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FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS

LOGOS – FAETEL

CURSO DE INTEGRALIZAÇÃO E GRADUAÇÃO EM TEOLOGIA

THIAGO MOREIRA DOS SANTOS

MARTIN LUTERO E A REFORMA PROTESTANTE

Juiz de fora, 10 de agosto de 2020


FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
LOGOS - FAETEL

CURSO DE INTEGRALIZAÇÃO E GRADUAÇÃO EM TEOLOGIA

THIAGO MOREIRA DOS SANTOS

Trabalho de Conclusão de Curso


Apresentado à Faculdade
Teológica de Ciências Humanas e
Sociais Logos (Faetel) como parte
dos requisitos para obtenção do
título em Bacharel em Teologia.

Juiz de fora, 10 de agosto de 2020


FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
LOGOS – FAETEL

CURSO DE INTEGRALIZAÇÃO E GRADUAÇÃO EM TEOLOGIA

THIAGO MOREIRA DOS SANTOS

MARTIN LUTERO E A REFORMA PROTESTANTE

Orientador: Pr Célio César de Aguiar Lima

Juiz de fora, 10 de agosto de 2020


FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
LOGOS - FAETEL

CURSO DE INTEGRALIZAÇÃO E GRADUAÇÃO EM TEOLOGIA

THIAGO MOREIRA DOS SANTOS

Aprovado em ___/___/____

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________
Ms. Germano Soares

__________________________________________
Ms. Célio Aguiar

__________________________________________
Ms. Cynthia Horn

Juiz de fora, 10 de agosto de 2020


Dedico este trabalho aos meus entes
mais queridos.
AGRADECIMENTOS

A Deus, primeiramente, pelo sopro da vida.

Aos meus familiares, razão do meu viver.

Aos professores que dedicaram tempo e conhecimento para nossa formação.


RESUMO

A Reforma Protestante é um tema bastante polêmico; marcou o momento de


perda de soberania da Igreja Católica que já vinha sendo abalada pelas novas
ideias no campo das ciências com relação ao questionamento da teoria
geocêntrica defendida pela Igreja. O geocentrismo foi mantido pelo catolicismo às
custas do Tribunal da Inquisição que punia hereges. Martinho Lutero no ano de
1517 publicou suas 95 teses contrárias à doutrina católica que denunciava a
venda de indulgências como crítica central à Igreja Católica. Lutero deflagrou
assim a Reforma Protestante que diminuiu o poder da Igreja Católica,
inaugurando o protestantismo. Dessa forma, o objetivo geral dessa pesquisa é
contextualizar a Reforma Protestante e demonstrar seus efeitos para a
cristandade. Como resultados, vimos que os desdobramentos da Reforma
Protestante foram inerentes ao crescimento do Pentecostalismo e do
Neopentecostalismo, pois Lutero abriu as portas para o crescimento do
cristianismo distinto do catolicismo.

Palavras-chave: Cobrança de Indulgências. Cristianismo. Martinho Lutero.


Penitência. Reforma Protestante.
ABSTRACT

The Protestant Reformation is a very controversial issue; marked the moment of


loss of sovereignty of the Catholic Church already had been shaken by new ideas
in science in relation to the questioning of the geocentric theory advocated by the
Church. The geocentric was maintained by Catholicism at the expense of the
Inquisition Court to punish heretics. Martin Luther in the year 1517 published his
95 theses contrary to Catholic doctrine denouncing the sale of indulgences as a
central criticism of the Catholic Church. Luther thus sparked the Protestant
Reformation that reduced the power of the Catholic Church, opening
Protestantism. Thus, the general objective of this research is to contextualize the
Protestant Reformation and demonstrate its effects on Christianity. As a result, we
saw that the ramifications of the Protestant Reformation were inherent in the
growth of Pentecostalism and Neo-Pentecostalism, as Luther opened the door to
the growth of distinct Catholicism Christianity.

Keywords: Indulgences Collection. Christianity. Martin Luther. Penance.


Protestant Reformation.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 9

CAPÍTULO I – OS SOCIÓLOGOS DA RELIGIÃO .............................................. 11

2.1 Teoria Weberiana da Sociologia da Religião .................................................. 11


2.2 A Religião sob a visão de Marx ...................................................................... 14
2.3 Os Estudos de Durkheim sobre Religião ........................................................ 15
2.4 Sociologia da Religião em Bourdieu ............................................................... 16
2.5 O Crescimento do Pentecostalismo no Brasil ................................................ 17
CAPÍTULO II – PENITÊNCIA TARIFADA E COMPRA DE INDULGÊNCIAS ..... 21

3.1 A Configuração Histórica da Europa no Século XVI ....................................... 26


3.2 A Igreja no Renascimento .............................................................................. 27
3.3 O Concílio de Trento ...................................................................................... 30
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 33

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 35


9

1 INTRODUÇÃO

O início e, posteriormente, o crescimento da Reforma Protestante do


século XVI foi visto como um novo desafio à autoridade religiosa que ia além da
Igreja Católica Romana. Muitos viram isso como uma ameaça a toda a estrutura
social da sociedade, a partir da queda da monarquia. Como protesto a revolta
contra a Igreja começou a aumentar e vários indivíduos ganhariam relevância na
Europa. Estes homens realizaram a Reforma e, ao mesmo tempo, criaram uma
nova estrutura religiosa dentro da cristandade.

O desenvolvimento de um novo discurso de fé cristã iria produzir uma


nova teologia e filosofia religiosa dentro do cristianismo. A nova teologia não só
iria abrir uma discussão em expansão com relação à compreensão e à autoridade
espiritual, também levariam a décadas de luta e de conflitos que acabariam por
dividir a Igreja em pedaços. Esta nova teologia também mudaria o curso da
história e permearia muito do que temos vindo a entender como a cultura
ocidental.

O problema de pesquisa é apresentado com a seguinte questão: quais


foram as circunstâncias cruciais para a realização da Reforma Protestante e quais
foram seus principais idealizadores?

O objetivo geral dessa pesquisa é contextualizar a Reforma Protestante e


demonstrar seus efeitos para a cristandade.

Os objetivos específicos são os seguintes: apresentar o pensamento de


Max Weber com relação à Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo;
investigar sobre a participação de Lutero na Reforma Protestante.

A Reforma Protestante foi um capítulo tão importante da história que a


história ocidental dividiu-se entre antes da Reforma e pós-Reforma. O cristianismo
abriu-se para uma série de denominações e igrejas distintas professam credos
10

em parte similares devido à verdade bíblica, mas bem destoantes com relação
aos sacramentos e dogmas da Igreja.

De acordo com a metodologia, este estudo se classifica como descritivo


devido pelos seus objetivos, porque descreve características de um objeto de
estudo específico. Pela natureza dos dados, é classificado como qualitativa por
buscar a compreensão e a interpretação de fenômenos. (GONSALVES, 2012)

Köche (2011) concebe várias formas de conhecer, no entanto, a ciência


moderna trouxe um método prático e eficaz na busca da verdade, compreendido
pelo experimento, em formular hipóteses, repetir a experimentação para averiguar
as hipóteses e formular generalizações ou leis ou teorias.
11

CAPÍTULO I – OS SOCIÓLOGOS DA RELIGIÃO

Os primeiros sociólogos ocuparam-se da religião tomando-a como objeto


de estudo, sob os mais diversos prismas. Procuravam compreender a vinculação
das religiões com o desenvolvimento das sociedades e suas mudanças,
revoluções; é a religião que influencia o indivíduo ou é o indivíduo que cria seu
Deus como afirmou Karl Marx, que veremos mais adiante. Procuraremos citar os
mais conhecidos e suas respectivas teorias.

2.1 TEORIA WEBERIANA DA SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO

Segundo Renato Cancian (2011), o estudo da religião deu suporte à


constituição dos temas abordados e fundadores da sociologia, pois os três pilares
intelectuais principais de sua formação, Karl Marx, Émile Durkheim e Max Weber
tomaram a religião sob determinado aspecto para elaborar teorias que
procuravam compreender a influência dos fenômenos religiosos na sociedade.

Para Bergson1, as potencialidades intuitivas da consciência mostram-se


superiores às esquematizantes da razão e devem ser pesquisadas para
descobrir os dados essenciais da realidade, frequentemente fugazes
para uma análise externa e superficial. Podemos dizer que, depois do
banho positivista e quantitivista, seja assim novamente
imprescindívelmente exigida a aproximação qualitativa (também para os
fatos religiosos, entre os outros). (CIPRIANI, 2007, p. 57)

No entanto, foram os estudos desenvolvidos por Weber2, especialmente


em sua obra A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo que trataram mais

1 Filósofo francês, Henri Bergson nasceu em Paris, a 18 de outubro de 1859 e morreu na mesma
cidade a 4 de janeiro de 1941. (Confere: educacao.uol.com.br/biografias/henri-bergson.jhtm).
2 Max Weber nasceu em Erfurt, em 21 de abril de 1864 e morreu em Munique, em 14 de junho de

1920.
12

detalhadamente da religião e sua correlação com a vida social e econômica da


sociedade. (CANCIAN, 2011)

Weber rejeitou os pressupostos do materialismo histórico de Karl Marx e


Friedrich Engels como modelo teórico-metodológico único para a compreensão da
realidade social. Tais pressupostos geraram base à ideologia comunista; na teoria
marxista, a economia (forma como o homem produz e reproduz sua
sobrevivência) influencia e determina as demais esferas da vida social, dentre
elas, a religião, a cultura, as instituições políticas e jurídicas. Weber tentou
comprovar que o inverso seria verdadeiro, ou seja, nem sempre é a economia que
influencia as outras esferas, mas há momentos em que a economia é influenciada
por elas. Como foi o caso do capitalismo, que teria sido influenciado pelo
protestantismo. (CANCIAN, 2011)

Num amplo estudo realizado nos Estados Unidos da América, Weber


concluiu que tanto os grandes líderes no campo dos negócios quanto a maioria da
burguesia eram protestantes. Em sua obra A Ética Protestante e o Espírito do
Capitalismo, Weber expõe a tese de que são os princípios éticos constitutivos da
religião protestante que sustentam a ascensão da burguesia e o empreendimento
capitalista como um todo3. (CANCIAN, 2011)

Na Inglaterra, Weber considerou que a grande expansão das seitas


calvinistas originadas por João Calvino4 coincidira com o surgimento do modo de
produção capitalista. O ascetismo (modus vivendi do calvinismo) conduzia o
crente à valorização dos bens materiais por meio da valorização do trabalho

3 Vale dizer também que a Revolução Francesa, em 1789, foi conduzida pela burguesia contra o
poderio da Igreja Católica e da Monarquia. A população formava uma sociedade de estamentos
(formas de estar), resquício da Idade Média. Mas já se percebia uma divisão de classes. O clero,
com 120.000 religiosos, dividia-se em alto clero (bispos e abades com nível de nobreza) e baixo
clero (padres e vigários de baixa condição); era o primeiro estado. A nobreza constituía o segundo
estado, com 350.000 membros; os palacianos viviam de pensões reais e usufruíam de cargos
públicos; os provinciais viviam no campo, na penúria.
4 Calvino (João), um dos principais líderes da Reforma Protestante (Noyon, Picardia, 1509 -

Genebra, 1564). Exerceu influência especialmente na Suíça, Inglaterra, Escócia e América do


Norte.
13

secular5, da defesa do lucro e da acumulação de riquezas; princípio amplamente


combatido pela Igreja Católica que defendia a pobreza como ascese para a vida
eterna.

Os seguidores do calvinismo buscavam certezas da benevolência de


Deus no mundo temporal e o enriquecimento econômico era um sinal claro que
Deus lhes dava no sentido de mostrar-lhes que eram predestinados à salvação;
desenvolveram, então, um modus vivendi centrado na acumulação do capital.
(CANCIAN, 2011)

Weber sabia que seria inevitável uma discussão no terreno teológico


sobre A Ética Protestante, pois enfatizava veementemente que os teólogos,
aqueles especialistas em assuntos religiosos, eram as pessoas mais indicadas
para gerarem uma ‘crítica frutífera e instrutiva’ acerca de sua visão expressa na
obra A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, conforme esclarece Renan
Springer de Freitas (2007). Max Weber preferiu enfrentar os riscos de uma
discussão sociológica adentrar o terreno da teologia; risco calculado, pois o
pensador preferiu seguir no desenvolvimento do seu tema principal, a saber, o
processo de racionalização ocidental.

Se é verdade que um momento crucial desse processo tenha sido, como


se tem sugerido desde Weber, a transição de Saulo, o fariseu, para
Paulo, o cristão, então é inevitável discutir a natureza e a real
importância dessa transição – algo que não pode ser feito à margem da
teologia. Assim, se contestamos (como procurei fazer aqui) a tese
weberiana de que havia um particularismo legalista farisaico que veio a
ser superado pelo universalismo peculiar ao pensamento Paulino
estaremos nos movendo no terreno da teologia. Se, por outro lado,
aceitamos essa tese, estaremos, também, nos movendo em um terreno
teológico, mais precisamente, nos marcos da teologia cristã da
superação. Nesse caso, estaremos permitindo que uma concepção
teológica que vem sendo crescentemente rejeitada mesmo no interior do
pensamento cristão sirva de quadro de referência para a investigação
sociológica. Se parece ser inevitável que nos movamos no terreno da
teologia ao estudarmos o impacto sócio-histórico de diferentes doutrinas
e práticas religiosas, é melhor que o façamos abertamente. (FREITAS,
2007, p. 122)

5 Mais adiante, trataremos da compreensão mais elaborada deste termo, quando falarmos da
secularização.
14

O Livro Sociologia das Religiões e Consideração Intermediária de Max


Weber é uma análise sociológica da religião que compara as crenças e suas
formas, as instituições religiosas, questionando quais foram suas contribuições
para o desenvolvimento da racionalidade e como influenciaram as mudanças
sociais. Neste sentido, ocupa-se da religião como fenômeno constituinte da
sociologia, que por sua vez quer compreender a sociedade e suas
transformações6.

2.2 A RELIGIÃO SOB A VISÃO DE MARX

Karl Marx afirmou que a religião é alienante, porque mantém os


trabalhadores mansos, sem poder de contra-argumentação e totalmente
subordinados ao capital; subverte a ordem das coisas, criticando a ideologia
católica, quando diz que Deus é criação do homem e não o homem é criação de
Deus.

A religião não faz o homem, mas, ao contrário, o homem faz a religião:


este é o fundamento da crítica irreligiosa. A religião é a autoconsciência
e o autosentimento do homem que ainda não se encontrou ou que já se
perdeu. Mas o homem não é um ser abstrato, isolado do mundo. O
homem é o mundo dos homens, o Estado, a sociedade. Este Estado,
esta sociedade, engendram a religião, criam uma consciência invertida
do mundo, porque eles são um mundo invertido. A religião é a teoria
geral deste mundo, seu compêndio enciclopédico, sua lógica popular,
sua dignidade espiritualista, seu entusiasmo, sua sanção moral, seu
complemento solene, sua razão geral de consolo e de justificação. É a
realização fantástica da essência humana por que a essência humana
carece de realidade concreta. Por conseguinte, a luta contra a religião é,
indiretamente, a luta contra aquele mundo que tem na religião seu aroma
espiritual. (MARX, 1843, p. 5)

Utiliza uma expressão bastante forte “A religião é o ópio do povo”,


convocando todos a saírem da ilusão criada pela religião, a saírem da alienação

6 Baseado na sinopse do Livro WEBER, Max. Sociologia das Religiões e Consideração


Intermediária. Max Weber. Lisboa: Relógio d’Água, 2006.
15

gerada por ela, mas reconhece que é o povo quem a busca, e por isso teria que
ser suprimida de forma radical, ou seja, pela revolução.

A miséria religiosa é, de um lado, a expressão da miséria real e, de


outro, o protesto contra ela. A religião é o soluço da criatura oprimida, o
coração de um mundo sem coração, o espírito de uma situação carente
de espírito. É o ópio do povo.
A verdadeira felicidade do povo implica que a religião seja suprimida,
enquanto felicidade ilusória do povo. A exigência de abandonar as
ilusões sobre sua condição é a exigência de abandonar uma condição
que necessita de ilusões. Por conseguinte, a crítica da religião é o germe
da crítica do vale de lágrimas que a religião envolve numa auréola de
santidade. (MARX, 1843, p. 6)

2.3 OS ESTUDOS DE DURKHEIM SOBRE RELIGIÃO

O interesse de Durkheim pela religião pauta-se pela capacidade dela


articular rituais e símbolos que criam afinidades sentimentais entre os praticantes.

As cerimônias religiosas cumprem um papel importante ao colocarem a


coletividade em movimento para sua celebração: elas aproximam os
indivíduos, multiplicam os contatos entre eles, torna-os mais íntimos e
por isso mesmo, o conteúdo das consciências muda. (HAAS, 2008, p. 1)

Durkheim procura mostrar que antes de ser uma crença num ser
transcendental, a religião é antes um “sistema de crenças e de práticas”.

A religião é vista como um fenômeno coletivo, onde ele procura mostrar


de forma concludente que não pode haver crenças morais coletivas que
não sejam dotadas de um caráter sagrado. Sua existência baseia-se
numa distinção essencial entre fenômenos sagrados e profanos. É um
conjunto de práticas e representações que vemos em ação tanto nas
sociedades modernas quanto nas sociedades primitivas. (HAAS, 2008,
p. 1)
16

Neste sentido, a sociologia da religião durkheiminiana refere-se a “uma


teoria do conhecimento e à questão da coesão social”.

2.4 SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO EM BOURDIEU

Pierre Bourdieu7 defende que a religião é um sistema simbólico e de


pensamento organizador da sociedade por meio da concessão de uma ordem
lógica que lhe possibilite estruturar-se, reconhecendo o mundo natural e o mundo
dos mistérios compreendidos em uma mesma ordem cósmica.

A religião estrutura o mundo de uma forma muito próxima, senão


idêntica, a linguagem e é responsável, nesse ínterim, pela produção de
sentido que possibilita a própria existência humana. Essa produção de
sentido acontece sobre categorias imprescindíveis e imutáveis
(céu/inferno, material/espiritual, sagrado/profano) que são revestidas
pelo caráter do sagrado, i. e., que ‘[...] não podem ser postas em
discussão e podem assim assegurar o consenso lógico e moral de
qualquer sociedade’. Essas categorias são atribuídas a coisas e, até
mesmo, a pessoas, transformando aquilo que é transitório e humano em
algo perene e divino e, portanto, inquestionável. (REBLIN, 2007, p. 18)

Na teoria de Bourdieu, esclarece Iuri Andréas Reblin, a definição de


campo é o universo intermediário entre o texto e seu contexto, pois há
microcosmos sociais dentro do macrocosmo (sociedade), onde há constantes
conflitos entre as forças que a compõem com o intuito de controlar determinado
ambiente. Esse universo intermediário é constituído de relações entre agentes e
instituições que visam a aquisição de capital e, logo, poder, com o objetivo final de
manter o controle ou o monopólio sobre o respectivo campo em que se
encontram. “Esse universo intermediário é constituído de relações entre agentes e
instituições que visam a aquisição de capital e, logo, poder, com o objetivo final de

7Pierre Bourdieu nasceu na região de Béan, França, em 1930, e morreu em Paris, em 2002. Tem
diversos livros publicados no Brasil.
17

manter o controle ou o monopólio sobre o respectivo campo em que se


encontram”. (BOURDIEU apud REBLIN, 2007, p. 17).

A noção de campo religioso está baseada sobre a idéia da divisão social


do trabalho. O campo religioso “[...] compreende o conjunto das relações
que os agentes religiosos mantêm entre si no atendimento à demanda
dos ‘leigos’”. Ele refere-se àquelas sociedades estruturadas que
possuem uma religião mais elaborada, em que os produtores se
distinguem dos consumidores dos produtos religiosos. Esses produtores
(os agentes religiosos) são sustentados pelos consumidores (os leigos)
que, por sua vez, têm sua ‘necessidade espiritual’ suprida pelos produtos
e práticas (os bens religiosos) produzidas pelos primeiros. (REBLIN,
2007, p. 20)

O campo religioso, semelhantemente aos outros campos é um “campo de


forças e um campo de lutas entre agentes e instituições, entre agentes e agentes
e entre agentes e fiéis”.

2.5 O CRESCIMENTO DO PENTECOSTALISMO8 NO BRASIL

O Pentecostalismo cresceu na América Latina de uma forma que pode-se


explicar por meio de três ondas distintas, mas interdependentes.

A Primeira Onda, também denominada Pentecostalismo Clássico, ocorreu


entre 1910 e 1950 e correspondeu no Brasil à primeira organização Congregação
Cristã fundada por missionários da Itália, de origem valdense. Em 1910, foi
fundada a de em São Paulo; em 1911, missionários suecos, fundaram a
Assembléia de Deus, no Pará, expandindo-se para todo o Brasil. Foram marcadas
pela forte oposição ao catolicismo, com ênfase à glossolalia, que significa falar em

8O pentecostalismo globalmente representa esse tipo de cristianismo desinteressado da doutrina


e centrado no emocional, na vivência do sobrenatural. Por isso são tão importantes, nele, os
milagres, os sinais como o falar em línguas (glossolalia), as curas, os exorcismos. (GALINDO,
apud SOUZA; MAGALHÃES, 2002, p. 5)
18

línguas, “ênfase na evangelização dos povos indígenas e conduta ascética ou de


rejeição ao mundo”.

A Segunda Onda foi denominada Pentecostalismo Neoclássico, que


associou o dom de falar em línguas como sinal do batismo do Espírito
Santo, à “cura divina”. É neste período também que os missionários vão
se emancipando das organizações estrangeiras e criando suas próprias
organizações, donde a segmentação. No Brasil, este movimento se inicia
com a chegada de dois missionários norte-americanos, Harold Williams e
Raymond Botright, pertencentes à Igreja Internacional do Evangelho
Quadrangular (International Church of The Foursquare Gospel). Criam a
Cruzada Nacional de Evangelização baseados na cura divina e logo
fundam em São Paulo, no ano de 1951, a Igreja do Evangelho
Quadrangular (IEQ) que, à diferença das demais, é predominantemente
liderada por mulheres. Ainda, a Igreja Brasil Para Cristo (1955, São
Paulo), Deus É Amor (1962, São Paulo), Casa da Benção (1964,Minas
Gerais), e outras de menor porte.
A Terceira Onda ou Neopentecostal, que começa na segunda metade da
década de 70 e ainda se encontra em processo de crescimento.
Fenômeno comum a todo o continente, seus líderes são, na maioria,
pregadores nacionais. Com o uso intenso da mídia eletrônica (que
também é denominada de televangelismo), este período se caracteriza
pela consolidação do pentecostalismo como força social e política.
(SOUZA; MAGALHÃES, 2002, p. 87-88)

O chute desferido na imagem de Nossa Senhora pelo pastor Von Helder


chocou muitos católicos e mereceu comentários negativos ou simplesmente
noticiosos da mídia brasileira e quiçá internacional. Era o fenômeno da Igreja
Universal avassalando os quintais tradicionais brasileiros cultivados
maioritariamente pelo catolicismo.

Atualmente, assistimos a uma globalização dos credos, seitas, numa


intensa mistura de religiões e religiosidades que ganham o mundo de forma
nunca vista.

Num discurso que mistura globalização, “novo milênio”, cibercultura,


hibridismos e fluxos transnacionais, tentamos entender como
exportamos a Umbanda para a Argentina, a Universal para a França, e
importamos o já globalizado Guru Sai Baba da Índia.
Esse caldeirão cultural em que o mundo parece ter se transformado
mistura as fichas simbólicas, descanoniza o lugar de ideias há muito
enraizadas em nossos esquemas mentais (se é que isso é possível na
modernidade, perguntariam alguns), produzindo um colorido novo no
19

qual os estudiosos da religião vão se inspirar para pintar os novos


quadros da realidade social das religiões no Brasil. Um exemplo da
multiplicidade de direções e interesses que toma conta hoje da produção
acadêmica sobre o fenômeno religioso é expresso pelo ecletismo dos
artigos publicados nos últimos números do reconhecidamente importante
periódico Religião & Sociedade, que vão desde a relação entre
pentecostalismo e cinema popular em Gana (MEYER, 2003), até os
seguidores do Guru indiano Sai Baba instalados no bairro boêmio de Vila
Isabel, eternizado nos versos de Noel Rosa (CALIL JÚNIOR, 2006).
(GRACINO JÚNIOR, 2008, p. 74)

Há uma mistura grande de credos circulando amplamente pelas nações


ao embalo da globalização que pôs em xeque as teses weberianas sobre a
religião e as previsões weberianas que anteviam o caminhar da modernidade
ocidental.

Outro aspecto relevante do debate sociológico contemporâneo sobre a


religião concerne à utilidade analítica das reflexões sobre a
secularização em um contexto de modernidade globalizada para explicar
a desterritorialização das identidades religiosas, a formação de
comunidades transnacionais “imaginadas” e o efervescente sincretismo
da grande maioria das religiões. (LEGORRETA ZEPEDA, 2009, p. 139)

Nota-se que os católicos, naqueles 60 anos, perderam espaço (21,4%),


principalmente para os evangélicos, que subiram 12,7%, mas também é relevante
o aumento dos “sem religião” que passaram de 0,20% em 1940 para 7,30% em
2000. As outras religiões passaram de 1,90% para 3,50%, demonstrando uma
maior diversificação das religiões.

Pois bem, a teoria da secularização tem aparecido a alguns estudiosos


como a grande vítima do crescimento das novas religiões e da presente
arribada do cristianismo evangélico (para não falar da irrequieta
mobilização política dos muçulmanos e judeus ortodoxos). O
crescimento dos novos movimentos religiosos (NRMs) parece ter
precipitado nos sociólogos da religião a produção de humores
antidepressivos associada a uma retórica triunfal, que tematiza como
inestancáveis os mananciais de religião e, por via de conseqüência, a
inconsistência ou superficialidade da teoria da secularização. (CIPRIANI,
1997, p. 17)
20

Em 1940, a população de católicos era de 95,20% e foi decaindo no


decorrer das décadas subsequentes até chegar a 73,80%, enquanto os
evangélicos cresceram exponencialmente: em 1940 havia apenas 2,70% de
evangélicos e no ano de 2000 foi registrado o índice de 15,40%.
21

CAPÍTULO II – PENITÊNCIA TARIFADA E COMPRA DE


INDULGÊNCIAS

Há duas obras de Lutero que merecem destaque: “Um sermão sobre a


indulgência e a graça” escrito em 1518 e “Um sermão sobre o sacramento da
penitência” de 1519, porque são temas que ganharam importância no contexto da
Reforma, que, no entanto, mantiveram-se como temas polêmicos no período pós-
reforma, segundo Carlos Flávio Teixeira (2001)

O conceito de pecado sempre esteve no ixo temático da Reforma e


Martinho Lutero afirmou que o pecado era um estado real de fracasso e
degradação da natureza humana, “cujo efeito é o permanente cativeiro do arbítrio
humano, capaz de perverter a vontade, tornando-a escrava do pecado original”.
(DREHER apud TEIXEIRA, 2001, p. 145).

Certamente o conflito entre católicos e protestantes se ampliou e se


dispersou por múltiplos terrenos – eclesiologia, tradição, sacramentos,
presença real, jejum etc. Mas o essencial era realmente aquilo que,
desde o início o doutor Martin tinha designado como o problema maior.
Do mesmo modo, a Confissão de Augsburgo (1530) exprimiu sua
concepção – bem agostiniana – do pecado original, imediatamente após
ter proclamado sua fé na Santíssima Trindade. O Concílio de Trento,
reunido em dezembro de 1545, responde-lhe me junho do ano seguinte,
depois novamente em janeiro de 1547, sublinhando a parte do esforço
humano na obra de salvação. Foi só em seguida que se ocupou dos
sacramentos: prioridade reveladora. (TEIXEIRA, 2001, p. 146)

A polêmica acerca da natureza pecadora do homem percorreu todo o


período da Reforma, dominando as mentes e os comportamentos dos indivíduos,
das instituições e da sociedade. As propostas interpretativas acerca desse tema
apontavam todas para a necessidade de remissão dos pecados e nisso
concordavam católicos e protestantes, apesar das diferenças ideológicas.
(TEIXEIRA, 2001)
22

O mote principal da Reforma Protestante deflagrada por Martinho Lutero


foi a cobrança, ou tabelamento e tarifação de penitências que comprovava a
compra de indulgências. O perdão de Deus era comprado por intermediação da
Igreja.

Segundo Equiza (2003), a penitência tarifada ou taxada vigorou durante o


período compreendido entre o século VII e o século XII. Consistia em penitência
repetível e privada, constrastando com a irrepetível e pública do período anterior.
Tal modalidade de penitência foi disseminada pelo continente europeu por
influência do direito germânica que tendia ao individualismo; “o monacato
desempenha um papel determinante na conversão dos germanos e na formação
– não apenas religiosa – dos povos cristãos. Neste contexto, a paróquia rural
desenvolve práticas distintas da urbana devido ao seu isolamento 9 e dificuldades
de comunicação.

A origem da nova práxis está nas ilhas britânicas. Nas igrejas celtas,
isoladas do continente durante muito tempo. Em algumas igrejas
organizadas segundo o sistema monástico. O abade, com frequência
também bispo, era a um só tempo guia dos monges e dos fieis. O que se
adaptava bem a uma configuração de sociedade fragmentada e mais
rural que urbana. (EQUIZA, 2003, p. 126)

A prática da manifestatio conscientiae iniciada entre monges e o abade foi


estendida aos fieis; passando de ascética e de direção espiritual a uma prática
penitencial. Não se pode precisar o momento do surgimento da nova prática
penitencial eclesial, mas foi aproximadamente após os finais do século VI.

9 Por razões geográficas e políticas, a Igreja da Irlanda não tinha muitas relações com Roma;
porém, tinha relações com o cristianismo oriental. Sabe-se que estavam organizadas segundo o
sistema monástico: o abade era ao mesmo tempo guia dos monges e dos fiéis; o bispo era o
próprio abade, ou um monge que dependia do abade. Nestes mosteiros, tal como no Oriente, os
monges (mas também os clérigos e os leigos que vivem na órbita do mosteiro), confessam as
suas faltas a um monge espiritual, sacerdote ou não, e recebem dele uma penitência cuja
duração, que pode ir de alguns dias até vários anos, é proporcional à gravidade das faltas.
Cumprida a penitência, o pecador apresenta-se de novo ao seu confessor, e recebe dele o perdão
(considerada mais uma absolvição pessoal que uma reconciliação eclesial). Ao contrário do que
acontecia na Itália ou na Gália, não havia interditos e, no caso de novas faltas graves, o penitente
poderia regressar para pedir novamente a penitência e a absolvição. (ALTMANN, 2017)
23

A duração podia variar bastante: quinze dias, um ano, quinze anos ou


mais. Os Penitenciais não eram todos iguais: uns eram mais estrictos,
outros mais laxos. E, às vezes, davam mostra de uma casuística que
hoje consideramos de mau gosto. As obras de penitência consistiam em
orar, jejuar, dar esmola aos pobres, a uma igreja, a um convento, abster-
se do matrimónio, peregrinar… (LEITÃO, 2013, p. 70)

Nesta modalidade de penitência, o penitente apresentava-se à presença


do confessor, que, respaldado em um livro penitencial, aplicava a penitência por
cada falta, mas não estipulava-se nem quando nem onde deveria ser cumprida.
Dessa forma, na medida em que a penitência era cumprida, a culpa era expiada,
marcando uma relação entre expiação e remissão:

Em situações especiais – doença, pouco entendimento por parte do


penitente ou sérias dificuldades materiais –, o confessor, ouvida a
confissão, recita as orações da absolvição com a imposição de mãos.
Nesta e nas orações que a acompanham consiste a absolvição.
(EQUIZA, 2003, p. 128)

A penitência tarifada poderia ser paga por meio de um esforço financeiro


considerado “esmola” ou por meio de um esforço físico – peregrinação ou
cruzada, mas ao final da Idade Média, houve uma banalização desse tipo de
penitência, passando a ser uma falsa garantia de salvação como explanam
Quinson; Lemaitre e Sot (1999, p. 160).

Os papas Júlio II em 1507 e depois Leão X, em 1511, publicaram uma


indulgência cuja renda destinava-se à reconstrução da basílica de São
Pedro de Roma. A metade das somas reunidas na Alemanha serviu, de
fato, para pagar a taxa devida à Santa Sé pela eleição de Alberto de
Brandembourgo cmo arcebispo de Mainz. Este é o escândalo enunciado
por Lutero em 1517, conhecido sob o nome de “questão das
indulgências”. O concílio de Trento condenou o tráfico financeiro mas
manteve a validade da indulgência.

É importante frisar a relevância dos livros penitenciais que traziam,


explicitamente, a penitência aplicável a cada falta ou pecado para que houvesse
24

uma forma padronizada de estabelecer a penitência como se pode observar no


livro Penitencial de São Columbano10 com exemplos expostos abaixo:

1. Por causa da sua debilidade, muitos, para não dizer todos, cometem
faltas. Por isso, é importante conhecer as tarifas penitenciais. O princípio
geral, enunciado pelos nossos santos Padres, consiste em fixar a
duração do jejum segundo a gravidade da falta.
27. O homicida jejuará três anos a pão e água, sem levar armas e viverá
no exílio. Depois de três anos, voltará à sua pátria e se porá ao serviço
dos parentes da vítima substituindo o que matou. Assim poderá ser
readmitido à comunhão, segundo o juízo do seu confessor.
28. Um leigo que engravide a mulher de outro, cometendo adultério,
jejuará durante três anos. Não se aproximará da sua própria mulher
durante este tempo e pagará ao marido enganado a indenização legal
prevista. Depois a sua falta será absolvida pelo confessor.
29. O leigo que pratica a sodomia com outro homem jejuará sete anos,
os três primeiros a pão e água, com sal e legumes secos. Os quatro
anos seguintes abster-se-á de vinho e carne. Assim a sua falta será
perdoada e o confessor rezará por ele e o readmitirá na comunidade.
38. O leigo que come ou faz libações nos lugares sagrados pagãos: se
actuou por ignorância e promete não fazê-lo de novo, jejuará quarenta
dias a pão e água. Se actuou por desprezo, depois do sacerdote lhe ter
advertido que a sua acção constitui um sacrilégio, fará três anos de
penitência. (LEITÃO, 2013, p. 43)

Na medida em que as “penas”/penitências eram atribuídas começara a


acumular de tal modo que nem uma vida inteira seria suficiente para pagá-las.
Desse modo, os livros penitenciais sugeriam a comutação por outras penitências.
Neste contexto, surgiu a comutação por determinada quantia em dinheiro por
meio de tabelas especiais como explica Equiza (2003, p. 129)

Um modo de comutãção e redenção, que derivou em abusos muito


sérios, consistiu em fazer celebrar missas para redimir obras de
penitência. Uma missa redime sete dias de jejum; dez missas, quatro
meses de jejum; trinta missas, um ano de jejum etc. Os penitenciais
estabeleciam as taxas que deviam ser pagas. Isso implicou que, a
pedido dos fieis, fosse permitido a um único sacerdote celebrar mais de
vinte missas num mesmo dia; na falta de presbíteros suficientes
houvesse um número maior de monges ordenados sacerdotes; e que
igrejas e mosteiros encontrassem nessa prática uma grande fonte de
rendas.

10Relação de penitências mediante determinados pecados de acordo com o livro Penitencial de


São Columbano.
25

Os ricos se prevaleciam desse subterfúgio para se livrarem de pesadas


penitências e ainda utilizavam outras pessoas com menos condições financeiras e
os próprios monges para cumprirem as penitências em seu lugar mediante
compensação financeira. Tal prática encontrava embasamento no direito
germânico que apregoava que mesmo os homicídios poderiam ser liberados das
respectivas penas mediante pagamento em dinheiro.

Havia tabelas que estipulavam a lista de indulgências11 a serem pagas em


libras e outras moedas no decorrer do pontificado de Leão X. A lista estipula o
valor monetário para determinado perdão; o pecado seria expiado mediante o
pagamento de tal quantia à Igreja.

1. O eclesiástico que incorrer em pecado carnal, seja com freiras,


primas, sobrinhas, afilhadas ou, enfim, com outra mulher qualquer, será
absolvido mediante o pagamento de 67 libras e 12 soldos.
2. Se o Eclesiástico, além do pecado de fornicação, pedir para ser
absolvido do pecado contra a natureza ou bestialidade, deverá pagar
219 libras e 15 soldos. Mas tiver cometido pecado contra a natureza com
crianças ou animais, e não com uma mulher, pagará apenas 131 libras e
15 soldos.
3. O Sacerdote que deflorar uma virgem pagará 2 libras e 8 soldos.
4. A Religiosa que quiser ser abadessa após ter se entregado a um ou
mais homens simultaneamente ou sucessivamente, dentro ou fora do
convento, pagará 131 libras e 15 soldos.
5. Os sacerdotes que quiserem viver em concubinato com seus parentes
pagarão 76 libras e 1 soldo.
6. Para cada pecado de luxúria cometido por um leigo, a absolvição
custará 27 libras e 1 soldo.
7. A mulher adúltera que pedir a absolvição para se ver livre de qualquer
processo e ser dispensada para continuar com a relação ilícita pagará ao
Papa 87 libras e 3 soldos. Em um caso análogo, o marido pagará o
mesmo montante; se tiverem cometido incesto com o próprio filho,
acrescentar-se-ão 6 libras pela consciência.
8. A absolvição e a certeza de não ser perseguido por crime de roubo,
furto ou incêndio custarão ao culpado 131 libras e 7 soldos.
9. A absolvição de homicídio simples cometido contra a pessoa de um
leigo custará 15 libras, 4 soldos e 3 denários.
10. Se o assassino tiver matado dois ou mais homens em um único dia,
pagará como se tivesse assassinado um só. (MONTEIRO, 2013, p. 78)

Durante o pontificado do Papa Leão X – de 1513 a 1521 – a Igreja


Católica Apostólica Romana atingiu o ápice da exploração da fé dos cristãos por

11 Lista de pecados com seu respectivo perdão mediante pagamento em dinheiro.


26

meio da cobrança de indulgências para expiar os pecados cometidos de forma


que houvesse a reconciliação com Deus e com a Igreja:

Tais indulgências eram um perdão adquirido por aqueles que, mediante


pagamentos em espécie, alcançavam a absolvição de seus pecados. O
argumento básico era de que, mesmo tendo cometido pecado, a pessoa
ainda possuía méritos que poderiam fazê-la alcançar o perdão e daí a
salvação. Bastaria, para tanto, que ela pagasse à Igreja certo valor
monetário. (MONTEIRO, 2013, p. 78)

A tese de Nº 27 das noventa e cinco que Lutero pregou nas portas da


abadia de Wittenberg no dia 31 de outubro de 1517 que serviram para deflagar a
Reforma Protestante trata, justamente, da cobrança pelas indulgências como
exploração da fé popular: “Pregam futilidades humanas quantos alegam que no
momento em que a moeda soa ao cair na caixa a alma se vai do purgatório”. Da
mesma forma, outras teses dissertam sobre tal cobrança: 6ª Tese – “O papa não
pode perdoar dívida, senão declarar e confirmar aquilo que já foi perdoado por
Deus, ou então o faz nos casos que lhe foram reservados. Nestes casos, se
desprezados, a dívida em absoluto deixaria de ser anulada ou perdoada”; 7ª Tese
– “Deus a ninguém perdoa a dívida sem que ao mesmo tempo o subordine, em
sincera humildade, ao ministro, seu substituto”. 36ª Tese – “Todo e qualquer
cristão que se arrepende verdadeiramente dos seus pecados, sente pesar por ter
pecado, tem pleno perdão da pena e da dívida, perdão esse que lhe pertence
mesmo sem breve de indulgência”. (FABER, 2012, p. 2)

3.1 A CONFIGURAÇÃO HISTÓRICA DA EUROPA NO SÉCULO XVI

A Reforma Protestante ocorrida no século XVI encontrou seus alicerces


na própria trajetória da Igreja da Idade Média, porque no decorrer do tempo, a
Igreja proporcionou ordem, estabilidade e estrutura para o período medieval. O
pensamento durante a Idade Média foi muito marcado pela ideia de salvação
27

como objetivo de muitas pessoas. Mas a Igreja foi perdendo a capacidade de ser
a ponte entre o mundo terreno e a salvação eterna. Neste contexto, a peste teve
grande influência na perda da confiança na Igreja. (OLIVEIRA, 2012)

A Peste Negra, ou peste bubônica, atingiu a Europa a partir de 1347.


Transmitida primariamente por moscas e ratos, a bactéria Y. Pestis
viajou todo o continente, matando um terço da população até 1351.
Parece que a bactéria era endêmica entre a população de roedores das
estepes da Ásia, e atacou os humanos na Europa com grande virulência.
O aparecimento da doença foi súbito; os sintomas eram, febre,
fraqueza, delírio, problemas pulmonares, e inchaços (ínguas) no
pescoço, axilas e virilhas. Quase sempre os infectados morriam em 1 ou
2 dias, mesmo os jovens e as pessoas saudáveis. (OLIVEIRA, 2012, p.
12)

A peste dizimou boa parte da população e com este processo também a


fé na Igreja Católica foi arrefecendo e perdendo espaço para os seus
contraditores.

O homem moderno foi forjado sob a égide da Revolução Francesa, da


Revolução Industrial, com a instauração do Estado Moderno e queda da
Monarquia. Foi embalado pelo jargão dos camponeses franceses dedicados à
revolução: Fraternidade (Fraternité); Liberdade (Liberté) e Igualdade (Igualité).

O homem moderno surgiu durante o Iluminismo em meio às ideias


libertárias e de contradição às ideias medievais da Igreja Católica.

3.2 A IGREJA NO RENASCIMENTO

O Renascimento foi um período marcado pela busca de explicações


racionais à origem e à natureza humana. Foi um período em que os pensadores,
artistas e escritores apregoavam o antropocentrismo, ou seja, o ser humano no
centro, em detrimento do teocentrismo e da importância da religião como
28

norteadora dos passos do homem. Com isso, fertilizavam-se as teorias dos


burgueses baseadas na teoria do Humanismo.

[...] a Igreja deixou de ser vista como aquela que tinha uma resposta
para todos os problemas da vida e da sociedade. Com suas estruturas
ideológicas abaladas, a Igreja Católica perdeu muito de seu poder
político e, por incrível que possa parecer, também perdeu muito de seu
prestígio mesmo no meio religioso, pois novas interpretações,
principalmente humanistas, sobre a religião passaram a surgir,
principalmente com a Reforma Protestante. (FABER, 2012, p. 3)

Podemos afirmar que o Renascimento foi a preparação de uma era


moderna onde Deus já não estava no centro das coisas como bem afirmou Pascal
mediante a Revolução Científica que deitou por terra o Geocentrismo e com ele a
força da Igreja Católica: “O silêncio desses espaços infinitos me apavora” –
indicando que as certezas foram todas por terra e só restaram dúvidas sobre as
coisas.

Segundo Botasso (2011), o entuasiasmo no processo de evangelização


das Américas baseava-se em uma possibilidade de evangelizar aos moldes mais
próximos dos tempos apostólicos, pois a Igreja europeia estava de tal modo
corrompida que parecia mesmo irrecuperável. “a corte de Alexandre VI estava
completamente mundana. Quando Lutero visitou Roma, no tempo de Leão X,
ficou escandalizado”. (BOTASSO, 2011)

A reconstrução da Igreja Latino Americana, por parte do Papa Pio IX,


trouxe ao continente uma grande quantidade de congregações
masculinas e femininas. Nesta época, no continente foram criados
numerosos Vicariatos Apostólicos, uma instituição até aquele momento
totalmente desconhecida na América. No Brasil não se fala de Vicariatos
e sim de Prelazias. Renova‐se, então, o trabalho com os indígenas.
Começam as “desobrigas” e, pouco a pouco, se privilegia o sistema dos
internatos. As vantagens deste enfoque e, sobretudo as críticas, são
mais do que conhecidas. (BOTASSO, 2011)
29

As Igrejas Protestantes que mais se destacaram mundialmente foram os


luteranos; anglicanos ou episcopais; os metodistas; os presbiterianos; os
congregacionalistas e os batistas.

A América Latina experimenta uma adequação rápida a esse novo


processo religioso, no qual o catolicismo está gradativamente perdendo
seu espaço dentro do conceito simbólico de seus fiéis. O Brasil também
experimenta processos de modificações religiosas, dos quais os mais
significativos são o pentecostalismo clássico (1910), o
neopentecostalismo (década de 1970), o crescimento das religiões de
origem africana (década de 1950 e 1960), a explosão de novos
movimentos religiosos não cristãos (1980) e o movimento carismático
católico (anos de 1990). Essa diversidade de tendências religiosas
ocasionou inevitavelmente uma concorrência entre as várias religiões.
(GUEDES JÚNIOR, 2005, p. 75)

O Neopentecostalismo12 surgiu com a Terceira Onda ou Neopentecostal


em meados da década de 1970 e vem se atualizando até hoje, em pleno
processo de desenvolvimento. Um detalhe marcante deste fenômeno é que ele se
manifesta por todo o continente com líderes, normalmente, pregadores nacionais;
utilizam intensamente a mídia eletrônica conhecida como televangelismo; “este
período se caracteriza pela consolidação do pentecostalismo como força social e
política”. (SOUZA; MAGALHÃES, 2002, p. 6)

[...] a utilização de testemunhos é uma tendência irreversível e crescente


no plano de expansão ideológica da instituição; bem coerente com os
conceitos neopentecostais e as teorias sociológicas que sustentam seu
crescimento e nos quais a Igreja se insere. Em uma sociedade em que
os valores econômicos muitas vezes se sobrepõem aos valores
espirituais, a estratégia de crescimento através de testemunhos está
sendo a forma menos trabalhosa e imparcial de se espiritualizar as
pessoas, mesmo que, paradoxalmente, o meio para isso esteja sendo os
valores materiais. (GUEDES JÚNIOR. 2005, p. 116)

12 As Igrejas Neopentecostais mais representativas em tamanho e visibilidade são as seguintes


(todas elas criadas no Brasil): Igreja de Nova Vida (fundada em 1960); Comunidade Evangélica
Sara Nossa Terra (fundada em 1976); Igreja Universal do Reino de Deus (fundada em 1977);
Igreja Internacional da Graça de Deus (fundada em 1980), e Renascer em Cristo (fundada em
1986). (PIERUCCI, 2000, p. 313)
30

Segundo Antônio Flávio Pierucci (2000), recentemente, houve uma cisão


grande do movimento pentecostal brasileiro, que passou a diferenciar-se em dois
tipos de formatos distintos; de um lado ficaram os pentecostais “clássicos” 13 e os
“neopentecostais”. No Brasil, desde o início do século XXI foi registrado o maior
crescimento entre os adeptos das igrejas protestantes pentecostais, no entanto,
dentre as pentecostais, são as pentescostais da terceira onda, ou melhor, as
neopentecostais que vêm crescendo a um ritmo bastante acelerado, com
características bastante peculiares:

Estas oferecem uma forma de religiosidade muito eficiente em termos


práticos, pouco exigente em termos éticos e doutrinariamente
descomplicada. Os neopentecostais conservam do pentecostalismo
clássico o estilo de culto fortemente emocional, voltado para o êxtase,
com papel de destaque para a glossolalia, o exorcismo e o milagre,
visados sempre como resultados palpáveis a ser experimentados de
imediato. (PIERUCCI, 2000, p. 313)

Martin Lutero foi a figura principal da Reforma Protestante. Ele era um


monge católico que não compactuava com a corrupção instalada na estrutura da
Igreja Católica que havia se desviado muito dos princípios doutrinários. Dentre os
desmandos da Igreja destacava-se a penitência tarifada.

3.3 O CONCÍLIO DE TRENTO

O Concílio de Trento realizado entre 1545 a 1563 ficou conhecido como


Contra Reforma por dispor sobre teses, atitudes e contra teses da Reforma
Protestante. No entanto, essa classificação é, no mínimo, incompleta e
equivocada, porque apesar de responder às proposições do protestantismo, o

13Em meio à infinidade de igrejas pentecostais de tipo clássico existentes no Brasil, as maiores
são as seguintes: Congregação Cristã do Brasil (desde 1910 no Brasil); Assembleia de Deus
(desde 1911 no Brasil); Igreja do Evangelho Quadrangular {desde 1953 no Brasil); Igreja
Pentecostal O Brasil para Cristo {fundada em 1955); Deus é Amor {fundada no Brasil em 1962), e
Casa da Bênção {fundada no Brasil em 1964). (PIERUCCI, 2000, p. 313)
31

Concílio demonstrou a vitalidade da Igreja Católica por meio de um movimento


que se iniciou com o concílio e se estendeu até o século XVII, como explica
Aquino:

Esta eflorescência brotava do íntimo da Igreja ou dos seus setores dados


à oração e é mística; tenhamos em vista o fervor da piedade cultivada
por S. Felipe Néri, Sta. Teresa de Jesus, S. João da Cruz, S. Inácio de
Loyola, S. Pedro de Alcântara, S. Francisco de Sales…; chegou-se a
dizer que os séculos XVI e XVII foram séculos de santos. O
renascimento interior da Igreja despertou muitas forças católicas
adormecidas, inclusive o alto clero, e acelerou o seu curso de ação,
indicando-lhes indiretamente a orientação a tomar. (AQUINO, 2015, p. 3)

As instituições religiosas e os santos do século XVI estabeleceram um


programa para apresentar suas ideias sem criticar outrem, porém emendando a si
mesmo, sem mudar estruturalmente a Igreja estabelecida por Cristo. Os homens
de poder precisariam ser reformados, porque o mal instalado pela mundanização
do clero tinha que ser barrado, por isso, era mais lógico reformar o clero como
afirmou o teólogo Egidio de Viterbo: “Homines per sacra immutari fas est, non
sacra per homines. – os homens é que devem ser transformados pela religião, e
não a religião pelos homens”, conforme explica Felipe Aquino (2015, p. 3).

O divisor de águas não é muito bem definido, mas é certo que o conjunto
das revoluções (Revolução Francesa...) veio acompanhado de uma nova
ideologia, que apregoava a força do capital, da liberdade, fraternidade, igualdade
de direitos e combatia a ideologia da Igreja Católica, que dominou o pensamento
da Idade Média, no qual o desenvolvimento das ciências e da tecnologia eram
cerceados.

Que a religião tenha sido um objeto de singular importância para as


ciências sociais, no processo e ato de sua imposição como ciência
autônoma no quadro geral das ciências, ninguém duvida, nem o
especialista nem o leigo interessado pelo assunto. Uma olhada ligeira
para os clássicos serve para demonstrar que os pais das ciências sociais
deram atenção especial à religião – não para fazer teologia ou espécie
de especulação metafísica; ao contrário, para relacionar religião e
sociedade, comportamento religioso e teoria social, enfim, tudo dentro de
um esforço honesto de compreender a sociedade moderna e dar à tal
32

compreensão caráter científico, desenvolvimento lógico e argumentação


racional.
Dos marcos referenciais do início da história autônoma e madura das
ciências sociais (especialmente a sociologia), Émile Durkheim e Max
Weber, cada um a seu modo, utilizaram positivamente a religião em suas
teses, artigos e ensaios de antropologia ou de sociologia. O caso de Karl
Marx é um pouco diferente, pois, por negação, acabou afirmando
também a relação entre sociedade e religião, ainda que provisória e
aberta à superação necessária, de acordo com o desenvolvimento e a
inexorabilidade da história. (CAMPOS, 2007, p. 114)

A religião fora objeto de estudo antes e depois do surgimento do


pensamento moderno, mas tornou-se objeto de estudo de várias ciências, mais
especificamente estudada pela Sociologia.

Antes e depois deles, com outros autores, a religião tem sido objeto de
estudo das humanidades em geral, e das ciências sociais stricto sensu,
desde que a Modernidade impôs-se e com ela a superação da filosofia e
da teologia como discursos totalizantes, capazes de falar sobre tudo.
Com a especialização dos conhecimentos científicos e a fragmentação
dos saberes, modernas elas mesmas, cada ramo das ciências sociais
privilegiou aspectos diferentes do interesse pela religião, mas nenhum
deles desprezou-a de todo. (CAMPOS, 2007, p. 114)

A ideologia ou ideologias que acompanham a modernidade apregoavam a


força da burguesia que impunha-se em todos os terrenos, a partir da economia
em direção ao social, cultural, ideológico, político e para o religioso.
33

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após o término dessa pesquisa é possível apresentar algumas


considerações importantes sobre esse fenômeno histórico que marcou um divisor
de águas: período pré Reforma e período pós Reforma.

Martinho Lutero foi a grande figura da deflagração da Reforma


Protestante em um período marcado pela deterioração dos princípios cristãos
embasados na Bíblia. Estávamos sob o pontificado de Leão X e a Igreja tornou-se
um antro de mercenários que negociavam indulgências por valores monetários.
Além da terceirização do pagamento de penitências, quando os mais ricos
serviam-se de escravos e de monges para pagarem as penitências em seu nome,
ou seja, uma terceira pessoa que não tinha nada com os pecados dos ricos, fazia
cumpria as penitências em lugar deles.

Essa exploração da fé pública e enriquecimento ilícito da Igreja só foi


possível mediante a instalação das penitências tarifadas estipuladas pelos livros
penitenciais que traziam os pecados e as respectivas penitências explicitadas em
dias, meses, anos de penitência de tal forma que um penitente precisaria de mais
de uma vida. Como havia um correspondente dessas penitências em valores
monetários, os penitentes preferiam pagar à Igreja em troca do perdão de seus
pecados.

Lutero não compactuou com esses desmandos da Igreja e publicou as


noventa e cinco teses que expunham todo seu descontentamento com a Igreja e
as provas de que a corrupção estava instalada na Igreja. Tendo sido
excomungado da Igreja Católica, seguiu sua fé inaugurando o Protestantismo que
hoje possui uma série de denominações.

Tal crescimento da igreja protestante deu-se porque Lutero não era o


único monge contrário às posturas tomadas pela Igreja Católica em alguns
principados da Alemanha. Dessa forma, foi notória a disseminação de igrejas
34

contrárias ao catolicismo, destacando-se a Igreja Luterana na Alemanha e o


calvinismo na Inglaterra por influência de John Calvino.
35

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