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Bíblia e

Ciência
um falso conflito

THOMAS BLACK WILSON


Ciência e Bíblia - Thomas WIlson

Título: BÍBLIA E CIÊNCIA—UM FALSO CONFLITO


Autor: THOMAS BLACK WILSON
Revisão de texto e edição: SÉRGIO MATOS
Data de publicação: 2015

© ICM-CASA DA BÍBLIA
Todos os direitos reservados. Probida a reprodução, no todo ou em parte,
sob qualquer forma e em qualquer tipo de suporte, sem prévia autorização.

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Ciência e Bíblia - Thomas WIlson

Prefácio 4
I - Existe um conflito entre Bíblia e Ciência? 6
II - A Bíblia é cientificamente exata 10
II.1 - O universo não é eterno 11
II.2 - O número das estrelas não pode ser contado 12
II.3 - Os céus não podem ser medidos 13
II.4 - Cada estrela é diferente de todas as outras 13
II.5 - A terra é redonda 14
II.6 - A terra faz rotações 15
II.7 - O sol não está parado 16
II.8 - A terra está suspensa no espaço 17
II.9 - A terra está calibrada com exatidão 17
II.10 - O ciclo da água 18
II.11 - As correntes nos oceanos 19
II.12 - O papel desempenhado pela mulher na reprodução 20
II.13 - A vida humana depende do sangue 20
II.14 - A higiene e o saneamento são importantes 21
II.15 - O dia em que os bebés devem ser circuncidados 23
II.16 - A alegria promove saúde 23
III - A Bíblia favoreceu o surgimento da ciência moderna 25
IV - O “deus das lacunas” e o Deus da Bíblia 31
IV.1 - O Deus da Bíblia é eterno 31
IV.2 - O Deus da Bíblia é infinitamente superior a todos os outros 31
IV.3 - O Deus da Bíblia é a fonte de todo o conhecimento e sabedoria32
IV.4 - O Deus da Bíblia é o todo-poderoso 32
IV.5 - O Deus da Bíblia é o Criador de todas as coisas 32
IV.6 - O Deus da Bíblia sustenta todas as coisas 32
IV.7 - O Deus da Bíblia dá a vida 33
V - Milagres acontecem 34
VI - A criação e a evolução 36
VII - Conclusão 47
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Prefácio

Ouvi, certa vez, com perplexidade, um paciente


perguntar-me: como poderia um médico acreditar no que
a Bíblia dizia? Ele sabia que eu era membro de uma
igreja evangélica no Brasil. Respondi-lhe que tinha muito
orgulho de ser o que era e que não observava
incompatibilidade alguma entre os conhecimentos
científicos encontrados nos tratados de Medicina e os
ensinos contidos na Bíblia.
Com efeito, embora eivada de lamentável equívoco, a
indagação daquele paciente expressaria opinião geral de
que entre médicos, cientistas ou eruditos haja justificado
ceticismo em relação a assuntos ligados à fé. Tudo
marcado pelo estigma de que a ciência confronta a fé e
de que a Bíblia não é digna de confiança.
Tais aforismas têm afastado muitos da verdadeira fé,
impedindo que as sintam em suas mentes as verdades
bíblicas e percebam, em seus corações, os benefícios
que a graça salvadora de Cristo produz.
A agradável responsabilidade e a elevada distinção de
prefaciar esta singela obra ensejou-me oportunidade
ímpar de ler esta coletânea. Depois de fazê-lo
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atenciosamente pude constatar que os conhecimentos


aqui transmitidos refletem uma abordagem madura e
incisa sobre um tema tão apropriado para os nossos dias.
Estou certo de que Deus fará prosperar os resultados
deste trabalho e coroará de êxito o esforço do seu autor.

Eduardo Rosetti
Médico formado pela
Universidade Federal do Espírito Santo/Brasil em 1985

Especialista em Cirurgia Geral e Coloproctologia

Membro Titular da Sociedade Brasileira de Coloproctologia

Pastor da Igreja Cristã Maranata

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I - Existe um conflito entre Bíblia


e Ciência?
Nos nossos dias é comum encontrar pessoas que pensam que
existe um conflito sério entre a ciência e a Bíblia. Alguns
afirmam que a Bíblia, por ser um livro antigo, reflete
automaticamente um ponto de vista do universo que é pré-
científico e cientificamente inexato. Por esse motivo, dizem que
somos desafiados a escolher entre os factos da ciência e os
mitos da Bíblia.
Fundamentalmente há três razões para este “conflito” entre a
ciência e a Bíblia. Em primeiro lugar, historicamente, desde a
Idade Média, a igreja tem-se sentido ameaçada pela ciência,
considerando-a sua inimiga. Por isso a igreja tem tido
tendência a opor-se às descobertas científicas, receando que a
ciência vá destronar Deus da sua posição no universo. Tem
havido tendência de considerar os cientistas como
“revolucionários teológicos” ou “perturbadores”. Esta opinião
negativa sobre os cientistas surgiu no tempo da Renascença,
quando as pessoas começaram a redescobrir a filosofia e a
arte dos gregos antigos e a pensar por si próprias. Este espírito
de liberdade encorajou muitos a questionar a autoridade do
estado e da igreja. O sistema feudal chegou ao fim. A Reforma
Protestante surgiu nesta altura. A ciência moderna nasceu.
Atribui-se a Galileu o nascimento da ciência.
Foi este astrónomo que confirmou a ideia de Copérnico de que
a terra não era o centro do sistema solar, o que ia contra aquilo
que a igreja acreditava naquele tempo. O sol é o centro e os
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planetas giram à volta dele. Isto fez com que ele entrasse em
conflito com a igreja católica romana. Foi julgado pela
Inquisição, obrigado a retratar-se e permaneceu preso durante
oito anos.
Desde então a igreja deveria ter aprendido a conviver melhor
com a ciência, mas o medo do desconhecido continua a
alarmar muitos que não conhecem as verdades da Bíblia, nem
o Deus nela revelado.
Em segundo lugar, muitas vezes livros escolares e
documentários, que se apresentam como sendo científicos,
chamam a atenção para o conflito entre as verdades modernas
da ciência e as verdades bíblicas do passado. Este modo
popular de apresentar a ciência é normalmente da
responsabilidade de pessoas que creem que a teoria da
evolução de Darwin destrói, de uma vez para sempre, toda a
ideia de um Deus criador ou sustentador do universo.
Muitas vezes, de modo subtil, em vez de falar da criação, que
obviamente implica um Criador, falam da Mãe Natureza como
se ela fosse uma realidade por detrás de tudo que se passa no
mundo físico. O que nem sempre é entendido pelas pessoas
que leem estes livros e veem estes documentários é que essas
apresentações da realidade não são fidedignas, mas
distorcidas, sendo feitas por pessoas que têm feito da ciência
uma religião moderna. Isto acontece quando as pessoas usam
a ciência para confirmar aquilo que vai para além da esfera da
ciência. Assim, misturam a ciência moderna com as suas
superstições quanto à origem de tudo, dos valores humanos e
do destino do homem. Não diferenciando entre os factos
científicos e as suas presunções, apresentam tudo como se
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fosse ciência, mas não passa de facto de pseudo-ciência.


Deste modo, estas pessoas não se limitam aos factos
científicos, mas procuram distorcê-los para difundir a sua
religião, com todo o zelo de novos convertidos. No processo,
procuram ridiculizar e minar a fé cristã em nome de ciência, o
que é errado do ponto de vista ético.
Em terceiro lugar, alguns cristãos fundamentalistas também
são responsáveis pelo facto de a ciência moderna ser vista
como a grande inimiga da fé cristã. Em vez de tomar uma
posição bíblica quanto às verdades importantes, agarram-se
infelizmente a posições teológicas que, muitas vezes, não têm
a menor base bíblica. Além disso, tentam apresentar-se em pé
de igualdade como os cientistas, debatendo a ciência que
muitos deles nunca estudaram. Para poderem defender a fé
cristã dos ataques dos ateus, armados de argumentos
científicos, fecham as suas mentes e recusam-se
teimosamente a aceitar dados científicos que são irrefutáveis.
Orgulham-se do seu entendimento “científico” das coisas,
baseando-se no relato da criação em Génesis, o qual torcem
para poder caber dentro da sua camisa-de-forças teológica.
Nunca entra nas suas cabeças que talvez o relato da criação
não seja científico, mas um relato na língua do homem comum,
e que Deus não está a dar uma aula teórica sobre como fez o
universo, mas apenas querendo comunicar algumas verdades
espirituais.
Por estas três razões, a ciência é muitas vezes considerada
como estando em conflito com a Bíblia. Assim, as pessoas
dividem-se normalmente em campos opostos: o campo da
Bíblia e o campo da ciência. Algumas pessoas, querendo

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parecer mais iluminadas, rejeitam totalmente a mensagem da


Bíblia, pensando que ela não é razoável nesta era científica.
Outras, que abraçam a fé cristã, aceitam que a ciência tem
beneficiado muito a sociedade em muitos aspectos, mas vivem
com medo da ciência, caso se prove um dia, científica e
conclusivamente, que não há Deus e que a fé cristã não passa
de um grande mito.
A verdade é que ciência verdadeira e a Bíblia não estão em
conflito e nunca estiveram. De facto, muitas vezes a ciência e a
Bíblia complementam-se e apoiam-se. Por isso não precisa de
ser a ciência ou a Bíblia. Pode perfeitamente ser a ciência e a
Bíblia. Precisamos da Bíblia, porque sem ela nada podemos
saber do amor de Deus por nós na pessoa de Jesus.
Precisamos de ciência, porque ela permite que possamos
entender melhor o mundo físico em que vivemos e ter uma
qualidade de vida melhor. Curiosamente, nos primeiros dias da
ciência moderna alguns cientistas cristãos argumentavam que
precisávamos de dois livros: o livros das palavras de Deus e o
“livro” das obras de Deus.
A ciência não está em conflito com a Bíblia nem nunca esteve.
Apenas parece. O único conflito que existe é entre aqueles que
fazem da ciência uma religião, e recusam arrogantemente
aceitar a ideia de Deus, e aqueles que procuram usar a Bíblia
como se ela fosse um tratado de ciência antigo, que se opõe às
ideias da ciência moderna. Mas quando lemos a Bíblia
cuidadosamente, descobrimos que ela não está ultrapassada
cientificamente e que, pelo contrário, ela é surpreendentemente
exata do ponto de vista científico.

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II - A Bíblia é cientificamente
exata
Devemos esclarecer desde já que a Bíblia não é um livro
científico, nem foi escrito usando a linguagem científica
moderna. Se esse fosse o caso, poucas pessoas entenderiam
a sua mensagem. Além disso, uma vez que as ideias da
ciência são revistas continuamente à medida que a nossa
compreensão do universo aumenta, seria improvável que Deus
transmitisse a pessoas de gerações diferentes uma explicação
científica atualizada que pudesse ser aceitável às mentes mais
ilustres. No entanto, quando a Bíblia toca em assuntos
científicos, trata deles sem erros. A exatidão científica
encontrada na Bíblia é uma das evidências mais admiráveis de
que a Bíblia é de inspiração divina.
Embora a Bíblia tenha sido escrita há milhares de anos, os
seus escritores não transmitiram nenhuma das ideias primitivas
e supersticiosas acerca do universo, comuns naqueles tempos.
Por exemplo, lemos que Moisés, que viveu há cerca de 3.500
anos e que tinha sido educado no palácio do faraó no Egito,
tinha conhecimentos em toda a filosofia e ciência dos egípcios.
Naquele tempo não havia país mais avançado cultural e
cientificamente. Sabemos que eles tinham uma ciência de
cosmologia, de como o mundo foi formado. A partir de achados
arqueológicos, sabemos que eles acreditavam que a terra foi o
resultado da incubação de um grande ovo cósmico, um ovo
que tinha asas e que voava no espaço. Os processos dentro
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deste ovo, que voava no espaço, deram origem ao nosso


mundo. Moisés conhecia a ciência mais avançada dos seus
dias, mas não transmitiu nada disso quando foi usado pelo
Espírito Santo para escrever o relato da Criação em Génesis.
Em vez disso, escreveu as palavras sublimes: “No princípio
criou Deus os céus e a terra”.
Quando chegamos à Bíblia encontramos afirmações que vão
muito além do alcance dos conhecimentos dos próprios
escritores, como vimos no caso de Moisés. Em muitos casos,
foi só depois de muitos séculos que a ciência trouxe à luz as
mesmas verdades. Estas afirmações confirmam que a Bíblia é
a Palavra de Deus, pois só por revelação é que os escritores
poderiam ter escrito tais coisas. Passamos a mencionar alguns
dos tópicos que os escritores da Bíblia descrevem com
pormenores incríveis.

II.1 - O universo não é eterno


O salmista escreveu há cerca de tês mil anos:
“Tu, Senhor, no princípio fundaste a terra, e os céus são obra
das tuas mãos: Eles perecerão, mas Tu permanecerás; e todos
eles, como roupa, envelhecerão, e como um manto os
enrolarás, e como um vestido se mudarão, mas Tu és o mesmo
e os Teus anos não acabarão” (Salmo 102: 25-27).
Estas são palavras verdadeiramente notáveis, porque, ao longo
da maioria da história da humanidade, as pessoas pensavam
que as montanhas eram inamovíveis. Os mais filosóficos
pensavam que o universo era eterno. Agora sabemos que não
é assim. A segunda Lei da Termodinâmica, conhecida como o
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princípio da Entropia, diz que qualquer sistema fechado


caminha de um estado de ordem para um estado de desordem.
Todos os pais sabem que o quarto do filho passa rapidamente
de um estado de ordem para um de desordem. O mesmo
acontece aos nossos corpos, ao envelhecermos. Nada é mais
óbvio nos nossos dias do que o facto de o nosso planeta, feito
maravilhosamente, estar a envelhecer e a morrer. Há evidência
de poluição e decadência por todo o lado. Tudo entra em
decadência com o tempo. Só Deus é eterno. De geração em
geração Ele é Senhor (Sal. 90: 1, 2).

II.2 - O número das estrelas não pode ser contado


O profeta Jeremias escreveu 600 anos antes de Cristo que
“não se pode contar o exército dos céus” (Jer. 33: 22).
Desde tempos antigos que os homens se sentem fascinados
pelas estrelas e muitos astrónomos tentaram contá-las. Por
volta de 138 a.C., Hiparco (em grego, Hipparkhos) contou as
estrelas e declarou que havia 850. Depois de bastante tempo,
o grande astrónomo Ptolomeu, que viveu no século II d.C.
declarou, ousadamente, que havia 1.056 estrelas. Ele poderia
ter-se poupado a esse trabalho se tivesse lido o que o profeta
Jeremias escreveu e que citámos acima. Antes da invenção do
telescópio esta afirmação de Jeremias deveria parecer um erro
científico muito grave.
Nos nossos dias fica claro ser pura revelação o que Jeremias
escreveu, porque os astrónomos calculam que as estrelas no
nosso universo são na ordem de 1021. Se escrevermos esse
número teremos:
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1.000.000.000.000.000.000.000
São muitas estrelas. Sem dúvida, à medida que os telescópios
se tornarem mais potentes, este número aumentará
substancialmente.
O homem não pode contar as estrelas, mas o Senhor não tem
esta limitação. No livro de Salmos lemos que ele “conta o
número das estrelas, chamando-as a todas pelos seus
nomes” (Sal. 147: 4).

II.3 - Os céus não podem ser medidos


O profeta Jeremias também escreveu que os céus não podem
ser medidos (Jer. 31: 37). Nos nossos dias os cientistas
encontram-se divididos entre duas teorias quanto ao universo.
Alguns dizem que o universo está sempre a aumentar em
tamanho, enquanto outros dizem que se encontra num estado
de oscilação. Seja qual for a teoria aceite, a verdade é que nós,
nesta geração, podemos apreciar, melhor do que qualquer
outra geração, mesmo que não compreendamos
completamente, quão vastos são os céus.

II.4 - Cada estrela é diferente de todas as outras


Há quase dois mil anos o apóstolo Paulo escreveu:
“…uma estrela difere em glória doutra estrela” (I Cor. 15: 41).
Os astrónomos daquele tempo poderiam ter achado esta
afirmação absurda, pois todas as estrelas, com exceção do sol,
parecem pontos luminosos. Mas hoje em dia, com o uso de
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potentes telescópios, sabemos que há muitas espécies


diferentes de estrelas e que não há duas estrelas iguais, tal
como não há duas impressões digitais iguais, nem dois
conjuntos de DNA iguais. A análise dos aspetos luminosos das
estrelas confirma que cada uma é única e diferente de todas as
outras. Até as crianças na escola sabem que há tipos
diferentes de estrelas, que vão desde as gigantes vermelhas
até às anãs brancas e às super gigantes.

II.5 - A terra é redonda


Isaías, cerca de 700 anos antes de Cristo, disse que a terra era
uma esfera. Numa passagem majestosa, em que descreve a
soberania de Deus, escreveu:
“Ele é o que está assentado sobre o globo da terra” (Isa. 40:
22).
No mundo antigo as pessoas pensavam que o mundo era
como um disco plano, semelhante a um CD, cercado por um rio
chamado Oceanus. Pensava-se que qualquer pessoa que
navegasse pelos Pilares de Hércules (o Estreito de Gibraltar),
iria cair da terra para um grande vazio. Há 2.700 anos, quando
o homem ainda pensava que a terra era plana, o profeta Isaías
afirmou que a terra era um globo. Os estudiosos seus
contemporâneos devem certamente ter posto em questão a
exatidão desta afirmação. Foram precisos mais 200 anos para
que um estudioso grego, Filolaus, em 450 a.C., apresentasse a
ideia de que a terra é redonda. Será que tinha lido Isaías?
Explicou o raciocínio por detrás da sua ideia, dizendo que havia
várias evidências que a apoiavam, como as mudanças nas
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constelações, a maneira como os navios desapareciam no


horizonte e a sombra da terra durante os eclipses da lua. Mas
foi só em 1521 que se provou definitivamente que a terra era
um globo, quando o português Fernão de Magalhães deu a
volta ao mundo.

II.6 - A terra faz rotações


O Senhor Jesus disse que, quando voltasse, alguns estariam a
dormir de noite, enquanto outros estariam a trabalhar de dia
(Lucas 17: 34-36). Uma vez que, naquele tempo, as pessoas
não trabalhavam de noite, como hoje, esta afirmação do
Senhor Jesus fala que a noite e o dia aconteceriam
simultaneamente. Como é que isto podia acontecer? Só com a
rotação da terra, em que é noite para umas pessoas e dia para
outras, ao mesmo tempo. Foi Nicolau Copérnico, o astrónomo
da Polónia que, em 1514, declarou que a terra roda no seu
eixo. A ideia não foi logo aceite por muita gente que não
entendia como as pessoas e os edifícios não eram projetados
no espaço com a rotação. Só com Isaac Newton, em 1664, se
conheceu a lei da gravidade, que explica que os objetos são
puxados para dentro, e se aceitou plenamente a ideia da
rotação da terra. Mas muitos ainda afirmavam que a terra não
rodava, que estava parada.
As crianças aprendem que a rotação de 24 horas da terra no
seu eixo dá-nos o dia e a noite. A parte que enfrenta o sol tem
o dia, a outra, a noite. Se a terra tivesse um eixo vertical, os
dias seriam todos iguais durante o ano. Mas como está a um
ângulo de 23º, o comprimento dos dias varia ao longo do ano.

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II.7 - O sol não está parado


Há 3.000 anos Davi escreveu acerca do sol: “a sua saída é
desde uma extremidade dos céus, e o seu curso até à outra
extremidade deles” (Sal. 19: 6).
No passado as pessoas pensavam que este versículo ensinava
que o sol andava em volta da terra. Durante a Idade Média a
igreja insistiu que a terra estava firme e que o sol é que andava
ao seu redor. Como apoio para esta ideia citava um versículo
num salmo que não tinha nada a ver com este assunto:
“Lançou os fundamentos da terra para que não vacile em
tempo algum” (Sal. 104: 5). Foi isto que levou ao conflito com
Galileu, que afirmava o contrário, que o sol é que era o centro
do sistema solar, como já dissemos.
O Salmo 19 está simplesmente a dizer aquilo que observamos
diariamente quando ao nascer e o pôr-do-sol. Não está contra
a ciência. Estas palavras de Davi podem ser mais científicas do
que pensamos. Estudos em astronomia galática mostram que o
próprio sol não está parado, mas está a rodar, juntamente com
as outras estrelas na nossa galáxia, em volta dum centro na
Via Láctea, numa órbita gigante que requer 225 milhões de
anos terrestres a completar-se.
Mas mesmo depois de Galileu, os homens pensavam que o sol
estava parado, como centro do sistema solar. Hoje sabemos
que o sol está longe de estar parado, porque viaja pelo espaço
a uma velocidade de 1.000.000 quilômetros por hora.

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II.8 - A terra está suspensa no espaço

Jó escreveu, provavelmente há cerca de 4.000 anos, que Deus


“suspende a terra sobre o nada” (Jó. 26: 7).
As pessoas daquela época pensavam que o mundo assentava
sobre três elefantes que, por sua vez, estavam apoiados sobre
uma tartaruga enorme. Mais tarde os gregos, com toda a sua
cultura, acreditaram que o mundo estava apoiado sobre os
ombros e as costas de um gigante chamado Atlas. Foi só em
1687 que Isaac Newton descobriu a lei de gravidade. Esta lei
ajuda-nos a entender como a terra é atraída pelo sol e como
todo o sistema planetário funciona. Por mais útil que seja esta
lei, ela não explica tudo, uma vez que ninguém sabe
exatamente o que é a gravidade nem como funciona.

II.9 - A terra está calibrada com exatidão


O profeta Isaías escreveu:
“Quem mediu com o seu punho as águas, e tomou a medida
dos céus aos palmos, e recolheu numa medida o pó da terra, e
pesou os montes e os outeiros em balanças? ... a quem, pois,
fareis semelhante a Deus? Ou com que o comparareis?” (Isa.
40: 12-18).
Deste modo a Bíblia mostra que a terra está calibrada e por
isso está equilibrada. Sabemos que as rodas dos carros têm de
ser calibradas para evitar vibrações desnecessárias, mas as
pessoas não tinham a mínima ideia de que a terra precisava de
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estar calibrada. Hoje existe uma área de estudo dentro de


geologia, conhecida como isostasia, que trata do equilíbrio
dentro da crosta terrestre. Sabe-se que os pesos diferentes das
várias espécies de rochas mantêm um equilíbrio delicado que
evita que a terra oscile na sua rotação diária, como acontece
com uma bola desequilibrada.

II.10 - O ciclo da água


A Bíblia tem muitas referências à hidrologia, a ciência da água.
Refere-se ao ciclo da água que é o bem conhecido processo
em que a água se evapora, condensa-se e dá chuva ou neve. A
água escorre na terra por um sistema de rios até ao mar, e, de
novo, sobe ao céu pela evaporação. Jó, Salomão e Isaías
falam todos disso (Jó 26: 8; 36:27-29; Ecl. 1:7, Isa. 55: 10). É
notável que estas afirmações apareçam na Bíblia, uma vez que
o ciclo da água não foi demonstrado cientificamente até há
relativamente pouco tempo.
De facto, os antigos não tinham uma compreensão clara deste
processo. Observavam os grandes rios correndo para o
oceano, mas não entendiam por que razão o nível do oceano
não aumentava constantemente. Embora observassem a
chuva, não percebiam a sua origem.
Segundo o filósofo grego Tales, as águas do oceano eram
empurradas no ar pela pressão de ar dos ventos, que
sopravam das profundezas dos continentes. Essas águas
caíam e penetravam na terra. Platão tinha a mesma ideia e
pensava que o regresso ao oceano era devido a um
redemoinho gigante. Aristóteles dizia que o vapor que subia da
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terra se condensava nos recantos frescos das montanhas,


formando lagos subterrâneos e fontes de águas que eram
alimentadas por estes lagos. As ideias de Aristóteles
mantiveram-se durante toda a Idade Média. A primeira pessoa
a entender o ciclo perpétuo da água foi Bernard Palissy em
1580. De acordo com ele, fontes subterrâneas formam-se pela
penetração da água da chuva na terra.

II.11 - As correntes nos oceanos


“Pouco menor o fizeste (o homem) do que os anjos…fazes com
que ele tenha domínio sobre as obras das tuas mãos…As aves
dos céus, e os peixes do mar, e tudo o que passa pelas
veredas dos mares” (Sal. 8: 5-8).
Os marinheiros, antes do século XIX, não conheciam a
existência das correntes nos oceanos. O comodoro Matthew
Fontaine Maury (1806-1873), da marinha dos EUA, é
reconhecido como o homem que produziu mapas dos ventos e
das correntes dos oceanos do mundo. Estava determinado que
os capitães dos navios deviam ter mapas para os ajudar a
viajar com o máximo de segurança e o mais rápido possível.
Maury é reconhecido como o pai da ciência de oceanografia e
ficou conhecido como “O Descobridor das Veredas nos Mares”.
O que muitos não sabem é que foi este versículo na Bíblia que
fala das “veredas dos mares” que lhe chamou a atenção para
procurar estas correntes.

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II.12 - O papel desempenhado pela mulher na


reprodução

Lemos no primeiro livro da Bíblia a profecia proferida a


Satanás:
“E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a
sua semente” (Gên. 3: 15).
É o princípio de uma profecia acerca do Senhor Jesus, que um
dia destruiria Satanás. Mas este versículo fala da semente de
uma mulher. Ao lermos estas palavras, temos que nos lembrar
que, até há cerca de 100 anos, pensava-se que só o homem
produzia semente e que a mulher era apenas a receptora dela,
como que o jardim onde a semente crescia. Só há
relativamente muito pouco tempo a medicina descobriu que a
mulher tem “semente” e que é a combinação das duas que
produz a criança. Essa semente é o óvulo.

II.13 - A vida humana depende do sangue

Há cerca de 3.500 anos Moisés disse ao povo: “a vida da carne


está no sangue” (Lev. 17: 11).
Tiveram de passar mais de 3.000 anos até que um homem,
chamado William Harvey, descobrisse que a circulação do
sangue é que mantém as células vivas. Foi há relativamente
pouco tempo que conseguimos compreender verdadeiramente
toda a exatidão da afirmação de Levítico. Sabemos que as
células do corpo humano dependem do sangue circulando para

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lhes levar alimento, água e oxigénio. A vida está de facto no


sangue.

II.14 - A higiene e o saneamento são importantes

A existência de germes era desconhecida até cerca de 1890.


Mas os primeiros cinco livros da Bíblia (escritos há cerca de
3.500 anos), revelam princípios e conhecimentos avançados
sobre higiene e saneamento. Este conhecimento estava muito
acima dos conhecimentos dos egípcios e de outras
sociedades. Deus prometeu a Israel que, se obedecessem aos
Seus mandamentos, Ele protegê-los-ia das doenças que
afligiam os antigos egípcios (Êxodo 15: 26).
Apesar dos conhecimentos avançados de astronomia e
engenharia, os conhecimentos médicos dos egípcios eram
primitivos e perigosos. No entanto, tinham orgulho na sua
ciência, como se pode ler em vários manuscritos médicos que
têm chegado até nós, como o Papiros Ebers, escrito no tempo
de Moisés. Veja-se um exemplo: para curar uma ferida
infetada, o médico sugere que deveria ser usada uma mistura
de sangue de vermes com excremento de burro.
Os livros de Moisés continham leis específicas e regras de
saneamento que eliminariam as terríveis doenças que afligiam
os egípcios daquele tempo e que ainda afligem muita gente. É
interessante notar que, dos 613 mandamentos encontrados no
Tora, na Lei, 213 são regras médicas para assegurar a saúde
do povo de Israel.

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Até ao século XX os médicos pensavam que a presença e a


transmissão de doença eram uma obra do acaso. As pessoas
não tinham a mínima ideia dos germes microscópicos,
invisíveis e mortais. Mas o Senhor instruiu o seu povo Israel
sobre a importância de usar uma pá para enterrar os detritos
humanos fora do arraial (Deut. 23: 12,13). Até à Primeira
Guerra Mundial, mais soldados morriam de doenças do que da
guerra, porque não isolavam os detritos humanos.
Também antes do século XX as pessoas desconheciam que os
germes existiam nos utensílios culinários. Mas Moisés instruiu
o povo a deitar fora vasos de barro usados, a esfregar e passar
por água os potes de metal (Lev. 6: 28). Isto evitava a infeção.
No caso de vasos de barro rachados, qualquer fenda podia
conter germes nocivos.
As pessoas ao longo da história também não tinham a noção
de que os germes podiam alojar-se na carne. Usavam-se
especiarias para preservar a carne. Mas, sem refrigeração, a
carne era perigosa, logo uma hora depois de o animal ser
abatido. Sabemos isso agora. Moisés deu leis para evitar esse
perigo em relação aos animais mortos (Lev. 7: 24, 11: 35).
Só no século XIX é que os médicos começaram a entender a
importância de se lavarem as mãos para não se espalharem
doenças infeciosas. Foi um médico húngaro, Ignaz
Semmelweis que, em 1845, iniciou esse procedimento numa
maternidade, devido ao número de mortes de parturientes com
infeções. O número dessas mortes baixou drasticamente
quando os médicos começaram a lavar as mãos. Mas Moisés
mandou que se lavassem as mãos com “água corrente” ao
tratar de pessoas com doenças infeciosas (Lev. 15: 13). Até ao
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Ciência e Bíblia - Thomas WIlson

século vinte os médicos que lavavam as mãos faziam-no numa


bacia, o que não adiantava muito. Hoje em dia entende-se que
tem de ser em “água corrente”.

II.15 - O dia em que os bebés devem ser


circuncidados
Moisés disse ao povo que os meninos deviam ser
circuncidados com oito dias de idade (Gên. 17: 12, Lev. 12: 3,
Luc. 1: 59). Parece estranho que o dia seja especificado.
Porque não poderia ser no sétimo dia ou no nono dia? Moisés
não sabia porquê, mas hoje sabemos. Um médico especialista
em hematologia explicou-me que, no oitavo dia depois do
nascimento duma criança, ocorre o pico de quantidade da
protrombina, isto é, de proteínas de coagulação do sangue. O
oitavo dia foi indicado para esta operação para que o recém-
nascido não perdesse muito sangue e a sua vida não corresse
perigo.

II.16 - A alegria promove saúde


O rei Salomão escreveu que “o coração alegre serve de bom
remédio, mas o espírito abatido virá a secar os ossos” (Prov.
17: 22).
Este facto evidente não era tão evidente até há poucos anos.
Mas agora estudos feitos mostram que o stress enfraquece o
sistema imune e é responsável muitas vezes por pessoas
sofrerem de pressão alta, terem dificuldades de respiração e
perderem a saúde de que gozavam. Ao mesmo tempo há
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Ciência e Bíblia - Thomas WIlson

estudos que mostram que a alegria e o riso libertam químicos


dentro do corpo humano que reduzem os níveis de certas
hormonas que causam stress e trazem um melhor equilíbrio ao
sistema imune, o que ajuda o corpo a lutar contra a doença,
resultando em melhor saúde e bem-estar.

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III - A Bíblia favoreceu o


surgimento da ciência moderna
Ainda que a ciência moderna tenha surgido nas condições
férteis da Renascença, foi a visão cristã do mundo, baseada na
Palavra de Deus, que produziu o ambiente propício ao seu
nascimento. A ciência moderna, baseada na observação e na
experimentação, nunca teria nascido numa sociedade politeísta
ou ateia. O entendimento de que há um Deus vivo e que Ele
criou o universo levou os cientistas a esperar encontrar um
mundo com ordem e capaz de ser alvo dum estudo
sistemático. O historiador Herbert Butterfield afirmou: “a ciência
é filha do pensamento cristão” (tradução do autor).
Muitos dos fundadores da ciência moderna e muitos dos
cientistas foram (e são) devotos servos de Deus, que não viram
nenhum conflito entre a ciência e a Bíblia. As suas
investigações científicas melhoraram a sua compreensão do
mundo e levaram-nos a apreciar ainda mais a sabedoria e o
poder do Deus vivo, que criou todas as coisas e as sustenta a
cada momento. Estes cientistas entenderam que a sua fé na
Palavra de Deus era perfeitamente compatível com as
investigações científicas.
Nicolau Copérnico (1473-1543) é um exemplo. Como vimos,
ele sugeriu, por razões matemáticas, que a terra gira em volta
do sol. Ao fazê-lo, sabia muito bem que estava a ir contra o que
era aceite pela igreja dos papas durante séculos. Mas não
considerava estar em conflito com Deus nem com a Bíblia. Ele
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Ciência e Bíblia - Thomas WIlson

disse: “Deus é o melhor e o mais ordenado artífice de


sempre” (tradução do autor).
Galileo Galilei (1564-1642) matemático, físico e astrónomo,
fundador da moderna mecânica e física experimental, era
também um crente em Deus. Não era contra a Bíblia, embora
fosse perseguido pela igreja católica por causa da vista
heliocêntrica do sistema solar. Ele chegou à conclusão de que
o sol é o centro do sistema solar pela observação dos planetas
com telescópios, que ele próprio construiu. Disse: “Há dois
grandes livros, o livro da natureza e o livro da sobre-natureza, a
Bíblia” (tradução do autor).
Blaise Pascal (1623-1662), matemático e físico francês, ficou
conhecido pela sua apresentação dos coeficientes binominais
ou o triângulo de Pascal. Juntamente com Pierre de Fermat,
lançou os fundamentos para a teoria matemática das
probabilidades, bem como do cálculo infinitesimal. Também
ficou conhecido pela sua mecânica dos fluidos. Pascal confiava
no Senhor Jesus como seu Salvador. O seu brasão tinha as
palavras Scio cui credidi—“Eu sei em quem tenho crido”.
Isaac Newton (1642-1727) foi talvez o maior cientista de todos
os tempos, conhecido pelas suas leis do Movimento, que
mudaram o entendimento da humanidade em relação ao modo
como os objetos se movem no universo. Foi perito nos campos
da ótica, astronomia e cálculo diferencial. Foi responsável pela
primeira análise correta da luz branca. As suas extensivas
investigações não minaram a sua forte fé em Deus e na
inspiração divina da Bíblia.
Isaac Newton não era apenas sabedor de ciências, tinha
também muito conhecimento das verdades espirituais. Na
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Ciência e Bíblia - Thomas WIlson

época do racionalismo, declarou que cria no “Cristo da Bíblia


sem adornos, no Cristo que Deus revelou ao homem, não no
Cristo da razão” (tradução do autor). Além daquilo que
escreveu sobre matemática e física, escreveu muito acerca da
Bíblia, prestando atenção especial à profecia. Por revelação,
Newton entendeu que os judeus voltariam à sua terra antes
que o mundo acabasse.
Michael Faraday (1791-1867). Alguns historiadores das
ciências consideram-no como aquele que fez mais
experiências. Descobriu o fenómeno da indução
eletromagnética. Foi a primeira pessoa a produzir uma corrente
elétrica a partir de um campo magnético. Inventou o primeiro
motor e dínamo elétricos. Mas ele foi também um verdadeiro
servo de Deus que viveu de acordo com a Bíblia. Foi um
dedicado aluno e professor da Bíblia. Declarou publicamente:
“Devíamos valorizar o privilégio de conhecer a verdade de
Deus muito para além de qualquer outra coisa que tenhamos
no mundo” (tradução do autor).
O Professor James Simpson (1811-1870) descobriu as
propriedades de anestesia do clorofórmio e introduziu o seu
uso com sucesso em medicina. Isto abriu o caminho para as
cirurgias sem dor. Quando era estagiário assistiu, horrorizado,
a uma cirurgia, que quase o fez mudar para o curso de direito.
“Será que não podemos fazer nada para fazer as cirurgias
menos dolorosas?” — perguntou. Era um homem de grande
compaixão. A sua descoberta não foi logo aceite por toda a
gente. Houve uma grande controvérsia acerca da moralidade
de as mulheres terem partos sem dor. Consideravam que
assim iriam contra a natureza e a vontade de Deus. Simpson

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Ciência e Bíblia - Thomas WIlson

respondeu com muito humor, dizendo que, na primeira cirurgia


da história, a remoção de uma costela, Deus tinha dado um
sono profundo a Adão, o que mostra que Deus aprova a
anestesia. O uso da anestesia em partos só se tornou
respeitável quando a rainha Vitória insistiu em usá-la quando
do nascimento do príncipe Leopoldo.
Simpson introduziu muitas outras inovações na medicina.
Alguns instrumentos, usados ainda hoje, têm o nome dele.
Uma vez, quando lhe perguntaram qual a maior descoberta
que alguma vez tinha feito, respondeu: “A minha maior
descoberta é que Cristo é meu Salvador”. Não tinha vergonha
da sua fé e encorajava as pessoas a depositar a sua fé no
Senhor Jesus.
Nalguns casos foi a influência da fé que forneceu uma estrutura
de pensamento que ajudou a levar os cientistas às suas
descobertas. Por exemplo, os astrónomos não conseguiam
fazer sentido dos complexos percursos dos planetas. Os que
eram agnósticos desistiram de encontrar um padrão simples e
lógico. Isto porque pensavam que o mundo tinha surgido do
caos. Mas o astrónomo e matemático Johannes Kepler
(1571-1630), que acreditava num Criador inteligente, entendeu
que tudo deveria funcionar segundo um padrão lógico. A ideia
de um universo caótico não condizia com a sabedoria de Deus.
A fé de Kepler no Deus vivo levou-o à descoberta dos três
princípios do movimento planetário.
Segue-se uma lista de outros cientistas, que criam em Deus e
na Sua Palavra, que se distinguiram pelas suas contribuições
para as ciências:

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• Charles Babbage, que foi o pioneiro da ciência da


informática;

• Francis Bacon, que nos deu o método científico;


• Robert Boyle, que é o autor da famosa “lei de Boyle”;
• Joseph Lister, pioneiro da cirurgia antisética;
• Louis Pasteur, que contribuiu com o método da
pasteurização;

• Gregor Mendel, que ajudou a criar as bases da genética;


• Lord Kelvin, cientista importante na Física moderna;
• James Maxwell, que formulou a teoria eletromagnética.
Nos nossos dias há também muitos cientistas que creem em
Deus e aceitam a Bíblia como sendo a Palavra inspirada de
Deus. Um dos cientistas eminentes dos nossos dias é o Dr.
John Polkinghorne. Este matemático e físico declarou que tanto
a Bíblia como a ciência têm alguma coisa a ensinar: “A ciência
pode ensinar-nos coisas de que a Bíblia não fala, ao passo que
a Bíblia pode ensinar-nos coisas que a ciência desconhece
completamente”.
Podemos constatar que muitos cientistas de renome creem em
Deus, se lermos aquilo que eles têm escrito:
O livro Behind the Dim Unknown, editado por John Clover
Monsma (New York: G. P. Putnam's Sons), contém 26
capítulos, em que cada capítulo é escrito por um cientista
investigador que é cristão e também perito no seu campo de
pesquisa. Cada um dos autores enfatiza a mesma verdade:
Deus existe.
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O livro Bios, Cosmos, Theos editado por Henry Margenau e


Roy Abraham Varghese, consiste numa série de entrevistas
feitas a 60 cientistas de renome, muitos deles laureados com o
prémio Nobel, acerca da Bíblia e da ciência. Nenhum dos
cientistas que participam do livro acha a ideia de Deus
incompatível com a ciência.
O facto de muitos cientistas hoje em dia aceitarem a Bíblia
como sendo a Palavra de Deus não prova que ela seja
verdade, mas mostra que nem toda a gente pensa que a Bíblia
e a ciência são incompatíveis. Podemos provavelmente afirmar
que tem havido mais desacordos e aparentes contradições
dentro da própria ciência do que entre a Bíblia e a ciência.

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Ciência e Bíblia - Thomas WIlson

IV - O “deus das lacunas” e o


Deus da Bíblia
Nas mentes de algumas pessoas, cada descoberta da ciência
moderna que melhora o nosso conhecimento do nosso planeta
e do universo eleva mais o homem e diminui a grandeza de
Deus. Isto acontece porque essas pessoas não têm uma
experiência verdadeira com o Deus vivo e eterno, que criou o
universo. A sua ideia de Deus é tão vaga que só veem a mão
de Deus nos acontecimentos ou “mistérios” para os quais a
ciência ainda não tem uma explicação. O deus deles é um
deus pequeno, o “deus das lacunas”. A Bíblia não reconhece
este deus, que apenas preenche os espaços deixados vazios
pelo nosso conhecimento científico.
O Deus da Bíblia é o Senhor, magnífico em tudo, cheio de
poder e glória.

IV.1 - O Deus da Bíblia é eterno


“Senhor, tu tens sido o nosso refúgio, de geração em
geração…de eternidade a eternidade, tu és Deus” (Sal. 90: 1,
2).

IV.2 - O Deus da Bíblia é infinitamente superior a


todos os outros
“A quem, pois, fareis semelhante a Deus? Ou com que o
comparareis?” (Isa. 40: 18).
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IV.3 - O Deus da Bíblia é a fonte de todo o


conhecimento e sabedoria
“Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da
ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão
inescrutáveis os seus caminhos! Porque, quem compreendeu o
intento do Senhor? Ou quem foi seu conselheiro? Ou quem lhe
deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado? Porque
dele, e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a
ele, eternamente. Ámen” (Rom. 11: 33-36).

IV.4 - O Deus da Bíblia é o todo-poderoso


“…não há quem possa estorvar a sua mão, e lhe diga: Que
fazes?” (Dan. 4: 35).
“…ninguém há que possa escapar das minhas mãos: operando
eu, quem impedirá?” (Isa. 43: 13).

IV.5 - O Deus da Bíblia é o Criador de todas as coisas

“No princípio, criou Deus os céus e a terra” (Gên. 1: 1).

IV.6 - O Deus da Bíblia sustenta todas as coisas

“…sustentando todas as coisas pela palavra do seu


poder” (Heb. 1: 3).

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Quando Deus criou o universo não lhe deu corda, como se


fosse uma máquina gigante, para depois o deixar a trabalhar
independente Dele. Ele sustenta a Sua criação, momento a
momento, pela palavra do Seu poder. É Ele, e não uma lei
qualquer descoberta pelos homens, que mantém os planetas
nas suas órbitas. É Ele, e não qualquer força impessoal, que
mantém o planeta terra no seu eixo. Ele é o Deus que nunca
dorme nem dormita e que cuida do nosso bem continuamente.
Quando conhecemos este Deus, não precisamos de ficar
acordados de noite com medo que a terra saia do eixo e
dispare pelo espaço afora, para longe do sol que nos aquece.
Podemos descansar Nele, sabendo que Ele vai cuidar de nós.

IV.7 - O Deus da Bíblia dá a vida


“Ele mesmo é quem dá a todos a vida, e a respiração” (Atos
17: 25).
A pessoa que conhece este Deus vivo vê a Sua mão operar em
cada aspeto da vida. Fica admirado e maravilhado por este
grande Deus da criação ter mostrado o Seu grande amor ao
revelar-nos o Seu Filho, Jesus. Nada que o homem possa
descobrir acerca do governo de Deus sobre o universo pode
diminuir o Seu poder. Ele é o Senhor. Por isso o crente não se
sente ameaçado pela ciência, pois sabe que qualquer nova
descoberta acerca do universo só pode magnificar ainda mais
o seu apreço da grandeza de Deus e aumentar a sua
compreensão do universo em que vive.

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Ciência e Bíblia - Thomas WIlson

V - Milagres acontecem
Espinosa (1632-1677), o filósofo judeu holandês, exponente
importante do racionalismo do século XVII, declarou que nada
pode “transgredir as leis naturais da natureza”. Ele acreditava
na uniformidade mecânica da natureza. Depois o filósofo Hume
considerou o milagre como uma “violação das leis da
natureza”. Mas os argumentos deles são argumentos em ciclo.
Se as leis da natureza são definidas como completamente
uniformes, então o sobrenatural é logo excluído, e é impossível
haver milagres.
Alguns cientistas também entendem que, uma vez que a
ciência hoje em dia explica coisas que se pensava serem
milagres, isto significa que essas pessoas só acreditavam nos
milagres porque não conheciam as leis da natureza. Mas isto
não é verdade. Nos dias de Jesus, toda a gente sabia, tal como
nós sabemos hoje, que não é natural um morto ressuscitar. Se
eles não tivessem conhecido as leis da natureza, não teriam
reconhecido ser um milagre.
Além disso, as leis da natureza a que se referem estes filósofos
não são como as leis da matemática pura, que não podem ser
infringidas. São leis descritivas. Descrevem simplesmente o
que o homem tem observado. Não fazem com que alguma
coisa aconteça. Se acreditamos num Deus que criou o universo
ordenado, e que o sustenta de uma maneira tão concisa, a
ponto de o homem conseguir divisar padrões nele, não há nada
que impeça este Deus todo-poderoso de agir de um modo
diferente quando quer. Ele não está preso a leis científicas. Ele

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é o Senhor. Opera com plena liberdade. Por isso pode operar


milagres quando quer.

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VI - A criação e a evolução
“No princípio criou Deus os céus e a terra” (Gén. 1: 1). Este
primeiro versículo na Bíblia diz-nos que o universo foi criado
por Deus. Em todas as civilizações antigas encontramos uma
tradição acerca da criação do mundo, fundamentada na
verdade. Com a passagem de tempo, estas tradições
passaram a ser escritas. Elas confirmam o facto da criação,
mas o conteúdo delas muitas vezes não tem nada a ver com a
realidade. Em contrapartida, o texto bíblico que fala sobre a
criação é majestoso. Como vimos, a Bíblia não apenas ensina
que Deus criou todo o universo a partir do nada, mas também
que Ele o sustenta momento a momento.
Hoje ouvimos dizer que o universo não foi criado por Deus mas
que é resultado de um longo e contínuo processo chamado
evolução. Encontramos estas ideias na mídia, em
documentários, artigos em revistas, filmes e livros de texto de
ciências. De facto somos bombardeados com elas diariamente.
A teoria da evolução chamou a atenção do mundo da ciência
em meados do século XIX, quando Charles Darwin publicou o
livro A Origem das Espécies. Nele afirmava que todas as
espécies evoluíram de antepassados comuns, ao longo dos
tempos, através de um processo de seleção natural, em que
sobreviveram os mais fortes.
Quando Darwin apresentou a sua teoria em relação à biologia,
a maioria dos cristãos aceitou-a de bom grado. Eles
acreditavam que Deus usara os processos biológicos da
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Ciência e Bíblia - Thomas WIlson

evolução para realizar os Seus propósitos na criação. Entre


aqueles que abraçaram as ideias de Darwin conta-se B. B.
Warfield, famoso teólogo da Universidade de Princeton e
defensor proeminente da inspiração divina da Bíblia. O
historiador britânico James Moore comentou que os escritores
cristãos mais destacados da Grã-Bretanha ecda América do
Norte aceitaram prontamente o Darwinismo e a evolução. O
sociólogo americano George Marsden afirma que
“praticamente todos os zoólogos e botânicos protestantes da
América aceitaram a evolução de uma forma ou de outra no
início da década de 1870.”
Havendo esta receção calorosa de início, como se explica que
as gerações seguintes de cristãos se tornassem hostis à teoria
da evolução?
A razão está no facto de que a teoria da evolução foi logo
agarrada e adaptada por cientistas e filósofos não cristãos
tendo em vista interesse do ateísmo. Ao aplicarem esta teoria
a todos os aspetos da vida humana, tanto social como cultural,
defenderam que a teoria da evolução provava que o homem já
não precisava da ajuda da religião ou de um deus para se
tornar uma pessoa melhor. A humanidade só precisava de uma
educação de melhor qualidade e de uma moralidade
humanística. Tudo o resto seria apenas uma questão de tempo.
Foi Herbert Spencer em particular, na última parte da século
19, quem tornou popular esta ideia de que a evolução se
aplicava à vida na sua totalidade. Ele proclamou bem alto que
todo o universo está a ascender em direção à perfeição
absoluta, à medida que a raça humana evolui por meio da

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Ciência e Bíblia - Thomas WIlson

educação e da moralidade humanística, tornando-se mais


humana e responsável socialmente.
Recordemos que, na viragem do século 20, a América e a
Europa estavam a ser levadas pela onda otimista das ideias
humanísticas e era grande a confiança na capacidade do
homem de criar a sociedade ideal, sem Deus. No entanto, essa
confiança foi seriamente abalada quando começou a I Guerra
Mundial, seguida pela II Guerra Mundial, em que a
desumanidade dos seres humanos para com os outros seres
humanos se tornou muito evidente.
Desde então, e especialmente tendo em conta os
acontecimentos que ocorreram desde então por todo o mundo,
tornou-se mais evidente que, sem Deus e o poder
transformador anunciado pela mensagem do evangelho, o
homem não tem melhorado moralmente em relação ao homem
primitivo e que ainda é capaz de praticar as piores atrocidades
e os mais gritantes atos desumanos, apesar da sua educação.
Ignorando a evidência da primeira e da segunda guerras
mundiais, Julian Huxley (irmão do famoso Aldous Huxley, autor
de “Admirável Mundo Novo” e neto de Thomas Huxley, amigo
de Darwin), aquando do centenário da publicação da teoria da
evolução de Darwin, aproveitou as ideias de Herbert Spencer e
escreveu um artigo intitulado “A Visão Evolucionária.” Reforçou
o ponto de vista humanístico ateu segundo o qual, de acordo
com o padrão evolucionário, já não há necessidade de, nem
lugar para, o sobrenatural: a terra não foi criada; teria evoluído.
Seguidamente, Huxley afirmou, tal como Herbert Spencer o
tinha feito, que via a evolução como um processo universal que
abrangia tudo; de facto, abrangia toda a realidade.
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Ciência e Bíblia - Thomas WIlson

Portanto, a evolução, enquanto processo científico, não exclui


o sobrenatural. Não é um fato científico que torne redundante a
ideia de Deus. O evolucionismo, uma filosofia desenvolvida em
torno da teoria da evolução em termos da biologia, por outro
lado, é uma verdadeira religião científica, cujo objetivo é
eliminar Deus e a mensagem de salvação no Senhor Jesus. De
vez em quando, os cientistas que aderiram a esta “religião”
têm, devido ao seu zelo, distorcido as suas observações por
pura conveniência.
Portanto, é o evolucionismo, e não a evolução, que fez com
que muitos cristãos nas gerações depois de Darwin se
tornassem hostis à teoria da evolução. Ao usarem a teoria da
evolução para disfarçarem as suas ideias humanísticas e
demoníacas, os cientistas e filósofos ateus conseguiram
enganar pessoas, ao confundirem a teoria técnica da evolução
com a sua parasita filosófica. Infelizmente, muitos cristãos, que
acharam que é seu dever defender o relato bíblico da criação,
não conseguiram entender a distinção entre “evolução” e
“evolucionismo”. Por isso começaram a criticar a teoria técnica
da evolução, em vez de criticarem a filosofia evolucionária que
se colou a ela.
Era óbvio que a teoria técnica da evolução era vulnerável em
certos pontos. E ainda o é nos nossos dias. Alguns cientistas
bem informados observam que:

• A evolução não é uma lei observável e imutável, mas uma


teoria científica que nunca foi aceite conclusivamente como
verdadeira. Além disso, temos sempre de ter em conta o
aspeto provisório de todas as teorias científicas. A física
newtoniana foi tratada com todo o respeito e considerada
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Ciência e Bíblia - Thomas WIlson

virtualmente incontestável, até que Einstein e outros


provaram que as suas leis deixavam de ser válidas quando
se tratava de partículas muito, muito pequenas, e muito,
muito rápidas. É má ciência considerar-se qualquer teoria
científica como algo mais do que provisório. À medida que a
ciência progride, é bem possível que a teoria da evolução
passe a evoluir para outra coisa. Os desenvolvimentos da
ciência seguem este padrão.

• O estudo de processos e fenómenos biológicos indicam que


os desenvolvimentos evolucionários significativos não são
observáveis no mundo atual. Cientistas insistem que os
grandes lapsos de tempo entre os registos de fósseis fazem
com que seja extremamente duvidoso que tenha acontecido
no passado qualquer evolução (macro evolução),
distinguindo-a das pequenas mudanças dentro das espécies
(micro evolução).

• Não há evidência segura de que a evolução tenha


acontecido, mas há forte evidência de que a evolução possa
nunca ter acontecido. O princípio da entropia, a segunda lei
da termodinâmica, vai contra toda a ideia da evolução. Este
princípio da entropia afirma que há uma tendência geral de
todos os sistemas observáveis irem da ordem para a
desordem, como já mencionámos. O que aconteceria à
nossa casa, jardim, carro, se não estivéssemos
continuamente a limpar, pintar, consertar, etc? A casa
acabaria por cair aos bocados, o jardim ficaria inundado de
ervas, e o carro deixaria de funcionar e cairia minado pela
ferrugem. Este processo é o oposto da evolução, que fala de
um processo constante em direção a um patamar mais

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Ciência e Bíblia - Thomas WIlson

elevado de organização. Argumenta-se, portanto, que, se a


entropia é realmente uma lei universal, então a evolução é
impossível.
É interessante notar que, ao mesmo tempo que Darwin
apresentava “A Origem das Espécies” a um grupo de cientistas,
a segunda lei da termodinâmica, a entropia, estava a ser aceite
por outro grupo de cientistas noutra parte do mundo.
Como respostas a estes argumentos, os evolucionistas
afirmam cuidadosamente que:

• Alguns organismos tais como a biston betularia, uma espécie


de traça, têm evoluído em apenas poucos anos.

• Algumas bactérias são agora resistentes à maior parte dos


antibióticos.

• Todos os seres vivos acabam por morrer e decompor-se.


Historicamente, quando os servos do Senhor, defendendo o
relato bíblico da criação, procuraram criticar o aspeto técnico
da evolução, não possuíam em regra os conhecimentos nem
as competências científicas dos seus oponentes ateus. Por
isso perdiam a discussão. Isto contribuiu para que muitos
pensassem que era perfeitamente razoável rejeitar a ideia de
um Criador e questionar a relevância do registo bíblico.
Estes servos zelosos do Senhor teriam tido mais sabedoria se
tivessem simplesmente atacado a filosofia do evolucionismo,
como sendo cientificamente destituída de fundamento, em vez
de atacarem o processo de evolução.
A verdade é que nenhum facto científico pode dizer seja o que
for contra a ideia de Deus.
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Ciência e Bíblia - Thomas WIlson

Como dissemos, a ciência não é inimiga, nem do cristianismo


nem da Bíblia. A evolução não implica que Deus não exista,
nem que Ele não estivesse por detrás de todo o processo.
A teoria cosmológica do Big Bang, que sugere que o universo
começou com uma explosão gigante, também não implica que
Deus não existe. De facto, para haver uma explosão, tem que
ter havido anteriormente alguma matéria. O único aspeto das
teorias modernas da origem do universo e da evolução, como
são apresentadas por vezes, que vai contra a Bíblia, é a ideia
de que ambas as coisas devem ter ocorrido num universo sem
Deus. Nada na cosmologia nem na evolução consegue provar
que Deus não existe.
De facto, a probabilidade de a vida, tal como a conhecemos na
terra hoje em dia, ter aparecido por processos casuais é uma
probabilidade insignificante. Quanto mais aprendemos acerca
do nosso planeta e do resto do universo, mais a terra se torna
única e especial.
Os astrónomos costumavam especular se haveria muitos
outros lugares como a Terra no universo, mas já não se pensa
assim. Quanto mais conhecemos o nosso planeta, mais
improvável parece a existência de um outro lugar habitável no
universo. Teria de haver muitas condições especiais para ele
poder existir. Alguém disse que a probabilidade de a vida, tal
como nós a conhecemos hoje, se ter originado por acaso é
semelhante à de um dicionário resultar de uma explosão numa
tipografia, ou de um Ferrari ser produzido por uma explosão
numa sucata.
O conflito desnecessário entre a Bíblia e a ciência, que se tem
vindo a verificar ao longo dos anos, tem sido agravado por
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servos de Deus que tentam usar a Bíblia como se fosse um


livro de texto científico. Muitos destes irmãos começam logo
por rejeitar a ideia de que a Terra tem 4 biliões (mil milhões) de
anos, só porque Génesis fala em seis dias. Insistem que estes
dias são de 24 horas. Ao fazerem isto, pensam que estão
sendo fiéis a Deus.
Um homem dogmático nesta perspetiva foi James Usher. Ele
calculou que o mundo tivesse sido criado em 4004 a.C. Outro
estudioso, baseado neste estudo, reivindicou que Adão foi
criado em 4004 a.C. no dia 24 de Outubro, às 9 da manhã. É
ridículo, não é? Cada um pode ter a sua própria opinião. Mas a
triste realidade é que muitos destes servos de Deus tornam-se
tão dogmáticos acerca dos 6.000 anos da Terra, que rejeitam a
priori qualquer evidência científica que evidencie outra
realidade.
A verdade é que há muita evidência científica apoiando a ideia
de que a Terra tem mais de 6 mil anos. O método
radioisotópico de datar, baseado na razão observável entre os
vários isótopos de elementos radioativos, data algumas rochas
da terra em mais do que 4 biliões (mil milhões) de anos. A
ciência que estuda os movimentos lentos das placas tectónicas
da Terra que flutuam sobre o magma calcula que a idade da
Terra seja de pelo menos um bilião (mil milhões) de anos.
Para podermos entender o relato bíblico da criação temos de
saber por que foi escrito. Não foi escrito como um tratado
científico para nós hoje. Foi escrito para pessoas de todas as
gerações, para que todos possam saber quem fez com que o
mundo existisse e porquê.

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Ciência e Bíblia - Thomas WIlson

Génesis explica que tudo foi criado por Deus. Fomos criados
com um propósito. Nada diz sobre como Deus fez o universo
existir. É por isso que não se justifica usar o relato bíblico da
criação como uma explicação científica de como a Terra foi
formada. Esse nunca foi o seu propósito. Fazê-lo é como usar
uma escova de dentes para escovar o cabelo.
O conflito entre Bíblia e ciência ainda se agravou mais por
causa de alguns cientistas modernos que, partindo do princípio
de que Deus não existe, baseiam todos os seus argumentos
sobre esse pressuposto. O conflito tem sido alimentado pela
atitude arrogante de alguns, que a cada passo nos apresentam
a evolução como um facto indiscutível, sem mostrarem a
humildade característica dos grandes cientistas. Estes, durante
os séculos passados, chegaram à conclusão de que, quanto
mais se sabe do universo, mais há para descobrir. Apesar dos
seus grandes conhecimentos, Isaac Newton escreveu perto do
fim da sua vida:
“Tenho a sensação de que tenho sido como um menino a
brincar à beira-mar, distraindo-me ao encontrar, de vez em
quando, um seixo mais liso ou uma concha mais bonita do que
o normal, enquanto o grande oceano da verdade está por
descobrir ali na minha frente”. (tradução do autor)
Seria mais condizente com o espírito dos verdadeiros cientistas
se alguns desses cientistas modernos apresentassem a teoria
da evolução como sendo uma possível explicação da realidade
ao nosso redor.
Uma coisa é certa, a teoria da evolução não contradiz a ideia
de um Deus soberano, pelo qual tudo veio a existir. Há hoje
muitos cientistas cristãos que abraçam o relato bíblico da
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criação e as teorias científicas da cosmologia e da evolução.


Não veem nenhum conflito nisso. Aceitam os aspectos factuais
e testáveis dessas teorias, mas aceitam também que o
universo não apareceu por um acaso cego, mas que foi o
resultado do planeamento e trabalho de Deus, o Criador.
Estes cientistas cristãos, que aceitam a ideia da evolução,
constatam que ela se enquadra no relato bíblico da criação. A
maioria deles apontam para o facto de a palavra hebraica Yom,
que aparece no relato da criação em Génesis e que se traduz
por “dia”, nem sempre se referir a um período de 24 horas.
Pode referir-se a um período mais longo, como encontramos
por exemplo em Isaías 58:5 e Zacarias 4:10. Por isso, não têm
problemas com o parecer científico de que a Terra tem 4 biliões
(4 mil milhões) de anos e que o universo é ainda mais antigo,
com mais 10 biliões (10 mil mihões) de anos.
Também não veem que haja conflito com a evolução gradual,
em que Deus não apenas começou o processo, mas continua
esse processo. Apontam para o facto de que a ordem em
Génesis 1 é, de certo modo, semelhante à aceite pela teoria
evolucionista, isto é, primeiro as plantas, depois os animais e
finalmente o homem.
Outros sugerem que Génesis nos dá informação com intervalos
pequenos: “E disse Deus…”. A informação é dada rapidamente,
mas a realidade dos acontecimentos teria demordo muito mais
tempo. Dizem eles que esta maneira de contar as coisas tão
rapidamente corresponde à teoria do Big Bang, em que as
coisas essenciais aconteceram dentro dos primeiros poucos
minutos.

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Outros ainda sugerem que Génesis 1 é uma descrição poética


que é usada para que todos os leitores entendam o facto de
que Deus criou todo o universo segundo um plano. Essas
pessoas não têm dificuldade em aceitar que a evolução pode
ter sido o processo que Deus usou na criação.
A ciência não deve meter-nos medo. Quanto mais a ciência
aumenta o nosso entendimento do mundo em que vivemos e
do universo ao nosso redor, mais maravilhados se sentem os
que conhecem o Criador de todas as coisas. Embora a teoria
da evolução nos possa dizer “como” o universo foi formado,
não consegue responder à questão do “porquê” as coisas
foram criadas e “porque” existimos. Até o evolucionista Stephen
Hawkins, talvez o maior cientista da sua geração, reconheceu
este facto. Mas cada um dos filhos de Deus conhece a
resposta a essas questões.
Podemos ilustrar isto imaginando um bolo muito bonito que é
apresentado numa reunião pública a um grupo de cientistas
para eles analisarem. Cada perito no seu campo apresenta a
sua opinião. Finalmente, os cientistas têm de explicar por que o
bolo foi feito. Ninguém consegue, exceto uma velhinha que se
levanta na assistência. É a senhora que fez o bolo. As pessoas
só ficam a saber o porquê quando ela explica que o bolo foi
feito para o aniversário do neto.
Não há análise científica do universo que nos possa dizer
porque ele foi criado ou por que existimos. A coisa maravilhosa
é que Deus, o Criador, escolheu revelar-Se a nós para que O
conheçamos e para que tenhamos vida Nele (João 20: 30,31).

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VII - Conclusão
A ciência verdadeira não é inimiga da Bíblia. Não existe um
conflito entre a ciência moderna e a Bíblia.
Como vimos, temos de reconhecer que os cristãos têm
contribuído muito para criar um conflito com a ciência. Isto
podia ter sido evitado se tivessem discernido a diferença entre
a teoria de evolução e evolucionismo, que é uma religião
científica, cujo objetivo é eliminar Deus e a mensagem de
salvação no Senhor Jesus.
Não precisamos de temer a ciência. É importante lembrar que
muitos cientistas hoje em dia aceitam as teorias científicas da
evolução e da cosmologia e, ao mesmo tempo, mantêm-se
firmes na sua confiança na Bíblia como sendo a Palavra de
Deus, que não erra. Aceitam os aspectos factuais e testáveis
destas teorias, mas também reconhecem o papel real e
tangível de Deus nesse processo, sem o qual nada do que
existe existiria.

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