Você está na página 1de 19

AULA 04

A santificação do Romanos
salvo pela fé

Prof. Vinicius Couto


Introdução
▪ Na última aula comentamos sobre a justificação pela graça
mediante a fé e sua abrangência a circuncisos e incircuncisos.
▪ Depois de deixar claro que a justificação se dá pelos méritos
expiatórios de Cristo, Paulo ressalta a grandiosidade da graça
divina.
▪ “Pois, quando ainda éramos fracos, Cristo morreu a seu tempo
pelos ímpios. Porque dificilmente haverá quem morra por um
justo; pois poderá ser que pelo homem bondoso alguém ouse
morrer. Mas Deus dá prova do seu amor para conosco, em que,
quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós” (Rm
5.6-8)
Introdução
▪ A palavra graça ocorre no Novo Testamento 154 vezes, sendo
que 100 vezes são usadas pelo Apóstolo Paulo.

▪ A palavra charis (graça) aparece 26 vezes na epístola aos


Romanos (Rm 1.5,7; 3.24; 4.4,16; 5.2,15,17,20,21; 6.1,14,15,17;
7.25; 11.5,6; 12.6; 15.15; 16.20,24) e 6 vezes no capítulo 5.

▪ Charis significa presente, dádiva, bondade misericordiosa,


generosidade, favor imerecido.
Introdução
▪ Graça é algo que ocorre não apenas depois da encarnação do
Verbo, pois ela está atemporalmente em Deus, visto ser parte
dos atributos morais de Deus.
▪ Por isso a ideia de que graça é uma manifestação
neotestamentária não passa de mal entendido, pois a
imutabilidade de Deus não permite que Ele não seja gracioso
num momento e passe a ser em outro.
▪ O próprio fato de o homem vir a existir é uma manifestação de
graça; a procura de Adão por Deus depois da Queda é outra
manifestação graciosa; o aviso dado a Caim também o é; a não
aniquilação de Caim, etc.
Introdução
▪ Um dos textos que mais demonstram esse favor imerecido nas
Escrituras do A.T. é aquele que mostra a eleição de Israel:
▪ “Porque tu és povo santo ao Senhor teu Deus; o Senhor teu
Deus te escolheu, a fim de lhe seres o seu próprio povo, acima
de todos os povos que há sobre a terra. O Senhor não tomou
prazer em vós nem vos escolheu porque fosseis mais numerosos
do que todos os outros povos, pois éreis menos em número do
que qualquer povo; mas, porque o Senhor vos amou, e porque
quis guardar o juramento que fizera a vossos pais, foi que vos
tirou com mão forte e vos resgatou da casa da servidão, da mão
de Faraó, rei do Egito.” (Dt 7.6-8).
Introdução
▪ Neste pano de fundo de tensão entre judeus e gentios,
entretanto, o objetivo paulino é de demonstrar que a graça de
Deus é universal:

▪ “Porque, se pela ofensa de um só, a morte veio a reinar por esse, muito
mais os que recebem a abundância da graça, e do dom da justiça,
reinarão em vida por um só, Jesus Cristo. Portanto, assim como por uma
só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim
também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens
para justificação e vida. Porque, assim como pela desobediência de um só
homem muitos foram constituídos pecadores, assim também pela
obediência de um muitos serão constituídos justos” (Rm 5.17-19).
Introdução
▪ Se por um lado existe a universalidade do pecado, por outro
existe a universalidade da graça de Deus.

▪ Em seu sermão “Livre graça”, Wesley declarou que a graça de


Deus é livre em todos e para todos.

▪ O pecado é um problema para o ser humano. Um grande


problema! Algo inerente à sua natureza. Contudo, ele não é
maior do que a manifestação da graça de Deus:

▪ “...onde o pecado abundou, superabundou a graça”!


A santificação dos salvos pela fé
▪ Bem, se somos justificados pela fé e se a graça superabunda
onde o pecado é abundante, então por que não pecamos ainda
mais a fim de que haja maior manifestação da graça de Deus?

▪ “Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que


abunde a graça?” (Rm 6.1).

▪ Paulo usa do recurso retórico de que já falamos em outra aula: o


diatribe, uma pergunta retórica com respostas a um interlocutor
imaginário (certamente judeus da comunidade de Roma).
A santificação dos salvos pela fé
▪ Sua resposta é: “De modo nenhum. Nós, que já morremos para
o pecado, como viveremos ainda nele?” (Rm 6.2)

▪ Paulo estava sendo acusado de ensinar o antinomianismo.

▪ “E, logo que chegamos a Jerusalém, os irmãos nos receberam de muito boa
vontade. No dia seguinte, Paulo entrou conosco em casa de Tiago, e todos os
anciãos vieram ali. E, havendo-os saudado, contou-lhes minuciosamente o que por
seu ministério Deus fizera entre os gentios. E, ouvindo-o eles, glorificaram ao
Senhor e disseram-lhe: Bem vês, irmão, quantos milhares de judeus há que crêem,
e todos são zelosos da lei. E já acerca de ti foram informados de que ensinas todos
os judeus que estão entre os gentios a apartarem-se de Moisés, dizendo que não
devem circuncidar os filhos, nem andar segundo o costume da lei” (At 21.17-21)
A santificação dos salvos pela fé
▪ Não ser necessário andar segundo o costume da lei conduziria a
um modus vivendi libertino na mente dos judeus.

▪ A fim de quebrar tal paradigma, Paulo mostra que a vida de


santidade está no pacote da união com Cristo:
▪ “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados
na sua morte? De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para
que, como Cristo ressuscitou dos mortos pela glória do Pai, assim andemos nós
também em novidade de vida. Porque, se fomos plantados juntamente com ele na
semelhança da sua morte, também o seremos na da sua ressurreição; sabendo isto:
que o nosso velho homem foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja
desfeito, a fim de que não sirvamos mais ao pecado. Porque aquele que está morto
[para o pecado] está justificado do pecado.” (Rm 6.3-7 – destaque meu)
A santificação dos salvos pela fé
▪ Keener (2009, p. 79) explica que “aqueles que estão em Cristo
não estão mais na esfera de Adão, portanto, estão “mortos” em
seu pecado anterior.”

▪ “Tão antigo quanto nosso ser e tão velho como a Queda; nossa
natureza má; uma forte e linda expressão da depravação da
corrupção total, a qual, por natureza, se alastra pela pessoa
inteira, sem deixar qualquer parte sem infecção. Esta natureza,
no crente, foi crucificada com Cristo, mortificada,
gradativamente morta, por causa da nossa união com Ele”
(WESLEY, 2010, p. 47).
A santificação dos salvos pela fé
▪ Se o pecado está “morto” para a pessoa que adquiriu nova
natureza, isso se dá porque ela está viva (nascida de novo) para
Cristo, devendo viver para Ele:

▪ “Pois, quanto a ter morrido, de uma vez morreu para o pecado;


mas, quanto a viver, vive para Deus. Assim também vós
considerai-vos como mortos para o pecado, mas vivos para
Deus, em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 6.11,12)
A santificação dos salvos pela fé
▪ Se vivemos para Cristo, isso se dá porque agora somos servos
dEle e não mais do pecado.

▪ “Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, para lhe


obedecerdes em suas concupiscências; nem tampouco
apresenteis os vossos membros ao pecado por instrumentos de
iniqüidade; mas apresentai-vos a Deus, como vivos dentre
mortos, e os vossos membros a Deus, como instrumentos de
justiça. Porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois não
estais debaixo da lei, mas debaixo da graça” (Rm 6.12-14)
A santificação dos salvos pela fé
▪ Esse discurso está completamente de acordo com o ensino de
Jesus sobre a libertação do pecado no novo nascimento:

▪ “Jesus dizia, pois, aos judeus que criam nele: Se vós


permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente, sereis meus
discípulos e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.
Responderam-lhe: Somos descendência de Abraão, e nunca
servimos a ninguém; como dizes tu: Sereis livres? Respondeu-
lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele
que comete pecado é servo do pecado. (...) Se, pois, o Filho vos
libertar, verdadeiramente sereis livres” (Jo 8.32-34,36)
A santificação dos salvos pela fé
▪ A libertação da escravidão do pecado é uma dádiva de Deus:

▪ “Mas graças a Deus que, embora tendo sido servos do pecado,


obedecestes de coração à forma de doutrina a que fostes
entregues e libertos do pecado, fostes feitos servos da justiça”
(Rm 6.17,18)
A santificação dos salvos pela fé
▪ Paulo está usando de uma metáfora para explicar a mudança de
natureza. Se antes da regeneração éramos totalmente
depravados, depois desta experiência houve a alforria para com
o domínio que o pecado exercia sobre nós.

▪ Keener (2009, p. 81) explica que “tanto a escravidão como a


emancipação (escravos livres) eram extremamente comuns em
Roma” e que escravidão era uma metáfora comum, de modo
que “os pensadores antigos muitas vezes advertiam que não
seriam escravizados por paixões ou falsas ideologias.”
A santificação dos salvos pela fé
▪ A libertação do pecado é consequência da nova natureza, da
verdadeira vida em Cristo e os cristãos não podem ter preguiça
de glorificar a Cristo por meio da santificação:

▪ “...assim como apresentastes os vossos membros como servos


da impureza e da iniqüidade para iniqüidade, assim apresentai
agora os vossos membros como servos da justiça para
santificação” (Rm 6.19)
A santificação dos salvos pela fé
▪ Santidade, portanto, deve ser vista como uma consequência
natural daqueles que nasceram de novo.
▪ A pessoa, pois, que permanece no pecado não nasceu de novo e
o galardão para esse modus vivendi é a morte [eterna].
▪ Já para aqueles que se santificam, não há mérito na salvação,
pois a vida eterna não é salário da santidade e sim dom gratuito
de Deus.
▪ “As más obras merecem o galardão que recebem; as boas obras
não merecem. Aquelas exigem salário, estas aceitam um dom
gratuito.” (WESLEY, 2010, p. 50).
A santificação dos salvos pela fé
▪ Wesley (2010, p. 49) resumiu os temas que envolvem esses 6
primeiros capítulos da seguinte maneira:

1. Escravidão ao pecado
2. O conhecimento do pecado pela Lei; uma sensação da ira de Deus; morte intensa
3. A revelação da justiça de Deus em Cristo pelo Evangelho
4. O centro de toda a fé, abraçando essa justiça
5. A justificação na qual Deus perdoa todo o pecado passado e livremente aceita o
pecador
6. O dom do Espírito Santo; a consciência do amor da parte de Deus ; nessa vida inteira
7. O livre serviço da justiça

Você também pode gostar