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Seminário Bíblico Palavra da Vida Atibaia, 09/12/2022

Curso: Teologia Sistemática II Aluno: Willian Azevedo Vita


Professor: Sidney Machado Turma: TM1

PROBLEMAS COM A CRENÇA DE PELÁGIO SOBRE PECADO HERDADO


Conceitos presentes em doutrinas de algumas seitas no Brasil

Pelágio foi um teólogo britânico, considerado heresiarca, que viveu aproximadamente


entre 360 e 420 d.C. Era um homem piedoso e de conduta exemplar reconhecida por seus
contemporâneos. Desenvolveu estudos sobre a doutrina do pecado (hamartiologia), mas seu
ensino foi rejeitado, sendo excluído da igreja através de sentença ratificada pelos Sínodos de
Mileve e Catargo. Sendo ainda condenado no Concílio de Éfeso em 431 (Bíblia Apologética,
2000). Ele ensinava que o ser humano poderia viver isento de pecado, pois foi criado à
imagem e semelhança de Deus, e mesmo com a queda não poderia perder tal característica.
Partindo do princípio de que se o ser humano não pode viver sem pecado, então não poderia
ser o mesmo homem que foi criado à imagem e semelhança de Deus. Contrariando diversos
princípios bíblicos expostos em textos como:
“Se afirmarmos que estamos sem pecado, enganamos a nós mesmos, e a
verdade não está em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e
justo para perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda injustiça. Se
afirmarmos que não temos cometido pecado, fazemos de Deus um
mentiroso, e a sua palavra não está em nós.” (1Jo 1.8-10)
“Sei que sou pecador desde que nasci; sim, desde que me concebeu minha
mãe. Sei que desejas a verdade no íntimo; e no coração me ensinas a
sabedoria. Purifica-me com hissopo, e ficarei puro; lava-me, e mais branco
do que a neve serei.” (Sl 51.5-7)

Os versículos acima nos mostram claramente que uma característica intrínseca ao ser
humano é o estado pecaminoso. A posição pelagiana rejeita a doutrina do “pecado herdado”
(ou “pecado original”) e sustenta que o pecado consiste somente em atos pecaminosos
isolados (Grudem, 1999). Ou seja, somos responsáveis apenas pelos pecados que
cometemos no decorrer de nossas vidas, não há a ideia de que a corrupção é inerente ao ser
humano devido à nossa ancestralidade. Adão é culpado de seu pecado, assim como eu serei
culpado apenas daqueles pecados que eu cometer. Estas ideias também não convergem
com diversos princípios bíblicos de outras passagens como:
“Portanto, da mesma forma como o pecado entrou no mundo por um homem,
e pelo pecado a morte, assim também a morte veio a todos os homens,
porque todos pecaram; [...] Não se pode comparar a dádiva de Deus com a
consequência do pecado de um só homem: por um pecado veio o julgamento
que trouxe condenação, mas a dádiva decorreu de muitas transgressões e
trouxe justificação. Se pela transgressão de um só a morte reinou por meio
dele, muito mais aqueles que recebem de Deus a imensa provisão da graça
e a dádiva da justiça reinarão em vida por meio de um único homem,
Jesus Cristo.” (Rm 5.12,16-17)
“Visto que a morte veio por meio de um só homem, também a ressurreição
dos mortos veio por meio de um só homem. Pois, da mesma forma que em
Adão todos morrem, em Cristo todos serão vivificados. Mas cada um por sua
vez: Cristo, o primeiro; depois, quando ele vier, os que lhe pertencem. Então
virá o fim, quando ele entregar o Reino a Deus, o Pai, depois de ter destruído
todo domínio, toda autoridade e todo poder.” (1Co 15.21-24)
“Os que sobreviverem apodrecerão na terra do inimigo por causa dos seus
pecados e também por causa dos pecados dos seus antepassados.”
(Lv 26.39)
“O Senhor é muito paciente e grande em fidelidade e perdoa a iniquidade e
a rebelião, se bem que não deixa o pecado sem punição e castiga os filhos
pela iniquidade dos pais até a terceira e quarta gerações.’” (Nm 14.18)

Estes versículos nos levam ao próximo ponto a ser discutido nas proposições de
Pelágio. A morte é uma companheira do homem. Ou seja, Adão morreria independente de
ter pecado (Bíblia Apologética, 2000). Afirmar algo do tipo é um grande absurdo ao comparar
com textos bíblicos que claramente estabelecem uma relação de causa de efeito com relação
à morte e ao pecado do ser humano:
“Pois o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida
eterna em (ou por meio de) Cristo Jesus, nosso Senhor.” (Rm 6.23)
“Mas agora se manifestou uma justiça que provém de Deus, independente
da Lei, da qual testemunham a Lei e os Profetas, justiça de Deus mediante
a fé em Jesus Cristo para todos os que creem. Não há distinção, pois todos
pecaram e estão destituídos da glória de Deus, sendo justificados
gratuitamente por sua graça, por meio da redenção que há em Cristo Jesus.”
(Rm 3.21-24)

O último ponto a ser discutido neste trabalho sobre os problemas com a crença
pelagiana é que fundamentalmente o ser humano pode dar conta de dar seus próprios passos
rumo à salvação (Grudem, 1999). Ou seja, por meio de uma vida digna, a salvação pode ser
alcançada mesmo sem o conhecimento do Evangelho. Todos serão julgados para a Salvação
segundo o que conheceram da parte do Senhor e o que praticaram a partir deste
conhecimento (Bíblia Apologética, 2000). Aqui realmente Pelágio jogou fora o eixo central da
Palavra de Deus: o Evangelho de Jesus Cristo para a salvação de todo o que crê. Fora outros
versículos fundamentais para a compreensão da salvação pela fé.
“Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que
todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. Pois Deus enviou
o seu Filho ao mundo, não para condenar o mundo, mas para que este fosse
salvo por meio dele. Quem nele crê não é condenado, mas quem não
crê já está condenado, por não crer no nome do Filho Unigênito de Deus.”
(Jo 3.16-18)
“Todavia, Deus, que é rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos
amou, deu-nos vida com Cristo quando ainda estávamos mortos em
transgressões—pela graça vocês são salvos. Deus nos ressuscitou com
Cristo e com ele nos fez assentar nas regiões celestiais em Cristo Jesus,
para mostrar, nas eras que hão de vir, a incomparável riqueza de sua graça,
demonstrada em sua bondade para conosco em Cristo Jesus. Pois vocês
são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de
Deus; não por obras, para que ninguém se glorie.” (Ef 2.4-9)
“Portanto, agora já não há condenação para os que estão em Cristo Jesus,
porque por meio de Cristo Jesus a lei do Espírito de vida me libertou da lei
do pecado e da morte.” (Rm 8.1-2)

Pelágio foi um popular mestre cristão que pregou em Roma e mais tarde na Palestina,
mas em 1º de maio de 418 seus ensinos foram condenados como heresia no Concílio de
Cartago (Grudem, 1999). Um século mais tarde, surgiu o semipelagianismo, amortecendo
alguns dos ensinos extravagantes de Pelágio. Ainda hoje existem seitas até mesmo no Brasil
que possuem doutrinas, ou filosofias basilares de fé com princípios muito semelhantes ao
pelagianismo. Sobre estas seitas trataremos a partir de agora neste trabalho comparando
com alguns dos textos citados acima na argumentação. Semelhantemente a Pelágio, duas
seitas ignoram o que a Palavra de Deus nos revela em 1 João 1.8: A Ciência Cristã declara
que o homem é incapaz de pecar, adoecer e morrer. São os filhos do maligno (ou o único
mal) que declaram que o homem começa no pó ou com um embrião material. Também o
grupo oriental Seicho-no-le ensina que se o pecado existisse realmente, nem todos os
“budas” do Universo nem Jesus Cristo conseguiriam extingui-lo (Bíblia Apologética, 2000).
Com relação ao texto de 1 Coríntios 15.22: Assim como o pelagianismo pregava que
pecadores sob pesado jugo do pecado poderiam ser menos culpados diante de Deus
(Grudem, 1999) também as Testemunhas de Jeová afirmam que todas as pessoas injustas
serão ressuscitadas e receberão uma oportunidade em um paraíso futuro na Terra.
Comparando as doutrinas de Pelágio e algumas seitas, referente a Romanos 3.23-24, é
interessante notar que a Ciência Cristã diz que o pecado não existe, é uma ilusão (foram
ainda mais longe que os pelagianos, apesar de certa semelhança). Já o Raelianismo censura
este versículo declarando que as religiões culpam o homem de pecado, propondo uma
liberação deste conceito, quanto ao ensino do pecado, para que haja um despertar do espírito
humano (Bíblia Apologética, 2000). Aqui já há uma extrapolação absurda e antibíblica, beira
à semelhança de Satanás durante a tentação no Éden, o sentimento que fica é “até onde o
ser humano é capaz de chegar para se afastar da verdade bíblia sobre a salvação”.
Já com relação ao texto de João 3.16: Assim como no pelagianismo não se enxerga
completa salvação em Jesus Cristo (o Filho unigênito que tem a mesma natureza divina do
Pai); as Testemunhas de Jeová declaram que esta filiação unigênita se refere à criação de
Cristo e, por conta disso, Ele seria um deus menor; ou ainda o Islamismo que afirma sobre a
filiação de Jesus ser semelhante à dos demais homens, exemplo: Adão, Israel, Davi e
Salomão. Aqueles que diminuem o Filho e/ou sua obra redentora, jamais encontrarão
salvação através de outro caminho que não seja Ele como realmente é e o que fez. A salvação
é pela graça de Deus, através da fé (plena confiança) em Jesus Cristo, o Filho unigênito do
Pai. É o Cordeiro de Deus quem tira o pecado do mundo, o ser humano nada pode fazer para
se autojustificar diante de Deus (Ef 2.9). Alguns ensinam que a salvação está no fato de
alguém pertencer e ser fiel a determinada religião, abraçando seus ensinamentos. Há aqueles
que afirmam que são responsáveis pela restauração do verdadeiro cristianismo e, com isso,
inutilizam o sacrifício de Cristo (Bíblia Apologética, 2000). Outros pregam a guarda da lei,
realizações forçadas de caridade, ou até mesmo que o ser humano é capaz de encontrar por
sua conduta a salvação. O caminho, a verdade e a vida são/estão em Jesus; não há outra
forma de chegar ao Pai, não há outra forma de ser salvo.

BIBLIOGRAFIA

BÍBLIA. Português. Bíblia Sagrada: Nova Versão Internacional (NVI). São Paulo:
Sociedade Bíblica Internacional, 2000. Editora: Geográfica. 6ª edição.

BÍBLIA DE ESTUDO. Português. Bíblia Apologética. Texto utilizado: Almeida, Corrigida, Fiel
(ACF). Jundiaí/SP: Instituto Cristão de Pesquisas (ICP), 2000. Filiado à ASEC – Associação
de Editores Cristãos.

GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática Atual e Exaustiva. São Paulo: Vida Nova, 1999.
Nova Edição com Índices.

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