inegavelmente, na esfera de
competência privativa da Câmara Legislativa do DF. Inconsistência da alegação de vício formal por
usurpação de iniciativa do Governador.
3. A Procuradoria Geral do Distrito Federal é a responsável pelo desempenho da atividade jurídica
consultiva e contenciosa exercida na defesa dos interesses da pessoa jurídica de direito público Distrito
Federal.
4. Não obstante, a jurisprudência desta Corte reconhece a ocorrência de situações em que o Poder
Legislativo necessite praticar em juízo, em nome próprio, uma série de atos processuais na defesa de sua
autonomia e independência frente aos demais Poderes, nada impedindo que assim o faça por meio de um
setor pertencente a sua estrutura administrativa, também responsável pela consultoria e assessoramento
jurídico de seus demais órgãos. Precedentes: ADI 175, DJ 08.10.93 e ADI 825, DJ 01.02.93. Ação direita de
inconstitucionalidade julgada parcialmente procedente.
C.3) Argumento da “interpretação evolutiva”.

CONTRATO DE FINANCIAMENTO RURAL. CEDULAS RURAIS


PIGNORATICIAS E HIPOTECARIA. VALIDADE E EFICACIA DA
ESTIPULAÇÃO RELATIVA A CORREÇÃO MONETÁRIA. o art. 9 do
dl 70/66, na parte em que tornava defesa a correção monetária nas
operações de credito rural com garantia hipotecaria, e de considerar-
se revogado pelo dl 167/67, que regulou integralmente a matéria e
não reeditou tal vedação. prevalência, desde então, do principio da
autonomia da vontade. mesmo que se admita que a intenção do
legislador possa ter sido a de excluir a correção monetária nas
operações de credito rural, a evolução dos fatos econômicos tornou
insustentável a sua não-incidência, sob pena de prestigiar-se o
enriquecimento sem causa do devedor, cujo patrimônio e cuja
produção acompanham em seus valores a espiral inflacionaria.
3) A técnica da interpretação sistemática

A) Noção geral.;

B) Condições para o seu uso;

C) Argumentos pertinentes à técnica;

C.1) Argumento da “harmonização contextual”


C.2) Argumento da “plenitude”.
C.3) Argumento “coerência”
CONSUMIDOR. Contrato de prestações de
serviços educacionais. Mensalidades escolares. Multa
moratória de 10% limitada em 2%. Art. 52, § 1º, do
CDC. Aplicabilidade. Interpretação sistemática e
teleológica. Eqüidade. Função social do contrato. - É
aplicável aos contratos de prestações de serviços
educacionais o limite de 2% para a multa moratória,
em harmonia com o disposto no § 1º do art. 52, § 1º,
do CDC. Recurso especial não conhecido. (STJ, 3ª
TURMA, Resp 476649/ SP, Min. NANCY ANDRIGHI,
DJ 25.02.2004 p. 169).
C.2) Argumento da “plenitude”.

Frise-se, outrossim, que o Juiz não se exime de julgar na falta ou lacuna da lei
(art. 3º da LICCB; art. 126, CPC; art. 108, CTN), haja vista o caráter sistemático
do ordenamento jurídico. A inexistência de lei não impede a concessão de um
direito, desde que esteja juridicamente previsto no sistema jurídico como
decorrência de sua interpretação sistemática e de seus princípios gerais.
Embora não esteja prevista na lei a hipótese de o marido ser dependente da
esposa, também não há a proibição expressa. Tudo que não está juridicamente
proibido está juridicamente permitido. E pode a esposa, pela lei vigente, ainda
que seja economicamente independente do marido, ser tida como dependente
perante o IPERGS. Dispõe a Lei Estadual nº 7672, de 18.06.1982, com as
alterações da Lei Estadual nº 7716, de 26.10.1982, que regula a matéria:"Art. 9º.
Para os efeitos desta lei, são dependentes do segurado :I- a esposa, a ex-esposa
divorciado; o marido inválido (...) Parágrafo 5º. Os dependentes enumerados no
item I deste artigo, salvo o marido inválido, são preferenciais e a seu favor se
presume a dependência econômica; os demais comprová-la-ão na forma desta
Lei. (STF, RE 377040/ RS, Rel. Min. MOREIRA ALVES, DJ 12/05/2003 p. 116).
4) A técnica da interpretação teleológica.

A) Noção geral;

B) Condições para o seu uso;

C) Argumentos pertinentes à técnica;

C.1) Argumento de “equidade”


C.2) Argumento dos “fins”.
Argumentos da equidade a
DANOS MORAIS - FIXAÇÃO - MATÉRIA FÁTICA - PRESTAÇÃO JURISDICIONAL - ENTREGA.RECURSO
EXTRAORDINÁRIO - TRANCAMENTO - ACERTO - AGRAVO DESPROVIDO.1. Em última análise, argüindo
a transgressão dos artigos 5º, incisos V e X, e 93, inciso IX, da Constituição Federal, busca a agravante trazer
ao Supremo controvérsia sobre o valor de indenização por dano moral, tendo em conta contrato de seguro de
saúde que a Corte de origem concluiu descumprido. Considerada indenização fixada pelo Juízo em trinta mil
reais, não impugnada pela ora agravante, estabeleceu aquele Tribunal o valor em vinte mil reais, sendo certo
que, de acordo com voto vencido, ante as despesas que deixaram de ser satisfeitas em virtude do
descumprimento do contrato - quatro mil e cem reais -, tal indenização ficaria na metade - dois mil reais. Em
momento algum, deixou-se de proceder à entrega da prestação jurisdicional de forma completa, tampouco
havendo sido olvidados os preceitos que versam sobre a indenização por dano moral. Eis como restou
fundamentada a decisão na parte geradora do inconformismo (folhas 266 e 267):A indenização foi fixada em R$
30.000,00, importância quase dez vezes superior ao valor da recomposição das diárias de cobertura recusada.
Já se verifica, sob este prisma, que a valoração cometida pelo digno MM Juiz de primeiro grau, ainda que calcada
em invocada equidade e pela natureza dos fatos, se revela excessiva, pois se os danos morais visam reparar o
dano e também a desestimulação de reciclagem de condutas ofensivas, devem, então, guardar um certo critério
de proporcionalidade, não podendo ultrapassar os limites do que seja razoavelmente justo e recompositivo da
ofensa.No caso, a quantificação foi demasiada, realmente. Equivale, presente o valor atual da paga mínima legal,
a 150 salários.E não se pode, como quer a apelante, fazer incidir o critério da tarifação legal, pois, entre nós,
predomina o do arbitramento pelo juiz, a teor do artigo 1.533 do Código Civil de 1916, fórmula que, por sinal,
de "lege ferenda" é mantida, ressalte-se, no artigo 946 do novel diploma civilista. Como, então, articular-se com
a violação dos dispositivos constitucionais referidos?. Conheço do agravo e o desprovejo.3. Publique-se.Brasília,
8 de dezembro de 2005.Ministro MARÇO AURÉLIO Relator.
C.2) Argumento dos “fins”.

EXTRADIÇÃO - EXTRADITANDO NATURALIZADO - FATOR CRONOLÓGICO


- ALCANCE DO INCISO LI DO ARTIGO 5º DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.1.
Mediante a petição de folha 658 a 661, insiste o extraditando na inviabilidade do
pedido formulado. Argumenta com o disposto nos incisos LVII e LI do artigo 5º da
Constituição Federal. Então, com base na presunção de não-culpabilidade, afirma que,
em se tratando de brasileiro naturalizado, somente se tem a incidência da ressalva do
mencionado inciso LI, a ensejar a extradição, quando esta diga respeito à execução de
pena. Com esteio nessa óptica e reportando-se ao que articulado em ação cautelar,
requer a extinção do processo, consignando que, de qualquer forma, o Estatuto dos
Estrangeiros, com relação à custódia, apenas se refere àqueles que não sejam
naturalizados. Em 30 de junho último, chegou a esta Corte o Aviso nº 1.407, do
Ministro de Estado da Justiça, encaminhando documentos recebidos da Embaixada da
Suíça.2. O extraditando empresta ao texto do inciso LI do artigo 5º da Lei
Fundamental - a revelar que "nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado,
em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado
envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins" - alcance restritivo.
Vale-se da alusão a crime praticado e do princípio constitucional da não-culpabilidade
para asseverar que a ressalva só abarca situações concretas em que já selada a culpa.

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