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Material Teórico
Hermenêutica e Exegese
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Luciene Oliveira da Costa Granadeiro
Hermenêutica e Exegese
• Hermenêutica e Exegese.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Apresentar a afinidade entre o exercício hermenêutico e o exercício exegético a partir dos
significados de hermenêutica e de exegese.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de
aprendizagem.
UNIDADE Hermenêutica e Exegese
Hermenêutica e Exegese
A partir do Renascimento, fixam-se três tipos básicos de técnica de inter-
pretação: hermenêutica teológica (sacra), filosófico-filológica (profana) e
jurídica (juris). (BRAIDA apud SCHLEIERMACHER, 2006, p. 7)
Para iniciar esta unidade, retomaremos, por um instante, a aula anterior. Na-
quela aula, estudamos o que vem a ser hermenêutica e como seu significado abre
a possibilidade de usar o termo “hermenêutica” como sinônimo de interpretação,
mais precisamente de uma interpretação especial: jurídica, literária, filosófica ou
bíblica (teológica por extensão).
Assim, entramos no assunto desta aula: qual a relação entre hermenêutica e exegese?
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Essa opinião, o tradutor e apresentador da obra de Schleiermacher obtém pela
leitura do próprio autor da Hermenêutica, uma vez que, em introdução ao discurso
acadêmico de 1829, ele relata:
Quando, mais ou menos há vinte e cinco anos atrás, eu comecei a mi-
nistrar, em Halle, cursos de exegese sobre os textos neotestamentários,
considerei como indispensável fornecer uma justificação dos princípios
do procedimento com a maior exatidão possível, para avançar com segu-
rança na interpretação e tornar claro e firme o meu juízo sobre os outros
intérpretes. (BRAIDA apud SCHLEIERMACHER, 2006, p. 25)
Exegese: é uma palavra grega. exaigesis; aigesis vem de agein, agein é conduzir, e ex é para
Explor
Assim, se a hermenêutica após Schleiermacher nos diz como e por que nos de-
bruçarmos sobre textos para os quais buscamos um sentido fundador, originário, a
exegese nos indica o caminho de restabelecimento do sentido original dele. É nesse
sentido também que Paul Ricouer entende a hermenêutica e a exegese a partir de
uma relação intrínseca entre elas (RICOEUR, 1986).
A exegese implica uma teoria do signo e da significação – isso quer dizer que, se
um texto pode ter vários sentidos, por exemplo, um sentido histórico e um sentido
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UNIDADE Hermenêutica e Exegese
Daí que nenhuma interpretação significativa pode constituir-se sem fazer em-
préstimos aos modos de compreensão disponíveis numa determinada época: mi-
tos, alegorias, metáforas, analogias. Há um vínculo da interpretação, no sentido
preciso da exegese textual, com a compreensão no sentido amplo da inteligência
dos signos. Faz-se necessário, então, estender o conceito de compreender; ele
não é só um modo de conhecimento, mas um modo de ser, o modo desse ser,
que existe compreendendo.
A exegese já se habituou à ideia de que um texto tem vários sentidos, de que tais
sentidos se imbricam um no outro, de que o sentido espiritual é transferido do senti-
do histórico ou literal por acréscimo de sentido deste. Para Ricoeur, a interpretação
é o trabalho de pensamento que consiste em decifrar o sentido oculto no sentido
aparente, em desdobrar os níveis de significação implicados na significação literal e
haverá interpretação onde houver sentidos múltiplos, já que é na interpretação que
a pluralidade dos sentidos torna-se manifesta.
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A partir do exercício hermenêutico do artigo, podemos dizer que, para o artigo
em questão:
• Quem fala: Robin Marantz Henig, jornalista; portanto, não especialista no as-
sunto tratado ou em áreas afins;
• Para quem fala: público do NY Times Magazine; público não especialista no
assunto ou em áreas afins;
• Como fala: em linguagem jornalística. Originalmente em inglês, nós o lemos
em português e não há questões aparentemente relevantes que nos peçam por
um estudo mais profundo das opções de tradução do artigo a não ser verificar se
o autor fala mesmo sobre deixar de acreditar em Deus ou nunca ter acreditado;
• A partir do que fala (ou de quem): a referência principal é Scott Atran e,
desde o 7º parágrafo, Henig fala a partir de Atran. Há ainda duas referências
secundárias: os biólogos Stephen Jay Gould e Richard Lewotin e o psicólogo
Justin Barret;
• E ainda: que a atenção ao ano de publicação – 2007, em face ao ano de leitura
do artigo – 2012, encaminha possíveis questões exegéticas como a de determi-
nar o avanço das pesquisas indicadas no texto embora o texto mesmo só peça
um trabalho exegético (nesse sentido) para o 6º parágrafo e para o 13º pará-
grafo, o da conclusão. No 6º parágrafo, Henig assume a pesquisa de Atran e
passa “a falar como ele”, mas a partir de recortes próprios que não refletem
necessariamente a fala total de Atran. Isso faz com que o trabalho de Atran
seja explorado em busca de precisões conceituais que estariam direcionando a
argumentação de Henig e, até mesmo, sua motivação. Já no 13º parágrafo, o
parágrafo da conclusão, Henig faz afirmativas com as quais é fácil concordar a
partir das hipóteses apresentadas no artigo, mas que precisam ser comprova-
das se estamos em um trabalho de pesquisa especializada.
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expressões idiomáticas que dão ao seu sentido primitivo algo diferente daquele
comunicado pela tradução literal. Outra dificuldade ainda, e não menos significati-
va, é lacuna filosófica. Opiniões acerca da vida, das circunstâncias, da natureza do
Universo diferem entre as várias culturas.
Revisando os pontos que foram estudados até aqui, nós podemos resumi-los en-
quanto acrescentamos alguns parâmetros mais técnicos ao exercício hermenêutico
de modo a tornar a tarefa factível.
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• Primeiro ponto: o sentido da análise histórico-cultural e contextual tão
importante para a hermenêutica. Determinar o ambiente geral histórico e cul-
tural do escritor e de sua audiência significa basicamente: a. Determinar as
circunstâncias históricas gerais. B. Ter clareza sobre as circunstâncias e normas
culturais que acrescentam significados a determinadas ações. c. Discernir o
nível de compromisso espiritual da audiência;
• Segundo ponto: determinar o objetivo que o autor tinha em escrever
um livro, mediante: a. Notar as declarações explícitas ou repetição de frases.
b. Observar as seções parenéticas ou exortativas. c. Observar os problemas
omitidos ou os focalizados;
• Terceiro ponto: entender como a passagem se enquadra em seu contex-
to imediato sabendo: a. Apontar os principais blocos de material no livro e
mostrar como se ajustam num todo coerente. b. Mostrar como a passagem se
encaixa na corrente de argumento do autor. c. Determinar a perspectiva que o
autor tencionava comunicar – numenológica ou fenomenológica. d. Distinguir
entre verdade descritiva e verdade prescritiva. e. Distinguir entre detalhes inci-
dentais e o núcleo de ensino da passagem. f. Indicar a pessoa ou categoria de
pessoas para as quais a passagem se destinava.
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Há, atualmente, várias teorias que podem dar subsídio para uma análise teológi-
ca do texto em estudo hermenêutico, uma delas é a Teoria Dispensacional. O Dis-
pensacionismo, como é tratada a teoria, é que pode ser aceito com plena confiança
por alguns hermeneutas ou ser totalmente desacredito e rechaçado por outros.
Essa teoria tem sido considerada a chave para dividir corretamente as Escrituras
para aqueles que a defendem ou a mais perigosa heresia encontrada presentemente
dentro dos círculos cristãos para aqueles que a repelem.
Outra é a Teoria Luterana. Lutero acreditava que devemos distinguir com cui-
dado duas verdades bíblicas paralelas e sempre presentes: A Lei e o Evangelho.
A Lei refere-se a Deus, em seu ódio ao pecado, seu juízo e sua era. O Evangelho
refere-se a Deus em sua graça, seu amor e sua salvação. Um modo de distinguir Lei
e Evangelho é perguntar: isto fala de julgamento sobre mim? Nesse caso, é a Lei.
Em contraste, se a passagem traz consolo, ela é o Evangelho.
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As alegorias misturam a história e sua aplicação, de sorte que a alegoria traz
em seu conteúdo sua própria interpretação. Os provérbios podem ser considerados
ou como parábolas condensadas ou como alegorias condensadas. O foco geral do
livro de provérbios é o aspecto moral da lei – regulamentos éticos para a vida diária
redigidos em termos universalmente permanentes. Os focos específicos incluem
sabedoria, moralidade, castidade, controle da língua, associações com outras pes-
soas, indolência e justiça.
As parábolas são metafóricas e alegóricas e têm por função revelar verdade aos
crentes como é dito em Mateus 13: 10 – 12, Marcos 4: 11 ou 2 Samuel 12: 1-7.
Como um objetivo secundário, embora consequente, oculta a verdade daqueles que
endurecem o coração contra ela se aceitarmos o que diz Mateus 13:10-15, Marcos
4:11-12, ou Lucas 8:9 - 10.
Os tipos assemelham-se aos símbolos e podem até ser considerados uma espé-
cie particular de símbolo. Contudo, existem duas características que os diferenciam.
Primeira, os símbolos servem de sinais de algo que representam, sem necessaria-
mente ser semelhantes em qualquer respeito, ao passo que os tipos se assemelham
de uma ou mais formas às coisas que prefiguram. Segunda, os tipos apontam para
o futuro, ao passo que os símbolos podem não o fazer. Um tipo sempre precede
historicamente o seu antítipo, ao passo que um símbolo pode preceder, coexistir,
ou vir depois daquilo que ele simboliza. A tipologia deve também se distinguir do
alegorismo. A tipologia é a busca de vínculos entre os eventos históricos, pessoas,
ou coisas dentro da história da salvação. O alegorismo é a busca de significados
secundários e ocultos que sublinham o significado primário e óbvio da narrativa his-
tórica. A tipologia repousa sobre uma compreensão objetiva da narrativa histórica,
ao passo que alegorização introduz na narrativa significados objetivos.
Como classificações dos tipos, podemos ter: pessoas típicas – são aquelas cujas
vidas demonstram algum importante princípio ou verdade da redenção. Nesse con-
texto, uma figura representativa refere-se à oscilação de pensamento entre um
grupo e um indivíduo que representa esse grupo, e era uma forma hebraica de pen-
samento comum e aceita. Instituições típicas são práticas que prefiguram eventos
posteriores de salvação.
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Como preparação para este exercício e a fim de exercitar um pouco a percepção da diferença
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entre os textos, leia os artigos indicados abaixo. Depois, esboce uma resposta para a pergun-
ta: qual a diferença entre os conteúdos dos artigos e entre suas formas de redação?
• A Autoridade de Jesus Cristo, disponível em: http://bit.ly/2Kuvb3J
• Luiz Sayão – Lições para uma geração que perdeu o temor,
disponível em: http://bit.ly/2Ku1T5l
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
Muito além do ensino: Reflexões sobre aspectos da vida diária a partir da Teologia, Educação e Ciências da Religião
SUÁREZ, A. Muito além do ensino: Reflexões sobre aspectos da vida diária a partir
da Teologia, Educação e Ciências da Religião.
Vídeos
Hermenêutica e Exegese Bíblica
https://youtu.be/UqQut2se7BU
Hermenêutica Bíblica II, Videoaula 1
https://youtu.be/mz8PZcMVVtY
5 Regras da hermenêutica para iniciantes / 5 Rules of hermeneutics for initiating
https://youtu.be/yT5ltGQrYlw
Hermenêutica Biblica e Exegese qual a Diferença ?
https://youtu.be/jnZFanBheVQ
Leitura
Hermenêutica: interpretando corretamente a Bíblia
http://bit.ly/2Kt9f97
Breve percurso histórico da Hermenêutica Bíblica
http://bit.ly/2KtcWvH
Hermenêutica bíblica: refazendo caminhos
http://bit.ly/2Kv4Keb
A Teoria da Interpretação e a Hermenêutica Bíblica de Paul Ricoeur
http://bit.ly/2M35Yk5
Hermenêutica
http://bit.ly/2KsvUmc
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Referências
ARISTÓTELES. Retórica. Livro II. Tradução Isis Borges B. da Fonseca com Retó-
rica das paixões. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
BUZZETTI, C. 4 x 1 um único trecho bíblico e vários “ fazeres”: guia prático
de hermenêutica e pastoral bíblica. São Paulo: Paulinas,1998.
FEE, G. D.; STUART, D. Entendes o que lês? Apêndices Ênio Mueller. Sem indi-
cação de tradutor. 2. ed. de 1997. São Paulo: Vida Nova, reimp. de 2008.
FERRO, M.; TAVARES, M. Análise das Obras Górgias e Fédon de Platão. 3.
ed. Lisboa: Editorial Presença, 1995.
GADAMER, H. G. Verdade e Método – Traços fundamentais de uma hermenêu-
tica filosófica.São Paulo: Vozes, 2003.
GEFFRÉ, C. Crer e Interpretar – A virada hermenêutica da Teologia. São Paulo:
Vozes, 2004.
GIACÓIA JUNIOR, O. Pequeno dicionário de filosofia contemporânea. São
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GIBELLINI, R. A teologia do século XX. Tradução João Paixão Netto. São Paulo:
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HIPONA, A. de. A doutrina cristã. São Paulo: Paulus, 2002.
Sites visitados
<https://www.bibliaonline.com.br/acf>.
<https://www.bibliaon.com/>.
<https://www.artigosbiblicos.com.br/autoridade-de-jesus-cristo/>.
<https://estudos.gospelmais.com.br/luiz-sayao-licoes-geracao-perdeu-te-
mor-26835.html>.
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