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Resumo: Este artigo tem por finalidade analisar o problema entre significante e
significado na filosofia de Arthur Schopenhauer. Tal proposição visa analisar o porquê
de o filósofo, de certa forma, encontrar na música uma linguagem universal e, ao mesmo
tempo, o universal de que ela é linguagem. Ou seja, a música é, ao mesmo tempo,
significante e significado, assunto e meio de expressão, o conteúdo e a escrita. Para tanto,
verifica-se por que Schopenhauer traça os limites da razão por meio da valorização da
experiência intuitiva e da desvalorização da análise conceitual e da mera discursividade
lógica. O conceito, na concepção do filósofo alemão, é mero significante, visto que
não revela a essência das coisas, apenas lhe confere outra forma. Como resultado desse
processo, podemos afiançar o surgimento de um mundo novo, que ganhou nova forma
com a linguagem, ou seja, um mundo da língua. Contudo, o intento deste trabalho é
demonstrar, amparado na filosofia schopenhaueriana, que a essência do mundo só
é perfeitamente transmitida pela música, da qual ela é a expressão mais adequada – a
língua do mundo.
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Orientador: Rodrigo Ferreira Daverni. Mestre em Estudos Literários pela Universidade Estadual Paulista
(Unesp). Especialista em Crítica Literária pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM).
Especialista em Metodologia do Ensino da Língua Portuguesa pelo Claretiano – Centro Universitário.
Coordenador dos cursos de Graduação em Letras, Pós-Graduação em Ensino de Português, Literatura
e Redação e Literatura Inglesa e Norte-Americana também do Claretiano – Centro Universitário, onde
também atua como Docente. E-mail: <letrasingles.ead@claretiano.edu.br>.
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Especialista em Filosofia e Ensino de Filosofia pelo Claretiano – Centro Universitário. Licenciado em
Filosofia pela mesma instituição. E-mail: <luishenriquepe@hotmail.com>.
Platão pensa que gêneros, espécies e outros universais não são apenas
conhecidos a parte dos corpos, mas também que existem e subsistem
fora deles, ao passo que Aristóteles pensa que os incorpóreos e os
universais são, de fato, objetos do conhecimento, mas só subsistem
nas coisas sensíveis.
Ockham está persuadido, e não talvez sem razão, de que, até ele, nin-
guém chegara a resolver o problema3. Alguns, os realistas, ensinaram
francamente a existência de realidades universais, o que equivaleria
a fazer do próprio universal, uma coisa singular, como acontece com
as Idéias de Platão; outros, ao contrário, sustentaram que o universal
só existe no pensamento, mas, depois de tê-lo afirmado, continua-
ram a procurar o que, na realidade, corresponde a esse universal, que
concebemos no pensamento. Bastou-lhes pouca coisa, mais ainda
era alguma coisa. A posição própria de Ockham consiste em susten-
tar que, por pouco que seja, ainda é demais.
3
O “problema” da natureza dos universais quando o universal aparece em uma
supposittio simplex. Segundo Gilson (2007, p. 801): “Ha três casos de supposittio. Num
primeiro caso, o termo significa a própria palavra que o constitui; exemplo: homem
é uma palavra. Aqui, “homem” faz as vezes da palavra “homem” em sua própria
materialidade; chama-se a essa suposição supposittio materialis. Num segundo caso,
o termo significa indivíduos reais; exemplo: o homem corre. Aqui, não é a palavra
“homem” que corre, mas um homem, uma pessoa; chama-se a essa suposição supposittio
personalis. Num terceiro caso, o homem significa algo comum; exemplo: o homem é
uma espécie. Aqui, “homem” não significa um indivíduo, mas “simplesmente” uma
comunidade; chama-se, pois, a essa suposição supposittio simplex”.
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Pense-se no argumento de Descartes da ilusão dos sentidos (Ver, Meditações concernentes à Primeira
Filosofia,Primeira Meditação).
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“Quem quiser, nesse sentido, dar-se ao trabalho de percorrer a massa de escritos filosóficos que foram
publicadosdesde Kant, reconhecerá que, assim como as falhas do príncipe são expiadas pelo povo inteiro,
os erros dos grandesespíritos espalham sua influência nefasta por gerações inteiras, às vezes por séculos, sim,
aumentando eproliferando, por fim, degenerando em monstruosidades. Daí se conclui que, nos termos
de Berkeley: Few men think, yet all with have opinions” (Conf. Schopenhauer em O mundo como vontade
e como representação, Livro I). Aseguir, veremos como essa conclusão se aplica também a Platão. Platão e
Kant são os dois filósofos mais estimadospor Schopenhauer, mas não é por lhes dedicar tamanha admiração
que se abdica do direito de criticá-los. Kant, por não ter delimitado a natureza da razão, Platão, por ter
confundido a natureza do conceito com a da ideia.
Daí que a apreensão das ideias não se pode dar por meio do discurso,
da linguagem, como pensou Platão. O contrário acontece com o conceito
que é perfeitamente comunicável, “[...] alcançável e apreensível por qual-
quer um que possua razão, comunicável por palavras sem ulterior inter-
mediação, esgotável por inteiro em sua definição” (SCHOPENHAUER,
2003, p. 75-76). A ideia, por sua vez, é “[...] apenas condicionalmente co-
municável; pois a Idéia apreendida pelo artista e repetida em sua obra só
pode dizer algo a alguém de acordo com o seu próprio valor intelectual”
(SCHOPENHAUER, 2003, p. 76).
Essa análise da linguagem permite encontrar os limites que a ela são
impostos pelo filósofo de Danzig tanto em relação aos fenômenos como
em relação às Ideias. Schopenhauer parte de Kant e de certa forma radica-
liza a proposta kantiana que exige que os conceitos se refiram ao mundo
intuitivo. Essa radicalização permite ao filósofo uma valorização das re-
presentações intuitivas e uma desvalorização das representações abstratas.
A linguagem permite apenas pensar, não intuir. A intuição é a única fonte
de apreensão de um significado. A intuição fenomênica se dá pelo enten-
dimento e a intuição da Ideia, pelo modo de consideração desinteressada
– o gênio. Os conceitos abstratos da razão não nos permitem apreender
a experiência, nem mesmo as Ideias. Portanto, o conceito é significante,
tanto do mundo fenomênico, quanto das Ideias, mas nunca substitui fe-
nômeno e Ideia a ponto de lhes tomar o significado. São universais post
rem.
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O texto da obra Metafísica do belo praticamente repete as passagens do Terceiro Livro de O Mundo como
vontade como representação. Algumas passagens apenas foram simplificadas pelo filósofo a fim de tornar
o texto pedagogicamente mais adequado para as preleções que deu aos poucos alunos que se atreveram a
frequentar suas aulas na Universidade de Berlim. A referência à obra Metafísica do belo é, também, referência
ao Terceiro Livro deO mundo como vontade e como representação e vice-versa.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Conforme Barboza, N.T. 47 (SCHOPENHAUER, 2005b), “Música é um exercício oculto de metafísica
no qual a mente não sabe que está filosofando”.
REFERÊNCIAS
BARBOZA, Jair. Os limites da expressão, linguagem e realidade em Schopenhauer. In:
Veritas, Porto Alegre, v. 50, n. 1, p. 127-135, 2005.
KANT, I. Crítica da razão pura. 3. ed. São Paulo: Nova Cultural, 1987. (Coleção Os
Pensadores).
Title: The world of language – the language of the world: music and language in
Schopenhauer.
Authour: Luis Henrique de Souza.
ABSTRACT: This article aims to analyze the problem between signifier and signified
in the philosophy of Arthur Schopenhauer. This proposal aims to analyze because of
the philosopher, somehow, find music in a universal language and at the same time,
the universal that it is the language. That is, the music is at the same time signifier
and signified, subject and medium of expression, content and writing. Therefore, it
appears that Schopenhauer outlines the limits of reason through the valuing of intuitive
experience and the devaluation of the mere conceptual analysis and logical discourse.
The concept, in the conception of the German philosopher, is mere signifier, seeing that
not reveal the essence of things, to giving it otherwise.As a result of this process, we can
bailing the emergence of a new world, which gained new way with language, a world
language.However, the intent of this work is to demonstrate, supported Schopenhauer’s
philosophy, the essence of the world is only perfectly transmitted by the music, of which
it is the most adequate expression – the language of the world.
Keywords: Schopenhauer. Signifier. Language and Music.