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Estudo Bíblico III – Hermenêutica

Orientações Básicas para a Interpretação da Passagem

Aluno: Willian Azevedo Vita


Turma: TM1
Texto: Jonas 4.1-11

1. QUESTÕES INTRODUTÓRIAS

a. Autoria e contexto da vida do autor:


A autoria não é declarada de modo direto. Ao longo de todo o livro, o autor se
refere a Jonas na terceira pessoa do singular, o que leva alguns estudiosos a
crerem que o livro não foi escrito pelo profeta. O uso da terceira pessoa pelo
autor não é, contudo, uma ocorrência incomum no AT (por exemplo, Êx 11:3;
1Sm 12:11). Ademais, as informações autobiográficas encontradas em suas
páginas apontam claramente para Jonas como seu autor. É provável que o
relato em primeira mão de acontecimentos e experiências tão extraordinários
tenha sido registrado pelo próprio Jonas. O versículo introdutório não precisa
ser entendido como indicação contrária, pois livros de outros profetas, como
Oseias, Joel, Miqueias, Sofonias, Ageu e Zacarias têm introduções semelhantes.

b. Data:
O contexto situa o relato no período correspondente ao longo e próspero
reinado de Jeroboão II (por volta de 793-758 a.C.). Jonas é, portanto, um profeta
das tribos do norte que exerceu o ministério pouco antes de Amós, durante a
primeira metade do século VIII a.C., por volta de 760 a.C. De acordo com uma
tradição judaica inaveriguável, Jonas era o filho da viúva de Sarepta
ressuscitado dentre os mortos por Elias (1Rs 17:8-24).

c. Local:
De acordo com 2Reis 14:25, Jonas era de Gate-Hefer, nas proximidades de
Nazaré. Os fariseus se equivocaram quando disseram que “da Galileia não
surge profeta” (Jo 7:52), pois Jonas era Galileu. Lugares: Israel, Nínive (Assíria),
Társis e Jope.

d. Divisões principais do livro:


Parte I – A soberania exercida por Yahweh na salvação é insinuada pela fuga de
Jonas e sua consagração renovada (1.1 − 2.10).
1. Jonas é encarregado de pregar contra Nínive (1.1,2).
2. Jonas se rebela contra a ordem soberana de Deus (1.3).
3. A desobediência de Jonas transforma-se no modo soberano de Deus
trazer salvação a marinheiros pagãos (1.4-16).
4. A disciplina de Jonas os leva a perceber a soberania de Deus em
dispensar salvação (1.17 [Hb 2.1] − 2.10).
Parte II – A soberania de Yahweh em exercer salvação se manifesta
gloriosamente no arrependimento de Nínive e em Sua confrontação com o
amargurado profeta (3.1 – 4.11).
1. A soberania de Yahweh em exercer salvação se manifesta gloriosamente
no arrependimento de Nínive com a pregação de Jonas (3.1-10).
2. A soberania de Yahweh em exercer salvação se manifesta gloriosamente
em Sua confrontação com o amargurado profeta (4.1-11).

e. Destinatários imediatos e situação de vida:


Israelitas. Como profeta de Israel, o reino constituído pelas dez tribos do norte,
Jonas viveu no mesmo contexto que Amós. A nação desfrutava um período de
relativa paz e prosperidade. Uma vez que a Síria e a Assíria estavam
enfraquecidas, Jeroboão II pôde restabelecer as fronteiras de Israel ao norte, até
onde chegavam nos dias de Davi e Salomão (2Rs 14:23-27). Em termos
espirituais, porém, foi um tempo de pobreza; a religião era ritualista e estava se
tornando cada vez mais idólatra, e a justiça havia sido pervertida. Essa
mensagem implícita, dirigida ao profeta Jonas, tinha em vista um público mais
amplo − o povo de Israel no século 8 a.C. − que era cínico e espiritualmente
insensível.
f. Contexto histórico:
A paz e a riqueza haviam tornado Israel espiritual, moral e eticamente
corrompida (cf. 2Rs 14:24; Am 4:1ss.; 5:10-13). Como consequência, Deus
castigaria o Reino do Norte permitindo que os assírios o destruíssem e
levassem seu povo para o cativeiro em 722 a.C. Duas pragas (765 e 759 a.C.) e
um eclipse solar (763 a.C.) podem ter contribuído para o arrependimento de
Nínive e preparado a cidade para receber a mensagem de castigo proclamada
por Jonas.
g. Propósito do livro:
Revelar a soberania de Yahweh em conceder salvação, apesar da atitude de Seu
servo; motivar obediência humilde e interesse amoroso pela humanidade.

2. O CONTEXTO
a. Anterior:
Referente ao capítulo 4, o contexto anterior mostra Jonas recomissionado e
obedecendo ao Senhor, anunciando o julgamento divino contra Nínive. A
mensagem de Jonas produz fé e arrependimento generalizados na cidade;
afastando assim a ira de Yahweh e garantindo o livramento do perigo eminente.
b. Posterior:
Não há contexto posterior, o livro acaba.

3. O TEXTO
a. Assunto do texto:
A misericórdia de Deus com o povo de Nínive e com todos que se arrependem.
b. Personagens, suas origens e participação:
Jonas é o relutante missionário aos habitantes de Nínive, que precisou ser
engolido por um peixe enorme para obedecer ao mandamento de Deus. Amitai
é o pai de Jonas. O comandante e a tripulação do navio são os que tentaram
evitar a morte do profeta, mas o jogaram ao mar para fazer cessar a tempestade.
O rei e povo de Nínive são os que se arrependeram com jejuns, humilhando-se
diante de Deus e, assim, alcançando o seu favor e misericórdia.
c. Locais mencionados (informações, distâncias, clima):
De acordo com 2Reis 14:25, Jonas era de Gate-Hefer, nas proximidades de
Nazaré. Os fariseus se equivocaram quando disseram que “da Galileia não
surge profeta” (Jo 7:52), pois Jonas era Galileu. Lugares: Israel, Nínive (Assíria),
Társis e Jope. O texto de Jonas não indica a localização de Társis. Alguns
sugerem Tarso, na Ásia Menor. Outros sugeriram a colônia fenícia de Tartesso,
na Espanha. Na história, o conflito entre a vontade de Deus e a vontade de Jonas
se reflete em regiões e direções conflitantes: Israel e Assíria, Oeste e Leste,
viagem pela água em contraste com viagem por terra.

d. Questões culturais da passagem:


A paz e a riqueza haviam tornado Israel espiritual, moral e eticamente
corrompida (cf. 2Rs 14:24; Am 4:1ss.; 5:10-13). Como consequência, Deus
castigaria o Reino do Norte permitindo que os assírios o destruíssem e
levassem seu povo para o cativeiro em 722 a.C. Duas pragas (765 e 759 a.C.) e
um eclipse solar (763 a.C.) podem ter contribuído para o arrependimento de
Nínive e preparado a cidade para receber a mensagem de castigo proclamada
por Jonas.
e. Gramática (verbos, sujeito, repetições, figuras de linguagem):
Uma repetição interessante é a palavra “morte” que Jonas pede a Deus por duas
vezes, mas Este o questiona com “é justo o teu ressentimento?”.
f. Palavras importantes:
As palavras mais importantes da passagem são: “ressentido” e “compaixão”.
g. Questões e fatos interessantes e/ou importantes:
A reação de Jonas à...
...demonstração da misericórdia de Deus é rejeição aberta e autojustificação.
...confrontação inicial de Deus é de desafio obstinado.
h. Intenção do autor com a passagem:
Mostrar que a soberania de Yaweh em exercer salvação se manifesta
gloriosamente em Sua confrontação com o profeta amargurado.
i. Contribuição da passagem com o propósito do livro e fluxo argumentativo:
Dentro do propósito do livro de Jonas a passagem mostra como Deus lidou
ternamente com Jonas, da mesma maneira como havia feito com Nínive e com
Israel – e da mesma maneira como age conosco. Deus poderia ter destruído
Jonas por sua ira desafiadora. Em vez disso, gentilmente, Ele lhe ensinou uma
lição. Se obedecermos a Deus, Ele nos guiará. Seu áspero juízo está reservado
para os que persistem na rebelião.
4. O TEXTO E O RESTANTE DA BÍBLIA
a. Citações e referências (diretas e indiretas) da passagem:
4.1 – Jonas ficou com raiva e muito aborrecido, semelhantemente ao filho mais
velho da parábola que Jesus contou (Lc 15.28).
4.2 – “És Deus que tem compaixão e misericórdia” em Êx 34.6; Nm 14.18; Sl
103.8; 145.8; Jr 3.12; 31.20 e Jl 2.13.
4.3 – “... para mim é melhor morrer” O profeta Elias disse algo semelhante em
1Rs 19.4.
4.11 – “ter pena da grande cidade de Nínive” O amor de Deus por aqueles que
não são do povo de Israel atingiu seu ponto alto em Jesus Cristo (Mt 8.10-12;
28.18-20).
b. Harmonia da passagem com a Bíblia:
Deus é mais misericordioso do que podemos imaginar. Ele sente compaixão
pelos pecadores que desejamos ver julgados, e Ele faz planos para levá-los para
si. Deus atende as orações daqueles que o invocam. Ele sempre realizará a sua
vontade, e Ele quer que todos venham até Ele, confiem nele e sejam salvos.

5. O TEXTO E OS NOSSOS DIAS


a. O que tudo isto significa?
Deus lidou ternamente com Jonas, da mesma maneira como havia feito com
Nínive e com Israel – e da mesma maneira como age conosco. Deus poderia ter
destruído Jonas por sua ira desafiadora. Em vez disso, gentilmente, Ele lhe
ensinou uma lição. Se obedecermos a Deus, Ele nos guiará. Seu áspero juízo
está reservado para os que persistem na rebelião.
b. Quais as possíveis pontes da passagem com os nossos dias (Rm 15.4)? Quais as
aplicações legítimas do texto?
Há esperança para o ser humano, por pior que seja, pois Yahweh é soberano
para salvar aqueles que se arrependem, sejam israelitas sejam ninivitas; porém
aqueles que recusam se arrepender terão de enfrentar a ira de Deus.

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