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10/02/2022 17:22 AVA UNINOVE 10/02/2022 17:22 AVA UNINOVE

Legenda: REFLEXõES SOBRE AS PERSPECTIVAS PEDAGóGICAS E A INFLUêNCIA DA FILOSOFIA

Antes, porém, é importante esclarecer que não há práticas educacionais que não estejam orientadas por
alguma referência filosófica. Referências filosóficas fazem parte das referências teóricas que todos nós

Tendências pedagógicas e suas assimilamos no ambiente cultural no qual nascemos e no qual nos desenvolvemos. Referências teóricas

referências filosóficas são conjuntos de ideias ou de entendimentos que recebemos e aos quais acrescentamos nossas próprias
maneiras de pensar. Com estas ideias e entendimentos orientamos nossas práticas. Assim ocorre com as

práticas educacionais. Normalmente estas ideias e entendimentos são assumidos sem muita reflexão e
CONHECER A RELAÇÃO DAS TEORIAS EDUCACIONAIS PARA COMPREENDER COMO SUAS TENDÊNCIA
quase sem uma análise crítica. O risco é nos guiarmos por orientações teóricas que podem levar nossas
FILOSÓFICAS ORIENTAM SUAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS.
práticas para resultados nem sempre bons, ou desejados por nós e podem até ser resultados impostos

por outros. Neste sentido, é interessante retomar a citação de Marilena Chauí do primeiro tópico e

AUTOR(A): PROF. SUELEN DE PONTES ALEXANDRE verificar ali que a Filosofia (ou a reflexão filosófica) pode nos ajudar a não nos deixarmos guiar por ideias
de outros, visto que ela nos ajuda no exame crítico das ideias ou teorias que estão dadas no ambiente
Como afirmado no tópico anterior, pode-se entender as produções filosóficas como esforços para cultural do qual participamos.    
oferecer respostas às “perguntas da vida”. Estas “respostas” podem ser vistas dentro de certas Pois bem: a breve apresentação das referências filosóficas, a seguir, tem a intenção de oferecer um
tendências, ao longo da história do pensamento humano. Algumas, em certas épocas são predominantes, subsídio inicial para sua compreensão e para a realização de uma análise crítica a respeito delas. Este
mas podem coexistir com outras. Elas se tornam referências filosóficas, inclusive para a as teorias subsídio inicial deve ser complementado com estudos posteriores que cada uma e cada um deve fazer. 
educacionais, ou para as tendências pedagógicas que variam, de época para época, influenciadas pelas
condições históricas e sócias e, portanto, pelas referências filosóficas presentes nessas épocas.   
Referência Metafísica/ Perspectiva Essencialista.
No livro Filosofia da Educação (1992), Antônio Joaquim Severino, afirma que poderíamos sintetizar as
posições filosóficas em três grandes tendências, referências ou perspectivas conforme produzem Por referência metafísica pode-se entender aquelas posições filosóficas que afirmam a existência de

respostas, de uma forma ou de outra, às “perguntas da vida” que todos os seres humanos se colocam, ao aspectos da realidade em geral que não fazem parte da realidade natural, ou física, ou material. O real

longo de sua existência.  seria, portanto, constituído de duas instâncias: uma instância material ou física (natural) e outra “além”

O texto apresenta, a seguir, ideias retiradas desta síntese elaborada por Antônio Joaquim Severino, um (metá, se diz em Grego) desta realidade física ou natural. O ser humano, nessa referência, é um ser que

dos pensadores mais importantes da área da Filosofia da Educação no Brasil. Ao mesmo tempo busca participa da realidade física (ou natural) e participa, também, da realidade metafísica, ou “sobrenatural”.

indicar a relação de cada uma das referências com tendências pedagógicas. Aqui fica claro que se trata de uma posição dentro da área da filosofia que foi denominada de ontologia no
primeiro tópico.

Chama-se perspectiva “essencialista” porque, nesta referência, afirma-se que o que explica a existência

de vários seres particulares dotados de características básicas iguais (seres de uma mesma espécie,
dizemos) é o fato de existirem “essências” por si mesmas, em alguma instância, as quais determinam a

forma essencial de cada ser de cada espécie. Cada ser, cada ente, (cada “ontos” que em Grego quer dizer

“ser”) realiza, na sua particularidade, durante sua existência, uma essência geral própria de sua espécie.
Há uma ordem, uma organização, “ontológica” do real. Estudar esta ordem ontológica do real é estudar o

seu ser enquanto tal. A área da Filosofia que faz este estudo denomina-se Ontologia ou, em algumas
obras, Metafísica.

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Há mais, diz Severino: a perfeição de cada ser particular (de cada ente) é medida de acordo com a sua
maior ou menor aproximação da sua essência. Pense-se no ser humano. Cada ser humano será tanto
mais perfeito, quanto mais realizar em si mesmo suas características essenciais. Daí a importância de

“buscar saber” quais seriam estas características para poder haver um esforço de realizá-las.
Muitas teorias filosóficas buscam apresentá-las e se tornam referências, por exemplo, para teorias
pedagógicas. Estas, por sua vez, veem a Educação como um esforço, por parte dos “mais educados”, de

ajuda ,para que crianças e jovens realizem de modo mais efetivo a sua essência. Esta maneira de ver a
Educação oferece propostas prontas, direcionadas e cheias de “convicções”, muitas vezes
dogmaticamente apresentadas e até impostas.

Pode-se perceber aqui, uma relação estreita da Filosofia com a Educação. O educador, ao compreender
esta referência, deve primeiro fazer uma boa análise reflexiva e crítica dela para, em seguida, decidir se é
de acordo com ela que deve orientar sua prática educacional.  

Referência  metafísica/Perspectiva  naturalista


 

A expressão “naturalista” já indica tratar-se de uma referência que pretende olhar a realidade “apenas”
como constituída da Natureza, isto é, uma realidade que não abrangeria possíveis outras realidades “não
físicas”. Materialismo? Talvez, pois, se não há outras realidades além da realidade natural ou física, é

dentro desta realidade que os seres humanos devem buscar se compreender e devem buscar as melhores
maneiras de se desenvolverem para dela participar.
De acordo com esta perspectiva, os seres em geral, incluindo aí os seres humanos, são seres

exclusivamente pertencentes e originários do mundo natural. Cabe ao ser humano, se desejar entender e
compreender a si mesmo e aos demais seres estudá-los como tais, isto é, partindo de dados puramente
naturais. Desenvolve-se, a partir desta perspectiva, um novo modo de estudar o real: o modo científico.

Esse modo científico busca dados objetivos, mede, quantifica, experimenta e propõe interferir e provocar
a natureza para extrair dela o máximo possível de informações e, a partir daí o máximo possível de
indicações de como o ser humano deve se relacionar com os demais seres da natureza, com os demais

seres humanos e consigo próprio. Para esta referência, a realidade natural ocorre de maneira ordenada e
ela determina a cada ser (inclusive aos seres humanos) o seu modo de ser. A ideia básica é a de adaptação
aos ordenamentos naturais.    
As teorias educacionais procurarão, a partir daí servir-se dos conhecimentos científicos e procurarão

“enxergar” a educação como uma forma de ajudar crianças e jovens a desenvolverem suas características
naturais, incluindo uma grande atenção ao corpo, aos desejos, às emoções, buscando a melhor adaptação
possível ao que a “natureza” humana indica ser bom para todos. 
Legenda: A MUSA METAFíSICA - CARLO CARRà

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Cabe, igualmente aqui, ao educador, conhecer a relação das teorias educacionais com esta tendência preponderante. Os, seres humanos, estabelecem relações tais com a natureza que a modificam
filosófica e avaliar se é, ou não, nesta direção ou neste “sentido”, que quer orientar suas práticas constantemente criando, assim, o seu próprio ambiente cultural no qual estão incluídas as próprias

pedagógicas. relações dos seres humanos entre si. É este conjunto de relações, com a natureza e entre si, que

determina a forma de os seres humanos serem “gente”, ou pessoas. Esta forma humana de ser engloba a
produção da consciência humana na qual se dão as “representações” da realidade (natural e social)

representações estas que se tornam fator do próprio processo de construção continuada da realidade.

Essas “representações” englobam os conhecimentos e os valores. Tal processo é, portanto, social e


histórico. A realidade é resultado de um processo histórico-social que continuará a produzi-la,

modificando-a constantemente num processo que não é linear e nem mecânico, mas é dialético. Dialético

porque se dá numa “luta” contínua de contrários, de oposições, de enfrentamentos: este é o móvel do


processo histórico-social da realidade e é, neste processo e por conta das características do mesmo, que

os seres humanos se produzem, ou seja, não são dados prontos ou já formatados. Daí a importância da

participação lúcida de todos no referido processo, buscando a negação de tudo aquilo que torna a
condição humana indesejável (explorada, dominada, alienada, etc.) e buscando, por outro lado, a

afirmação de tudo aquilo que se mostra como realizador positivo da própria humanidade de todas as

pessoas.
Há teorias educacionais que se filiam a esta referência filosófica e propõem uma educação voltada para o

conhecimento objetivo e completo desta realidade em mudança, o que envolve buscar conhecer as suas

melhores tendências e buscar desenvolver nos seres humanos, especialmente nos mais jovens, uma
capacidade reflexiva tal que possibilite a eles “enxergar” com clareza, os caminhos das mudanças

necessárias, bem como desenvolver neles as disposições para isso.

Uma educação assim é chamada de uma educação transformadora. A proposta educacional de Paulo
Freire parte desta referência, assim como outras. As teorias de Vygotski aí se encaixam e, determinadas

propostas educacionais, delas decorrentes, partem daí.

Agora uma pergunta: como pensar tudo isso? Que orientações teórico/filosóficas estão presentes em
nossas práticas educacionais? O que cada educadora e cada educador deve fazer em relação a isso?

A partir destas primeiras informações, cabe a cada um refletir sobre as direções que têm os caminhos de

formação de suas práticas educativas perguntando-se principalmente o seguinte: que ser humano estas
práticas estão ajudando a formar? Para qual realidade elas apontam? Suas perspectivas estão alinhadas
Legenda: O PROFESSOR PRECISA TRABALHAR OS CONTEúDOS COM OS ALUNOS PARA CONTRIBUIR NA com quais das tendências filosóficas acima apontadas? Em seguida, cabe tomar uma decisão: continuar
CONSTRUçãO DOS SABERES, ALéM DOS MUROS DA ESCOLA. como está, ou pensar em novos caminhos. Para isso, mais leituras ajudarão, bem como a partir de novas

reflexões.     

Referência Dialética/ Perspectiva Histórico-social.    


A assim denominada “perspectiva histórico-social”, segundo Severino, vê a realidade como natural, mas

não como já dada pronta e acabada e sim em processo contínuo de “fazer-se”, isto é, de mudança. As

mudanças na realidade fazem parte de sua própria dinâmica e, nela, os seres humanos têm um papel

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D. incluindo uma grande atenção a inclusão de grupos marginalizados socialmente para que tenha

equidade nas relações humanas.

Pudemos verificar que a forma humana que engloba a produção da

consciência humana na qual se dão as "representações" da realidade

(natural e social) se tornam fator do próprio processo de construção

continuada da realidade. Essas "representações" englobam os

conhecimentos e os valores. É no entanto, correto afirmar que:

A. Tal processo é, portanto, social e crítico. 

B. Tal processo é, portanto, histórico-crítico.

C. Tal processo é, portanto, social e histórico.

D. Tal processo é, portanto, socio-ecônomico.

REFERÊNCIA
GADOTTI, M. Concepção dialética da educação: um estudo introdutório. São Paulo. Cortez: Autores

Associados, 1983.

Legenda: AS TEORIAS EDUCACIONAIS TAMBéM CONTRIBUEM PARA O CONVíVIO ENTRE DIFERENTES GHIRALDELLI  JR, P. Filosofia da educação. Rio de Janeiro. DP&A, 2000.

GRUPOS CULTURAIS, POR MEIO DOS SISTEMAS EDUCACIONAIS PROMOTORES DE INCLUSãO SOCIAL. SAVATER, F. As perguntas da vida. São Paulo. Martins Fontes, 2001.

SAVIANI, D. Educação: do senso comum à consciência filosófica. São Paulo: Cortez,

ATIVIDADE FINAL 1980.                                    

SEVERINO, A.J. Filosofia da educação. São Paulo. FTD, 1994. 

De que modo as teorias educacionais procurarão, servir-se dos

conhecimentos científicos e procurarão "enxergar" a educação como


uma forma de ajudar crianças e jovens a desenvolverem suas

características naturais?

A. incluindo uma grande atenção ao corpo, aos desejos, às emoções, buscando a melhor adaptação

possível ao que a "natureza" humana indica ser bom para todos. 

B. incluindo uma grande atenção aos estudos da filosofia, que despertam as emoções adaptando os
indivíduos ao que "natureza" indica ser bom para todos.

C. incluindo uma grande atenção aos estudos técnicos, que despertam o profissionalismo, adaptando

os sujeitos ao mundo do trabalho. 

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