Você está na página 1de 18

Introdução à História da Igreja

Cada um de nós possui uma herança familiar única. Nós, crentes, compartilhamos
uma herança comum na história da igreja. Seja qual for o nosso nível social, localização
geográfica ou maturidade na vida cristã, podemos nos beneficiar do estudo das origens
do Cristianismo, que ocorreram cerca de 2000 anos atrás, e da expansão e
desenvolvimento da igreja desde então.

O que é realmente a história, e o que é a igreja? Vamos definir estes e outros


termos nesta lição inicial para lançarmos o fundamento do nosso estudo da história da
igreja desde as origens até a Reforma Protestante no século XVI. Proporcionaremos
também uma base para a perspectiva cristã da história. Depois analisaremos
resumidamente a tarefa do historiador e a necessidade de equilíbrio nas nossas vidas
particulares e na igreja.

Espera-se que você, ao iniciar o estudo da sua herança cristã, possa valorizar mais
e mais a grandeza de Deus, que criou todas as coisas e continua a Sua obra no mundo de
hoje.

Esboço da Lição Definição de História


Produto e Processo
A Perspectiva Cristã
Definição de Igreja
Interna
Externa
O Historiador em Ação:
A Evidência
Divisão Temporal
Causa Histórica
O Equilíbrio na Igreja

14 A IGREJA: DO PENTECOSTES À REFORMA


Ao terminar esta lição, você deverá ser capaz de:
• Definir história e sua perspectiva cristã.
• Definir igreja sob o ponto de vista interno e externo.
• Descrever o trabalho do historiador.
• Explicar a necessidade de equilíbrio na vida da igreja.

1. Leia a introdução deste Manual de estudo. Note quais são os objetivos gerais para o estu
do deste curso. São todos importantes, mas talvez haja alguns que lhe chamem mais
a atenção. Escreva-os no seu caderno. Você já tem outros objetivos que deseja realizar
além dos já mencionados? Anote-os também no seu caderno.

2. Estude o esboço da lição e os objetivos da mesma. Estes lhe ajudarão a identificar a-


quilo que você deve aprender no estudo da lição.

3. Veja no glossário nas últimas páginas deste manual de estudo, a definição das palavras-
chave abaixo indicadas.

4. Siga o desenvolvimento da lição neste Manual de estudo, consultando a Bíblia quando ne-
cessário para responder as perguntas. Se faltar espaço neste manual de estudo para as
suas respostas, escreva-as separadamente num caderno. Anote bem o número e título
de cada lição no início da página, enumere cada uma das suas respostas para depois con
ferí-las e revisá-las com facilidade. Você se beneficiará mais deste curso se escrever
suas próprias respostas antes de procurar as respostas dadas no texto. Após escrever
sua própria resposta, verifique-a na seção de respostas no final da lição. Leia a resposta
e os comentários ali dados.

5. Responda o autoteste no final desta lição, conferindo as suas respostas cuidadosamen-


te com aquelas dadas no final deste livro. Revise bem as respostas incorretas.

Introdução à História da Igreja 15


Procurar entender as palavras-chaves que alistamos no começo de cada lição, ser-
lhe-á muito útil. Você achará as palavras-chaves alistadas em ordem alfabética e definidas
no glossário no final deste Manual de Estudo. Se você tiver dúvidas a respeito do significado
de alguma destas palavras, você poderá procurá-las agora ou quando encontrá-las.

arqueológico filósofo organísmo


encarnação fonte primária organização
equilíbrio fonte secundária racional
filosofia de vida nominal

DEFINIÇÃO DE HISTÓRIA

Produto e Processo

1. Antes de ler a próxima seção, escreva numa sentença sua definição da palavra história:
_____________________________________________________________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________________________________________________________

A sua definição deve conter a palavra passado, ou algo relacionado. É difícil


definir a palavra história porque ela tem pelo menos dois significados. Refere-se, em
primeiro lugar, a eventos ocorridos no passado. Ouve-se dizer, por exemplo, “Tudo isso
é história!” Mas a mesma palavra significa o estudo do passado. Nesse sentido, refere-
se ao processo de aprendizagem relacionado com a investigação do ocorrido, bem como
das suas causas e seu significado.

Em resumo, a palavra história pode significar aquilo que aconteceu ou a


investigação daquilo que aconteceu.

2. Associe cada aspecto da história (à direita) com a sua respectiva descrição (à esquerda):
____a) Os eventos do passado. 1. Processo
____b) A investigação dos eventos do passado. 2. Produto

A palavra história vem da palavra grega historeo. É interessante notar como esta
palavra é usada no Novo Testamento. O apóstolo Paulo usou uma forma da palavra no
seu testemunho em Gálatas 1.18: “Decorridos três anos, então subi a Jerusalém para
avistar-me (historiasia) com Cefas, e permaneci com ele quinze dias”. O contexto deste
versículo e o fato de Paulo permanecer quinze dias com Pedro, nos levam a concluir que
a sua visita não foi um acontecimento casual. A palavra grega historasi significa aprender
sobre; visitar para conhecer melhor. Paulo quis aprender mais profundamente sobre
sua nova fé.

Deve ficar clara a distinção entre os eventos do passado e a investigação dos


mesmos. A história, como evento não pode mudar, mesmo com a descoberta de novas
evidências, novas causas, ou novos significados do evento.

16 A IGREJA: DO PENTECOSTES À REFORMA


3. Vamos supor que você esteja caminhando numa floresta. Acaba de notar um bicho morto,
deitado na trilha. Fica pensando: “Um caçador deve ter atirado nesse animal”. Descobre,
porém, ao examinar o corpo do animal, que não há feridas. Então você descobre, próximo
dali, uma fonte de água venenosa. Classifique cada um dos aspectos abaixo indicados com
relação a este incidente como sendo

1. história como produto, ou


2. história como processo.

____a) Sua descoberta fortuita do corpo do bicho.


____b) A morte do animal.
____c) Sua conclusão inicial de que o animal tenha sido morto por causa da ação dos
caçadores.

A Perspectiva Cristã

O significado que você percebe nos eventos do passado está relacionado com sua
visão do mundo - sua filosofia de vida. Para muitas pessoas, a história representa apenas
uma longa lista de datas e nomes. Para outras, a história (e talvez a própria vida) carece de
sentido. Certo escritor britânico fala do “grande montão de poeira chamado história”. Um
industrial norte-americano disse: “A história é uma bobagem”. Para ambos, a história carecia
de algum valor.

Para os cristãos, a história é muito importante porque ela revela a atividade de


Deus com relação aos homens. Cremos que Deus se fez homem num determinado lugar
durante um determinado número de anos. Deus revelou sua natureza, mandando Seu
Filho Jesus Cristo para habitar no tempo e no espaço. A redenção dos seres humanos mediante
a morte e sacrifício de Jesus constitui a maior evidência do trato de Deus com os homens.

Introdução à História da Igreja 17


Quando uma pessoa passa a crer em Jesus Cristo, ela está se entregando nas mãos
dAquele que nasceu em Belém, foi criado em Nazaré, ensinou na Galiléia, e foi morto em
Jerusalém. Já que Jesus Cristo ressuscitou dentre os mortos, podemos confiar nEle nesta
vida e por toda eternidade.

A encarnação de Cristo foi o auge do movimento linear visando um alvo divino.


Vista da perspectiva cristã, a história progride de Gênesis 1.1 (“No princípio...”) até a
promessa de Cristo (“Eu voltarei”). Esta perspectiva nega a possibilidade da história
ser apenas cíclica ou repetitiva.

4. Leia João 1.1-14, especialmente o versículo 14. Segundo este trecho, qual é a importância
do estudo da história para o crente em Cristo?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

5. Suponhamos que alguém dê a entender que realmente não importa se Jesus ressuscitou
ou não dentre os mortos. Leia 1 Coríntios 15.17 e escreva a sua resposta concernente a
tal argumento.
_____________________________________________________________________
______________________________________________________________________

6. Se a ressurreição de Cristo não tivesse acontecido, como isto afetaria o evangelismo?


(Veja 1 Co 15.14).
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

Lembro-me de ter pensado, quando ainda era criança: “Os homens constróem
casas de tijolos. O tijolo é feito de barro, porém Deus fez o barro. E Deus, quem O fez?”
Agora entendo que Deus não foi criado por ninguém; Deus sempre existiu. Embora se
manifeste no tempo cronológico, Ele habita além do tempo. Segundo Isaías 57.15, Deus
vive eternamente.

A Bíblia constitui um relato inspirado da atividade de Deus neste mundo. No


Antigo Testamento, vemos a relação de Deus com a Sua criação. A história da igreja
constitui-se no relato de homens e mulheres que andavam com Deus ao longo do tempo
e do espaço. Por ser Deus Todo-Poderoso, Ele mantém o mundo inteiro sob Seu controle.
Talvez seja mais fácil perceber a mão de Deus nas coisas boas da vida do que nas ruins,
mas ambas fazem parte do plano divino. O trabalho de Deus está oculto aos seres
humanos. A parábola pronunciada por Cristo acerca do trigo e o joio (Mt 13.24-30)
contribui para explicar a colheita do bem e do mal através da história.

Veremos, na lição 2, como Deus operou, mediante o Espírito Santo, na igreja


primitiva do Novo Testamento. Em cada geração, desde então, apesar de reveses e
corrupção, o Espírito Santo tem operado na igreja. Nesse momento, Ele está operando
nos acontecimentos para honra e glória de Deus. E Deus, um dia, concluirá a história
conforme seu plano divino (1 Co 15.24).

18 A IGREJA: DO PENTECOSTES À REFORMA


7. Leia Gênesis 1.1-5 e 2 Pe 3.8. Depois compare a eternidade com o tempo.
______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________

8. Leia Efésios 1.9-10 e Romanos 11.36. À luz destes versículos e daquilo que já temos
dito acerca da mão de Deus na história, qual deve ser a atitude do cristão com relação ao
estudo da história?
_______________________________________________________________________
______________________________________________________________________

9. Baseando-se no conteúdo desta seção, identifique cada declaração como sendo


1. Certo ou
2. Errado

____a) Para o historiador cristão, o relato do passado consiste principalmente em nomes


e datas.
____b) A história da igreja é o relato da ação de Deus no tempo.
____c) O significado da história é o mesmo para o cristão e não-cristão.
____d) A história é importante para o crente porque Cristo faz parte da história.

10. Leia a definição de história que você escreveu (pergunta de estudo 1) Agora, prepare
uma nova definição dessa palavra, levando em conta o que você acaba de aprender
nesta seção. Use seu caderno para esta resposta.

DEFINIÇÃO DE IGREJA

Interna

O que significa a palavra igreja? Como já vimos com relação à palavra história,
algumas palavras possuem mais de um significado. Quando alguém diz: “Estão pintando
a igreja de branco”, está usando a palavra igreja para significar um templo ou edifício.
Se alguém diz: “A Igreja Anglicana crê em Deus”, a palavra igreja significa uma
denominação ou grupo. Quando dizemos: “A igreja se reúne, às 10:00 horas da manhã,
aos domingos”, usamos a palavra igreja para significar um culto ou uma reunião religiosa.

No título deste curso, a palavra igreja não significa um templo, uma denominação,
nem um culto religioso. Não estaremos acompanhando o desenvolvimento de um edifício,
de uma confissão de fé pessoal, ou de uma forma de culto. Estaremos descobrindo um
significado mais importante inerente à palavra igreja.

Na época neo-testamentária, a palavra igreja significava uma assembléia ou grupo.


Jesus assim usou a palavra, referindo-se a um grupo local de crentes (Mt 18.17) e ao
conjunto de todos os crentes do mundo (Mt 16.18). Embora examinemos a igreja em

Introdução à História da Igreja 19


determinado momento como sendo uma congregação local, nosso propósito principal será
examinar a igreja como corpo universal.

11. Suponhamos que uma pessoa afirme que sua igreja seja o único grupo de crentes
verdadeiros. Ela diz que o seu grupo será o único presente no céu. Qual aspecto da
igreja ela estaria negligenciando?
______________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

12. O apóstolo Paulo usou muitas figuras para descrever a igreja; uma das suas favoritas
se encontra em Efésios 1.22-23. Em que termos este trecho bíblico descreve a igreja?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________

A figura da igreja como corpo de Cristo descreve-a como um organismo. Este


organismo é um ser vivente integrado por uma grande variedade de membros,
desempenhando funções distintas, mas mutuamente dependentes. Esta figura do corpo
de Cristo proporciona o significado interno de “igreja”. Paulo desenvolve esta figura
com muitos detalhes em 1 Coríntios 12.

13 Leia 1 Coríntios 12 e descreva resumidamente o significado interno da igreja, como


o corpo de Cristo. Escreva sua resposta em seu caderno.

Externa

Além de ser vista como um organismo, a igreja é também descrita como uma
organização ou instituição. Como tal, possui uma estrutura física, forma ritual de culto,
cargos e outras características externas, que são visíveis ao mundo num sentido em que
a igreja interna ou viva não é. Nosso estudo da igreja e sua história naturalmente incluirá
os aspectos interno da igreja e bem como a sua natureza externa. Veremos a igreja como
testemunha viva e visível que mostra a ação de Deus entre os homens. Todavia, não
devemos cometer o erro de atribuir as falhas da igreja ao nosso Santo Deus.

Outros dois termos que se aplicam com freqüência à igreja são: visível e invisível.
Apesar da fraqueza destes termos, eles são úteis para distinguir aquelas pessoas que são
apenas membros nominais de um “grupo cristão” daquelas que são crentes verdadeiros,
confiando plenamente na graça de Cristo. Deus conhece o coração de todos os seres
humanos (At 1.24). Entre os integrantes da igreja visível (instituição), há alguns insinceros
que professam uma fé de aparencias. Em contraste, todos os que integram a igreja invisível
gozam de uma relação especial com Deus, mediante sua fé ativa e pessoal.

Naturalmente, num curso como este, dedicaremos bastante tempo ao exame da


igreja visível e institucionalizada. Acompanharemos sua extensão e sua relação com o
mundo secular. Por todo seu desenvolvimento, desde a encarnação de Cristo e Sua morte
e ressurreição até o tempo presente, o aspecto invisível dessa igreja tem sido ativo,
impulsionando a igreja visível a buscar reforma e renovação. De fato, a história da

20 A IGREJA: DO PENTECOSTES À REFORMA


igreja retrata a tensão entre a igreja invisível (o povo de Deus nascido do Espírito) e a igreja
visível (uma instituição humana).

14. Compare a igreja como organismo com a igreja como organização. Use o caderno
para sua resposta.

15. Quando a igreja como organização externa fracassa, não demonstrando a natureza
amorosa do seu Fundador, de quem é a culpa?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

16. Alguns estudiosos entendem a parábola do joio e do trigo em Mateus 13.24-30


como significando a igreja nos dias de hoje. Se for certa esta interpretação, o que a
parábola ensina acerca do “joio” que existe na igreja?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

17. Associe os aspectos da igreja (à direita) com as respectivas declarações acerca dela
(à esquerda):
____a) João pertence à Igreja Metodista 1. Aspecto externo da igreja
____b) A Igreja de Cristo é gloriosa 2. Aspecto interno da igreja
____c) A Igreja de Cristo existe em todas 3. Ambos
as nações e não tem falhas

O HISTORIADOR EM AÇÃO

A Evidência

O historiador tem a responsabilidade de avaliar a evidência deixada pelos eventos.


Em primeiro lugar, ele investiga e recolhe o material informativo básico. Pode consistir
no relato de uma testemunha ocular, alguma pessoa que presenciou ou participou do
evento.

Esta seria considerada a fonte primária de informação. Uma fonte secundária


consistiria num relato deixado por alguém sobre um evento baseado em suas pesquisas. Em
geral, as fontes primárias são mais valorizadas pelos historiadores do que as fontes
secundárias. O historiador usa também descobertas arqueológicas, tais como moedas,
monumentos e edifícios. Baseando-se nestas indicações, ele tenta reconstruir os eventos do
passado e determinar o que realmente aconteceu.

Ele avalia a evidência por meio de perguntas como: “Quem foi que escreveu
isto?”, ou, “Até que ponto isto é confiável?” Embora ele saiba que a informação não
está completa, continua reunindo informações para servir de base para suas eventuais
conclusões.

Introdução à História da Igreja 21


Além de fazer um levantamento da evidência do passado, o historiador procura explicar
os acontecimentos, proporcionando padrões e generalizações, comparações e contrastes,
causas e conseqüências. Sua eventual interpretação é o produto da sua própria dedicação e
imaginação. Assim, o historiador combina as técnicas e habilidades de um cientista, filósofo
e artista em sua tarefa de escrever a história.

18. Suponhamos que você deseje preparar uma história do movimento pentecostal na
sua região. Quais tipos de materiais você utilizaria?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________

19. Indique quais materiais mencionados na questão anterior se relacionam às categorias


abaixo:
a) Primária __________________________________________________________
b) Secundária _________________________________________________________
c) Arqueológica _______________________________________________________

NOTA: A sua própria lista de materiais mencionados na pergunta 18 pode diferir da


nossa; seja como for, você deve entender a razão da nossa classificação de material na
resposta à pergunta 19.

20. Você pode ter lido algum livro que diz não haver crentes pentecostais na região ou
cidade onde você mora, mas você sabe perfeitamente que há, pois tem tido contato com
tais crentes. Qual destas “evidências” é a primária, qual a secundária e qual você aceitaria
como verdadeira?
_______________________________________________________________________
______________________________________________________________________

O historiadores não podem escrever o que desejam que tenha acontecido, nem
aquilo que poderia ter acontecido. Eles devem tratar daquilo que aconteceu na sua totalida-
de. Certos eventos e períodos da história, como o declínio do Império Romano, podem
conduzir um historiador a declarar, como efetivamente fez Edward Gibbon, “A história
não passa de um registro de crimes, tolices e infortúnios”. Entretanto, o historiador cris-
tão conhece a cura. Ele entende que Deus mandou Seu Filho ao mundo num momento
específico para libertar a humanidade destes “crimes, tolices e infortúnios” (Jo 3.16,17).

21. Se alguém disser: “Eu não gosto de estudar a história porque os fatos ruíns do
passado me deprime”, que reposta você daria? Use o seu caderno.

Divisão Temporal

Muitos historiadores da igreja têm observado que a história do Cristianismo é co-


mo a túnica sem costura de Cristo. Eles querem dizer que há um fluir ininterrupto de a-
contecimentos. Um evento leva a outro. Os acontecimentos do século passado contribuem
para os da década passada. Os eventos dos últimos dez anos afetam os deste ano.

22 A IGREJA: DO PENTECOSTES À REFORMA


Com o intuito de nos ajudar a lembrar e entender os eventos, o historiador tenta
arrumá-los em blocos temporais. Os historiadores não estão de acordo acerca de quais
divisões são melhores. De fato os eventos do passado podem ser divididos
cronológicamente (segundo a ordem do seu acontecimento), geograficamente (segundo
o espaço físico) ou de modo temático (segundo seu assunto). O quadro a seguir mostra
a ordem cronológica de eventos sugerida por alguns historiadores da igreja.

Examine o índice no início deste livro. Você perceberá que as unidades de estudo
estão divididas cronologicamente. Veja os casos onde são sugeridas divisões geográficas
ou sistemáticas pelos títulos ou subtítulos das lições individuais.

NOTA: Às vezes, especialmente nos primeiros dias da igreja, é impossível estabelecer


as datas exatas de nascimento e morte das pessoas. Nesses casos, indicamos a data
aproximada com a letra “c” (indicando a palavra latina circa que quer dizer: aproximadamen-
te).

22. Associe o assunto de estudo (à esquerda) com o método mais apropriado de


organização (à direita).
____a) O movimento do tempo geral, des- 1. Método Cronológico
de os dias de Cristo até o presente. 2. Método Geográfico
____b) A expansão do Cristianismo a par- 3. Método Temático
tir de Jerusalém ou de Roma.
____c) Vários líderes da igreja primitiva.

Causa Histórica

O historiador lida constantemente com o processo de causa e efeito histórico para


formular as suas conclusões acerca do passado. Ele deve ter cuidado ao pressupor uma
relação de causa e efeito, entre dois eventos, simplesmente por haver ocorrido um deles
após o outro. Esta tendência é comum entre os seres humanos. Sabemos evitar o problema
em casos óbvios, como quando uma pessoa diz: “Saí de casa e começou a chover”; não
iríamos supor que a sua saída tivesse causado a chuva! Mas em casos menos óbvios,
erramos com freqüência neste aspécto.

O historiador deve lembrar-se de que Deus está em controle de Seu mundo, e que
Ele portanto causa ou permite os eventos históricos. Em vez de intervir de forma extraordinária

Introdução à História da Igreja 23


ou sobrenatural, Deus costuma operar através de causas físicas bastante comuns. Ele pode
utilizar uma condição econômica específica, por exemplo, para produzir um resultado
espiritual. Atos 8.1,4 nos relata, por exemplo, que os cristãos fugiram de Jerusalém por
causa de perseguição (a causa). Mas, eles levaram o Evangelho por toda parte (a
conseqüência). O historiador precisa reconhecer que pode haver várias causas contribuindo
para um só efeito ou reação. Finalmente, o historiador deve valorizar o impacto do livre
arbítrio humano sobre os eventos históricos.

23. Suponhamos que você esteja testemunhando a um indivíduo que afirme que as
pessoas se tornam crentes em Cristo por serem pobres. Como você responderia a isso?
Use o seu caderno.

24. Defina causa histórica e indique alguns dos perigos a serem evitados na
determinação das causas.
_____________________________________________________________________
_______________________________________________________________________

O EQUILÍBRIO NA IGREJA

A vida da igreja, como a vida particular de qualquer cristão, precisa de equilíbrio.


A igreja deve satisfazer as necessidades emotivas, ativas e intelectuais dos seres humanos.
O seguinte diagrama demonstra este equilíbrio:

O coração simboliza as nossas emoções. Ele é a parte invisível da nossa vida


cristã; inclui a devoção pessoal, a oração e o louvor. Pressupõe a nossa entrega a Deus
e nossa obediência ao Seu Espírito. Enfoca a nossa experiência emocional.

A cabeça é o centro do intelecto. Ela é a parte invisível da nossa fé cristã. Refere-


se à nossa mente, nossas declarações teológicas e nossa lógica. Enfoca o nosso
pensamento a respeito de Deus.

As mãos representam a ação, o nosso serviço ou labor por amor a Deus. Nossa
vida moral e nosso ministério são aspectos deste serviço. Por meio da ação, nós, os
membros da igreja, devemos demonstrar e proclamar a verdade do Evangelho.

Existe sempre o perigo de desequilíbrio quando um indivíduo salienta a sua


experiência emocional à custa do conteúdo teológico ou do serviço ativo. Semelhantemen-

24 A IGREJA: DO PENTECOSTES À REFORMA


te, há perigo de desequilíbrio para o cristão que vive pelo raciocínio, dependendo dos detalhes
da sua teologia, deixando de viver com idoneidade ou de entregar-se a Deus. Finalmente,
pode existir desequilíbrio na vida da pessoa que diz que a sua teologia e a sua experiência
religiosa com Deus importam menos que o serviço cristão que ele presta. Tal pessoa, na sua
constante atividade em benefício dos outros, não consegue atingir a vida cristã sadia e
equilibrada que Deus deseja para cada crente. Não se pode negligenciar nenhuma parte da
vida cristã; semelhantemente, nenhum elemento pode ser exagerado à custa dos outros.
Deus nos quer por inteiro! Ele deseja a nossa energia, as nossas emoções e a nossa mente.

Ao estudarmos a história da igreja, descobriremos certos indivíduos e movimentos


que exageraram ou negligenciaram um ou mais destes três aspectos da vida cristã: coração,
cabeça e mãos. Por exemplo, alguns avivamentos enfatizaram apenas o coração (as emoções)
e negligenciaram a cabeça (a doutrina ou teologia), e como conseqüência disso sofreram
prejuízo no crescimento e na eficácia da igreja. Se você conseguir reconhecer esta constante
tensão na manutenção de equilíbrio, terá a chave para a compreensão da história da igreja.

25. Suponhamos que você seja convidado para conversar com grupos de professores em
diversas igrejas. Cada grupo sofre de desequilíbrio. Combine a palavra certa (à direita)
com a área de desequilíbrio de cada grupo de professores (à esquerda).

____a) Desejam servir na igreja, mas muitos deles cri- 1. Coração


ticam uns aos outros 2. Cabeça
____b) Conhecem bem a Bíblia, mas não desejam de- 3. Mãos
dicar o seu tempo ao ensino.
____c) Comunicam aos alunos seu interesse pessoal,
mas há poucas mudanças quanto à capacidade
de compreensão da Bíblia por parte dos estudan
tes.

26. Alguns cristãos acham que devem retirar-se de todo contato com o mundo para dedicar-
se à oração, ao estudo da Bíblia e à teologia. O que está desequilibrado na vida destas
pessoas?
_____________________________________________________________________
______________________________________________________________________

Nesta lição, nós lançamos os fundamentos do nosso estudo, estabelecendo o significado


da palavra história e como a história se relaciona à nossa fé em Jesus Cristo. Estabelecemos
que a igreja é simultaneamente o corpo de Cristo e a organização física que abrange (mas
não totalmente) o organismo interno. Estabelecemos algumas regras ou critérios para a
evidência histórica, divis)ão da história e a causa histórica. Finalmente, observamos a
importância do equilíbrio entre o intelecto, a emoção e a ação. Peçamos a Deus que nos
ajude a alcançar em nossas vidas aquele equilíbrio que tanto agrada a Ele.

Introdução à História da Igreja 25


Após revisar esta lição, faça autoteste. Em seguida, compare suas respostas,
conferindo-as com aquelas que constam no final deste livro. Faça revisão de qualquer pergunta
respondida incorretamente.

RESPOSTA BREVE. Responda as seguintes perguntas de forma bem resumida.

1. Qual é a diferença entre a história como produto e a história como processo?


______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________

2. Que efeito produz na atitude do cristão perante a história o fato de Deus haver mandado
seu Filho Jesus para habitar no tempo e no espaço, durante um determinado número de
anos?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________

MÚLTIPLA ESCOLHA. Há uma única resposta correta para cada pergunta. Circule a
letra que precede a resposta correta.

3. O cristão, diferentemente do não-crente, inclui o seguinte na sua definição de história:


a) É um relato de eventos passados.
b) É um relato do trato de Deus com os homens.
c) É o estudo dos acontecimentos do passado.
d) É o tempo que se repete.

4. Um significado não-bíblico da palavra igreja é:


a) uma organização.
b) um organismo.
c) um prédio.
d) Todas as alternativas estão corretas.

5. Este curso vai enfatizar a igreja como


a) grupo universal.
b) congregação local.
c) denominação específica.
d) Todas as alternativas estão corretas.

6. Os historiadores estudam mediante uso de informações obtidas de


a) fontes primárias.
b) fontes secundárias.
c) indicações arqueológicas.
d) Todas as alternativas estão corretas.

26 A IGREJA: DO PENTECOSTES À REFORMA


7. Quando a evidência primária da história contradiz a evidência secundária, geralmente se
aceita como mais verídica
a) a evidência secundária.
b) a evidência primária.
c) nenhuma dessas evidências.
d) a evidência obtida inicialmente.

8. Associe os aspectos da igreja (à direita) com as respectivas características (à esquerda).


____a) O organismo vivo 1. Externa
____b) A natureza visível 2. Interna
____c) Estrutura organizacional
____d) A natureza invisível
____e) O Corpo de Cristo

9. Associe o adjetivo (à direita) com o respectivo método de dividir os eventos do passado


(à esquerda).
____a) Segundo o espaço 1. Cronológico
____b) Segundo o assunto 2. Geográfico
____c) Segundo o tempo 3. Temático

10. Associe os símbolos (à direita) com os aspectos da vida de um indivíduo e da igreja


considerados necessários para haver equilíbrio (à esquerda).
____a) Serviço ativo 1. Coração
____b) Experiência emocional 2. Cabeça
____c) Pensamentos intelectuais 3. Mãos

Introdução à História da Igreja 27


14. Sua própria resposta. Como organismo, 5. Se não houvesse acontecido a ressur-
a igreja é viva, ativa, crescente e repro- reição de Cristo, a mensagem cristã
dutiva. Como organização é visível, fí- careceria de sentido, a fé seria ineficaz
sica e estruturada. e a redenção impossível. Importa, sim,
que Jesus ressuscitou dentre os mortos.
1. Sua própria resposta.
19. a) Conversas com crentes mais velhos,
15. A falta de amor por parte da igreja insti- documentos preparados por líderes
tucional é culpa dos indivíduos que não b) Entrevistas com filhos da primeira
andam como devem com Deus. geração de pentecostais, artigos em
livros ou revistas sobre o assunto.
2. a) 2. Produto c) Inscrições nas lápides de túmulos
b) 1. Processo mostrando dados como: datas de nas-
cimento, morte dos crentes.
16. O joio será separado do trigo por ocasi-
ão do julgamento da parte de Deus. 6. O cristão não teria uma mensagem
de “boas novas”. O evangelismo seria
3. a) 2. (todos os elementos de um pro- impossível.
cesso não são necessariamente pre-
meditados). 20. A evidência primária seria a conversa
b) 1. com crentes na sua região; a secundária
c) 2. seria o que diz o livro. Você deve aceitar
a evidência primária como sendo verí-
17 a) 1. Externa dica.
b) 2. Interna
c) 3. Ambas 7. A eternidade e o tempo (anos) são
tão diferentes que não se pode fazer
4. Estes versículos descrevem o começo uma comparação exata. (Sua resposta
da história. O cristão crê que estes even- deve ser semelhante a esta, porém, com
tos realmente aconteceram e que for- suas próprias palavras.)
mam parte da história. A história é im-
portante para o cristão porque Cristo 21. Sua própria resposta. Poderia talvez su-
faz parte dela. gerir que o cristão sabe que o mundo
está repleto de maldade, mas Cristo mor
18. Sua resposta poderia incluir conversas reu por todo mal e pecado. Deus está
com crentes mais velhos, entrevistas operando através dos eventos da histó-
com filhos da primeira geração de cren- ria trazendo glória a Si mesmo.
tes pentecostais, documentos prepara-
dos por líderes do movimento, artigos 8. Sua atitude deve ser bem positiva por-
em livros ou revistas, inscrições nas lá- que Deus criou todas as coisas, opera
pides de túmulos documentando as da- através de todas as coisas, e completará
tas de nascimento e morte de crentes, tudo para sua glória em Cristo.
etc. (Esta lista não está completa.)

28 A IGREJA: DO PENTECOSTES À REFORMA


22. a) 1. Cronológico. 26. Sua própria resposta. Eles estão negli-
b) 2. Geográfico. genciando seu ministério a outros para
c) 3. Temático. atingir conhecimento e justiça própria.
Sua falta de amor e interesse pelos ou-
9. a) 2. tros indica que lhes falta equilíbrio entre
b) 1. as mãos e o coração.
c) 2.
d) 1.
13. A igreja é um corpo de crentes, cada
23. Sua própria resposta. Apesar do fato um deles com funções diferentes; todos
de que algumas pessoas podem tornar- eles são mutuamente dependentes sob
se cristãs por motivos econômicos, há a liderança de Jesus Cristo. Sua resposta
também indivíduos ricos que se con- deve ser semelhante.
vertem a Cristo. A pobreza não é a ú-
nica causa. As pessoas vêm a Cristo
porque sofrem, envolvidas pelo peca-
do, e somente Cristo é a solução.

10. Sua resposta deve declarar que a histó-


ria é o relato do trato de Deus com os
homens no tempo e no espaço. O trato
de Deus é exemplificado pela redenção
oferecida por Jesus Cristo.

24. A causa histórica exige a determinação


dos eventos ou circunstâncias que pro-
duziram outros eventos ou resultados.
Não se devem tirar conclusões precipi-
tadas; lembre-se de que Deus controla
tudo e que as causas podem ser múlti-
plas, valorize o impacto do livre arbí-
trio dos seres humanos.

11. Ela negligencia o aspecto universal por


que a igreja é composta de crentes de
todos os grupos.

25. a) 1. Coração
c) 3. Mãos
b) 2. Cabeça

12. A igreja é o corpo de Cristo.

Introdução à História da Igreja 29

Você também pode gostar