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OS PRINCÍPIOS DE CONTEXTUALIZAÇÃO DA
ANTROPOLOGIA MISSIONÁRIA
Diante da vasta literatura sobre o assunto, este trabalho utilizará conceitos
devidamente experimentados por missionários pesquisadores cuja experiência tem
sido reconhecida e cujo trabalho científico de pesquisa obtêm posição de
proeminência no espaço acadêmico especializado, como Ronaldo Lidório, Barbara
Burns e outros.
a seguir.
Aula 1 Culto & Contextualização Dia: / /
Os elementos da comunicação
Os níveis da
contextualização
Dia: / / Culto & Contextualização Aula 2
Os níveis da contextualização
Para melhor compreensão do assunto, é necessário explicitar que todas as
estratégias utilizadas pela Antropologia Missionária atual são fruto de erros e acertos
concernentes à prática missional mundial desde o surgimento das missões
modernas. No começo do séc. XIX prevalecia o conceito de que “todas as culturas
fora do mundo ‘civilizado’ eram más” (BURNS, 2011, p. 139), conceito sustentado nos
séculos anteriores e que motivou a corrida evangelizadora (e colonizadora) da igreja
católica desde a era medieval. Com o passar dos anos e o surgimento das ciências
sociais passou-se a questionar e posteriormente a rejeitar práticas missionárias cujo
modelo siga os padrões colonizadores, mais conhecidos no meio religioso por
catequese. Sobre o mesmo, Lidório explica:
Por catequese, refiro-me não apenas ao modelo tradicional católico romano, mas a qualquer
modelo - cristão ou não cristão, católico ou evangélico - que se baseie: 1) na imposição de valores,
não em sua exposição; 2) nos códigos comunicacionais de quem transmite, não de quem recebe; 3)
na proposta da relação do grupo-alvo com a igreja-instituição não com a igreja-pessoas; 4) no alvo
de adequar o ouvinte e uma forma religiosa nominal; 5) na perspectiva de não ajudar o ouvinte a
compreender o sentido do evangelho.[...] A catequese é impositiva e distanciada, pois ocorre no
ensino não dialogado e num ambiente de transmissão sem conversação, quase puramente litúrgico.
(LIDÓRIO, 2011, p. 43)
Em oposição ao conceito colonialista da catequese, o Dr. Donald [2] McGavran
promoveu o conceito do Princípio da Unidade Homogênea (PUH), onde crê-se que
“95% da cultura de qualquer povo é boa, e apenas 5% dela precisa ser modificada
pelo evangelho” (BURNS, 2011, p. 139) e “não existe forma sagrada na Bíblia [...] ao
transmitirmos significados bíblicos para outras culturas, podemos e devemos mudar
qualquer forma, sem exceção” (BURNS, 2011, p. 140).
verdade bíblica.
fechados e precisos, pois cada um dos níveis encontra variáveis durante sua prática.
Com o mesmo objetivo, Lima (BURNS, 2011, p. 246) apresenta outros 3 níveis de
com Burns, podem formar a seguinte associação de interação com a cultura local
(costumes, mitos, velhas crenças, rituais, histórias, canções, tradições, arte, música e
e eclesiásticas.
Contextualização crítica
O evangelho contextualizado
Dia: / / Culto & Contextualização Aula 2
- Sincretismo livre
Além dos códigos receptores comuns a uma cultura específica, há um outro nível de
caminho entre ambos não é necessariamente natural, visto que algumas pessoas têm
adotar e amar a verdade - compromisso: crer, adotar para si, assumir que,
Jesus mais uma vez apresenta tal preocupação quando faz sua oração sacerdotal,
como descrita em João 17.8 (BÍBLIA DE ESTUDO NAA, 2018, p. 1943): “[...] porque
eu tenho lhes transmitido as palavras que me deste, e eles as receberam,
verdadeiramente reconheceram que saí de ti e creram que tu me enviaste.” Pode-se,
neste caso, observar claramente o processo de aprendizagem tendo sido
apresentado de maneira coerentemente sequencial, iniciando pelo recebimento da
mensagem transmitida, depois pelo reconhecimento (fruto da reflexão) e, por fim, da
crença no conteúdo apresentado. É bom lembrar que neste caso, a mensagem não
foi apenas transmitida oralmente, de maneira expositiva, mas ensinada no dia a dia,
através de gestos, atitudes e experiências. Jesus sabia que os discípulos precisavam
ver, ouvir e tocar, e deu-lhes a oportunidade de fazê-lo.
<http://instituto.antropos.com.br/v3/index.phpoption=com_content&view=article&id=71:urbanos-pesquisa
sociocultural&catid=40:consultoria-antropologia&Itemid=9>.
Mais uma vez os métodos e ferramentas de pesquisa sociocultural são úteis para
a otimização dessa intenção, como explicado anteriormente.
Aula 3
Colonização
Protestante e seus
efeitos litúrgicos
brasileiras.
Há um marco na história dos batistas brasileiros que, quando observado
destinavam-se apenas aos colonos. Não tinha a igreja objetivos missionários, não
missionários para o trabalho de evangelização dos nativos, mas sem muito resultado.
Sayão observa a concepção de que a cultura nativa brasileira era atrasada, pobre e
de inferioridade cultural presente nos dias atuais entre vários círculos culturais e
batizado pelo pastor colono Robert Thomas), os batistas brasileiros logo passaram a
desenvolver seu ardor missionário, abrindo novas igrejas em regiões cada vez mais
brasileira foram logo aderidos pois ficava cada vez mais claro que sem a remoção de
algumas barreiras, seria impossível comunicar a Palavra de Deus. Por isso a língua
portuguesa foi sendo aprendida pelos muitos missionários aqui alojados e logo
foram nascendo as traduções dos hinos cantados nos seus países de origem. A forma
culto nas diversas igrejas batistas brasileiras, o que pode-se ser considerado natural,
visto que era a forma usual com a qual os missionários estavam melhor
>>>
Aula 3 Culto & Contextualização Dia: / /
Ênfase mais
Ênfase no individual -------- fundamentalista e
metafísica
Repressão das paixões -------- --------
está, em absoluto, no zelo pela preservação das verdades bíblicas mas revelou-se
processo de aculturação cujas consequências são sentidas até os dias de hoje. Silva
das suas formulações doutrinárias, que têm sido insensíveis aos padrões de
seus seminários, importou dos Estados Unidos o modelo do curso de Música Sacra,
explica Kammer (2011, p. 19): “Histórica e oficialmente, nós batistas não temos uma
liturgia rígida ou uma ordem fixa para os cultos coletivos nas igrejas locais, mas
utilizamos alguns modelos.” A grande maioria das igrejas batistas enviavam seus
explica Kammer :
“Muitas igrejas seguem o padrão baseado na visão do profeta Isaías (Isaías 6.1-9), o
qual é ensinado em nossos seminários nos cursos de Música Sacra [...] Segue uma
CONFISSÃO E PERDÃ
Leitura bíblica (sobre confessar os pecados, as falhas e a certeza do perdão
Cor
Oração silencios
Canto congregacional (alguns cânticos ou estribilhos de hinos conhecidos que
falem sobre a alegria cristã que vem da certeza do perdão de Cristo) INTERCESSÃO OU GRATIDÃ
Leitura bíblic
Canto congregacional (HCC, CC ou cântico avulso
Momento de intercessão e gratidão (pode ser feito junto ou em dois momentos
Coro
apresentação de bebês
Bênçã
Poslúdio, instrumentos (sentados, orando e consagrando a vida ao Senhor
Recessional ou saída (saída do culto transformados para servir em nome do
Senhor). (KAMMER, 2011, p. 20)
Dia: / / Culto & Contextualização Aula 3
Com o passar dos anos alguns aspectos litúrgicos dessa herança foram perdendo sua
Schaeffer (2010, p. 68) chama de “suicídio”, pois “a igreja tem seu lugar, mas o
maneira positiva ou negativa. Em termos positivos, algumas coisas nunca mudam porque
são verdades eternas. Devemos nos apegar firmemente a elas e não abrir mão de nada.
Existe, porém, o aspecto negativo. [...] Logo, se nós, como evangélicos, nos tornamos
antiquados, não no sentido positivo, mas no negativo, devemos entender que não se
Mostra que perdemos o rumo. Perdemos contato com a direção do Espírito Santo, que
A igreja tem seu lugar no mundo até a volta de Cristo. É preciso, porém, encontrar o
comunidade na igreja. Também é necessário que a liberdade seja exercida sob a direção
do Espírito Santo, a fim de mudar o que precisa ser mudado e ir ao encontro das
necessidades variáveis de determinado lugar e momento. De outro modo, não creio que
haja lugar para a igreja como igreja viva. Ela se tornará fossilizada e excluiremos Cristo da
A “sacralização” da forma litúrgica antiga é uma heresia que precisa ser extirpada dos
arraiais batistas, pois entorpece os sentidos da igreja impedindo-a de influenciar a
cultura e a sociedade como lhe é cabido. Vale também ressaltar que essa
sacralização é um atentado à própria identidade brasileira. É a confirmação da
ideologia de dominação e superioridade de uma cultura sobre a outra, já
abandonada pelos mais sérios pesquisadores da antropologia missional, como
explicam Burns, Azevedo e Carminati.
“Cultura civilizada” e “cultura primitiva” são expressões comuns que designam os dois
principais tipos de cultura humana, não em termos negativos, mas simplesmente em
função do grau de desenvolvimento para industrialização de cada grupo. Geralmente a
cultura chamada civilizada tem uma maior variedade de escolhas, todas aceitáveis
dentro de uma sociedade. [...] Mas convém frisar aqui que não é pelo fato de uma cultura
ser primitiva ou pré-letrada (termo que usaremos como sinônimo de “primitiva”; estes
povos não têm sua língua escrita) que ela é errada ou inferior à nossa. Em certos aspectos
ela dispõe de menos alternativas que a nossa, não se desenvolve para a industrialização
ou invenções que melhoram sua vida e não tem língua escrita. O problema, então, é que
pelo fato de outras culturas não terem esses aspectos, nós as desprezamos e as
consideramos inferiores. Isto é grave. Muitas vezes, em alguns aspectos, tais culturas têm
conhecimentos muito mais profundos do que nós, sem que nunca tenha sido necessário
passarem pelos nossos sistemas de escolaridade. (BURNS; AZEVEDO; CARMINATI,
1996, p. 21)
cia trazido, mesmo que inconscientemente, pelos missionários estrangeiros que aqui
limites possíveis para um contato equilibrado entre cultura local e liturgia batista
Teologia na prática
ministerial
relacionamentos.
diferentes, pois cada uma possui sua gama de complexidades que, se mal
propostas práticas para que tais muros transformem-se em pontes, ligando pessoas
saudável.
Não haverá sucesso caso o início do processo não tenha sido promovido pelo
próprio Deus, pois é Ele o dono da igreja e, portanto, o maior interessado em sua
um plano próprio, mas algo revelado pelo Espírito Santo de Deus como sendo o
caminho certo a seguir. Gostos pessoais e desejos humanos serão deixados de lado
próprio Deus capacitará a todos para que aconteçam mudanças, como fez ao
Palavra do Senhor a Zorobabel: ‘Não por força nem por violência, mas pelo meu
Espírito’, diz o Senhor dos Exércitos.” (Zacarias 4.6). Acerca disso Piragine
testemunha:
mesmo de incompetência, pois é através dele que Deus começa a quebrar as fortalezas
que se instalam em nossa mente e que nos impedem de ser flexíveis, primeiro à vontade
Aula 4 Culto & Contextualização Dia: / /
mesmas. Todo líder que se vê em uma situação assim só tem uma saída:
egoísta. Diante dos apelos seculares que são lançados sobre a liderança das igrejas, é
cada vez mais vital que esta liderança avalie o caminho escolhido para conduzir seus
e líderes. Não há qualquer problema nas estratégias de gestão em si, pois são fruto
consumidores.
seguir:
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Dia: / / Culto & Contextualização Aula 4
DOIS CAMINHOS
demais
geralmente quantitativo
Aula 4 Culto & Contextualização Dia: / /
Visão utilitária dos recurso Visão dos recursos guiada pela mordomi
O Senhor diz:
Quando comparecem diante de mim, quem requereu de vocês esse pisotear dos meus
átrios?
Não me tragam mais ofertas vãs! O incenso é para mim abominação, e também as
Festas da Lua Nova, os sábado e a convocação das assembleias. Não posso suportar
As Festas da Lua Nova e as solenidades, a minha alma as odeia; já são um peso para
“Quando vocês estendem as mãos, eu fecho os meus olhos; sim, quando multiplicam as
suas orações, não as ouço, porque as mãos de vocês estão cheias de sangue.
Lavem-se e purifiquem-se! Tirem da minha presença a maldade dos seus atos; parem
de fazer o mal!
No texto acima Deus deixa muito claro que os padrões pelos quais mede a eficiência
das obras de seu povo não são humanas. Não são mensuradas por padrões externos,
sem, contudo, rejeitá-los. Deus, segundo o texto exposto, não condena as atividades
em si, mas rejeita-as quando realizadas sem a motivação correta e sem a busca por
representadas aqui pelos “órfãos e viúvas”. Fica claro que para Deus, mais
A escolha de gestão do caminho do reino deveria ser fácil, mas para muitos não é, e
João 2:15-17 , extraindo do texto o que chamam de “as três tentações que todos
nós enfrentamos”:
Não amem o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o
amor do Pai não está nele. Porque tudo o que há no mundo — os desejos da carne, os
desejos dos olhos e a soberba da vida — não procede do Pai, mas procede do mundo.
Ora, o mundo passa, bem como os seus desejos; mas aquele que faz a vontade de Deus
pelo caminho do Reino, ainda que haja a intenção de fazê-lo, pois opõe-se à
supervalorização do dinheiro e, sem ele, a obra fica paralisada, pois não há uma
dono de todos os bens. O grande perigo deste pecado é a crença de que precisa-se
prioritariamente dos recursos humanos para que a obra de Deus na terra seja
realizada, e sem eles, tudo se paralisa. Este pecado opõe-se claramente ao conceito
espírito de competitividade.
Dia: / / Culto & Contextualização Aula 4
permitirá que seus pares se desenvolvam, sob o temor de que alcancem destaque
maior do que o deles. Há, portanto, oposição direta à gestão guiada por
A fim de concluir suas propostas, Hoag, Rodin e Willmer oferecem dois quadros que
alegre obediência.
levá-los no ministério.
desviar do louvor.
Aula 4 Culto & Contextualização Dia: / /
parceiros de serviço.
abundante.
eficazmente.
Reino
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Aula 4 Culto & Contextualização Dia: / /
A visão é o futuro desejado que antevemos pela fé. Os valores são alicerces sobre os
quais edificaremos o futuro. O contexto é o solo onde os alicerces são fincados.
Algumas pessoas imaginam que contextualização é apenas adaptar-se à realidade
existente, isto é, conformar-se com o mundo ao nosso redor. Contextualização,
entretanto, é saber como usar a realidade existente para, com base nela, construir a
realidade desejável ou uma nova visão. [...] No processo de contextualização, acontece
o mesmo: construímos uma realidade desejável e analisamos com cuidado o solo que
Deus nos deu, para então, aprofundar os valores. Com certeza, descobriremos que o
solo cultural de uma congregação não é uniforme. Alguns valores serão facilmente
assimilados, outros demandarão mais tempo e trabalho para serem fincados, de forma
que suportem o peso de uma nova edificação. (PIRAGINE JR., 2018, p. 72, 73)
A resistência diante de mudanças é algo natural ao ser humano, e precisa ser vista
com um realismo otimista durante a contextualização litúrgica, por mais que
provoque certas situações que impeçam ou atrapalhem a realização do projeto em
Dia: / / Culto & Contextualização Aula 4
em questão. Por isso é sempre bom lembrar que quanto mais aqueles que propõem
a inovação estiverem integrados, conectados e possuírem a confiança da igreja, mais
facilmente vencerão as dificuldades que se levantarem, como explica Piragine :
Para um pastor, identificação significa mais do que conhecer o seu povo; significa sentir
com ele seus problemas e medos, tratar suas feridas e tornar-se instrumento de Deus
para fortalecê-lo espiritualmente. É por meio dessa santa identificação que surge a
verdadeira autoridade da liderança pastoral. [...] A partir de tal identificação é que o
projeto poderá dar certo. (PIRAGINE JR., 2018, p. 63)
A Reforma Radical era biblicista, mas Lutero examinou como algumas das antigas práticas
se enquadravam no todo e que mensagem passavam. Ele sabia que algumas eram
relativamente recentes, dos dias medievais, e não tinham mandato das Escrituras, mas
poderiam ser aceitas, desde que não estorvassem. O mesmo princípio foi aplicado na
visitação das igrejas da Saxônia em 1527-28. Os que foram visitar as paróquias foram
lembrados de que era importante ter uma teologia da Santa Ceia orientada pelo
Evangelho. Entretanto, os clérigos locais também foram orientados a ser pacientes e
ensinar quando as pessoas estivessem ainda relutantes em receber o cálice, mesmo já
tendo se passado tanto tempo. Quanto a outras práticas litúrgicas, deixou-se a cargo dos
visitadores a decisão de considerar o estado espiritual dos leigos antes de recomendar o
que poderia permanecer e o que deveria ser descartado. (BUSS, 2011, p. 23
Aula 4 Culto & Contextualização Dia: / /
É missão da igreja de Cristo o resgate da cultura e das artes, mas não sem julgar a
mesma cultura biblicamente, apropriando-se da contextualização crítica e definindo
os passos com que este resgate poderá ser realizado. Este zê-lo é uma
demonstração do amor com que uma liderança possui por sua congregação, pois
preferir a saúde da igreja em detrimento aos anseios pessoais de modernização é,
acima de tudo, um ato de amor. Amor que líderes como Lutero, nutriram e nutrem
pelo Povo de Deus.
Aula 5
Aula 5
Contextualização
litúrgica na prática
Como contextualizar.
DESAFIOS E SOLUÇÕES
e seus desafios para a igreja foram escritos fora do Brasil. Muitos desses livros estão
realidade brasileira se aprofunde. Nem todos os desafios são iguais. Alguns agravam-
se em solo brasileiro enquanto outros ainda nem chegaram por aqui, por isso, nesta
O problema central que procuro debater é a relação que essa fragmentada, mestiça,
quem diga que tal coisa não exista) mantém com a cultura nacional. Para os nossos
detratores, não dá para ser evangélico e ser brasileiro. Uma coisa anularia a outra. Será
análise. Seria necessário, por exemplo, questionar suas definições acerca do que é
ser evangélico e ser brasileiro, além de outras questões profundas demais para esta
relação entre igreja e cultura brasileira não é das melhores e está longe de ser fácil.
O Brasil, com suas dimensões continentais, não possui uma só cultura que o
identifique. Há tantas diferenças que, enquanto nação, poucas coisas servem como
Na visão de João em Apocalipse 5.9,10, ele ouviu um cântico celeste que celebrava
E cantavam um novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro, e de abrir os seus selos;
porque foste morto, e com o teu sangue nos compraste para Deus de toda a tribo, e
língua, e povo, e nação; E para o nosso Deus nos fizeste reis e sacerdotes; e reinaremos
sobre a terra.
Segundo o texto, Cristo trouxe para o reino de Deus pessoas de todas as nações não
apenas salvando-as, mas dando-lhes autoridade sobre a terra. Esta não seria a
razão, caso contrário (caso haja uma só cultura humana que deva ser utilizada para a
proclamação do Reino de Deus, e para isso deva ser reproduzida por todas as igrejas
resgate cultural como sendo uma missão do Reino de Deus, e é por este motivo que
a reflexão se alavanca.
Polarização
Divergências não são novidade para a igreja cristã. Desde seus primórdios vê-se os
Naturalmente Jerusalém não era uma cidade puramente judia. Ali viviam pessoas de
todos os cantos do Império Romano. É claro que muitos eram judeus que voltavam do
exílio, mas na massa da população de Jerusalém também havia muitas pessoas de fala
primeiro conflito da igreja tenha ocorrido justamente em cima desses limites culturais. As
viúvas de fala grega eram ignoradas durante o cuidado diário (At 6.1). E é ainda mais
significativa a forma que a igreja encontrou para solucionar esse problema. Ela cria uma
estrutura, a instituição dos diáconos, algo até então desconhecido entre os judeus. E
chama pessoas de origens diversas para esse cargo tão sensível do ponto de vista social e
A situação das viúvas de fala grega foi contornada deixando claro à igreja que haviam
valores diferentes a serem seguidos pelos cristãos e que para Deus não havia mais
diferença entre judeus e gregos. Essa mensagem de equidade era dura demais para cristãos
judaizantes que criam em Jesus mas que mantinham o ideal de adaptar a fé cristã à cultura
A igreja de Jerusalém era uma igreja socialmente relevante? Sim, e como! Sua principal e
primordial preocupação era construir o reino de Deus nos seus arredores. Isto incluía
todas as áreas da vida social. [...] Ela continua assim? Não. Logo começam a surgir na
sugada cada vez mais pela força da lei judaica. As tentativas dos legalistas de impor a lei
de Moisés mesmo aos gentios convertidos (At 15.2) rapidamente se transformam em uma
exigência (At 21.20) que a liderança da igreja não consegue mais evitar. Mas toda essa
aproximação com a sinagoga não trouxe benefício algum à igreja. Em poucos anos a
igreja em Jerusalém perderá sua influência, seu significado e sua força espiritual. E virá a
Para o autor, a força interna pela manutenção dos costumes judaicos enfraqueceu a
pagãs. Sob este ponto de vista e considerando o fato de eles não disporem da
revelação completa do cânon Bíblico, a atitude zelosa desses irmãos pode ser
amoroso, como o realizado pelos apóstolos. A grande questão é que, passados mais
Decisões devem ser tomadas. Estilos e metodologias devem ser escolhidos. Sendo assim,
como alguém decide? As guerras da adoração atuais têm dois lados. Um é motivado por
aquilo que se acredita ser relevante. Qual tipo de estilo musical vai permitir que nos
conectemos com as pessoas que estamos tentando alcançar e incentivar uma adoração
verdadeira? O outro lado é representado por aqueles que sentem que a reverência é o
frente; o segundo está tentando empurrar a igreja de volta a um estilo mais reverente. O
puxa-empurra é que é o problema. Não existe lado certo ou errado. Na maioria dos casos
os que puxam e empurram perdem o foco. Além disso, tantos os que empurram quanto os
testemunho dos cristãos. Todos devemos relembrar que a adoração é tão atemporal
que as igrejas não precisam assimilar modelos herméticos, nem tentar conceituar seu
modelo de culto com apenas um estilo. O equilíbrio existe quando cada igreja
acerca dos desafios enfrentados em suas igrejas. Nesta ocasião foram expostas
situações desconhecidas até então das maiorias dos ministros presentes. Na
verdade, devido a número de relatos constatou-se a existência de uma tendência
entre vários pastores batistas brasileiros, especialmente do eixo sul-sudeste: a
utilização do Princípio Regulador do culto[2] como justificativa para proibir práticas
Uma das principais polarizações quanto ao que deve fazer parte ou não de um culto de
adoração ao Senhor pode ser observada nos pontos de vistas contrários daqueles que
defendem os chamados Princípio Regulador e Princípio Normativo do culto. De maneira
geral, os que defendem o Princípio Regulador afirmam que só devemos ter no culto o que
a Bíblia claramente prescreve (como louvor, exposição da Palavra, oração, prática do
batismo e da ceia). Já os que defendem o Princípio Normativo a acreditam que podemos
ter no culto tudo o que a Bíblia não proíbe, desde que se obedeça a outros princípios
regentes, tais como a decência e ordem. As divergências são bem mais complexas do que
pensamos, pois, embora os defensores de ambas as correntes concordem, por exemplo,
que o louvor deve fazer parte do culto, a controvérsia em relação aos estilos musicais
existe desde os primórdios da história da igreja. (STETZER;QUEIROZ, 2017, p. 156)
Aula 5 Dia: / / Culto & Contextualização Aula 5
Diante dos relatos dos ministros de música, pode-se constatar que há entre os
1) e este sempre foi um trunfo para que a cultura regenerada pudesse fazer parte da
vida da maioria das igrejas batistas espalhadas pelo Brasil. É na certeza de que ainda
há mais normativistas do que regulativistas que este trabalho assume uma postura
sua cultura e o zelo pela supremacia da Palavra de Deus como principal fonte
Adoração “Toda arte é para a glória de Deus”. A igreja tem assumido seriamente a
missão de resgatar o propósito da arte e do artista para seu lugar de origem, ou seja,
ministérios atuando com as linguagens culturais mais comuns como dança, teatro,
espectadores todos os anos. Vez por vez a igreja vem desafiando a cultura a
No entanto, é importante frisar que resgatar a cultura para Deus não significa inserir
ministrações especiais. Nunca houve por parte da igreja qualquer objeção à dança, e
ela sempre foi bem vinda nos eventos especiais, mas no culto congregacional levou
certo tempo para que fosse bem quista por questões culturais e filosóficas por parte
ano de 2020 o ministério de dança participará dos cultos a cada 2 meses, ficando
Aula 6
Conflitos Geracionais
Aula 6 Culto & Contextualização Dia: / /
Conflitos geracionais
Este talvez seja o desafio mais observado nas igrejas e, com o surgimento do modelo
tende a piorar. Antes de tudo é preciso compreender que esta é ainda o início do
têm cumprido seu papel em globalizar e incutir a todas as pessoas, das mais diversas
igrejas estão cheias de pessoas criadas na cultura moderna mas que lutam com o
eles estão nos cultos dominicais das igrejas e lidar com toda essa diversidade não é
A igreja tem brigado por causa da música ao longo de toda a história. Dos cantos
abraçam seu estilo preferido com grande paixão. A idéia de que sempre haverá guerras
perdidas continuem perdidas - e levar-nos a não prestar atenção na Glória de Deus é uma
desejo por transformação é substituído pelo desejo por satisfazer o gosto musical, numa
troca bem danosa. O fato é que toda geração tende a repudiar a música da geração
anterior ou da seguinte. Assim, existe uma tensão constante entre pelo menos três
gerações sobre suas preferências musicais. Porém, se os homens brigam por causa de
estilo musical, Deus usa todos os tipos de música para a sua glória e honra. Estamos
brigando por causa de formas culturais quando deveríamos nos envolver em conteúdo
bíblico. Deus usa formas diferentes? Sim. Lembre-se: a adoração é uma questão de
coração. E, com base no registro bíblico, não encontramos essa coisa de “música cristã” e
Tal processo inicia-se com o desinteresse da geração mais jovem em relação à tradição
que os líderes mais experientes não conseguem transmitir. Somando a isso, existe a
pressão de uma cultura de resultado, isto é, a necessidade de tornar o trabalho visível
para os outros. Isso faz que o processo de discipulado seja comprometido, uma vez que
isso é algo que precisa ser feito por um líder servo com poucas pessoas - o que não
interessa ao evangelho da visibilidade, no qual, para ter sucesso é preciso aparecer
“servindo” à multidão. O auge dessa distorção ocorre quando alguns indivíduos
transformam seu nome em uma marca que precisa ser vendida, divulgada e submetida às
leis do mercado gospel. Ou seja, ao que parece, o que estamos vendo são líderes que
procuram apenas viabilizar o seu projeto ministerial, o que compromete a continuidade
da própria iniciativa, uma vez que essa postura não permite deixar legado algum.
honra aos mais velhos cantar os hinos mais antigos, enquanto que para o mais velho,
(inclusive seus filhos e netos) adorando a Deus na igreja, enquanto muitos não o
fazem. Importa ressaltar que tal compreensão não surge naturalmente pois,
produto do Espírito Santo que, encontrando lugar nos corações dos líderes, passa a
vínculo da paz que Paulo menciona em Efésios - vínculo que valoriza os aspectos
invisíveis, o subjetivo, a disposição para o desgaste: “Assim como o ferro afia o ferro, o
homem afia o seu companheiro” (Pv 27.17). [...] Geralmente, grande parte da igreja está
ganhos na parte “invisível”, subjetiva. [...] Nesse caso, vale a pena nos questionar se
passaremos a adotar uma cultura mais relacional em nossas avaliações. (DULCI, 2016, p. 32, 33)
Aula 5 Dia: / / Culto & Contextualização Aula 6
Na área de coros também houve uma alteração filosófica que ajuda na interação
geracional. Até o ano de 2018, todos os coros da igreja seguiam o modelo graduado
(separado por faixas etárias), contudo percebeu-se uma mudança drástica no
interesse de adolescentes e jovens na prática coral. O modelo estava obsoleto para
os adolescentes, chegando ao ponto de encerrarem-se as atividades do coro de sua
faixa etária. Ao mesmo tempo, os jovens adultos já possuíam idade mais avançada
mas não compartilhavam do gosto musical erudito realizado pelo coro de adultos,
permanecendo no coro de jovens. Diante das realidades específicas, o ministério
optou por trabalhar com coros graduados de crianças a adolescentes, sendo que o
modelo coral dos adolescentes foi atualizado, incorporando coreografia, teatro e
outras atividades, tornando-se um coro multidisciplinar e artístico. Os coros de
jovens e adultos sofreram alteração filosófica passando a serem considerados coro
de estilo contemporâneo e coro de estilo erudito, ambos abertos para pessoas de
qualquer idade. As mudanças foram bem recebidas pela igreja e logo houve grande
adesão de interessados em todos os coros. Há também o grande coro da igreja,
composto da junção de todos os demais e aberto a outras pessoas que desejarem
participar dos eventos específicos de páscoa e natal. Neste coro a interação
geracional já é uma realidade há alguns anos e seus efeitos positivos sobre o
propósito de unidade da igreja são notórios.
Aula 6 Culto & Contextualização Dia: / /
Muitos dos conflitos existentes em relação ao culto cristão baseiam-se no que Adler
chama de “questões e preferência” e “questões de verdade” (ADLER, 1990, p. 2). Ao
mesmo tempo em que o pluralismo pós-moderno tenta flexibilizar a verdade
absoluta do evangelho, o contrário também ocorre quando preferências e gostos são
imputados como verdades absolutas. Suplantar este conflito é vital para que haja
contextualização litúrgica bíblica e esta é uma tarefa que o líder eclesiástico
responsável pela liturgia não pode abdicar.
da nossa educação, das nossas experiências e nos reúne em uma expressão coletiva de
adoradora. Em quarto lugar, devemos estar atentos à intervenção de Deus na história. [...]
E por fim, [...] A ausência de significado não vem do fato de o ser humano estar cansado
da dor, mas sim cansado do prazer. Temos nos exaurido nesta cultura tolerante. [...] Com
tudo isso que o terreno cultural nos apresenta, a máxima de que “para se encontrar, é
preciso se perder” contém uma verdade que qualquer um em busca de realização pessoal
oportunidade são da maior importância. Quem tem ouvidos, ouça o que o Senhor nos
atividades cristãs ocidentais, mas sua permanência nessa posição requer uma análise
A essa altura, muitos leitores podem estar pensando: “Mas não vamos à igreja para
basicamente adorar a Deus? E não é isso que o domingo nos oferece e que a atividade
paraeclesiástica da semana não consegue oferecer?”. O fato de essa visão ser tão comum
com o que a Bíblia de fato diz sobre a igreja quanto da nossa memória histórica curta.
destruída por essa visão de igreja e adoração ao longo dos últimos 150 anos. Quando
ouvimos evangélicos afirmar que a igreja é adoração e que nossos prédios são santuários,
sendo a mesa do Senhor um altar, é bastante perturbador, sobretudo pelo fato de ser
muito errado biblicamente. [...] Ainda adoramos na igreja - mas somente no sentido de
que nela respiramos. Não vamos à igreja para adorar, assim como não vamos à igreja para
Deus. Adoramos em cada aspecto da nossa vida, a cada dia, ao oferecermos nossos
corpos como sacrifícios vivos a Deus. Confundir as duas coisas, como a maioria dos
realidade brasileira pois também ouve-se por aqui frases como “vamos para a igreja”
“continuemos a adorar a Deus, mas agora com músicas e em comunhão uns com os
bíblico na vida cristã de muitos brasileiros, por isso as questões de culto precisam
possível, a fim de redimir as próximas gerações dos erros mantidos até agora.
O culto pós-moderno tenderá a tornar-se mais comunal, visto que a maioria dos
que mais, além da igreja pode oferecer esta experiência? O culto precisará cada vez
mais refletir esta dinâmica, revelando, definitivamente, o estilo de vida dos que dele
Se nossa atitude para com não cristãos é de amizade, nosso estilo de vida no meio deles é
de serviço. Creio que esse estilo de vida é umas das respostas mais poderosas para a
grande valor às provas subjetivas para a validade de uma religião. As pessoas estão
um ambiente desses, o estilo de vida de servo adotado pelos cristãos pode ser a chave
139, 140)
elementos culturais no culto são realizados através de um processo simples mas que,
pois retira o elemento a ser incluído do aspecto do gosto pessoal e coloca-o como
objeto de observação acerca de sua validação bíblica, sua relevância contextual e sua
forma:
Aula 5 Dia: / / Culto & Contextualização Aula 6
Validação BÍBLICA: O objeto, com base nos princípios normativos, passa por um
escrituras para elucidação acerca da aprovação ou não de sua utilização pela Palavra
grande entre a Bíblia e a cultura brasileira contemporânea, caso o objeto não seja
poderá ferir algum princípio Bíblico de modo geral, o que leva sua avaliação para o
próximo passo.
ramificações. É feita uma pergunta neste estágio que facilita o processo :”Quando se
cultura vigente. Neste caso, quanto mais distante dos valores Bíblicos estiver a
associação do objeto, mais desafiadora será sua utilização, sendo necessário uma
Um exemplo que pode ser utilizado acerca desse processo é o ministério Doadores
D´Alegria composto por clownn, ou seja, pessoas que assumem uma personagem
de linguagem artística é pouco conhecida no Brasil, a não ser por sua atuação no
um clown, o que dificulta bastante sua utilização pela igreja em outras atividades. No
seguir:
Aula 6 Culto & Contextualização Dia: / /
igreja tanto sua identidade quanto sua relevância e b) Expô-lo à congregação de uma
igreja decidiu por utilizar a opção “b”, o que leva ao próximo passo.
passo mais desafiador pois requer estratégia e sabedoria em sua efetivação. Não é
lícito expor um objeto ou linguagem cultural à liturgia congregacional sem que haja
caso dos clowns, um ministério que existe hà mais de 10 anos da PIB de Curitiba,
sua inclusão foi planejada de maneira a não exercer grande protagonismo, sendo
mais espaço saindo da figuração para papéis com fala. Eles ainda não participam da
escala de cultos como um grupo fixo e nem desejam isso, mas a visibilidade
Às vezes vale a pena arriscar algo mais ousado quando se objetiva ressignificar uma
linguagem artística, mas não sem avaliação dos prós e contras, como no caso do
apenas para que fossem tiradas algumas fotos divertidas antes do culto, mas o pr.
Paschoal Piragine ficou tão interessado em dar maior visibilidade ao ministério deles
que decidiu entrar na igreja vestido de clown. O pastor Paulo Davi, ministro de
pé enquanto ria. Antes de iniciar propriamente o culto, ambos retiraram seus ítens
PROCESSO DE AVALIAÇÃO
dança à
um grande desafio
sensualidade tanto de
permanece e é ressignificação
massificada pela
quanto de
midiática.
PRINCÍPIOS PRÁTICOS
tantas vozes movidas pelas questões de preferência que irão surgir. Ainda que o
objeto em questão tenha sido aprovado no processo avaliativo isso não quer dizer
que o ambiente eclesiástico esteja pronto para absorvê-lo, por isso esta fase da
Uma conversa com o pastor ou alguns líderes pode revelar a vontade de Deus para
inclusão pode ser mais nociva do que benéfica. A contextualização não pode ser
esta unidade precisa ser encarada como prioridade. Caso o líder entenda que Deus
incluir um objeto ao culto e passa a ser uma reação orgânica da igreja. Às vezes a
observar com carinho essa realidade como uma oportunidade, um sinal de que Deus
Alcançamos Deus de muitas maneiras. Pela escultura e pela escrita. Pela pintura e pela
oração. Pela literatura e pela adoração. E por todos esses meios Deus nos alcança. A
busca divina começa com algo que ele diz. A nossa começa com algo que ouvimos. A
que ele mostra. A nossa começa com algo que vemos. Buscamos a Deus,
e ele nos busca e as duas experiências se cruzam nas janelas de nosso cotidiano. Essas
enxergarmos as janelas e ouvirmos no que por elas está sendo dito. [...] Em todos os
lugares para onde olhamos, há quadros que na verdade não são quadros, mas sim,
deseja expandir suas atividades para linguagens que ainda não foram alcançadas,
como escultura, pintura, cinema e outros, mas para isso a liderança continua
grupo, mesmo que este seja composto por membros antigos da igreja. Este precisa
Gibbs explica:
Líderes de igrejas devem aprender que pessoas precisam ser liberadas para usar os dons
exercido para identificar a verdadeira motivação da pessoa que está sendo mentoreada,
enquanto ministra conselhos sábios e suporte espiritual. Mas pessoas devem estar livres
para tomar suas próprias decisões e carregar a responsabilidade do curso da ação à qual
se comprometem. Líderes que operam em uma estrutura hierárquica veem ser papel
como sendo de delegar e conceder permissão. Pessoas que funcionam dentro de uma
rede capacitam e concedem recursos àqueles ao seu redor, sem tentar exercer controle.
No texto acima Gibbs acrescenta a questão de controle que sendo mais um desafio a
sinergia das partes. A mente pós-moderna tende para a melhor aceitação do modelo
ministério está dividido entre 5 ministros auxiliares, além do pr. titular que, à partir
Gibbs acrescenta:
teoria e aplicação andem de mãos dadas. A teoria informa a prática, mas igualmente
importante, a prática desenvolve a teoria. Essas teorias podem então ser testadas de
forma rigorosa para verificar sua ampla validade. Conhecimento e sabedoria devem
seguir juntos, pois se nosso conhecimento superar nossa sabedoria, pode se tornar um
interna de aprendizado.[...] Para uma igreja operar como uma presença missionária
paixão, vocação e competência. Entende-se paixão como uma afeição profunda por
Deus, por sua presença e por sua palavra. O líder deve ser um exemplo aos fiéis em
piedade, vida santa e conhecimento de Deus. Por vocação espera-se que o líder
possua um chamado específico de Deus para liderar na igreja, ou seja, que ele
conheça seus dons espirituais e esteja ciente da missão dada por Deus a ele e seu
ministerial. O líder precisa ser uma referência de domínio da linguagem artística que
lidera.
Aula 6 Culto & Contextualização Dia: / /
diferença entre elas existe como resultado da compreensão de que é muito mais fácil
artísticas é algo muito mais simples do que desenvolver uma paixão genuína por
Jesus e compreender sua vocação. Por isso, é capaz que um líder não tão
competente seja absorvido por ser um crente piedoso e vocacionado, tendo em vista
afinal toda arte possui a habilidade de produzir reações longe de serem aceitáveis na
liturgia cristã. Para Reimer, é preciso “entender o mundo e quisermos construir nele,
e isso vale especialmente para o caso de o objetivo ser transformar este mundo”
Como posso querer mudar se não sei o que precisa ser mudado? Do contrário, é muito
grande o perigo de mudar o que não precisa ser mudado e deixar intocado aquilo que
nosso redor se quisermos que nossa teologia tenha relevância e que a igreja que
curtas. Algumas críticas chegam a classificar este estilo de “mantra gospel”, o que
configura um perigo para a o culto cristão, para muitos. Se alguma linguagem foge do
pois? Orarei com o espírito, mas também orarei com a mente; cantarei com o
espírito, mas também cantarei com a mente.”, tal prática está ultrapassando os limi-
Aula 5 Dia: / / Culto & Contextualização Aula 6
tes Bíblicos aceitáveis. Uma das ciências responsáveis pelo estudo do efeitos das
pesquisadores advoga:
estrutura e impulso corporal são elementos legítimos que permitem ao ser humano viver
sob o termo existencial. Podemos dizer que a qualidade está imbricada com a experiência
coro ao texto do apóstolo Paulo supracitado, ainda que o cientista que os tenha
que as artes contribuem para a saúde mental desde que sua experiência não fuja do
discussão justamente por seu teor polêmico. Razão, emoção e corpo podem
manifestar-se juntos sem que se perca a consciência. Segundo o autor, sim. A esse
diferença entre elas existe como resultado da compreensão de que é muito mais fácil
artísticas é algo muito mais simples do que desenvolver uma paixão genuína por
Jesus e compreender sua vocação. Por isso, é capaz que um líder não tão
competente seja absorvido por ser um crente piedoso e vocacionado, tendo em vista
afinal toda arte possui a habilidade de produzir reações longe de serem aceitáveis na
liturgia cristã. Para Reimer, é preciso “entender o mundo e quisermos construir nele,
e isso vale especialmente para o caso de o objetivo ser transformar este mundo”
Como posso querer mudar se não sei o que precisa ser mudado? Do contrário, é muito
grande o perigo de mudar o que não precisa ser mudado e deixar intocado aquilo que
nosso redor se quisermos que nossa teologia tenha relevância e que a igreja que
curtas. Algumas críticas chegam a classificar este estilo de “mantra gospel”, o que
configura um perigo para a o culto cristão, para muitos. Se alguma linguagem foge do
pois? Orarei com o espírito, mas também orarei com a mente; cantarei com o
espírito, mas também cantarei com a mente.”, tal prática está ultrapassando os limi-
Aula 5 Dia: / / Culto & Contextualização Aula 6
aos que buscam” da década de 80 em alguns aspectos, mas ainda vão além delas em
atualizado. Em outros aspectos são muito diferentes. Elas combinam antigas formas de
adoração com as modernas, variando no estilo desde o canto gregoriano até o hip hop, e
usando ícones, velas e incenso como auxílio para o culto, além de luzes estroboscópicas e
adoração. As novas tendências são menos evidentes nas igrejas que estão alcançando
para pessoas que têm muitas lembranças de cultos tediosos, não é verdade para um
número cada vez maior de jovens que foram criados com pouca ou nenhuma referência à
das religiões não cristãs e vêm com uma atitude aberta e um desejo de experiências. A
abordagem a Deus que eles encontram na igreja cristã precisa ser igualmente holística.
- toda a vida é permeada com um senso da presença de Deus. (GIBBS, 2012, p. 147,
148)
extrasensoriais orientais e de outras religiões não cristãs. O que o ser humano busca
não são os extremos, mas o equilíbrio, ou seja, uma experiência existencial, holística,
escapismo não cabe ao culto cristão, mas uma liturgia voltada apenas o intelecto
fadada a perder sua relevância para com a mesma, como afirma Gibbs:
Essa não é uma geração em busca de respostas a questões filosóficas que preocupam os
credibilidade dos milagres ou até a divindade de Cristo. Não estão interessados em ouvir
pessoas que presumem ter todas as respostas. Em vez disso, querem encontrar pessoas
que tenham uma relação transformadora com Deus. (GIBBS, 2012, p. 156)
Aula 6 Culto & Contextualização Dia: / /
Todas essas coisas perdem a eficiência caso não venham acompanhada e não
ortodoxia em ORTOPRAXIA (um termo que significa viver o que dizemos acreditar.”
voluntários que ainda crê ser mais eficaz trazer um visitante ao culto ou a um evento
litúrgico do que exercer influência direta através de um estilo de vida cristão capaz
de Deus nos diversos redutos. O que é uma necessidade para a geração X, segundo
crescimento à partir de cada conflito, e não colhem a inércia fruto dos que temem
Princípio 5 - Ressignificar para resgatar: Este talvez seja o princípio mais desafiador
de todos, pois requer do líder impulsionado a resgatar algum objeto cultural no culto
apenas importante mas vital para que o resgate cultural dê-se de maneira coerente
com os valores divinos, caso contrário não passará de reprodução. Reproduzir não é
Insisto que precisamos limpar nossas janelas. Não podemos mais falar do assunto “fé
identidade brasileira - e isso envolve assumir que estamos aqui há muito tempo e somos o
que somos porque aqui estamos. Nos últimos cem anos e, principalmente, depois da
Semana de Arte Moderna de 1922, o conceito de identidade nacional foi elaborado por
uma elite não cristã e, em certos círculos, anticristã. Eles olhavam para os crentes em
Jesus como “os outros”. Mas agora precisamos pedir para “os outros”, nós, os cristãos, que
construam essa abordagem. Qual brasilidade será contada por esses que crêem? Como
será o Brasil de dentro “dos outros”? [...] Chegou a hora de nos redescobrirmos! Talvez o
que nos separe quanto ao engajamento cultural sejam as ideologias que não provêm da
nossa regra de fé nem da nossa tradição. Um time de intelectuais brasileiros com grande
20 inventou o Brasil a partir de uma ótica que não dá conta da complexidade da vida
conforme ela é apresentada pelo evangelho [...]. Não poucas vezes, quando lemos os
relatos desses intelectuais, nos sentimos estrangeiros em nosso próprio país, como se
fizéssemos parte de um outro Brasil. De fato, existe um outro Brasil. O Brasil que abriga
“os outros”. E “os outros” somos nós. (DULCI, 2016, p. 106, 107)
Não há vergonha alguma em fazer parte de “os outros”, desde que haja clareza
pelo Deus Criador de todas as coisas para o Seu deleite e para o benefício humano.
que, como observado, não contém regras, mas valores Bíblicos a serem observados
por todos, a partir daquele momento. É importante dizer que, para que os valores em
questão fossem aderidos, o manual não foi o único recurso utilizado. Seguindo o
assimilação.
internet
Aula 7
CONCLUSÃO
Aula 7 Culto & Contextualização Dia: / /
Conclusão
litúrgica, pois essa riqueza possui nuances oriundas tanto da herança divina
concedida aos homens quanto da natureza pecaminosa existente nos mesmos. Até
hoje parece que na luta entre ambas as nuances tem tido uma vencedora: a natureza
chance de se virar o jogo, desde que as igrejas cristãs fiéis às Escrituras passem a
encarar a transformação como missão, e não mais como uma simples opção. Para
igrejas relevantes, que revelam sua paixão por pessoas através de ações práticas
e isso é um dos grandes paradigmas da atualidade. Por muito tempo as igrejas. Dulci
aborda a dinâmica da cultura que entra e sai da igreja através da metáfora das
Essa arquitetura de janelas, vitrais e quadros comunica muita teologia. [...] As igrejas com
amplas janelas ensinam que não precisamos ficar enfurnados entre quatro paredes, como
se somente dentro do templo a presença de Deus fosse real. Pelo contrário, precisamos
ser vistos pelo mundo. Também não podemos nos esquecer de ver este mundo, tão cheio
da presença de Deus. Não podemos nos isolar do que Deus comunica fora das nossas
quatro paredes. Nossas janelas não podem ser pequenas, nem em pouca quantidade,
dualista, não sustenta que apenas dentro de nossos escuros salões de reuniões está a
graça de Deus. Existe muita luz lá fora, e as janelas marcam essa unidade sobre toda a
vida humana que a Trindade sustenta. Um vitral, por sua vez, comunica o mesmo que a
janela, mas acrescenta cores, formas e imagens às luzes que entram na igreja. Seria como
dizer que a luz que entra, ou mesmo o conteúdo que sai da igreja, não se faz de qualquer
forma. Essa luz passa pelas cores, pelas formas e pelas cenas que a Escritura nos revela e
é moldada pelos desenhos que dão formato à nossa fé. Ou seja, os vitrais funcionam
como as primeiras lentes interpretativas que os cristãos tiveram para enxergar o mundo
Aula 5 Dia: / / Culto & Contextualização Aula 7
lá fora, além de servir de filtro para o mundo espiar o que acontece dentro da igreja. Os
quadros, por sua vez, não poderiam ser aquelas cenas que vimos pelas janelas da igreja
que precisam ser eternizadas? As pinturas e telas que ocupam as paredes de algumas
catedrais são uma espécie de leitura fixada no tempo, que os cristãos não podem
esquecer de forma alguma. Mesmo que o céu esteja nublado e fornecendo pouca luz para
pinturas está a pressuposição de que o passado é importante e que outras pessoas antes
de nós já se ocuparam com as mesmas dificuldades que temos hoje. Junto aos vitrais,
mundo dentro e fora da igreja. [...] Precisamos recuperar a teologia das janelas, dos vitrais
pode ser considerada como a tentativa de se “ampliar as janelas” das igrejas batistas
culturais de fora para dentro e de dentro para fora do ambiente litúrgico eclesiástico.
A metáfora dos vitrais é ainda mais audaciosa, pois prevê não apenas o intercâmbio,
A metáfora dos quadros trazem à tona que a contextualização litúrgica não trata
apenas da relação com a cultura, mas da igreja consigo mesma, com suas
quando não há luz nas janelas ou vitrais, assegurando assim que a igreja mantenha-
contextualização.
Escrituras Sagradas, visto que “Nem toda criação é uma nobre expressão de arte.
Nem tudo o que é feito pelo ser humano é intelectual ou moralmente bom.”
(SCHAEFFER, 2010, p. 45). Já que nem tudo é bom, é preciso que tudo seja
observado com cautela e zêlo para que os valores fundamentais das Escrituras não
asiáticas, mas da igreja de Deus na Europa, África e Ásia. Nada menos que isso.”
ser tolidos, afinal “Adorar a arte é um erro; produzi-la, não.” (SCHAEFFER, 2010, p.
mas uma missão das igrejas que assumem seu papel missional no mundo.
liturgia. Schaeffer explica: “[...] uma forma (ou estilo) de arte que não seja mais capaz
de portar conteúdo não pode ser usada para transmitir a mensagem cristã. Não
estou dizendo que o estilo em si é errado, mas que ele possui limitações.”
(SCHAEFFER, 2010, p. 66, 67). Como uma forma e estilo qualquer exerce relação
propor um modelo hermético a ser repetido de uma igreja para outra, mas um
compromisso da igreja local em produzir uma liturgia autêntica, que revela tanto seu
Longe de finalizar a questão, esta pesquisa levanta algumas proposições acerca das
que haja eficácia na elaboração nos momento litúrgicos bem como a construção
Para se moldar a liturgia, é preciso conhecer com segurança: sua estrutura, o significado e
os possíveis lugares de cada parte dentro dessa estrutura, a hierarquia entre as partes
(saber o que é imprescindível e o que é apenas útil), a maneira correta de combinar essas
leituras bíblicas), do lugar e do tempo em que ele se realizará, da duração prevista e das
clarear muito bem a situação específica do culto em questão, com a ajuda das clássicas
questões: por quê?, o quê? onde?, quando?, quem?. A partir da situação específica assim
O planejamento realizado com base nas respostas às perguntas feitas por Schneider-
mover de Deus em meio a seu povo torna-se mais real quando experimentado
com a Verdade Bíblica, por isso o primeiro passo do processo contextual é uma
coração.” (Hb 12.4 NAA), ou seja, ela discerne os “sistemas simbólicos ou veículos
maneira espiritual muito mais eficazmente do que o bom senso humano é capaz
de realizar. Arte e cultura não podem ser vistas com ingenuidade (SCHAEFFER,
2010, p. 68).
desaprovação direta das Escrituras, contando com o bom senso humano para sua
aplicação litúrgica, no entanto esta pesquisa considera que ao bom senso humano
momento vivido pela igreja e o impacto que a contextualização por vir a causar na
de contextualizar algo, esse processo deve ser conduzido pelo próprio Deus, como
explicitado no capítulo 2
muito tempo ignorado nas liturgias da maioria das igrejas batistas brasileiras.
muitas práticas coletivas brasileiras, como nas torcidas dos jogos de futebol ou
ainda que inintencionalmente, a idéia de que essa faceta do povo brasileira não é
De fato, em muitas igrejas de origem americana e europeia, esse medo de expressar emoções
não tem sido uma boa resposta aos erros e desvios da igreja brasileira. Afinal, pode significar uma
luta inglória contra um traço tão belo que o Criador deu ao povo brasileiro: o dom da
expressividade emocional. E, se falta sensibilidade a essa realidade cultural, pode-se estar pondo
também sejam culturalmente relevantes para os lugares onde estão plantadas. Nossa pesquisa
identificou que tanto igrejas contemporâneas quanto tradicionais que podem ser chamadas de
transformacionais valorizam a expressividade emocional nos cultos, pois são sensíveis a essa
emoções corretas. Esta pesquisa também não traz consigo a solução para esse
ferramentas para se medir as emoções do indivíduo não pode ser razão para a não
Mais uma vez será a Palavra de Deus, capaz de “dividir alma e espírito” (Hb 4.12
NAA), aliada ao bom senso humano e à orientação do Espírito Santo que poderá
(GIBBS, 2012, p. 201), ou seja, não exclui qualquer um destes elementos mas
em pensar-se o culto como algo realizado por pessoas, e pessoas são um todo,
202).
liturgia, também as preocupações da igreja com o tempo do culto, com o local, com
leva à busca por produção própria de elementos litúrgicos, como canções, roteiro
de seus membros, mais autêntica será a igreja e mais contextualizado será seu
apanho a bacia e a toalha. É uma resposta romântica a essa Pessoa a quem adoro.
Ele é belo! Não quero nada mais senão estar em sua presença. Eu o amo! Por isso
canto e escrevo. Se eu pudesse pintar ou dançar, faria isso também. Perdôo alguém
que não teria a menor preocupação em ser perdoado. Tento estender minhas mãos e
cruzar a enorme distância entre mim e meu irmão ou irmã. Por se tratar de uma
resposta, ela não tem origem em mim. Ele fala. Ele se move. Ele é belo. Nós
ligação entre adoração e o chamado para sermos criativos exatamente porque eles
comunidade molde seu culto de maneira Bíblica e autêntica, relevante não apenas
manter ou elevar sua expressão como agentes do Reino de Deus no mundo. Mas o
mundo é grande, por isso a missão da igreja local é alcançar o mundo enquanto
própria existência humana enquanto primícia de tudo o que foi criado por Deus. A
um caminho. Não é único nem perfeito, mas, conforme defendido por esta pesquisa,
ainda é o melhor caminho para os cultos das igrejas batistas brasileiras do Século
XXI.
Aula 5
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Aula 5
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