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OBADIAS (Justiça Poética)

Esse é o livro mais curto do Primeiro Testamento, com seus 21 versos.


Se a pessoa folhear as páginas da bíblia com muita rapidez é capaz de passar
pelo livro sem o perceber. A sua pequena dimensão literária somada à sua
mensagem primária de condenação e julgamento e pelo fato de não ser citado
em nenhum livro do Segundo Testamento pode explicar o fato de que é pouco
pregado e pouco conhecido dos leitores bíblicos evangélicos. Todavia, sua
mensagem merece toda atenção e estudo, pois faz parte integrante da
revelação especial de Deus e se constitui em uma trombeta poderosa sobre a
justiça de Deus. Assim como a justiça divina haveria, e de fato foi exercida
contra Edom, assim o será também sobre todas as nações, povo e línguas no
dia do juízo final. O julgamento contra Edom é mencionado em mais livros do
Antigo Testamento do que é contra qualquer outra nação estrangeira Egito,
Assíria e Babilônia (cf. Is 11.14; 34.5-17; 63.1-6; Jr 9.5-26; 25.17-26; 49.7-22;
Lm 4.21-22; Ez 25.12-14; 35; Jl 3.19; Am 1.11-12; 9.11-12; Ml 1.4).
A curta e contundente mensagem de Obadias se constitui na síntese de
toda mensagem profética da Bíblia em seus dois Testamentos. Ele fala sem
qualquer subterfugio do julgamento de Deus sobre os inimigos do povo de
Deus, de ontem e de hoje, como pode ser visto diariamente nas mídias. Mas
também aponta para a porta da graça de Deus para todos aqueles que
arrependidos se voltarem para Ele. Essa dupla mensagem de juízo e graça,
estão entretecidos em toda mensagem profética.
A sua mensagem tem abrangência mundial pois fala do terrível perigo do
orgulho e arrogância, aquele sentimento de superioridade que muitas vezes
resulta de tirar vantagem dos outros. A mensagem de Obadias é a ilustração
grafica em escala mundial da verdade de Provérbios 16.18: "O orgulho vem
antes da destruição, um espírito altivo antes da queda".
Título
Em sua obra de introdução ao Primeiro Testamento, Henry Swete divide
em três tipos ou classes os títulos dos livros bíblicos: o primeiro grupo são
aqueles que são nominados com a primeira palavra ou palavras do livro
(Gênesis - Deuteronômio,1 Provérbios, Lamentações); um segundo grupo são

1
É preciso lembrar que os gregos em sua versão do Pentateuco não seguiram a tradição
hebraica, mas optaram por nominar esses livros em conformidade com seu conteúdo.
aqueles que recebem o nome de seu personagem principal ou suposto autor
(Josué, Juízes, Samuel, Reis, Isaías e os outros Profetas, Jó, Rute, Ester,
Daniel, Esdras); e um terceiro grupo de livros é identificado pelo seu conteúdo
(Salmos, Cântico dos Cânticos, Crônicas).
O título deste livro, nas cópias Hebraicas, usualmente é "Sepher
Obadiah - o Livro de Obadias”;2 na Vulgata Latina é denominado de “A Profecia
de Obadias”, e assim também na versão Arábica; na versão Síria está, “A
Profecia de Obadias o Profeta”. Na Bíblia Hebraica a profecia de Obadias
ocupa o quarto lugar entre o grupo denominado “Os Doze”, logo após Amós e
antes do livro de Jonas. Mas na Septuaginta a profecia segue o livro de Joel e
precede a profecia de Jonas (CRABTREE, 1971, p.63). A nossa versão em
português segue a ordem da Bíblia Hebraica.
Autoria
O livro recebe o nome de um profeta desconhecido de Judá identificado
pelo nome de Obadias3 (1.1). Além deste profeta, podemos encontrar ao
menos mais doze homens chamados Obadias, do qual se destaca com certeza
aquele piedoso e crente mordomo4 do palácio de Acabe e Jezabel, que com
risco da própria vida escondeu e sustentou por muito tempo cem profetas de
Deus ameaçados pela perversa rainha de Israel (1 Reis 18.3). Nada mais é
conhecido sobre sua cidade ou família. O fato que seu pai não é especificado

2
Apenas com o nome )‫“ (עבדיה‬Obadiah”, pode ser encontrado no Texto Massorético da obra-
padrão Biblia HebraicaStuttgartensia.
3
Obadiou (na Septuaginta) ou Obdias (na Vulgata Latina) ou Abdias (em várias traduções em
português) que quer dizer “Adorador de Jeová”. O nome era muito comum não só entre os
israelitas, mas também entre os demais semitas.
4
“Flávio Josefo o identificou com o profeta canônico do mesmo nome, mas, infelizmente, não
podemos confirmar esta identificação, uma vez que Obadias, o profeta canônico, viveu mais ou
menos um quarto de século depois do Obadias do tempo de Acabe, segundo a cronologia
adotada por alguns estudiosos do Velho Testamento” (FALCÃO, 1965, p.32). Nos comentários
judaicos também não há um consenso: Seder Olam Zuta o coloca no reinado de Josafá; outros
sugerem que Obadias foi um dos príncipes que ele enviou para ensinar o povo (2Cr 17. 7) e
tem aqueles que concluem que esse Obadias é o mesmo que viveu nos tempos do rei Acabe,
e que protegeu os profetas da ira do rei, que seria também o marido da viúva que Eliseu fez o
milagre da multiplicação do azeite (2 Reis 4), visto que ele havia morrido enquanto em serviço
do rei Acabe, e sua viúva ficou então numa situação de penúria financeira. Mas tudo são
apenas conjecturas, visto que não há nenhuma evidência concreta para tais afirmações. Por
fim, com base no significado de seu nome "Servo de Yahweh" ele é considerado por alguns
como o caso de Teófilo “Amigo de Deus” de Lucas (1.1-4 e Atos 1.1,2), visto que alguns
defendem que Teófilo pôde ter sido um nome literário usado por Lucas para identificar os seus
leitores, que deveriam ser também amigos de Deus, desta forma, Obadias também se
constituiria não em uma pessoa real, mas deveria ser visto como uma “figura” do crente
israelita. Suas palavras, atitudes, e ações deveriam ser nossas palavras, atitudes, e ações
(GILL,1819, p. 563).
sugere que ele não fazia parte de nenhuma linhagem real ou sacerdotal. Pela
leitura do livro percebe-se que era “homem de profundas convicções, firme,
piedoso e patriota, convencido de que, em última análise, Deus era o supremo
condutor dos negócios humanos” (FRANCISCO, 1969, p. 115).
Data:
É o livro mais curto da Bíblia, contendo unicamente 21 versos, mas é
com certeza um dos mais difíceis de ser datado com precisão. Datas que vão
de 889 a 312 a.C. têm sido apresentadas e defendidas por diversos estudiosos
para a sua redação final. Os estudiosos conservadores vão do reinado de
Jeorão, filho de Josafá (848-841 a.C.), até 585, logo depois da destruição de
Jerusalém pelos Caldeus. Os estudiosos liberais em sua grande maioria têm
preferência por 585 como sendo a data da composição. Há ainda uma pequena
minoria que tendem a dividir a obra em várias fontes distintas5, tendo partes
sido escritas durante o Exílio ou pouco depois da queda da Babilônia em 539
a.C. Entretanto, tem se mostrado inócuo este esforço por total falta de
evidências claras de que uma obra tão diminuta tenha sido escrita por vários
autores em períodos tão diferentes da História, como argumenta sensatamente
Gleason Archer em seu comentário:
“Parece surpreendente que uma obra tão curta tivesse sido
dividida entre vários autores pelos críticos das fontes, mas sua
metodologia é essencialmente a mesma que empregam na
dissecação dos livros maiores do Antigo Testamento. Este
esforço se faz na base de conhecimentos muito imperfeitos de
acontecimentos antigos, procurando vincular as mais vagas
referências aos acontecimentos contemporâneos às
conhecidas condições históricas de cada período sucessivo,
operando segundo o princípio que não existe a profecia
verdadeira, mas apenas o vaticinium ex eventu (uma predição
depois do acontecimento). Em outras palavras, o que se chama
profecia previsível não seria mais do que um registro daquilo
que já aconteceu” (1979, p. 340-341).

5
“Pfeiffer atribui os versículos 1-14 a um contemporâneo de Malaquias; os versículos 16-18 a
escritor de meio século depois; e os versículos 19-21 teriam sido escritos na primeira parte do
século quarto a.C.” PFEIFFER, J. B. Introduction to the Old Testament, ed. Haper and
Brothers, Nova Iorque, 1941. “ E. Sellin pensa que os versículos 1-10 foram escritos no século
nono a.C.; 11-14 por um escritor no exílio; e 15-21 por um contemporâneo de Malaquias. A
tendência dos críticos modernos e de que o livro, na sua forma presente, é obra do profeta
Obadias. ROWLEY, H.H., (editor), The Old Testament and Modern Study, ed. Clarendon
Press, Oxford, 1951”. Citados por CRABTREE, A. R. Op. cit., p. 63.
O ponto crucial desta polêmica esta centralizada nos versos 11 a 14,
onde o profeta faz alusão a uma grande calamidade que sobreveio à
Jerusalém, quando foram invadidos e saqueados por hostes estrangeiras, e os
edomitas valendo-se da oportunidade, agiram impiedosamente contra seus
irmãos israelitas, aprisionando os fugitivos e vendendo-os como escravos a
outros povos. A pergunta que se deve responder é: quando se deu esta
catástrofe?
Conforme o quadro ao lado, podemos perceber que a história bíblica
registra ao menos quatro grandes pilhagens estrangeiras sofridas por
Jerusalém, além da realizada pelo exército de Israel (Reino do Norte), quando
Joás governava Judá (2 Crônicas 24:23-24).
Sendo os edomitas o ponto convergente, sabemos que eles estiveram
envolvidos mais diretamente em apenas duas destas pilhagens, as de 845 e
586. Na primeira (926 a.C.) os edomitas ainda estavam enfraquecidos pela
grande derrota infligida a eles por Davi (I Sm.14:47; 2 Sm.8:14). A última (586
a.C.)6 não encontra ressonância na profecia registrada, como muito bem coloca
Falcão (1965, p 35-36)7:
Utilizando um processo de eliminação podemos deduzir qual
seria a data mais conciliadora com a narrativa do profeta: 1)
Obadias não mencionou a destruição do templo de Jerusalém,

6
“Há quem afirme que Obadias fez alusão à entrada dos Caldeus e que, por isso, foi um
profeta pós-exílio, isto é, viveu depois do cativeiro do povo judeu na Babilônia. Aqueles que
assim pensam dizem. Há indícios, no Velho Testamento, de amargas rivalidades entre Edom e
Israel, no período do cativeiro babilônico, isto é, existem passagens paralelas a Obadias, que
foram escritas no exílio dos judeus na Babilônia (Ezequiel 25.12-14; 15.1-5; Lamentações 4.21;
Salmo 137.7)” (CRABTREE, 1971, p.35).
7
Ellisen ainda acrescenta. o livro foi colocado na primeira parte do cânon pelos hebreus; o
desastre referido por Obadias não alcançou necessariamente a dimensão de uma destruição
completa e exílio. Foi simplesmente uma pilhagem; um profeta não citaria outro anterior quase
integralmente (Jr 49.7-22), caso o profeta não tivesse existido (1991, p. 294). Jerome faz dele
um contemporâneo com o Oséias, Joel, e Amos. E seu argumento em favor desta visão é de
que Jeremias preferencialmente haveria de inserir extratos das profecias de um profeta
precedente do que de um contemporâneo. Ainda um outro argumento interessante é apontado
por Keathley IV. “As proposições imperativas dos versos 12-14 são jussivas as quais nunca
fazem alusão a alguma coisa no passado. Deste modo, estes imperativos seriam inapropriados
em 586 a.C. se a cidade foi apenas invadida para ser pilhada. (O autor podia estar usando o
jussivo para dar uma apresentação vívida do pecado de Edom.)”. Outros que defendem esta
posição: C. F. Keil, "Obadiah," in The Twelve Minor Prophets, 1.341-49; Walter L. Baker,
"Obadiah," in The Bible Knowledge Commentary. Old Testament, p. 1454; Hobart E. Freeman,
An Introduction to the Old Testament Prophets, p. 136; Archer, pp. 299-303; Leon J. Wood, The
Prophets of Israel, pp. 262-64; Eugene H. Merrill, Kingdom of Israel. A History of Old Testament
Israel, p. 382; Walter C. Kaiser Jr., Toward an Old Testament Theology, p. 186; Edward J.
Young, An Introduction to the Old Testament, p. 277; Charles H. Dyer, in The Old Testament
Explorer," pp. 765-66.
ocorrência essa que jamais teria deixado omissa na sua
profecia, se, realmente, a invasão de que falou tivesse sido a
dos babilônicos. 2) As nações mencionadas no livro de
Obadias não são as mesmas do período babilônico. 3)
Jeremias, profeta do período babilônico, citou Obadias
8
(Jeremias 49). 4) O profeta Amós, do Reino do Norte,
contemporâneo de Jeroboão II, profetizou contra Edom de
modo bem semelhante a Obadias (Amós 1.11). 5) Observa-se
no livro a ausência de expressões aramaicas, fato que não
deveria ter acontecido, se o livro tivesse sido escrito no período
babilônico, quando a língua aramaica já estava suplantando a
hebraica. 6) Quando o profeta descreve a reocupação da
Palestina, não faz nenhuma menção às terras de Judá,
subentendendo-se que já estavam ocupados pelos judeus,
tornando impossível a opinião de que o autor viveu no período
do cativeiro babilônico.
Dentro deste processo de eliminação, a segunda invasão é aquela que
se encaixa mais adequadamente na referência de Obadias.9 Por este motivo é
preferível localiza-lo logo depois de 845 a.C., conforme o quadro cronológico,
que expressa minha opinião, tempo em que os assírios começavam a
incomodar mais acentuadamente a nação israelita.10
Há aqueles que preferem uma data mais posterior11 e ainda alguns que
colocam Obadias até mesmo além do cativeiro babilônico. Entretanto, o total

8
Há quem conteste e diga que o trecho de Obadias citado em Jeremias não pertence a
nenhum dos dois profetas, mas foi escrito por um autor desconhecido de que lançaram mão,
primeiro Jeremias e depois Obadias. Entretanto, esse ponto de vista não passa de hipótese,
carecendo de provas conviventes.
9
“Precisamos, portanto, procurar o registro dalguma ação militar incluindo uma tomada de
Jerusalém sem envolver sua destruição total; uma luta na qual os edomitas pudessem, com
toda a probabilidade, ter tomado parte (o que é improvável na época da destruição da cidade
em 587). O único episódio registrado que se enquadra nas condições certas, parece ser esta
invasão ocorrida durante o reinado de Jeorão” (ARCHER, 197, p.338-339).
10
“Obadias profetiza contra Edom em conexão com invasão #2 ou #4. Se a primeira, este livro
é o mais antecipado dos profetas da escrita (ver 2 Reis 8.20 e 2 Cron. 21.16-17; então ver Joel
3.3-6 comparando com Obadias 11-12 e o uso de Obadias 1-9 na passagem de Jeremias 49.7-
22 suporta bem a data mais antecipada)” (RYRIE, 1978, p. 1415). Assim, entendem também
Delitzsch, Keil, Kleinert, Orelli e Kirkpatrick (ARCHER, 1971, p. 338). “A evidência interna
parece suportar a data antecipada de 845 a.C. (Keil, Hailey). Eu aceito a data antecipada, que
é em cerca de 845 a.C.” (COPELAND, s/d - Edição Eletrônica - www Executable
Outlines.com).
11
Francisco defende a data mais avançada. “A favor da data posterior, 586, milita o fato de que
a referência a desgraças e calamidades naturalmente se aplicaria à destruição total de
Jerusalém, por Nabucodonosor, em 583 a.C. Há ainda uma ideia adicional de que a
animosidade amarga entre os israelitas e edomitas data da destruição de Jerusalém ou do
exílio, visto como as passagens paralelas contra Edom e contemporâneas a esta data se
encontram em Lm.4.21; Ez.25.12-14; 35.1-15; Sl.137.7. Outro argumento a favor de uma data
desterro dos edomitas de suas cidades encrostadas nas imensas montanhas
de Seir ocorreu muito tempo depois do cativeiro da Babilônia.12 Seguindo este
raciocínio, Obadias teria vivido após o encerramento do cânon hebraico, e, por
conseguinte nada teria profetizado, mas apenas registrado um fato histórico,
como o faria um cronista de plantão. Mas como realça Stanley Ellisen: “A
profecia de Obadias foi uma ‘visão’ do Senhor (1.1), não uma reafirmação de
uma profecia antiga” (ELLISEN, 1991, p. 294). Percebe-se em vários
comentaristas bíblicos uma postura racionalista e grande dificuldade em lidar
com o sobrenatural das Escrituras.
Mensagem do Livro:
Podemos extrair várias lições importantes e relevantes deste opúsculo
literário, mas uma extraordinária mensagem profética. Alguns comentaristas
bíblicos têm menosprezado esta mensagem, alegando que sua inclusão ao
cânon é devida apenas pela intensa polêmica antiiduméia do primeiro século
da era cristã. Mas como é muito bem asseverado por William S. Lasor (1999, p.
404)13.
“Esta avaliação negativa não pode responder pela preservação
desse livro nem de nenhuma outra profecia antiedomita. Em
Obadias, assim como em Ester e em outros livros semelhantes,
não estamos lidando com nacionalismo estreito. Algo mais
profundo e significativo no campo teológico deve ser
encontrado para justificar a canonização e a preservação da
obra”

mais recente é o fato de que a invasão de 845 não é mencionada no livro de Reis, mas no de II
Crônicas 21.16. Isto nos levaria a raciocinar sobre a importância a ser dada à referência de II
Crônicas. Poderia tratar-se apenas de uma refrega fronteiriça e nada mais, pois nada se diz a
respeito de uma invasão de Jerusalém. Finalmente, tanto Obadias como Jeremias capítulo 49
podem ser citações de um antigo profeta. Mesmo que as evidências sejam mais ou menos
contrabalançadas, a incerteza da citação de II Crônicas favorece uma data mais recente para
este livro” (1969, p.116). Outros que defendem esta data: Douglas Stuart (Hosea-Jonah, pp.
403-416); Thomas J. Finley (Joel, Amos, Obadiah, p. 340-342); Billy K. Smith, "Obadiah," in
(Amos, Obadiah, Jonah, p. 172); David W. Baker (Obadiah, Jonah, Micah - An Introduction and
Commentary, p. 23); Carl E. Armerding, "Obadiah," (Daniel-Minor Prophets, vol. 7 of The
Expositor's Bible Commentary, p. 337); Frank E. Gaebelein (Four Minor Prophets [Obadiah,
Jonah, Habakkuk, and Haggai] - Their Message for Today, pp. 13, 28); G. Herbert Livingston,
"Obadiah," (The Wycliffe Bible Commentary, p. 839); Roland K. Harrison (Introduction to the Old
Testament, pp. 898, 902); John Bright (A History of Israel, p. 417); Robert B. Chisholm ("A
Theology of the Minor Prophets," in A Biblical Theology of the Old Testament, p. 418).
12
Francisco sugere 312 a.C., e ainda ele informa que no ano 70 d.C. o Imperador Romano Tito
destruiu tanto os edomitas (idumeus) como os próprios israelitas, desaparecendo por completo
aqueles da historia humana. (1969, p.117).
13
Refutando argumento de Soggin: A. Introduction to the Old Testament, v.2, 1961, p. 341.
- Logo no verso 4 encontramos uma esplêndida figura poética que trás um
solene aviso à todos aqueles, em todos os tempos, que tem se escorado na
violência produzido pelo pseudo poder bélico e modernamente falando, o poder
econômico – não importa o quão alto possam se colocarem – “dali te derribarei,
diz o Senhor”.
- No verso 10 temos um alerta para que sejamos cuidadosos quanto ao nosso
procedimento para com o nosso irmão e/ou semelhante. Apesar de terem
parentesco (descendiam dos dois irmãos Jacó e Esaú), Edom não demonstrara
qualquer senso recíproco de relação fraternal. Lembremo-nos de que a
maneira com que tratamos o nosso irmão está intimamente relacionado com a
maneira com que tratamos a Deus (cf.1 Co.8.12).
- No verso 12 nos ensina que não podemos nos alegrar com a queda de
nossos inimigos (cf. Pv. 24.17-18), pois este comportamento não é o que Deus
espera de seu povo.
- Mas ainda que a maldade humana se multiplique abundantemente e traga em
seu bojo a morte, a graça salvadora de Deus continua sempre providenciando
a solução definitiva. No verso 17 o profeta aponta para o Monte de Sião como
um lugar de refugio e salvação – “Mas, no monte Sião, haverá livramento”; o
autor de Hebreus (12.22-24) identifica Jesus Cristo como sendo o nosso Monte
de Sião: “a cidade do Deus vivo”; “a Jerusalém divina”. Certamente esta
realidade escatológica é apenas para aqueles que obedecerem ao Evangelho
de Cristo!
- No verso 15 temos mais uma séria advertência para os pecadores de ontem,
hoje e de sempre, de que o Senhor haverá de retribuir a cada um conforme
aquilo que tenha feito, pois “como tu fizeres, assim se fará contigo”. O próprio
profeta tinha plena consciência, e os demais profetas o confirmariam
continuamente, de que os terríveis acontecimentos futuros de Judá, seriam
consequência de sua continua rebeldia e infidelidade para com o Senhor. E
ainda que não poucos fiquem horrorizados com a forma implacável com que
Obadias pronuncia a sentença contra os edomitas, ele nunca foi uma voz
dissonante, mas esteve sempre na companhia dos demais profetas canônicos
e na companhia do Senhor Jesus Cristo, no que concerne à condenação
severa do pecado e da crueldade. Para aqueles que não fazem uma teologia
dicotômica não há qualquer incompatibilidade entre a verdadeira justiça e o
amor.
- Ainda no mesmo verso 15 temos uma das mais preciosas expressões da
escatologia bíblica – “o Dia do SENHOR” – uma expressão frequentemente
utilizada para se referir ao julgamento de Deus sobre as nações.14 Aqui
inicialmente usada por Obadias, mas que vai se expandindo na mesma
proporção da revelação progressiva. Ainda que este "dia do Senhor" de que
Obadias escreveu foi manifestado na destruição de Edom, na perspectiva
escatológica a manifestação plena do "dia do Senhor" ainda esta por vir. E
este julgamento de Deus sobre as nações é tão somente uma sombra e/ou tipo
daquele grande e terrível dia do Senhor em que o mundo inteiro será julgado
(cf. 2 Pe 3.7-13). Obadias esta contemplando ou relembrando o desastre que
tinha ocorrido na cidade de Jerusalém, empreende uma revisão deste terrível
acontecimento, então a partir deste ponto proclama o juízo de Deus sobre
todas as nações, e para Edom em particular.
- Mas como em toda profecia bíblica, não há uma perspectiva fatalista, ao
contrário, sempre haveremos de encontrarmos um grito de esperança e fé
como este no verso 21 “o Reino será de Jeová”, que é a tônica maior de toda
escatologia bíblica desde seu princípio até a sua conclusão. “O povo de Deus
nunca duvidou que Jeová estava controlando os acontecimentos como Rei (...)
o povo de Deus sempre aguardou a plena expressão e reconhecimento de Seu
governo soberano” (DAVIDSON, 1963, p. 870). Muitos séculos depois, o
apostolo João arrebatado da ilha de Patmos e transportado para a esfera
celestial, ouve as tremendas vozes do céu em ressonância ao toque da
trombeta do sétimo anjo – “O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e
do seu Cristo, e ele reinará [o reino será do Senhor] para todo o sempre”
(Ap.11:15).
Cristologia em Obadias:
Cristo é visto em Obadias como o Juiz das nações (15-16), o Salvador
de Israel (17-20), e o Soberano do reino (21). “Historicamente falando, foi

14
“A expressão dia é frequentemente usada dessa maneira para denotar a ocorrência de sorte
boa ou má, em conexão com algum lugar ou pessoa”. (...) “O dia do Senhor é um dos grandes
temas do Antigo Testamento. Seu caráter é salientado e não tanto sua ocasião exata, embora
se trate do desenlace final da história, e geralmente seja referido como iminente” (DAVIDSON,
1963, p. 869- 870).
somente através de um único israelita fiel, Jesus Cristo, ‘o Leão da tribo de
Judá’ (Ap.5.5) – que os propósitos salvadores de Deus foram realizados. Por
Sua morte, porém, o Cristo de Deus haveria de ‘reunir em um corpo os filhos
de Deus, que andavam dispersos’ (João 11.52); e, nos propósitos de Deus, o
Israel espiritual. Seu povo escolhido estará afinal completo em todas as suas
tribos. Será a nação plenamente restaurada dos filhos de Israel que, como
fogo, consumirão a casa inteira de Esaú” (DAVIDSON, 1963, p. 870).
Esboço:15
I. A Sentença de Edom (vv.1-16)
1. A Certeza da Derrota (vv.1-9)
2. O Motivo da Derrota (vv.10-14)
3. O Caráter da Derrota (15-16)
II. O Livramento de Israel (vv.17-21)
1. O Triunfo de Israel (vv. 17-18)
2. As Possessões de Israel (vv.19-20)
c. O Estabelecimento de Israel (v.21)

RESUMO DO LIVRO

Texto: 1 Capítulo

Tempo: Provavelmente nos dias do reinado de


Jeorão, rei de Judá (853/845 a.C.).

Resumo: O profeta tem ao menos dois objetivos


principias: 1) Anunciar a destruição final
de Edom devido à sua violência e
vingança insaciável contra Israel, povo
de Deus; 2) Reafirmar o triunfo final no
monte de Sião no “Dia do Senhor”,
quando Israel possuirá a terra de Edom.
A “cidade inacessível” não será o monte
Seir, mas o Monte Sião.

Palavras Julgamento de Edom. Combinadas,

15
Este esboço foi elaborado por S. E. Mc Nair, citado por. FALCÃO, 1965, p. 41.
Importantes Edom e Esaú ocorrem nove vezes.

Versos 1:10. “Por causa da violência feita a teu


Centrais: irmão Jacó, cobrir-te-á a vergonha, e
serás exterminado para sempre”.
1:15. “Porque o Dia do SENHOR está
preste a vir sobre todas as nações; como
tu fizeste, assim se fará contigo; o teu
malfeito tornará sobre a tua cabeça”.
1:21. “Salvadores hão de subir ao monte
Sião, para julgarem o monte de Esaú; e
o reino será do SENHOR”.

Utilização livre desde que citando a fonte


Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
me.ivanguedes@gmail.com
Outro Blog
Historiologia Protestante
http://historiologiaprotestante.blogspot.com.br/

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Referências Bibliográficas
ARCHER, Gleason L. Merece Confiança o Antigo Testamento? Ed. Vida
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