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A Lei e A Graça

Tesouros da Eternidade

“A Deus Toda a Glória”


Wilton de Almeida Sampaio
Mensagem de Deus – 17/01/2024
A Lei e a Graça
Dois Tesouros da Eternidade aos Filhos de Deus
Introdução
A sabedoria divina nos assegura que a “Lei e a Graça” são joias preciosas da eternidade presenteadas
pelo Deus Altíssimo aos redimidos do Cordeiro, os quais estão tendo o privilégio de serem iluminados pelo
Espírito da Verdade a fim de compreenderem as riquezas invisíveis e inefáveis da eternidade. Podemos
dizer que a “Lei e a Graça” sintetizam a sublime sabedoria do evangelho eterno da salvação endereçada
por Deus para todo aquele que crer na obra propiciatória realizada por Jesus Cristo, seu filho, na cruz do
calvário.
Todos os filhos de Adão poderiam desfrutar dessa tão grande obra de salvação. Pois Deus não faz
acepção de pessoas.
“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que
nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que
condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é condenado; mas
quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus. E a condenação
é esta: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras
eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, e não vem para a luz, para que as suas obras não
sejam reprovadas. Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que as suas obras sejam
manifestas, porque são feitas em Deus”.
(João 3:16-21 – ACF)
Aprisionada pelo império das trevas, a raça adâmica encontra-se na mais terrível escuridão espiritual.
Satanás, o príncipe desse mundo, mantém seus súditos cativos sob a cegueira do pecado, obscurecendo
seus corações e mentes como um véu tenebroso, impedindo-os de contemplarem a luz gloriosa do evangelho
eterno de Deus, o qual revela tanto a sabedoria quanto o poder, a graça, o amor e a justiça libertadora de
Deus a todos que, mediante a fé, recebem o dom gratuito da salvação conquistada por Cristo Jesus nosso
Senhor.
A cegueira espiritual, porém, não é um mal que afeta apenas ao homem adâmico natural, o cristão
carnal também padece da mesma maldição. Pois a vida cristã autêntica é plenamente cheia de luz e poder
sobrenatural. Ter sido convencido pelo Espírito de Deus acerca de sua condição pecaminosa e da graça
que há na obra redentora de Jesus Cristo, sem de fato viver em novidade de vida, participando de seu
poder libertador, regenerador e santificador, é não ser verdadeiramente um convertido em Cristo. Ser
membro de uma Igreja Cristã, ir aos cultos, fazer algum trabalho eclesiástico, pode se limitar a ser apenas
um mero religioso que tem aparência de piedade, mas que nega a eficácia do poder de Deus em sua vida
(2 Timóteo 3:5). O chamado sobrenatural ao reino de Cristo não se realiza sem a conversão autêntica. A
autêntica vida espiritual se processa mediante a justificação, a regeneração, a santificação, que nos leva
a mudança de qualidade de vida e de valores comportamentais. O cristão não tem apenas Deus no céu, ele
também o tem habitando a sua vida mediante a dádiva do Espírito Santo, que vem fazer morada em seu
espírito, tornando-o um santuário vivo e agradável a Deus. De forma bem objetiva e enfática, o apóstolo
Paulo escreveu em Romanos: “Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de
Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele”. (Romanos 8:9 -
ACF) O mesmo esclarecimento espiritual lemos em sua epístola aos cristãos de Coríntios: “Não sabeis vós
que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o templo de Deus,
Deus o destruirá; porque o templo de Deus, que sois vós, é santo”. (1ª Coríntios 3:16-17 – ACF). “Ou não
sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não
sois de vós mesmos? (1ª Coríntios 6:19 – ACF). Pedro, semelhantemente, afirma: “E, chegando-vos para
ele, pedra viva, reprovada, na verdade, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, também vós,
como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais
agradáveis a Deus por Jesus Cristo”. (1 Pedro 2:4-6 – ACF)
A dádiva da justificação só é outorgada pelo tribunal divino ao réu confesso que crer na obra
expiatória e redentora de Jesus Cristo, crucificando seu velho homem com ele a fim de ressuscitar em
novidade de vida. A justificação é um ato forense da parte de Deus, ou seja, por Jesus Cristo ter sido morto
como propiciação por nossos pecados, fomos livrados do escrito de dívidas que recaía sobre nós. É o que
nos ensina o apóstolo Paulo em sua carta aos Colossenses:
“Sepultados com ele no batismo, nele também ressuscitastes pela fé no poder de Deus, que o
ressuscitou dentre os mortos. E, quando vós estáveis mortos nos pecados, e na incircuncisão da vossa
carne, vos vivificou juntamente com ele, perdoando-vos todas as ofensas, havendo riscado a cédula
que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do
meio de nós, cravando-a na cruz. E, despojando os principados e potestades, os expôs publicamente
e deles triunfou em si mesmo”. (Colossenses 2:12-15 - ACF)
Todo aquele que crer na obra redentora de justiça do filho de Deus será justificado, desde que se
submeta a participar de sua morte e ressurreição mediante o processo de regeneração e santificação do
Espírito Divino, que comunica a obra redentora de Cristo às nossas vidas, fazendo-nos participar, em
unidade com Deus, da vitória que seu Filho Jesus Cristo obteve contra os poderes do reino das trevas.
Porém, devemos fazer a devida distinção entre o ato forense (legal) divino da justificação e o processo
espiritual da regeneração e santificação, os quais são obras do Espírito Cristo na vida do cristão. O Espírito
Santo faz uma infusão da vida de Cristo em nós, a fim de que Cristo seja plenamente formado em nosso
ser. Por isso o apóstolo Paulo orou a Deus Pai: “Meus filhinhos, por quem de novo sinto as dores de parto,
até que Cristo seja formado em vós” (Gálatas 4:19 – ACF). Esta é a mesma lição espiritual de Cristo Jesus
registrada pelo apóstolo João:
“EU sou a videira verdadeira, e meu Pai é o lavrador. Toda a vara em mim, que não dá fruto, a tira; e
limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais fruto. Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho
falado. Estai em mim, e eu em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na videira,
assim também vós, se não estiverdes em mim. Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu
nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. Se alguém não estiver em mim, será lançado
fora, como a vara, e secará; e os colhem e lançam no fogo, e ardem. Se vós estiverdes em mim, e as minhas
palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito. Nisto é glorificado meu Pai,
que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos.
Como o Pai me amou, também eu vos amei a vós; permanecei no meu amor. Se guardardes os meus
mandamentos, permanecereis no meu amor; do mesmo modo que eu tenho guardado os mandamentos
de meu Pai, e permaneço no seu amor. Tenho-vos dito isto, para que o meu gozo permaneça em vós, e o
vosso gozo seja completo. O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos
amei. Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos. Vós sereis meus
amigos, se fizerdes o que eu vos mando. Já vos não chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o
seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito
conhecer. Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis
fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto em meu nome pedirdes ao Pai ele vo-lo
conceda. Isto vos mando: Que vos ameis uns aos outros”.
(João 15:1-17).
Pelo que foi esclarecido acima, já podemos perceber que, sem a regeneração e a santificação, a pessoa
religiosa que se intitula cristã e vive fazendo a vontade da carne e de seus pensamentos, ilude a si mesma
e escandaliza o evangelho da salvação de nosso senhor Jesus Cristo. Não tem temor de Deus, nem prazer
na vida espiritual. Semelhante ao homem adâmico natural, ainda é escrava das trevas e não pertence ao
reino de Deus. O motivo lamentável de sua tragédia se deve à sua insensatez carnal de preferir as lentilhas
que o mundo oferece: os prazeres e valores efêmeros da carne e as vanglórias do mundo, do que o novo ser
gerado em Cristo Jesus para a vida eterna.
Aos cristãos autênticos da cidade de Éfeso, o apóstolo Paulo declarou:
E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados, em que noutro tempo andastes segundo o curso
deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da
desobediência; entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a
vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também. Mas
Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda
mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), e nos ressuscitou
juntamente com ele e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus; para mostrar nos séculos
vindouros as abundantes riquezas da sua graça pela sua benignidade para conosco em Cristo Jesus.
Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras,
para que ninguém se glorie; porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as
quais Deus preparou para que andássemos nelas”.
(Efésios 2:1-10 – ACF)
O Estado Inegável de Perdição Espiritual da Raça Adâmica
Podemos constatar o estado de alienação espiritual da raça adâmica analisando as mudanças
sucessivas de cosmovisões existenciais pelas quais passou nossa cultura ocidental desde a cultura
cosmocêntrica grega à nossa cultura antropocêntrica pós-moderna. No período helênico clássico, tivemos
uma mundivisão cosmocêntrica na qual a filosofia clássica grega se espelhava na contemplação da ordem
cósmica, pretensamente criada por suas divindades gregas. Embora a filosofia platônica tenha
desenvolvido um saber metafísico transcendente e pressuposto a existência da transmigração das almas,
ideia milenar de várias culturas antigas de onde derivou a doutrina da reencarnação, seu critério de
libertação é o mesmo de todas as religiões pagãs: o mérito pessoal, e não a graça de Deus.
Diferentemente de seu mestre Platão, Aristóteles defendeu uma concepção naturalista da realidade,
na qual o ser humano desempenha um papel específico e individual na ordem da sabedoria cósmica, mas
sem nenhuma ideia de transcendência eterna ou alienação espiritual de Deus. Em seu pensamento
imanentista, a existência humana é reduzida a vida do mundo espaço-temporal, sem nenhum destino
transcendente eterno.
No período medieval, a cultura europeia foi cristianizada e, consequentemente, passou a ser uma
cultura teocêntrica, que reconhecia a Deus como um Ser proeminente sobre todas as coisas, princípio
originário e primordial criador e sustentador da vida e do cosmos. Todavia, com a paganização do
cristianismo católico e sua tremenda apostasia para com a “Lei e a Graça” divina, o catolicismo perdeu
iluminação do Espírito de Deus e, consequentemente, a sabedoria da revelação do evangelho eterno da
graça de Deus. Contrapondo-se a crassa hipocrisia religiosa dos líderes eclesiásticos católicos, insurgiu o
movimento renascentista dos intelectuais humanistas e, posteriormente, o iluminismo racionalista e laico
ateu, originando a mentalidade da cultura moderna do homem ocidental. Com o progresso das ciências
naturais e tecnológicas, o orgulho extravagante dos intelectuais humanista chegou a um grau de
descomedimento intelectivo tão excessivo, que os tais passaram a se conceber como sendo a referência de
medida e sentido de toda a realidade física e metafísica. A partir de então, Deus foi reputado como uma
mera hipótese desnecessária perante uma razão autossuficiente e pretensamente iluminada, que
prometia desvendar todos os mistérios da natureza e do universo, bem como em transformar o mundo em
um reino de riquezas, delícias, paz, prosperidade e prazeres infindos. Com tal desdém ao Criador dos céus
e da terra, o homem moderno e contemporâneo declara a morte de Deus, arroga-se em tê-lo matado, crendo
ser Deus mera ideia supersticiosa doentia. Em seu egocêntrico endeusamento serpentino, entroniza o seu
“eu”, sua “subjetividade”, identificada com sua racionalidade pensante, como fundamento de toda a
realidade, instituindo nossa atual cultura antropocêntrica. Em nenhuma outra época da história o homem
foi tão arrogante, autossuficiente, prepotente ao ponto de não só blasfemar, mas também zombar e
ridicularizar de seu Criador, como tem acontecido em nossa cultura contemporânea. Seu espírito de
zombaria, descaso e revolta contra tudo o que é sagrado atesta inegavelmente seu estado de possessão
demoníaca extrema. Ao cultivar o pensamento humanista ateu de tais intelectuais como conteúdo
pedagógico da grade curricular de ensino, as universidades, faculdades e centros acadêmicos fomentam
de forma intensa a mentalidade cultural do reino do espírito do anticristo sobre a terra.
A substituição do teocentrismo medieval para o antropocentrismo moderno e contemporâneo se deu em
razão dos intelectuais de nossa cultura ocidental pressuporem que, sendo Deus mera ilusão supersticiosa,
não servia mais de fundamento para nada. Ora, Deus não passando de mera ilusão infantil, criada pelas
crendices e superstições populares de senso comum, já há muito tempo superadas pelas luzes da razão
natural, não fazia mais sentido a esses intelectuais ateus manter a visão teocêntrica de mundo para a
nossa cultura ocidental. Os dois primeiros intelectuais que se atreveram a fazer a satânica declaração da
morte de Deus, um pertencia a Rússia: Fiodor Dostoievski, o outro pertencia a Alemanha: Friedrich
Nietzsche. Devemos, porém, ressaltar que, no caso de Dostoiévski, a declaração da morte de Deus é feita
por um personagem de sua obra monumental “Os Irmãos Karamazov”. Mas o personagem tipifica a
mentalidade ateia e materialista dos tempos moderno e contemporâneo. Porém, Dostoiévski era cristão.
A indagação do personagem referido: “Se Deus está morto, tudo é permitido? ”, tem a intenção de retratar
o espírito da mentalidade materialista ateia, para quem, em razão do processo de laicização e
secularização da cultural ocidental, Deus deixa de ser a chave paradigmática interpretativa da realidade
e é substituído pela razão humanista ateia. Ou seja, Deus deixa de ser o valor supremo por excelência da
existência e da vida, pois foi substituído pelas luzes da razão natural, vindo a ser desqualificado como
mera superstição ilusória patética. Mas quanto ao filósofo Friedrich Nietzsche, a declaração satânica que
este faz o homem louco anunciar, em sua obra “O Anticristo”: “Deus está morto e fomos nós quem o
matamos”, é feita pela primeira vez no terceiro livro do escrito “A gaia ciência”, publicado em 1882. No
caso deste pensador, trata-se de declaração nocivamente pessoal, pois o mesmo era naturalista e ateu,
vindo a ser um dos maiores adversários do cristianismo.
A dita crença supersticiosa da existência da divindade cristã não se sustentava mais perante o espírito
filosófico e esclarecido da modernidade. E, sendo assim, por se tratar de mera ilusão já morta,
substituíram Deus pelo homem como fundamento da cultura moderna e contemporânea. Em sua
arrogância intelectual, não perceberam que haviam enlouquecido e perdido o senso de transcendência
eterna. Como dissera o apostolo Paulo em sua carta aos Romanos:
“Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos. E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da
imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis”. (...)Por isso também Deus os
entregou às concupiscências de seus corações, à imundícia, para desonrarem seus corpos entre si; pois
estes mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador,
que é bendito eternamente. Amém. (Romanos 1:22-25 ACF).
Ora, se Deus não passava de um mero delírio infantil inventado pela imaginação poética dos povos
antigos, a Bíblia Sagrada não passaria de mera literatura religiosa, cuja fonte seria a imaginação e
criatividade poética e mítica desses povos. Logo, não haveria “Revelação” como fonte de conhecimento
espiritual e sobrenatural. O conhecimento passou a ser restrito apenas a duas fontes: a razão natural e os
sentidos, que nos dão, respectivamente, conhecimentos racional, lógico e intelectivo e o conhecimento
empírico sensorial.
Como escreveu o filósofo, matemático e físico norte-americano Wolfgang Smith:
“Gostemos ou não, achamo-nos num cosmos dessacralizado e aplanado, um universo sem sentido que
atende sobretudo às nossas necessidades animais e à nossa curiosidade científica”. (Smith, Wolfgang.
Cosmo e transcendência – Campinas, SP: VIDE Editorial, 2019.
Que em nossa civilização ainda existam pessoas que defendam sua fé em Deus e assumam uma
cosmovisão cristã é, aos olhos do mundo contemporâneo, uma anomalia. Discorrer sobre pecado original,
queda ontológica e metafísica espirituais, sacrifício expiatório, redenção, justiça de Deus, perdão dos
pecados, justificação, regeneração, santificação, glorificação, ressurreição dos mortos, julgamento final,
etc. é expor-se ao ridículo diante da mundivisão ateia de nosso tempo. A própria teologia cristã liberal se
deixou vencer pelo espírito de incredulidade filosófico e cientificista da modernidade. Temos como exemplo
o teólogo alemão Rudolf Bultmann, o qual propunha um programa de desmitologização das Sagradas
Escrituras. De acordo com Bultmann, é mitológica a crença nos milagres sobrenaturais narrados nas
Escrituras Sagradas: o nascimento de Jesus Cristo através de uma virgem, sua ressurreição dos mortos,
seu arrebatamento nas nuvens, as curas sobrenaturais de cegos, paralíticos, leprosos, etc. Seriam
narrativas mitológicas por contradizerem às leis naturais descobertas pelas ciências empíricas modernas.
Analisando o pensamento teológico liberal de Bultmann e seu programa de desmitologização das
Escrituras Sagradas, o Wolfgang Smith profeticamente denunciou a intenção do espírito apóstata que
inspirava sorrateiramente a teologia liberal de Bultmann e seu programa de desmitificação. Contrapondo-
se à heresia liberal de Bultmann, Wolfgang Smith escreveu:
“A transposição do mitológico para o simbólico é a essência dessa hermenêutica que permite a um crente
moderno, que vive simultaneamente em dois mundos incompatíveis – o da Bíblia e o da ciência galileana
– evitar uma esquizofrenia cultural”. (Smith, Wolfgang. Cosmo e transcendência – Campinas, SP: VIDE
Editorial, 2019.

Então, indaga Wolfgang Smith a Bultmann sobre o preço que o cristão moderno teria que pagar para
evitar tal esquizofrenia:
“Mas a que preço? Ora, o de tornar irreais os ensinamentos Bíblicos nos quais se alicerça sua fé e com os
quais ela se associa intimamente”. (Op. cit.)
Na análise psicológica e psiquiátrica da mentalidade ateia moderna e pós-moderna, o cristão autêntico
padece de esquizofrenia. Tal diagnóstico é constatado pelo fato do cristão falar de um “mundo invisível”
ao homem natural, “mundo espiritual” que se torna cada vez mais ausente e esquisito para a visão do
mundo secular. Não é de se estranhar tal diagnóstico, visto que o homem natural de nosso tempo se baseia
apenas em suas duas fontes naturais de conhecimento: a razão e os sentidos; enquanto que o cristão
autêntico, por tratar-se de um homem espiritual, vive por fé e não por vista (2º Coríntios 5:7), sua visão
espiritual tem por fonte de conhecimento a revelação das Sagradas Escrituras, a qual o Espírito de Cristo,
que habita em seu espírito, testifica em sua consciência acerca da veracidade das verdades eternas
reveladas. É por iluminação Espiritual que cremos na Palavra de Deus. Por isso que Paulo declara:
“Não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são
temporais, e as que se não veem são eternas”. (2ª Coríntios 4:18 ACF).
O Conhecimento das Verdades Eternas é um Privilégio Dado ao Homem Espiritual
As verdades eternas que nos são reveladas por Deus pertencem a sua sabedoria divina. Só são reveladas
ao nosso espírito em virtude de participarmos, em certa medida, do Espírito de Cristo, o qual foi nos dado
a fim de conhecermos, em parte, as coisas de Deus: sua vontade e seus planos eternos para conosco e para
com toda a sua criação. Pois é o Espírito Divino que inspira nosso espírito tanto para compreendermos
quanto para crermos na Palavra de Deus. Nossa fé não se baseia meramente nas palavras escritas em um
livro. A fé cristã tem por fundamento o testemunho que o Espírito Santo de Deus, que é o Espírito da
Verdade, testifica em nossos corações a respeito das verdades reveladas por Deus em sua Palavra, a Bíblia
Sagrada. Assim, o fundamento de nossa fé é o próprio Deus mediante a iluminação que recebemos de seu
Espírito Eterno em nossos corações e mentes. Não se trata de um conhecimento psicológico, ou mesmo
lógico, a exemplo dos juízos que temos das ciências puras abstratas: matemática, geometria e lógica, cujo
fundamento são leis de idealidades. A sabedoria da fé tem por fundamento o próprio Deus. Por isso se
trata de um saber ontológico, e não meramente psicológico ou lógico. Como esclareceu o apóstolo Paulo em
sua carta aos cristãos de Coríntio:
“Todavia, falamos sabedoria entre os perfeitos; não, porém, a sabedoria deste mundo, nem dos príncipes
deste mundo, que se aniquilam. Mas falamos a sabedoria de Deus, oculta em mistério, a qual Deus
ordenou antes dos séculos para nossa glória; a qual nenhum dos príncipes deste mundo conheceu;
porque, se a conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da glória. Mas, como está escrito: ‘As coisas
que o olho não viu, e o ouvido não ouviu e não subiram ao coração do homem, são as que Deus preparou
para os que o amam’. Mas Deus no-las revelou pelo seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as
coisas, ainda as profundezas de Deus. Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito
do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus. Mas
nós não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que provém de Deus, para que pudéssemos
conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus. As quais também falamos, não com palavras que a
sabedoria humana ensina, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais com
as espirituais.
Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura;
e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem
tudo, e ele de ninguém é discernido. Porque, quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-
lo? Mas nós temos a mente de Cristo”.
(1ª Coríntios 2: 06-14 – ACF)

A sabedoria ontológica da fé a temos no próprio Deus. Só a tem quem participa do Espírito Eterno.
Sábia e inspiradamente o escritor aos hebreus definiu a fé nas seguintes palavras:
“Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se veem.
Porque por ela os antigos alcançaram testemunho. Pela fé entendemos que os mundos pela palavra
de Deus foram criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente”.
(Hebreus 11:1-3 ACF)
A palavra de Deus assegura que Cristo é o Autor e Consumador da nossa fé:
“Olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou
a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus”.
(Hebreus 12:2 ACF).

“De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus. (Romanos 10:17 JFA-RC)
Habitados pelo Espírito Santo, iluminados pela sua presença em nós, de fé em fé, crescemos no
conhecimento da verdade do Filho de Deus. O Espírito da Verdade é o nosso guia, instrutor e iluminador.
Foi enviado por nosso Senhor para nos ensinar a andar em todo o caminho da justiça, verdade e santidade.
As palavras de nosso Senhor Jesus são bem claras e objetivas ao falar sobre a missão iluminadora,
instrutora e reveladora do Espírito Divino enviado para conduzir a igreja do Deus vivo, “Corpo Místico de
Cristo”:
“Todavia digo-vos a verdade, que vos convém que eu vá; porque, se eu não for, o Consolador não virá
a vós; mas, quando eu for, vo-lo enviarei. E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da
justiça e do juízo. Do pecado, porque não creem em mim; da justiça, porque vou para meu Pai, e não
me vereis mais; e do juízo, porque já o príncipe deste mundo está julgado. Ainda tenho muito que
vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora. Mas, quando vier aquele, o Espírito de verdade, ele
vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e
vos anunciará o que há de vir. Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu, e vo-lo há de
anunciar. Tudo quanto o Pai tem é meu; por isso vos disse que há de receber do que é meu e vo-lo há
de anunciar. Um pouco, e não me vereis; e outra vez um pouco, e ver-me-eis; porquanto vou para o
Pai.
(João 6:7-16 – ACF)

A dádiva do Espírito Santo faz parte da graça redentora de Cristo Jesus nosso Senhor. A convicção que
temos na veracidade da Palavra de Deus não a teríamos se não através do dom do Espírito Santo. Pois o
Espírito testifica em nosso espírito não só a respeito dos planos eternos do Altíssimo, mas também que
somos seus filhos adotivos e coerdeiros juntamente com Cristo em todas as riquezas celestes. Repetindo,
fé é um dom de Deus; trata-se de um conhecimento espiritual dado por Deus para seus filhos por meio da
presença do Espírito Santo em nós. É no Espírito que temos a fé; é ele e nele que somos fortalecidos na fé.
Sem a presença dele em nós, não teríamos fé salvadora, libertadora, transformadora, curadora,
glorificadora, etc. por essa razão é impossível ao homem natural ter fé espiritual.
Como as verdades espirituais que nos são reveladas pelo Espírito pertencem aos planos eternos de
Deus, transcendem o estatuto dos juízos naturais, históricos e contingentes do conhecimento que se obtém
seja pela fonte da razão psicológica ou lógica intelectiva, seja pelas percepções sensoriais dos sentidos.
Tanto a razão natural quanto nossos sentidos sensoriais, enquanto fontes de conhecimentos empíricos ou
lógicos, são incapazes de acessar o conhecimento das verdades eternas, pois estas nos são comunicadas
somente pelo Espírito Santo de Deus. Tais verdades, por pertencerem à transcendência eterna, imutável
e perene de Deus, são inacessíveis ao homem natural. Como nos faz saber o apóstolo Paulo em sua carta
aos irmãos da cidade grega de Corinto:

“Mas, como está escrito: As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do
homem são as que Deus preparou para os que o amam. Mas Deus no-las revelou pelo seu Espírito;
porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus. Porque qual dos homens sabe
as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas
de Deus, senão o Espírito de Deus. Mas nós não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que
provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus. As quais
também falamos, não com palavras de sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina,
comparando as coisas espirituais com as espirituais. Ora, o homem natural não compreende as coisas do
Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem
espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido. Porque quem
conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo”.
(1ª Coríntios – 2:09-16 JFA-RC)

Os Níveis Psicológico, Lógico e Ontológico


da Mentalidade Humana
Concepção Antropológica de Platão
Platão (427-347 a.C.) foi um dos filósofos gregos mais renomado, juntamente com Sócrates (470 – 399
a.C.) seu mestre, e Aristóteles (384 - 322 a.C.), seu discípulo. Sua descrição antropológica acerca dos níveis
de mentalidade do ser humano é profunda e bastante reveladora. Segundo esse pensador, existem três
tipos de seres humanos no mundo: os somáticos, psíquicos e pneumáticos. A descrição antropológica que
Platão faz não se diferencia da definição antropológica bíblica, a qual concebe o ser humano como sendo
um ente tripartite, constituído de corpo, alma e espírito. Segundo Platão, certos homens vivem para o
corpo, enquanto outros vivem para a alma e, por fim, há aqueles que vivem para o espírito. De certo modo,
a Bíblia Sagrada nos afirma a mesma coisa. Mas, além de nos fazer saber disso, a Bíblia nos revela algo
mais profundo e significativo. O que a Bíblia Sagrada nos revela, Platão mesmo sendo um filósofo
brilhante, não poderia saber: a real situação espiritual de alienação da raça humana em relação a seu
Criador. Só podemos conhecer o real estado de miséria espiritual no qual a humanidade se encontra
através de uma iluminação Espiritual, a qual nos capacita a entender com profundidade o real estado
trágico e miserável em que se encontra a humanidade alienada de Deus. A cultura grega, sendo uma
cultura secular pagã, não poderia ter tal discernimento. Podemos definir o conceito de alienação espiritual
por afastamento, distanciamento ou perda de comunhão com Deus. A alienação espiritual da humanidade
caída diz respeito à doutrina Bíblica de pecado original, de queda ontológica e metafísica da raça humana
em relação a seu Criador. A cultura grega, sendo uma cultura pagã secular, não poderia ter noção
nenhuma acerca dessa condição de estado trágico e miserável da ração adâmica. O conceito de pecado era
totalmente desconhecido da cultura clássica grega. O homem natural entende o conceito de miséria como
algo basicamente físico. Seu entendimento é superficial por não conhecer a natureza essencial do pecado,
fonte originária e primordial de toda forma de miséria: física, cultural e espiritual. As Escrituras Sagradas
nos revelam que o pecado é a natureza ontológica e metafísica essencial de nossas misérias. Pelo fato do
homem natural desconhece a natureza essencial do pecado, ele consequentemente desconhece ignora que
o pecado é a maior e mais triste forma de escravidão, além de desconhecer igualmente que é somente a
graça de nosso Senhor Jesus Cristo que pode nos libertar da maldição do pecado. A graça de Deus é a
nossa maior necessidade, pelo fato do pecado ser a essência ontológica, metafísica e primordial de nossa
desgraça. Eis aí dois princípios ontológicos e metafísicos antagônicos fundamentais: a “Graça” e a
“Desgraça” eternas. Princípios que nos são revelados pelo Espírito de Deus. Foi o próprio Cristo quem nos
afirmou que seria o Espírito da Verdade que iria enviar que convenceria o mundo acerca do pecado, da
justiça e do juízo (João 16:7-11). Leiamos o que o nosso Senhor Jesus Cristo disse a esse respeito:
“Todavia digo-vos a verdade, que vos convém que eu vá; porque, se eu não for, o Consolador não virá a
vós; mas, quando eu for, vo-lo enviarei. E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça
e do juízo. Do pecado, porque não creem em mim; da justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis
mais; e do juízo, porque já o príncipe deste mundo está julgado. Ainda tenho muito que vos dizer, mas
vós não o podeis suportar agora. Mas, quando vier aquele, o Espírito de verdade, ele vos guiará em toda
a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há
de vir. Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu, e vo-lo há de anunciar. Tudo quanto o Pai
tem é meu; por isso vos disse que há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar. Um pouco, e não
me vereis; e outra vez um pouco, e ver-me-eis; porquanto vou para o Pai”.
(João 16:7-11 ACF – Almeida Corrigida e Fiel)
Por conseguinte, por mais brilhante intelectualmente que Platão tenha sido, era-lhe impossível
conhecer o real estado de alienação eterna no qual se acha a raça humana adâmica. Como já dissemos,
esse estado de corrupção e miséria espiritual, que separa a humanidade da eternidade, só é revelado pelo
Espírito Santo de Deus àqueles que estão sendo iluminados por Deus. Contudo, é inegável que a
compreensão de Platão acerca dos níveis de realidades ontológicas do ser humano foi profunda. Porém, o
que nos faz saber a revelação divina nas Escrituras Sagradas é incomparavelmente mais esclarecedor e
revolucionário. Nas Escrituras Sagradas temos a revelação da criação cósmica feita por Deus, de sua
queda ontológica e metafísica devido ao pecado humano, bem como o plano eterno de redenção de Deus a
tudo o que foi por ele criado. Nas Escrituras Sagradas temos a revelação da razão pela qual toda a raça
humana veio a se achar perdida espiritualmente e o porquê de seu sofrimento existencial. Nas Escrituras
Sagradas temos a verdadeira descrição antropológica acerca do ser humano, a qual nos faz saber também
que existem três tipos de pessoas no mundo: o homem natural, o carnal e o espiritual.

Revelação Bíblica Acerca do Homem Natural


De acordo com as Escrituras Sagradas, a distinção mais básica entre o homem natural em relação ao
carnal e espiritual tem a ver com sua origem e a realidade ontológica a qual pertence. Todo descendente
de Adão é terreno por ser filho do tempo, e não da eternidade. O homem natural é o homem adâmico, filho
do tempo, e não da eternidade. Em contrapartida, o homem carnal e espiritual não apenas são filhos do
tempo, mas vieram a ser também filhos da eternidade. Daí a razão de Jesus Cristo ter afirmado ao rabino
judeu Nicodemos:
"Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. Disse-
lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, tornar a entrar no ventre
de sua mãe, e nascer? Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da
água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido
do Espírito é espírito. Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo. O vento assopra
onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é
nascido do Espírito. Nicodemos respondeu, e disse-lhe: Como pode ser isso? Jesus respondeu, e disse-
lhe: Tu és mestre de Israel, e não sabes isto? Na verdade, na verdade te digo que nós dizemos o que
sabemos, e testificamos o que vimos; e não aceitais o nosso testemunho. Se vos falei de coisas terrestres,
e não crestes, como crereis, se vos falar das celestiais? Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do
céu, o Filho do homem, que está no céu. E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa
que o Filho do homem seja levantado; para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida
eterna. Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele
que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para
que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é condenado;
mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus. E a
condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as
suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, e não vem para a luz, para que as suas
obras não sejam reprovadas. Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que as suas obras sejam
manifestas, porque são feitas em Deus"
(João 3:3-21 ACF – Almeida Corrigida e Fiel)
Como afirmou Cristo Jesus ao rabino Nicodemos, o homem natural não pode ver, muito menos entrar
no reino espiritual de Deus. Para tanto, é necessário a ele nascer de novo, não da carne, pois a carne é
matéria e matéria pertence ao tempo, mas, sim, nascer do Espírito Eterno de Deus, ser gerado pelo
Espírito Santo como foi gerado o Senhor Jesus Cristo no ventre da virgem Maria. Pois só seremos filhos
do Eterno se nascermos do Eterno. Deus é o Ser Eterno e o pai da eternidade. Enquanto não nascermos
do Eterno, enquanto não nascermos de novo, seremos filhos do tempo, e não filhos de Deus, apenas suas
criaturas. Mas se faz necessário nos tornarmos filhos de Deus. Nosso pai “Adão” perdeu não só a comunhão
com o Deus Eterno, mas também a eternidade que nele temos. Ao pecar no “Jardim do Éden”, tanto ele
quanto seus filhos e descendentes, todos perderam a eternidade e o Ser Eterno. Ficaram separados do
Espiritual Eterno; perderam a comunhão com Deus. A queda espiritual, ontológica e metafísica de Adão
fez dele, de seus descendentes e de toda criação criaturas temporais pertencentes ao reino da morte e do
mal. Tudo o que pertence ao tempo é transitório, efêmero e passageiro. Por isso o Filho de Deus veio ao
mundo para “buscar e salvar o que se havia perdido” (Lucas 19:10 ACF). Sua obra expiatória e redentora
foi realizada para resgatar tudo aquilo que se havia perdido em consequência da queda adâmica. Como
filhos do tempo, somos mortais. Mas, se recebermos o Espírito Eterno do Filho de Deus, também nos
tornaremos filhos da Eternidade. Por mais que a morte tenha certo domínio sobre nosso corpo biológico,
se recebermos o Espírito de Cristo em nosso espírito, a morte não terá mais domínio sobre nossa alma e
nosso espírito. Contudo, não será o fim para o nosso corpo material, pois o próprio Filho de Deus prometeu
ressuscitar nosso corpo mortal em um corpo de glória, incorruptível, imortal e eterno. O plano divino e
eterno de redenção é resgatar tudo aquilo que se perdeu como consequência do pecado. O Filho Eterno de
Deus veio ao mundo para nos dar vida eterna. Ou seja, retirar nosso cativeiro espiritual e destruir o poder
da morte e do diabo sobre nós. Como nos declarou o apóstolo João:
“Vede quão grande amor nos tem concedido o Pai, que fôssemos chamados filhos de Deus. Por isso o
mundo não nos conhece; porque não o conhece a ele. Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não
é manifestado o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes
a ele; porque assim como é o veremos. E qualquer que nele tem esta esperança purifica-se a si mesmo,
como também ele é puro. Qualquer que pratica o pecado, também transgride a lei; porque o pecado é a
transgressão da lei. E bem sabeis que ele se manifestou para tirar os nossos pecados; e nele não há pecado.
Qualquer que permanece nele não pratica o pecado; qualquer que permanece em pecado não o viu nem
o conheceu. Filhinhos, ninguém vos engane. Quem pratica justiça é justo, assim como ele é justo. Quem
pratica o pecado é do diabo; porque o diabo peca desde o princípio. Para isto o Filho de Deus se
manifestou: Para desfazer as obras do diabo. Qualquer que é nascido de Deus não permanece em pecado;
porque a sua semente permanece nele; e não pode pecar, porque é nascido de Deus. Nisto são manifestos
os filhos de Deus, e os filhos do diabo. Qualquer que não pratica a justiça, e não ama a seu irmão, não é
de Deus”.
(1ª João 3:1-10 ACF - Almeida Corrigida e Fiel)

Distinção Entre o Homem Carnal e o Homem Espiritual


O que diferencia o homem carnal do espiritual é que o homem carnal, embora não sendo mais
simplesmente natural, continua vivendo para os mesmos valores temporais e culturais do homem natural
mundano, enquanto que o homem espiritual decide viver verdadeiramente em Deus e para Deus, que é o
Ser da Eternidade. O homem carnal tem a semente da eternidade plantada em seu ser, que é o Espírito
de Cristo ressurreto, mas a sufoca com suas concupiscências carnais e pecaminosidades, não permitindo
que Cristo seja plenamente formado em seu ser. Mediante a fé na obra expiatória e redentora do Filho de
Deus, o homem carnal foi justificado, mas ainda não foi regenerado e santificado, consequentemente não
poderá vir a ser glorificado. Se permanecer na carne, será cortado e lançado ao fogo. São claras as palavras
de Cristo Jesus quanto à punição de Deus dada aos desobedientes:
EU sou a videira verdadeira, e meu Pai é o lavrador. Toda a vara em mim, que não dá fruto, a tira; e limpa
toda aquela que dá fruto, para que dê mais fruto. Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado.
Estai em mim, e eu em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na videira, assim
também vós, se não estiverdes em mim. Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse
dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. Se alguém não estiver em mim, será lançado fora,
como a vara, e secará; e os colhem e lançam no fogo, e ardem. Se vós estiverdes em mim, e as minhas
palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito. Nisto é glorificado meu Pai,
que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos.
(João 15:01-08 ACF - Almeida Corrigida e Fiel)
Segundo a revelação das Escrituras, o homem carnal, ainda que tenha se tornado um filho da
eternidade, ainda que tenha tido o privilégio de nascer de novo em Cristo, ainda assim continua escravo
do pecado, por ter decidido viver na carne e não no Espírito Ressurreto de seu Salvador. Por isso o poder
da obra redentora de Jesus Cristo fica anulado em sua vida. Ou seja, o homem carnal perde a oportunidade
de tornar-se participante do poder libertador da graça do Filho de Deus, continuando escravo e subjugado
ao império das trevas e da morte, dos poderes dos principados e potestades, governos e exércitos do mal
que imperam no mundo caído dos filhos de Adão.
A obra redentora de Cristo Jesus deve ser desenvolvida em nossas vidas de forma processual:
justificação, regeneração, santificação e glorificação. O homem carnal fica estagnado no início do processo.
Recebe a justificação, mas não se esforça em crucificar a carne com suas paixões e concupiscências na
busca de sua regeneração e santificação. Não procura revestir-se de Cristo e da força de seu poder para
permanecer firme contra as astutas ciladas do diabo. Não se reveste das armaduras de Deus. O que
significa que não valoriza a obra expiatória e redentora de Cristo Jesus e o amor de Deus por sua vida.
Ora, o perdão gratuito de Deus que recebemos mediante a fé na obra redentora e expiatória de seu
Filho, que nos justifica de nossos pecados por tê-los levado na cruz e padecido a morte por nós, tem por
propósito nos imputar sua justiça libertadora (justificação) para que, com ela, nela e por ela, venhamos a
ser regenerados e santificados na nova vida que nos é ofertada no Filho de Deus. O mistério que nos
garante a vitória sobre o mundo, a carne e as forças do mal é Cristo em nós, a esperança da glória. É, pois,
nessa dimensão do Espírito Divino que o homem espiritual tem sua vida. Sua vida é vivida na vida
ressurreta do Filho de Deus. Por isso declarou o apóstolo Paulo:
Porque eu, pela lei, estou morto para a lei, para viver para Deus. Já estou crucificado com Cristo; e vivo,
não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a pela fé do Filho de Deus,
o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim. Não aniquilo a graça de Deus; porque, se a justiça
provém da lei, segue-se que Cristo morreu em vão.
Gálatas 2:19-21 ACF – Almeida Corrigida e Fiel)

Cristo e a Parábola do Semeador


Na parábola do semeador, Cristo Jesus nos adverte acerca do perigo de sua semente em nós ser
sufocada, desprezada, desvalorizada, trocada, impedida de crescer e criar raízes profundas em nosso ser.
O motivo se deve ao descaso e falta de valorização aos ensinamentos eternos de nosso salvador e libertador
Jesus Cristo. Satanás pode roubar a semente da eternidade que o Filho de Deus nos presenteia, a semente
pode vir a secar se a tratarmos superficialmente, a semente da eternidade pode ser trocada pelos joios que
o mundo oferece. O que está sendo descuidado ou desprezado pelo homem natural ou carnal é nada menos
do que a salvação eterna ofertada pelo Filho de Deus. Leiamos a parábola do semeador contada pelo
apóstolo João e Jesus Cristo:
E, ajuntando-se uma grande multidão, e vindo de todas as cidades ter com ele, disse por parábola: Um
semeador saiu a semear a sua semente e, quando semeava, caiu alguma junto do caminho, e foi pisada, e
as aves do céu a comeram; e outra caiu sobre pedra e, nascida, secou-se, pois que não tinha umidade; e
outra caiu entre espinhos e crescendo com ela os espinhos, a sufocaram; e outra caiu em boa terra, e,
nascida, produziu fruto, a cento por um. Dizendo ele estas coisas, clamava: Quem tem ouvidos para ouvir,
ouça.
E os seus discípulos o interrogaram, dizendo: Que parábola é esta?
E ele disse: A vós vos é dado conhecer os mistérios do reino de Deus, mas aos outros por parábolas, para
que vendo, não vejam, e ouvindo, não entendam. Esta é, pois, a parábola: A semente é a palavra de Deus;
e os que estão junto do caminho, estes são os que ouvem; depois vem o diabo, e tira-lhes do coração a
palavra, para que não se salvem, crendo; e os que estão sobre pedra, estes são os que, ouvindo a palavra,
a recebem com alegria, mas, como não têm raiz, apenas creem por algum tempo, e no tempo da tentação
se desviam; e a que caiu entre espinhos, esses são os que ouviram e, indo por diante, são sufocados com
os cuidados e riquezas e deleites da vida, e não dão fruto com perfeição; e a que caiu em boa terra, esses
são os que, ouvindo a palavra, a conservam num coração honesto e bom, e dão fruto com perseverança.
(Marcos 8:04-15. ACF – Almeida Corrigida e Fiel)

A sabedoria eterna ensina a todo cristão autêntico a não depositar o sentido de sua existência nos
valores temporais. Tais valores são efêmeros e transitórios. Como filhos da eternidade, cidadãos tanto do
reino dos céus quanto da terra, os cristãos devem colocar em primeiro lugar o reino dos céus e a sua justiça,
e as outras coisas lhes serão acrescentadas (Mateus 6:33). A existência temporal é apenas uma prova
passageira para seu aprimoramento espiritual. O ateísmo humanista da cultura moderna e
contemporânea tem levado a civilização ocidental a um estado de desesperança niilista, ao desespero da
falta de sentido existencial, à depressão, à angústia. O ser humano, criado por Deus para pertencer a
eternidade, jamais poderá se sentir realizado e feliz tendo o sentido de sua vida em valores temporais e
efêmeros. A vida humana tem por fundamento transcendente o Ser Divino, no qual temos nossa existência.
O ateísmo humanista secular do homem natural contemporâneo, em seu realismo ingênuo, tem reduzido
o sentido de sua existência à meros momentos fugazes de alegrias carnais e felicidades passageiras. Se a
razão de nosso existir depender de qualquer valor temporal estaremos fadados ao desespero existencial.
Daí a razão das correntes filosóficas da pós-modernidade serem niilistas. Quando a Divindade é
descartada da realidade como mera superstição ilusória, e o ser humano se arroga a ser um fundamento
em si tanto para si mesmo quanto para toda realidade, é porque espiritualmente já enlouqueceu. O
apóstolo Paulo, inspirado pelo Espírito de Deus, diagnosticou espiritualmente essa cultura, dizendo:
“Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens, que detêm a
verdade em injustiça. Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho
manifestou. Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como
a sua divindade, se entende, e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem
inescusáveis; porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças,
antes em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu. Dizendo-se sábios,
tornaram-se loucos. E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem
corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis. Por isso também Deus os entregou às
concupiscências de seus corações, à imundícia, para desonrarem seus corpos entre si; pois estes
mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que
é bendito eternamente. Amém.
(Romanos 1:18-25. ACF – Almeida Corrigida e Fiel)

Não é sem motivos que a civilização ocidental está se precipitando, cada vez mais, em um esvaziamento
de sentido existencial, cético, niilista, entregando-se à loucura das drogas e sexualidades patológicas, em
um embrutecimento intelectivo tanto nos níveis psicológico, lógico e ontológico de sua subjetividade.
A doença miserável do pecado é tamanha, que somente as riquezas eternas do Filho de Deus podem
saná-la. Ao criar o ser humano, Deus o fez com uma subjetividade tão imensurável, que ele pode tornar-
se habitação do próprio Deus ou morada de demônios. Sua maior miséria é a ausência da presença de
Deus; sua maior riqueza é tornar-se morada do Altíssimo. Por que o pecado é tão terrível assim? É terrível
porque, se não formos habitados por Deus, seremos habitados pelo Mal. Toda essa revelação das
Escrituras Sagradas parece, ao homem natural, uma insanidade absurda. Para o homem natural secular,
interpretar de modo literal o que está dito nas Escrituras Sagradas, é um atestado de insanidade psíquica
comprovado. Daí a razão da teologia apóstata liberal de Rudolf Bultmann propor o programa de
desmitificação das Escrituras Sagradas: tudo o que nas Escrituras Sagradas fosse incompatível com à
racionalidade lógica do pensamento filosófico e científico da modernidade, deveria ser retirado da Bíblia
Sagrada.
Não foi sem motivos que o apóstolo Paulo escreveu em sua carta aos Coríntios:
Todavia falamos sabedoria entre os perfeitos; não, porém, a sabedoria deste mundo, nem dos príncipes
deste mundo, que se aniquilam; mas falamos a sabedoria de Deus, oculta em mistério, a qual Deus
ordenou antes dos séculos para nossa glória; a qual nenhum dos príncipes deste mundo conheceu;
porque, se a conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da glória. Mas, como está escrito: As coisas
que o olho não viu, e o ouvido não ouviu e não subiram ao coração do homem, são as que Deus preparou
para os que o amam. Mas Deus no-las revelou pelo seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as
coisas, ainda as profundezas de Deus. Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o
espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de
Deus. Mas nós não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que provém de Deus, para que
pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus. As quais também falamos, não com
palavras que a sabedoria humana ensina, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando as coisas
espirituais com as espirituais.
Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e
não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem
tudo, e ele de ninguém é discernido. Porque, quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-
lo? Mas nós temos a mente de Cristo.
(1ª Coríntios 2:06-16. ACF – Almeida Corrigida e Fiel)
Nosso Senhor Jesus Cristo, referindo-se a esse grandioso mistério eterno de tornar-nos santuário do
Deus Vivo, morada de habitação de Deus, declarou aos seus discípulos e a todos quantos nele creem:
Se me amais, guardai os meus mandamentos. E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para
que fique convosco para sempre; o Espírito de verdade, que o mundo não pode receber, porque não o
vê nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco, e estará em vós. Não vos deixarei
órfãos; voltarei para vós. Ainda um pouco, e o mundo não me verá mais, mas vós me vereis; porque eu
vivo, e vós vivereis. Naquele dia conhecereis que estou em meu Pai, e vós em mim, e eu em vós. Aquele
que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado de
meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele. Disse-lhe Judas (não o Iscariotes): Senhor, de onde
vem que te hás de manifestar a nós, e não ao mundo? Jesus respondeu, e disse-lhe: Se alguém me ama,
guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada. Quem não
me ama não guarda as minhas palavras; ora, a palavra que ouvistes não é minha, mas do Pai que me
enviou. Tenho-vos dito isto, estando convosco. Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai
enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho
dito.
(João 14:15-26. ACF – Almeida Corrigida e Fiel)
O apóstolo Paulo, esclarecendo esse glorioso mistério que existe entre o homem espiritual e Cristo
Jesus, discorreu de forma tão elucidativa que não temos muito o que dizer mais acerca dessa verdade
eterna. Dirigindo-se aos cristãos da Igreja de Coríntios, o apóstolo escreveu:
Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o
templo de Deus, Deus o destruirá; porque o templo de Deus, que sois vós, é santo.
Ninguém se engane a si mesmo. Se alguém dentre vós se tem por sábio neste mundo, faça-se louco para
ser sábio. Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus; pois está escrito: Ele apanha os
sábios na sua própria astúcia. E outra vez: O Senhor conhece os pensamentos dos sábios, que são vãos.
Portanto, ninguém se glorie nos homens; porque tudo é vosso; seja Paulo, seja Apolo, seja Cefas, seja o
mundo, seja a vida, seja a morte, seja o presente, seja o futuro; tudo é vosso, e vós de Cristo, e Cristo de
Deus.
(1ª Coríntios 3:16-23. ACF – Almeida Corrigida e Fiel)

A Fonte da Revelação e o Fundamento da Igreja de Cristo


Por pertencer a uma cultura dessacralizada, laica, materialista e ateia, é natural ao homem moderno
e contemporâneo pressupor que haja apenas duas fontes de onde nos veem o conhecimento: a razão e os
sentidos, as quais nos dão o conhecimento lógico, intelectivo ou racional, e o conhecimento empírico
sensorial. Por não ter tido nenhuma experiência espiritual com Deus, o homem contemporâneo natural
julga inexistir não só o mundo espiritual referido nas Escrituras Sagradas, como também tudo o que diga
respeito a ele: revelação, anjos, demônios, fenômenos sobrenaturais, céu, inferno, etc. Pois o acesso ao
sagrado não é permitido ao profano, o acesso à dimensão do sagrado é privilégio dos santos, daqueles que
nasceram de novo e se tornaram também cidadãos do reino dos céus. As verdades sagradas são tesouros
da eternidade revelados aos filhos de Deus.
A maior tragédia da raça adâmica é justamente a perda da transcendência. O pecado adâmico
aprisionou a humanidade no mundo espaço-temporal da matéria. Aprisionada no reino da morte, a raça
adâmica desconhece sua origem eterna. Vivendo para o corpo e suas paixões instintivas naturais, ignora
o real propósito eterno da existência. O homem natural, com seu coração obscurecido pelo pecado, perdeu
a visão espiritual que poderia levá-lo a conhecer a vontade de Deus para com sua vida. Alienado da
eternidade, encontra-se aprisionado no reino da morte e impossibilitado de partilhar da visão do Espírito
de Deus para compreender o plano eterno divino para com toda a sua criação.
Quando Cristo Jesus perguntou a seus discípulos: Que dizem os homens que eu sou? As opiniões das
pessoas a respeito de Cristo Jesus eram diversas: João Batista, Elias, Jeremias, um dos profetas. Ainda
hoje, aqueles que não receberam a revelação divina acerca da identidade de Cristo Jesus, suas opiniões
continuam sendo diversas. Todavia, Simão Pedro, que já havia recebido a revelação divina, respondeu ao
seu Mestre: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. Leiamos o texto bíblico abaixo:

E, chegando Jesus às partes de Cesaréia de Filipe, perguntou a seus discípulos, dizendo: Quem dizem
os homens que eu, o filho do homem, sou? E eles disseram: Uns, João o Batista; outros, Elias, e outros,
Jeremias ou um dos profetas. Disse-lhes ele: e vós, quem dizeis que eu sou? E Simão Pedro,
respondendo, disse: Tu és o Cristo, o filho do Deus vivente. E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-
aventurado és tu, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue quem to revelou, mas meu pai, que
está nos céus. Pois também eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha congregação,
e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. E eu te darei as chaves do Reino dos céus, e tudo o
que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desatares na terra será desatado nos céus.
(Mateus 16:13-19 ARCA.)
A afirmação feita por Cristo Jesus a Simão Pedro, registrada no texto bíblico, até hoje é interpretada
de forma equivocada por certos teólogos, como se Cristo Jesus estivesse afirmando que Simão Pedro seria
a pedra sobre a qual edificaria sua Igreja. Tal interpretação é espúria. O que o Filho de Deus esclarecendo
a Simão Pedro diz respeito a revelação que o Pai Eterno deu a Pedro sobre a identidade dele, do Filho de
Deus. A Igreja que o Cristo iria edificar teria por fundamento o Cristo da visão espiritual dada pelo
Espírito Eterno a Pedro e a todos quantos viessem a ser iluminados pelo Espírito Eterno para crerem nele,
no Filho de Deus. Uma vez que todo aquele que viesse a nascer de novo, receberia a vida de Cristo Jesus
Ressurreto, tornando-se “um” ele. O motivo pelo qual Cristo Jesus mudou o nome de Simão para Pedro
tem sua explicação nesse mistério de transformação de nosso velho homem (Simão) num novo homem
(Pedro). Cristo em Pedro seria esse novo homem. Simão seria crucificado juntamente com Cristo a fim de
que Pedro pudesse ressuscitar juntamente com ele. Já não seria Simão que viveria, mas Cristo viveria
nele. Como declarou o apostolo Paulo: “Já não sou eu que vivo, mas Cristo vive em mim”.
pois Simão seria crucificado com ele Pois Cristo é tudo em todos. E o mistério oculto das gerações é Cristo
em nós. Ele é a cabeça, nós o corpo na unidade do Espírito. Todo esse processo redentor acontece mediante
a fé, que é um dom de Deus.
Ou seja, Cristo Jesus viria a edificar sua Igreja sobre o princípio da revelação espiritual que transformaria
a vida de Pedro em Cristo formado nele, Pedro. visto que obtemos tanto nossa justificação quanto nossa
regeneração e santificação mediante a fé na obra expiatória e redentora do Filho de Deus. “Porque no
evangelho”, ensina o apóstolo Paulo, “é revelada, de fé em fé, a justiça de Deus, como está escrito: Mas o
justo viverá da fé”. (Romanos 1:17 JFA-RA.)
Ora, o fundamento da Igreja do Deus Vivo é o próprio Cristo, a pedra angular de Esquina

E pela cruz reconciliar ambos com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades. E, vindo, ele
evangelizou a paz, a vós que estáveis longe, e aos que estavam perto; 18 Porque por ele ambos temos
acesso ao Pai em um mesmo Espírito. Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas
concidadãos dos santos, e da família de Deus; edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos
profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina; no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce
para templo santo no Senhor. No qual também vós juntamente sois edificados para morada de Deus em
Espírito.
(Efésios 2: 16-22 ACF – almeida Corrigida e Fiel)
Ou seja, a afirmação feita por Cristo a Pedro diz respeito ao conhecimento espiritual que seria dado a
todos aqueles que o Pai traria a Ele. Dito de outro modo
Somente aqueles que se torna iluminados pelo Espírito de Deus conhece a Jesus Cristo e o
próprio Deus, visto que é o Filho que revela o Pai...

A Revelação Mais Importante Que Devemos Aprender com Jó

A História de Jó retrata a condição de todo religioso que ainda se encontra sob a mentalidade legalista,
pressupondo que seu relacionamento com Deus se deva à sua virtude em ser obediente aos mandamentos
sagrados. Ou seja, o pressuposto de que tenha recebido as bênçãos de Deus devido aos méritos de sua
obediência aos seus mandamentos. Em Jó, ao analisarmos os questionamentos que fez a Deus sobre a
razão de sua desventura, podemos constatar que padecia ainda de certa mentalidade legalista. Sua
compreensão ainda imperfeita acerca da justiça de Deus precisava ser trabalhada a fim de que viesse a
crescer em conhecimento e graça diante de Deus.
Jó questionou a Deus sobre o porquê de sua desgraça tendo por base de seu argumento sua fidelidade
e obediência aos mandamentos divinos. Ou seja, sendo ele, Jó, um homem justo, questiona a Deus porque
estaria padecendo todo aquele infortúnio. Jó ainda não tinha entendido a profundidade trágica do pecado
sob a qual toda a raça adâmica subjaz cativa ao império do mal. Para que viesse a ser iluminado e, por
fim, pudesse obter uma revelação do Eterno sobre tal questão, necessitava amadurecer espiritualmente.
Motivo pelo qual Deus permitiu a Satanás tirar todos os bens materiais que possuía: riquezas materiais,
filhos, saúde, paz de espírito, etc. vindo a ficar terrivelmente abatido no pó e na cinza, cheio de chagas por
todo o corpo, contristado em meio a angústias e sofrimentos inimagináveis. e mergulhasse nesse posso
fundo de angústia e sofrimento... para, então, compreender que sua justiça, sua vida, sua maior riqueza,
seu bem maior era o próprio Deus. Jó, tendo crescido e amadurecido espiritualmente, no final do livro
declara:
..............
....................
De forma legalista, Jó tinha como base de sua confiança a obediência a Lei de Deus, sem ainda
compreender que a Lei necessitava está relacionada com a Graça, caso contrário, a própria Lei o
condenaria. Jesus falando com os escribas e fariseus, disse a eles:
Vocês estudam as Escrituras porque julgar encontrar nelas a vida eterna, mas são elas que testificam de
mim e não queres vir a mim para terdes vida.
A lei é a força do pecado..... a lei é ministério de morte, e não de vida.
Pela Lei ninguém será justificado diante de Deus, pois pela Lei vem o conhecimento do pecado. (Paulo)

O filósofo brasileiro Luiz Felipe Pondé, em sua obra “Os Dez Mandamentos e Mais Um”, fez a seguinte
análise interpretativa do livro de Jó:
“Jó é o auge da crítica à idolatria do ponto de vista da sabedoria antiga de Israel. Nele, o sábio nos
ensina que ninguém pode ser critério da própria virtude, a não ser Deus. Em sua agonia, tomado por um
sofrimento que parece injustificado, Jó clama por uma explicação. Deus, em sua condição de
incondicionado, incausado, imóvel e de Ser que não tem necessidade de justificação, abre no Primeiro
Mandamento a Sua tábua de valores para nos advertir que pune ou perdoa gerações inteiras por milênios,
segundo Seus critérios e Seus mandamentos”.
É somente quando descobre que nem sua dignidade lhe pertence verdadeiramente que Jó consegue
perceber que é apenas Deus que escolhe e julga. (...) Jó, portanto, é sobre a idolatria da própria virtude, já
que o próprio Jó se crê um homem justo”.
Pondé, Luiz Felipe. Os Dez Mandamentos e Mais Um. –
São Paulo: Três Estrelas, 2015.

Nos faz entender o reino do Espírito, o mundo Espiritual.


Como dissera o apostolo Paulo: “O deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos para que não
vejam a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus. 2º Coríntios 4:4. E nós, juntamente
com o apóstolo Paulo também dizemos:

“Não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê:
primeiro do judeu, depois do grego. Porque no evangelho é revelada a justiça de Deus, uma justiça
que do princípio ao fim é pela fé, como está escrito: “O justo viverá pela fé”.
Romanos 2:16-17.

A Consciência Universal da Lei de Deus


O filósofo Sócrates foi tanto o fundador da ciência teórica, mediante a criação do conceito, quanto o foi
da ciência ética, concebendo a inteligibilidade como sinônimo de eticidade. Este pensador possuía uma
ideia acerca do ser humano um tanto quanto ingênua. Em seu otimismo antropológico, pressupunha que
o problema do ser humano se devia ao âmbito cognitivo da ignorância. Por isso acreditava que a educação
(Paideia) poderia resolver a deformidade moral e intelectiva do ser humano; que esta seria suficiente para
formar um sujeito em perfeita justiça e dignidade moral. Em seu intelectualismo moral ingênuo,
acreditava que aquele que conhecesse o certo, não faria o errado. Ou seja, a pessoa que adquirisse
conhecimento acerca da justiça, do bem e da verdade, não agiria inconveniente e injustamente contra si
mesmo e seu semelhante. Embora o filósofo Aristóteles tenha trazido mais esclarecimentos sobre a
questão ética comportamental humana, afirmando que se fazia necessário educar igualmente a vontade
humana mediante o hábito e o costume práticos, como todo homem natural, Aristóteles desconhecia o real
problema da natureza humana. Acreditava mesmo que fosse possível ao ser humano agir de forma livre,
contando que aprendesse a agir de forma autônoma através de sua razão prática. Seu otimismo ingênuo
é explicado por sua confiança nos poderes da razão prática humana, concebida como sinônimo de
autonomia ou liberdade prática. As luzes da razão natural poderiam ensinar ao homem a comprometesse
com o bem, a justiça e a verdade. As religiões pagãs mundiais padecem dessa mesma ingenuidade,
ensinam que o ser humano é capaz de aprimorasse moralmente mediante sua evolução intelectiva. Por
mais que tenha de passar por uma série de reencarnações para obter sua evolução moral e espiritual, mais
cedo ou mais tarde, conseguirá evoluir por conta de seus próprios méritos e aprendizados existenciais.
Sejam os líderes de tais religiões, sejam seus adeptos, por não conhecerem o real estado de alienação
espiritual no qual a raça adâmica se acha, padecem da mesma ingenuidade espiritual. Os próprios anjos
caídos: tronos, soberanias, poderes ou autoridades das trevas, corroboram para manter esse estado de
espírito orgulhoso do ser humano. Inspirando aos seus sacerdotes e médiuns a criarem pretensas
doutrinas de justiça pessoais, os poderes da escuridão mantem a raça adâmica presa à ilusão dos méritos
pessoais e dos pretensos ciclos de reencarnações evolutivas do espirito.
Que o espiritismo, o budismo, hinduísmo, bramanismo, judaísmo, islamismo, etc. conheçam, em parte,
a Lei de Deus, não podemos negar. Em muitos de seus ensinamentos constatamos a presença da sabedoria
eterna. Isto, porém, não significa que sejam caminhos de libertação e salvação espiritual divinos. Não
basta conhecermos a Lei de Deus para sermos salvos da triste e trágica situação de alienação espiritual
na qual todo filho de Adão se acha escravizado. O conhecimento da Lei de Deus torna-se doutrina de vida
ou de morte, dependendo de nosso pertencimento espiritual à luz ou às trevas. Para quem é das trevas, o
“Ministério da Lei” é ministério de condenação e morte; para quem é da luz, o “Ministério da Lei” torna-
se ministério de luz e vida eterna, ainda que não sejamos justificados pela Lei, mas pela graça de Cristo
Jesus nosso Senhor. Pois “nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei
vem o conhecimento do pecado” (Romanos 3:20. ACF). “Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais
pela lei; da graça tendes caído” (Gálatas 5:4. ACF). O apóstolo Paulo, em sua carta aos irmãos de Coríntios,
a respeito da Lei, declarou:
E, se o ministério da morte, gravado com letras em pedras, veio em glória, de maneira que os filhos de
Israel não podiam fitar os olhos na face de Moisés, por causa da glória do seu rosto, a qual era transitória,
como não será de maior glória o ministério do Espírito? Porque, se o ministério da condenação foi
glorioso, muito mais excederá em glória o ministério da justiça.
(2ª Coríntios 3:07-10. ACF – Almeida Corrigida e Fiel)

As forças da ilusão sabem que não basta aos homens conhecerem a Lei de Deus, sabem que nenhum
homem é capaz de cumpri-la integralmente, sabem que é por meio da lei que vem o conhecimento de
pecado e, sobretudo, sabem que a força do pecado é a Lei. Como o Espírito da Revelação nos fez saber
através do apóstolo Paulo:
“Ora, o aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei. Mas graças a Deus que nos dá a vitória por nosso
Senhor Jesus Cristo”.
(1ª Coríntios 15:56-57. ACF – Almeida Corrigida e Fiel)
As Escrituras Sagradas nos alertam contra as astúcias das trevas e de seu príncipe, Satanás, o qual se transfigura em
anjo de luz.
“E não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz. Não é muito, pois, que os seus ministros
se transfigurem em ministros da justiça; o fim dos quais será conforme as suas obras”.
2ª Coríntios 11:14-15. ACF– Almeida Corrigida e Fiel)
Os ministros de Satanás, a semelhança de seu mestre, transfiguram-se em ministros da justiça. Todo
sacerdote pagão é um líder religioso disfarçado em ministro da justiça. Falam como se fossem ministros
do Deus Eterno. Possuem certo conhecimento da Lei Eterna e falam sobre sua luz e verdade, tendo certa
aparência de piedade e espiritualidade. Porém, são lobos devoradores das trevas. Haja visto que conhecer
e falar sobre a Lei de Deus não é sinônimo de espiritualidade ou santidade. Quanto mais os filhos de Adão
forem iludidos com pretensas verdades cuja base repousa sobre os méritos próprios e ciclos
reencarnatórios, a obra expiatória e redentora do Filho de Deus torna-se vã para quem vir a ser iludido
por essas doutrinas diabólicas. A estratégia de engano das trevas é precisamente essa: anular o único
meio de justificação redentora e expiatória divino, a fim de que o adâmico pereça sem vida eterna. O
próprio Cristo declarou: “E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a
Jesus Cristo, a quem enviaste”. (Jo 17:3 – ACF) “Quem crê no Filho de Deus, em si mesmo tem o
testemunho; quem a Deus não crê mentiroso o fez, porquanto não creu no testemunho que Deus de seu
Filho deu. E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está em seu Filho. Quem
tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida. (1ª Jo 5:10-12 – ACF)
A Lei e a Graça
Dois Tesouros da Eternidade aos Filhos de Deus

Compreender com profundida o ministério da dispensação da Lei e da dispensação da Graça é


imprescindível para a maturidade da vida cristã. O Antigo e o Novo Testamentos da Bíblia Sagrada
contém a revelação divina endereçada a todo filho de Deus sobre a “Verdade Imutável” e o desígnio do
Eterno para com toda a criação temporal. Seu desenrolar escatológico foi revelado ao apóstolo João, que
fora arrebatado em espírito na ilha de Patmos e adentrou as regiões celestes. Dentre as inúmeras
revelações, temos a do capitulo 5:1-5:

E vi na destra do que estava assentado sobre o trono um livro escrito por dentro e por fora, selado com
sete selos. E vi um anjo forte, bradando com grande voz: Quem é digno de abrir o livro e de desatar os
seus selos? E ninguém no céu, nem na terra, nem debaixo da terra, podia abrir o livro, nem olhar para
ele. E eu chorava muito, porque ninguém fora achado digno de abrir o livro, nem de o ler, nem de olhar
para ele. E disse-me um dos anciãos: Não chores; eis aqui o Leão da tribo de Judá, a raiz de Davi, que
venceu, para abrir o livro e desatar os seus sete selos.
(Apocalipse 5:1-5 – ACF)

A verdade eterna revelada na Bíblia Sagrada encontrava-se naquele livrinho que João viu. E, ao saber
que não fora achado ninguém digno de abri-lo, João chorava muito. Pois certamente o Espírito Divino o
tinha feito saber que naquele livrinho achava-se os decretos redentivos de Deus para com toda a criação.
Caso o livrinho não fosse aberto, a justiça de Deus não se efetivaria e, consequentemente, estaríamos todos
perdidos. O tesouro celeste, a verdade salvadora, a fonte da vida eterna, o caminho para a
transcendência... está selado na Bíblia Sagrado por dentro e por fora. Ao profano é proibido o acesso. Este
é o tesouro dos filhos de Deus. Somente o Cordeiro Eterno, que expiou os nossos pecados, o Filho de Deus,
pode desatar os selos da cegueira espiritual e revelar o tesouro que se oculta no livro. Não é sem razão que
tanto o homem natural quanto o carnal não compreendam as riquezas da eternidade contidas na bíblia
Sagrada.

“E assim a lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom. Logo tornou-se-me o bom em morte? De modo nenhum;
mas o pecado, para que se mostrasse pecado, operou em mim a morte pelo bem; a fim de que pelo mandamento o
pecado se fizesse excessivamente maligno. Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido
sob o pecado”.
(Romanos 7:12-14 – ACF)

"Não deem o que é sagrado aos cães, nem atirem suas pérolas aos porcos; caso contrário, estes as
pisarão e, aqueles, voltando-se contra vocês, os despedaçarão”. (Mateus 7:6. NVI)

Pela habitação do Espírito de Deus em nosso espírito participamos da vida ressurreta de Jesus Cristo. Nele temos
nosso novo ser sendo gerado em perfeita santidade e justiça.

Nessa participação mística na vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo estamos nos revestindo de Cristo através da
obra da regeneração e santificação do Espírito de Deus em nós. Pois em Cristo Jesus não mais judeu ou grego, homem
ou mulher (...). Pois Cristo é tudo em todos.

Nossa nova vida a temos na vida desse novo Adão, a qual é vida eterna, vida de Deus.

(...) vida de Deus em nós. Por isso declarou Jesus Cristo: "Eu e o Pai somo Um, e vós sereis um conosco (...)

Em nossa participação mística na vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo... 👆🏻

Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação... Visto que a justiça de Deus se revela
no evangelho. Romanos 1:16-17.

"Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus". Romanos 3:21.

Pela graça Deus ofertada no sacrifício expiatório de seu Filho na cruz do calvário, a justiça de Deus não é uma justiça
exigida ao homem, mas, sim, uma justiça oferecida ao homem. Deus Pai oferece gratuitamente a justiça de seu Filho
amado a todo aquele que crer nele. Ao que crer na obra expiatória e redentora do Filho de Deus, a justiça de Cristo lhe
é atribuída como se fora sua própria justiça. Ao crente na obra redentora do Filho de Deus, sua obra expiatória lhe é
atribuída por justiça justificadora da parte de Deus. Como dissera o apóstolo Paulo, "Deus o fez pecado por nós, para
que fôssemos justiça"...

É o próprio Deus quem nos justifica e nos torna justos. Essa é as boas novas do evangelho.

Cristo é o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.

Pela graça sois salvos, mediante a fé, e isso não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se
glória. Efeitos???

Interpretação teológica: a lei divina retrata o caráter santo, justo, perfeito, imutável e eterno de Deus, é a expressão de
sua divindade como aquele único ser que tem a plenitude da perfeita justiça e santidade e que é, em si, tanto a fonte
quanto o fundamento desses atributos de toda sua criação e governo existentes nos céus e na terra. Por isso que a Lei
de Deus é um princípio eterno, atemporal, por expressar a natureza santa, justa e perfeita de seu ser.

que é, em si, tanto a fonte quanto o fundamento desses atributos requeridos de toda sua criação e governo existentes.

Como expressão da natureza de Deus, a Lei é eterna, pois Deus é seu fundamento imutável e eterno.

Como, então, devemos entender a afirmação de Paulo ao declarar que o fim da Lei é Cristo?

Portanto, a Lei é a expressão de sua divindade...

A explicação é dada pelo próprio apóstolo ao dizer que a Lei não tem por função salvar a criatura imperfeita e pecadora,
mas, sim, revelar suas imperfeições a fim de conscientizá-la acerca da necessidade que ela tem de Cristo, como sacrifício
propiciatório por seus pecados, dado que lhe é impossível cumprir as Leis de Deus, em razão de suas imperfeições e
fraquezas.

Devido as nossas Imperfeições e fraquezas decorrentes de nossa natureza pecaminosa, a Lei de Deus, que é perfeita,
justa e boa, torna-se ministério de morte e condenação contra nós, revelando a força que o pecado exerce contra nós
condenando-nos por não cumprirmos a Lei de Deus. Por esta razão necessitamos nos libertar da força da escravidão do
reino do pecado a fim de termos paz com Deus mediante a graça que há na obra expiatória e redentora de Jesus Cristo.
"Se o Filho vos libertar, verdadeiramente seres livres. E conheceres a verdade, e a verdade vos libertará". (João???)

Como pode findar algo que é eterno por natureza? Pois a Lei é eterna por expressar a natureza de Deus.

O que termina em Cristo é o motivo que o pecado tem de nos acusar utilizando-se da Lei de Deus. Cristo nos liberta da
maldição da Lei recebendo nossa maldição sobre si e cravando-a na cruz do calvário. O pecado não tem mais o direito
de ter domínio sobre nós, pois não estamos mais debaixo da Lei, mas, sim, da graça imerecida de Deus. Pois todos que
fomos batizados em Cristo, nos revestimos de Cristo. Ao nos revestirmos de Cristo, revestimo-nos de sua justiça e
santidade diante de Deus Pai. Assim, a justiça de Cristo passou a ser também nossa justiça. A vitória que teve contra os
poderes do reino das trevas tornou-se igualmente nossa vitória. Por isso que somos mais do que vencedores por meio
daquele que nos amou. Com sua vida de obediência e santidade sob a Lei de Deus, seu sacrifício expiatório por nossos
pecados e sua ressurreição gloriosa em corpo imortal, o Filho de Deus conquistou a libertação de todos os que nele
creem.

Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu Filho unigênito para que todo aquele que nele crer tenha a vida
eterna. (João 3:16)

Pois "a força do pecado é a Lei" (???).

Ora, "o salário do pecado é a morte", ao nos batizarmos em Cristo, morremos juntamente com ele para que também
com ele ressuscitássemos em novidade de vida. Ao morrer em nosso lugar, recebendo nossa condenação sobre si, ele
rasgou o escrito de dívida que nos era contrário, pagando-o com seu sacrifício por todos nós. Foi assim que Cristo nos
libertou da maldição da Lei, tornando-se maldição em nosso lugar, para que nele fôssemos feitos justiça de Deus. É por
isso que o pecado não tem mais domínio sobre nós, pois não estamos mais debaixo da Lei de Deus, mas, sim, da graça
em Cristo Jesus nosso Senhor.

Como cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, Jesus Cristo é simbolizado pela Lei por uma serpente.
"Assim como Moisés levantou a serpente no deserto, assim também importa que o Filho do homem seja levantado.
Para que todo aquele que nele crer, tenha a vida eterna. (João???) A Lei foi dada por Moisés, e a ele foi ordenado que
levantasse uma serpente de bronze em um madeiro no deserto, ao receber nossa natureza serpentina pecaminosa sobre
a cruz, Jesus Cristo é simbolizado por uma serpente (Satanás, a serpente do Éden). Isso se deve ao fato dele, embora
sendo o cordeiro santo, perfeito e imaculado ofertado por Deus Pai ter a missão de receber sobre si nossa natureza
pecaminosa serpentina a fim de cravá-la com seu sacrifício propiciatório na cruz do calvário.

A Lei nos condena por nossa natureza pecaminosa serpentina. Através de seu sacrifício propiciatório por todos nós,
Jesus Cristo nos libertou da condenação da Lei pelo fato de ter recebido sobre si o julgamento e a punição de Deus por
nossos pecados, os quais manifestam nossa natureza serpentina. A Lei condena à morte a nossa natureza pecaminosa
serpentina. Cristo Jesus recebeu a nossa condenação, morrendo em nosso lugar. Mas ressuscitou para a nossa
justificação e novidade de vida, infundindo em nós sua vida ressurreta mediante a dádiva de seu Santo Espírito.

Deus Pai sacrificou seu Filho unigênito como propiação pelos nossos pecados a fim de nos redimir de nossas culpas e
nos libertar dos poderes do reino das trevas. Pois para isso o Filho de Deus se manifestou: para destruir todas as obras
do diabo e nos purificar de toda a iniquidade mediante a dádiva de seu Santo Espírito, que nos vivifica, regenera,
transforma, purifica e santifica.

*como propiciação pelos nossos pecados...

Com isso podemos entender que a salvação é uma obra de resgate divino feita pelas três pessoas da trindade bendita:
Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo.

A fim de nos resgatar do império das trevas e da escravidão do pecado, a Trindade Santa...

Na vida do autêntico cristão, a lei eterna de Deus deixa de ser um mandamento de condenação e ministério de morte e
passa a ser mandamento de vida e paz gravada nas tábuas de seu coração pelo Espírito Santo.

*(...) a trindade santa, em seu conselho eterno, criou um meio de salvação para resgatar e redimir tido aquele que tem
fé na obra propiciatório de Cristo Jesus, quanto para redimir toda a criatura que ficou sujeitada ao poder do império da
morte. Pois toda a criação, geme com dores de parto, até que seja libertada de seu cativeiro. Aguarda com grande
expectativa a revelação dos filhos Deus para a sua redenção. (????)

"Um novo pacto, tirarei vosso coração de pedra, e vos darei um coração de carne, e nele inscreverem minhas leis". (????)

A lei deixa de ser ministério de morte e condenação na vida do cristão porque o novo ser e a nova vida que está sendo
formada nele é Cristo Jesus que, sendo Deus, espelha a lei divina em seu ser. Assim o intento da trindade bendita na
obra da criação é realizado. O "façamos o homem à nossa imagem e semelhança" (Gênesis???) é realizado na nova
geração dos filhos de Deus, a qual está sendo formada em plena santidade, justiça e verdade. "O profundida das
riquezas, tanto da sabedoria quanto do conhecimento de Deus, quem pode sondar sua profundidade", jubila o apóstolo
Paulo.

Não só o fim da lei é Cristo, como também Cristo é o próprio fundamento da lei, visto que a lei é uma expressão da
natureza de Deus.

(...) espelha a lei divina em seu ser. Assim sendo, não só o fim da lei é Cristo, como também Cristo é o próprio fundamento
da lei, visto que a lei é uma expressão da natureza de Deus.

A lei eterna de Deus não é abolida na cruz, mas, sim, confirmada. O que foi abolido na cruz foi a função condenatória da
lei a todos que creem na obra propiciatório de nosso Salvador. Por isso Paulo esclarece: "Anulados a lei? De modo algum,
antes a confirmamos". (Romanos 8:??)

*O Espírito de Deus habita em nós e seu poder eterno nos fortalece a fim de lutarmos o bom combate da fé com as
armas da justiça. "Pois nossa luta não é contra a carne e o sangue, mas contra os principados, potestades, dominações
e as hostis da maldade nas regiões celestes" (Efésios 6:???).

*no qual estamos firmes e sendo regenerados, purificados, santificados e, de glória em glória, glorificados em Deus, por
Deus e para Deus.

A lei divina é eterna, por expressar a natureza santa, justa, perfeita e verdadeira de Deus. Por isso, em todos os seus
formatos dispensacionais, seja no natural ou especial, a lei eterna de Deus continua e continuará condenando a todo
pecador transgressor. Todavia, sua atribuição condenatória é totalmente anulada contra a pessoa que se refugia na
obra expiatória de justiça consumada por Cristo Jesus, o Filho de Deus. Por ele ser o Cordeiro ofertado por Deus Pai
como propiciação por nossos pecados, levou sobre si as nossas culpas e recebeu a devida punição exigida pela lei eterna
de Deus em nosso lugar. Como sacrifício propiciatório, sua morte foi nossa morte. Por isso que em nosso batismo fomos
sepultados com Jesus Cristo. Mas assim como ele ressuscitou pelo poder de Deus, por termos recebido seu Santo Espírito
Ressurreto, ressuscitamos juntamente com ele para andarmos em novidade de vida. Em seu Santo Espírito ressurreto
em nós, nele temos nosso novo ser sendo formado em perfeita justiça, santidade e verdade. A cada dia, de fé em fé,
estamos nos revestindo de Cristo mediante a obra regeneradora, transformadora e santificadora do Espírito de Deus.

O pecado e os poderes do reino das trevas não tem mais nenhum direito de ter domínio sobre nós, pois não estamos
mais debaixo da lei, mas sim da graça redentora de Cristo Jesus, o nosso Salvador, o Filho de Deus.

Por ter sido nos dado o Espírito ressurreto de Cristo, Cristo passou a habitar em nós através de seu Santo Espírito. Daí a
razão do apóstolo Paulo dizer que maior é aquele que está em nós, referindo-se a Cristo Jesus, do que aquele que está
no mundo, isto é, Satanás.

O Espírito de Deus habita em nós e seu poder nos fortalece para lutarmos contra a escravidão do pecado e o reino das
trevas.

*... (referindo-se ao Espírito ressurreto de Cristo Jesus), do que aquele que está no mundo, isto é, Satanás.

*Seu Santo Espírito ressurreto veio habitar em nós para que nele pudéssemos ter nosso novo ser sendo formado em
perfeita justiça, santidade e verdade. (...)

*Nosso novo ser é Cristo em nós, a esperança da glória. A cada dia, de fé em fé, de revelação a revelação, estamos nos
revestindo de Cristo mediante a obra regeneradora, transformadora e santificadora do Espírito de Deus.

Revelação em revelação, ...

Pertencentes aos eleitos do Cordeiro, enquanto tesouros da eternidade, a “Lei e a Graça” para serem
iluminados pelo Espírito da Verdade, a fim de participarem da vida eterna e das riquezas
insondáveis da eternidade.

Mas, cegados pelo engano do pecado, a mensagem eterna da cruz que anuncia a obra propiciatória do
Cordeiro que foi morto antes da fundação do mundo pelos desígnios eternos da presciência de Deus, torna-
se mensagem de loucura e escândalo a todos que se perdem.
Aos participantes do mistério da salvação, aos que creem na obra redentora e expiatória do Filho de
Deus, o Espírito Cristo passa habitar o seu ser para que possam ser regenerados, santificados e
aperfeiçoados em, por e para Deus. Iluminados pelo Espírito do Altíssimo, tornam-se sabedores de que,
sem a luz divina de Cristo Jesus e de seu poder redentor, é impossível ao homem adâmico libertar-se do
reino das trevas através de suas próprias forças e capacidades naturais. Isso se deve ao fato de que, por
sua natureza pecaminosa, seu estado de alienação espiritual e pertencimento ao reino das trevas, tornam-
se extremamente insensíveis a voz do Espírito Santo de Deus. Por seus corações e mentes terem sido
cauterizados pelo engano do pecado, perdem o temor a Deus. Separados da eternidade e da sabedoria
espiritual, tornam-se blasfemadores e detratores de Deus.
A alegada autonomia da razão natural, pressuposta pela filosofia humanista moderna e
contemporânea, é uma grande e terrível ilusão. A natureza serpentina do príncipe das trevas, adquirida
com a queda do pecado original de Adão, é claramente manifestada no repúdio da humanidade caída à
sabedoria sagrada das Escrituras. Despreza os tesouros eternos como se fora mera superstição enfadonha
de ignorantes. Seus valores são invertidos, ama as trevas e odeia a luz.

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