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‫ְגּאֻ לָּה‬

REDENÇÃO
O PALCO DA ESCATOLOGIA
Pr. A. Carlos G. Bentes
DOUTOR EM TEOLOGIA
Copyright © 2012 Antônio Carlos Gonçalves Bentes

Capa:
Rute Guimarães de Andrade Bentes

Revisão e diagramação:
Charles Reuel de Andrade Bentes

1ª edição:
2012

Bentes, Antônio Carlos Gonçalves


REDENÇÃO - O PALCO DA ESCATOLOGIA
Lagoa Santa - MG: edição do autor, 2012.
ISBN:

Todos os direitos reservados para:


Antônio Carlos Gonçalves Bentes
(31) 3681-4770 / (31) 9684-9869; 86614070.
pastorbentesgoel@gmail.com

2
DEDICATÓRIA

Dedico esta singela obra, fruto dos meus esforços literários em prol da causa do
Mestre, a minha esposa Rute (Rutinha), que tão carinhosamente tem servido ao meu
lado durante todos estes anos de trabalho na Seara do Senhor. Ela tem sido um
instrumento de redenção na minha vida ministerial.
Dedico esta obra, também, as minhas netas Eliza e Anna Clara que têm o
privilégio de viverem nos últimos dias da Vinda do Messias.

3
AGRADECIMENTOS

Agradeço:
A Deus, que na sua soberania e Graça nos permitiu tal realização.
À MINHA AMADA ESPOSA Rute Guimarães de Andrade Bentes, que sempre
se sacrificou a fim de que pudéssemos estudar, e tem sido grande bênção em meu
ministério pastoral e educacional.
Aos meus filhos: Joelma, Telma e Charles, bênçãos de Deus.
Aos meus alunos das Casas de Profetas: JAMI, UNITHEO, SEBEMGE, STEB,
Escola Bíblica Central do Brasil, Seminário Teológico Goel, Escola Teológica
Koinonia e Seminário Teológico Hosana que com suas perguntas e opiniões
aprofundaram nossas pesquisas e ampliaram nossos conhecimentos.

Pr. A. Carlos G. Bentes

4
EPÍGRAFE

“O cristianismo não é um circulo, com um só centro, mas, sim, uma elipse, que
tem dois focos – as doutrinas da Redenção e do Reino de Deus” (Albrecht Ritschl).
“Tudo quanto Deus faz é absolutamente livre – até mesmo sua auto-glorificação
através da criação e da redenção” (Jacob Arminius).

5
PREFÁCIO

Os três grandes atos da Santa Trindade na recuperação da humanidade perdida


são: eleição por parte do Pai, redenção por parte do Filho, chamada por parte do
Espírito Santo - como sendo dirigidos às mesmas pessoas, garantindo infalivelmente a
salvação delas.
A redenção, portanto, foi designada para cumprir o propósito divino da eleição.
Esta eleição envolve os três povos (Judeus, Gentios e Igreja).
Esta Redenção é eterna: Cl 1.14: “Em quem temos a redenção, a saber, a
remissão dos pecados”; Hb 9.12: “e não pelo sangue de bodes e novilhos, mas por seu
próprio sangue, entrou uma vez por todas no santo lugar, havendo obtido uma eterna
redenção”.
At 3.21: “É necessário que ele permaneça no céu até que chegue o tempo em que
Deus restaurará (ἀποκατάστασις) todas as coisas, como falou há muito tempo, por meio
dos seus santos profetas” (NVI).
Ao qual convém que o céu receba até os tempos da restauração (ἀποκατάστασις)
de todas as coisas, das quais Deus falou pela boca dos seus santos profetas, desde o
princípio” (RC).
Apokatástasis (ἀποκατάστασις) substantivo de apokathístēmi (ἀποκαθίσιτηµι),
restaurar. A restauração de um objeto ao seu estado anterior. Ocorrência única em atos
3.21, referência estado ao reino futuro Messias.
Apokathístēmi (ἀποκαθίσιτηµι) significa trazer a um estado anterior, restaurar.
Referindo-se ao reino e ao governo judaico, que, segundo se esperava, seria restaurado
e expandido pelo Messias (Mt 17.11; Mc 9.12; Ml 4.6; Lc 1.16,17).
A Bíblia é uma biblioteca de 66 livros escritos por 40 escritores num período de
1500 anos; não obstante, nela se desenvolve um único tema, que une todas as partes, a
redenção. Redenção esta, holística, católica e cósmica. 1
Esse redentor vindouro, descrito em Gênesis 3.15 apenas como o descendente da
mulher, é designado como descendente de Abraão em Gn 22.18 (cp. 26.4; 28.14). Gn
49.10, mais adiante, especifica que o redentor deverá ser um descendente da tribo de
Judá. Ainda mais tarde, no curso da revelação do Antigo Testamento, aprendemos que
o redentor vindouro será um descendente de Davi (2 Sm 7.12-13; Lc 1.31-33).
Mais de três quartas partes da Bíblia correspondem ao Antigo Testamento. Com
exceção dos onze primeiros capítulos do Gênesis, do livro de Jó e de certas partes dos
profetas, o Antigo Testamento dedica-se ao trato de Deus com a raça escolhida. Deus
elegeu o povo hebreu com três finalidades: ser depositário de sua Palavra; ser a
testemunha do único Deus verdadeiro perante as nações; ser o meio pelo qual viesse o
Redentor.
“Antes que se rompa o fio de prata, ou se quebre o copo de ouro, ou se despedace
o cântaro junto à fonte, ou se desfaça a roda junto à cisterna” (Ec 12.6).
“O que é o fio de prata”. 2

1
PAUL, Hoff. O PENTATEUCO. 6ª impressão. Belo Horizonte: Editora Betânia, 1995., p. 4.
2
http://www.ippb.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=4275&catid=62&Itemid=96.
6
Dentro do estudo da projeção da consciência, o cordão de prata é uma das partes
mais importantes do estudo da bioenergética.
Segundo a bioenergética o fio de prata liga o corpo à alma e ao espírito. No
arrebatamento de espírito, este sai do corpo e vai aos lugares que Deus quer levá-lo,
como fez com o apóstolo Paulo, com o profeta Ezequiel com tantos outros servos de
Yahweh. Fora do arraial evangélico, o homem sai do corpo numa viagem astral. E o
que mantém o homem ligado ao corpo é o famoso fio de prata. Na morte física
acontece o rompimento do fio de prata.
A Bíblia de Estudo NVI nos traz o seguinte comentário de Ec 12.6:
“Fio de Prata. Lamparina pendente de uma corrente de prata. Rompendo-se um
único elo, perecerá essa luz e essa beleza, fato que mostra a grande fragilidade da
vida”.3
No estudo da Teologia Sistemática há também um fio de prata. Ele liga todos os
módulos da Teologia Sistemática: Bibliologia, Teontologia, Cristologia, Antropologia,
Angelologia, Hamartiologia, Soteriologia, Eclesiologia, Pneumatologia e Escatologia.
O fio de prata da Teologia Sistemática é a doutrina da Redenção, doutrina esta balizada
na Pessoa Teantrópica do Redentor – Go’el - ‫ גאל‬- O Parente Remidor.
Rompendo-se o fio de prata da Teologia da Sistemática esta morre. O fio de prata
da teologia é o plano da Redenção alicerçado na Doutrina do Parente Remidor – O
Go’el - Jesus Cristo, o Resgatador dos Judeus, dos Gentios, da Igreja e do Cosmos.
O estudo da escatologia é o último elo do fio de prata da Redenção.
Ap 21.3: “Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles.
Eles serão povos (Israel, Igreja e Gentios) de Deus, e Deus mesmo estará com eles”.
O plano da redenção é o âmago da escatologia. Deus veio para remir: o homem, a
terra, Israel e o Cosmos.

3
BÍBLIA NVI. SÃO PAULO: EDITORA VIDA, 2003, p. 1119.
7
ÍNDICE
ÍNDICE 8
O PLANO DA REDENÇÃO É O ÂMAGO DA ESCATOLOGIA 9
O RELÓGIO DE DEUS 12
O PARENTE REMIDOR - GO’EL - O PARENTE VINGADOR 18
O LIVRO DE RUTE E A DOUTRINA DO GO’EL 27
O CHESED DE RUTH 33
REDENÇÃO: O PALCO DA ESCATOLOGIA 38
O REINO DE DEUS 58
A REDENÇÃO DE ISRAEL 61
A GRANDE TRIBULAÇÃO 65
O MILÊNIO - O GOVERNO DO REDENTOR 78
A CRIAÇÃO DO NOVO CÉU E DA NOVA TERRA 83
ESQUENELOGIA 85
A Chupah (‫ ) ֻפחָה‬- A CASA DA REDENÇÃO 92
EPÍTOME FINAL: 95
CONCLUSÃO 96
BIBLIOGRAFIA 97

8
1

O PLANO DA REDENÇÃO É O ÂMAGO DA ESCATOLOGIA 4

A Doutrina da Redenção abrange:


1) A Doutrina do Parente Remidor - GO’EL (Rute, Lv 25.25-34; Dt 25.5-10).
2) A Doutrina da Redenção da Terra - (Rm 8.18-23; Lv 25; Zc 14.4,5,8,10; Is
35.1,2,13; 11.5-9; Jl 2.22-27; Is 65.20 etc.).
3) A Redenção das Nações (Gn 9.12-17; Ap 10; Zc 14.16-19; Ap 21.24; 22.2; Is
60.3).
4) A Redenção de Israel (Am 9.15; J1 3.20,21; Is 60.4-12).
5) A Redenção do Homem (Ef 1.13,14; Rm 8.23,24; l Jo 3.1,2; Fp 3.21; Ap 1.5,6).
6) A Redenção do Cosmos (At 3.21).

O CENTRO DA MENSAGEM REDENTORA É A COLOCAÇÃO


APROPRIADA DE:
1. O trono de Davi, na profecia (2 Sm 7.12-16; S1 89.34-37; Is 9.6,7; Zc
14.9,16-19 ).
2 Sm 7.12-16: 12. Quando teus dias forem completos, e vieres a dormir com teus
pais, então farei levantar depois de ti um dentre a tua descendência, que sair das tuas
entranhas, e estabelecerei o seu reino. 13. Este edificará uma casa ao meu nome, e eu
estabelecerei para sempre o trono do seu reino. 14. Eu lhe serei pai, e ele me será filho.
E, se vier a transgredir, castigá-lo-ei com vara de homens, e com açoites de filhos de
homens; 15. mas não retirarei dele a minha benignidade como a retirei de Saul, a quem
tirei de diante de ti. 16. A tua casa, porém, e o teu reino serão firmados para sempre
diante de ti; teu trono será estabelecido para sempre.
2. A pessoa que se assentará nesse trono (Lc 1.31-33; Ap 20.6; Jr 23.5; 2 Sm
7.14-17; Mt 19.28;25.31).
Lc 1.31-33: 31. Eis que conceberás e darás à luz um filho, ao qual porás o nome
de Jesus. 32. Este será grande e será chamado filho do Altíssimo; o Senhor Deus lhe
dará o trono de Davi, seu pai; 33. e reinará eternamente sobre a casa de Jacó, e o seu
reino não terá fim.
A menos que essas verdades sejam claramente definidas, recebendo alicerce
bíblico, a profecia perderá a sua significação e vitalidade, surgindo assim certa
incoerência, que tende a confundir e não a esclarecer.
Um descendente de Davi se assentará no Trono da Glória (Mt 25.31; 19.28; Jr
3.17). No milênio, Israel será restaurado à terra da Palestina. Jesus Se assentará sobre o
trono literal de Davi, e reinará sobre o mundo a partir de Jerusalém (Zc 14).

O TRONO DE DAVI E O MILÊNIO 5

A forma de entender as promessas feitas a Davi, referentes à permanência de seu


trono eternamente através de sua descendência (Jesus) e a forma de entender a
4
BENTES, A. C. G. JESUS O GO’EL VINGADOROR. 3ªed. Lagoa Santa: Editora Klivros.com.br, 2011, p. 21.
5
http://www.projetoomega.com/estudo6.htm.
9
promessa referente ao Milênio é crucial para estabelecer a diferença entre os diversos
modelos que lidam com o cenário profético.
Enquanto os adeptos da Teologia da Substituição tendem a alegorizar as profecias
vetero-testamentárias referentes à supremacia de Israel sobre as outras nações da Terra
(Isaias 2.1-4, Miquéias 4.1-4, Jeremias 3.17; 36.33-36, Zacarias 14.1-21) e a profecia
referente ao Milênio (Apocalipse 20.1-6), colocando essas promessas como uma
alegoria do reinado da Igreja na presente era e adotando o amilenismo como base
interpretativa, os dispensacionalismos tradicional e progressivo utilizam a literalidade
para entender tais profecias. Tanto para o dispensacionalismo tradicional quanto para o
progressivo, o Milênio será um período literal de mil anos, o qual começará na volta de
Jesus e se prolongará até a criação dos novos céus e nova Terra, no qual Jesus reinará
em Jerusalém exercendo soberania sobre as nações logo após a Sua volta, assentando-
se literalmente no trono de Davi (Mt 19.28; 25.31). O trono de Davi é o trono da glória
e o trono da glória é Jerusalém. “Naquele tempo chamarão a Jerusalém o trono do
Senhor; e todas as nações se ajuntarão a ela, em nome do Senhor, a Jerusalém; e não
mais andarão obstinadamente segundo o propósito do seu coração maligno” (Jr 3.17).

As promessas referentes ao Trono de Davi estão expostas no livro dos salmos:

“Fiz uma aliança com o meu escolhido, e jurei ao meu servo Davi, dizendo: A tua
semente estabelecerei para sempre, e edificarei o teu trono de geração em geração”.
(Salmos 89.3-4).

“Uma vez jurei pela minha santidade que não mentirei a Davi. A sua semente
durará para sempre, e o seu trono, como o sol diante de mim. Será estabelecido para
sempre como a lua e como uma testemunha fiel no céu”. (Salmos 89.35-37).

“O Senhor jurou com verdade a Davi, e não se apartará dela: Do fruto do teu
ventre porei sobre o teu trono”. (Salmos 132.11).

“Eis que conceberás e darás à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus. Este
será grande e será chamado filho do Altíssimo; o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi,
seu pai; e reinará eternamente sobre a casa de Jacó, e o seu reino não terá fim” (Lc
1.31-33).
Davi será príncipe do Rei Jesus durante o Milênio e o Estado Eterno.

Ez 37.24-27: 24. Também meu servo Davi reinará sobre eles, e todos eles terão
um pastor só; andarão nos meus juízos, e guardarão os meus estatutos, e os observarão.
25. Ainda habitarão na terra que dei a meu servo Jacó, na qual habitaram vossos pais;
nela habitarão, eles e seus filhos, e os filhos de seus filhos, para sempre; e Davi, meu
servo, será seu príncipe eternamente. 26. Farei com eles um pacto de paz, que será um
pacto perpétuo. E os estabelecerei, e os multiplicarei, e porei o meu santuário no meio
deles para sempre. 27. Meu tabernáculo permanecerá com eles; e eu serei o seu Deus e
eles serão o meu povo. 28. E as nações saberão que eu sou o Senhor que santifico a
Israel, quando estiver o meu santuário no meio deles para sempre.
10
Para alguns dispensacionalistas progressistas, as promessas feitas a Davi estão
tendo seu cumprimento parcial já na presente época, com Jesus assentado em seu trono
à direita do Pai, sem negar a futura presença de Jesus em seu trono terrestre. Já para
outros (entre os quais nos incluímos), as promessas feitas a Davi se concretizarão a
partir do momento da vinda de Cristo.
É interessante notar que, alguns dias antes da crucificação de Cristo, quando Ele
entrava em Jerusalém, as multidões clamavam: “Hosana ao Filho de Davi; bendito o
que vem em nome do Senhor. Hosana nas alturas!” (Mateus 21.9; Sl 118.25,26). Sem
dúvidas, aquela multidão esperava que Jesus, como descendente de Davi e como um
homem admirado por suas obras, assumisse já naquele momento a posição de líder da
nação israelense, libertando o povo judeu do domínio romano. No entanto, Jesus, dias
após, deixou claro que a concretização dessa profecia se daria em sua volta gloriosa. Ao
dirigir-se às principais autoridades religiosas judaicas da época, Ele disse: “Porque eu
vos digo que desde agora me não vereis mais, até que digais: Bendito o que vem em
nome do Senhor”. (Mateus 23.39).
Implicitamente, Jesus deixou estabelecidos dois fatos: que Ele reinaria
literalmente em Jerusalém a partir do momento de sua volta e que haveria uma futura
conversão em massa da nação israelense (Zacarias 12.10, Romanos 11.26). Até mesmo
no momento de sua ascensão, essa era a expectativa de seus discípulos. Eles indagaram
ao Mestre se era naquele tempo que Ele restauraria o Reino de Israel (Atos 1.7). Note
que os discípulos não tinham qualquer noção “alegórica” do reino do Messias, mas
esperavam sua concretização literal. O Senhor, em vez de repreendê-los por sua
esperança literal e terrena, revela que o tempo para que aquela promessa fosse
concretizada pertencia aos desígnios do Pai (Atos 1.8).
Uma outra passagem que aponta claramente para a concretização futura da
promessa feita a Davi, se encontra em Apocalipse 3.21:

“Ao que vencer lhe concederei que se assente comigo no meu trono; assim como
eu venci, e me assentei com meu Pai no seu trono”.

Note a diferença entre o trono do Pai, no qual Jesus se encontra após sua vitória
na cruz, e o trono de Jesus, o qual será literalmente estabelecido na Terra em sua volta,
como fica claro ao comparar o tempo em que a promessa está contida: os salvos se
assentarão com Jesus após vencerem, assim como Jesus se assentou no trono do Pai
após a sua vitória pessoal. Se considerarmos que Jesus obteve sua vitória na
ressurreição, fica subentendido, por comparação, que nossa vitória definitiva será
alcançada na glorificação. Tudo isso nos remete à concepção de que o Trono de Davi
sobre a Terra será estabelecido por Jesus logo após a sua vinda e nós participaremos
ativamente desse Reino.

11
2

O RELÓGIO DE DEUS

O RELÓGIO DE DEUS
O Reino do Filho Início das 70 Semanas

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Senhor - Graça Ano 33 d.C.


3,

Is 61.1,2; Lc 4.14-20
Dn 9.27 Aliança do Anticristo

Este quadro inclui as 70 Semanas de Daniel, o período da Graça e o Milênio,


ficando fora o Estado Eterno. Dentro das 69 semanas está o período interbíblico e o
ministério de Jesus.
Depois das 69 semanas vem o período da Graça, chamado pelos profetas de O
Ano Aceitável do Senhor. Este período é o intervalo entre as 69 semanas e a última
semana de Daniel. Vindo depois deste período a Grande Tribulação (Dn 12.1; Mt
24.15-22,29) chamado pelos profetas de O Dia da Vingança (Is 61.1,2; 63.1-4; 34.8). A
Grande Tribulação é a última semana de Daniel, um período de 7 anos – é a vingança
do Go’el.
Depois do Dia da Vingança vem O Ano dos Redimidos – o Milênio, período este
chamado por Mateus de Regeneração (Mt 19.28).
Seguindo a Regeneração vem o Trono Branco – julgamento final (Ap 20.11-14).

12
Finalmente após o Milênio vem o Estado Eterno – Novos céus e Nova terra (Ap
21.1-4).

O ÚNICO PROPÓSITO 6

Cremos que Deus tem um único propósito – o estabelecimento do Reino de Deus


- no qual tanto Israel como a Igreja e os Gentios - as nações justas (o trigo) terão parte
no Estado Eterno. E todos serão chamados Povos de Deus: “Agora o tabernáculo de
Deus está com os homens, com os quais ele viverá. Eles serão os seus povos (no grego
está no plural, λαοί -laoí); o próprio Deus estará com eles e será o seu Deus” (Ap
21.3).
Quando usamos a palavra “Propósito” nos referimos à doutrina do “Decreto de
Deus”. Há muitas passagens que ensinam a doutrina dos decretos de Deus. Esta
doutrina constitui na realidade umas das tônicas gerais dos ensinos bíblicos. Leia os
seguintes textos: Sl 33.11; Is 14.26,27; 46.9,10; Dn 4.34,35; Mt 10.29,30; Lc 22.22; At
2.23; 4.27,28; 17.26; 4.18; Rm 8.28-30; 1 Co 2.7; Ef 1.11; 2.10; 2 Tm 1.8,9; 1 Pe 18-
20.
Estas passagens e muitas outras que poderiam ser facilmente acrescentadas
mostram que o Deus Todo Poderoso tem um plano ou propósito para o Cosmos que é
dele. E neste Plano com certeza estão incluídos: a Terra, o Universo, os anjos, o
homem, a nação de Israel, os Gentios e a Igreja.
Temos falado do propósito de Deus. Os teólogos os chamam Seus decretos.
Podemos dizer que os propósitos de Deus, por infinito que nos pareça seu número, não
são mais que um único propósito.
Isto é o que o Catecismo Menor7 quer dizer quando afirma que os decretos de
Deus são “Seu propósito eterno”. Os inúmeros decretos se constituem em um único
propósito ou Plano. Não são independentes um do outro, mas formam uma unidade
íntima igual, como Deus é um.
O projeto com Israel, o projeto com a Igreja e o projeto com os Gentios fazem
parte do único Propósito Eterno.

Witness Lee tem uma excelente ideia sobre o conceito “dispensações”:

A ECONOMIA DE DEUS - SEU ARRANJO ADMINISTRATIVO 8

Economia é uma palavra aportuguesada do grego oikonomia. Ela significa a lei


de uma casa, ou administração familiar. Em 1 Timóteo 1.4 (οἰκονοµίαν θεοῦ -
administração da casa de Deus) essa palavra é usada para arranjo, plano, administração
ou gerenciamento. No Velho Testamento a casa de Faraó necessitava de alguma
administração familiar ou arranjo, e José foi colocado ali para tomar conta daquela

6
BENTES, A. C. G. Manual de Escatologia. 3ª ed. Lagoa Santa - MG: Edição Própria, 2012, p. 74.
7
O Catecismo Menor foi preparado pelos teólogos da Assembléia de Westminster no ano de 1648 para o ensino da
religião na Escócia, Inglaterra e Irlanda.
8
LEE, Witness. A REVELAÇÃO BÁSICA NAS ESCRITURAS SAGRADAS. 2ª ed. São Paulo: Editora Árvore da Vida,
1992, p. 8-11.
13
administração. O que ele fazia era principalmente distribuir o rico alimento aos
famintos (Gn 41.33-41, 54-57); e aquela distribuição era um dispensar. A administração
da casa de Faraó foi uma economia levada a cabo para dispensar as riquezas ao povo.
No Novo Testamento essa palavra é principalmente usada por Paulo. Mas a mesma
palavra é usada pelo Senhor Jesus em Lucas 16.2-4, referindo-se ao mordomado de um
despenseiro. José podia ser considerado como o despenseiro de Faraó, e sua
responsabilidade, como sua economia. Aquela atribuição, seu mordomado, era para
dispensar a rica comida que Faraó possuía para alimentar os famintos.

Sua Dispensação

Em Efésios, Paulo nos diz que ele foi designado por Deus como um despenseiro,
e que, com isso, Deus deu-lhe a responsabilidade, o dever, o qual é chamado
mordomado (3.2). A palavra grega para mordomado9 é a mesma palavra para
dispensação. Quer seja ela traduzida por mordomado quer por dispensação, isso
depende do contexto. Em Efésios 3.2, Paulo diz que Deus deu-lhe o mordomado da Sua
graça. Então, a mesma palavra grega, oikonomia, é encontrada em 1.10 e 3.9, onde
parece melhor traduzi-la por dispensação. Esta palavra “economia” denota
principalmente um plano, uma administração, um gerenciamento, para dispensar as
riquezas de uns para outros.
Paulo considerava que Deus tinha uma grande família para suprir com Suas
riquezas. Em Efésios 3.8 ele diz que Deus o designou para pregar, ministrar, distribuir
ou dispensar as riquezas insondáveis de Cristo. Essas riquezas estão na casa de Deus.
Existe um depósito das riquezas insondáveis de Cristo, e Deus designou os apóstolos
(Pedro, João, Tiago e Paulo) para serem despenseiros a fim de dispensar essas riquezas
a todo o povo escolhido de Deus.
Mordomado é o mesmo que dispensar. José cumpriu seu mordomado
dispensando comida. Sua responsabilidade, seu ofício, seu dever era distribuir a rica
comida aos necessitados. Aquela distribuição era um dispensar.
Alguns mestres da Bíblia têm ensinado que existem sete dispensações na Bíblia.
No Velho Testamento há as dispensações da inocência, consciência, governo humano,
promessa e lei. Então, no Novo Testamento há a dispensação da graça nesta era e a
dispensação do reino na era vindoura. Nessas sete dispensações, dizem eles, Deus trata
com o homem de sete maneiras diferentes.
Isso pode estar correto, mas não se esqueçam que as dispensações são a
administração familiar de Deus. Deus tem uma grande família, e nesta família Ele
necessita de uma administração, um plano, um gerenciamento, para dispensar a Si
mesmo para dentro de Sua família. O pensamento principal de Deus, desde a eternidade
passada, era ter um arranjo ao longo das eras para dispensar-se para dentro de Seu povo
escolhido e predestinado. A esses Ele faria Seus filhos infundindo-se para dentro deles
para que pudessem ter a vida divina pelo novo nascimento.
Nas catorze epístolas de Paulo podemos ver que Deus tinha um bom prazer, de
acordo com o qual Ele fez um plano, um propósito. Ele criou o homem à Sua própria

9
Mordomado. De mordomo + -ado2. Substantivo masculino. Mordomia.
14
imagem, e na plenitude dos tempos infundiu-se para dentro de todos aqueles criados e
escolhidos para que eles pudessem tornar-se Seus filhos, expressando-O. Este é o plano
de Deus e esta é a dispensação de Deus para o Seu dispensar.
Em português, as palavras dispensação e dispensar são ambas formas do verbo
dispensar. Quando uso a palavra dispensação, quero dizer economia, arranjo ou
gerenciamento. Mas, quando uso a palavra dispensar, quero dizer o distribuir das
riquezas divinas para dentro do povo de Deus. Dispensação denota o arranjo, o
gerenciamento, o plano, a economia. Dispensar refere-se ao distribuir do próprio Deus
como vida e suprimento de vida para dentro de Seu povo escolhido em Cristo.

Seu Dispensar

Em Efésios 1.10 e 3.9, a palavra oikonomia é usada para administração familiar, a


qual é o plano de Deus para dispensar-se para dentro de Seu povo escolhido. Em
Efésios 3.2, Colossenses 1.25 e 1 Coríntios 9.17 a mesma palavra refere-se ao
mordomado de Paulo. A palavra mordomado é usada no sentido de dispensar. O
mordomado de Paulo era o dispensar das riquezas insondáveis de Cristo para dentro do
povo escolhido de Deus. Com Paulo, a palavra mordomado refere-se ao dispensar
divino.
A palavra despenseiro é usada em 1 Pedro 4.10, que diz que todos nós
precisamos ser bons despenseiros da multiforme graça de Deus. A multiforme graça do
rico Deus necessita de muitos despenseiros para dispensá-la; este dispensar é o
mordomado deles.
Nosso mordomado hoje é o mesmo de Paulo. O mordomado de Paulo era
simplesmente aplicar uma injeção nas pessoas, isto é, distribuir, dispensar as riquezas
insondáveis de Cristo para dentro do povo escolhido de Deus. Esta é a economia de
Deus, Seu plano, Sua administração.

A ESCOLHA DE DEUS

Deus tem um bom prazer, e segundo o Seu bom prazer Ele fez um plano. Por
conseguinte, Ele arranjou uma administração universal de Sua casa para dispensar Suas
riquezas para dentro de Seu povo escolhido. Então nos selecionou, não somente antes
de sermos criados, mas também antes da fundação do mundo (Ef 1.4; 1 Pe 1.1,2). Nada
de Sua criação tinha vindo ainda à existência quando Ele nos selecionou.

SUA PREDESTINAÇÃO

Seguindo Sua escolha, Deus nos predestinou (Ef 1.5 [“Ele nos predestinou para
sermos seus filhos adotivos por Jesus Cristo, conforme o beneplácito da sua vontade”
BJ]; Rm 8.30). A Nova Tradução Bíblica de Darby traduz esta palavra “predestinados”
em Efésios 1.5 como “marcados de antemão”. Você já havia percebido que antes da
fundação do mundo fora marcado? Você não pode escapar da mão de Deus. Tentei um
bom número de vezes, mas nunca consegui! Quanto mais tentava, mais forte Ele me
agarrava. Aonde você irá para escapar de Deus? Aonde quer que você vá, ali está Ele
15
(SI 139.7-10). Algumas vezes pode ser que você tenha se aborrecido por vir às reuniões
da igreja e decidiu ir a algum outro lugar. Quando chegou lá, o Senhor Jesus estava lhe
esperando! Isso mostra que você foi marcado.

Cremos na eleição da Igreja, todavia cremos também na eleição de Israel: Dt


4.37; 7.6-8; 10.15; Sl 47.4; Sl 47.4; At 13.17; Rm 9.11; 11.28.
De acordo com o sistema apresentado pelos dispensacionalistas, há sete épocas
da história da Salvação: Inocência, Consciência, Governo Humano, Patriarcal, a
Lei, a Graça e o Milênio, que será o governo divino. A chave imprescindível para a
compreensão do futuro é Daniel 9.24-27. As 70 semanas se referem a 490 anos (70 x 7)
e não a dias. As primeiras 69 semanas de anos terminaram com a crucificação de Jesus,
encerrando a época na qual Deus tratava principalmente com Israel. Com a rejeição do
Messias que Deus ofereceu a Israel no ministério e na pessoa de Jesus, Deus fez o
relógio escatológico parar. No intervalo entre 69ª e 70ª semana, Deus estabeleceu a
Igreja, a realidade não prevista pelos profetas do Antigo Testamento.
De acordo com o sistema apresentado pelos dispensacionalistas, há sete épocas
da história da Salvação: Inocência, Consciência, Governo Humano, Patriarcal, a
Lei, a Graça e o Milênio, que será o governo divino. A chave imprescindível para a
compreensão do futuro é Daniel 9.24-27. As 70 semanas se referem a 490 anos (70 x 7)
e não a dias. As primeiras 69 semanas de anos terminaram com a crucificação de Jesus,
encerrando a época na qual Deus tratava principalmente com Israel. Com a rejeição do
Messias que Deus ofereceu a Israel no ministério e na pessoa de Jesus, Deus fez o
relógio escatológico parar. No intervalo entre 69ª e 70ª semana, Deus estabeleceu a
Igreja, a realidade não prevista pelos profetas do Antigo Testamento.

A Igreja, portanto, é o ministério revelado a Paulo e aos escritores do Novo


Testamento (Ef 3; Cl 1; Rm 16.25-27). Terminado este período da Graça, no qual os
gentios e judeus são convidados a formar a “Noiva” de Cristo, ocorrerá o
Arrebatamento (l Ts 4.13-18). Este maravilhoso evento se realizará sem aviso prévio. O
relógio profético então será reativado, com a atenção de Deus voltada para Israel. A 70ª
semana de Daniel 9 marcará os sete anos da Grande Tribulação. Dentro da última
semana de Daniel haverá o desenvolvimento do seguinte quadro:

1. Israel, a nação judaica, estará no centro do plano divino de Deus para com a
humanidade. Restaurada, Israel reconstruirá o Templo e restabelecerá os sacrifícios
exigidos pela lei mosaica.
2. O poder político internacional será exercido pelo Anticristo, a Besta ou o Homem de
Iniqüidade (l Jo 4.3; Ap 13; 2 Ts 2.3).
3. O cristianismo apóstata, unindo o Catolicismo, a Igreja Ortodoxa e o Modernismo
protestante, chamado a Meretriz, se aliará com o Anticristo (Ap 17) e prosperará
através da união adúltera durante um tempo.
4. O pecado aumentará entre os homens e chegará a uma profundidade e intensidade
jamais vistas a não ser na época do Dilúvio.
5. A ira de Deus será derramada sobre a Terra numa série de julgamentos e
cataclismos.
16
6. Quando a Besta (o Anticristo) romper (Dn 9.27) com a nação Israelita, provocará
uma crise internacional que atingirá seu auge na guerra de Armagedom. Tudo
culminará no fim dos sete anos da Grande Tribulação com a vinda de Jesus Cristo
com os seus santos. Após a Parusia, o reino do Anticristo será destruído e Cristo
passará a reinar sobre a terra (Zc 14.9,16-19; Mt 25.31-46; 19.28). Assim se
cumprirão literalmente as profecias do Antigo Testamento que prevêem um reino
messiânico na Terra. Passados os mil anos previstos em Ap 20, Satanás será solto
da sua prisão, encabeçará uma revolta breve dos habitantes não regenerados,
nações-bodes (Mt 25.31-46), mas que será esmagada. Sucederá então o último
julgamento, do Trono Branco (Ap 20.11-15). Os mortos não convertidos serão
julgados segundo as suas obras. A Igreja depois do Milênio gozará a Nova
Jerusalém, e os judeus e as nações justas (ovelhas) gozarão a Vida Perfeita na Nova
Terra, eternamente (Mt 25.31-46; Ez 37.21-28).

17
3

O PARENTE REMIDOR - GO’EL - O PARENTE VINGADOR 10

‫גֹאֵל‬

Disse, pois, Jeremias: Veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: Eis que
Hanameel, filho de teu tio Salum, virá a ti, dizendo: Compra o meu campo que está em
Anatote, pois a ti, a quem pertence o direito de resgate (‫)גְּאֻ לָּה‬, compete comprá-lo.
Veio, pois, a mim, segundo a palavra do Senhor, Hanameel, filho de meu tio, ao pátio
da guarda, e me disse: Compra agora o meu campo que está em Anatote, na terra de
Benjamim; porque teu é o direito de posse e de resgate; compra-o Então entendi que
isto era a palavra do Senhor.
Comprei, pois, de Hanameel, filho de meu tio, o campo que está em Anatote; e
lhe pesei o dinheiro, dezessete siclos de prata.
Assinei a escritura, fechei-a com selo, chamei testemunhas e pesei-lhe o dinheiro
numa balança.
Tomei a escritura da compra, tanto a selada, segundo mandam a lei e os estatutos,
como a cópia aberta; Dei-a a Baruque, filho de Nerias, filho de Maaséias, na presença
de Hanameel, filho de meu tio, e perante as testemunhas, que assinaram a escritura da
compra, e na presença de todos os judeus que se assentavam no pátio da guarda”. E dei
ordem a Baruque, na presença deles, dizendo: Assim diz o Senhor dos exércitos, o
Deus de Israel: Toma estas escrituras de compra, tanto a selada, como a aberta, e mete-
as num vaso de barro, para que se possam conservar muitos dias; pois assim diz o
Senhor dos exércitos, o Deus de Israel: Ainda se comprarão casas, e campos, e vinhas
nesta terra. E depois que dei a escritura da compra a Baruque, filho de Nerias, orei ao
Senhor, dizendo: Ah! Senhor Deus! És tu que fizeste os céus e a terra com o teu grande
poder, e com o teu braço estendido! Nada há que te seja demasiado difícil! (Jr 32.6-17).
A doutrina das Últimas Coisas – ESCATOLOGIA está fundamentada na doutrina
da Redenção. Esta por sua vez está alicerçada na doutrina do Parente Remidor, que
em hebraico é GO’EL (‫)גֹאֵל‬.
QUEM É O GO’EL?
Era tanto o Parente Remidor como também o Parente Vingador (Nm 35.12-
19).
A Bíblia Vida Nova 11 traz o seguinte comentário:
“Era o costume do parente próximo de um injustiçado reivindicar justiça por este:
isto era uma garantia de que sempre haveria alguém interessado em trazer o malfeitor à
punição. A lei do refúgio era a maneira de Deus preservar este costume contra o
Vingador (Go’el) injusto e cruel”.

10
BENTES, A. C. G. JESUS O GO’EL VINGADOROR. 3ªed. Lagoa Santa: Editora Klivros.com.br, 2011, p. 39-47.
11
SHEDD, Dr. Russel P. Bíblia Vida Nova. São Paulo: Edições Vida Nova, 1976, p.189.
18
O Senhor providenciou seis (06) cidades de refúgio nas quais, as pessoas
culpadas de homicídio acidental, podiam buscar proteção com segurança, protegendo-
se do Vingador do Sangue até serem julgadas (Nm 35.11,12).
“Se o Vingador do Sangue (Go’el) achar o homicida fora dos termos da cidade de
refúgio e matá-lo, não será culpado do sangue” (Nm 35.27).
A palavra GO’EL – Vingador do sangue vem do verbo “retribuir” que também
significa “redimir” no sentido de comprar algo de volta pelo preço do resgate. Jesus
tanto é o Parente Remidor como também é o Parente Vingador.

‫ =�גָאַל‬ga’al = redimir, vingar, resgatar, livrar, cumprir o papel de resgatador.12


“Em Levítico 25.25 encontra-se pela primeira vez referência ao parente próximo
(em hebraico go’el - ‫ )ג ֹאֵ ל‬como quem podia resgatar a seu irmão ou a propriedade de
seu irmão. O goel tinha de ser o parente consangüíneo mais próximo (Rute 2.20; 3.9,
12; 4.1, 3, 6, 8). No período bíblico, também era vingador do sangue de seu irmão,
dando morte ao homicida em caso de assassínio (Números 35.12-29). Outro dever do
parente próximo era casar-se com a viúva de seu falecido irmão se este morria sem
deixar filho varão. O primeiro varãozinho desta união levirata trazia o nome do falecido
e recebia a herança do finado para que seu nome não se extinguisse em Israel
(Deuteronômio 25.5-10). A idéia fundamental do sistema do goel é a proteção do pobre
ou do desgraçado. Muitas vezes se alude ao Senhor como goel ou remidor de seu povo
(Jó 19.25; Salmo 19.14; 49.15; Isaías 41.14; Jeremias 50.34). Jesus Cristo é, sobretudo,
nosso goel ou parente próximo; ele não se envergonhou de chamar-nos ‘irmãos’, fez-se
carne e nos redimiu de todo o mal, da escravidão do pecado, da perda de nossa herança
e do aguilhão da morte”. 13
Lemos em Lucas 4.16-21 que Jesus entrou na sinagoga, na cidade de Nazaré, e
tomando o livro do profeta Isaías, leu:
“O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me UNGIU para
EVANGELIZAR aos pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e
restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e apregoar O ANO
ACEITÁVEL DO SENHOR” (Is 61.1,2).
Jesus parou de ler exatamente neste ponto e afirmou: “Hoje se cumpriu a
Escritura que acabais de ouvir”.
Ele deixou de ler a última parte do versículo 2. Por quê? Porque hoje é o dia da
Graça, é o Ano Aceitável do Senhor, e Ele é o nosso Go’el, o Parente Remidor, o
Resgatador. Porém virá o “Dia da Vingança”, quando o mesmo Parente Remidor virá
como Parente Vingador para trazer juízo sobre Satanás, juízo sobre a terra.
A abertura dos selos em Apocalipse capítulo 5 é a vingança do Parente Vingador.
“Quando abriu o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que tinham sido
mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que deram. E

12
Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento. R. Laird Harris, Gleason L. Archer, Jr., Bruce K. Waltke.
Editora Vida Nova.
13
PAUL, Hoff. O PENTATEUCO. 6ª impressão. Belo Horizonte: Editora Betânia, 1995, p. 86.
19
clamaram com grande voz, dizendo: Até quando, ó Soberano, santo e verdadeiro, não
julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?” (Ap 6.10).
“Porque verdadeiros e justos são os seus juízos, pois julgou a grande prostituta,
que havia corrompido a terra com a sua prostituição, e das mãos dela vingou o sangue
dos seus servos” (Ap 19.2).
“Pois o Senhor tem um dia de vingança, um ano de retribuições pela causa de
Sião”.
“Porque o dia da vingança estava no meu coração, e o ano dos meus remidos é
chegado” (Is 34.8; 63.4).
O Ano Aceitável – É o período da Graça;
Um dia para Vingança – É o período da Grande Tribulação;
Um ano para Retribuição dos meus remidos – É o período do Milênio.

GO’EL é o protetor do oprimido e libertador de seu povo.


O Dia da Vingança: “Vingança [‫ נָ ָקם‬nāqām] em hebraico se refere à retribuição
divina (Lv 26.25; Dt 32.35,41,43; Ez 24.8; Mq 5.14,15) Por exemplo, o salmista
encorajou os justos com a esperança de que um dia serão vingados, e Deus vai reparar
as injustiças cometidas contra eles (Sl 58.10[11]. Na verdade, Ele julgará os que agiram
com vingança para o seu povo (Ez 25.12,15). Em última análise, o juízo dos inimigos
de Deus significará redenção para o seu povo (Is 34.8; 35.4; 59.17; 63.4)”.14
“Pois o dia da vingança que estava no meu coração e o ano da redenção
chegaram” (Is 63.4).15
A Bíblia Dake faz o seguinte comentário:
“O Dia da Vingança em Is 34.8; 35.4; 59.17; 61.2; Jr 51.6; 2 Ts 1.8 refer-se à
maior destruição que a terra já viu ou verá. Multidões serão destruídas no Armagedom
em um dia (Ez 38.39; Jl 2-3; Zc 14.2; 2 Ts 1.7-10; Jd 14-15; Ap 19.11-21). Isso será
necessário para que O Ano dos Meus Redimidos venha, conforme afirmado aqui - o
ano da plena restauração de Israel a Deus e de sua libertação de seus inimigos (Rm
11.25-29)”.16
O Ano dos meus Redimidos [‫שׁ ַנ֥ת גְּאוּלַ ֖ י‬
ְ ]. “Redimidos [‫ גְּאוּלַ ֖ י‬- geulay] gā’al raiz
primitiva, redimir (conforme a lei oriental do parentesco), i.e., ser o parente mais
próximo – Go’el (e como tal, comprar de volta a propriedade de um parente, casar-se
com a sua viúva etc). Seja como for, de qualquer modo, vingador, libertador,
libertador, (fazer, realizar a parte do próximo) parente (Go’el), comprar, resgatar,
redimir, remidor, vingado”.17
“Porque o dia da vingança estava no meu coração, e o ano dos meus remidos é
chegado” (Is 63.4).
“Para proclamar O Ano do Favor de Adonai e o dia da vingança do nosso Deus”
(Is 61.2).18

14
Bíblia de Estudo Palavras – Chave Hebraico e Grego. Rio de Janeiro: CPAD, 2011, p. 5359, 5360.
15
STERN, Davi. Bíblia Judaica Completa. São Paulo: Editora VIDA, 2010, p. 585.
16
Bíblia de Estudo Dake. Rio de Janeiro: CPAD, ATOS, 2009, p. 1161.
17
Bíblia de Estudo Palavras – Chave Hebraico e Grego. Op. Cit., p. 1570, 1571
18
STERN, Davi. Bíblia Judaica Completa. São Paulo: Editora VIDA, 2010, p. 583.
20
“Assim diz o Senhor, Rei de Israel, seu Redentor (Go’el), o Senhor dos
Exércitos: Eu sou o primeiro, e eu sou o último, e além de mim não há Deus” (Is 44.6).
“Quanto ao nosso Redentor (Go’el), o Senhor dos Exércitos é o seu nome, o
Santo de Israel”.
“Assim diz o Senhor, o teu Redentor (Go’el), o Santo de Israel: Eu sou o Senhor,
o teu Deus, que te ensina o que é útil, e te guia pelo caminho em que deves andar” (Is
48.17).
“Então o Redentor (Go’el) virá a Tzion (Sião), àqueles em Ya’akov (Jacó) que
abandonam a rebelião, assim diz ADONAI (SENHOR)” (Is 59.20). (Bíblia Judaica
Completa – David Stern).
O Parente-Remidor tinha a função de resgatar uma propriedade familiar (Lv
25.23-28).

R. de Vaux no seu livro: “Instituições de Israel no Velho Testamento”, nos diz:


A SOLIDARIEDADE FAMILIAR. O GO’EL.19
“Os membros da família em sentido amplo devem uns aos outros ajuda e
proteção. A Prática particular desse dever é regulado por uma instituição da qual se
encontram análogas em outros povos, por exemplo, entre os árabes, mas que, em Israel,
toma uma forma particular, com um vocábulo especial. É a instituição do Go’el,
palavra procedente de uma raiz que significa “resgatar”, “reivindicar”, e mais
fundamentalmente, “proteger”.
O Go’el é um redentor, um defensor, um protetor dos interesses do indivíduo e
do grupo. Ele intervém em certo número de casos.
Se um israelita precisou se vender como escravo para pagar uma dívida, deverá
ser resgatado por um de seus parentes próximos, Lv 25.47-49.
Quando um israelita precisa vender seu patrimônio, o Go’el tem direito
preferencial na compra, pois é muito importante evitar a alienação dos bens da família.
A lei está codificada em Lv 25.25. É como Go’el que Jeremias adquire o campo de seu
primo Hanameel, Jr 32.6-17.
O costume é ilustrado também na história de Rute, mesmo que aí a compra se
complique por um caso de levirato. Noemi tem uma posse que a pobreza a obriga a
vender; sua nora Rute é viúva e sem filhos. Boaz é um Go’el de Noemi e de Rute, Rt
2.20; mas há um parente mais próximo que pode exercer o direito de Go’el antes de
Boaz, Rt 3.12; 4.4. Esse primeiro Go’el estaria disposto a comprar a terra, mas não
aceita a dupla obrigação de comprar a terra e casar com Rute, pois o filho que nascesse
dessa união levaria o nome do defunto e herdaria a terra, Rt 4.4-6. Boaz adquire então a
posse da família e se casa com Rute, Rt 4.9,10.
O relato mostra que o direito do Go’el era exercido segundo certa ordem de
parentesco; esta é detalhada em Lv 25.49: primeiro o tio paterno, depois o filho deste,
finalmente outros parentes. Além disso, o Go’el pode ser por isto censurado, renunciar
a seu direito ou fugir de seu dever: o ato de descalçar-se, Rt 4.7,8, significa o abandono
de um direito, como o gesto análogo na lei do levirato, Dt 25.9. Contudo, nesse último
caso, o procedimento tem um caráter infamante. A comparação dessa lei com a história

19
VAUX, R. Instituições de Israel no Velho Testamento. São Paulo: Editora Teológica, 2002, p. 43,44.
21
de Rute parece indicar que a obrigação do levirato era assumida, no início, pelo clã,
assim como o resgate do patrimônio, e que foi mais tarde restrito ao cunhado.
Uma das obrigações mais graves do Go’el era a vingança de sangue, estudada
com a organização tribal por causa de sua relação com os costumes do deserto.
O termo GO’EL passou à linguagem religiosa. Assim, Iavé, vingador dos
oprimidos e Salvador de seu povo, é chamado GO’EL em Jó 19.25; Sl 19.15; 78.35; Jr
50.34, etc., e freqüentemente na segunda parte de Isaías: 41.14; 43.14; 44.6,24; 49.7;
59.20, etc.”

O Redentor de Israel (Goel) 20


“Resgate”

Is 44.6: “Assim diz o Senhor, Rei de Israel, seu Redentor (Go’el), o Senhor dos
Exércitos: Eu sou o primeiro, e eu sou o último, e além de mim não há Deus”.
Textos mais antigos descrevem a libertação do Egito como “fazer subir” ou
“fazer sair” ou “salvar” (Êx 3.8,10; Am 9.7 e outras); os mais recentes interpretam-na
como “livrar, remir” (ga’al: Êx 6.6; Sl 74.2; 77.15 e outras). Em retrospectiva, a
vinculação à escravidão parece ao povo ter sido tão forte, “que ele próprio não poderia
ter se libertado”.
O “resgate” um costume jurídico sumamente significativo para o AT, que
também foi regulamentado em lei (Lv 25.24ss.). Um israelita tem o direito e também o
dever de socorrer um membro da família que se encontra em necessidade: se devido sua
situação econômica precária alguém obrigado a alienar sua casa e propriedade, seu
parente mais próximo — este então o “resgatador” — tem a prioridade de compra (Jr
32.7) e, com isso, a incumbência de manter a terra nas mãos da família. Pois
propriedade de terra herdada, por ser meio de sobrevivência, não deve ser alienada (cf.
1 Rs 21). Mas se um israelita livre estiver tão empobrecido que precisa vender-se como
escravo (a um estranho), então um parente seu tem a obrigação de comprá-lo de volta.
O “resgate”, i. e., a re-aquisição, pressupõe, portanto, vínculos familiais. O livrinho de
Rute (2.20ss.) e a compra do campo em Anatote por parte de Jeremias (Jr 32.6ss.)
atestam que o costume do resgate era realmente praticado.

Sempre “o patrimônio de um clã, em forma de terra e pessoas, deve ser


preservado intacto” (J. J. Stamm, Pág. 28). Caso um membro da família tenha sido
assassinado, o parente recebe a incumbência de “resgatar” ou “vingar” a morte. Quem
se tornou assassino acidentalmente pode encontrar asilo nas cidades de refúgio (Nm
35.10ss.; cf. Êx 21.13; Dt 19.4ss.; 2 Sm 3.27).

Se um membro da família morre sem deixar filhos, seu irmão é obrigado a casar-
se com a viúva O primogênito é considerado herdeiro do falecido (é o chamado dever
do levirato ou do cunhado: Dt 25.5ss.; Gn 38.8; Rt 4.5,10).
Por outro lado, padah (que também significa resgate) não pressupõe
necessariamente relações de parentesco e parece ser de cunho menos rigoroso: “libertar,

20
SCHMIDT, Werner H. A Fé no Antigo Testamento. São Leopoldo, RS: Sinodal, 2004, Pág. 75-77.
22
resgatar” de escravidão (Ex 21.7-11; Lv 19.20; Jó 6.23), “resgatar” o primogênito
pertencente a Deus por meio de uma indenização (Êx 34.19s.; 13.11s.; Lv 27.26ss.; cf.
1 Sm 14.45 e outras).

Como um parente intervém em favor de um necessitado de ajuda, assim Deus


“resgata ou livra” o ser humano da aflição, seja ela inimizade ou doença (Gn 48.16; 2
Sm 4.9; 1 Rs 1.29; Jr 15.21 e outras). Cada indivíduo pode pedir para ser libertado da
dificuldade (Sl 26.11; 69.19; 119.154), bem como agradecer por um salvamento
experimentado: ‘Tu me remiste/resgataste, Deus fiel” (31.5; 107.1s.; Lm 3.58). Quem
não tiver resgatador por causa de sua situação social, encontra-lo-á no próprio Deus.

Este assume a incumbência do parente mais próximo:

Não removas os marcos da “viúva”, nem entres nos campos dos órfãos
Porque seu Redentor (Go’el - ‫ )ג ֹ ֵאל‬é forte, e lhes pleiteará a causa contra ti!
(Pv 23.10,11; cf. 22.23; Jr 50.34).

Por Deus proteger os socialmente fracos e ter libertado Israel, a fé tem


conseqüências Éticas (Dt 24. 17s; 15. 12ss).

A libertação de Deus se refere tanto ao indivíduo quanto ao povo todo. No exílio,


o profeta Dêutero-Isaías dirige a palavra aos desterrados como se estes fossem um
indivíduo, anunciando-lhes a salvação iminente e inclusive já presente: “Não temas,
porque eu te remi!” (Is 43.1). Os que saem do cativeiro babilônico devem confessar:
“Javé remiu/resgatou seu servo Jacó” (48.20; cf. 52.9); mais ainda: “Redentor” torna-se
um cognome fixo de Deus (44.6,24; cf. 63.16; também 1.27 e outras).

Um acréscimo ao Salmo 130 insere a seguinte lamentação de um individuo no


culto da comunidade:
“Espere Israel em Javé, pois em Javé há misericórdia, nele, copiosa redenção.
Por isso ele redimirá/resgatará Israel de todas as suas iniqüidades” (Sl 130.7s.; cf.
25.22; 34.23).

Enquanto que aqui redenção significa - uma única vez no AT – perdão de


pecados, por fim ela significa salvamento da morte (Sl 103.4) ou na morte (49.16;
73.24; cf. Jó 19.25). Com isso, a fé na “redenção” de Deus transcende o âmbito da
história e da experiência humana.

Jesus é o nosso Go’el, Ele já pagou o resgate com o seu sangue. Ele pagou o
resgate da terra e irá casar-se com sua Igreja. Ele também é o Resgatador de Israel.

“E ELE REDIMIRÁ ISRAEL DE TODOS OS SEUS PECADOS” 21

GEULÁ
21
ROTMAN, Flávio. REDENÇÃO - OS JUDEUS SÃO UM POVO, UMA NAÇÃO. 1ª ed. Belo Horizonte, MG: Editora
Leitura, 2008, p. 215.
23
Dizem nossos sábios que a Geulá (Redenção) virá justamente numa geração
baixa e inferior. Pergunta-se, portanto: Como pecadores imperfeitos poderão receber a
Luz da Geulá? Há duas respostas:
a) quando Mashiac (Messias) chegar, incentivará todos para que façam teshuvá,
ou seja, para que retornem a Deus de todo o coração. Obviamente todos estarão no
nível de baalê teshuvá (penitentes), que é um grau mais elevado que o dos tsadikim
(justos);
b) “E Ele redimirá Israel de todos os seus pecados”.

Stanley M. Horton nos diz: 22


A Bíblia emprega a metáfora do resgate ou da redenção para descrever a obra
salvífica de Cristo. O tema aparece muito mais freqüentemente no Antigo Testamento
que no Novo. O tema aparece muitas vezes no Antigo Testamento, referindo-se aos
ritos da “redenção”! No tocante às pessoas ou bens (cf. Lv 25; Rt 3 e 4, que empregam
a palavra hebraica ga’al). O “Parente redentor” funciona como um go’el. O próprio
YAHWEH é o Redentor (heb. Go’el) do seu povo (Is 41.14; 43.140, e eles são os
redimidos (heb. ge’ulim, Is 35.9; 62.12). O Senhor tomou medidas para redimir (heb.
padhah) os primogênitos (Êx 13.13-15). Ele redimiu Israel do Egito (Êx 6.6; Dt 7.8;
13.5) e também os remirá do exílio (Jr 31.11). Às vezes Deus redime um indivíduo (Sl
49.15; 71.23); ou um indivíduo ora, pedindo a redenção divina (Sl 26.11; 69.18). Mas a
obra divina na redenção é primariamente moral no seu escopo. Em alguns textos
bíblicos, a redenção claramente diz respeito aos assuntos morais. Salmos 103.8 diz:
“Ele remirá a Israel de todas as suas iniqüidades”. Isaías diz que somente os “remidos”,
os “resgatados”, andarão pelo chamado “O Caminho Santo” (Is 35.8-10). Diz ainda que
a “filha de Sião” será chamada “povo santo, os remidos do Senhor” (Is 62.11,12).
No Novo Testamento, Jesus é tanto o “Resgatador” quanto o “Resgate”; os
pecadores perdidos são os “resgatados”. Ele declara que veio “para dar a sua vida em
resgate (gr. Lutron - λύτρον) de muitos” (Mt 20.28; Mc 10.45). Era um “livramento
[gr. Apolutrōsis - ἀπολύτρωσις] efetivado mediante a morte de Cristo, que libertou da
ira retribuitiva de Deus e da penalidade merecida do pecado”. Paulo liga a nossa
justificação e o perdão dos pecados à redenção que há em Cristo (Rm 3.24; Cl 1.14,
apolutrosis nestes dois textos). Diz que Cristo “para nós foi feito por Deus sabedoria, e
justiça, e santificação, e redenção” (1 Co 1.30). Diz também que Cristo “se deu a si
mesmo em preço de redenção [gr. Antilutron - ἀντίλυτρον] por todos (1Tm 2.6). O
Novo Testamento demonstra claramente que Ele proporcionou a redenção mediante o
seu sangue (Ef 1.7; Hb 9.12; 1Pe 1.18,19; Ap 5.9), pois era impossível que o sangue
dos touros e dos bodes tirasse os pecados (Hb 10.4). Cristo nos comprou (1 Co 6.20;
7.23, gr. Agorazō - ἀγοράζω) de volta para Deus, e o preço foi o seu sangue (Ap 5.9).
Basta um estudo simples nas Escrituras, da linguagem usada para descrever nossa
redenção, para que não fique qualquer dúvida de que o crente, à semelhança de um
escravo exposto à venda na praça, foi comprado por preço, e que, agora, passa a
pertencer totalmente ao seu novo senhor. O antigo patrão não tem mais qualquer direito
sobre ele, como rezava a legislação romana da época. Assim, Paulo diz que fomos
22
HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática. 1ª ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p.356,357.
24
comprados por preço (1 Co 6.20; 7.23; Agorazō - ἀγοράζω, comprar, redimir, pagar
um resgate — termo usado para o ato de comprar um escravo na praça, ou pagar seu
resgate para libertá-lo), e que sendo agora livres, não devemos nos deixar outra vez
escravizar (1 Co 7.23). Fomos resgatados (lutróō - λυτρόω) pelo precioso sangue de
Cristo (1 Pe 1.18; cf. Ap 5.9).23

REDENÇÃO
‫ ְגּ ֻאלָּה‬- Ge’ullâ
“O cristianismo não é um circulo, com um só centro, mas, sim, uma elipse, que
tem dois focos – as doutrinas da Redenção e do Reino de Deus” (Albrecht Ritschl).
A redenção consiste do processo de RESTAURAR, ao proprietário original, algo
que ele perdeu ou vendeu. Apokatástasis.
Em o Novo Testamento, a forma nominal da palavra grega “apokathistemi”
(restaurar) é usada apenas uma vez em Atos 3.21 (ἀποκατάστασις -Apokatástasis). A
palavra significa literalmente estabelecer algo novo em sua ordem original. Esta palavra
era usada no mundo secular grego para indicar a volta do legítimo proprietário à posse
de sua casa ou fazenda.
Quando a alma é redimida, é então restaurada a Deus.
O corpo será redimido: “... aguardando a adoção de filhos, a REDENÇÃO do
nosso corpo” (Rm 8.23).
A terra será redimida: “... até ao RESGATE da sua propriedade...” (Ef 1.14).
Toda a redenção envolve purificação. A Bíblia reconhece apenas dois agentes
purificadores: um é o sangue, e o outro é o fogo.
Os pecadores arrependidos podem ser redimidos pelo sangue de Cristo, mas a
terra terá que ser redimida pelo fogo: “Mas quem pode suportar o Dia da sua Vinda? E
quem pode subsistir quando Ele aparecer? Porque Ele é como fogo do ourives e como a
potassa (sabão) dos lavandeiros” (Ml 3.2).
“Pois eis que vem o Dia, e arde como fornalha; todos os soberbos e todos os que
cometem perversidade serão como o restolho; o Dia que vem os abrasará diz o Senhor
dos Exércitos, de sorte que não lhes deixará nem raiz nem ramo” (Ml 4.1).
“Ora, os céus que agora existem, e a terra, pela mesma palavra têm sido
entesourados para o FOGO, estando reservados para o Dia do Juízo e destruição dos
homens ímpios”.
“Virá, pois, como ladrão o dia do Senhor, no qual os céus passarão com grande
estrondo, e os elementos, ardendo, se dissolverão, e a terra, e as obras que nela há,
serão descobertas24 (2 Pe 3.7,10)”.

23
LOPES, Augustus Nicodemus. Batalha Espiritual.
24
O Dia Senhor [Restrito] trará o fogo do julgamento e a convulsão cataclísmica de toda a criação, mas emergirão do
crisol ‘novos céus e a nova terra, nos quais habita justiça’ (v. 13), e lá presumivelmente ‘a terra e as obras que nela existem
serão encontradas’ [eu(reqh/setai - Heurethēsetai], agora purificadas da imundície e da perversão do pecado”.
Heurethēsomai (eu(reqh/somai) pode ser traduzido como ‘achados’ ou ‘encontrados’.

25
“O primeiro anjo tocou a trombeta, e houve saraiva e fogo de mistura com
sangue, e foram atirados à terra. Foi, então, queimada a Terça parte da terra, e das
árvores e também toda erva verde” (Ap 8.7).
Os acontecimentos narrados no livro de Apocalipse do capítulo 6 ao 19 é o juízo
de fogo sobre a terra e a expulsão de Satanás do céu e da terra (Ap 12.7-9; 20.1-3,7-10).
“E o quarto anjo derramou a sua taça sobre o sol, e foi-lhe permitido que
abrasasse os homens com fogo. E os homens foram abrasados com grande calor” (Ap
16.8,9).
“E será a luz da lua como a luz do sol, e a luz do sol sete (7) vezes maior, como a
luz de sete dias, no dia em o Senhor atar a ferida do seu povo (Israel), e curar a chaga
do golpe que ele deu” (Is 30.26).

Quão terrível é o Dia do Senhor!


‫ורא‬
ָ ֹ ‫י ֹום יְהוָה ְונ‬

26
4

O LIVRO DE RUTE E A DOUTRINA DO GO’EL

Versículos de Rute que contêm o particípio Go’el.

Cap. Vers. Texto


Rt 2 20 Esse homem é parente nosso, um dos nossos remidores…
Rt 3 9 …eu sou remidor, porém há ainda outro mais chegado do que eu…
12 …eu sou remidor, porém há ainda outro mais chegado do que eu…
Rt 4 1 …eis que o remidor de quem falara ia passando…
3 …Disse Boaz ao remidor…
6 Então disse o remidor...
8 Dizendo, pois, o remidor a Boaz...
14 …não te deixou hoje sem remidor…

Considerações Preliminares

Historicamente, o livro de Rute descreve eventos na vida de uma família israelita


durante o tempo dos Juízes (1.1; cerca de 1375 a 1050 a.C.). Geograficamente, o
contexto é a terra de Moabe, a leste do mar Morto. O restante do livro transcorre em
Belém de Judá e sua vizinhança. Liturgicamente, o livro de Rute é um dos cinco rolos
da terceira divisão da Bíblia Hebraica, conhecida como Os Hagiógrafos (literalmente
"Escritos Sagrados"). Cada um desses rolos era lido publicamente numa das festas
judaicas anuais. Visto que a comovente história de Rute ocorreu na estação da colheita,
era costume ler este livro na Festa da Colheita (Pentecoste).

Considerando que a lista dos descendentes de Rute não vai além do rei Davi (Rt
4.21,22), o livro foi provavelmente escrito durante o reinado de Davi. Desconhece-se o
autor humano do livro, mas a tradição judaica (e.g., o Talmude) atribui essa autoria a
Samuel.

Propósito

O livro de Rute foi escrito a fim de mostrar como, através do amor altruísta e do
devido cumprimento da lei de Deus, uma jovem mulher moabita, virtuosa e consagrada,
veio a ser a bisavó do rei Davi de Israel. O livro também foi escrito para perpetuar uma
história admirável dos tempos dos juízes a respeito de uma família piedosa cuja
fidelidade na adversidade contrasta fortemente com o generalizado declínio espiritual e
moral em Israel, naqueles tempos.

Visão Panorâmica

Esta história do amor que redime inicia quando Elimeleque parte de Judá e passa
a residir com sua família em Moabe por causa de uma fome (Rt 1.1,2). O sofrimento
continuou a flagelar Elimeleque, pois ele e seus dois filhos morreram em Moabe (Rt
27
1.3-5), o que resultou em três viúvas. Quatro episódios principais vêm a seguir. (1)
Noemi (viúva de Elimeleque) e sua devota nora moabita, Rute, voltaram a Belém de
Judá (Rt 1.6-22). (2) Na providência divina, Rute veio a conhecer Boaz, um parente
rico de Elimeleque (capítulo 2). (3) Seguindo as instruções de Noemi, Rute deu a
entender a Boaz o seu interesse na possibilidade de um casamento segundo a lei do
parente-remidor (capítulo 3). (4) Boaz, como parente-remidor, comprou as
propriedades de Noemi e casou-se com Rute, e tiveram um filho chamado Obede - avô
de Davi (capítulo 4). Embora o livro comece com tremendos reveses, termina com um
final sobremodo feliz - para Noemi, para Rute, para Boaz e para Israel.

Já conhecíamos algumas revelações extraídas das Escrituras deste pequeno livro.


No entanto, examinando com cuidado estas Escrituras pudemos compreender mais
alguns de seus significados, chegando à conclusão de quão detalhado é este livro no
tocante à Palavra Profética constante nas Escrituras Sagradas.

Boaz e Rute

Em suma, nos são apresentados três personagens principais: Noemi é a israelita;


Rute, sua nora, a moabita (gentia); e Boaz, o redentor de ambas, israelita, homem
valente e poderoso (Rt 2.1).

Rute, mesmo sendo moabita, decidiu seguir o Senhor, o Deus de Noemi:

“Disse, porém, Rute: Não me instes para que te deixe e me afaste de ti; porque,
aonde quer que tu fores, irei eu e, onde quer que pousares a noite, ali pousarei eu; o
teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus;” (Rute 1.16).

Irmãos, as Escrituras nos relatam que Deus possui dois povos na Terra e a família
real que governará no Milênio e Eternidade: A igreja fiel que será arrebatada é a família
real, ou seja, a Noiva do Senhor; um dos súditos, povo da terra, é o remanescente fiel
de Israel, composto pelos judeus que resistirão ao Anticristo, se converterão a Jesus e
triunfarão junto com o Senhor sobre o Anticristo, aniquilando-o na batalha do
Armagedom. O outro povo da Terra são os Gentios do Milênio que não se rebelarão
contra o Cordeiro na batalha Gogue e Magogue, serão súditos do Rei Jesus e da Igreja,
e herdarão a Nova Terra.

28
Veremos que cada um dos personagens no Livro de Rute identifica
perfeitamente as pessoas envolvidas no plano de salvação de Deus conforme previsto
em sua Palavra Profética.

Assim sendo, serão elencadas 16 comparações extraídas das Escrituras contidas


no Livro de Rute. Assim poderemos constatar que o Livro de Rute relata
detalhadamente o Plano de Salvação do Senhor para sua igreja fiel e depois para o
remanescente de Israel.

Por meio destas 16 comparações poderemos constatar que:

a) a israelita Noemi representa o remanescente de Israel (observe que Noemi


inclusive perdeu esposo e dois filhos - Rt 1:5 -, logo pode perfeitamente representar
esse remanescente);

b) a moabita Rute, gentia, representa a Noiva de Jesus, formada pelos cristãos


fiéis de todas as nações; e

c) Boaz, o redentor [Go’el] de Noemi e Rute, representa o próprio Jesus, redentor


da igreja fiel e do remanescente de Israel.

Eis a seguir, portanto, a impressionante sintonia dos fatos relatados no Livro de


Rute com a Palavra Profética para os tempos finais a partir do exame das Escrituras
Sagradas:

1º) Como já demonstramos, em Rt 1.16, Rute decide seguir o Deus de Noemi, ou


seja, o Deus de Israel. Da mesma forma, Deus se revelou primeiro a Israel (Noemi), e
depois à igreja fiel (Rute).

2º) Quanto a Boaz, é dito que era parente de Noemi, homem valente e poderoso
(Rt 2.1), ou seja, pertencia ao povo Israel, assim como Jesus, que nasceu judeu (Mt
1.1), e se encontra acima de todo poder e principado (Ef 1.20-23).

3º) Também é dito que Boaz veio de Belém (Rt 2.4), assim como Jesus de lá veio
(Mt 2.1).

4º) A saudação de Boaz aos segadores de espigas: “O Senhor seja convosco” (Rt
2.4) se assemelha em muito à saudação do Senhor Jesus aos apóstolos (segadores de
almas): “Paz seja convosco” (Jo 20.19).

5º) Rute é chamada para colher espigas no campo de Boaz (Rt 2.3). Da mesma
forma a igreja fiel é chamada por Jesus para trabalhar na sua seara (campo) (Mt 9.37-
38).

6º) Boaz alerta Rute para que não vá para outro campo, mas permaneça no seu
campo (Rt 2.8). Jesus alerta sua igreja fiel para que não vá após os ladrões e

29
salteadores, mas entre pela Porta ao aprisco do Senhor onde achará pastagens (Jo 10.7-
12).

7º) Rute se prostrou diante de Boaz, por ter achado graça aos seus olhos (Rt
2.10). A igreja fiel de Jesus, de contínuo, se prostra diante do Senhor Jesus (Mt 17:14-
15; Lc 7:36-47, etc.)

8º) Boaz diz à Rute que o Senhor a galardoará porque ela veio se abrigar sob as
asas do Senhor (Rt 2.12). Jesus galardoará sua igreja fiel, porque esta veio a servir ao
Senhor (Cl 3.24).

9º) Boaz convida Rute para participar do pão e do vinho junto com os segadores
(Rt 2.14). O Senhor Jesus convida sua igreja fiel a participar do pão e do vinho do
Senhor, até que Ele venha (1 Co 11.23-26).

Acompanhemos as próximas comparações e teremos diante de nós a


impressionante sequência dos acontecimentos dos tempos do fim em plena sintonia
com o restante da Palavra Profética contida na Bíblia:

10º) Acabada a sega, Rute se prepara para encontrar com Boaz seu remidor (Rt
3.2-3). Ao fim do tempo da graça, ao final da colheita, a igreja fiel se prepara para
encontrar com Jesus, seu redentor (2 Co 11.2; Mt 25.4-6; etc).

11º) Após a sega, Boaz padejou a cevada na eira, ou seja, separou os frutos bons
dos maus (Rt 3.2). No fim dos tempos, Jesus, em só um momento, separará a igreja fiel
da infiel, as virgens prudentes das virgens insensatas (Mt 25.8-10).

12º) Rute vai, de mansinho, ao encontro de Boaz e, à meia-noite, este constata


que Rute está aos seus pés (Rt 3.7-8). A igreja fiel, de modo imperceptível, será
arrebatada e irá ao encontro de Jesus Cristo, à meia-noite (Mt 25.6).

13º) Boaz lembra à Rute que há Outro Remidor mais chegado do que ele (Rt
3.12), o qual teria que abrir mão de seu direito de remissão para que Boaz redimisse
Rute e Noemi. Este Outro Remidor diz para Boaz que não poderá redimir Rute, haja
vista que já tem sua própria herança em Israel (Rt 4.6). Ora, este Outro Remidor
representa o próprio Pai Celestial, Remidor mais chegado, mas que já tinha sua própria
herança, Jerusalém, a quem desposou desde o princípio conforme Ezequiel 16.8-9, 60-
62, logo não poderia ser esposo de outra. Rute será redimida então por Boaz, assim
como a igreja arrebatada será redimida por Jesus, seu Esposo por direito, afinal os
próprios Pai e Filho se apresentam como exemplo na questão de fidelidade no
matrimônio, cada um com sua esposa: o Deus Pai Todo-poderoso é o Esposo de
Jerusalém (Ez 16.8-9, 60-62); seu Filho Jesus é o Esposo da igreja fiel a ser arrebatada
(Ap 19.7-9, 22.17,20).

14º) O direito que era do Outro Remidor foi então passado à Boaz (Rt 4.8-9). O
Pai Celestial também passou a Jesus todo o Poder no Céu e na Terra (Mt 28.18).
30
15º) Boaz recebe Rute e a tem por sua esposa (Rt 4.13) e, em seguida, redime a
Noemi (Rt 4.14). Jesus receberá sua igreja fiel como sua Esposa arrebatada e a
conduzirá às Bodas do Cordeiro (Ap 19.7-9) e, em seguida, redimirá o remanescente de
Israel (Ap 19.11-21, Zc 14.1-14, etc).

16º) Observamos que Boaz ocupa o lugar do filho de Noemi, ao casar-se com
Rute, o que confere perfeitamente com o descrito em Apocalipse 12:1-2,5, em que uma
mulher, que representa Israel, gerou um Filho que foi arrebatado para Deus e seu trono.
Assim, na Palavra Profética de Ap 12, Jesus é identificado como filho de Israel, tal qual
Boaz ocupa o lugar de filho de Noemi.

Amados, o livro de Rute se encaixa perfeitamente na Palavra Profética contida


nas Escrituras Sagradas. É uma impressionante confirmação da sequência dos
acontecimentos no Plano de Deus para os últimos dias.

Desta forma, não restam dúvidas: a) O tempo da graça termina ao tempo do


arrebatamento da Noiva do Senhor; b) o arrebatamento ocorre antes da Grande
Tribulação; e c) Israel é restaurado ao final da Grande Tribulação.

Um momento específico no Livro de Rute me chamou muito a atenção: Rute se


dirigiu a Boaz, o qual constatou que ela se encontrava aos seus pés, à meia-noite. Ora,
Rute representa a igreja fiel que será arrebatada a encontrar nos ares com o Senhor,
também à meia noite.

Em outra ocasião, estudamos o Salmo 90.4, segundo o qual 1000 anos são para o
Senhor como uma vigília da noite. Ora, sabemos que, nos tempos bíblicos, a primeira
vigília ocorria de 18h às 21h; a segunda, de 21h à meia-noite; a terceira, de meia-noite
às 03h; e a quarta vigília de 03h às 06h da manhã. Ora, se, de acordo com o Salmo
90:4, para o Senhor, 1000 anos são como uma vigília, então, certamente, a primeira
vigília corresponde ao primeiro milênio; a segunda, ao segundo milênio; e assim por
diante. E a meia-noite é exatamente entre a segunda e a terceira vigília, ou seja, entre o
segundo e o terceiro milênio.

Repare que o Senhor Jesus já adotava esta fórmula bíblica para nos revelar a
época de sua vinda na parábola do “servo vigilante”:

“Bem-aventurados aqueles servos, os quais, quando o Senhor vier, achar


vigiando! Em verdade vos digo que se cingirá, e os fará assentar à mesa e, chegando-
se, os servirá.

E, se vier na segunda vigília, e se vier na terceira vigília, e os achar assim, bem-


aventurados são os tais servos”. Lucas 12.37-38

Ora, ao mencionar que poderia voltar na segunda ou terceira vigília, o Senhor, de


acordo com o Salmo 90.4, nos revelava que sua vinda poderia se dar no segundo ou
terceiro milênio.
31
Mas, o amor do Noivo pela sua igreja fiel não tem medida. Na verdade, Ele não
pôde guardar o segredo e acabou nos revelando, através da parábola das “dez virgens”,
a época de sua vinda:

“Mas à meia-noite ouviu-se um clamor: Aí vem o esposo, saí-lhe ao encontro.”

Mateus 25.6

Desta forma, as Escrituras afirmam que sua vinda para arrebatar sua Noiva será à
meia-noite dos tempos finais, entre a segunda e a terceira vigília, ou seja, entre o
segundo e o terceiro milênio. Esta importantíssima revelação da Palavra Profética
confere exatamente com o Livro de Rute, pois Rute se dirige a Boaz (a igreja sobe ao
encontro de Jesus) e, à meia-noite, Boaz percebe que Rute está a seus pés (Jesus
contempla a chegada de sua Noiva à Sua Gloriosa Presença).

Ora, à meia-noite já terão passadas exatamente duas vigílias, ou seja, já terão


passados 2000 anos. Assim, se este período for contado a partir, por exemplo, dos doze
anos de Jesus - quando Ele efetivamente começou a tratar das coisas do Pai, quando
ensinava no templo aos doutores, conforme consta em Lc 2.42-52 – então podemos
concluir que estamos vivendo a iminência da vinda do Rei dos reis para nos arrebatar
deste mundo. De qualquer forma, não sabemos o dia nem a hora e, independentemente
do episódio a partir do qual se inicia a contagem dos 2000 anos, o mais importante é
sabermos que as Escrituras do Livro de Rute nos revelam, do mesmo modo que o
restante da Palavra Profética, que o Senhor Jesus está efetivamente às portas.

E principalmente, sendo Rute figura representativa da igreja fiel, sua atitude em


relação ao encontro com Boaz deve ser imitada pela igreja fiel em relação ao encontro
com Jesus Cristo, via arrebatamento. Compreendamos, pois, os três passos dados por
Rute para se preparar para o encontro com seu futuro esposo, em atenção aos conselhos
de sua sogra, interpretando-os, à luz das Escrituras Sagradas, para neles se espelhar a
igreja do Senhor:

“Lava-te, pois, e unge-te, e veste os teus vestidos” Rute 3.3a

“Lava-te”, isto é, livra-te de todo pecado (1 Jo 1.7); “unge-te”, isto é, santifica-te


para o exercício do seu ministério (Ex 40.12-15); e “veste os teus vestidos”, isto é,
pratique a justiça pela obediência ao Senhor (Ap 19.8; Mt 7.21; 1 Jo 2.15-17).

Amados, cada vez que abrimos a Bíblia nos maravilhamos com a solidez e a
plena credibilidade da Palavra de Deus. Se não bastassem as Escrituras tratarem tão
clara e objetivamente do arrebatamento da igreja fiel, o Senhor, grande em
misericórdia, e infinito em sabedoria, nos apresenta todo o seu maravilhoso plano nas
entrelinhas do Livro de Rute. Assim sendo, confirmando as demais Escrituras, o Livro
de Rute nos revela, em suma, que o arrebatamento é iminente, às portas, ocorre antes da
Grande Tribulação, precedendo, portanto, a própria restauração do remanescente de
Israel.
32
5
O CHESED DE RUTH 25

Julius Schnorr Von Carolsfeld: Ruth no campo de Boaz, 1828. O Livros de Rute conta a
história de Ruth e sua mãe-de-lei Naomi. Após a morte de seu marido se movem tanto à terra natal de
26
Naomi onde ela se redimiu da pobreza e da viuvez através de Ruth por seu goel, Boaz.

A graça sobre Ruth


O Livro de Ruth (‫ ) ְמגִ ַלּת רוּת‬conta uma história maravilhosa do amor Redentor e
de devoção (ou seja, de chesed-Graça ‫) ֶחסֶד‬27, que remonta ao período difícil da história
judaica, conhecido como o “tempo dos juízes” (c. Século 12º a.C.).
A história é tradicionalmente lida durante a Festa de Shavuot (Pentecostes) nas
Sinagogas em todo mundo, tanto porque os eventos relatam o período durante o tempo
da colheita do primeiro semestre (ligando-o ao aspecto agrícola da Festa), e Ruth, ela
mesma, é uma imagem da aceitação de bom grado de um estilo de vida judaica
(vinculando para o aspecto religioso da Festa).
Assim como Israel aceitou voluntariamente a Torá no Sinai sem saber seu
conteúdo (kol asher diber Adonay na’aseh v’nishmah)28, portanto, Ruth desistiu de tudo
que sabia para aceitar a Torá dada por D-us.29 Como o povo de Israel, Ruth acreditou
primeiro para depois compreender, e não ao contrário…
Enquanto a narrativa da história é simples, para compreender inteiramente suas
implicações “espirituais” precisamos estar familiarizado com as várias leis da Torá,

25
http://www.yeshuachai.org/forums/topic/‫רות‬-‫אודות‬-‫החסד‬-a-graca-sobre-ruth-pentecostes.
26
http://en.wikipedia.org/wiki/Goel.
27
Hesed [chesed]. Não se pode traduzir nitidamente a palavra hesed. A tradução comum das versões em português é
misericórdia, bondade, benignidade, mas estas palavras todas são inadequadas para dar o pleno sentido do termo. A
palavra relaciona-se intimamente com o fator de Deus nas suas atividades providenciais na história de Israel. A Palavra
significa o amor firme, persistente, imutável, no cumprimento das promessas do seu concerto com Israel, mesmo quando o
povo falhava e se mostrava indigno. A palavra sempre acentua a fidelidade de Deus para com o seu concerto com Israel.
Os hasidim são os piedosos, os fiéis, os santos que responderam com confiança ao amor fiel do Senhor. O hesed divino
sempre buscava a comunhão espiritual com Israel para criar nele o amor fiel a Deus. Assim se vê que é quase o
equivalente da graça divina.
27
C. H. Dodd, The Bible Today, p. 14.
28
kol asher diber Adonay na’aseh v’nishmah = Tudo o que Deus tem falado, faremos e vamos ouvir.
29
D-us, ou D’us, é uma das formas utilizadas por alguns judeus de língua portuguesa para se referirem a Deus sem citar
seu nome completo, em respeito ao terceiro mandamento recebido por Moisés pelo qual Deus teria ordenado que seu nome
não fosse falado em vão.

33
incluindo as ‘leis da redenção/remisão’ (Levítico 25.32-55), as leis de Shemitá (ano
sabático) e Yovel (Jubileu) (Levítico 25.4,10,23), as leis de herança de família
(Números 27.8-11), as leis de Yibum (casamento levirato) (Deuteronômio 25.5-10), e
várias leis de agricultura relativo à deixar comida para os pobres e necessitados (Peah e
Leket) (Levítico 19.9-10; 23.22; Deuteronômio 24.19).
Além disso, precisamos compreender as ‘leis de guerra’ para a tomada de posse
da terra, e D-us declarou repetidamente o mandamento que Israel deve ser Santo
(separado) e não assimilar com culturas alheias, dos gentios (Êxodo 34.12;
Deuteronômio 7.1-6; 14:2, Efésios 2.11 e etc.).
Durante os ‘dias dos juízes’, em Belém de Judá – Beit Lechem (‫ ֶלחֶם ֵבּית‬,
literalmente: “casa de pão”), na região denominada Efratah (‫ ֶאפ ְָרתָה‬, literalmente:
fecundidade/frutífero), viveu um homem chamado Elimelech (�ֶ‫ )אֱ לִי ֶמל‬e sua esposa
Naomi [Noemi] (‫ )נָ ֳע ִמי‬com seus dois filhos, Machlon (Malom) e Chilyon (Quiliom).
Aparentemente os nomes de seus filhos refletem as dificuldades do tempo: Machlon
vem de um verbo hebraico (‫ )מָ לָה‬que significa ‘ficar doente’, Considerando que
Chilyon vem de um verbo hebraico (‫ ) ָכלָה‬que significa ‘ser frágil’.
De qualquer forma, por causa da fome em curso na terra, Elimelech decidiu
arrendar sua terra e mudar com sua família para a terra de Moabe, onde morreu pouco
tempo depois, fazendo de Naomi uma viúva. Seus filhos mais tarde se casaram com
mulheres Moabitas: Chilyon casou-se com uma mulher chamada Orfa, Considerando
que Machlon casou-se com a heroína da nossa história, uma jovem mulher chamada
Ruth (‫( )רוּת‬Ruth significa amiga, companheira). Tragicamente, ambos filhos de Naomi
morreram sem filhos, deixando-lhe assim não apenas viúvas, mas também desprovidas
de filhos e necessitadas. Por esta série de tragédias, Naomi decidiu retornar à terra de
Judá, onde ela tinha ouvido que a fome tinha cessado. Inicialmente ambas das suas
noras arrumaram para ir com ela no caminho de volta para a terra de Judá, apesar de ela
ter convencido a nora Orfah para retornar de volta para sua casa. Ruth, por outro lado,
agarrou-se à sua sogra e se recusou a deixá-la. Depois de testar várias vezes seus
motivos, Ruth eventualmente disse a Naomi: ‘não me peça para deixá-la ou para
retornar… Teu povo será meu povo e seu D-us meu D-us… ’ (Ruth 1.16-17), esta foi a
confissão chave da fé de Ruth. Apesar dos avisos de Naomi que; ‘Ruth seria
considerada como uma pária e não quista em Israel (Deuteronômio 23.3), que
provavelmente iria permanecer como uma perpétua viúva’, Ruth se recusou a ser
dissuadida. Ao contrário de sua cunhada Orfa, Ruth chamou-se profundamente para a
verdade da Torá, que ela viu em sua sogra, e, portanto, ela voluntariamente optou por
deixar tudo para trás por causa de se tornar uma convertida ao verdadeiro D-us. Uma
vez que Naomi entendeu a vontade sincera de Ruth, ela aceitou a decisão de Ruth e as
duas mulheres chegaram a Belém no início da Primavera em Israel, durante o tempo da
cevada colheita em Judá.
Para sobreviver, Naomi enviou Ruth nos campos para colher colheitas,
explicando-lhe as leis na Torá da Leket e Peah (Levítico 19.9-10; 23.22; Deuteronômio
24.19).

34
Naomi pedindo Ruth e Orfa para voltar para a terra de Moabe por William Blake, 1795.30

“Aconteceu, por acaso” de Ruth ir para os campos de Boaz, um parente do


falecido marido de Naomi, Elimelech. Boaz foi imediatamente atraído por Ruth pela
sua modéstia e integridade e beleza. Por exemplo, ele ficou impressionado que Ruth
teve o cuidado de pegar apenas um ou dois caules de grãos, não só isto, e também que
ela dobrava seus joelhos quando ela pegava os molhos, ao invés de fazer isto de outra
forma. Boaz também ficou impressionado com a devoção de Ruth com a sua sogra, e
ele, por isso, saiu no caminho para ajudá-la.
Naomi entendia que Boaz era um parente “próximo” de seu marido Elimelech, e,
portanto ele era qualificado para resgatar/remir sua terra daqueles que estavam a
usufruindo. Lembre-se de que na Torá é permitido reaver as terras com base em seu
valor proporcional antes do ano do Jubileu. A ‘lei da remissão’ exigia que um parente
próximo tivesse a possibilidade de remir (comprar de volta) as terras de seu parente
próximo se este parente estivesse em tal dificuldade financeira que ele tinha sido
forçado a vendê-la: (Levítico 25.25).
Desde que Naomi foi destituída, ela precisava convencer um parente próximo a
resgatar sua terra para o legado do nome de sua família em Israel. Agora, Boaz era um
dos parentes “próximo” de seu falecido marido Elimelech (talvez o filho do irmão do
Elimelech), assim ele era legalmente qualificado para resgatar a terra. Além disso, Boaz
foi descrito como um homem rico e, por conseguinte, tinha os meios financeiros ser um
Parente Remidor (Go’el), embora ele precisasse ser convencido a fazê-lo. (tem que ser
por livre vontade).
Quando Naomi detectou o amor de Boaz para com Ruth, no entanto, ela
desenvolveu sua estratégia. Uma vez que as ‘leis de herança’ afirmassem que se um
homem morresse sem um filho, a herança seria transferida para a filha (Números 27.8-
11), e desde que Ruth era a viúva de Machlon, ela era a herdeira legal da linha de
Elimelech. Em outras palavras, se Boaz pudesse ser persuadido a casar-se com Ruth, a,
em seguida, ele poderia resgatar a terra e salvar a família de ser obliterada em Israel:
Após um período de ‘flerte’ de Boaz com Ruth durante as semanas da colheita de
cevada, Naomi finalmente instruiu sua nora para ir para a Eira para iniciar sua
reivindicação de que Boaz devia resgatar sua terra. Desde de que a lei do “Casamento
levirato” (Yibum) afirma que o irmão de um homem que morreu sem filhos tinha a

30
http://en.wikipedia.org/wiki/Book_of_Ruth.
35
obrigação de se casar com a viúva (Deuteronômio 25.5-10), Ruth – como uma viúva
sem filhos – tinha o direito legal adicional para pedir Boaz a perpetuar a linhagem
familiar em Israel ao se casar com ela.
Porem antes que Boaz pudesse fazer, no entanto, Ruth tinha que expressar sua
intenção “legal”, afirmando-lhe como “parente próximo”. Na preparação deste evento,
Naomi instruiu Ruth para embelezar-se e apresentar-se diante de Boaz no final da
colheita, quando os viticultores com alegria estariam celebrando a provisão de D-us
(provavelmente durante a festa de Shavuot).
Após a festa, foi dito a Ruth que Boaz iria dormir à Eira e foi instruído a colocar-
se a seus pés e puxar seu manto sobre seus pés para simbolizar sua reivindicação.
Quando Boaz mais tarde acordou e viu seus pés descobertos, ele encontrou Ruth, a seus
pés, e ela expressou o seu pedido a ele: ‘Estenda seu manto sobre a sua serva, pois você
é Remidor – Ki Goel atah (‫( ’)אתה כי גאל‬Ruth 3.9).
Boaz ficou muito feliz com a perspectiva, embora ele explicasse que havia
alguém que tinha um direito precedente em resgatá-la/redimi-la – “parente mais
próximo do que eu” – Quando o homem apareceu, Boaz pediu um Minian (um grupo
de dez judeus necessários para resolver questões legais) e lhe apresentou os termos
iniciais da redenção. Boaz mencionou a condição adicional que o Redentor – Go’el
seria obrigado a casar-se com Ruth a Moabita, uma vez que ela era viúva sem filhos de
Machlon (filho de Elimelech) e a lei exigia que o Redentor “eleva-se o nome dos
mortos” (isto é, levantar um herdeiro) para preservar a linhagem familiar em Israel. Ao
ouvir isso, o homem disse que ele não poderia resgatá-la, por conseguinte, ele ‘tirou seu
sapato’ para significar que ele retirou seu direito sobre o negocio (este costume bastante
estranho é chamado chalitzah: ‫) ֲחלִיצָה‬. O negócio jurídico, juntamente com a declaração
de Boaz de intenção de resgatar as terras de Elimeleque e se casar com Ruth, é
afirmado no Rute 4.8-10.
Depois de ouvir a declaração de Boaz e suas intenções, o Minian, em seguida,
abençoaram Ruth: (Rute 4.11-12).
O livro termina com o casamento de Boaz e Ruth e o nascimento de seu primeiro
filho. “E as mulheres do bairro deram-lhe um nome, dizendo: ’um filho nasceu para
Naomi’. Elas o chamaram de Oved [Obed] (Servo). Ele foi o pai de Jessé, o pai de
David’ (Rute 4.17). O livro termina com a genealogia da casa de Davi, desde o
nascimento de Peretz (filho de Judá de Tamar) do nascimento do rei Davi”.
Neste contexto, é interessante ver que a genealogia do Rei David não só incluiu a
linha nobre de Abraham/Sarah, Itzak/Rebekah e Yakov/Leah, mas ela também incluiu
Judá/Tamar, Boaz/Ruth e Salmão/Ra’abe. Além disso, na genealogia de Yeshua o
Messias dado em Mateus 1.1-16, apenas quatro mulheres (além de Maria) são
nomeadas explicitamente: Tamar (que “enganou” seu sogro), Ra’abe (a prostituta),
Ruth (uma Moabita) e “a mulher de Urias” (ou seja, Batsheva, uma adúltera). Cada
uma dessas mulheres de fé ilustram o amor de D-us e graça que supera seu
julgamento… (tanto na genealogia de David e de Yeshua (Jesus) não tem só lado nobre
da família não, também tem o lado muito menos nobre… não devemos preocupar tanto
com o ‘pedigree’ familiar das nossas próprias famílias).
Em última análise, a Teshuvah (conversão) de Ruth foi aceita, mesmo que ela
fosse uma pária estrangeira e estranha as promessas e alianças de D-us – uma Moabitas
36
da qual na Torah afirma: “nenhum deles podem entrar na Kahal/Ekklesia (congregação)
do Senhor” (Deuteronômio 23.3).
A Grande fé de Ruth não era ao contrário da mulher Cananéia (outra rejeitada)
que foi aceita por Yeshua o Messias (Mateus 15.22-28).
Ambas destas mulheres superaram até mesmo a lei da Torá pela fé em D-us e
com chesed veChen (Graça e Favor) foram Remidas…
No caso de Ruth, sua fé trouxe à tona a ‘casa de Davi’ – e a partir daí, a linhagem
de Yeshua, nosso Messias e Go’el (Redentor)… (Mateus 1.1).
A bênção dada a Boaz; “sua casa seja como a casa de Pérez, que Tamar deu a
Judá, por causa da descendência que o Senhor lhe dará por esta jovem mulher” (Ruth
4.12), sugere que o plano de D-us da bênção providencialmente superou a fraqueza e a
fragilidade de todos os envolvidos… É encorajador, não importa nossa origem, D-us
pode nos usar para realizar sua vontade dentro do seu Reino…
Finalmente, a história de Rute ilustra que a lei por si só é incapaz de redimir-nos
(como é bem ilustrado pelo ‘Redentor sem nome’ no livro de Ruth, que não queria ‘por
em risco’ sua herança) e, portanto, por isto algo mais é necessário.
Um verdadeiro Go’el (‫)ג ֵאל‬, Redentor/Remidor/Resgatador/salvador, caracteriza-
se por amor e compaixão, assim como a lei do espírito da vida (‫)תּוֹרת רוּ ַח ַה ַחיִּים‬ ַ é o que
nos liberta da lei do pecado e da morte (‫תּוֹרת ַה ֵחטְא ְוהַמָ ּוֶת‬
ַ ). Ruth superou a “letra da lei”
pela fé no amor Redentor de D-us.
Como Ruth, temos de “ir para a Eira” como ‘sem merecer nada’, para reivindicar
o amor Redentor de D-us.
Temos de dizer ao Messias:
“Estenda o seu manto (Talit) sobre teu Servo/Serva, Ki Goel Atah (‫)כִּ ֥ י ג ֹאֵ ֖ ל אָ ֽתָּ ה‬
pois você é Remidor – (Rt 3.9)”. Temos de ultrapassar a inimizade exigida pela Torá
com seus mandamentos e preceitos para receber a nossa cura - e encontrar o nosso
lugar dentro da família de Deus.

37
6

REDENÇÃO: O PALCO DA ESCATOLOGIA 31

“Há pessoas que pensam que o Antigo Testamento, em contraste com o Novo,
ensina que a REDENÇÃO foi recebida pela observância da lei. Mas isto não é verdade.
Ali também a Graça de Deus vem primeiro” (Christopher J.H. Whight).32
A redenção é um ato de Deus pelo qual Ele mesmo paga como um resgate o
preço do pecado humano que insultou a santidade e o governo que Deus exige. A
redenção oferece a solução ao problema do pecado, como a reconciliação oferece a
solução ao problema do pecador, a propiciação oferece a solução ao problema de um
Deus ofendido.
“Antes que se rompa o fio de prata, ou se quebre o copo de ouro, ou se despedace
o cântaro junto à fonte, ou se desfaça a roda junto à cisterna” (Ec 12.6).
Segundo a bioenergética o fio de prata liga o corpo à alma e ao espírito. No
arrebatamento de espírito, este sai do corpo e vai aos lugares que Deus quer levá-los,
como fez com o apóstolo Paulo, com o profeta Ezequiel com tantos outros servos de
Yahweh. Fora do arraial evangélico, o homem sai do corpo numa viagem astral. E o
que mantém o homem ligado ao corpo é o famoso fio de prata. Na morte física
acontece o rompimento do fio de prata.
A Bíblia de Estudo NVI nos traz o seguinte comentário de Ec 12.6:
“Fio de Prata. Lamparina pendente de uma corrente de prata. Rompendo-se um
único elo, perecerá essa luz e essa beleza, fato que mostra a grande fragilidade da
vida”.33
No estudo da Teologia Sistemática há também um fio de prata. Ele liga todos os
módulos da Sistemática: Bibliologia, Teontologia, Cristologia, Antropologia,
Angelologia, Hamartiologia, Soteriologia, Eclesiologia, Pneumatologia e Escatologia.
O fio de prata da Teologia Sistemática é a doutrina da Redenção, doutrina esta balizada
na Pessoa Teantrópica do Redentor – Go’el - ‫ גאל‬- O Parente Remidor.
Rompendo-se o fio de prata da Teologia da Sistemática esta morre. O fio de prata
da teologia é o plano da Redenção alicerçado na Doutrina do Parente Remidor – O
Go’el - Jesus Cristo, o Resgatador dos Judeus, dos Gentios, da Igreja e do Cosmos.
O tema central da Bíblia é a Redenção.34
O tema divide-se assim:
1. O Antigo Testamento: a preparação do Redentor.
2. Os Evangelhos: a manifestação do Redentor.
3. Os Atos: a proclamação da mensagem do Redentor.
4. As Epístolas: a explicação da obra do Redentor.
5. O Apocalipse: a consumação da obra do Redentor.
“A redenção obtida por Jesus Cristo é cósmica no sentido em que restaura toda a
criação”.
31
A. C. G. JESUS O GO’EL VINGADOROR. 3ªed. Lagoa Santa: Editora Klivros.com.br, 2011, p. 55-72.
32
WRIGHT, Christopher J. H. Povo Terra e Deus. 1ª ed. São Paulo: ABU, 1991, p.23.
33
BÍBLIA NVI. SÃO PAULO: EDITORA VIDA, 2003, p. 1119.
34
PAUL, Hoff. O PENTATEUCO. 6ª impressão. Belo Horizonte: Editora Betânia, 1995, p. 4.
38
“Essa confissão fundamental tem duas partes distintas. A primeira é: a redenção
significa restauração – ou seja, o retorno à bondade de uma criação originalmente
incólume, e não meramente a adição de algo supracriacional. A segunda é: essa
restauração afeta toda a vida criacional, e não meramente alguma área limitada dela”.35
Redenção é, literalmente, “comprar de volta”, e a imagem evocada é a de um
seqüestro. Uma pessoa livre foi capturada e só será devolvida mediante o pagamento de
um resgate. Alguém paga o resgate em favor do cativo e, desse modo, “compra de
volta” a sua liberdade original”. 36 Daí a doutrina do Go’el ser importante no estudo da
Redenção.

Mais de três quartas partes da Bíblia correspondem ao Antigo Testamento. Com


exceção dos onze primeiros capítulos do Gênesis, do livro de Jó e de certas partes dos
profetas, o Antigo Testamento dedica-se ao trato de Deus com a raça escolhida.

Deus elegeu o povo hebreu com três finalidades:


1. Ser depositário de sua Palavra;
2. Ser a testemunha do único Deus verdadeiro perante as nações;
3. Ser o meio pelo qual viesse o Redentor (Go’el).

Os atos redentores de Deus têm um propósito contínuo, que ele cumprirá


definitivamente com a eliminação do mal, a vingança dos justos, o estabelecimento da
justiça e da paz e com a Restauração da harmonia entre Deus, a humanidade e a
natureza. Os cristãos vivem à luz da inauguração desse reino no ministério terreno de
Cristo, e também da expectativa do seu estabelecimento final, quando ele vier
novamente.
“Deus poderia ter destruído o homem, após a Queda no Éden. Mas não o fez. Ele
preferiu remi-lo e restaurá-lo. Deus poderia ter destruído a humanidade após a rebelião
da torre de Babel, porém não o fez”.37
“A história da REDENÇÃO começa com a chamada de Abraão e com a
promessa de que através de seus descendentes, a Nação de Israel, Deus abençoaria
todas as nações da terra”.38 “A resposta de Deus para a praga internacional do pecado
foi uma nova comunidade, uma nação que seria o padrão e o modelo da REDENÇÃO,
como também o veículo através do qual a bênção da REDENÇÃO finalmente abraçaria
o restante da humanidade”.39 “Essa promessa ao patriarca Abraão tornou-se a base para
toda a compreensão subseqüente do papel da terra no desenvolvimento da história da
redenção”.40
“A posse de uma determinada extensão de terra teria importância sob várias
perspectivas com respeito à obra redentora de Deus no mundo. Mas a terra também

35
WOLTERS. Albert. M. Criação Restaurada. 1ª ed. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2006, p. 79.
36
Ibidem. p. 80.
37
WRIGHT, Christopher J. H. Op. Cit., p.34.
38
WRIGHT, Christopher J. H. Op. Cit., p.47.
39
WRIGHT, Christopher J. H. Op. Cit., p.35.
40
ROBERTSON, O. Palmer. O Israel de Deus. São Paulo: Editora Vida, 2005, p.17.
39
servia como sombra, exemplo, profecia, antecipando a obra futura de Deus com seu
povo”.41 O povo de Deus é constituído da Igreja, de Israel Remanescente e dos Gentios
que aceitarem o Governo do Messias no Milênio.
A redenção envolve a restauração de tudo quanto foi perdido através do pecado,
compreendendo a alma do homem, seu corpo, raça humana e a terra. Cristo o nosso
Go’el possui as qualificações como o Redentor do mundo. Sua paixão e morte, seu
poder de julgar e reinar o qualificam como GO’EL – Redentor.
“Somente numa cristologia cósmica a cristologia se completa. Se Cristo é o
Primogênito dentre os mortos, então ele não pode ser apenas o novo Adão da nova
humanidade, mas deve também ser compreendido como Primogênito [aquele que tem
a primazia] de toda a criação (o universo). Todas as coisas foram criadas com vistas ao
Messias, pois o Messias redimirá todas as coisas para sua verdade e as reunirá para o
Reino de Deus e, dessa forma, levar a criação à consumação”.42 O Filho tem todos os
direitos pertencentes ao Primogênito, por causa de Sua posição preeminente sobre toda
a criação.
O processo da redenção foi entregue nas mãos da Igreja. A história da Igreja é a
história da redenção no que se aplica à alma dos homens. Ainda não chegou o dia da
redenção para a terra física, nem mesmo para a raça humana, nem mesmo do Universo
(o cosmos).

O Ponto de Vista reformado da Redenção: 43

“A cosmovisão reformada se distingue das demais em alguns pontos


fundamentais. Primeiro, ela estabelece a autoridade suprema das Escrituras, entendida
como a revelação da mente de Deus ao homem como único ponto de partida para a
construção de uma cosmovisão essencialmente cristã. Em segundo lugar, ela oferece
um escopo integral não-dualista para a formação de uma cosmovisão a partir da união
dos três aspectos fundamentais da revelação bíblica, a tríade criação-queda-redenção.
E por último salientamos a visão reformada plena da soberania de Deus sobre a criação
e o escopo integral da queda e a redenção total de Deus, em Cristo Jesus”.

“Na tradição reformada a graça restaura a natureza, ou seja, o escopo da


salvação de Cristo não se aplica apenas à dimensão espiritual do homem, mas à criação
toda” (O planeta Terra e todo o Universo).

“Cristo não morreu apenas a reconciliação dos homens, mas para a


reconciliação do Cosmo (1 Co 5.19). Deus não seria o criador de todas as coisas se não
quisesse a redenção de todas as coisas”.44

41
ROBERTSON, O. Palmer. Op. Cit., p.16.
42
MOLTMAN, Jurgen. O Caminho de Jesus Cristo. Petrópolis: Editora Vozes, p. 372.
43
CARVALHO, V. R. G. COSMOVISÃO CRISTÃ E TRANSFORMAÇÃO. Viçosa, MG: Editora Ultimato, 2006, p. 53.
44
MOLTMAN, Jurgen. O Caminho de Jesus Cristo. Petrópolis: Editora Vozes, p. 377.
40
A redenção envolve a alma, o corpo e a terra toda:
Rm 8.23: “E não só ela, mas nós mesmos, que temos as primícias do Espírito,
também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso
corpo”.
Ef 4.30: “E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados
para o dia da redenção”.

Mt 19.28: “E Jesus disse-lhes: Em verdade vos digo que vós, que me seguistes,
quando, na regeneração (παλιγγενεσίᾳ), o Filho do Homem se assentar no trono da sua
glória, também vos assentareis sobre doze tronos, para julgar45 as doze tribos de Israel”
(no Milênio).
“Palingueneçía (παλιγγενεσίᾳ). Aqui o renascimento (escatológico) do mundo
futuro, a regeneração da terra e de todo o universo”. 46

As duas grandes palavras proféticas são:


1. Regeneração;
2. Redenção.

A história inteira da humanidade pode ser contada com apenas três


palavras:
1. Geração;
2. Degeneração;
3. Regeneração.

Geração refere-se ao ato de Deus de criar.


Degeneração refere-se ao ato destruidor do Diabo. A degeneração foi holística,
atingiu céus e terra.
A Regeneração consiste do processo de restaurar, ao seu estado original, algo
que sofreu um processo de Degeneração.
O termo “regeneração” aparece apenas duas vezes no Novo Testamento (Mt
19.28; Tt 3.5). No evangelho de Mateus, tem um sentido escatológico, referindo-se à
restauração de todas as coisas. Certamente a renovação do indivíduo faz parte da
restauração universal. “No sentido de renovação, restauração, restituição a uma
situação anterior; a respeito da manifestação eterna e completa do Reino do Messias,
quando todas as coisas serão libertadas de sua corrupção atual e restauradas à pureza e
ao esplendor espiritual”. 47 Na epístola de Tito, tem um sentido individual e fala da

45
Julgar. kri/nw (Krinō). Reinar, governar. Dicionário Bíblico Strong.
46
HAUBECK, W., SIEBENTHAL, H. Von. Nova Chave Linguística do Novo Testamento. 1ª ed. São Paulo: Editoras
Targumim e Hagnos, 2009, p.171.
47
Bíblia de Estudo Palavras – Chave Hebraico e Grego. Rio de Janeiro: CPAD, 2011, p. 2334.
41
renovação de cada pessoa, bem como da transformação da personalidade humana.
Porém, em ambos os casos o agente dessa transformação, é o Espírito Santo.

O Propósito de Deus para com a Terra

1. Qual o propósito de Deus para com a Terra?


1.1. Para ser habitada: “Porque assim diz o Senhor, que criou os céus, o Deus
que formou a terra, que a fez e a estabeleceu, não a criando para ser um
caos, mas para ser habitada: Eu sou o Senhor e não há outro” (Is 45.18).
[Leia: Gn 1.2; Is 14.12; Ez 28.12-17].
1.2. Para manifestar Sua Glória como nos dias do Milênio (Is 4.1-6).
Is 4.2-6: “Naquele dia o renovo do SENHOR será cheio de beleza e de glória; e o
fruto da terra excelente e formoso para os que escaparem de Israel. E será que aquele
que for deixado em Sião, e ficar em Jerusalém, será chamado santo; todo aquele que
estiver inscrito entre os viventes em Jerusalém; Quando o Senhor lavar a imundícia das
filhas de Sião, e limpar o sangue de Jerusalém, do meio dela, com o espírito de justiça,
e com o espírito de ardor. E criará o SENHOR sobre todo o lugar do monte de Sião, e
sobre as suas assembléias, uma nuvem de dia e uma fumaça, e um resplendor de fogo
flamejante de noite; porque sobre toda a glória haverá proteção. E haverá um
tabernáculo para sombra contra o calor do dia; e para refúgio e esconderijo contra a
tempestade e a chuva”.
2. O que houve com a Terra?
2.1. Com a queda de Satanás tornou-se um caos.
“Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filha da alva! como foste lançado por
terra tu que prostravas as nações!” (Is 14.12).
“Filho do homem, levanta uma lamentação sobre o rei de Tiro, e dize-lhe: Assim
diz o Senhor Deus: Tu eras o selo da perfeição, cheio de sabedoria e perfeito em
formosura. Estiveste no Éden, jardim de Deus; cobrias-te de toda pedra preciosa: a
cornalina, o topázio, o ônix, a crisólita, o berilo, o jaspe, a safira, a granada, a
esmeralda e o ouro. Em ti se faziam os teus tambores e os teus pífaros; no dia em que
foste criado foram preparados. Eu te coloquei com o querubim da guarda; estiveste
sobre o monte santo de Deus; andaste no meio das pedras afogueadas. Perfeito eras nos
teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que em ti se achou iniqüidade. Pela
abundância do teu comércio o teu coração se encheu de violência, e pecaste; pelo que te
lancei, profanado, fora do monte de Deus, e o querubim da guarda te expulsou do meio
das pedras afogueadas. Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura,
corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor; por terra te lancei; diante dos
reis te pus, para que te contemplem” (Ez 28.12-17).
2.2. Com a queda de Adão foi amaldiçoada (Gn 3.11-19; 4.11,12; 8.21; Is 24.1-
23).
“A quem chamou Noé, dizendo: Este nos consolará acerca de nossas obras e do
trabalho de nossas mãos, os quais provêm da terra que o Senhor amaldiçoou” (Gn
5.29).
2.3. Adão perdeu o direito de dominá-la pelo poder de Deus, para Satanás.
(Mt 4.8; Jo 14.30; 16.11; l Jo 5.19).
42
2.4 Adão não podia, por recursos próprios, saldar a dívida para retomá-la.
Somente o Parente Remidor - GO’EL poderia fazer isto (Lv 25,26; Rt 2.1-
3; 3.10-18,4.1-10; Is 59.20; Gl 4.4,5; Hb 2.14,15; Ap 5).
3. O que acontecerá com a Terra? Deus vai redimi-la. Três coisas foram perdidas
com o pecado:
a) A Terra; b) A alma; c) O corpo. Cada um desses elementos tem um único meio
de Redenção: Jesus mediante o Seu sangue. No momento nos prenderemos
apenas a Redenção da Terra.

No livro de Levítico, encontramos, a partir do capítulo 25, uma seqüência de


leis referentes à terra:
O Ano Sabático (25.1-7);
O Ano do Jubileu (25.8-24);
O Resgate da Herança (25.25-34);
O Irmão Pobre (25.35-46);
O Resgate do Irmão Pobre (25.47-55).
Todas estas leis se fossem obedecidas daria à terra uma boa qualidade e bom
aproveitamento. Com isso a terra produziria o fruto a tempo, proporcionando fartura,
prosperidade e bênção ao povo de Israel. Todavia, se todas essas leis não fossem
obedecidas os castigos seriam:
Desgraça (26.16,17);
Seca (26.18-20);
Feras (26.21,22);
Enfermidades (26.23-26);
Fome (26.27-31);
Dispersão (26.32-39).
Os setenta anos do cativeiro babilônico foi o juízo de Deus porque o povo não
guardou os sábados da terra.
Lv 25.3-5,8,9: Seis anos semearás a tua terra, e seis anos podarás a tua vinha, e
colherás os seus frutos; Porém ao sétimo ano haverá sábado de descanso para a terra,
um sábado ao SENHOR; não semearás o teu campo nem podarás a tua vinha. O que
nascer de si mesmo da tua sega, não colherás, e as uvas da tua separação não
vindimarás; ano de descanso será para a terra. Também contarás sete semanas de anos,
sete vezes sete anos; de maneira que os dias das sete semanas de anos te serão quarenta
e nove anos. Então no mês sétimo, aos dez do mês, farás passar a trombeta do jubileu;
no dia da expiação fareis passar a trombeta por toda a vossa terra.
Lv 26.33-35: E espalhar-vos-ei entre as nações, e desembainharei a espada
atrás de vós; e a vossa terra será assolada, e as vossas cidades serão desertas. Então a
terra folgará nos seus sábados, todos os dias da sua assolação, e vós estareis na terra dos
vossos inimigos; então a terra descansará, e folgará nos seus sábados. Todos os dias da
assolação descansará, porque não descansou nos vossos sábados, quando habitáveis
nela.
2 Cr 36.21: para se cumprir a palavra do Senhor proferida pela boca de
Jeremias, até haver a terra gozado dos seus sábados; pois por todos os dias da desolação
repousou, até que os setenta anos se cumpriram.
43
A história de Israel é a história da redenção e a forma social de Israel fazia
parte do propósito e do padrão da redenção. A restauração do relacionamento entre
Deus e o seu povo foi selada pela restauração do seu povo à terra.
A história bíblica da redenção começa com as promessas de Deus a Abraão. Um
elemento fundamental dessa promessa, conforme se encontra revelada e repetida na
narrativa patriarcal, é que Deus daria a Abraão e a seus descendentes uma terra.
3.1. Deus tirará, através de flagelos, o véu de maldição que encobre e domina a
atual natureza terrena (Is 25.7,8; 2 Co 3.15,16).

3.2. A terra será redimida (Rm 8.19-22; Jr 12.4; J1 2.18-27; Zc 14.4,5,8,10; Is


11.5-9;35.1,2;55.12,13;65.20-25). Este é o tempo que Jesus chama de
“regeneração”.

Mateus 19:28: “E Jesus disse-lhes: Em verdade vos digo que vós, que me
seguistes, quando, na regeneração, o Filho do Homem se assentar no trono da sua
glória, também vos assentareis sobre doze tronos, para julgar48 as doze tribos de Israel”.
“Regeneração, um novo nascimento. O termo era comum no Estoicismo para as
restaurações periódicas do mundo natural. Também era usada em sentido escatológico,
especialmente pelos judeus, para a renovação do mundo na época do Messias. Em Mt
19.28 a palavra é usada em sentido cósmico”.49

É o renascimento da criação. Agora, a criação geme e suporta angústia, mas


será redimida do cativeiro quando Cristo voltar (Rm 8.19-22). Grandes mudanças
topográficas ocorrerão (Zc 14.4,5,8,10; Is 35.1,2; 55.13). A natureza dos animais
ferozes será transformada (Jl 2.22-27; Is 35.2,6,7; Ez 34.26,27), colheitas fracassadas
somente ocorrerão para aqueles que deixarem de ir adorar em Jerusalém (Zc 14.16-19).
A vida humana será prolongada, mas haverá mortes durante este período (Is 65.20),
pois a morte, o último inimigo, só será destruída no final dos mil anos (1 Co 15.24-28;
Ap 20.7-14; Is 25.7,8). Como espiritualizar todas essas predições? Certamente serão
cumpridas de maneira literal. Não é filosofia humana, mas, sim, a Revelação Divina,
que projeta luz sobre o futuro.
3.3. Antes da Redenção futura, a Terra será assolada, não de todo, mas de parte
em parte (Hc 1.12-17; Ap 6.8; 9.4,15,16). Este processo é claramente visto como as
pragas derramadas no Egito.
3.4. Em Habacuque, a Terra é a rede do sacrifício (Hc 1.13-17).
3.5. Mas no fim será cheia do conhecimento do Senhor (Hc 2.13,14; Is 11.9). O
Senhor esvaziará a rede da impiedade e a encherá do conhecimento do Senhor. O nosso
Deus não habitará nesta “favela” que o Diabo usurpou durante séculos! Ele implantará
o seu Reino em Jerusalém somente depois que purificá-la (Is 4.1-6).

48
Julgar - kri/nw (Krinō). Reinar, governar. Presidir com o poder de emitir decisões judiciais, porque julgar era a
prerrogativa dos reis e governadores. Robert Charles Sproul no seu comentário (Bíblia Genebra) nos diz que a palavra
julgar tem o sentido de governar e não sentenciar à punição.
49
ROGER, Cleon e RIENECKER, Fritz. Chave Lingüítica do Novo Testamento Grego. 1ª ed. São Paulo: Edições Vida
Nova, 1985, p. 486.
44
“A Terra vai continuar aqui (antes da Nova Terra – O Estado Eterno) por 7 mil
anos e no sétimo período de 1.000 anos cada um, ela “Já descansa, já está sossegada
toda a terra; rompem cantando” (Isaías 14.7). Esperamos que esta Terra, que já tem
estado durante 6.000 anos em meio a muitas guerras e derramamento de sangue, possa,
finalmente, descansar por um período de mil anos, no seu “shabat” de repouso” (Dr.
James Modlish).

4. A Nova Criação50 - Nova Terra e Novo Céu:


Diversas são as passagens das Escrituras que nos chamam a atenção para eles (Ap
21.1,2; Is 65.17; 66.22; 2 Pe 3.10-13). São chamados novos, mas isto não quer dizer
que sejam “novos” no sentido absoluto da palavra, pois a Terra permanecerá para
sempre (Ec 1.4; S1 104.5; 119.90; J1 3.20; Is 60.21; Am 9.15; Mt 5.5; Gn 9.12-16; Is
45.17,18; 35.1,2,7,10). Nas passagens que falam que a Terra e os céus passarão (Mt
5.18,24,34,35; Mc 13.30,31; Lc 16.17,21,23; 2 Pe 3.10; Ap 21.1 ἀπῆλθαν ), a palavra
original nunca é uma que indique o término da existência, mas, sim, parerkhomai -
παρέρχοµαι, um verbo de significado muito amplo e geral, tal como “ir ou vir” a uma
pessoa, um lugar, ou a um ponto; “passar”, como uma pessoa por um banho, ou um
navio pelo mar, passar de um lugar ou condição para outro, chegar a passar através de,
ir para de um a outro de, apresentar-se como quando se quer falar ou servir. Quanto ao
tempo, significa ir até o passado, como um acontecimento, ou um estado de coisas que
já aconteceu antes, dando lugar a outros eventos e a outro estado de coisas. A idéia
principal é a de transição, não de aniquilação.
Nem o céu nem a Terra serão aniquilados. Durante o Milênio, eles serão
“regenerados” (Mt 19.28) e no Estado Eterno - Reino Eterno, serão “santificados” (2 Pe
3.10-13). Por que causaria estranheza a idéia de a matéria existir para sempre? Se Deus
desejar que ela continue, então toda a opinião humana em contrário nada vale.
Observemos que, da mesma forma que a justiça reinará na Terra durante o Milênio,
habitará também na nova Terra (2 Pe 3.13). Alguns dos redimidos, sem dúvida, estarão
no lar - na Nova Jerusalém, mas mesmo os que habitarem na Nova Terra terão contato
com o Novo Céu (Ap 21.24).
“Mesmo a grande crise [A Grande Tribulação] que virá sobre o mundo na volta de
Cristo não destruirá a criação de Deus ou o desenvolvimento cultural que operamos
nela. O novo céu e a nova terra que o Senhor prometeu será uma continuação,
purificada pelo fogo, da criação que agora conhecemos. Não há razão para crermos que
as dimensões da realidade terrena estarão ausentes da nova e glorificada terra que está
prometida. De fato, as indicações bíblicas apontam para a direção oposta. Ao descrever
a nova terra como a nova Jerusalém, João escreve que ‘os reis da terra lhe trazem a sua
glória... E lhe trarão a glória e a honra das nações’ (Ap 21.24,26)”.51
“Uma passagem que algumas vezes é apresentada contra essa visão é 2 Pedro
3.10, mas, na verdade, esse texto a apóia. Na Bíblia (versão RA), lê-se: “Virá,
entretanto, como ladrão, o Dia do Senhor, no qual os céus passarão com estrepitoso
estrondo, e os elementos se desfarão abrasados, também a terra e s obras que nela

50
THIESSEN, H. C. Palestras em Teologia Sistemática. 1ª ed. São Paulo: Imprensa Batista Regular, 1987, p. 373.
51
WOLTERS. Albert. M. Criação Restaurada. 1ª ed. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2006, p. 58.
45
existem serão atingidas”. Contudo, nenhum, exceto um dos mais velhos e mais
confiáveis manuscrito gregos, tem as palavras “se desfarão abrasados”, o que faz uma
diferença enorme. (Esse é o texto grego aceito pelas tradições mais recentes, tais como
a BJ e NVI, que interpretam, um tanto obscuramente, serão desnudados). O texto,
então, ensina que a despeito da dissipação dos céus e da dissolução dos elementos, ‘a
terra e as obras que nela existem’ irão sobreviver. E, quanto à dissipação e dissolução,
isso certamente não se refere à aniquilação ou destruição completa. Alguns versículos
antes, Pedro escreveu que o mundo ‘pereceu’ no passado (v. 6), referindo-se à
destruição catastrófica operada pelo dilúvio, e traçou um paralelo entre aquele
julgamento e o que está por vir. O Dia Senhor [Restrito] trará o fogo do julgamento e a
convulsão cataclísmica de toda a criação, mas emergirão do crisol ‘novos céus e a nova
terra, nos quais habita justiça’ (v. 13), e lá presumivelmente ‘a terra e as obras que nela
existem serão encontradas’ [εὑρεθήσεται - Heurethēsetai]52, agora purificadas da
imundície e da perversão do pecado”.53 Heurethēsomai (εὑρεθήσοµαι) pode ser
traduzido como ‘achados’ ou ‘encontrados’.
2 Pe 3.10: “Virá, pois, como ladrão o dia do Senhor, no qual os céus passarão com
grande estrondo, e os elementos, ardendo, se dissolverão, e a terra, e as obras que nela
há, serão descobertas (εὑρεθήσεται - εὑρεθήσοµαι - εὑρίσκω)”.
εὑρίσκω – heurískō. Descobrir, encontrar por acaso, encontrar-se com...
(Dicionário Bíblico Strong).
No grego o verbo εὑρεθήσεται – Heurethēsetai está no singular concordando com
a palavra terra (γῆ).
Depois do juízo de fogo na Grande Tribulação a terra passará pela regeneração no
Milênio.
Redenção é Renovação (anakaínōsis - ἀνακαίνωσις). Paulo usa o prefixo
comparativo Ana para forjar a palavra grega anakaínōsis quando fala da “renovação da
vossa mente” em Romanos 12.2. Literalmente, essa palavra significa “tornado novo
novamente”. O que uma vez foi novo, mas se tornou gasto pelo uso, é agora
“renovado”, trazido de volta à sua qualidade antiga.54

Modelos da nova criação. 55

“O modelo da nova criação é tirado de textos bíblicos que falam de um Reino


futuro e eterno, de uma nova terra e da renovação da vida sobre ele, de uma
ressurreição corporal (especialmente da natureza física do corpo ressurreto de Cristo),
de um ajuntamento social e político entre os redimidos. O modelo da nova criação
espera que a ordem ontológica e o escopo da vida eterna sejam essencialmente
contínuos ao da presente vida terrena, com exceção do pecado e da morte. A vida
eterna para os seres humanos remidos será uma existência corporal na terra (quer a terra
presente quer uma terra completamente nova), colocada em uma estrutura cósmica
como a temos agora”.

52
εὑρεθήσεται. Heurethēsetai Futuro passivo, modo indicativo, de εὑρεθήσοµαι, 3ª pessoa do singular. Achado.
53
WOLTERS. Albert. M. Op. Cit., p. 59.
54
WOLTERS. Albert. M. Op. Cit., p. 80.
55
BOCK, Darrell. O MILÊNIO: 3 PONTOS DE VISTAS. São Paulo: Editora VIDA, 2005, p. 145,146.
46
“Segundo a linguagem de Isaías 25, 65 e 66, de apocalipse 21 e de Romanos 8, o
modelo da nova criação defende a idéia de que a terra e a ordem cósmica serão
renovadas e eternizadas pelo mesmo poder criador que concede vida imortal e
ressurreição aos santos. O modelo da nova criação rejeita a dicotomia que é
fundamental ao modelo da visão espiritual, assim como vê a vida eterna em sentido
holístico espiritual e material. O modelo da nova criação afirma uma criação futura e
holística abençoada com a perfeição da justiça e da vida eterna”.
A Queda atingiu o homem, o planeta Terra e todo o Universo.
A verdadeira redenção é holística, católica (universal).
A Redenção não atinge somente o homem, atinge o seu habitat, a Terra, e atinge
também o Cosmos – O Universo.
“Deus, o Pai, reconciliou o seu mundo criado, mas caído, por meio da morte de
seu Filho, e o renova num Reino de Deus pelo seu Espírito” (Herman Bavink).

RECORDANDO:
TRÊS ELEMENTOS FORAM PERDIDOS COM O PECADO: 56
1. A Alma - “Porque no dia em que dela comeres, morto morrerás” (Gn 2.17).
(Gn 2.17: ‫ ֥מ ֹות ָתּ ֽמוּת׃‬- mot tamut).
2. O Corpo - Não poderia comer da Árvore da Vida: Gn 3.22: Então disse o
SENHOR Deus: “Agora o homem se tornou como um de nós, conhecendo o bem
e o mal. Não se deve, pois, permitir que ele tome também do fruto da árvore da
vida e o coma, e viva para sempre”.
3. A Terra - Ele perdeu o domínio. A Terra foi amaldiçoada (Gn 3.17).
Os três principais eventos da Redenção seguem os três elementos implicados na
perda:
1. Redenção da alma: A Conversão – Novo Nascimento: Gl 3.13; Tt 3.5
2. Redenção do corpo: A Ressurreição: Rm 8.23; 1 Jo 3.2; 1 Co 15.42-44.
3. Redenção da Terra: A Segunda Vinda de Cristo: Rm 8.21; At 3.21; Mt 19.28;
Ap 5.1-7.

A REDENÇÃO DE CRISTO 57

Deus criou o céu e a terra com o homem como o cabeça e o centro. Então o
homem caiu. Aos olhos de Deus, a queda do homem envolveu toda a criação. Para
redimir essa criação caída, Deus veio no Filho.
Redenção não foi um pensamento posterior. Ela foi preordenada por Deus. Em 1
Pedro 1.19, 20 nos diz que o Redentor, Cristo, era preconhecido por Deus antes da
fundação do mundo. Neste versículo, “mundo” refere-se a todo o universo. Antes da
fundação do universo, Deus sabia que o homem cairia. Assim, Deus preordenou o
Filho, Cristo, para ser o Redentor. Podemos ver nisso que a redenção de Deus não foi
acidental.

56
BLOOMFIELD, Arthur E. Antes da última batalha. 1ª ed. Belo Horizonte: Editora Betânia, 1981, p. 55-57.
57
LEE, Witness. A REVELAÇÃO BÁSICA NAS ESCRITURAS SAGRADAS. 2ª ed. São Paulo: Editora Árvore da Vida,
1992, p. 15.
47
Mais adiante, Apocalipse 13.8 diz que o Cordeiro, isto é, o Redentor, Cristo, foi
imolado “desde a fundação do mundo.” Desde o tempo em que a criação veio à
existência, aos olhos de Deus, Cristo, como o Cordeiro ordenado por Deus, foi imolado.
Aos nossos olhos, Cristo foi crucificado a menos de dois mil anos atrás. Mas, à vista de
Deus, Ele foi imolado desde o dia em que a criação veio à existência, porque Deus
preconhecia que Sua criação cairia.
Esses versículos mostram que a redenção de Deus não era um pensamento
posterior, mas algo ordenado, planejado, e preparado por Deus na eternidade passada.
Como devemos valorizar este fato acerca da redenção que desfrutamos em Cristo!
A terceira fase da Redenção diz respeito à Terra e àqueles que estiverem nela
após o Arrebatamento. O Diabo descerá à Terra a fim de tomar posse completa dela e
reinará na pessoa do Anticristo: “Ap 12.7-12: Então houve guerra no céu: Miguel e os
seus anjos batalhavam contra o dragão. E o dragão e os seus anjos batalhavam, mas não
prevaleceram, nem mais o seu lugar se achou no céu. E foi precipitado o grande dragão,
a antiga serpente, que se chama o Diabo e Satanás, que engana todo o mundo; foi
precipitado na terra, e os seus anjos foram precipitados com ele. Então, ouvi uma
grande voz no céu, que dizia: Agora é chegada a salvação, e o poder, e o reino do nosso
Deus, e a autoridade do seu Cristo; porque já foi lançado fora o acusador de nossos
irmãos, o qual diante do nosso Deus os acusava dia e noite. E eles o venceram pelo
sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho; e não amaram as suas vidas até a
morte. Pelo que alegrai-vos, ó céus, e vós que neles habitais. Mas ai da terra e do mar!
porque o Diabo desceu a vós com grande ira, sabendo que pouco tempo lhe resta”.
A palavra Redenção - ‫אלָּה‬ֻ ‫( ְגּ‬Ge’ullâ) origina-se numa lei do Antigo Testamento.
Quando os filhos de Israel possuíram a Terra Prometida, tomaram providências para
que ela ficasse sempre distribuída igualmente entre as famílias. Poderia ser vendida,
mas a escritura tinha validade de um arrendamento, que expirava automaticamente no
Ano do Jubileu (que ocorria de 50 em 50 anos) e então a propriedade voltava ao dono
original. Se uma pessoa perdesse suas terras ou as vendesse, desse modo despojando os
filhos de uma herança, um parente poderia comprá-la de volta, a qualquer momento,
pagando o valor dela até o Ano do Jubileu. Assim a terra voltaria ao proprietário
original. O homem que fazia isso era chamado de GO’EL - Resgatador ou parente
Remidor, e o processo era conhecido como resgate de uma propriedade comprada. Era
uma propriedade comprada porque fora comprada por pessoa fora da família, e
achava-se sujeita ao resgate, se houvesse um parente que pudesse e quisesse pagar o
preço do resgate.
Quando um terreno era vendido nessas condições, lavrava-se uma escritura. Do
lado de dentro eram escritas as especificações da transação e do lado de fora ficavam as
assinaturas. Depois, a escritura era enrolada e selada. Uma escritura selada era a prova
de que aquele terreno estava sujeito a resgate. O Resgatador poderia romper o lacre (os
selos), que eram um ato equivalente à queima de uma hipoteca (Jr 32.6-15).
“Vi na destra do que estava assentado sobre o trono um livro escrito por dentro e
por fora, bem selado com sete selos. Vi também um anjo forte, clamando com grande
voz: Quem é digno de abrir o livro e de romper os seus selos? E ninguém no céu, nem
na terra, nem debaixo da terra, podia abrir o livro, nem olhar para ele. E eu chorava
muito, porque não fora achado ninguém digno de abrir o livro nem de olhar para ele. E
48
disse-me um dentre os anciãos: Não chores; eis que o Leão da tribo de Judá, a raiz de
Davi, venceu para abrir o livro e romper os sete selos. Nisto vi, entre o trono e os
quatro seres viventes, no meio dos anciãos, um Cordeiro em pé, como havendo sido
morto, e tinha sete chifres e sete olhos, que são os sete espíritos de Deus, enviados por
toda a terra. E veio e tomou o livro da destra do que estava assentado sobre o trono”
(Ap 5.1-7).
Délcio Meiréles nos diz que este livro é a Escritura do universo e que seu
conteúdo determinará o destino de todo o universo.58
“Este pode ser ‘O Livro da Redenção’, por conter a história da queda do homem
pelo pecado, e da sua redenção por Cristo (Hb 2.5-9)” [Charles Ryrie]. 59
“Não era o Livro da vida, mas a Escritura da Terra (comp. Jr 32), um livro das
pragas de Deus (Zc 5.1-4) a serem derramadas sobre a terra depois do arrebatamento
dos santos”. (Armando Chaves Cohen).60
O Que Falta Para Que a Terra Volte a Ser Posse de Cristo?
1) Falta a Posse (Ap 11.15-17). Mas a Posse não virá enquanto não houver o
Juízo contra os ímpios e os reinos deste mundo.
2) Falta a Vingança do Parente Vingador ou Remidor. Estes dois processos
são longos e complicados. Na Primeira Vinda, Jesus veio para redimir a Terra (Rm
8.19-22) e o homem (1Pe 1.18,19). E todas as coisas ainda verão a Posse de seu
Remidor (Hc 2.8-10; Ef 1.10), mas esse processo de Posse virá com Juízo, pois seu
posseiro, Satanás, não deseja se retirar.
O Diabo insiste em permanecer nos céus (Ap. 12.7-13), mas será expulso.
O Diabo insistirá em permanecer na posse dos reinos (Mt 4.38), mas ele será
expulso ou será deposto: “Ele segurou o dragão, a antiga serpente, que é o diabo,
Satanás, e o prendeu por mil anos; lançou-o no abismo...” (Ap 20.2,3).
O Preço foi pago. A Redenção foi efetuada. Satanás terá que ser expulso de todas
as coisas redimidas; então, todas as coisas serão reconciliadas (Ef 1.10; Dn 7.13,14; Ap
5).
A Vinda de Cristo é o clímax de toda a história da redenção registrada nas
Escrituras. Uma confrontação do Rei libertador (Go’el) com o usurpador dominante
dará libertação aos elementos do reino (Israel, Igreja, Nações justas, planeta Terra e o
Cosmos).
A Redenção foi obra do Pai, para que o Filho tivesse preeminência. Israel é o tipo
da Criatura (Criação) que geme sentindo dores de parto (Mq 4.8-10). Então Deus
providenciou a Redenção (Ex 12.7-11). A Redenção de Israel foi obra do Pai e
equivalia em tirar Israel do Egito e fazê-lo herdar uma terra em posse dos gigantes (Dt
2.3-10).
A Redenção deveria vir por uma pessoa: Moisés foi a pessoa que Deus escolheu;
ele é o tipo de Jesus. Deus não poderia chamar um egípcio, mas um judeu. Tinha que
ser um Parente (Ex 2.8-10).
Moisés foi enviado de Deus (Ex 3.10), como Jesus foi enviado do Pai (Jo 14,16;
3.16). Moisés era dependente do Pai (Ex 3.12-14). Jesus também dependia plenamente

58
MEIRÉLES, Délcio. A Boa Semente e o Estabelecimento do Reino de Cristo. Edições Parousia
59
RYRIE, Charles. A Bíblia Anotada. 1ª ed. São Paulo: Editora Mundo Cristão, 1991.
60
COHEN, A. Chaves. Estudo sobre o Apocalipse. 4ª ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1983, p. 91.
49
do Pai (Jo 5.19); Ele se despiu de sua glória, do uso da sua Divindade e veio como
homem dependente em tudo do Pai. Jesus dependeu do Poder do Espírito Santo (Is
11.2; 61.1,2; Jo 1.32; Lc 4.16-21). Ele recebeu do Pai toda a autoridade no Céu e na
Terra (Mt 28.10). Jesus foi a pessoa (Jo 3.16,17) por quem o Pai efetuaria a Redenção.
Quando Deus tirou os filhos de Israel do Egito, lhes prometeu a herança de uma
terra onde manava leite e mel (Ex 3.8), mas o cananeu, o heteu, o amorreu, o Ferezeu, o
heveu e o jebuseu moravam lá. Parece estranha a promessa, mas ela foi feita por Deus.
Ele não estava enganando! Deus, evidentemente sabia que havia estranhos na terra. O
que faltava era que o povo tomasse Posse da terra (Js 1.11-15).
Quando Jesus promete a Terra aos seus filhos (Mt 5.5), parece um absurdo, pois
sabe-se que o Diabo é o príncipe deste mundo. Mas a Terra é nossa! Cada palmo dela é
do Senhor! (Ex 9.29; 19.5; Dt 10.14; S1 24.1; 1 Co l0.26).
Um Preço foi pago. Jesus morreu pela criatura! O que falta? Falta a Posse.
Em Romanos, a Criação chora e geme pela plenitude da Redenção; Ap 5 diz que
a Criatura se curva ante o Cordeiro porque é chegada a hora da Posse (Ap 5.13).
Assim como a terra já podia ser contada como de Israel nos dias de Moisés,
embora lhe faltasse a posse, que equivalia à expulsão dos gigantes que minavam aquela
terra, também haverá necessidade de que haja Vingança e Posse da Terra, o que
representa uma grande luta por parte do Senhor e seus santos contra Satanás e seu
reino.

A Posse da Terra Requererá Duas Etapas:


1) A Vingança contra o Posseiro - Satanás. O juízo antecedente.
2) Um Dia de Vingança (Is 61.2; 34.8; 63.1-6; J1 3.13-16; 2 Ts 1.7,8). A Posse
virá após esse dia.

A Redenção da Terra Tem Três Opções (Lv 25.23-31; Jr 32.6-15):


1) O Parente Remidor - tipo de Jesus;
2) O Esforço próprio - tipo do esforço próprio de Israel (Lv 25.26,27);
3) O Ano do Jubileu - tipo do Milênio (Lv 25.28,29).

O Parente Remidor, biblicamente, teria que cumprir as seguintes exigências:


1) Ser parente próximo (Lv 25.48,49; Rt 3.12,13; Jr 32.7; Rt 3.9).
2) Capaz de redimir (Mt 4.4-6; Jr 50.34; Jo 10.11,12).
3) Ter posses, para pagar 0 preço completo pedido (Lv 25.27). A Redenção é
efetuada somente pelo sangue (Ex 12.13,23,27; l Pe 1.18; 1 Co 6.20; 7.23; 2 Pe 2.1; Ap
5.9; 14.3,4).

O Parente Remidor tinha também direitos:


1) Direito de remir pessoas ou herdades (Lv 25.25,48; G1 4.5; Ef 1.7).
2) Direito de pagar a dívida exigida (Lv 25.27; G1 3.13; l Pe 1.18,19; Jr 32.7).
3) O esforço próprio (Lv 25.25-31) equivale ao seguinte processo:

O esforço próprio (Lv 25.25-31) equivale ao seguinte processo:

50
Se a pessoa que vendeu uma herdade não possuísse um Parente Remidor, poderia
esforçar-se por herdar a terra alcançando meios financeiros para tê-la de volta. A terra é
vista de dois pontos de vista:
1º) A Terra da Promessa - Israel;
2º) O planeta Terra - as nações.
A Terra da Promessa - Israel. O processo para herdá-la está descrito em Lv 25 e
26. É literal: o herdeiro é Israel e os posseiros são os árabes.
O planeta Terra - as nações. O processo para herdá-la é o mesmo que está em Lv
25. É espiritual. Os herdeiros são as nações e o Posseiro é Satanás.
Em relação a Israel, ele matou seu Parente Remidor. Poderia confiar Nele, mas o
rejeitou (Jo 1.11). Israel O matou (Mt 27.11-25). Até hoje, Israel quer conseguir a
Posse da terra por esforço próprio, mas não conseguirá jamais por si mesmo! Por algum
tempo, esperará no falso Messias que virá, mas nem assim conseguirá; pois a aliança
que o Anticristo fará será quebrada (Dn 9.27) e ele pisará na Terra e a deixará num
estado abominável semelhante ao do Egito e de Sodoma. Tal é a situação de iniqüidade
que prevalecerá em Jerusalém (Ap 11.2,8) na última parte da última semana de Daniel.
Toda a cronologia da história de Israel após a morte de Cristo é resumida numa
tentativa frustrada da conquista da terra por seu próprio esforço.
Em relação às nações, quando Pilatos disse: “Sou inocente do sangue desse
homem”, poucos sabem que ele estava proferindo uma palavra substitutiva de
culpabilidade sobre Cristo. Pilatos representava os gentios, que transferiam a sua culpa
a Jesus. Por isso Jesus morreu: por nossa culpa.
Em Dt 2l está o processo de transferência da culpa (Dt 21.1-9; Mt 27.11-26).
O morto é o tipo de nossos delitos e pecados.
Os anciãos representam o povo de Israel.
As cidades mais chegadas tipificam o mundo todo culpado (Rm 3.23).
A bezerra, a novilha, é o tipo de Jesus.
O vale áspero é o tipo do Calvário.
O ato de lavar as mãos sobre a bezerra é o tipo da transposição da culpa e
aceitação da substituição efetuada pela novilha.
Pilatos é o tipo dos gentios. Ele lavou as mãos do sangue inocente e transpôs a
culpa de todos os gentios para o Cordeiro de Deus.
O que era para Israel fazer, os gentios fizeram. O que Israel fez foi pedir que o
sangue de Jesus caísse sobre eles, sobre suas cabeças. Por isso, quando Jesus morreu, o
sangue dele foi derramado sobre a Terra (eis o preço da Redenção da Terra e de todo
aquele que crê) e ainda continua caindo sobre os judeus e seus filhos (Mt 27.24,25).
Jesus morreu pelos gentios! Lavou sua culpa! Jesus nos redimiu (1Pe 1.18,19) e
também redimiu a Terra.
Os gentios não têm nada a fazer para alcançarem a Posse da Terra a não ser crer
em Jesus e esperar a ocasião da Posse.
Mas os judeus ainda precisam pagar um preço caro até que a Posse chegue. Seu
esforço de nada adiantará!
A 3ª opção da Redenção da Terra é o Jubileu (Lv 25.25-28).
O Reino de Deus não se restringe apenas aos dias do Milênio, mas é Eterno (Dn
7.13,14, 18, 27; 2 Pe 1.11; Lc 1.31-33; Ex 15.18; Ap 11.15; Dn 2.44; 4.3,34).
51
Os Documentos da Posse: a Escritura Selada e a Aberta

“Vi na mão direita daquele que estava sentado no trono um livro escrito por
dentro e por fora, e todo selado com sete selos” (Ap 5.1).
Jesus é o herdeiro de todas as coisas e, juntamente com Ele, os santos (Rm 8.17).
Após o Arrebatamento, Satanás irá querer tomar posse definitiva da Terra. Ele já
dissera a Jesus: “Tudo isso (as nações) te darei, se prostrado me adorares.” Se as nações
não estivessem nas mãos dele, de forma que pudesse dá-las ao Senhor, isso não teria
sido uma tentação verdadeira.
Adão vendeu a Terra a Satanás, e ela se tornou uma propriedade comprada. Após
o Arrebatamento, ficará parecendo que ele se tornou o único proprietário, pois nós, a
Igreja do Senhor, que temos através de Cristo o direito à Terra, estaremos ausentes.

Mas é Deus quem detêm a escritura da Terra. Em sua mão direita há um


documento selado, evidência legal de que a Terra se acha sujeita à Redenção, se houver
Parente Remidor que possa e queira pagar Preço tão grande.

Mas o Diabo, um desordeiro, não reconhece a Lei. Não apenas se recusa a


abandonar a Terra, mas também está se preparando para resistir ao despejo. Portanto, é
necessário que Alguém pegue o Livro Selado, rompa os selos, e aja pela autoridade do
Livro Aberto. O rompimento dos selos é o processo de Redenção da Terra.

Mas quem vai romper os selos? Quem pode pagar o terrível Preço do Resgate?
Quem se habilita a realizar o despejo de Satanás? Miguel o expulsará para a Terra no
meio da Grande tribulação, mas quem enfrentará esse leviatã? (Jó 41.8-10; Is 27.1; Jó
26.13; Ap 12.3,9,17; Sl 104.26 - ‫ =�תַּ נִּין‬tanin).
Na antiga literatura aramaica (ugarítica), o leviatã era um monstro de sete
cabeças, inimigo da ordem criada por Deus.
O leviatã com sete cabeças faz referência ao Dragão dos capítulos 12 e 13 do
livro de Apocalipse. É o próprio diabo que tem sete cabeças que dá poder ao anticristo
(Ap 13.1) que também tem sete cabeças. A palavra dragão em Ap 12.3,9,17 no Novo
Testamento hebraico é tanin – (‫)תַּ נִּין‬.

João chorou porque ninguém era digno de abrir os selos, mas (Ap 5.5-7) eis aí o
Cristo, o Cordeiro de Deus, o Leão da Tribo de Judá, a Raiz de Davi. Ele venceu, para
poder abrir o Livro e os Sete Selos. Só Jesus pode resgatar a Propriedade comprada. Só
Ele pode despejar Satanás.

Esse acontecimento marcará o momento de uma grande alegria nos céus (Ap
12.12), a primeira depois daquele dia distante em que as estrelas da manhã cantaram
juntas e os filhos de Deus gritaram de alegria (Jó 38.7).

Cristo Toma Posse: Ap 10.1,2,5,6.


O Livrinho = Livro Aberto

52
O ato do rompimento dos Selos somente o Resgatador pode efetuar. Mas quando
o Resgatador chega a esse ponto não é mais chamado, na Bíblia, de Resgatador, mas,
sim, de Vingador (Is 61.2 refere-se a este ato).

O Ano Aceitável é o tempo equivalente ao resgate da alma. Vemos este mistério


claramente demonstrado em Lv 25.30 e 1 Pe 1.18, 19.

É o Tempo da Graça - Jesus veio para cumprir este tempo na sua Primeira Vinda
(Lc 4.18,19). Por isso, Ele parou de ler na frase “o ano aceitável do Senhor” (Is 61.1,2;
Lc 4.18, 19). Por que não leu o resto do texto? Porque, na sua Primeira Vinda, Ele não
veio para vingar, mas veio para pagar o Preço da Redenção.

O processo de rompimento dos Selos no Apocalipse é o processo de Posse da


Terra.

Em Ap 12, Satanás será derribado à Terra. Quando será esse evento? O tempo em
que esse evento vai acontecer literalmente será o tempo determinado para a última
etapa da Grande Tribulação, descrita como Grande Angústia de Jacó. Mas o
Remanescente será livre dela (Sl 91.1-16; Jr 30.7).

Satanás se recusará a deixar a Terra. Então será feito o desafio.

Aquele Que Rompe os Selos é o Mesmo Que Toma Posse!

A Redenção é efetuada pelo poder. A Redenção é consumada pela manifestação


do Vingador (Ap 10.1-6). (Leia também: Ef 1.14; Rm 8.19-21).

João comeu o Livrinho (Ap 10.9-11). É o mesmo que acontece com Baruque.
Após a lavração de uma escritura remida por Jeremias, o profeta, a escritura lavrada foi
colocada num vaso para que se esperasse o cumprimento certo. “Tudo está cumprido,
esperemos a posse” (Jr 36.15-32).

Ap 6.11-19.21 - Todo o teor desta passagem envolve um processo profético que


somente agora você pode entender claramente. Haverá o despejo de Satanás e a Posse.

A Completa Redenção 61

Após o Milênio haverá algumas mudanças. A Cidade Santa descerá do Céu, até
as proximidades da Terra. Será o lugar de moradia dos santos da Noiva de Cristo, por
toda a Eternidade.
Portanto, haverá pessoas com corpos glorificados (σῶµα πνευµατικόν – corpo
espiritual) vivendo na Nova Jerusalém e haverá pessoas com corpos físicos (σῶµα
ψυχικόν – corpo almático) vivendo na Terra.
61
BLOOMFIELD, Arthur E. Op. Cit., p. 62.
53
As pessoas que estiverem na Terra são as que viveram no Milênio. Na Cidade
Santa, a iluminação provirá da Glória de Deus e do Cordeiro, que é a sua lâmpada. As
nações na Nova Terra andarão mediante a sua Luz e os reis da Terra lhe trarão a sua
glória (Ap 21.24).
“As nações andarão à sua luz; e os reis da terra trarão para ela a sua glória”.
Isso ocorrerá após o Milênio, depois de já haver sido iniciada a Eternidade. Trata-
se de uma condição permanente. Já não haverá mais morte:
“Ele enxugará de seus olhos toda lágrima; e não haverá mais morte, nem haverá
mais pranto, nem lamento, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas” (Ap
21.4).
“Depois virá o fim quando ele (Jesus) entregar o reino a Deus o Pai (no fim do
Milênio), quando houver destruído todo domínio, e toda autoridade e todo poder. Pois é
necessário que ele reine (durante todo o Milênio) até que haja posto todos os inimigos
debaixo de seus pés (A Pedra esmiuçará a estátua que representa todos os reinos
gentios). Ora, o último inimigo a ser destruído é a morte [Ap 21.4]. Pois se lê: Todas as
coisas sujeitou debaixo de seus pés. Mas, quando diz: Todas as coisas lhe estão sujeitas,
claro está que se excetua aquele que lhe sujeitou todas as coisas. E, quando todas as
coisas lhe estiverem sujeitas, então também o próprio Filho se sujeitará àquele que
todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos” (1 Co 15.24-28).

A Aliança do Arco-Íris 62

“O arco estará nas nuvens, e eu o verei, para me lembrar da aliança eterna entre
Deus e todos os seres viventes de todas as espécies, que estão sobre a terra” (Gn 9.16).
A Aliança do Arco-Íris, que Deus fez com o homem logo após o Dilúvio, tem
uma importância toda especial, pois é a única que diz respeito à Terra e a toda criatura
viva. Possui também um traço comum a todas as alianças: é eterna (Gn 9.12-16).
A aliança é para “gerações perpétuas”. Isto significa que Deus não destruirá a
Terra para sempre nem as coisas da Terra, como fez por ocasião do Dilúvio. O
propósito e significado desta aliança são enunciados em Gn 8.21.
Quando a Bíblia diz que o mundo daquele tempo veio a perecer afogado em água,
devemos lembrar que o planeta não foi destruído, não deixou de existir. Assim também
será no Dia do Senhor, haverá juízo sobre a terra, mas o planeta sobreviverá.

A Terra é Eterna 63

A terra é eterna: Is 45.17,18; 60.21; Ec 1.4; S1 104.5; 119.90; Jl 3.20.


“Então todo o seu povo será justo, e possuirá a terra para sempre. Ele é o renovo
que plantei, obra das minhas mãos, para manifestação da minha glória” (Is 60.21).
“Gerações vêm e gerações vão, mas a terra permanece para sempre” (Ec 1.4).
Para que a Terra possa durar para sempre, terá que ser incluída no processo de
Redenção (Is 35.1,2,7; Mt 19.28).

62
BLOOMFIELD, Arthur E. Op. Cit., p. 63.
63
BLOOMFIELD, Arthur E. Op. Cit., p. 63.
54
“Esta Terra que tem sido consagrada pela ‘presença do Filho de Deus’, onde foi
feito o sacrifício mais custoso que jamais houve, no Calvário, a fim de redimir uma
raça perdida, e para a qual Deus tem reservado um grande futuro, é um lugar por
demais sagrado para ser extinta ou deixada de existir, porquanto é o planeta mais
querido na mente de Deus, dentre toda a Sua vastíssima criação” (Clarence H. Larkin).
O novo céu e a nova terra não resultarão de alguma catástrofe no fim do milênio.
Pelo contrário, são resultantes do processo de redenção e do reinado de Cristo durante
mil anos. É inconcebível que a obra redentora de Cristo, que culminará com o reinado
milenar, venha a resultar num fracasso caótico como a destruição do planeta.
“[...] o resultado final do futuro, prenunciado nas Santas Escrituras, não é a
existência meramente espiritual de almas salvas, mas a restauração do cosmos inteiro,
quando Deus será tudo em todos debaixo dos céus e a terra renovados” (Abraham
Kuyper). 64

O Povo da Terra Será Remido 65

Haverá pessoas vivendo na Terra por toda a Eternidade, mas pessoas que sofrerão
um processo de aperfeiçoamento durante o Milênio (Is 35.10; Ap 21.3,4).
A Redenção implica em purificação: primeiramente vem a purificação, depois a
reconstrução. Ap 6-16; 2 Pe 3.10 registra a purificação da Terra e de tudo que nela
existe (durante a Grande Tribulação).
A reconstrução ou Regeneração (Mt 19.28) se dará no Milênio. No final dele
haverá a purificação final dos povos da terra (Mt 25.31-46), quando somente as
ovelhas, isto é, somente as nações justas entrarão na Eternidade. Assim, a Redenção
estará completa, e a voz do Trono de Deus anunciará o encerramento do processo. “Eis
que faço novas todas as coisas” (Ap 21.5).
A mensagem da REDENÇÃO de Deus por intermédio de Israel não foi
simplesmente verbal; foi visível e tangível.
IAHWEH é o Deus Criador e Redentor (Go’el).
O propósito redentor de Deus iniciado através de Israel e sua terra, vai finalmente
incluir todas as nações de toda a terra, em uma nova criação transformada e perfeita.
O Antigo Testamento antecipa não apenas o mundo das nações reconhecendo o
Deus de Israel e vivendo em paz sob seu governo, mas também a própria natureza
sendo transformada pelo poder milagroso de Deus (Mt 19.28). Há uma série de
“materialidade” na esperança do Antigo Testamento. Deus não vai simplesmente
abandonar a sua criação, mas vai redimi-la. E a terra de Israel funcionou como um
protótipo desse mundo redimido.
Jesus, o nosso GO’EL, é o Redentor que vai remir Israel, a Igreja, os Gentios, o
planeta Terra e todo o Universo.
Olhando os rituais do Templo verificamos que eles nos fornecem um quadro da
Redenção humana e do universo. Israel é a Terra santa no meio da Terra (Planeta).
64
CARVALHO, V. R. Guilherme. Op. Cit., p. 104.
65
BLOOMFIELD, Arthur E. Op. Cit., p. 64.
55
Jerusalém é a cidade santa em Israel. O Monte Sião é o lugar santo de Sião. O Santo
dos Santos é o lugar mais santo do Templo. Isto é uma sombra do dia em que toda a
terra será uma terra santa, e cada indivíduo será um Templo do Espírito Santo.

Podemos visualizar:
1. O Santo dos Santos: A Nova Jerusalém;
2. O Lugar Santo: A terra de Israel;
3. O Pátio: O planeta terra.
“Porque não veio por intermédio da Lei a promessa a Abraão ou à sua
descendência de ser ele o herdeiro do mundo, contudo pela justiça da fé” (Rm 4.13).
“Abraão é declarado herdeiro, não da ‘terra’, mas do ‘mundo’ (Rm 4.13 –
Kosmos). Por essa linguagem, a imagem da terra como um retrato do Paraíso
Restaurado finalmente amadureceu. Não era mais somente uma porção dessa terra
(Israel), mas o Cosmos inteiro que participa da consumação da obra redentora de Deus
em nosso mundo decaído”. 66
“Na Nova Aliança os ‘Bem-Aventurados’, independente de sua etnia, herderão a
‘terra’, onde quer que vivam neste mundo”. 67
Barnabé (130 d.C.) interpreta a instituição do Sábado, em Gn 2.2,3, num sentido
escatológico:
“O fim da história virá seis épocas, ou seis mil anos, depois da criação (15.1-4),
uma vez que para o Senhor, mil anos é como um dia” [?] (Sl 90.4; 2bPe 3.8).
“A Segunda vinda do Filho trará não somente juízo, mas também drásticas
mudanças cósmicas e inaugurará uma sétima época de Descanso” (15.5). “Depois
disso, no amanhecer do oitavo dia o Estado Eterno”.
“Já a criação no princípio foi entendida como ‘templo de Deus’, como o dizem os
salmos da natureza. Céu e terra são o seu lar, em que Deus quer morar e encontrar
descanso”.68
Jesus Cristo, o PRÍNCIPE DA PAZ, poderá estabelecer o seu Reino neste
mundo. Quando Cristo for entronizado pelo Pai no Trono de Davi, como será o Milênio?
O erudito britânico, Dr. James Modlish dá a sua visão:
A Terra vai continuar aqui (antes da Nova Terra – O Estado Eterno) por 7 mil
anos e no sétimo período de 1.000 anos cada um, ela “Já descansa, já está sossegada
toda a terra; rompem cantando” (Isaías 14.7). Esperamos que esta Terra, que já tem
estado durante 6.000 anos em meio a muitas guerras e derramamento de sangue, possa,
finalmente, descansar por um período de mil anos, no seu “shabat” de repouso.
Alguns acreditavam que o tempo duraria seis mil anos, em correspondência com
os seis dias da criação. Estes homens (Irineu, Hipólito, Lactâncio, e outros, seguindo a
66
ROBERTSON, O. Palmer. Op. Cit., p.35.
67
Ibid., p.36.
68
MOLTMAN, Jurgen. O Caminho de Jesus Cristo. Petrópolis: Editora Vozes, p. 386.
56
Epístola de Barnabé) acreditavam que a primeira vinda de Cristo ocorrera dentro do
sexto período de mil anos, e que Sua segunda vinda ocorreria no término deste período.
O sétimo período de mil anos, o milênio, então corresponderia ao dia do descanso. Isto
significava que a segunda vinda não poderia ser mais distante do que mil anos.
Surgiram, assim, tentativas de calcular a data da segunda vida. Porém não devemos nos
precipitar em prever datas, o certo é que Jesus Virá.

57
7

O REINO DE DEUS
ISRAEL + IGREJA + GENTIOS

“O cristianismo não é um circulo, com um só centro, mas, sim, uma elipse, que
tem dois focos – as doutrinas da redenção e do reino de Deus” (Albrecht Ritschl).

Existe apenas um Reino e apenas um Evangelho.


A Igreja não é o Reino, tampouco Israel. “O Novo Testamento não iguala os
crentes com o Reino. Os primeiros missionários pregaram o Reino de Deus, não a
Igreja (At 8.12; 19.8; 20.25; 28.23,31). É impossível substituir a palavra Reino por
Igreja nessas passagens. As únicas referências ao povo de Deus com Reino (Basiléia)
encontram-se em Ap 1.6 e 5.10; mas as pessoas que recebem tal designação recebem-
na não em virtude de serem as pessoas que se encontram sob o domínio de Deus, mas
porque partilham do reinado de Cristo [ ... e eles reinarão sobre a terra – Ap 5.10]”
Ladd.
“O Reino gera a Igreja, a Igreja não é senão o resultado da Vinda do Reino de
Deus ao mundo por intermédio da missão de Jesus Cristo” (Ladd).
Deus tem um plano eterno, e, dentro deste, os judeus, as nações e a Igreja fazem
parte do Reino Eterno. “Deus não tem dois propósitos separados para Israel e para a
Igreja, mas sim um único propósito – o estabelecimento do Reino de Deus – no qual
tanto Israel como a Igreja terão parte” (Wayne Grudem). A Igreja, sem dúvida, é a parte
mais importante do Reino, pois seus integrantes serão governantes eternos.
Grudem69 na sua Teologia Sistemática resume Ladd70 (Teologia do Novo
Testamento):
(1) A Igreja não é o Reino, pois Jesus e os primeiros cristãos pregaram que o
Reino de Deus estava próximo e não que a Igreja estava próxima; eles pregaram as
boas novas do Reino e não as boas novas da Igreja (At 8.12; 19.8; 20.25; 28.23,31);
(2) O Reino cria a Igreja, porque quando as pessoas entram no Reino de Deus elas
unem-se a uma comunhão humana da Igreja;
(3) A Igreja testemunha do Reino, pois Jesus disse: ‘E será pregado esse
evangelho do Reino por todo o mundo’ (Mt 24.14);
(4) A Igreja é o instrumento do Reino, porque o Espírito Santo, manifestando o
poder do reino, age por meio dos discípulos para curar os enfermos e expulsar
demônios, conforme fez no ministério de Jesus (Mt 10.8; Lc 10.7);
(5) A Igreja é guardiã do Reino porque à Igreja foram dadas as chaves do Reino
dos Céus (Mt 16.19).
As 70 semanas é o tempo probatório em que Deus trata com os judeus para inserir
a nação israelita no Reino.
O Ano Aceitável - Graça é o tempo probatório em que Deus trata com a Igreja
para inseri-la no Reino.

69
GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. 1ª ed. São Paulo: Editora Vida Nova, 1999, p.723,724.
70
LADD, G. E. Teologia do Novo Testamento. 1ª ed. São Paulo: Hagnos, 2003, p. 149-158.
58
O Milênio é o tempo probatório em que Deus trata com os gentios para inseri-los
no Reino.
Podemos dizer então que o termo Reino engloba pelo menos quatro aspectos
distintos:
1°) O Reino de Deus: abrange o passado, o presente e o futuro;
2°) O Reino dos Céus: o Reino entregue nas mãos dos homens durante a ausência
do Rei;
3°) O Reino Milenar: quando o Rei estará presente e governará visivelmente;
4°) O Reino Eterno: quando o Filho entregará o Reino ao Pai, após o Milênio.

O Reino ainda é conhecido como: o Reino de Davi (Mc 11.10); o Reino de Israel
(At 1.6,7); o Reino do Pai (Mt 13.43); o Reino de Cristo (2 Pe 1.11; 2 Tm 4.1; C1 1.13;
Ef 5.5); o Reino Celestial (2 Tm 4.18).
A Igreja foi manifestada no Pentecostes, mas o Reino começou com João Batista
(Mt 11.11-14).
A Igreja teve seu início no Pentecostes, há um relacionamento entre a Igreja e a
ressurreição e ascensão de Cristo. Ela é edificada sobre sua ressurreição, porque o
Senhor foi feito sua cabeça depois que “Deus ressuscitou dentre os mortos, e fê-lo
sentar à sua direita nos lugares celestiais” (Ef 1.20,22,23). Além disto, o devido
funcionamento do corpo depende de Cristo dar dons a ele, o que por sua vez depende
da ascensão de Cristo (Ef 4.7-12).
O Reino já chegou, mas só é manifesto na Igreja, e para se entrar nele tem que
nascer de novo (Jo 3.3-5). À medida que a Igreja proclama as boas novas do Reino,
pessoas virão à Igreja e começarão a experimentar as bênçãos do domínio de Deus em
suas vidas. O Reino manifesta-se através da Igreja, e assim o futuro domínio de Deus
irrompe no presente (ele já está aqui: Mt 12.28; Rm 14.17; e não ainda plenamente
aqui: Mt 25.34; 1 Co 6.9,10). Portanto, os que aceitam Cristo começam a experimentar
um pouco de como será o futuro domínio do Reino de Deus: Eles conhecem um pouco
da vitória sobre o pecado (Rm 6.14; 14.17), autoridade sobre os demônios (Lc 10.17) e
sobre as enfermidades (Lc 10.9). Eles viverão no poder do Espírito Santo (Mt 12.28;
Rm 8.4-17; 14.17), experimentam o que é o Poder divino do Reino vindouro. Por fim
Jesus voltará, e o domínio do seu Reino se estabelecerá por toda a criação (1 Co 15.24-
28). O Reino hoje é apenas espiritual, mas virá o dia em que ele se manifestará
materialmente. Hoje nós oramos “venha o Teu Reino”, mas um dia esta oração será
respondida.
De acordo com Paulo, portanto, Cristo já reina e, no entanto, precisa estabelecer
esse reino destruindo todo “domínio, autoridade e poder” contrários. Deus, já e sempre,
é soberano de jure (por direito e poder), mas somente será soberano de facto (na
realidade, quando todas as coisas forem de acordo com sua perfeita vontade) no futuro.
O reino de Deus, a realidade do mundo natural e histórico correspondendo à vontade de
Deus, é uma esperança e uma promessa.71

71
OLSON, Roger E. História das Controvérsias na Teologia. 1ª ed. São Paulo: Editora Vida, 2004, p. 476.
59
O Reino será a apoteose de todas as profecias relativas aos judeus, às nações e à
Igreja. Será feito na Terra o que já é feito no Céu (Mt 6.10).

A Origem do Reino de Deus

O Reino tem origem em Deus. O Reino é Dele (Mt 6.13). O Reino é Eterno (Dn
2.44; 2.34; 7.14,18,22,27; Mq 4.7; Lc 1.32,33; 2 Pe 1.11; Ap 11.15), existe antes da
fundação do mundo (Mt 25.34). O Reino é universal, incluindo todas as inteligências
morais, quer se trate de anjos, da Igreja, dos judeus ou das nações justas (Lc 13.28,29;
Hb 12.22,23; Mt 25.34; Ap 21.24,26; 22.2; Mq 4.1-5; Zc 14.9,16-19).

O Reino dos Céus é o mesmo Reino de Deus:

O REINO DOS CÉUS O REINO DE DEUS


Mt 4.17; Mc 1.14,15,
Mt 5.3; Lc 6.20;
Mt 10.7; Lc 9.2;
Mt 13.31-33; Mc 4.30,31;
Mt 19.14; Mc 10.14;
Mt 19.23 Lc 18.24

O Reino é espiritual sua origem nenhum homem pode dizer ou localizar. O Reino
é Eterno como Deus é Eterno. O próprio Deus deseja que este reino chegue à Terra,
mas para que isto aconteça deve haver um processo redentor, a fim de que a Terra o
aceite. Por enquanto continuamos orando: “Venha o Teu Reino” (Mt 6.10).
O Reino também é terreno, ou melhor, o Reino espiritual se manifestará sobre a
Terra (Mt 24.29-31; 25.31-46; Lc 19.12-19; l Co 15.24-28; Dn 2.34,35,44,45; 7.14,23-
27). O Reino de Deus será estabelecido após a destruição do sistema mundial gentílico,
mediante a “Pedra cortada sem auxílio de mãos”. Trata-se do Reino Prometido no pacto
estabelecido com o Descendente de Davi (2 Sm 7.7-10,16), descrito pelos profetas (Zc
12.8; Is 9.6,7) e confirmado a Jesus Cristo, através do anjo Gabriel (Lc 1.31-33). Jesus
reinará literalmente na terra (2Sm 7; 1Cr 17; Sl 89; Jr 23.5-8).
O propósito de Deus era que o homem dominasse e assim estabelecesse o Reino
de Deus na Terra.

60
8

A REDENÇÃO DE ISRAEL

A nação de Israel experimentará uma conversão, que preparará o povo para


encontrar o Messias e habitar no Seu reino milenar. Paulo demonstra que essa
conversão é realizada na segunda vinda, pois escreve:
“E assim todo o Israel será salvo, como está escrito: “De Sião virá o Resgatador
(Go’el) e eliminará as irreverências de Jacó, Porque esta é a minha aliança com eles,
quando eu remover os seus pecados” (Rm 11.26,27).72
Mais uma vez descobrimos ser esse o tema principal das passagens proféticas.
Algumas referências serão suficientes.
Sião será redimida pelo direito, e os que se arrependem, pela justiça (Is 1.27).
... os que ficarem em Jerusalém serão chamados santos... quando o SENHOR lavar
a imundícia das filhas de Sião e limpar Jerusalém da culpa do sangue do meio dela... (Is
4.3,4).
Nos seus dias, Judá será salvo, e Israel habitará seguro; será este o seu nome, com
que será chamado: SENHOR, Justiça Nossa (Jr 23.6).
Dar-lhes-ei coração para que me conheçam que eu sou o SENHOR; eles serão o
meu povo, e eu serei o seu Deus; porque se voltarão para mim de todo o seu coração (Jr
24.7).
Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias,
diz o SENHOR. Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas
inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. Não ensinará jamais cada um
ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece ao SENHOR, porque
todos me conhecerão, desde o menor até ao maior deles, diz o SENHOR. Pois perdoarei
as suas iniqüidades e dos seus pecados jamais me lembrarei (Jr 31.33,34).
Dar-lhes-ei um só coração, espírito novo porei dentro deles; tirarei da sua carne o
coração de pedra e lhes darei coração de carne (Ez 11.19).
Então, aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados; de todas as vossas
imundícias e de todos os vossos ídolos vos purificarei. Dar-vos-ei coração novo e porei
dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de
carne (Ez 36.25,26).
E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do SENHOR será salvo; porque,
no monte Sião e em Jerusalém, estarão os que forem salvos... (JI 2.32).
Quem, ó Deus, é semelhante a ti, que perdoas a iniqüidade e te esqueces da
transgressão do restante da tua herança? O SENHOR não retém a sua ira para sempre,
porque tem prazer na misericórdia. Tornará a ter compaixão de nós; pisará aos pés as
nossas iniqüidades e lançará todos os nossos pecados nas profundezas do mar (Mq
7.18,19).
Mas deixarei, no meio de ti, um povo modesto e humilde, que confia em o nome
do SENHOR. OS restantes de Israel não cometerão iniqüidade, nem proferirão mentira, e
72
Tradução: Pastor Fridolin Janzen. Traduzido do grego pelo texto usado por todas as traduções originais da Palavra de
Deus, o Textus Receptus.
61
na sua boca não se achará língua enganosa, porque serão apascentados, deitar-se-ão, e
não haverá quem os espante (Sf 3.12,13).
Naquele dia, haverá uma fonte aberta para a casa de Davi e para os habitantes de
Jerusalém, para remover o pecado e a impureza (Zc 13.1).
Farei passar a terceira parte pelo fogo, e a purificarei como se purifica a prata, e a
provarei como se prova o ouro; ela invocará o meu nome, e eu a ouvirei; direi: É meu
povo, e ela dirá: O SENHOR é meu Deus (Zc 13.9).
Já que nenhum judeu incrédulo entrará no milênio, o que aguarda a Israel é uma
conversão que o preparará para o reino prometido. A segunda vinda testemunhará a
conversão da nação, isto é, de toda a nação de Israel, a fim de que as alianças feitas
sejam cumpridas na era do reinado do Messias.

A nação terrena de Israel será salva como nação terrena:

“Também Isaías exclama acerca de Israel: Ainda que o número dos filhos de
Israel seja como a areia do mar, o remanescente é que será salvo” (Rm 9.27) [No fim da
Grande Tribulação].
“Assim, pois, também no tempo presente ficou um remanescente segundo a
eleição da graça. Mas se é pela graça, já não é pelas obras; de outra maneira, a graça já
não é graça. Pois quê? O que Israel busca, isso não o alcançou; mas os eleitos
alcançaram; e os outros foram endurecidos, como está escrito: Deus lhes deu um
espírito entorpecido, olhos para não verem, e ouvidos para não ouvirem, até o dia de
hoje. E Davi diz: Torne-se-lhes a sua mesa em laço, e em armadilha, e em tropeço, e
em retribuição; escureçam-se-lhes os olhos para não verem, e tu encurva-lhes sempre as
costas. Logo, pergunto: Porventura tropeçaram de modo que caíssem? De maneira
nenhuma, antes pelo seu tropeço veio a salvação aos gentios, para os incitar à
emulação. Ora se o tropeço deles é a riqueza do mundo, e a sua diminuição a riqueza
dos gentios, quanto mais a sua plenitude!
Porque não quero, irmãos, que ignoreis este mistério (para que não presumais de
vós mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos
gentios haja entrado; e assim todo o Israel será salvo, como está escrito: Virá de Sião o
Libertador (heb. Go’el), e desviará de Jacó as impiedades; e este será o meu pacto com
eles, quando eu tirar os seus pecados” (Rm 11.5-12,25-27).

“Mas Israel será salvo pelo Senhor, com uma Salvação Eterna; pelo que não
sereis jamais envergonhados nem confundidos em toda a eternidade” (Is 45.17).

E Davi será príncipe eternamente:

“E suscitarei sobre elas um só pastor para as apascentar, o meu servo Davi. Ele as
apascentará, e lhes servirá de pastor. E eu, o Senhor, serei o seu Deus, e o meu servo
Davi será príncipe no meio delas; eu, o Senhor, o disse” (Ez 34.23,24);

62
“E suscitarei sobre elas um só pastor para as apascentar, o meu servo Davi. Ele as
apascentará, e lhes servirá de pastor. E eu, o Senhor, serei o seu Deus, e o meu servo
Davi será príncipe no meio delas; eu, o Senhor, o disse” (Ez 37.25).

Os doze (12) discípulos – Ministros de Deus ao lado de Davi 73

“Com certeza lhes digo que vocês, que me seguiram, na Recriação, quando o
Filho do Homem se assentar sobre o trono de sua glória, vocês também se assentarão
sobre doze tronos, julgando as doze tribos de Israel”.74
“A chamada dos doze discípulos por Jesus para compartilharem de sua missão,
tem sido amplamente reconhecida como um ato simbólico, no qual se demonstra a
continuidade entre seus discípulos e Israel. A atuação escatológica que lhes foi
atribuída demonstra que os doze representam Israel. Devem sentar-se nos doze tronos,
para julgarem [governarem] as doze tribos de Israel (Mt 19.28; Lc 22.30). Quer esta
expressão signifique que os doze devam governar sobre eles (os judeus), eles estão
destinados a liderar o Israel escatológico”. Os doze discípulos governarão sobre as doze
tribos de Israel. Robert Charles Sproul no seu comentário (Bíblia Genebra) nos diz que
a palavra julgar tem o sentido de governar e não sentenciar à punição. (κρίνοντες part.
κρίνω aqui julgar, promover o julgamento, talvez no sentido mais amplo de dominar,
governar). 75
“Os doze estão destinados a exercer a função de regentes do Israel escatológico;
mas já são os recebedores das bênçãos e dos poderes do Reino escatológico. Por
conseguinte, representam não somente o povo escatológico de Deus, mas também
aqueles que aceitam a presente oferta da salvação messiânica”.

O REINO TEM DUAS CAPITAIS:


1. A capital celestial: A nova Jerusalém (Ap 21.9; 22.1-5; Is 65.17; Ap
21.24,25).
2. A capital terrestre - Jerusalém terrestre (Is 4.1-6; 60.1-12; 66.18-23; Jr 3.17;
31.7; Ez 34.11-13; 36.24-38; J1 3.21; Mq 4.1-3; Zc 8.20-23; Dt 28.13; Ap 21.24, 25;
Am 9.15; Zc 14.16-19).

Os Governantes do Reino

Deus queria que onde a Igreja está estivesse Israel (Êx 19.6). Israel poderia ser
um sacerdócio superior. Mas houve rejeição e não pouca iniqüidade e desobediência
durante toda a existência de Israel. O bezerro de ouro que Israel fundiu, para substituir
rebeldemente a mão poderosa de Deus que o livrou do Egito, muito feriu o coração de
Deus. Foram necessários 40 anos para que aquela velha geração morresse (Dt 2) e
assim Deus introduzisse a nova geração na Terra Prometida.

73
LADD, George Eldon. Op. Cit., p. 147.
74
Tradução: Pastor Fridolin Janzen. Traduzido do grego pelo texto usado por todas as traduções originais da Palavra de
Deus, o Textus Receptus.
75
HAUBECK, W., SIEBENTHAL, H. Von. Nova Chave Linguística do Novo Testamento. 1ª ed. São Paulo: Editoras
Targumim e Hagnos, 2009, p.171.
63
ENTÃO, QUAIS SÃO OS GOVERNANTES DO REINO?
1º) O Triunvirato Celestial (Pai, Filho e Espírito Santo);
2º) Jesus, Rei dos reis (Is 9.7; 16.5; Zc 14.9; Lc 1.32,33);
3º) A Igreja, a esposa do Rei, o sacerdócio universal e superior;
4º) Davi, príncipe, sobre Israel (Ez 34.23,24; 37.25);
5º) Israel, que terá maiores privilégios sobre todas as nações (Is 54.3; 14.1,2;
2.2-4; 66.18-23; 60.1-22; Ez 37.24-28; Mq 4.1-7; Am 9.15; Jr 23.14-17; J1
3.18-21).
6º) Os doze, que terão primazia sobre as doze tribos (Mt 19.28; Lc 22.29,30).

Dr. Daniel Juster no seu livro, “O Chamado Irrevogável” 76, afirma:


“Há um destino para Israel e para a Igreja; ambos estão no limiar do
cumprimento deste destino. Para a Igreja, esse destino é reinar como Noiva-Rainha ao
lado do Noivo na Era Vindoura. Para Israel, é ser a capital das nações, o lugar do
aparecimento do Messias”.
“Durante o Milênio, Israel herdará a terra conforme toda descrição de seus
limites. Então, os mansos herdarão a terra e toda a terra se tornará uma terra
prometida”. 77
“As Escrituras indicam que as nações se contactarão com práticas que até este
tempo eram desfrutadas por judeus (Shabat, Lua Nova e Tabernáculos – Is 66.23 e Zc
14.16-19). Toda vez que um judeu observa o Shabat, ele proclama a plenitude da
redenção que há de vir quando o Messias Yeshua governar as nações”. 78
“A nação judaica será um centro de ensino para todo o mundo. Todas as nações
virão à Jerusalém (Is 2.1-3). Israel servirá o Senhor de uma maneira especial como um
Reino de Sacerdotes ao lado da Rainha ressurreta e trasladada. Grandes celebrações
acontecerão ali, espalhando-se por todas as nações do mundo. As nações serão
disciplinadas”. 79
“Cremos que todas as nações terão uma glória única que não pode ser substituída
por nenhuma outra. Assim, em Apocalipse 21,22 lemos a descrição da Nova Jerusalém
nos Novos Céus e Nova Terra”. 80
“Para que todos conheçam a glória de D’us, a glória da Noiva, a glória de Israel e
a glória das nações. Todos eles estarão entrelaçados na Nova Jerusalém”. 81

76
JUSTER, Dr. Daniel. O CHAMADO IRREVOGÁVEL. 1ª ed. Belo Horizonte: Editora Ministério Ensinando de Sião,
2001p. 64.
77
JUSTER, Dr. Daniel. Op. Cit., p. 65.
78
JUSTER, Dr. Daniel. Op. Cit., p. 65.
79
JUSTER, Dr. Daniel. Op. Cit., p. 65.
80
JUSTER, Dr. Daniel. O CHAMADO IRREVOGÁVEL. 1ª ed. Belo Horizonte: Editora Ministério Ensinando de Sião,
2001, p. 65.
81
JUSTER, Dr. Daniel, Ibid.
64
9

A GRANDE TRIBULAÇÃO
A VINGANÇA DO REDENTOR - GO’EL

Os mestres cristãos do final do século II e início do século III, Ireneu,


Tertuliano e Orígenes eram claramente milenaristas com respeito ao retorno de Cristo.
A descrição que Ireneu faz do retorno do Cristo e dos eventos que o cercam é a mais
detalhada e ilustrada das feitas pelos três. No livro cinco de Contra as heresias, o
influente bispo e pai da igreja escreveu vários capítulos sobre o fim dos tempos, nos
quais cita intensamente o livro do Apocalipse e resumiu o fim do mundo conhecido do
seguinte modo:
Com efeito, João nos deu a conhecer o número do nome dele [do anticristo] para que
estejamos atentos à sua vinda, sabendo quem é, mas passou sob silêncio o nome, porque não
era conveniente que fosse anunciado pelo Espírito Santo. Se o tivesse anunciado talvez
tivesse que durar por muito tempo, mas visto que foi e “já não é, e que sobe do abismo para ir
à perdição” [Ap 17.8] como se nunca tivesse vindo, assim o nome dele não foi anunciado;
com efeito, mas se anuncia o nome de quem não existe. Ora, depois que o Anticristo tiver
destruído todas as coisas neste mundo, reinado três anos e seis meses e tiver assentado no
templo em Jerusalém, o Senhor virá do alto do céu, sobre as nuvens, na glória do Pai, e o
lançará no lago de fogo com todos os seus seguidores; para os justos trará os tempos do reino,
isto é, o repouso do sétimo dia santificado; e dará a Abraão a herança prometida, aquele
reino, diz o Senhor, ao qual “muitos virão do oriente e do ocidente para se assentar à mesa
com Abraão, Isaque e Jacó” [Mt 8.11].82

A Grande Tribulação é o período no fim dos tempos quando Deus finalmente


vai sentenciar o mundo por seus pecados. É um período de sete anos compreendido
entre o Arrebatamento da Igreja e a Segunda Vinda de Cristo, quando Ele tratará com
Israel para restaurá-lo completamente e derramará os seus juízos terríveis sobre a
humanidade rebelde. É a Septuagésima Semana de Daniel.
A palavra tribulação é derivada do latim “tribulum” que quer dizer siscador,
rastilho, rastelo, clivo. É derivada também do grego thlíbō (θλίβω� que significa
apertar, pressionar, estreitar, oprimir, afligir e ainda thlípsis (θλῖψις� que significa
opressão, aflição, tribulação.
Na maior parte das vezes quando a palavra tribulação aparece na Bíblia ela não
se refere ao período da “Grande Tribulação” nas profecias, mas simplesmente as
inquietações que enfrentamos em nosso viver diário.
A Bíblia diz que a Igreja irá atravessar grandes perseguições e tribulações, mas
isto não é a mesma coisa que o período da Grande Tribulação. O sofrimento caracteriza
a vida da Igreja durante os últimos dias, os quais começaram no Pentecostes e
terminarão na Parusia. Há pregações atuais extremamente superficiais que dizem que,
se os seguidores de Jesus ao menos vivessem corretamente, freqüentando regularmente
os cultos e pagando os seus dízimos, Deus os faria prosperar materialmente, chegando

82
OLSON, Roger E. História das Controvérsias na Teologia. 1ª ed. São Paulo: Editora Vida, 2004, p.483,484.
65
mesmo a resguardá-los das aflições e dos males físicos. De fato, dizem que, se nossa
pátria ao menos retornasse a Deus, não haveria mais entre nós pobreza, crimes e
insegurança geral. Todos os apóstolos que deixaram alguma coisa escrita, por toda
parte dão a entender que a Igreja foi chamada para sofrer.
Os estudiosos da Bíblia, entretanto, ligam o nome TRIBULAÇÃO ao período
imediatamente depois do arrebatamento. Em geral se pode distinguir o uso da palavra
porque o período de tempo designado pela palavra TRIBULAÇÃO vem com letra
maiúscula.
A Segunda parte da 70ª Semana de Daniel é na realidade o período conhecido
como a Grande Tribulação.

SEPTUAGÉSIMA SEMANA DE DANIEL


O FALSO PERÍODO DE A GRANDE TRIBULAÇÃO
PAZ
3,5 ANOS / 42 MESES 1260 DIAS / 42 MESES

“Naquele tempo se levantará Miguel, o grande príncipe, que se levanta a favor


dos filhos do teu povo; e haverá um tempo de tribulação, qual nunca houve, desde que
existiu nação até aquele tempo; mas naquele tempo livrar-se-á o teu povo, todo aquele
que for achado escrito no livro” (Dn 12.1).
“Porque haverá então uma tribulação tão grande, como nunca houve desde o
princípio do mundo até agora, nem jamais haverá” (Mt 24.21).
“Estes são os que vêm da GRANDE TRIBULAÇÃO, e lavaram as suas vestes
e as branquearam no sangue do Cordeiro” (Ap 7.14).
A Grande Tribulação é um período de grande sofrimento para os que ficarem
depois do Arrebatamento da Igreja. Nesse tempo o mundo todo estará sob o poder do
maligno. Todos terão de prestar culto e adorar o Anticristo, a Besta, senão serão
passados a fio da espada. O Espírito Santo, nesse tempo, não estará mais neste mundo,
seguiu com a Igreja no Arrebatamento. Mas, Deus, mesmo nesse tempo, não
abandonará totalmente os homens; mas enviará sempre meios e oportunidades para
salvar aqueles que se voltarem para Ele. No tempo pré-diluviano, Noé, enquanto fazia a
Arca, durante 120 anos que durou a sua fabricação, foi pregoeiro da Justiça (2 Pe 2.5).
Nesse tempo da Grande Tribulação a Igreja não estará mais na terra; já foi arrebatada. E
conforme falamos, o Espírito Santo, por sua vez, também se afastará, não estará mais
na atual missão de convencer o mundo do pecado, da Justiça e do juízo, detendo
Satanás de atuar contra os homens conforme no atual período da Graça (2 Ts 2.3-6; Gn
6.3), mas de forma passiva ajudará aqueles que se mostrarem desejosos de se voltarem
para Deus e não adorarem a Besta. Por esse tempo Deus enviará à Terra duas
testemunhas (Ap 11.3-6; Zc 4.2-6) que pregarão a todos os homens, Não sabemos bem
como ou quem sejam essas testemunhas, sabemos porém que não serão nem Moisés,
nem Enoque, nem Elias, veja as nossas razões no capítulo que trata sobre o SHEOL –
HADES (TANATOLOGIA). Sabemos também que tais homens terão poder e forças
suficientes bem como autoridade para realizar a sua missão (Ap 11.6).
66
Sabemos, ainda, que serão dominados, temporariamente, pelo poder do mal (Ap
11.7,8) mas, que depois ressuscitarão e subirão aos céus (Ap 11.11,12). A grande
verdade é que nesse período negro e triste do mundo, o Evangelho ainda será pregado
[E vi outro anjo voando pelo meio do céu, e tinha um EVANGELHO ETERNO para
proclamar aos que habitam sobre a terra e a toda nação, e tribo, e língua, e povo
dizendo com grande voz: Temei a Deus, e dai-lhe glória; porque é chegada a hora do
seu juízo; e adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas – Ap
14.6]. Aqueles que se converterem nesse período serão, porém, mortos a fio da espada,
decapitados, e farão parte dos mártires e serão salvos (Ap 6.9-11: Quando abriu o
quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que tinham sido mortos por causa da
palavra de Deus e por causa do testemunho que deram. E clamaram com grande voz,
dizendo: Até quando, ó Soberano, santo e verdadeiro, não julgas e vingas o nosso
sangue dos que habitam sobre a terra?. E foram dadas a cada um deles compridas vestes
brancas e foi-lhes dito que repousassem ainda por um pouco de tempo, até que se
completasse o número de seus conservos, que haviam de ser mortos, como também eles
o foram). Não farão parte da Igreja, nas Bodas do Cordeiro, essa já foi arrebatada, antes
da Grande Tribulação (Ap 3.10). Segundo se tem conhecido em estudos feitos, há três
grupos de salvos na Eternidade: A Igreja que será composta de todos os salvos na fé em
Jesus Cristo, mesmo os que, no Antigo Testamento aceitaram a “fé abraâmica” (Gn
15.6; Hb 11.8-16; Gl 3.16,29), bem como os que forem arrebatados e ressuscitados no
dia do Arrebatamento da Igreja (1 Ts 4.16,17). Os mártires (Ap 6.9-11; 7.9-17; 20.4-6)
e Israel como nação (Rm 9.25; 11.25,26). A Igreja será a esposa de Cristo; os mártires,
os amigos do noivo (Jo 3.29); Israel – os súditos do Reino dos Céus, bem como os
homens das nações que ficarem da Grande Tribulação. A Igreja reinará com Cristo (Ap
1.4-6; 2.26,27; 5.10) no Milênio, na terra, e depois por toda a Eternidade, na Nova
Jerusalém. O Milênio será estabelecido logo após a Grande Tribulação.

O PROPÓSITO DA TRIBULAÇÃO 83
1. O primeiro grande propósito da tribulação é preparar a nação de Israel para o
Messias. A profecia de Jeremias (30.7) esclarece que essa hora, que está por vir, refere-
se particularmente a Israel, pois ela é “a hora da angústia de Jacó”. Stanton mostra o
caráter judeu desse período dizendo:
A tribulação é principalmente judia. O fato é demonstrado por trechos do Antigo
Testamento (Dt 4.30, Jr 30.7; Ez 20.37; Dn 12.1; Zc 13.8,9), pelo sermão profético de
Cristo (Mt 24.9-26) e pelo próprio livro do Apocalipse (Ap 7.4-8; 12.1,2,17 etc). Ela
diz respeito ao “povo de Daniel”, à vinda do “falso Messias”, à pregação das “boas
novas do reino”, ao vôo no “sábado”, ao templo e ao “lugar santo”, à terra da Judéia, à
cidade de Jerusalém, às doze “tribos dos filhos de Israel”, ao “cântico de Moisés”, aos
“sinais” nos céus, à “aliança” com a besta, ao “santuário”, aos “sacrifícios” rituais do
templo —todos esses falam de Israel e provam que a tribulação é em grande parte a
hora em que Deus lida com Seu povo antigo antes da entrada dele no reino prometido.
As muitas profecias do Antigo Testamento a ser cumpridas a favor de Israel mostram
um tempo futuro em que Deus lidará com essa nação (Dt 30.1-6; Jr 30.8-10 etc.).
83
PENTECOST, Jr., Dwight. Manual de Escatologia. 1ª ed. São Paulo: Editora Vida, 1994, p. 314-316.

67
(Gerald STANTON, Kept from the hour, p. 30-1)
O propósito de Deus para Israel na tribulação é promover a conversão de uma
multidão de judeus que entrarão nas bênçãos do reino e experimentarão o cumprimento
de todas as alianças de Israel. As boas novas de que o Rei está prestes a retornar serão
pregadas (Mt 24.14) para que Israel possa voltar-se para o seu libertador. Assim como
João Batista pregou tal mensagem a fim de preparar Israel para a primeira vinda, Elias
pregará a fim de preparar Israel para o segundo advento.
Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível Dia
do SENHOR; ele converterá o coração dos pais aos filhos, e o coração dos filhos a seus
pais, para que eu não venha e fira a terra com maldição (Ml 4.5,6).

Esse testemunho parece eficaz uma vez que multidões de judeus serão
convertidos durante o período de tribulação e aguardarão o Messias (Ap 7.1-8 e as
virgens sábias de Mt 25.1-13). O propósito de Deus também é povoar o milênio com
grande multidão de gentios convertidos, que serão redimidos pela pregação do
remanescente fiel. Esse objetivo será alcançado na multidão de “todas as nações, tribos,
povos e línguas” (Ap 7.9) e nas “ovelhas” (Mt 25.31-46) que entrarão na era milenar. O
propósito de Deus, então, é povoar o reino milenar trazendo a Si mesmo vasta multidão
dentre Israel e as nações gentílicas.

2. O segundo grande propósito da tribulação é derramar juízo sobre homens e


nações descrentes. Apocalipse 3.10 declara: “Eu te guardarei da hora da provação que
há de vir sobre o mundo inteiro, para experimentar os que habitam sobre a terra”. Esse
trecho já foi analisado anteriormente. E um ensino evidente de outros versículos que
esse período alcançará todas as nações:
Assim diz o SENHOR dos Exércitos: Eis que o mal passa de nação para nação, e
grande tormenta se levanta dos confins da terra. Os que o SENHOR entregar à morte
naquele dia se estenderão de uma a outra extremidade da terra; não serão pranteados,
nem recolhidos, nem sepultados; serão como esterco sobre a face da terra (Jr 25.32,33).
Pois eis que o SENHOR sai do seu lugar, para castigar a iniqüidade dos moradores
da terra... (Is 26.21).
A fim de serem julgados todos quantos não deram crédito à verdade; antes, pelo
contrário, deleitaram-se com a injustiça (2 Ts 2.12).

Com base nessas passagens, podemos ver que Deus está julgando as nações da
terra por causa de sua infidelidade. As nações da terra foram enganadas por um falso
ensinamento do sistema religioso prostituído (Ap 14.8) e têm partilhado do “vinho da
fúria da sua prostituição”. Elas seguiram o falso profeta na adoração da besta (Ap
13.11-18). Por essa impiedade, têm de ser julgadas. Esse julgamento recai sobre “os
reis da terra, os grandes, os comandantes, os ricos, os poderosos e todo escravo e todo
livre... “ (Ap 6.15), todos os que “blasfemaram o nome de Deus [...] nem se
arrependeram para lhe darem glória” (Ap 16.9). Visto que o reino a seguir é um reino
de justiça, esse julgamento deve ser visto como outro passo no desenvolvimento do
68
plano de Deus para lidar com o pecado de modo que o Messias possa reinar. Esse plano
de julgamento contra os pecadores constitui o segundo grande propósito do período de
tribulação.

As Escrituras usam diversos termos ao se referirem a Grande Tribulação:


1°) O DIA DO SENHOR: “Uivai, porque o DIA DO SENHOR está perto;
virá do Todo-Poderoso como assolação” (Is 13.6).
“Eis que o dia do Senhor vem, horrendo, com furor e ira ardente; para pôr a
terra em assolação e para destruir do meio dela os seus pecadores” (Is 13.9).
“Vem, povo meu, entra nas tuas câmaras, e fecha as tuas portas sobre ti;
esconde-te só por um momento, até que passe a indignação (Grande Tribulação). Pois
eis que o Senhor está saindo do seu lugar para castigar os moradores da terra por causa
da sua iniqüidade; e a terra descobrirá o seu sangue, e não encobrirá mais os seus
mortos” (Is 26.20,21).

“Tocai a trombeta em Sião, e dai o alarme no meu santo monte. Tremam todos
os moradores da terra, porque vem vindo O DIA DO SENHOR; já está perto; dia de
trevas e de escuridão, dia de nuvens e de negrume! Como a alva, está espalhado sobre
os montes um povo grande e poderoso, qual nunca houve, nem depois dele haverá pelos
anos adiante, de geração em geração” (Jl 2.1,2).

GRAÇA O DIA DO SENHOR MILÊNIO


O ANO ACEITÁVEL A 70ª SEMANA DE O ANO DOS MEUS
DO DANIEL REDIMIDOS
SENHOR A GRANDE
TRIBULAÇÃO

Leia as referências sobre o Dia do Senhor: Is 2.12;34.1,2; Ez 36.2,3; Jl


1.15;3.12-16,18; Am 5.18-20; Ob 13; Sf 1.14,15,17; Zc 12.2,9,10;14.1-5,8,9,20; Ml
4.1-3;1 Ts 5.23;2 Pe 3.7-10.

O Dia do Senhor será o dia da tribulação de Jacó: “Ah! Porque aquele dia é tão
grande, que não houve outro semelhante! É tempo de angústia para Jacó; todavia, há de
ser livre dela” (Jr 30.7). Os pecadores de Jerusalém serão destruídos na terra. Será um
dia de purificação, antes de vir o Filho do Homem nas nuvens do céu. As descrições
dos eventos do Dia do Senhor no Velho Testamento são cumpridas com os juízos
trazidos no Apocalipse. Este dia é chamado de “O Dia do Senhor” porque é a época em
que Deus se levanta para julgar a terra. É a Vingança do Parente Remidor (Nm 35.19).
É o nosso Go’el abrindo os selos da Escritura da redenção (Ap 5).

OS PROPÓSITOS DO DIA DO SENHOR SÃO:


a) A destruição dos resultados do pecado;
b) A preparação para a vinda do Reino – no tocante aos judeus.

O Dia do Senhor encerra-se com a volta de Cristo.


69
2°) Um tempo de Angústia: “... e haverá um tempo de tribulação, qual nunca
houve, desde que existiu nação até aquele tempo” (Dn 12.1). “Porque haverá então
uma tribulação tão grande, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora,
nem jamais haverá” (Mt 24.21).
3°) Dia de Indignação, Ira: “Vem, povo meu, entra nas tuas câmaras, e fecha
as tuas portas sobre ti; esconde-te só por um momento, até que passe a indignação” (Is
26.20). “E diziam aos montes e aos rochedos: Caí sobre nós, e escondei-nos da face
daquele que está assentado sobre o trono, e da ira do Cordeiro; porque é vindo o grande
dia da ira deles; e quem poderá subsistir?” (Ap 6.16,17). “Jesus, que nos livra da Ira
Vindoura” (1 Ts 1.10).
4°) O Dia da Vingança – A Vingança do Parente Remidor – Go’el: “Pois o
Senhor tem um dia de vingança, um ano de retribuições pela causa de Sião” (Is 34.6).
“...a apregoar o ano aceitável do Senhor e o dia da vingança do nosso Deus; a consolar
todos os tristes” (Is 61.2).
5°) Dia de trevas: “Não será, pois, o dia do Senhor trevas e não luz? Não será
completa escuridade, sem nenhum resplendor?” (Am 5.20). “Aquele dia é dia de
indignação, dia de tribulação e de angústia, dia de alvoroço e de assolação, dia de trevas
e de escuridão, dia de nuvens e de densas trevas” (Sf 1.15).
6°) A GRANDE TRIBULAÇÃO é também chamada:
a) “um tempo, dois tempos, e metade de um tempo” (Dn 12.7; Ap 12.14).
b) “quarenta e dois meses” (Ap 11.2; 13.5).
c) “mil duzentos e sessenta dias” (Ap 11.3; 12.6).

SERÁ UM PERÍODO DE GRANDE SOFRIMENTO:

� Para os judeus, preparando-os para a sua restauração: “Senhor, é nesse tempo


que restauras o reino a Israel?” (At 1.6); “Setenta semanas estão decretadas sobre o teu
povo, e sobre a tua santa cidade, para fazer cessar a transgressão, para dar fim aos
pecados, e para expiar a iniqüidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a profecia,
e para ungir o Santo dos Santos. E ele fará um pacto firme com muitos por uma
semana; e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oblação; e sobre a asa das
abominações virá o assolador; e até a destruição determinada, a qual será derramada
sobre o assolador” (Dn 9.24,27). (Leia ainda: Jr 30.4-11; Dt 4.29-31; Ez 20.33-38).
No capítulo três de Daniel temos a história dos três jovens lançados na fornalha
ardente. A fornalha do poder gentílico tem queimado os filhos de Israel durante mais de
dois milênios, porém a fornalha será aquecida sete vezes mais do que se acostumava
(Dn 3.19). A Tribulação será de sete anos.
Nabucodonosor é um símbolo do anticristo. E Babilônia o símbolo do sistema
político-religioso que será estabelecido nos últimos dias. Os jovens judeus na fornalha
tipificam o que Israel experimentará na Grande Tribulação. O resgate dos jovens
representa a libertação de Israel através do GO’EL – O Parente Remidor, no dia da
vingança do nosso Deus (Is 61.2).
“Virá o Redentor (GO’EL) a Sião e aos de Jacó que se converterem, diz
Iahweh” (Is 59.20).

70
“Porque não quero, irmãos que ignoreis este mistério para que não sejais
presunçosos: o endurecimento veio em parte a Israel, até que chegue a plenitude dos
gentios, e assim, todo Israel será salvo, como está escrito: De Sião virá o libertador
(GO’EL), e ele afastará de Jacó as impiedades” (Rm 11.25,26).

� Para os Gentios que recusarem a Graça salvadora: “E os reis da terra, e os


grandes, e os chefes militares, e os ricos, e os poderosos, e todo escravo, e todo livre, se
esconderam nas cavernas e nas rochas das montanhas; e diziam aos montes e aos
rochedos: Caí sobre nós, e escondei-nos da face daquele que está assentado sobre o
trono, e da ira do Cordeiro; porque é vindo o grande dia da ira deles; e quem poderá
subsistir?” (Ap 6.15-17).
O período de tempo denominado pelo Senhor “tempos dos gentios” em Lucas
21.24, em que Ele diz “Até que os tempos dos gentios se completem, Jerusalém será
pisada por eles”, é um dos mais importantes períodos das passagens proféticas.
Quando Jerusalém começou a “ser pisada” pelos gentios? Na verdade, isso tem
acontecido há séculos, começando com a destruição de Jerusalém por Nabucodonosor
(2 Rs 24.10,11), datada de 587-586 a.C.
O julgamento das nações gentílicas [...] Esse acontecimento estupendo [...] é
plenamente previsto no Antigo Testamento (cf. Sl 2.1-10; Is 63.1-6; Jl 3.2-16; Sf 3.8;
Zc 14.1-3). Este julgamento das nações não tem nada a ver com o julgamento dos
gentios no fim do Milênio. Este se dará com a soltura do diabo, que comandará a última
rebelião antes do julgamento do Trono Branco.
A duração dos “tempos dos gentios”. Os “tempos dos gentios” foram definidos
pelo Senhor como o período no qual Jerusalém estaria sob o domínio de autoridades
gentílicas (Lc 21.24). Esse período começou com o cativeiro babilônico, quando
Jerusalém caiu nas mãos dos gentios. Continua até hoje e prosseguirá durante a
tribulação, era na qual os poderes gentílicos serão julgados. O domínio gentílico
termina na segunda vinda do Messias à terra.
Os tempos dos gentios são aquele longo período que se inicia no cativeiro
babilônico de Judá, sob Nabucodonosor, e termina com a destruição do poder gentílico
mundial pela “pedra cortada sem auxílio de mãos” (Dn 2.34,35,44), i.e., a vinda do
Senhor em glória (Ap 19.11,21), até quando Jerusalém estará politicamente sujeita ao
governo gentílico (Lc 21.24).
Na 1ª metade da Grande Tribulação o Anticristo assumirá o poder e será líder
mundial, imensamente popular e eficiente. Ele aparecerá de maneira diplomática como
o Pacificador Mundial, e governará em grande estilo nestes primeiros três anos e meio.
Este mundo frustrado acolherá o advento de um líder mundial atraente, alguém
com carisma para arrebatar a opinião pública e arrastar os corações e as mentes do
mundo todo. Ele vai parecer a solução perfeita para milhares de problemas que um
planeta cansado e infeliz está enfrentando.
Ele será chamado de a Besta no Apocalipse (Ap 13,17).
Ele não estará só. Ele terá um Falso Profeta e dez soberanos títeres chamados os
dez chifres (Ap 12.3; 13.1; 17.3,7,12,16; Dn 7.7,20,24).

71
É o cavaleiro do cavalo branco (Ap 6.2): “Olhei, e eis um cavalo branco; e o que
estava montado nele tinha um arco; e foi-lhe dada uma coroa, e saiu vencendo, e para
vencer”.
É o príncipe do povo (romano) que destruiu a cidade e o santuário no ano 70 d.C.
Ele fará uma aliança com os judeus por semana [sete anos] (Dn 9.27), mas romperá esta
aliança e profanará o Santuário.
“Aquele que se opõe e se levanta contra tudo o que se chama Deus ou é objeto de
adoração, de sorte que se assenta no santuário de Deus, apresentando-se como Deus” (2
Ts 2.4).
Na primeira metade da Grande Tribulação 144.000 judeus crerão em Cristo e
serão selados e tornar-se-ão poderosas testemunhas neste período (Ap 7.3-8).
Duas testemunhas também aparecerão durante a Grande Tribulação. Os seus
ministérios serão na mesma unção de Moisés e Elias.
“E concederei às minhas duas testemunhas que, vestidas de saco, profetizem por
mil duzentos e sessenta dias. Estas são as duas oliveiras e os dois candeeiros que estão
diante do Senhor da terra. E, se alguém lhes quiser fazer mal, das suas bocas sairá fogo
e devorará os seus inimigos; pois se alguém lhes quiser fazer mal, importa que assim
seja morto. Elas têm poder para fechar o céu, para que não chova durante os dias da sua
profecia; e têm poder sobre as águas para convertê-las em sangue, e para ferir a terra
com toda sorte de pragas, quantas vezes quiserem. E, quando acabarem o seu
testemunho, a besta que sobe do abismo lhes fará guerra e as vencerá e matará. E
jazerão os seus corpos na praça da grande cidade, que espiritualmente se chama
Sodoma e Egito, onde também o seu Senhor foi crucificado. Homens de vários povos, e
tribos e línguas, e nações verão os seus corpos por três dias e meio, e não permitirão
que sejam sepultados. E os que habitam sobre a terra se regozijarão sobre eles, e se
alegrarão; e mandarão presentes uns aos outros, porquanto estes dois profetas
atormentaram os que habitam sobre a terra” (Ap 11.3-10).

Muitas pessoas aceitarão o Evangelho pregado pelas duas testemunhas, pelos


144.000 e até mesmo pregado por um anjo voando no espaço:
“E vi outro anjo voando pelo meio do céu, e tinha um evangelho eterno para
proclamar aos que habitam sobre a terra e a toda nação, e tribo, e língua, e povo,
dizendo com grande voz: Temei a Deus, e dai-lhe glória; porque é chegada a hora do
seu juízo; e adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas” (Ap
14.6,7).

O ADVENTO DO PARENTE VINGADOR – GO’EL

“E vi o céu aberto, e eis um cavalo branco; e o que estava montado nele chama-se
Fiel e Verdadeiro; e julga a peleja com justiça. Os seus olhos eram como chama de
fogo; sobre a sua cabeça havia muitos diademas; e tinha um nome escrito, que ninguém
sabia senão ele mesmo. Estava vestido de um manto salpicado de sangue; e o nome
pelo qual se chama é o Verbo de Deus. Seguiam-no os exércitos que estão no céu, em
cavalos brancos, e vestidos de linho fino, branco e puro. Da sua boca saía uma espada
afiada, para ferir com ela as nações; ele as regerá com vara de ferro; e ele mesmo é o
72
que pisa o lagar do vinho do furor da ira do Deus Todo-Poderoso. No manto, sobre a
sua coxa tem escrito o nome: Rei dos reis e Senhor dos senhores” (Ap 19.11-16).

No final da Grande Tribulação o nosso GO’EL virá para tomar posse da terra. No
início da G.T. Ele rasgou os selos (Ap 5), mas agora é a posse. A Igreja é o poderoso
exército que desce com Ele. O Messias assumirá o Reino terrestre literalmente e regerá
as nações com cetro de ferro. É o último governante mundial, a Pedra, que destruirá a
estátua, isto é, os poderes gentios, e encherá a terra.

Ele pisará pessoalmente o lagar do vinho do furor da ira do Deus Todo Poderoso.

“E saiu do altar outro anjo, que tinha poder sobre o fogo, e clamou com grande
voz ao que tinha a foice afiada, dizendo: Lança a tua foice afiada, e vindima os cachos
da vinha da terra, porque já as suas uvas estão maduras. E o anjo meteu a sua foice à
terra, e vindimou as uvas da vinha da terra, e lançou-as no grande lagar da ira de Deus.
E o lagar foi pisado fora da cidade, e saiu sangue do lagar até os freios dos cavalos,
pelo espaço de mil e seiscentos estádios.
Da sua boca saía uma espada afiada, para ferir com ela as nações; ele as regerá
com vara de ferro; e ele mesmo é o que pisa o lagar do vinho do furor da ira do Deus
Todo-Poderoso” (Ap 14.18-20; 19.15).

O ARMAGEDOM

“Vi um anjo em pé no sol; e clamou com grande voz, dizendo a todas as aves que
voavam pelo meio do céu: Vinde, ajuntai-vos para a grande ceia de Deus, para
comerdes carnes de reis, carnes de comandantes, carnes de poderosos, carnes de
cavalos e dos que neles montavam, sim, carnes de todos os homens, livres e escravos,
pequenos e grandes. E vi a besta, e os reis da terra, e os seus exércitos reunidos para
fazerem guerra àquele que estava montado no cavalo, e ao seu exército. E a besta foi
presa, e com ela o falso profeta que fizera diante dela os sinais com que enganou os que
receberam o sinal da besta e os que adoraram a sua imagem. Estes dois foram lançados
vivos no lago de fogo que arde com enxofre. E os demais foram mortos pela espada que
saía da boca daquele que estava montado no cavalo; e todas as aves se fartaram das
carnes deles” (Ap 19.17-21).

O Significado de Armagedom 84
A palavra “Armagedom” aparece no último livro da Bíblia (Apocalipse 16.16). O
termo hebraico significa “monte ou montanha de Megido”, onde já aconteceram
diversas batalhas decisivas na história de Israel.
O capítulo 16 do Apocalipse trata dos últimos juízos de Deus, que virão sobre a
terra antes da volta de Jesus Cristo. O apóstolo João escreve: “Ouvi, vinda do santuário,
uma grande voz, dizendo aos sete anjos: Ide e derramai pela terra as sete taças da cólera
de Deus... Derramou o sexto a sua taça sobre o grande rio Eufrates, cujas águas

84
www.chamada.com.br/mensagens/armagedom.html.
73
secaram, para que se preparasse o caminho dos reis que vêm do lado do nascimento do
sol... porque eles são espíritos de demônios, operadores de sinais, e se dirigem aos reis
do mundo inteiro com o fim de ajuntá-los para a peleja do grande Dia do Deus Todo-
Poderoso... Então, os ajuntaram no lugar que em hebraico se chama Armagedom”
(Apocalipse 16.1,12,14,16).
Portanto, o termo bíblico “Armagedom” simboliza o lugar em que os reis da terra
se reunirão para a luta insensata contra Deus. Aí acontecerá um juízo de Deus. O texto
bíblico a seguir chama a atenção: “Então, derramou o sétimo anjo a sua taça pelo ar, e
saiu grande voz do santuário, do lado do trono, dizendo: Feito está! E sobrevieram
relâmpagos, vozes e trovões, e ocorreu grande terremoto, como nunca houve igual
desde que há gente sobre a terra; tal foi o terremoto, forte e grande. E a grande cidade
se dividiu em três partes, e caíram as cidades das nações. E lembrou-se Deus da grande
Babilônia para dar-lhe o cálice do vinho do furor da sua ira. Todas as ilhas fugiram, e
os montes não foram achados; também desabou do céu sobre os homens grande
saraivada, como pedras que pesavam cerca de um talento; e, por causa do flagelo da
chuva de pedras, os homens blasfemaram de Deus, porquanto o seu flagelo era
sobremodo grande” (Apocalipse 16.17-21).
Os “reis da terra e de todo o mundo” serão reunidos pela atuação da trindade do
inferno para a chamada “peleja do grande dia do Deus Todo-poderoso” (Ap 16.14).
Esse ajuntamento das nações da terra acontecerá num lugar chamado Armagedom (Ap
16.16). Lá Deus julgará as nações por haverem perseguido Israel (Jl 3.2), por causa de
sua iniqüidade (Ap 19.15) e por causa da sua impiedade (Ap 16.9).
Defende-se, comumente, que a batalha de Armagedom também é um
acontecimento isolado que ocorrerá logo antes da segunda vinda de Cristo à terra. A
extensão desse grande movimento no qual Deus lida com “os reis do mundo inteiro”
(Ap 16.14) não será percebida a menos que se compreenda que a “peleja do grande dia
do Deus Todo-poderoso” (Ap 16.14) não é uma batalha isolada, mas uma campanha
que se estende pela última metade do período tribulacional.
A localização da campanha. O monte Megido, situado a oeste do rio Jordão no
centro-norte da Palestina, a cerca de quinze quilômetros de Nazaré e a vinte e cinco
quilômetros da costa do Mediterrâneo, encontra-se numa planície onde ocorreram
muitas das batalhas de Israel. Lá, Débora e Baraque derrotaram os cananeus (Jz 4 e 5).
Gideão triunfou sobre os midianitas (Jz 7). Lá, Saul foi morto na batalha com os
filisteus (1 Sm 31.8). Acazias foi morto por Jeú (2 Rs 9.27). E, lá, Josias foi morto na
invasão pelos egípcios (2 Rs 23.29,30; 2 Cr 35.22).
Esta será a grande batalha no final da Grande Tribulação. A Besta, o Anticristo,
juntamente com os dez chifres lutará contra Israel, porém o Parente Remidor virá em
socorro do seu povo (Is 59.20; Rm 11.26). Como os três jovens foram livres na
fornalha, assim também Israel será livre na Tribulação.
As duas Bestas, o Anticristo e o Falso Profeta, serão os primeiros a estrearem o
inferno definitivo, o Geena, o lago de fogo, os demais seres perdidos só irão para lá no
final do Milênio.
Uma distinção cuidadosa deve ser estabelecida entre o Lago de Fogo e o Hades
(Sheol). Os ímpios que morreram antes da segunda Vinda de Cristo vão para o Hades,
conforme nos é mostrado no texto de Lucas 16. Até a volta de Jesus, ninguém será
74
lançado no Lago de Fogo. O próprio Diabo ficará preso no Abismo por mil anos e
somente após o Milênio é que será lançado no Lago de Fogo, acompanhado dos
condenados por Deus diante do Trono Branco. O fato do Falso Profeta e do Anticristo
ainda estarem no Lago de Fogo, depois de concluído o Milênio, deixa claro que este
lugar não significa aniquilamento e também não oferece oportunidade de santificação,
pois os que ali permanecem continuam em seu estado de impiedade, em seus corpos
apropriados para sofrer o castigo eterno.
A Batalha do Armagedom fará entrar em cena o sofrimento mais terrível que a
humanidade já conheceu. A Bíblia nos diz que a terra será devastada por crises
políticas, econômicas e ecológicas que ficam além do alcance da nossa imaginação. Se
não fosse pela misericordiosa intervenção de Deus, reza a Bíblia, o mundo inteiro seria
destruído.
A profecia de Armagedom não é uma alegoria literária ou um mito. Armagedom
será um evento real de proporções trágicas para aqueles que desafiam a Deus. Será uma
reunião de forças militares reais no Oriente Médio, numa das terras mais disputadas de
todos os tempos – uma terra que nunca conheceu paz duradoura. Armagedom será
também uma batalha espiritual entre as forças do bem e as do mal. Ela terá o seu
desfecho com a intervenção divina e o retorno de Jesus Cristo.
No meio de toda aquela terrível, pavorosa carnificina, Cristo retornará como Rei
dos reis e Senhor dos senhores. O Parente Remidor, ou melhor dizendo, o Parente
Vingador derrotará o Anticristo e será vitorioso na Batalha do Armagedom. No clímax
desse momento, o nosso GO’EL instalará O Seu Reino.
Uma utopia vem vindo. Oramos em nossos templos: “Venha a nós o Vosso
Reino. Seja feita a Vossa vontade, assim na terra como no céu” (Mt 6.10). Quando da
volta de Cristo, essa prece será integralmente realizada.
A Bíblia promete: “Eis que reinará um rei com justiça, e com retidão
governarão príncipes” (Is 32.1).
“O reino do mundo passou a ser de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele
reinará pelos séculos dos séculos” (Ap 11.15).
Após a Grande Tribulação, precisamente após a última metade, setenta e cinco
dias separarão Grande Tribulação do Milênio.
Dn 12.11,12: “E desde o tempo em que o sacrifício contínuo for tirado, e posta a
abominação desoladora, haverá mil duzentos e noventa dias”. “Bem-aventurado o que
espera e chega até mil trezentos e trinta e cinco dias”.
“Na metade da Tribulação o anticristo abolirá os sacrifícios judaicos (Dn 9.27;
Mt 24.15; 2 Ts 2.4). A partir daquela data até o fim haverá 1290 dias. Normalmente três
anos e meio (num calendário lunar) teriam 1260 dias. Os trinta dias a mais aqui
mencionados fornecem o tempo necessário para a realização de todos os julgamentos
que acontecerão depois da segunda Vinda”.85

85
RYRIE, Charles C. A Bíblia Anotada. Editora Mundo Cristão, 1645, p. 1095.
75
A GRAÇA O DIA DO SENHOR O MILÊNIO
O ANO ACEITÁVEL A 70ª SEMANA DE DANIEL 75 O ANO DOS MEUS
DO A GRANDE TRIBULAÇÃO DIAS REDIMIDOS
SENHOR
O FALSO PERÍODO A GRANDE
DE PAZ TRIBULAÇÃO
3,5 ANOS 3,5 ANOS
42 MESES 42 MESES
A GRANDE TRIBULAÇÃO
A SEPTUAGÉSIMA SEMANA DE DANIEL

Cronologia do Armagedom 86
A assim chamada Batalha de Armagedom ocorrerá durante os dias finais da
Grande Tribulação.
Como revelado em Apocalipse 16, Deus derramará uma série de sete juízos
desvastadores sobre a terra chamados “taças da ira”. As primeiras seis taças da iara de
Deus servirão como uma introdução ao que a Bíblia chama de Armagedom. Quando a
sexta taça é derramada (v. 12), o tempo da Segunda Vinda está muito próximo. O
versículo 12 diz as águas do rio Eufrates se secarão para preparar o caminho para uma
invasão militar em Israel pelos reis do Oriente.
Ao contemplar esta cena final, João relatou: “E da boca do dragão, e da boca da
besta, e da boca do falso profeta, vi saírem três espíritos imundos, semelhantes a rãs.
Pois são espíritos de demônios, que operam sinais; os quais vão ao encontro dos reis de
todo o mundo, para os congregar para a batalha do grande dia do Deus Todo-Poderoso”
(v. 13,14).
No início da Grande Tribulação, por meio de engano e poder satânicos, um
governo mundial é formado, com o governante de dez nações do Império Romano
reavivado tornando-se o ditador sobre todo o globo (cf. Ap 13.7). Agora, da mesma
fonte que montou esse governo mundial vem a influência para reunir os exércitos do
mundo inteiro para desafiar este governo mundial. Esses exércitos são guiados para
convergir na Terra Santa a fim de guerrear por superioridade. Entretanto, parece que o
propósito satânico da Batalha de Armagedom é o de contender contra os exércitos do
céu.
Ap 16.16 declara: “E eles os congregaram no lugar que em hebraico se chama
Armagedom”. A Batalha subseqüente se concentrará em torno do monte de Megido,
conhecido em aramaico como Armagedom, que se localiza no norte de Israel. Na
verdade, como outras Escrituras descrevem a cena (ver Dn 11.40-45), tanto os exércitos
invasores quanto os defensores provavelmente estarão dispersos por toda a terra de
Israel que será uns 320 Km de norte a sul e se estenderá do mar Mediterrâneo ao oeste
até o rio Eufrates ao leste. Esses exércitos entrarão em guerra por supremacia global
contra o governante mundial enquanto o mundo inteiro desfalece sob os vários juízos
de Deus. A guerra, contudo, não será resolvida, e mesmo no dia da Segunda Vinda de
Cristo haverá combate de casa em casa em Jerusalém (Zc 14.1-3).

86
LAHAYE, Tim. Bíblia de Estudo Profética. São Paulo: Editora Hagnos, 2005, p. 1192.
76
Ap 16.17-21 descreve uma sétima e última “taça da ira” – um terremoto mundial
devastador. Ele destruirá Babilônia (ver Ap 18); “as cidades das nações” ruirão (Ap
16.16-19); e ilhas e montanhas desaparecerão (Ap. 16.20). O juízo do terremoto terá
seu clímax com uma saraivada sobrenatural na qual as pedras de granizo pesarão
aproximadamente 45 quilos cada uma (Ap 16.21). O mundo será deixado em
frangalhos, e suas cidades, em ruínas. Aparentemente, apenas Jerusalém, e as cidades
de Israel permanecerão intactas. É para esta cena que Cristo retornará em poder e
glória, como descrito em Ap 19.11-16.

O Senhor irá reunir no Armagedom os povos do mundo inteiro para


fazer guerra com Israel.

Quando a Batalha de Armagedom estiver no clima máximo, e todos os povos da


terra estiverem no vale do Armagedom, para enfim exterminar o povo Judeu, o que o
alemão Hitler já tentou fazer, e o povo judeu estiver em tamanho aperto, quando tudo
parecer estar destruído e acabado, os judeus irão clamar ao messias, Dt 4.30, Ezequiel
39.22, e neste momento o acontecimento máximo terá enfim a sua hora, pois o Cristo
que foi rejeitado e morto pelos Judeus, será enfim aceito pelo seu povo, e então o
Senhor virá para socorrer Israel das garras do anticristo e todas as nações da terra.
Apocalipse 19.14 a 16.

77
10

O MILÊNIO - O GOVERNO DO REDENTOR

Após a Grande Tribulação, precisamente após a última metade, setenta e cinco


dias separarão Grande Tribulação do Milênio.
Dn 12.11,12: “E desde o tempo em que o sacrifício contínuo for tirado, e posta a
abominação desoladora, haverá mil duzentos e noventa dias”. “Bem-aventurado o que
espera e chega até mil trezentos e trinta e cinco dias”.

A GRAÇA O DIA DO SENHOR O MILÊNIO


O ANO ACEITÁVEL A 70ª SEMANA DE 75 O ANO DOS MEUS
DO DANIEL DIAS REDIMIDOS
SENHOR A GRANDE
TRIBULAÇÃO

Estudando as profecias sobre a Grande Tribulação, poderia parecer que esta terra
vai ser destruída; todavia, o propósito de Deus para este período não é destruição, e sim
julgamento. Os flagelos, os terremotos, a saraivada e o fogo terão destruídos as obras
do homens. A Terra se encontra em ruínas. Após a batalha do Armagedom, só para
sepultar os mortos serão precisos sete meses (Ez 39.12). Depois, então, terá início a
obra de REGENERAÇÃO ou RECONSTRUÇÃO (Mt 19.28), sob a supervisão
pessoal de Cristo – O nosso GO’EL, o Parente Remidor.
O milênio tem uma parte terrena e uma parte celestial. A parte terrena é o reino
do Messias (2 Sm 7.13), o tabernáculo de Davi (At 15.16), o reino do Filho do homem
(Mt 13.41; Ap 11.15). O reino do Filho é o período do milênio. O reino do Filho do
homem é a parte terrena do milênio. No milênio, os vencedores na parte celestial
reinam com Cristo sobre a parte terrena. Na parte terrena está o reino restaurado de
Davi, onde Cristo como o Filho do homem, o descendente real de Davi, será o Rei
sobre os filhos de Israel. “E o Senhor será rei sobre toda a terra; naquele dia um será o
Senhor, e um será o seu nome”; “Então todos os que restarem de todas as nações que
vieram contra Jerusalém, subirão de ano em ano para adorarem o Rei, o Senhor dos
exércitos, e para celebrarem a festa dos tabernáculos”. (Zc 14.9,16).
Durante este tempo os filhos de Israel serão sacerdotes (Zc 8.20-23; Is 2.2,3). Os
santos vencedores serão reis na parte celestial, e a nação restaurada de Israel será os
sacerdotes na parte terrena, ensinando as nações a conhecer a Deus e a servi-Lo. As
nações serão o povo na parte terrena do milênio (Mt 2.32-34). As ovelhas e os bodes
em Mateus 25 serão as nações súditas do reino de Deus.
No milênio, então, haverá três tipos de povos: os santos vencedores como reis na
parte celestial, os judeus restaurados como os sacerdotes na parte terrena, e as ovelhas e
os bodes, as nações, como o povo. Os santos vencedores terão as nações para governar
e os judeus terão as nações para ensinar. As nações serão o povo governado por nós e
ensinado pelos judeus.
O reino do Filho terminará no milênio (Ap 20.7). O reino de Deus Pai,
entretanto, continuará pela eternidade. “E, quando todas as coisas lhe estiverem

78
sujeitas, então também o próprio Filho se sujeitará àquele que todas as coisas lhe
sujeitou, para que Deus seja tudo em todos” (1 Co 15.28).
O Milênio será uma época gloriosa da retirada da maldição da Terra. Será o
tempo de RESGATE total da Terra; será um tempo de aperfeiçoamento dos santos
daqueles dias; será um tempo de cumprimento das promessas de Deus.
O período de RECONSTRUÇÃO será de mil anos. O Reino é Eterno. Não se
limita a mil anos apenas; este é apenas o tempo em que Satanás fica acorrentado: “E vi
descer do céu um anjo, que tinha a chave do abismo e uma grande cadeia na sua mão.
Ele prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o Diabo e Satanás, e o amarrou por mil
anos. Lançou-o no abismo, o qual fechou e selou sobre ele, para que não enganasse
mais as nações até que os mil anos se completassem. Depois disto é necessário que ele
seja solto por um pouco de tempo” (Ap 20.1-3).
Não existe nenhum registro ou sugestão de que a Terra deverá ser destruída após
o Milênio. O propósito de Deus é redimir a Terra e não destruí-la. O reinado de Cristo
por mil anos não terminará com um fracasso tal que seus domínios tenham que ser
destruídos por fogo. Pelo contrário, a Bíblia diz que Ele (Jesus) entregará o seu Reino
ao Pai como obra perfeita (1 Co 15.24-28):
“Então, na culminação [no fim do Milênio], quando ele (o Filho) entregar o
Reino a Deus Pai, depois de ter dado fim a todo governo [Dn 2.32-45; 7.1-18: ele é a
Pedra], sim a toda autoridade e poder. Porque ele deve governar [durante o Milênio] até
colocar todos os seus inimigos debaixo de seus pés. O último a ser vencido será a morte
[Ap 21.4], pois ele porá todas as coisas em sujeição debaixo de seus pés. Mas ao dizer
que todas as coisas lhe foram sujeitas, é óbvio que a palavra não inclui Deus (Pai), pois
é ele quem sujeita todas as coisas ao Messias. Quando todas as coisas tiverem sido
sujeitas ao Filho, ele mesmo se sujeitará a Deus [Pai], que tudo lhe sujeitou, para que
Deus [Pai] seja tudo em todos”.87
O Milênio será um tempo semelhante a GRAÇA no seguinte propósito: tempo de
aperfeiçoamento dos santos (Ef 4.12). Assim como a Igreja é aperfeiçoada para viver o
milênio e a eternidade ao lado de Jesus, as nações viverão esse tempo de
aperfeiçoamento no Milênio para viverem por toda a eternidade no “Celeiro do Pai” – a
Nova Terra. Todavia, só as ovelhas, o trigo, os peixes bons, isto é, as nações justas que
optaram por Cristo poderão herdar a Nova Terra. Os bodes, o joio, os peixes ruins, isto
é, as nações injustas que rejeitaram o Parente Remidor serão lançadas no Lago de Fogo
que é a Segunda morte.
O Milênio será, acima de tudo, o tempo probatório para a introdução das nações
justas no Reino.
O Milênio é um dos três tempos necessários para que haja escolha de um povo
digno para entrar no Reino. Cada elemento que entrará no Reino deverá experimentar o
seu gozo antecipado; cada elemento deverá passar por um “crivo” até entrar no Reino.
� O “crivo” do elemento Igreja será o Arrebatamento;
� O “crivo” do elemento Israel será a Grande Tribulação;
� O “crivo” do elemento Gentios será o Milênio.

87
Novo Testamento Judaico de David Stern. São Paulo: Editora Vida, 2007.
79
O Milênio não será simplesmente um reinado de mil anos, sem fundamento.
O Milênio é o Reino do Filho: “Pois é necessário que ele reine até que haja posto
todos os inimigos debaixo de seus pés” (1 Co 15.25). E este serviço de Reconstrução
(REGENERAÇÃO) será efetuado até que se chegue à perfeição. Nesses dias, a vida
longa será devolvida ao homem; mas a morte é o último inimigo, e ainda permanecerá
até o fim do Milênio (Is 65.20; 1 Co 15.26; Ap 21.4):
“Não haverá mais nela criança de poucos dias, nem velho que não tenha
cumprido os seus dias; porque o menino morrerá de cem anos; mas o pecador de cem
anos será amaldiçoado”.
“Ora, o último inimigo a ser destruído é a morte”.
“Ele enxugará de seus olhos toda lágrima; e não haverá mais morte, nem haverá
mais pranto, nem lamento, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas”.

Nesses mil anos o mundo será restaurado para ser como o Éden.
“O deserto e a terra sedenta se regozijarão; e o ermo exultará e florescerá; como
o narciso florescerá abundantemente, e também exultará de júbilo e romperá em
cânticos; dar-se-lhe-á a glória do Líbano, a excelência do Carmelo e Sarom; eles verão
a glória do Senhor, a majestade do nosso Deus. Fortalecei as mãos fracas, e firmai os
joelhos trementes. Dizei aos turbados de coração: Sede fortes, não temais; eis o vosso
Deus! com vingança virá, sim com a recompensa de Deus; ele virá, e vos salvará. Então
os olhos dos cegos serão abertos, e os ouvidos dos surdos se desimpedirão. Então o
coxo saltará como o cervo, e a língua do mudo cantará de alegria; porque águas
arrebentarão no deserto e ribeiros no ermo. E a miragem tornar-se-á em lago, e a terra
sedenta em mananciais de águas; e nas habitações em que jaziam os chacais haverá
erva com canas e juncos. E ali haverá uma estrada, um caminho que se chamará o
caminho santo; o imundo não passará por ele, mas será para os remidos. Os
caminhantes, até mesmo os loucos, nele não errarão. Ali não haverá leão, nem animal
feroz subirá por ele, nem se achará nele; mas os redimidos andarão por ele. E os
resgatados do Senhor voltarão; e virão a Sião com júbilo, e alegria eterna haverá sobre
as suas cabeças; gozo e alegria alcançarão, e deles fugirá a tristeza e o gemido” (Is 35).

REGENERAÇÃO é a restauração de algo ao seu estado original.


Alguns supõem que o Milênio será a última dispensação, e que depois dele tudo
será queimado e destruído; mas o período do reinado de Cristo com os santos não
terminará num fracasso tão decepcionante. O fogo do juízo no fim do Milênio destruirá
somente aquilo que não puder ser redimido.
O reinado de Jesus será eterno, mas o milênio terminará. Por que Deus precisará
de mil anos?
Ele precisará de mil anos, da mesma forma como precisou de 40 anos para:
� Guiar Israel;
� Matar a velha geração. Dela tiraria a nova.
� Sustentar Israel até introduzi-la na terra santa.
Ele precisará de mil anos, da mesma maneira como atualmente precisa de um
tempo indeterminado de Graça a fim de introduzir a Igreja no Reino.

80
É devido a importância da sua natureza que esse tempo é chamado de MILÊNIO.
Não é correto dizer que “a dispensação do Reino será o Milênio”, porque o Reino não
terá fim. Uma dispensação acaba, o Reino é Eterno.
Este é o período chamado: DISPENSAÇÃO DA PLENITUDE DOS
TEMPOS.
Este é o tempo determinado por Deus para que tudo chegue a sua plenitude
proeminentemente em Jesus (Ef 1.10-14). Ë a época do principado (Is 9.6,7); da
consolação de Israel (Lc 2.35,38); da Restauração de Israel (At 1.6); da congregação de
todas as coisas em Cristo pela Redenção (Mt 19.28).

O SUMÁRIO DO MILÊNIO

1. COM RELAÇÃO A CRISTO. Cristo estará presente na Terra em pessoas e


se assentará sobre o trono de seu pai Davi. Reinará sobre toda a terra (Jr 25.5,6; Zc
14.9,16,17; Sl 72.6-11). O Seu Reino terá: Paz universal (Is 2.2-4; Sl 72.7), e Justiça
universal (Is 11.4,5; Jr 23.5,6). Reinará com um cetro de ferro (Sl 2.8,9; Ap 2.27;
19.15).
2. COM RELAÇÃO À IGREJA. A Igreja reinará com Cristo sobre o mundo
gentio (1 Co 6.2; Lc 19.16-19; Ap 20.4-6; 5.9,10; 2 Tm 2.12).
3. COM RELAÇÃO A ISRAEL. Israel deverá ser reunido (Ez 37.1-4; Is
11.10-13; Jr 16.14,15; 23.5-8; 30.6-11). Israel vai arrepender-se e ser convertido (Zc
12.10-13; Is 66.8; Jr 31.31-37; Ez 36.24-29; 37.1-14; Rm 11.25,26). Receberá o
Messias (Rm 11.15). Efraim e Judá vão ser reunidos (Ez 37.16-22; Os 1.11; Jr 3.18; Is
11.13). Será construído o Templo Milenar e restabelecido o culto (memorial). A Terra
de Israel será dividida entre as tribos (Ez 47,48), e Israel ficará de posse dessa terra para
sempre (Ez 34.28; 37.25). Israel irá evangelizar os gentios (Is 66.19; Zc 8.13,20-23).
4. COM RELAÇÃO ÀS NAÇÕES. As que restarem da Guerra do Armagedom
(Zc 14.16; Ez 36.36) e dos juízos do Dia do Senhor na Grande Tribulação entrarão no
Milênio e serão julgadas pelo Senhor durante todo esse período. Muitas pessoas
nascerão durante o Milênio (Zc 8.4-6; Jr 30.20; Is 65.20; Mq 4.1-5), e terão que ser
evangelizadas pelos judeus (At 15.16,17; Is 69.19; Zc 8.13,20-23).
5. COM RELAÇÃO A SATANÁS. Logo no início do Milênio Satanás será
amarrado e lançado no abismo (dentro do Sheol) por mil anos (Ap 20.1-3: Is 14.15).
Será solto no final do Milênio para a última revolta contra o Cordeiro e finalmente será
lançado no Lago de Fogo para sempre (Ap 20.7-10).
6. COM RELAÇÃO À NATUREZA. Este é o tempo que Jesus chama de
“REGENERAÇÃO” (Mt 19.28). É o renascimento da criação. É a Redenção do
planeta Terra (Rm 8.19-22). Grandes mudanças topográficas ocorrerão (Zc 14.5,8,10;
Is 35; 55.13). A natureza dos animais ferozes será transformada (Is 11.5-9; 65.25; Ez
34.25; Is 35.9). A chuva e a fertilidade do solo serão restauradas (Jl 2.22-27; Is
35.2,6,7; Ez 34.26,27); colheitas fracassadas ocorrerão somente para aqueles que
deixarem de ir adorar em Jerusalém (Zc 14.17-19). A vida humana será prolongada,
mas haverá morte durante este período (Is 65.20). Haverá poucas doenças com a
diminuição do pecado. As folhas das árvores que nascerão por causa do rio que sai do
limiar do Templo Milenar servirão para a cura das nações.
81
7. A TERRA SE ENCHERÁ DO CONHECIMENTO DO SENHOR (Is
11.9; Hc 2.14).
8. NO FIM DO MILÊNIO. Jesus entregará o seu Reino ao Pai (1 Co 15.28).
9. CONCLUSÃO. O Milênio será encerrado com a rebelião de Satanás e o
triunfo de Deus sobre ele; acolhida das ovelhas ao Reino do Pai (A Nova Terra). Logo
após o Milênio, a ressurreição dos mortos ímpios e o Grande Julgamento do Trono
Branco e a posterior passagem ao Estado Eterno do Reino; o lançamento de Satanás e
dos ímpios no Lago de Fogo (GEENA).

82
11

A CRIAÇÃO DO NOVO CÉU E DA NOVA TERRA

Após o término da regeneração do céu e da terra atuais no fim do milênio, João


declarará: e vi um novo céu e uma nova terra (Is 65.17; 66.22; 2 Pe 3.13; Ap 21.1). Por
meio de um ato regenerador, Deus faz surgir um novo céu e uma nova terra. Como
Deus criou os céus e a terra atuais para serem o cenário da sua demonstração teocrática,
assim também criará o novo céu e a nova terra para serem o cenário do reino teocrático
eterno. A Regeneração consiste do processo de restaurar, ao seu estado original, algo
que sofreu um processo de Degeneração.

A Nova Criação88

Diversas são as passagens das Escrituras que nos chamam a atenção para eles (Ap
21.1,2; Is 65.17; 66.22; 2 Pe 3.10-13). São chamados novos, mas isto não quer dizer
que sejam “novos” no sentido absoluto da palavra, pois a Terra permanecerá para
sempre (Ec 1.4; S1 104.5; 119.90; J1 3.20; Is 60.21; Am 9.15; Mt 5.5; Gn 9.12-16; Is
45.17,18; 35.1,2,7,10). Nas passagens que falam que a Terra e os céus passarão (Mt
5.18,24,34,35; Mc 13.30,31; Lc 16.17,21,23; 2 Pe 3.10; Ap 21.1), a palavra original
nunca é uma que indique o término da existência, mas, sim, parerkhomai -
pare/rxomai, um verbo de significado muito amplo e geral, tal como “ir ou vir” a uma
pessoa, um lugar, ou a um ponto; “passar”, como uma pessoa por um banho, ou um
navio pelo mar, passar de um lugar ou condição para outro, chegar a passar através de,
ir para de um a outro de, apresentar-se como quando se quer falar ou servir. Quanto ao
tempo, significa ir até o passado, como um acontecimento, ou um estado de coisas que
já aconteceu antes, dando lugar a outros eventos e a outro estado de coisas. A idéia
principal é a de transição, não de aniquilação.
Nem o céu nem a Terra serão aniquilados. Durante o Milênio, eles serão
“regenerados” (Mt 19.28) e no Estado Eterno - Reino Eterno, serão “santificados” (2 Pe
3.10-13).
“Esta Terra que tem sido consagrada pela ‘presença do Filho de Deus’, onde foi
feito o sacrifício mais custoso que jamais houve, no Calvário, a fim de redimir uma
raça perdida, e para a qual Deus tem reservado um grande futuro, é um lugar por
demais sagrado para ser extinta ou deixada de existir, porquanto é o planeta mais
querido na mente de Deus, dentre toda a Sua vastíssima criação” (Clarence H. Larkin).
As alianças de Israel garantem ao povo uma terra, uma existência nacional, um
reino, um Rei e bênçãos espirituais eternas. Logo, deve haver uma terra eterna, na qual
as bênçãos possam ser cumpridas. Israel habitará ali por mil anos e desfrutará para
sempre o que Deus lhes prometeu. Então será eternamente verdadeiro: “Eis o
tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus
e Deus mesmo estará com eles” (Ap 21.3). A criação do novo céu e da nova terra é o

88
THIESSEN, H. C. Palestras em Teologia Sistemática. 1ª ed. São Paulo: Imprensa Batista Regular, 1987, p. 373.
83
ato preparatório final que antecipa o reino eterno de Deus. Agora é verdade que Deus
tem um reino no qual “habita justiça” (2 Pe 3.13).
Com relação ao destino eterno dos santos da igreja, devemos observar que está
relacionado principalmente a uma Pessoa e não a um lugar. Embora o lugar apareça
com importância (Jo 14.3), é encoberto pela Pessoa a cuja presença o crente é
transportado.
E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo,
para que, onde eu estou, estejais vós também (Jo 14.3).
Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, vós também sereis
manifestados com ele, em glória (Cl 3.4).
Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do
arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo
ressuscitarão primeiro; depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados
juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e, assim,
estaremos para sempre com o Senhor (lTs 4.16,17).
Amados, agora, somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que
haveremos de ser. Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele,
porque haveremos de vê-lo como ele é (l Jo 3.2) [grifo do autor].
O que se realça em todas as passagens que tratam da esperança gloriosa da igreja
é a Pessoa, não o lugar, a que ela é levada.
Já se demonstrou a partir de passagens como Apocalipse 21.3 que o Senhor Jesus
Cristo habitará com os homens na nova terra no reino eterno [o céu será aqui!]. Já que
as Escrituras revelam que a igreja estará com Cristo, conclui-se que a morada eterna da
igreja também será na cidade celestial, Nova Jerusalém, preparada especialmente por
Deus para os santos [e a Nova Terra será para os gentios]. Tal relacionamento seria a
resposta da oração do Senhor aos que Deus Lhe concedeu: “Pai, a minha vontade é que
onde eu estou, estejam também comigo os que me deste, para que vejam a minha glória
que me conferiste” (Jo 17.24). Já que a glória eterna de Cristo será manifestada no
reino eterno, no Seu governo eterno, é natural que a igreja esteja presente para
contemplar a glorificação de Cristo para sempre.

84
12

ESQUENELOGIA
OS TABERNÁCULOS REDENTORES

O PROPÓSITO DO TABERNÁCULO:
“E me farão um santuário, e habitarei no meio deles” (Ex 25.8).
O propósito de Deus sempre foi e sempre será, habitar no meio do seu povo:
“Este será o holocausto contínuo por vossas gerações, à porta da tenda da
congregação, perante o SENHOR, onde vos encontrarei para falar contigo ali. E ali
virei aos filhos de Israel para que por minha glória sejam santificados” (Ex 29.42,43);
“E, quando Moisés entrava na tenda da congregação para falar com o SENHOR,
então, ouvia a voz que lhe falava de cima do propiciatório, que está sobre a arca do
Testemunho entre os dois querubins; assim com ele falava” (Nm 7.89);
“E, quando Moisés entrava na tenda da congregação para falar com o SENHOR,
então, ouvia a voz que lhe falava de cima do propiciatório, que está sobre a arca do
Testemunho entre os dois querubins; assim com ele falava” (Hb 8.2);
“Ouvi a grande voz do céu, que dizia: Eis aqui o tabernáculo de Deus com os
homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com
eles e será o seu Deus” (Ap 21.3).
Existem algumas passagens das Escrituras que despertam grande divergência de
opinião entre pré-milenaristas dispensacionalistas, como Apocalipse de 21.9 a 22.7.
Alguns veem essa passagem como uma descrição do estado eterno, enquanto outros a
consideram uma descrição do milênio. Alguns interpretam a cidade como uma
referência à igreja em relação a Cristo, enquanto outros a julgam uma referência a Israel
na sua relação com Cristo. Alguns a interpretam como uma cidade literal e outros como
uma representação simbólica. Muitas e variadas são as interpretações dadas a essa
passagem das Escrituras.

É evidente que não existe e jamais existirá um lugar ou santuário que seja a
morada completa do Deus Todo Poderoso, Ele é Onipresente, mas a manifestação da
sua presença é destinada somente aos seus filhos. No inferno, Deus também está,
todavia os ímpios não podem usufruir as benesses dos filhos.
O primeiro tabernáculo (o de Moisés) foi construído tendo como planta
(arquétipo) o celestial:
“Conforme tudo o que eu te mostrar para modelo do tabernáculo e para modelo
de todos os seus móveis, assim mesmo o fareis” Ex 25.9);
“Atenta, pois, que o faças conforme o seu modelo, que te foi mostrado no monte”
(Ex 25.40);
“Os quais servem de exemplar e sombra das coisas celestiais, como Moisés
divinamente foi avisado, estando já para acabar o tabernáculo; porque foi dito: Olha,
faze tudo conforme o modelo que, no monte, se te mostrou” (Hb 8.5).
Quando o tabernáculo de Moisés foi inaugurado a glória do Senhor encheu o
santuário:

85
“Então, a nuvem cobriu a tenda da congregação, e a glória do SENHOR encheu o
tabernáculo, de maneira que Moisés não podia entrar na tenda da congregação,
porquanto a nuvem ficava sobre ela, e a glória do SENHOR enchia o tabernáculo”.
Quando, pois, a nuvem se levantava de sobre o tabernáculo, então, os filhos de
Israel caminhavam em todas as suas jornadas. Se a nuvem, porém, não se levantava,
não caminhavam até ao dia em que ela se levantava; porquanto a nuvem do SENHOR
estava de dia sobre o tabernáculo, e o fogo estava de noite sobre ele, perante os olhos
de toda a casa de Israel, em todas as suas jornadas” (Ex 40.34-38). Agora a Presença do
Deus Todo Poderoso estava ali. Deus sempre quer habitar no meio do seu povo.
Mais tarde quando Salomão edificou um templo a IAHWEH, também a glória do
Senhor encheu todo o lugar:
“Tendo os sacerdotes saído do santuário, uma nuvem encheu a Casa do
SENHOR, de tal sorte que os sacerdotes não puderam permanecer ali, para ministrar,
por causa da nuvem, porque a glória do SENHOR enchera a Casa do SENHOR” (1Rs
8.10);
“Tendo Salomão acabado de orar, desceu fogo do céu e consumiu o holocausto e
os sacrifícios; e a glória do SENHOR encheu a casa. Os sacerdotes não podiam entrar
na Casa do SENHOR, porque a glória do SENHOR tinha enchido a Casa do SENHOR”
(2 Cr 7.1,2).
O templo foi destruído pelo general Tito no ano 70 da nossa era e até hoje Israel
não pode oferecer holocaustos ao Seu Deus, mas há uma promessa nas Escrituras que
terá de se cumprir:
“Farei com eles aliança de paz; será aliança perpétua. Estabelecê-los-ei, e os
multiplicarei, e porei o meu santuário no meio deles, para sempre. O meu
tabernáculo estará com eles; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. As
nações saberão que eu sou o SENHOR que santifico a Israel, quando o meu
santuário estiver para sempre no meio deles” (Ez 37.26-28).
O verbo habitar em grego é SKENOO (σκηνόω� que tradicionalmente
traduzimos por tabernacular ou habitar, tabernáculo é SKENE - skhnh/ e vem do
mesmo verbo habitar.
Após o segundo advento do Messias, Cristo reedificará o tabernáculo de Davi:
“Depois disto, voltarei e reedificarei o tabernáculo de Davi, que está caído;
levantá-lo-ei das suas ruínas e tornarei a edificá-lo. Para que o resto dos homens busque
ao Senhor, e também todos os gentios sobre os quais o meu nome é invocado, diz o
Senhor, que faz todas estas coisas que são conhecidas desde toda a eternidade” (At
15.16,17; Am 9.11-15).
Durante todo o livro de Apocalipse observamos que João vê um tabernáculo
celestial e um santuário no seu interior (Ap 3.12; 7.15; 11.19; 14.15,17; 15.5-8;
16.1,17).
Onde está o tabernáculo Celestial?
“Mas a Jerusalém que é de cima é livre, a qual é mãe de todos nós” (Gl 4.26);
“Mas chegastes ao monte Sião, e à cidade do Deus vivo, à Jerusalém celestial, e
aos muitos milhares de anjos” (Hb 12.22);
“Porque esperava a cidade que tem fundamentos, da qual o artífice e construtor é
Deus” (Hb 11.19).
86
Quando a Nova Jerusalém descer do céu da parte de Deus ouvir-se-á uma grande
voz vinda do trono dizendo:
“Então, ouvi grande voz vinda do trono, dizendo: Eis o tabernáculo de Deus com
os homens. Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará
com eles” (Ap 21.3).
A existência das nações na eternidade. Ao defender a posição de que toda essa
passagem descreve a eternidade, Newell escreve amplamente sobre a interpretação das
“nações” em Apocalipse 21.24-26. Ele afirma:
No capítulo 21.3, em que lemos que o tabernáculo de Deus finalmente está entre
os homens, também lemos que “eles serão povos de Deus” (grego: λαοί - laoi). É
incrível ver homens esclarecidos traduzindo o plural laoi, quase deliberadamente, como
se fosse laos [...] A Versão Revista [em inglês] [...] traduz verdadeira e claramente
“Eles serão povos de Deus”, e assim nos prepara para evitar a suposição impossível de
que 21.9 a 22.5 seja uma passagem que reverte a cenários milenares.
Sabemos com certeza que pelo menos uma nação e uma descendência, ISRAEL,
terá o direito de estar na terra [...] Isaías 66.22 [...] Deus diz que “a descendência e o
nome” de Israel permanecerão nos céus e na terra, isto é, nessa nova ordem que
começa em Apocalipse 21.1 [...].
A Nova Jerusalém é o próprio Tabernáculo Celestial e o Cordeiro e o Pai são o
Santuário.
Ela flutuará sobre a Jerusalém terrestre e servirá de sombra:
“Criará o SENHOR sobre toda a habitação do monte de Sião e sobre as suas
congregações uma nuvem de dia, e uma fumaça, e um resplendor de fogo chamejante
de noite; porque sobre toda a glória haverá proteção”.
“E haverá um tabernáculo para sombra contra o calor do dia, e para refúgio e
esconderijo contra a tempestade e contra a chuva” (Is 4.5,6 ERC).
A posição da cidade em Apocalipse 21.10. Em Apocalipse 21.10 a Nova
Jerusalém está suspensa acima da terra. Com base nisso argumenta-se que não poderia
tratar-se de um cenário milenar, pois no milênio o Senhor retornará à terra e Seus pés
estarão sobre o monte das Oliveiras (Zc 14.4). O Senhor, afirma-se, reinará da
Jerusalém terrena [no Milênio], não da Jerusalém celestial. Como essa cidade não está
na terra, não pode ser milenar, pois obviamente é o centro da habitação do Cordeiro.
As características da cidade são eternas, não milenares. Defensores da idéia de
que essa passagem se refere ao estado eterno indicam várias descrições que atribuem a
ela caráter eterno. A cidade contém a “glória de Deus”. Os incrédulos não poderiam
suportar essa glória, mas seriam derrubados, como aconteceu com Paulo (At 9.3). Ela
não possui templo (v. 22), e é claramente previsto em Ezequiel 40-48 que haverá um
templo na terra milenar. Não há noite ali (v. 25), e haverá dia e noite no milênio (Is
30.26; 60.19,20). O trono de Deus está ali (22.3). Lá não existe maldição (22.3), o que
significa que os efeitos da queda terão sido eliminados. Todos os que estão ali são
salvos (21.27) e então devem estar na eternidade, já que nascerão incrédulos durante o
milênio. Não há mais morte (21.4) e, já que indivíduos morrerão durante o milênio (Is
65.20), ela deve referir-se ao estado eterno.
Israel é a nação eleita de Deus — eleita não para o passado, nem mesmo por todo
87
o milênio, mas para sempre. Porém, se Israel é a nação eleita, pressupõe-se a existência
de outras nações!...
Mas o fato de que essa existência nacional não cessará é demonstrado claramente
pelo versículo 20 [de Sofonias 3]: “Naquele tempo, eu vos farei voltar e vos recolherei;
certamente, farei de vós um nome e um louvor entre todos os povos (plural!) da terra”.
Sobre esse argumento da existência eterna de Israel como nação e a continuidade
de outras nações, Kelly escreve:
... Em Isaías 65 um novo céu e uma nova terra foram anunciados: mas de
maneira muito diferente! Ali a linguagem deve ser considerada num sentido muito
restrito [...] é dito sobre o Senhor: “Ele reinará sobre a casa de Jacó para sempre, e o
reino não terá fim”. Essa é uma esperança do Antigo Testamento, apesar de
mencionada no Novo Testamento, e significa, logicamente, que Ele reinará sobre a casa
de Jacó enquanto ela existir como tal na terra. Israel sempre será vista como nação, os
israelitas serão abençoados, sem dúvida, de maneira diferente e melhor; haverá reinado
de Cristo sobre eles como um povo terreno no milênio; todavia, Cristo continuará
reinando sobre eles por toda a eternidade.
Maior apoio à posição de Newell seria encontrado em Mateus 25.34, em que
gentios salvos herdarão um reino preparado para eles desde a fundação do mundo [a
Nova Terra]. Já que eles herdam a vida (Mt 25.46), deve ser a vida eterna [Os Gentios
comerão das folhas da árvore da vida – Ap 22.2, isto após o Milênio]. Isso indicaria que
os indivíduos serão salvos, terão vida eterna e ainda serão distintos de Israel [e também
distintos da Igreja].
Tais são os principais argumentos usados por aqueles que procuram apoiar a
opinião de que essa passagem representa eras eternas, e não a era milenar. Observamos
que homens de respeito apresentaram fortes argumentos que, por sua vez, foram
contestados por homens igualmente respeitáveis de diferente opinião. A luz desses
argumentos e contraposições, existe solução para o problema? O exame de algumas das
afirmações relativas à nova Jerusalém nos ajudará a chegar a uma conclusão.

A nova terra é o cenário da meta final da redenção. Em Ap 5 vimos o Cordeiro, o


Leão da tribo de Judá, rasgando os selos da Escritura da redenção da terra, agora (Ap
21) vemos a concretização da mesma, a Nova Jerusalém descendo: “Agora o
tabernáculo de Deus está com os homens, com os quais ele viverá. Eles serão os seus
povos (no grego está no plural - λαοί - laoí); o próprio Deus estará com eles e será o seu
Deus” (Ap 21.3).
“Paulo estabelece uma regra para identificar o povo de Deus: não é a circuncisão
ou incircuncisão que importa, mas uma nova criação (Gl 6.15). A circuncisão agora não
significa absolutamente nada em termos da identidade do povo de Deus. A não
circuncisão também não significa mais nada em relação a essa identidade. A única coisa
que pode provar que uma pessoa faz parte do povo de Deus é a experiência de uma
nova criação por meio de sua graça”.89

89
ROBERTSON, O. Palmer. Op. Cit., p.47.
88
O propósito eterno de Deus se cumprirá, Ele colocará o seu tabernáculo no meio
dos homens, isto é, Ele habitará no meio deles.
O Reverendo Aldery Nelson da Rocha visualiza um Tabernáculo gigante, onde a
Nova Jerusalém é o Santo dos Santos, a Jerusalém terrestre é o Lugar Santo e a Terra é
o Pátio.
“... existe outra Jerusalém, uma Jerusalém que é de cima, da qual o Filho de Deus
entronado envia o seu Espírito. Sem essa Jerusalém, nenhum de nós teria uma mãe para
nos levar ao Reino da obra redentora de Deus, pois ela é a ‘mãe de todos nós’ (Gl 4.26;
ARC). Somente os que nasceram do alto, pelo Espírito, podem afirmar ter um lugar no
Reino de Deus”.90
O Dr. Daniel Juster afirma: “Os rituais do Templo fornecem-nos um quadro da
redenção humana, da natureza e do universo. Israel é a terra santa no meio da Terra.
Jerusalém é a cidade santa em Israel. O Monte Sião é o lugar santo de Sião. O Santo
dos Santos é o lugar mais santo do Templo. Isto é uma sombra do dia em que toda a
terra será uma terra santa, e cada indivíduo será um Templo do Espírito Santo”.91
Deus sempre quis habitar com os homens, antes que o seu propósito final se
realize Ele pode hoje habitar no seu espírito humano, no seu coração, basta tão
somente recebê-lo como Salvador pessoal em sua vida.
“Já a criação no princípio foi entendida como ‘templo de Deus’, como o dizem
os salmos da natureza. Céu e terra são o seu lar, em que Deus quer morar e encontrar
descanso. Depois da origem e da base, fica expresso com isso também o alvo da
criação: é o eterno sábado de Deus. Este é descrito nos livros apocalípticos como
aquela nova criação em cujo centro se encontra a ‘Jerusalém Celestial’ como o
templo cósmico capaz de acolher a glória de Deus de forma desvelada, de modo que
o Criador pode morar em sua criação e encontrar descanso nela e todas as criaturas
encontram sua felicidade em sua imensa plenitude”.92
A Redenção de Adonai colocará todos os elementos do Reino [Israel, Igreja e
gentios] no Reino Eterno.
A Igreja habitará e reinará lá da Nova Jerusalém, sobre os judeus e gentios.
Israel terá a primazia sobre os Gentios. Judeus serão súditos de Cristo e da
Igreja, porém terão autoridade sobre as nações.
Os gentios serão súditos de Israel e da Igreja.
O Pai será tudo sobre todos e em todos. O Messias será Rei sobre toda a Terra.
Davi ressurreto será Príncipe de Jesus, governará sobre Israel.
Os doze discípulos serão príncipes de Davi governando sobre Israel (as doze
tribos) – Mt 19.28.
Witness Lee faz uma distinção interessante entre os povos de Deus (os súditos)
e os governantes (a trindade e a Igreja):

90
ROBERTSON, O. Palmer. Op. Cit., p.39.
91
JUSTER, Dr. Daniel. Op. Cit., p.29.
92
MOLTMAN, Jurgen. O Caminho de Jesus Cristo. Petrópolis: Editora Vozes, p. 386.
89
Os Povos de Deus 93

No Novo Céu e Nova Terra existem duas categorias de pessoas. Uma são os
muitos filhos e a outra são os povos. Quando estivermos na Nova Jerusalém, seremos
os filhos de Deus, não os povos de Deus.
Na Inglaterra há uma família real. Eles não são “o povo”, mas os que reinam.
Santos, vocês já consideraram que não estão entre o povo comum? Vocês são da
família real. João nos diz em Apocalipse 1.6 que Cristo tem-nos feito “um reino,
sacerdotes para seu Deus e Pai”. Somos os filhos do Deus Todo-poderoso, que é o Rei
dos reis. Isso nos faz membros, familiares da família real. Não somos somente filhos de
Deus mas também membros da família real.
Quando a Nova Jerusalém descer do céu os filhos de Deus (a Igreja) adentrarão
para sua morada definitiva, a Chupah Celestial, no entanto uma voz é ouvida do céu: “E
ouvi uma grande voz, vinda do trono, que dizia: Eis que o tabernáculo de Deus está
com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e Deus mesmo estará
com eles”. Os homens aqui na terra são as nações, são os súditos.
Em Apocalipse 21.3 se diz: “Eles serão povos de Deus.” Então em 21.7 se diz:
“O vencedor... me será filho”. Em 21.24 estão “as nações”. As nações andarão
mediante a luz da cidade santa. Nós, os filhos, a família real, somos a cidade santa. Para
Deus, então, Seus Filhos são uma categoria e Seus povos é outra.
No Novo Céu e Nova Terra não seremos os povos, as nações, mas os filhos. Os
filhos de Deus em Apocalipse 21.6,7 são aqueles que nasceram de Deus por meio da
regeneração (Jo 1.12, 13; 1 Pe 1.3, 4, 23; Tg 1.18). Eles estão edificados juntos por
meio da transformação (1 Co 3.9-12a; Ef 2.20-22; 1 Pe 2.4-6; 2 Co 3.18; Rm 12.2; Ef
4.23, 24). Eles serão glorificados em plena conformação para serem uma expressão
coletiva do Deus Triúno (Rm 8.29, 30; Hb 2.10; Ap 21.1). As nações do lado de fora da
Nova Jerusalém não são de nascidos de novo, transformados ou glorificados. Somos
diferentes das nações.
Os povos de Deus em Apocalipse 21 são as ovelhas, o trigo, descritos em Mateus
13.24-30,36-43; 25.31-46. O Senhor Jesus se sentará em Seu trono de glória em
Jerusalém e reunirá todos os diversos povos vivos das nações para Ele. Eles serão
classificados como ovelhas e bodes e Ele os julgará. Os bodes, que estão à Sua
esquerda, irão diretamente para o lago de fogo [no fim do Milênio]. As ovelhas, à Sua
direita, herdarão a Nova Terra, que Deus preparou para eles desde a fundação do
mundo. Fomos predestinados para a filiação antes da fundação do mundo, mas a Nova
Terra foi preparada por Deus para essas ovelhas desde a fundação. Ele separará os
bodes das ovelhas. Muitos seguirão o diabo na guerra Gogue e Magogue [no fim do
Milênio]. Cristo fará o Seu julgamento adequadamente, Ele separará os bodes das
ovelhas; o joio do trigo.
As ovelhas serão transferidas para a Nova Terra para serem os povos de Deus, e
os santos vencedores (a Igreja) serão os reis sobre eles. As ovelhas serão restauradas ao
estado original do homem quando criado por Deus e serão os cidadãos do reino eterno,
desfrutando a bênção da restauração (At 3.21). A Restauração segue a Regeneração [Mt
93
LEE, Witness. A REVELAÇÃO BÁSICA NAS ESCRITURAS SAGRADAS. 2ª ed. São Paulo: Editora Árvore da Vida,
1992, p. 100,101.
90
19.28 – Milênio]. Ser regenerado é ser nascido de novo com uma outra vida, a vida de
Deus, mas ser restaurado é ser trazido de volta ao estado original da criação de Deus.
No final do reino milenar, Satanás, depois de ser libertado, instigará a última
rebelião contra Deus (Ap 20.7-9). Os bodes, o joio, se unirão à rebelião de Satanás e
serão queimados com o fogo do céu. As ovelhas serão transferidas para a Nova Terra
para serem as nações justas (Ap 21.24). Deus “tabernaculará” com eles, os povos (Ap
21.3). Eles serão governados pelos filhos de Deus como reis (Ap 22.5). Para eles não
haverá mais morte, mágoas, choro, dor ou maldição (Ap 21.4; 22.3a). Eles serão
sustentados eternamente pelas folhas da árvore da vida (Ap 22.2). Nós comeremos do
fruto, mas as nações desfrutarão das folhas. Eles andarão através da luz da cidade santa
(Ap 21.24a). Com os seus reis trarão a glória e honra deles para a cidade. Eles
respeitarão a cidade e a considerarão como superior.
Os santos de todas as dispensações que foram redimidos serão os renascidos, os
filhos de Deus, pertencendo à família real. Eles serão reis na eternidade (1 Pe 2.9; Ap
2.26; 5.10). O remanescente gentio [as ovelhas, o trigo] restaurado dos habitantes do
Milênio serão os povos de Deus, andando na luz da cidade e governados pelos santos
[No Estado Eterno]. Outra categoria de pessoas são os que pereceram [os bodes, o joio,
os peixes ruins]. Os incrédulos que pereceram estarão no lago de fogo (21.8). Isso nos
dá uma visão geral do Novo Céu e Nova Terra.

91
13

A Chupah (‫ ) ֻחפָה‬- A CASA DA REDENÇÃO 94

Isaías 4.1-6: “1 Sete mulheres naquele dia [O Dia do Senhor] lançarão mão dum
só homem, dizendo: Nós comeremos do nosso pão, e nos vestiremos de nossos
vestidos; tão somente queremos ser chamadas pelo teu nome; tira o nosso opróbrio. 95 2
Naquele dia o renovo96 do Senhor [Jesus] será cheio de beleza e de glória, e o fruto da
terra excelente e formoso para os que escaparem de Israel.97 3 E será que aquele que
ficar em Sião e permanecer em Jerusalém, será chamado santo, isto é, todo aquele que
estiver inscrito entre os vivos em Jerusalém; 4 Quando o Senhor tiver lavado a
imundícia das filhas de Sião, e tiver limpado o sangue de Jerusalém do meio dela com o
espírito de justiça, e com o espírito de ardor. 5 E criará [Após o Milênio] o Senhor
sobre toda a extensão do monte Sião, e sobre as assembléias dela, uma nuvem de dia, e
uma fumaça, e um resplendor de fogo flamejante de noite; porque sobre toda a glória se
estenderá um dossel (‫ = ֻחפָה‬chupah).98 6 E haverá um tabernáculo (‫ = ֻסכָּה‬sukah =
cabana)99 para sombra contra o calor do dia; e para refúgio e esconderijo contra a
tempestade e a chuva. 6 E haverá um tabernáculo (‫ = ֻסכָּה‬sukah = cabana)100 para
sombra contra o calor do dia; e para refúgio e esconderijo contra a tempestade e a
chuva” (Almeida Revisada Imprensa Bíblica).

Chupah (‫ ) ֻחפָה‬101
“A chupah, ou pálio nupcial, simboliza a casa. O noivo santifica a noiva com o
anel para simbolizar que daquele momento em diante ela governará em seu lar, e tudo o
que ele possui será também dela, que poderá administrar seus bens conforme entender,
à semelhança do rei que entrega o anel á pessoa que designa para administrar o
Estado”. A noiva – a Igreja do Senhor Jesus governará junto com o noivo, o Messias de
Israel.
Dossel, a Chupah (‫) ֻחפָה‬. A segunda parte da cerimônia de casamento na Israel
antiga era chamada de Nisuin ou Chupah. A Noiva (a Igreja) estará nas Bodas do

94
ROTMAN, Flávio. REDENÇÃO - OS JUDEUS SÃO UM POVO, UMA NAÇÃO. 1ª ed. Belo Horizonte, MG: Editora
Leitura, 2008, p. 242.
95
Expressa a falta de homens após a Grande tribulação e batalha do Armagedom (Is 3.25,26; Zc 13.8-14).
96
O Renovo do Senhor. Esse título, que se refere ao Messias, também é usado em Jr 23.5; 33.15; Zc 3.8; 6.12. Em meio a
essa advertência de julgamento, Isaías revela uma promessa de esperança na vinda do Messias. Ele prevê o Reino Milenar,
quando mais uma vez haverá uma nuvem de glória à frente deles de dia e uma coluna de fogo de noite à noite.
97
A regeneração (Mt 19.28) da terra durante o Milênio. É o renascimento da criação. É a Redenção do planeta Terra (Rm
8.19-22). Grandes mudanças topográficas ocorrerão (Zc 14.5,8,10; Is 35; 55.13). A natureza dos animais ferozes será
transformada (Is 11.5-9; 65.25; Ez 34.25; Is 35.9). A chuva e a fertilidade do solo serão restauradas (Jl 2.22-27; Is
35.2,6,7; Ez 34.26,27); colheitas fracassadas ocorrerão somente para aqueles que deixarem de ir adorar em Jerusalém (Zc
14.17-19).
98
Dossel. ����� hupah. Dossel era normalmente um pano quadrado de seda ou cetim, suportado por quatro estacas
carregadas por quatro homens. Simbolizava o novo lar, para o qual o noivo trazia a sua noiva. Este huppah é a Nova
Jerusalém que receberá a Noiva (a Igreja) e depois este huppah descerá sobre a Jerusalém terrestre.
99
Tabernáculo. Ez 37.26,27; Ap 21.3. A Nova Jerusalém é este tabernáculo, que estará sobre a Jerusalém terrena e servirá
de guarda-chuva e guarda-sol para Israel. A Nova Jerusalém é uma huppah de 2.500 Km de comprimento, largura e altura.
100
Tabernáculo. Ez 37.26,27; Ap 21.3. A Nova Jerusalém é este tabernáculo, que estará sobre a Jerusalém terrena e servirá
de guarda-chuva e guarda-sol para Israel. A Nova Jerusalém é uma huppah de 2.500 Km de comprimento, largura e altura.
101
ROTMAN, Flávio. Op. Cit., p. 242.
92
Cordeiro e não na Grande Tribulação. Israel, sim, estará debaixo da Ira, a última
semana das Setenta Semanas de Daniel. O livramento dos três jovens na fornalha
representa a Nação de Israel que será salva na Grande Tribulação (Daniel 3).
Dossel, Chupah em hebraico, designa tanto a cerimônia de casamento, como
também o baldaquim nupcial de onde se podia ver por sobre a noiva. O significado
original de chupah é recinto ou cobertura. Em tempos antigos, a chupah era um quarto
especial, construído na casa do pai do noivo (Sl 19.6; Jl 2.16; Jo 14.2,3). Nisuin vem do
verbo nasah que significa levantar ou carregar. A noiva era levantada para dentro da
liteira e conduzida assim para o noivo que já estava esperando. O noivo chegava
sempre antes na chupah, para poder dar boas-vindas a ela naquele lugar (Jo 14.1-3) que
ele tinha preparado para ela. Os convidados festejariam durante uma semana. O período
de sete dias era chamado também de a “Semana da Noiva”. Esta semana é mencionada
na história de Jacó, Lea e Raquel em Gn 29.26: 26 Respondeu Labão: “Não se faz
assim em nossa terra; não se dá a menor antes da primogênita. Cumpre a semana desta;
então te daremos também a outra, pelo trabalho de outros sete anos que ainda me
servirás”. 102

A Chupah, Dossel (Is 4.5) era normalmente um pano quadrado de seda ou cetim,
suportado por quatro estacas carregadas por quatro homens. Ele simbolizava o novo lar,
para o qual o noivo levava a sua noiva. Como casa simbólica, aberta nos quatro lados, a
chupah representava o lar judeu, pleno de hesed,103 de obras de amor, incluídos a
hospitalidade diante de estranhos. Por isso estava toda aberta.

O paralelo espiritual para a chupah começa para a Noiva do Messias, quando


seremos elevados (arrebatamento) da terra e trazidos ao nosso quarto nupcial celeste.
Passaremos uma semana (sete anos) com o nosso Noivo/Rei e seremos um (echad) com
Ele. Naquele dia seremos como o Noivo: “Amados, agora somos filhos de Deus, e
ainda não é manifesto o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se
manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é, o veremos”.

No seu livro “Aqui vem a Noiva”, Richard Booker sugeriu o pensamento, que a
Nova Jerusalém é o quarto nupcial que o nosso Noivo prepara para nós. É uma chupah
eterna, que um dia virá dos céus junto conosco (Ap 21.9,10). Que pensamento sublime!
Imagine um quarto nupcial que é uma cidade de 2.500 Km de comprimento, largura e
altura.

A Noiva de Yeshua reinará com Ele durante o assim chamado reinado de Mil
anos. No fim da Grande Tribulação, na batalha do Armagedom, Jesus e a Igreja descem

102
LASH, Jamie. As Núpcias Judaicas. 1ª ed. Goiás, Goiânia: Wordwidewings, 2003, p. 35,36.
103
Hesed. Não se pode traduzir nitidamente a palavra hesed. A tradução comum das versões em português é misericórdia,
bondade, benignidade, mas estas palavras todas são inadequadas para dar o pleno sentido do termo. A palavra relaciona-se
intimamente com o fator de Deus nas suas atividades providenciais na história de Israel. A Palavra significa o amor firme,
persistente, imutável, no cumprimento das promessas do seu concerto com Israel, mesmo quando o povo falhava e se
mostrava indigno. A palavra sempre acentua a: fidelidade de Deus para com o seu concerto com Israel. Os hasidim são os
piedosos, os fiéis, os santos que responderam com confiança ao amor fiel do Senhor. O hesed divino sempre buscava a
comunhão espiritual com Israel para criar nele o amor fiel a Deus. Assim se vê que é quase o equivalente da graça divina.
93
da Chupah, depois da Bodas do Cordeiro, para a implantação do reino Milenar. Após o
Milênio a Igreja e o Cordeiro sobem para a Nova Jerusalém e esta desce para a terra
ficando sobre a Jerusalém terrestre. A Noiva estará junto com o Messias debaixo de
uma coberta simbólica semelhante a uma chupah que será na realidade uma cabana
(sukah) ou tabernáculo. 104

Is 4.5,6: 5 E criará o Senhor sobre toda a extensão do monte Sião, e sobre as


assembléias dela, uma nuvem de dia, e uma fumaça, e um resplendor de fogo
flamejante de noite; porque sobre toda a glória se estenderá um dossel (‫= ֻחפָה‬
chupah).105 6 E haverá um tabernáculo (‫ = ֻסכָּה‬sukah = cabana)106 para sombra contra o
calor do dia; e para refúgio e esconderijo contra a tempestade e a chuva.

Quando a Noiva do Messias se encontrar com Yeshua (Jesus) nesse quarto


nupcial, o resto do mundo estará entregue às tribulações (A Grande Tribulação). Isaías
26.20,21 fala sobre este tempo: “Vem, povo meu, entra nas tuas câmaras, e fecha as
tuas portas sobre ti; esconde-te só por um momento, até que passe a indignação. Pois
eis que o Senhor está saindo do seu lugar para castigar os moradores da terra por causa
da sua iniqüidade; e a terra descobrirá o seu sangue, e não encobrirá mais os seus
mortos”. As Escrituras parecem indicar que a Noiva do Messias ficará reclusa com seu
Noivo, enquanto a ira [no Dia do Senhor] de Deus será derramada sobre a terra.107

104
LASH, Jamie. As Núpcias Judaicas. 1ª ed. Goiás, Goiânia: Wordwidewings, 2003, p. 32-37.
105
Dossel. ‫חָה‬
‫ � ֻפ‬hupah. Dossel era normalmente um pano quadrado de seda ou cetim, suportado por quatro estacas
carregadas por quatro homens. Simbolizava o novo lar, para o qual o noivo trazia a sua noiva. Esta huppah é a Nova
Jerusalém que receberá a Noiva (a Igreja) e depois esta huppah descerá sobre a Jerusalém terrestre.
106
Tabernáculo. Ez 37.26,27; Ap 21.3. A Nova Jerusalém é este tabernáculo, que estará sobre a Jerusalém terrena e servirá
de guarda-chuva e guarda-sol para Israel. Nova Jerusalém é uma huppah de 2.500 Km de comprimento, largura e altura.
107 107
LASH, Jamie. Op. Cit., 36.
94
14

EPÍTOME FINAL:
Quais as Características do Reino?
1ª) Iahweh, o Senhor, é o Rei Eterno (S1 10.16; 29.10; 74.12; Jr 10.10; Lm 5.19).
2ª) O Reino é Universal (l Cr 29.1 1,12; S1 103.19; Dn 2.21; 4.17,25,32,34; 5.21; Mt
17.1-21; Mc 9.2-13; Lc 19.28-36). A cena da transfiguração contém, em
miniatura, todos os elementos do futuro Reino em manifestação:
a) Moisés, na Glória, representa os remidos que passaram pela morte para o
Reino (1 Co 15.52; l Ts 4.14-16)
b) Elias, na Glória, representa os remidos que estarão no Reino pelo
Arrebatamento (l Co 15.50-53; l Ts 4.13-17).
c) Pedro, Tiago e João, não glorificados, representam Israel na carne no futuro
Reino (Ez 37.21-27).
d) A multidão ao pé da montanha (Mt 17.14) representa as nações gentias que
serão introduzidas no Reino Milenial, depois que for restabelecido o Reino de
Israel (Is 11.10-12; 60.4-12; 66.18-23; 2.24; Zc 14.9,16-19; Mq 4.1-3; Mt
25.31-46).
3ª) O que se manifestou no Reino?
a) Virtudes aceitáveis.
b) Oportunidades de herança eterna. A posse dessas virtudes do Reino devem ser
aceitas imediatamente neste Tempo da Graça. A herança dele depende de
nosso interesse por ele agora, por isso ele é anunciado antes com o fim
espiritual par a sua subseqüente Posse literal.
4ª) A Eternidade do Reino. O Reino permanece para sempre. Ele é desde os tempos
passados (Mt 25.34). Isaías diz-nos que o Reino é sem fim (Is 9.7). Segundo
Daniel, o Reino não passará (Dn 4.3,34; 6.26; 7.13,14; Lc 1.32,33; 2Pe l.11; Ap
11.15; Mq 4.7).
5ª) As Capitais do Reino (Ap 11.15; Is 4.2-6; Ap 21.22-25; Is 65.17; 66.22; 2Pe
3.10-13).
a) Nova Jerusalém, a capital celestial (Ap 21.9-21; 22.1-5; Is 65.17; Ap
21.24,25).
b) Jerusalém terrestre a capital terrena (Is 4.1-6; 60.1-12; 66.18-23; Jr 3.17; 33;
Ez 34.11-13; 36.24-38; Jl 3.21; Mq 4.1-3; Zc 8.20-23; Dt 28.13; Am 9.15; Zc
14.16-19).

Baruch Há Shem!
Bendito seja o Nome!

95
CONCLUSÃO

A Redenção é o âmago da Escatologia e de toda a Teologia Sistemática.


O Pré-milenismo era a doutrina da Igreja primitiva e do período patrístico. A
Bíblia se explica melhor através deste sistema teológico. E o tema Redenção é a Pedra
fundamental não só da Escatologia, mas de toda a Bíblia.
O Plano da Redenção se ajusta perfeitamente ao incremento da pregação
expositiva da Bíblia versículo por versículo.
O Plano da Redenção é holístico. Abrange todos os elementos do Reino de Deus:
Israel, Gentios e Igreja.
O Plano da Redenção é cósmico. Além de envolver os três elementos do Reino,
envolve a terra de Israel, o planeta Terra e todo o universo.
Cremos na Eleição Divina, tanto de judeus como de gentios; cremos numa
eleição específica dos eleitos, a Igreja, que governarão com Cristo no Milênio e
Eternidade. Cremos numa única economia divina, na qual Judeus, Gentios e Igreja
adentrarão no Estado Eterno.
O Calvinista John Piper comentando a Tulip (Os cinco pontos do Calvinismo)
nos fala do seu sétimo ponto (de John Piper):
O “sétimo ponto”, o melhor de todos os mundos possíveis, significa que Deus governa o curso
da história de forma que, no final das contas, sua glória será mais plenamente mostrada e seu
povo mais completamente satisfeito do que tivesse sido esse o caso em qualquer outro mundo.
Se olharmos apenas como elas são agora nesta presente era deste mundo caído, esse não é o
melhor de todos os mundos possíveis. Mas se olharmos para o curso completo da história – da
criação até a Redenção, a eternidade e além – e ver o plano de Deus como um todo, ele é o
melhor de todos os planos possíveis e leva à melhor de todas as eternidades possíveis. E,
portanto, este universo (e eventos que ocorrem desde a criação até a eternidade, tomados como
um todo) é o melhor de todos os mundos possíveis.

A Redenção atingirá o Cosmos: “E vi um novo céu e uma nova terra. Porque já se


foram o primeiro céu e a primeira terra, e o mar já não existe” (Ap 21.1).
A Redenção atingirá a terra: “E vi uma nova terra” (Ap 21.1).
A Redenção atingirá os Gentios: “No meio da sua praça, e de ambos os lados do
rio, estava a árvore da vida, que produz doze frutos, dando seu fruto de mês em mês; e
as folhas da árvore são para a cura das nações” (Ap 22.2).
A Redenção atingirá Israel: “Ainda habitarão na terra que dei a meu servo Jacó,
na qual habitaram vossos pais; nela habitarão, eles e seus filhos, e os filhos de seus
filhos, para sempre; e Davi, meu servo, será seu príncipe eternamente. Farei com eles
um pacto de paz, que será um pacto perpétuo. E os estabelecerei, e os multiplicarei, e
porei o meu santuário no meio deles para sempre. Meu tabernáculo permanecerá com
eles; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo” (Ez 37.25-27).
At 3.19-21: “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os
vossos pecados, de sorte que venham os tempos de refrigério, da presença do Senhor, e
envie ele o Cristo, que já dantes vos foi indicado, Jesus, ao qual convém que o céu
receba até os tempos da restauração de todas as coisas, das quais Deus falou pela boca
dos seus santos profetas, desde o princípio”.
96
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Biografia do autor
O pastor Antônio Carlos Gonçalves Bentes é capitão do Comando da
Aeronáutica, Doutor em Teologia pela American Pontifical Catholic University (EUA),
conferencista, filiado à ORMIBAN – Ordem dos Ministros Batistas Nacionais,
professor dos seminários batistas: STEB, SEBEMGE e Escola Teológica Koinonia e
também das instituições: Seminário Teológico Hosana, UNITHEO, Escola Bíblica
Central do Brasil e JAMI (Junta Administrativa de Missões da CBN) atuando nas áreas
de Teologia Sistemática, Teologia Contemporânea, Apologética, Escatologia,
Pneumatologia, Teologia Bíblica do Velho e Novo Testamento, Hermenêutica, e
Homilética. Reside atualmente em Lagoa Santa, Minas Gerais. Exerce o ministério
pastoral na Igreja Batista Getsêmani em Belo Horizonte - Minas Gerais. É casado com
a pastora Rute Guimarães de Andrade Bentes, tem três filhos: Joelma, Telma e Charles
Reuel, e duas netas: Eliza Bentes Zier e Anna Clara Bentes Rodrigues.

Pedidos ao Pr. A. Carlos G. Bentes


Tel. (031) 3681.4770; Cel. (031) 8661.4070; 9684.9869
E-mail: pastorbentesgoel@gmail.com

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