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FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

BELO HORIZONTE / MG
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

SUMÁRIO

Sumário
1O ESTUDO DA FILOSOFIA........................... 4
3ANTIGAS CONCEPÇÕES DA HISTÓRIA ..... 5
4 HISTÓRIA MODERNA E CONTEMPORÂNEA5
5 O MATERIALISMO HISTÓRICO E DIALÉTICO 6
8 ESTRUTURA E DINÂMICA DO ENSINO NO BRASIL 9
9 OS DONOS DO SABER E O SABER DOS DONOS 9
10 SOCIALIZAÇÃO E EDUCAÇÃO............... 10
11 PRINCIPAIS REPRESENTANTES: JEAN JACQUES ROUSSEAU 13
12 PENSADORES INFLUENCIADOS PELO PENSAMENTO DE ROUSSEAU 14
14 A EDUCAÇÃO BIZANTINA ...................... 15
15 MURALHAS DE CONSTANTINOPLA ...... 15
16 A EDUCAÇÃO ISLÂMICA ........................ 16
19 PERFIL DE CARLOS MAGNO ................. 18
23 A EDUCAÇÃO DAS MULHERES ............. 22
24 PAGANISMO E CRISTIANISMO .............. 22
26 ESCOLÁSTICA ........................................ 24
27 AS CARACTERÍSTICAS FILOSÓFICAS DO CRISTIANISMO 24
28 FILOSOFIA MEDIEVAL E O CRISTIANISMO 26
29 ANTIGUIDADE ROMANA: EDUCAÇÃO HEROICO-PATRÍCIA 26
30 EDUCAÇÃO COSMOPOLITA .................. 27
31 EDUCAÇÃO NO IMPÉRIO ....................... 29
32 FILOSOFIA TOMISTA: TOMÁS DE AQUINO 30
33 ANTIGUIDADE ROMANA: A HUMANISTAS31
34 EXISTENCIALISMO ................................. 32
35 ESSENCIALISMO .................................... 32
36 A EDUCAÇÃO DIFUSA ............................ 33
37 QUATRO IMPORTANTES FILÓSOFOS DA EDUCAÇÃO 34
38 A CONDUTA HUMANA E A EDUCAÇÃO 36
39 MORAL CIENTÍFICA E MORAL TRADICIONAL 36
40 MORALIDADE ÉTICA .............................. 37
42 O EMPIRISMO DE JOHN LOCKE ............ 40
44 IDEIAS METAFÍSICAS ............................. 41
46 IDEIAS PEDAGÓGICAS ........................... 42
47 DESCARTES E AS CONDIÇÕES DO CONHECIMENTO VERDADEIRO 45
49 NA EDUCAÇÃO ....................................... 46
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

50 O MÉTODO CIENTÍFICO E AS CIÊNCIAS HUMANAS 47


52 ARISTÓTELES ......................................... 49
53 O PENSAMENTO POLÍTICO MODERNO. 49
55 TEORIA DOS DOIS MUNDOS DEFENDIDA POR PLATÃO 50
56 O PAPEL SOCIAL DO PROFESSOR: UMA CONTRIBUIÇÃO DA FILOSOFIA 51
DA EDUCAÇÃO ............................................ 51
57 BIBLIOGRAFIA BÁSICA .......................... 55
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR...................................................................................................55
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

1 O ESTUDO DA FILOSOFIA uma interpretação do já vivido, daquilo que esta


você possa estar objetivando, mais também a
interpretação das aspirações e desejos do que
ainda está por vir e do que está para chegar. Para
iniciar o exercício de filosofa, a primeira coisa a
fazer é admitir o que vivemos e vivenciamos
valores e que é preciso saber quais são eles.
Filosofia é inventariar os valores que explicam e
orientam nossa vida e a vida da sociedade, e que
dimensionam as finalidades da prática humana.
Fonte: pt.slideshare.net O segundo momento é o momento da crítica que
é um modo de penetrar dentro desses valores,
descobrindo -lhe a sua existência.
"A Filosofia contribui para o estudo da A filosofia e educação estão vinculadas
Ética e Moral, demanda social negligenciada na no tempo e no espaço. A pedagogia inclui mais
formação do cidadão brasileiro" - Arthur Meucci. elementos do que o pressuposto filosófico da
Desde 2006, Filosofia é disciplina obrigatória no educação, tais como os processos socioculturais,
Ensino Médio brasileiro. Para muitos, perda de a concepção psicológica do educando e a forma
tempo, pois exige maturidade intelectual que a do processo educacional. Para que possamos
maioria dos alunos não tem. Mas há defensores compreender ainda mais essa filosofia e como
fervorosos de sua inclusão no currículo, caso do ela é parte de uma educação inteiramente
filósofo e psicanalista Arthur Meucci. "É a única possuía pela realidade e construção cultural,
disciplina da grade escolar que faz a ponte entre segundo o filósofo e educador Demerval Saviani,
o português, a sociologia, a história e a a reflexão filosófica deve possuir as seguintes
matemática, além de contribuir para o estudo da características:
Ética e Moral, demanda social negligenciada na
formação do cidadão brasileiro", destaca. Chegar até a raiz dos acontecimentos,
isto é, aos seus fundamentos; à sua
2 O QUE É FILOSOFIA? origem, não só cronológica, mas no
RADICALIDADE
sentido de chegar aos valores originais
A filosofia não é um conjunto de
que possibilitaram o fato. A reflexão
conhecimentos prontos, um sistema acabado, filosófica, portanto, é uma reflexão em
fechado em si mesmo. A filosofia é uma maneira profundidade.
de pensar e é também uma postura diante do
mundo.

Seguir um método adequado ao objeto


em estudo, com todo o rigor,
CONTEXTUALIDADE colocando em questão as respostas
mais superficiais, comuns à sabedoria
popular e a algumas generalizações
científicas apressadas.

A filosofia não considera os problemas


isoladamente, mas dentro de um
conjunto de fatos, fatores e valores que
estão relacionados entre si. A reflexão
RIGOR
Fonte: www.nacaojuridica.com.br filosófica contextualiza os problemas
tanto verticalmente, dentro do
Antes de mais nada, ela é uma forma de desenvolvimento histórico, quanto
horizontalmente, relacionando-os a
observar a realidade que procura pensar os
outros aspectos da
acontecimentos além da sua aparência imediata.
Ela pode se voltar para qualquer objeto: pode
pensar sobre a ciência, seus valores e seus
métodos; pode pensar sobre a religião, a arte; o
seu cotidiano, o próprio homem em sua cultura e
imagem. A filosofia em síntese não é tão somente
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

3 ANTIGAS demais à imaginação no relato dos fatos. Cabe a


CONCEPÇÕES DA HISTÓRIA cada homem exercitar o seu “ser filósofo”, pôr-se
em busca de uma apreensão significativa da
cultura, de uma crítica leitura da realidade e de
uma ação engajada no mundo.
A reflexão filosófica organiza-se em torno
de três grandes conjuntos de perguntas ou
questões:

• Por que pensamos o que pensamos,


dizemos o que dizemos e fazemos o que
Fonte: www.hotfrog.com.br fazemos?
• O que queremos pensar quando
pensamos, o que queremos dizer quando
A história resulta da necessidade de falamos, o que queremos fazer quando
reconstituirmos o passado, relatando os agimos?
acontecimentos que decorreram da ação
transformadora dos indivíduos no tempo, por • Para que pensamos o que pensamos,
meio da seleção e da construção dos fatos dizemos o que dizemos, fazemos o que
considerados relevantes e que serão fazemos?
interpretados a partir de métodos diversos. Os 4 HISTÓRIA MODERNA E
povos tribais, por exemplo, não privilegiam os CONTEMPORÂNEA
acontecimentos da vida da comunidade, porque,
para eles, o passado os remete aos “primórdios”,
às origens dos tempos sagrados em que os
deuses realizaram seus feitos extraordinários.
Fazer história, nesse caso, é recontar os mitos,
os acontecimentos sagrados que são
“reatualizados” nos rituais, pela imitação dos
gestos dos deuses. A civilização micênica a.C.,
quando ainda predominava o pensamento mítico:
constatamos nesse período a ações humanas.
A partir do século VI a.C., a filosofia www.slideplayer.com.br
surgiu na colônia grega da Jônia (atual Turquia)
como uma maneira reflexiva de pensar o mundo, As imagens, assim como quadros,
que rejeita a prevalência religiosa do mito e retratam a bem a fundamentação e característica
admite a pluralidade de interpretações racionais história dentro de uma perspectiva transcendente
sobre a realidade. Para os gregos, o Universo era da época, seja antiga ou moderna. Somente a
dividido em mundo sublunar e supralunar: o partir da modernidade, com as mudanças que
primeiro é o mundo terreno, temporal, sujeito à começaram a ocorrer no século XVII, o estudo da
mudança, à corrupção e à morte, enquanto o história tomou nova configuração, consolidada no
supralunar é o mundo perfeito das esferas fixas, Iluminismo do século XVIII. A história cíclica foi
constituído pela “quinta essência” e, portanto, então substituída pela descrição linear dos fatos
imóvel e eterno. Apesar da novidade dessa no tempo, segundo as relações de causa e efeito,
investigação histórica, aberta à mudança, o que então os historiadores não mais se orientavam
permaneceu na antiguidade e na Idade Média foi pelo passado como modelo a seguir, mas
a visão platônica-aristotélica de um mundo desenvolveram a noção de processo, de
estático em que se busca o universal, o que não progresso, investigando o que entendiam por
garantia à história o status de ciência, sendo “Aperfeiçoamento da humanidade”.
vista, portanto, como uma forma menor de A pintura barroca na Itália
retórica destituída de rigor e na qual, segundo Características:
alguns historiadores, eram feitas concessões
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• Disposição de elementos dos quadros, que


sempre forma uma composição em
diagonal;
• Contraste de claro-escuro nas cenas, o
que intensifica a expressão dos
sentimentos;
• Realismo, retratando não só a vida na
burguesia, mas a vida do povo simples.
A história da educação é um dos meios
mais eficazes para cultivar um saudável
ceticismo que evita a “agitação” e promove a
“consciência” crítica. História que nasce nos
Fonte:www.aulasdeyoruba.blogspot.com.br
problemas do presente e que surge pontos de
vista ancorados num estudo rigoroso do Nessa concepção o pressuposto
passado. Uma das funções principais do subjacente é a de que a propriedade privada é
historiador da educação é compreender esta um direito natural, socialmente útil e moralmente
lógica de “múltiplas identidades”, por meio da legítimo, uma vez que estimula o trabalho
qual se definem memórias e tradições, pertenças concorrencial e competitivo, combatendo o vício
e filiações, crenças e solidariedades. da preguiça e estimulando o crescimento social.
As palavras do cineasta Manuel de Contudo, Marx parte de outro pressuposto. O
Oliveira na apresentação do seu último filme homem é essencialmente ser histórico e social,
merecem ser recordadas: “O presente não existe marcado pela produção de sua existência em
sem o passado, e estamos a fabricar o passado sociedade. Marx e Engels escrevem: "nós
todos os dias. Ele é um elemento de nossa conhecemos somente uma única ciência: a
memória, é graças a ele que sabemos quem ciência da história".
fomos e como somos”. Com base nessas duas Para Marx, o nosso jeito de ser e pensar
funções da história da educação devem exercer é determinado pelas relações sociais de
fecunda influência na política educacional, produção. Isso significa o termo materialismo.
sobretudo nas situações críticas em que são Nele, a consciência humana é determinada a
gestadas as reformas educativas, depois pensar as ideias oriundas das condições
transformadas em leis, a fim de que se possa materiais. Materialismo se opõe a idealismo. No
defender a implantação de uma educação caso, Marx se opõe ao idealismo de Hegel, que
pública democrática e de qualidade. considera que são as ideias que movem o
mundo. Para Marx. Hegel é pensador utópico,
5 O MATERIALISMO HISTÓRICO E
que interpreta o mundo de cabeça para baixo: é
DIALÉTICO
ideológico. Para Hegel, as instituições existentes
Com o pensamento de Marx (1818-1883) derivam de necessidades racionais, legitimando
estamos diante do processo de uma certa ordem como imutável. Assim, Hegel,
desmascaramento da política liberal. O na concepção de Marx, transforma em verdades
liberalismo, com a sua ênfase no homem como filosóficas dados que são puros fatos históricos e
indivíduo que busca a satisfação de suas empíricos. Exemplificando, seria o mesmo que
necessidades, subjugando a natureza, obtendo dizer que a constituição cria o povo, ou a religião
riquezas e bem-estar crescentes. cria o homem. É um pensamento essencialista,
a-histórico, que fica nas frases e não mergulha no
mundo real do qual as frases são um reflexo.
Marx une a teoria à prática. Busca
perceber as relações existentes entre ideias e
fatos. Percebe que a prática, os conflitos, a luta
entre os homens / classes é que gera as ideias e
não o contrário. Estamos diante de fatos
produzidos e não diante de leis a priori, eternas.
Fazer essa inversão é ideologia, criticada por
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

Marx. Para Marx, somos decorrência das práxis, trabalhador. O capitalismo, de acordo com Marx
da ação, dos conflitos históricos. O materialismo é selvagem, considerando que o operário produz
é histórico, pois a sociedade e política não são de para o seu patrão, produz riqueza e colhe
instituição divina nem naturalmente dadas. Ao pobreza. O capitalismo se apresenta
contrário, nascem e dependem da ação concreta necessariamente como um regime econômico de
dos seres humanos situados no tempo, fazendo exploração e degradação da vida, sendo a mais-
história. valia a lei fundamental do sistema.
O materialismo histórico pretende-se Considerando que o fruto do trabalho não
explicativo da história das sociedades humanas, pertence ao trabalhador, e este permanece preso
em todas as épocas, através dos fatos materiais, ao patrão, ocorre então o fenômeno da
essencialmente econômicos e técnicos. "No caso alienação, do trabalho alienado, na medida em
do estado moderno, as ideias de estado de que se manifesta como produção de um objeto
natureza, direito natural, contrato social e direito que é alheio ao sujeito criador. Dessa forma, o
civil fundam o poder político na vontade dos operário se nega (é negado) no objeto criado. É
proprietários dos meios de produção, que se o processo de objetificação, coisificação ou
apresentam como indivíduos livres e iguais que reificação. Por isso, o trabalho que é alienado
transferem seus direitos naturais ao poder permanece alienado até que o valor nele
político, instituindo a autoridade do estado e das incorporado pela força de trabalho seja
leis" (CHAUÍ, M. Convite à filosofia, 2003, p.386). apropriado integralmente pelo trabalhador.
A sociedade é comparada a um edifício no qual Havendo essa apropriação do valor incorporado
as fundações, a infraestrutura, seriam ao objeto graças à força de trabalho do sujeito-
representadas pelas forças econômicas, produtor, promove-se a negação da negação.
enquanto o edifício em si, a superestrutura, Ora, se a negação é alienação, a negação da
representaria as ideias, costumes, instituições negação é a desalienação, a libertação.
(políticas, religiosas, jurídicas, etc.). A base da
6 A EDUCAÇÃO E A
sociedade é a produção econômica. Sobre esta
TRANSFORMAÇÃO DA SOCIEDADE
base econômica se ergue uma superestrutura,
um estado e as ideias econômicas, sociais, Durante
políticas, morais, filosóficas e artísticas. muito tempo se pensou que a educação formal,
Para Marx, as relações sociais são ou escolarização, seria um instrumento
fundamental para o desenvolvimento social,
inteiramente interligadas às forças produtivas,
econômicas, sendo estas as determinantes. cultural e econômico de um país. As grandes
Adquirindo novas forças produtivas, os homens polêmicas do passado sobre escola pública ou
privada, ensino leigo ou religioso, educação
modificam o seu modo de produção, bem como
técnica ou humanística, partiam do suposto de
modificam a maneira de ganhar a vida,
que o que se estava decidindo era o próprio
modificando todas as relações sociais. Na
futuro do país.
medida em que mudam os modos de produção,
a consciência dos seres humanos também se
transforma. Por isso, ao contrário do que muitos
afirmam, não são as ideias humanas que movem
a história, mas as condições históricas que
produzem as ideias em cada época. O modo de
produção da vida material condiciona o processo
da vida social, política e espiritual. Mas uma vez,
dizemos, portanto: "não é a consciência do
homem que determina o seu ser, mas, pelo
contrário, o seu ser social é que determina a sua
consciência". Fonte: www.pt.slideshare.net
Assim, diz Meier (2009) em seu artigo
Esta visão otimista do papel da educação
“Karl Marx e a crítica à consciência moderna”,
coincidiu com os anos de grande expansão e
que Marx tentou demonstrar que no capitalismo
modernização da sociedade brasileira, pela
sempre haveria injustiça social, onde a riqueza é
formação de grandes centros urbanos, o
resultante de um processo de exploração sobre o
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

desenvolvimento da indústria e dos serviços e a O surgimento da visão pessimista da


expansão do setor público. Neste quadro de educação formal coincide com o esgotamento do
expansão e crescimento, ir à escola e obter as processo de expansão e modernização
qualificações formais equivalia a adquirir o direito acelerados da sociedade brasileira. Ao final da
de acesso às novas oportunidades. década de 80, o Brasil é um país
Esta visão otimista da educação formal é predominantemente urbano, a industrialização
pela substituição fácil de importações já chegou
hoje muito discutida, e existem muitos que acham
a seus limites, as burocracias governamentais
que, na realidade, as escolas trazem muito mais
incharam tanto quanto podiam, e os empregos de
malefícios do que benefícios à sociedade. Os
classe média já não se expandem de forma a
críticos da educação formal se utilizam,
principalmente, dos seguintes argumentos: absorver o número crescente de pessoas que
saem das escolas.
• O ensino formal discrimina contra as
7 O LUGAR EFETIVO DA
pessoas de origem social mais humilde, e
não permite, de fato, nenhuma mobilidade EDUCAÇÃO NAS SOCIEDADES
social. As pessoas mais pobres têm mais MODERNAS
dificuldade de ir à escola e aprender os Os adeptos mais fervorosos da visão
conteúdos dos cursos, que são vasados pessimista da educação chegam ao extremo de
em linguagem e cultura das classes mais propor o fim da escola formal, e sua substituição
favorecidas. Ao final dos estudos, os filhos por uma grande variedade de mecanismos
de classes sociais mais favorecidas informais, espontâneos e não hierárquicos de
continuam nas melhores posições, e os transmissão de conhecimentos e
das classes menos favorecidas, nas desenvolvimento da criatividade e competência.
piores.
• Muito pouco do que é ensinado nas
escolas realmente serve para alguma Apesar de nunca termos atingido o nível
coisa. A maioria dos conteúdos de investimentos em educação de outros
transmitidos, em todos os níveis, são países mais adiantados, e de nunca
conhecimentos fragmentados e estéreis, termos dado à educação a prioridade
sem ligação com a vida real das crianças e que ela recebe em outros tempos e
dos adultos. O processo educacional, ao lugares, o fato é que já acumulamos um
invés de ser formativo, se transforma na volume suficientemente de problemas,
maioria das vezes em um ritual burocrático equívocos e dificuldades que não
de memorização e repetição de recomenda a purmais dinheiro em nosso
informações inúteis, que penaliza as sistema educacional, sem, ao mesmo
pessoas mais criativas e não conformistas. tempo, examinarmos em profundidade
seus problemas, e tratarmos de procurar
• A imposição de conteúdos homogêneos a suas soluções.
todo o sistema de ensino, principalmente
(SIMON, 1987)
no ensino da língua, leva à destruição da
variedade linguística e cultural do país,
intensificando a hierarquia e a
Fonte:www.educacaonabocadopovo.blogspot.co
discriminação entre campo e cidade, ricos
m.br
e pobres, centro e periferia.
No entanto, da mesma forma que a
• Dada a pouca relevância e pertinência dos Escola formal não pode, sozinha, promover o
conteúdos transmitidos nas escolas, as
progresso social e eliminar as desigualdades,
exigências de diplomas para o trabalho
sua eliminação tampouco poderia produzir estes
profissional só servem para garantir os
efeitos, e o mais provável é que aumentasse,
privilégios dos diplomados contra os
ainda mais, os problemas com que hoje nos
demais, sob o manto da busca da
defrontamos.
competência e da qualificação.
A realidade é que o Brasil de hoje
precisa, mais do que nunca, de um sistema
educacional moderno, adequado, que possa
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

preparar nossa população para um mundo onde 9 OS DONOS DO SABER E O SABER


o manejo adequado da língua falada e escrita, do DOS DONOS
raciocínio formal e abstrato e da informação são
cada vez mais importantes.
Mas esta necessidade, para se
transformar em realidade, não pode ser atingida
com a ingenuidade dos que achavam, trinta ou
quarenta anos atrás, que educar era,
simplesmente, construir escolas.
8 ESTRUTURA E DINÂMICA DO ENSINO
NO BRASIL

Fonte: www.overmundo.com.br
Nenhum profissional pode considerar-se
Fonte: letrasmt.blogspot.com.br capacitado no momento em que recebe o
diploma de graduação, pois ele nada mais é do
• O ensino primário está praticamente que uma “chave” com a qual abrirá novas portas
estacionado em seu crescimento. Ele em busca de novos desafios, assim refletir
atende pouco mais de 80% da população, acerca do conhecimento e da utilização do
principalmente nos centros urbanos de mesmo torna-se essencial no processo de
centro-sul; a qualidade tende a ser baixa. formação do profissional das diferentes áreas.
• O ensino secundário tem crescido mais, Todo aquele que quer ensinar-aprender, deve
mas atende a uma parcela pequena da estar de posse da arte de manter-se firme em
população, não proporciona formação suas convicções sem ser dogmático, e respeitoso
profissional, dado o fracasso da lei 7044 de das convicções alheias sem ser subserviente. O
1970; as melhores escolas são os conhecimento traz à luz da realidade e a partir
particulares, e são as que selecionam para dele é que a mesma pode ser transformada. Do
o vestibular. ponto de vista da Filosofia o conhecimento que
se pode ter do mundo humano pode oferecer
• Existe ainda um pequeno ensino técnico bases mais sólidas nas interações sociais que
de qualidade, englobando os sistemas produzem, mantêm ou transformam a sociedade.
SESI-SENAI e algumas escolas técnicas e
O estudante só apreende na medida em
agrícolas.
que aquilo que é ensinado é significativo para
• Todo o ensino brasileiro está marcado por esse estudante, é compreendido como capaz de
grandes discriminações sociais. A pré- satisfazer suas necessidades. Dessa forma,
escola, e principalmente o ensino superior, passa-se a entender que todos os programas de
são quase privativos dos grupos de renda ensino devem ter as necessidades dos alunos,
mais alta; os que ganham até um salário no contexto do mundo em que vivem como ponto
mínimo dificilmente terminam o primeiro de partida para que sejam alcançados os
grau; os de 2 a 5, dificilmente chegam ao objetivos educacionais mais amplos.
segundo. Por um lado, na concepção da educação,
• O ensino superior é altamente o estudante passa a ser visto como o centro e o
estratificado, com divisões entre: sujeito do processo educativo; por outro lado, os
métodos ativos de aprendizagem passam a ser
• Pós-graduação e graduação cada vez mais considerados como os mais
• Centro sul e Nordeste adequados para a eficiência do processo
educativo. A filosofia, em contrapartida às demais
• Profissões tradicionais e novas profissões áreas científicas, preocupadas com o
setor público e setor privado. entendimento adequado de algo a elas externo,
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

debruça-se sobre si mesma, a fim de expor o


procedimento do pensar enquanto tal.
Ela legitima sua importância para a
educação pela prática de um procedimento
autocrítico.
A educação está fundada em vertentes
pedagógicas que divergem quanto a sua
concepção de ser humano, que refletem
claramente na prática educativa, já que
convergem para um ideal de educação em
função de metas e fins. Por isso, é que nos
deparamos com o momento atual da educação
em que sentimos a necessidade de unir as
Fonte: www.pt.slideshare.net
formas de pensamento que já vigoraram,
buscando horizontes e novas perspectivas. O que é socialização afinal? A
socialização pressupõe a interação social, a
A ênfase da pós-modernidade deve estar
capacidade de integrar-se a um grupo,
na sensibilidade, na flexibilidade e na cultura da
assimilando padrões sociais. O que interfere na
imagem. A educação deve cumprir os
maneira como o sujeito percebe o mundo, o outro
compromissos que lhe são dados pelo seu
e a si mesmo. O processo de interação, a
tempo, fazendo o conhecimento ser vivenciado.
socialização, inicia-se no nascimento do sujeito e
A escola e os próprios alunos também exigem
só se encerra com a morte, fazendo uso da
que ele atenda a outras necessidades que não a
linguagem para interagir e integrar os indivíduos.
de educar. Há um certo esquecimento da
O ato de educar acontece no processo
formação do sujeito e o que é ensinado na escola
histórico/filosófico de cada grupo social no qual
afastou-se da vida dos alunos. Sem esta
são repassadas as tradições, mas também, os
proximidade extremamente necessária, os
valores e normas no sentido de contribuir com a
alunos estão se afastando das escolas, o que
personalidade do jovem estudante.
implica numa série de problemas de ordem
Notadamente, educar vai além de transmissão de
social, como a marginalização e a proliferação da
conhecimentos. É a forma de fornecer a alguém
violência. Por tudo isso, é que se faz necessária
os cuidados necessários ao pleno
a reformulação da prática educativa. Faz-se
desenvolvimento físico, intelectual e moral. É
necessário retomar velhos preceitos, aprender
promover o processo de formação do outro como
com antigas teorias, remodelar as novas e assim
ser humano integral.
enfrentar os desafios da pós-modernidade, onde
não podemos nos prender a nada, mas sim Destacamos que a educação
utilizar de nossa liberdade para formarmos nossa escolarizada não é o único espaço na sociedade
própria ação. que promove processos educativos e que orienta
a vivência dos estudantes. Ao contrário, o
estudante quando chega à universidade traz
10 SOCIALIZAÇÃO E EDUCAÇÃO. experiências e concepções construídas na
família e na comunidade e em outros espaços.
Tais experiências e concepções construídas,
muitas vezes, entram em choque com os valores
e normas estabelecidas pela educação
escolarizada. O debate sobre papel de ser
educador e como este necessita pensar sobre a
realidade em que estamos inseridos é fundante
para que nossos estudantes compreendam que
vamos precisar de pessoas éticas e responsáveis
para construir outra nação. Daí a necessidade de
professores/as e estudantes discutirem no
mundo contemporâneo as suas práticas e
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

lutarem decididamente por relações em que O que vemos no país é uma espécie de
todos e todas se sintam sujeitos históricos. espraiamento e a manifestação da agressividade
através da violência. Isso se desdobra de
maneira evidente na criminalidade, que está
ATIVIDADES DE FIXAÇÃO presente em todos os redutos — seja nas áreas
abandonadas pelo poder público, seja na política
ou no futebol. O brasileiro não é mais violento do
Questão 01 que outros povos, mas a fragilidade do exercício
e do reconhecimento da cidadania e a ausência
Esclarecimento é a saída do homem de
do Estado em vários territórios do país se
sua menoridade, da qual ele próprio é culpado. A
impõem como um caldo de cultura no qual a
menoridade é a incapacidade de fazer uso de seu
agressividade e a violência fincam suas raízes.
entendimento sem a direção de outro indivíduo.
Entrevista com Joel Birman. A Corrupção é um
O homem é o próprio culpado dessa menoridade
crime sem rosto. IstoÉ. Edição 2099, 3 fev. 2010.
se a causa dela não se encontra na falta de
entendimento, mas na falta de decisão e Texto II
coragem de servir-se de si mesmo sem a direção Nenhuma sociedade pode sobreviver
de outrem. Tem coragem de fazer uso de teu sem canalizar as pulsões e emoções do
próprio entendimento, que é o lema do indivíduo, sem um controle muito específico de
esclarecimento. A preguiça e a covardia são as seu comportamento. Nenhum controle desse tipo
causas pelas quais uma tão grande parte dos é possível sem que as pessoas anteponham
homens, depois que a natureza de há muito os limitações umas às outras, e todas as limitações
libertou de uma condição estranha, continuem, são convertidas, na pessoa a quem são
no entanto, de bom grado menores durante toda impostas, em medo de um ou outro tipo. ELIAS,
a vida. KANT, I. N. O Processo Civilizador. Rio de Janeiro: Jorge
Resposta à pergunta: o que é Zahar, 1993. Considerando-se a dinâmica do
esclarecimento? Petrópolis: Vozes, 1985 processo civilizador, tal como descrito no Texto
(adaptado). Kant destaca no texto o conceito de II, o argumento do Texto I acerca da violência e
Esclarecimento, fundamental para a agressividade na sociedade brasileira expressa
compreensão do contexto filosófico da a:
Modernidade. Esclarecimento, no sentido
empregado por Kant, representa:
a) Incompatibilidade entre os modos
democráticos de convívio social e a
a) A reivindicação de autonomia da presença de aparatos de controle policial.
capacidade racional como expressão da
b) Manutenção de práticas repressivas
maioridade.
herdadas dos períodos ditatoriais sob a
b) O exercício da racionalidade como forma de leis e atos administrativos.
pressuposto menor diante das verdades
c) Inabilidade das forças militares em conter
eternas.
a violência decorrente das ondas
c) A imposição de verdades matemáticas, migratórias nas grandes cidades
com caráter objetivo, de forma brasileiras.
heterônoma.
d) Dificuldade histórica da sociedade
d) A compreensão de verdades religiosas brasileira em institucionalizar formas de
que libertam o homem da falta de controle social compatíveis com valores
entendimento. democráticos.

e) A emancipação da subjetividade humana e) Incapacidade das instituições político


de ideologias produzidas pela própria legislativas em formular mecanismos de
razão. controle social específicos à realidade
Questão 2 social brasileira.
Texto I
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

Questão 3 c) À possibilidade de o cidadão participar no


Nós nos recusamos a acreditar que o poder e, nesse caso, livre da submissão às
banco da justiça é falível. Nós nos recusamos a leis.
acreditar que há capitais insuficientes de d) Ao livre-arbítrio do cidadão em relação
oportunidade nesta nação. Assim nós viemos àquilo que é proibido, desde que ciente
trocar este cheque, um cheque que nos dará das consequências.
o direito de reclamar as riquezas de liberdade e a
segurança da justiça. KING Jr., M. L. Eu tenho e) Ao direito de o cidadão exercer sua
um sonho, 28 ago. 1963 (adaptado). O cenário vontade de acordo com seus valores
vivenciado pela população negra, no sul dos pessoais.
Estados Unidos nos anos 1950, conduziu à
mobilização social. Nessa época, surgiram
reivindicações que tinham como expoente Martin Questão 5
Luther King e objetivavam: Para Platão, o que havia de verdadeiro
em Parmênides era que o objeto de
conhecimento é um objeto de razão e não de
a) A conquista de direitos civis para a sensação, e era preciso estabelecer uma relação
população negra. entre objeto sensível ou material que
privilegiasse o primeiro em detrimento do
b) O apoio aos atos violentos patrocinados
segundo. Lenta, mas irresistivelmente, a Doutrina
pelos negros em espaço urbano.
das ideias formava-se em sua mente. ZINGANO,
c) A supremacia das instituições religiosas M. Platão e Aristóteles: o fascínio da filosofia. São
em meio à comunidade negra sulista. Paulo: Odysseus, 2012. O texto faz referência à
relação entre razão e sensação, um aspecto
d) A incorporação dos negros no mercado de essencial da Doutrina das Ideias de Platão (427
trabalho.
a.C. 346 a.C.). De acordo com o texto, como
e) A aceitação da cultura negra como Platão se situa diante dessa relação?
representante do modo de vida americano.

a) Estabelecendo um abismo intransponível


Questão 4 entre as duas.
É verdade que nas democracias o povo b) Privilegiando os sentidos e subordinando o
parece fazer o que quer; mas a liberdade política conhecimento a eles.
não consiste nisso. Deve-se ter sempre presente
em mente o que é independência e o que é c) Atendo-se à posição de Parmênides de
liberdade. A liberdade é o direito de fazer tudo o que razão e sensação são inseparáveis.
que as leis permitem; se um cidadão pudesse d) Afirmando que a razão é capaz de gerar
fazer tudo o que elas proíbem, não teria mais conhecimento, mas a sensação não.
liberdade, porque os outros também teriam tal
poder. MONTESQUIEU. Do Espírito das Leis. e) Rejeitando a posição de Parmênides de
São Paulo: Editora Nova Cultural, 1997 que a sensação é superior à razão.
(adaptado). A característica de democracia
ressaltada por Montesquieu diz respeito:
Questão 6
Texto I
a) Ao status de cidadania que o indivíduo
Anaxímenes de Mileto disse que o ar é o
adquire ao tomar as decisões por si
elemento originário de tudo o que existe, existiu
mesmo.
e existirá, e que outras coisas provêm de sua
b) Ao condicionamento da liberdade dos descendência. Quando o ar se dilata, transforma-
cidadãos à conformidade às leis. se em fogo, ao passo que os ventos são ar
condensado. As nuvens formam-se a partir do ar
por filtragem e, ainda mais condensadas,
transformam-se em água. A água, quando mais
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

condensada, transforma-se em terra, e quando Fonte:www.oespiritualismoocidental.blogspot.com.br


condensada ao máximo possível, transforma-se Na história das ideias, o nome do suíço
em pedras. BURNET, J. A aurora da filosofia Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) se liga
grega. Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2006 inevitavelmente à Revolução Francesa. Dos três
(adaptado). lemas dos revolucionários - liberdade, igualdade
e fraternidade -, apenas o último não foi objeto de
exame profundo na obra do filósofo, e os mais
Texto II
apaixonados líderes da revolta contra o regime
Basílio Magno, filósofo medieval, monárquico francês, o admiravam com devoção.
escreveu: “Deus, como criador de todas as
O princípio fundamental de toda a obra
coisas, está no princípio do mundo e dos tempos.
de Rousseau, pelo qual ela é definida até os dias
Quão parcas de conteúdo se nos apresentam,
atuais, é que o homem é bom por natureza, mas
em face desta concepção, as especulações
está submetido à influência corruptora da
contraditórias dos filósofos, para os quais o
sociedade. Um dos sintomas das falhas da
mundo se origina, ou de algum dos quatro
civilização em atingir o bem comum, segundo o
elementos, como ensinam os Jônios, ou dos
pensador, é a desigualdade, que pode ser de dois
átomos, como julga Demócrito. Na verdade, dão
tipos: a que se deve às características individuais
impressão de quererem ancorar o mundo numa
de cada ser humano e aquela causada por
teia de aranha. ” GILSON, E.: BOEHNER, P.
circunstâncias sociais.
História da Filosofia Cristã. São Paulo: Vozes,
1991 (adaptado). Filósofos dos diversos tempos Entre essas causas, Rousseau inclui
históricos desenvolveram teses para explicar a desde o surgimento do ciúme nas relações
origem do universo, a partir de uma explicação amorosas até a institucionalização da
racional. propriedade privada como pilar do funcionamento
econômico. O primeiro tipo de desigualdade,
As teses de Anaxímenes, filósofo grego
para o filósofo, é natural; o segundo deve ser
antigo, e de Basílio, filósofo medieval, têm em
combatido. A desigualdade nociva teria
comum na sua fundamentação teorias que:
suprimido gradativamente a liberdade dos
indivíduos e em seu lugar restaram artifícios
como o culto das aparências e as regras de
a) Eram baseadas nas ciências da natureza.
polidez. Ao renunciar à liberdade, o homem, nas
b) Refutavam as teorias de filósofos da palavras de Rousseau, abre mão da própria
religião. qualidade que o define como humano.
c) Tinham origem nos mitos das civilizações Ele não está apenas impedido de agir,
antigas. mas privado do instrumento essencial para a
realização do espírito. Para recobrar a liberdade
d) Postulavam um princípio originário para o perdida nos descaminhos tomados pela
mundo. sociedade, o filósofo preconiza um mergulho
e) Defendiam que deus é o princípio de todas interior por parte do indivíduo rumo ao
as coisas. autoconhecimento. Mas isso não se dá por meio
da razão, e sim da emoção, e traduz-se numa
entrega sensorial à natureza.
11 PRINCIPAIS REPRESENTANTES: Até aqui o pensamento de Rousseau
JEAN JACQUES ROUSSEAU pode ser tomado como uma doutrina
individualista ou uma denúncia da falência da
civilização, mas não é bem isso. O mito criado
pelo filósofo em torno da figura do bom selvagem
- o ser humano em seu estado natural, não
contaminado por constrangimentos sociais - deve
ser entendido como uma idealização teórica.
Além disso, a obra de Rousseau não pretende
negar os ganhos da civilização, mas sugerir
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

caminhos para reconduzir a espécie humana à Psicologia Moderna” e “Pai da moderna ciência
felicidade. da educação”.
Não basta a via individual. Como a vida
em sociedade é inevitável, a melhor maneira de Friedrich Froebel:
garantir o máximo possível de liberdade para
cada um é a democracia, concebida como um Natural de Oberweibach na Alemanha,
regime em que todos se submetem à lei, porque filho de um pastor protestante, ficou órfão de mãe
ela foi elaborada de acordo com a vontade geral. em tenra idade e foi criado com certa aspereza
Não foi por acaso que Rousseau escolheu pela sua madrasta, dos 10 aos 14 anos foi morar
publicar simultaneamente, em 1762, suas duas com seu tio materno, também pastor, anos que
obras principais, Do Contrato Social - em que considerou feliz. Resultado de seu temperamento
expõe sua concepção de ordem política - e Emílio introspectivo passou a observar e interpretar as
- minucioso tratado sobre educação, no qual atividades das crianças, despertando nele um
prescreve o passo-a-passo da formação de um grande interesse pelas experiências de natureza
jovem fictício, do nascimento aos 25 anos. infantil. Após várias tentativas em encontrar uma
profissão de acordo com sua vocação, acabou
12 PENSADORES INFLUENCIADOS por descobrir na atividade educativa uma sua
PELO PENSAMENTO DE ROUSSEAU aptidão que correspondia aos seus anseios. Sua
vida acadêmica iniciou-se com a escola primária,
depois entrou para a Universidade de Iena, onde
revelou grande aptidão para a matemática,
ciências naturais, agricultura e arquitetura.
Tornou-se em seguida, professor da escola de
Grüner, discípulo de Pestalozzi a quem visitou
em Yverdun.

Fonte:www.pensador.com Para Froebel, a unidade social era


sempre um princípio de unidade universal,
inclusive cósmica. Esse propósito de
Johann Friedrich Herbart: naturalização de um sentimento de amor pelo
universo criado por Deus e transferido para a
Nasceu em Oldenburgo, Alemanha, em
sociedade deveria ser compreendido e defendido
maio de 1776, vindo a falecer em agosto de 1841.
pela educação. A identificação da educação com
Filho de um brilhante advogado e mãe inteligente
o desenvolvimento, a subordinação da ação
com forte gosto literário a qual sempre o
educativa atividade interessada da criança, a
acompanhou em seus estudos. Seu pai enviou-o
utilização do jogo e do trabalho manual como
Iena com o objetivo de prepará-lo para a
instrumentos da aprendizagem, são caracteres
profissão de advogado, no entanto Herbart não
do sistema froebeliano que o tornam precursor
apresentava nenhuma inclinação para o Direito.
das teorias educacionais contemporâneas.
Tornou-se filósofo, psicólogo e teórico da
Todavia, a pedagogia científica rejeita o método
educação a partir de sua experiência como
das formas geométricas de Froebel, por abstrato
preceptor particular dos três filhos do governador
e artificial.
de Interlaken, na Suíça e também sob a influência
de “Schiller, que nesta época, estava escrevendo 13 A EDUCAÇÂO COMO CENTRO
suas Cartas sobre a Educação Estética do FILOSÓFICO
Homem”. (EBY, 1978, p.409)
A Educação na Idade Média é marcada
Foi educando seus três alunos que predominantemente pela filosofia religiosa e
Herbart confrontou-se com situações práticas de heranças culturais Greco-romanas, Germânicas,
ensino, daí surgindo toda a sua contribuição para Bizantinas e Islâmicas adaptadas ao
a pedagogia como ciência, dando rigor e Cristianismo. Restringia-se à preservação dos
cientificidade ao seu método; sendo o primeiro princípios religiosos em que a razão se
também a elaborar uma pedagogia que pretendia encontrava a serviço da fé. Sua finalidade era a
ser uma ciência da educação, foi o precursor de salvação da alma e a vida eterna.
uma psicologia experimental aplicada pedagogia.
Por isso acabou sendo considerado o “Pai da
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

período de existência, o grande governante que


teve em sua região foi Justiniano, um legislador
que mandou compilar as leis romanas desde a
República até o Império; combateu as heresias,
procurando dar unidade ao cristianismo, o que
facilitaria na monarquia.
Internamente enfrentou a Revolta de
Nika (fruto da insatisfação popular contra a
opressão geral dos governantes e aos elevados
tributos), já no aspecto externo realizou diversas
conquistas, pois tinha o objetivo de reconstruir o
antigo Império Romano. Contudo, esse império
Fonte: www.slideplayer.com.br conseguiu atravessar toda a Idade Média como
A Educação na Idade Média é marcada um dos Estados mais fortes e poderosos do
predominantemente pela filosofia religiosa e mundo mediterrâneo. É importante ressaltar que
heranças culturais Greco-romanas, Germânicas, o Império Bizantino ficou conhecido por muito
Bizantinas e Islâmicas adaptadas ao tempo por Império Romano do Oriente. No
Cristianismo. Restringia-se à preservação dos entanto, este não foi capaz de resistir à migração
princípios religiosos em que a razão se ocorrida por germanos e por hunos, o que acabou
encontrava a serviço da fé. Sua finalidade era a por fragmentar em reinos independentes.
salvação da alma e a vida eterna. Como população teve a concentração
A Idade Média compreendeu um período dos Sírios, Judeus, Gregos e Egípcios.
de mil anos, desde a queda do Império Romano Destacando-se três governadores
(476) até a tomada de Constantinopla (atual durante todo império: Constantino (fundador de
Istambul) pelos turcos (1453). Esse período Constantinopla); Teodósio (dividiu efetivamente o
sofreu diversas transformações econômicas, império); e, Justiniano. Este durante o seu
sociais e culturais; porém a educação governo atingiu o apogeu da civilização bizantina.
permaneceu praticamente estática, sem grandes Pois, teve uma política externa; retomou vários
alterações e progressos. Com a decadência do territórios; modificou aspectos do antigo Direito
antigo Império Romano do Ocidente provocada Romano (o Corpus juris Civilis – Corpo do Direito
pela fragmentação em inúmeros reinos bárbaros Civil); e ainda, realizou a construção da Igreja de
de diversas origens no início do século V, o Santa Sofia, altamente importante por seu legado
Império Bizantino ou Romano do Oriente em cultural arquitetônico.
contrapartida, manteve-se econômico e
culturalmente adiantado. Com a utilização de uma política déspota
e teocêntrica, utilizou uma economia com
14 A EDUCAÇÃO BIZANTINA intervenção estatal, com comércio e
desenvolvimento agrícola. Além do mais, durante
o período denominado por Império Bizantino, a
economia era bastante movimentada,
principalmente no comércio marítimo e sob o
controle o estado. Sendo que, o seu controle deu-
se por Constantinopla até o século XI.

15 MURALHAS DE CONSTANTINOPLA

Fonte: pt.slideshare.net
O Império Bizantino foi herdeiro do
Império Romano do Oriente tendo sua capital em
Constantinopla ou Nova Roma. Durante o seu
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

Fonte: www.papodehomem.com.br o santuário da Caaba, com a Pedra Negra e as


diversas imagens cultuadas pelas tribos de
A sociedade urbana demonstrou enorme
então. Foi nesse cenário que nasceu Maomé, na
interesse pelos assuntos religiosos, facilitando o
tribo dos coraixitas, guardiã da Caaba. Ele era de
surgimento de heresias, como por exemplo, a
uma família pobre e ficou órfão aos seis anos de
dos monofisistas e dos iconoclastas, e de
idade; aos quinze, passou a trabalhar como guia
disputas políticas. No âmbito religioso, as
de caravanas, que percorriam os desertos do
heresias deram-se através do arianismo que
Oriente Médio. Nessas viagens, fez contato com
negaram a Santíssima Trindade; além do caso do
povos e religiões diferentes, que muito iriam
arianismo, teve ainda, a questão monofisista,
influenciar o seu futuro. Conheceu o judaísmo e
esta nega a natureza humana de Cristo,
o cristianismo, assimilou os ensinamentos
afirmando que Cristo tinha apenas natureza
dessas religiões e integrou-as num sincretismo,
divina (o monofisismo foi difundido nas províncias
isto é, somou elementos das duas religiões e
do Império Bizantino e acabou identificada com
alguns costumes e tradições árabes, surgindo
aspirações de 48 independência por parte da
assim, o Islamismo.
população do Egito e da Síria); por fim, no tocante
à iconoclastia, ocorre a grande destruição de Isso só foi possível graças ao seu
imagens e a proibição das mesmas nos templos. casamento com Cadidja, uma viúva rica, que
Durante o período que ficou conhecido por Cisma possibilitou a Maomé a tranquilidade econômica
do Oriente, ocorre a divisão da Igreja do Oriente, para que ele pudesse dedicar-se à meditação.
a igreja divide-se em Católica Romana e Maomé, então, iniciou a propagação do
Ortodoxa Grega. Islamismo (abandono à vontade de Alá). Se
sentido seguro começou a pregação pública aos
coraixitas, de quem viria a maior oposição, visto
16 A EDUCAÇÃO ISLÂMICA que estavam ligados ao politeísmo que dominava
a Arábia. A perseguição e uma tentativa de
assassinato fizeram com que Maomé fugisse de
Meca para Medina em 622. É a Hégira, ou a fuga,
que marca o início do calendário muçulmano.
Em Medina, Maomé conseguiu adeptos e
começou a atacar caravanas, cujos hábitos ele
conhecia muito bem. Seus êxitos militares eram
transformados em prova da existência de Alá.
Seu prestígio cresceu na mesma proporção que
aumentaram os problemas de Meca. Em 630,
com o apoio dos árabes do deserto, Maomé
destruiu os ídolos da Caaba, menos a Pedra
Fonte: www.academiaislamica.org.br
Negra. Estava implantado o monoteísmo e com
ele surgia o Islão, o mundo dos submissos de
coração a Alá e obedientes ao seu representante,
Por volta do século VII, a Arábia era
o Profeta Maomé. Dessa forma, a Arábia foi
ocupada por tribos de origem semita, hostis entre
unificada como um Estado teocrático.
si, politeístas, místicas e supersticiosas. Eram
cerca de trezentas tribos, distribuídas no litoral da 17 ESCOLAS MONACAIS
península Arábica (tribos urbanas) e no deserto
(beduínos). As tribos urbanas tinham boas
condições de sobrevivência, vivendo da
agricultura e do comércio; já a vida no deserto era
muito difícil e os beduínos não conseguiam
sobreviver só como pastores e, por isso,
praticavam o butim (saques a caravanas).
A cidade de Meca era o centro comercial
e religioso mais importante da Arábia pré-
islâmica; ali eram realizadas as feiras, e ali ficava
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

Fonte: www.pt.slideshare.net
Fonte: www.pt.slideshare.net
Com a queda do Império, escolas leigas
e pagãs continuaram funcionando precariamente Logo após a coroação de Carlos Magno
em algumas cidades e com a decadência da como imperador dos Francos, o mesmo
sociedade merovíngia as escolas entraram introduziu uma moeda, uma escrita e um sistema
também em desagregação, então surgiram as de pesos e medidas comuns no império. Carlos
escolas cristas, ao lado dos mosteiros e Magno, consagrado como eficiente comandante
catedrais, e com isso os funcionários leigos do que, junto aos seus dozes pares, cristianizou e
Estado passaram a ser substituídos por modernizou a Europa, também impulsionou as
religiosos, que eram os únicos que sabiam artes e as ciências. Em torno de si ele reuniu os
escrever e ler. mais importantes pensadores da época e os
incumbiu de compilar todo o saber conhecido até
O monarquismo é um movimento o período, o que estabeleceu um florescimento
religioso que começou lentamente com a vida cultural, conhecido como renascimento
solitária dos monges e com o tempo exerceu carolíngio.
influência na cultura da Alta Idade Média. Criar
escolas não era a finalidade principal dos Carlos Magno criou escolas nos
mosteiros, porém as atividades pedagógicas mosteiros, nas catedrais e nos palácios,
tornaram-se inevitável à medida que era preciso conhecidas como Escolas Palacianas. A principal
instruir os novos irmãos, então começaram a escola palaciana foi criada em Aachen, capital do
surgir novas escolas monacais em que se Império Franco. Esse "Renascimento carolíngio"
aprendiam o latim e as humanidades, os é de fenomenal importância, pois foi através dele
melhores alunos coroavam a aprendizagem com que os francos se tornaram um elo entre a
o estudo da filosofia e a teologia. Antiguidade e a Europa da Idade Média. Com
isso o medievo ficou definitivamente influenciado
Os Mosteiros foram assumindo o pelas ideias dos mestres da Antiguidade. As
monopólio da ciência, tornando-se principal primeiras universidades Europeia, como foram os
reduto da cultura medieval, guardavam nas casos de Bolonha e Oxford, surgiram dessa
bibliotecas grandes tesouros da cultura greco- tradição criada por Carlos Magno, principalmente
latina e traduziam obras para o latim adaptando dos conhecimentos produzidos nos mosteiros.
algumas e reinterpretavam outras à luz do
cristianismo.
18 RENASCIMENTO CAROLÍNGIO
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

19 PERFIL DE CARLOS MAGNO de criar um povo mais astuto fazia parte dos
objetivos prioritários do seu reinado.

20 RENASCIMENTO DAS CIDADES: AS


ESCOLAS SECULARES
As escolas seculares, prefiguravam uma
revolução, no sentido de contestar o ensino
religioso, muito formal ao qual contrapunham
uma proposta ativa, voltada para os interesses da
classe burguesa em ascensão.

Fonte: www.pt.slideshare.net
Carlos Magno foi um grande líder militar
da Idade Média. Expandiu os seus domínios,
sobretudo em duas frentes: a leste conquista a
Saxónia e a Caríntia e impõe derrotas aos povos
pagãos - ávaros e eslavos; a sul, adquire
domínios na região itálica, apropriando-se
mesmo da Lombardia em 774. Todas estas
Fonte: www.pt.slideshare.net
campanhas granjearam-lhe, mais tarde, os
estatutos de Imperador, Patrício dos Romanos e Inicialmente as escolas não tinham
Protector da Santa Sé, visto que foi responsável acomodações adequadas e os mestres recebiam
pela difusão do Cristianismo. Recuperou a glória os alunos em diferentes locais. No século XIII a
imperial que já havia sido testemunhada no burguesia dividiu-se entre o rico praticamente
Império Romano. Para além disso, enriqueceu, urbano, dedicado as atividades bancarias, e os
em parte, a economia estatal porque, ao alargar seguimentos de pequenos comerciantes e
o seu território, conseguiu impor novos impostos artesões. Os primeiros começaram a se
sobre as populações agora submetidas ao seu aproximar a classe nobre então dirigente
poder. desprezando o trabalho manual dos artesões,
com consequência disso eles preferiram uma
Com amargura, não conseguiu
educação voltada para a cultura desinteressada
concretizar o sonho de tomar a Península Ibérica,
deixando para a burguesia plebeia as escolas
na altura dominada maioritariamente pelos
profissionais em que leitura e escrita se achavam
muçulmanos, isto sem falar dos imprevisíveis
reduzida mínimo.
montanheses bascos (vascões) que, com as
suas emboscadas, causaram sérias baixas nas Por volta do século XI, o comércio
suas tropas (em Roncesvales - 778, a retaguarda ressurge, as moedas voltas a circular, as cidades
do exército carolíngio foi mesmo varrida, tendo crescem e aos poucos as vilas se libertam e
mesmo tombado em combate o conde Rolando, transforma-se em comunas ou cidades livres. As
importante vassalo de Carlos Magno). Mesmo modificações no sistema de educação fazem
assim, as forças cristãs conseguiriam, mais surgir às escolas seculares. Secular significa do
tarde, chegar até Barcelona que cairá entre 800 século, do mundo, qualquer atividade não-
e 801 d. C. (feito que se deve a Luís, o Pio - filho religiosa. O desenvolvimento do comércio faz
de Carlos Magno que o tinha enviado), gerando reaparecer a necessidade de se aprender a ler,
assim a Marca Hispânica. escrever e calcular. Os burgueses de início
frequentaram as escolas monacais e catedrais,
Mas Carlos Magno não foi apenas mais
mas logo procuraram uma educação que atendia
um grande soberano medieval que somou
aos objetivos da vida prática. Por volta do século
variados e elogiosos triunfos no campo belicista,
XII surgem pequenas escolas nas cidades mais
até porque a sua genialidade propagou um
importantes, com professores leigos nomeados
notável eco na vertente cultural. A necessidade
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

pela autoridade municipal. O latim foi substituído a História, o que tornaria o ensino de
pela língua nacional. As escolas seculares Filosofia, no nível médio, algo supérfluo.
prefiguram uma revolução, contestando o ensino
religioso contrapondo umas propostas ativas,
e) O estudo descritivo e crítico dos processos
gerais do conhecimento não deve ser uma
voltadas para os interesses da classe burguesa
preocupação na formação dos alunos
em ascensão. No início as escolas não dispõem
secundaristas.
de acomodações adequadas. Procuraram
restabelecer a educação voltada para a cultura Questão 02
“desinteressada”, deixando para a burguesia O ensino de Filosofia deve propiciar aos
plebeia as escolas profissionais em que a leitura alunos a possibilidade da reflexão. Sobre o
e escrita se acham reduzidas ao mínimo. conceito de reflexão, é CORRETO afirmar que se
Outro elemento na educação secular da trata da (do):
Idade Média foi constituído pelo desenvolvimento
da cavalaria. A educação do cavaleiro realizava-
se no seio da família. Dos sete aos quinze anos, a) Operação discursiva do pensamento que
eram mandados para outro castelo a ser pajem. consiste em encadear logicamente juízos
e deles tirar uma conclusão.
Aos vinte e um anos, após rigorosas provas de
valentia, o escudeiro é sagrado cavaleiro. A b) Operação lógica em que, de dados
educação deles não destacava as atividades singulares suficientemente enumerados,
intelectuais, muitos não sabiam ler e escrever, inferimos uma verdade universal.
mas valorizava as habilidades da caça e da
guerra e cuidavam mais com a formação c) Ato do conhecimento que se volta sobre si
espiritual. mesmo, tomando como objetivo seu
próprio ato.
d) Ato de influenciar as pessoas por meio da
ATIVIDADES DE FIXAÇÃO comunicação de massa.
e) Relação estabelecida entre as pessoas,
entre os sujeitos.

Questão 01
Questão 03
A importância do ensino de Filosofia, no
Ensino Médio, está, dentre outros vários fatores, Moral e Ética, muitas vezes, na
na possibilidade de propiciar ao aluno a condição linguagem cotidiana, são tidas como sinônimos;
de aprender a pensar. Dito isto, é CORRETO porém, para a Filosofia, compõem áreas distintas
afirmar que: do pensamento filosófico. Partindo desta
constatação, estaria CORRETA a afirmação que
se completa na alternativa:
a) O ensino de Filosofia, no atual contexto
pós-moderno, se apresenta como
superado e descartável. a) A Ética se aplica à disciplina filosófica que
trata de estabelecer os fundamentos e a
b) A Filosofia, como uma disciplina validade das normas morais e dos juízos
acadêmica, firma-se como um objeto de de valor ou de apreciação sobre as ações
indagação e investigação para os humanas, qualificando-as de boas ou más.
estudantes secundaristas.
b) A Ética não chamou a atenção de filósofos
c) A Filosofia, como uma forma encontrada gregos como Aristóteles.
pelo homem para compreender a realidade
que o cerca, não se enquadra na proposta c) A questão da moral não se enquadra nos
pedagógica do Ensino Médio. estudos sobre Ética.

d) Os estudos referentes à Filosofia podem d) No século XVII, Spinosa negou a


ser abarcados por outras disciplinas, como importância dos estudos sobre Ética.
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

e) Os estudos sobre Ética só tomaram fôlego parte da metafísica, que se ocupa da essência da
no século XX com a obra de filósofos, matéria. Acerca deste conhecimento, podemos
como Michel Foucault e Jean Paul Sartre. associá-lo:

Questão 04 a) À chamada Epistemologia pós-moderna.


Quando os filósofos se referem à Teoria b) À atuação filosófica dos pré-socráticos.
do Conhecimento, eles estão se remetendo a
c) Ao mito da caverna de Platão.
uma área da Filosofia que tem por meta:
d) Aos estudos de Foucault sobre a
sexualidade ocidental.
a) Se opor à chamada Epistemologia.
e) Ao estudo desenvolvido por Spinoza sobre
b) A crítica da Gnoseologia, negando sua a metafísica.
importância nos estudos sobre o
conhecimento humano.
Questão 07
c) A reestruturação do conceito de
A Lógica investiga a validade dos
racionalidade, substituindo-o pelo de argumentos e dá as regras do pensamento
subjetividade. correto.
Acerca desta área da Filosofia, é
d) Ao estudo exclusivo das atitudes
CORRETO afirmar que:
subjetivas, negando a importância das
a) Se trata do estudo normativo das
atitudes lógico-racionais. condições da verdade, ou seja, da
e) O estudo descritivo e crítico dos consequência e da verdade da
processos gerais do conhecimento. argumentação.
b) Só teve reflexo na obra dos pensadores
pré-socráticos.
Questão 05
Considerando-se o conhecimento
c) Se limita ao estudo da chamada lógica
formal.
metafísico, no que concerne ao conhecimento
humano, é CORRETO afirmar que este: d) Encontra em Karl Marx um dos seus mais
notórios teóricos.

a) Ocorre, porque a razão humana é capaz e) É o principal objeto das indagações


de apreender, muito naturalmente, a filosóficas de Simone de Beauvoir.
essência das coisas.
b) Foge da esfera de atuação da iluminação Questão 08
divina.
Sobre Pitágoras de Samos (século VI a.
c) Partindo da abstração, nega as C.), filósofo, matemático e místico, que atuou em
experiências sensíveis. Atenas e lá fundou uma escola filosófica
dedicada à investigação dos mistérios do
d) Não está ligado às noções de verdade e de universo. Sobre o pensamento de Pitágoras, é
ação boa.
CORRETO afirmar que:
e) Não se consubstancia a partir de modelos
prototípicos, como pensava Platão.
a) Renovou ideias herdadas de Aristóteles.
b) Acreditava que o conhecimento deveria
Questão 06 modificar as pessoas, e estas deveriam
A cosmologia é a parte da filosofia, que merecer o conhecimento.
estuda o mundo, a natureza, dialogando com a
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

c) Pregava uma relação de total liberdade d) Fazer um estudo crítico da história,


entre o mestre e seus discípulos. comparando a história grega com a dos
povos orientais, a fim de mostrar que o
d) Encontrou eco na obra de filósofos mundo era mais amplo do que se
posteriores, como Marco Aurélio.
imaginava.
e) Limitou-se ao estudo dos fenômenos da e) Mostrar que todo o conhecimento era
natureza.
obtido por intermédio dos sentidos
humanos e que, por esses serem falhos,
era relativo e limitado.
Questão 09
O conceito de Dialética tomou parte nas
preocupações filosóficas de pensadores, como 21 COMO ERA A EDUCAÇÃO NA IDADE
Hegel, Engels e Marx. Sobre o conceito de MÉDIA?
dialética em Hegel, é CORRETO afirmar que se
trata da:

a) Ciência das leis gerais do movimento,


tanto do mundo externo como do
pensamento humano.
b) Marcha do pensamento que procede por
contradição, passando por três fases -
tese, antítese e síntese -, reproduzindo o
próprio movimento do ser absoluto ou Fonte: www.pt.slideshare.net
ideia.
c) Sistematização do chamado materialismo
A educação era para poucos, pois só os
histórico.
filhos (nem todos) dos nobres estudavam a
d) Organização política e econômica que maioria era analfabeta. Marcada pela influência
torna comuns os bens de produção. da Igreja, ensinava-se o latim, doutrinas
religiosas e táticas de guerras. Grande parte da
e) Situação do filósofo cujo pensamento
população medieval era analfabeta e não tinha
supõe comprometimento com a situação
acesso aos livros. A Igreja era a dona da cultura
social e política vivida.
e conhecimento, pois controlava grande parte do
saber herdado da Antiguidade Clássica. Os
Questão 10 mosteiros medievais ficaram célebres por sua
política de hospitalidade, dando abrigo
Sócrates teve um papel importantíssimo
temporário a peregrinos e andarilhos e pelas
na configuração da Filosofia em Atenas, no
século V a. C. Sobre este fato, é CORRRETO minuciosas e caprichosas cópias manuais de
textos e livros da Antiguidade Clássica. Como os
afirmar que a preocupação maior da filosofia
livros, pergaminhos, manuscritos e documentos
socrática era a de:
ficavam nos mosteiros e nas universidades da
igreja, os padres detinham praticamente o
a) Interpretar o mundo como sendo espiritual monopólio da cultura erudita que, segundo a
e organizado, segundo uma moral visão predominante na época, representava um
fundamentada em verdadeiros conceitos perigo para as mentes e as crenças cristãs (isso
imutáveis. foi bem retratado no filme O Nome da Rosa).
Educação bizantina: Inicialmente, não
b) Compreender as causas primeiras e os
era para pobres, era só para filhos de ricos... as
fins últimos de todas as coisas.
escolas bizantinas baseavam a instrução na
c) Que o autoconhecimento poderia ser literatura grega clássica. Os escritores imitavam
obtido por meio da ironia e da maiêutica. a prosa de Tucídides, porque foi o mais profundo
historiador da antiguidade, e tinha uma visão
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

realista e racional, pois se preocupava em narrar


os acontecimentos com imparcialidade e
23 A EDUCAÇÃO DAS MULHERES
precisão, explicando suas causas. A educação
feminina: As moças de famílias nobres não iam
às escolas, mas tutores particulares as
orientavam com boa educação em sua própria
casa, mesmo assim havia mulheres que eram
médicas.
22 AS UNIVERSIDADES

Fonte: www.slideplayer.com.br

Na Idade Média as mulheres não tinham


acesso à educação formal, a mulher pobre
trabalhava muito ao lado do marido e
permaneciam analfabeta, as meninas nobres só
aprendiam algumas coisas quando recebiam
aulas em seu próprio castelo, estudavam
Fonte: www.pt.slideshare.net músicas, religião, artes liberais. As meninas da
burguesia começaram a ter acesso à educação
apenas quando surgiram as escolas seculares.
As universidades surgidas na Idade
Média representaram um modelo novo e original No século VI os mosteiros recebiam
de educação superior que exerce até hoje um meninas de 6 ou 7 anos a fim de serem educadas
importante papel de desenvolvimento da cultura. a consagradas servas de Deus, aprendiam a ler,
No século XII, procurava-se ampliar os estudos escrever, ocupavam-se com as artes da
de filosofia, teologia, leis e medicina, a fim de miniatura e com cópia de manuscritos.
atender as solicitações de uma sociedade mais
complexa, surgindo a necessidade de certos
mestres. 24 PAGANISMO E CRISTIANISMO
A atividade docente na universidade era
desenvolvida conforme o método da Escolástica,
baseado na literatura e nas discussões, pelas
quais os estudantes exercitavam as artes da
dialética. A universidade tornou-se centro de
fermentação intelectual, a Igreja que mantivera a
hegemonia da cultura e espiritualidade no
Ocidente passou a ser afrontada, o temor
provocado pelas heresias teve a difusão do
ressurgimento da cidade. A Igreja conservadora
resolveu instalar a Inquisição ou Santo Ofício,
para apontar o “desvio da fé”. Fonte: www.youtube.com
As universidades entraram em
decadência no século XIV, pelo dogmatismo
decorrente da ausência de debate, resistindo às Não há propriamente uma história da
mudanças, tentavam manter a influência filosofia cristã, assim como há uma história da
escolástica de recusa à observação e filosofia grega ou da filosofia moderna, pois no
experimentação, das tendências que pensamento cristão, o máximo valor, o interesse
prenunciavam o nascimento da ciência moderna. central, não é a filosofia, e sim a religião.
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

Entretanto, se o cristianismo não se apresenta, O período medieval não foi, porém, a


de fato, como uma filosofia, uma doutrina, mas “Idade das Trevas”, como se acreditava. A
como uma religião, uma sabedoria, pressupõe filosofia clássica sobrevive, confinada nos
uma específica concepção do mundo e da vida, mosteiros religiosos. O aristotelismo dissemina-
pressupõe uma precisa solução do problema se pelo Oriente bizantino, fazendo florescer os
filosófico. É o teísmo e o cristianismo. O estudos filosóficos e as realizações científicas.
cristianismo fornece ainda uma? Imprescindível? No Ocidente, fundam-se as primeiras
Integração à filosofia, no tocante à solução do universidades, ocorre a fusão de elementos
problema do mal, mediante os dogmas do culturais greco-romanos, cristãos e germânicos,
pecado original e da redenção pela cruz. e as obras de Aristóteles são traduzidas para o
E, enfim, além de uma justificação latim.
histórica e doutrinal da revelação judaico-cristã 25 PATRÍSTICA
em geral, o cristianismo implica uma
determinação, elucidação, sistematização
racional do próprio conteúdo sobrenatural da
Revelação, mediante uma disciplina específica,
que será a teologia dogmática. Pelo que diz
respeito ao teísmo, salientamos que o
cristianismo o deve, historicamente, a Israel. Mas
entre os hebreus o teísmo não tem uma
justificação, uma demonstração racional, como,
por exemplo, em Aristóteles, de sorte que, em
definitivo, o pensamento cristão tomará na
grande tradição especulativa grega esta
justificação e a filosofia em geral. Isto se realizará
graças especialmente à Escolástica e, sobretudo, Fonte: www.corujasapiens.wordpress.com
a Tomás de Aquino. Pelo que diz respeito à
Desde que surgiu o cristianismo, tornou-
solução do problema do mal, solução que
se necessário explicar seus ensinamentos às
constitui a integração filosófica proporcionada
autoridades romanas e ao povo em geral. Mesmo
pelo cristianismo ao pensamento antigo? Que
com o estabelecimento e a consolidação da
sentiu profundamente, dramaticamente, este
doutrina cristã, a Igreja católica sabia que esses
problema sem o poder solucionar? Frisamos que
preceitos não podiam simplesmente ser impostos
essa representa a grande originalidade teórica e
pela força. Eles tinham de ser apresentados de
prática, filosófica e moral, do cristianismo.
maneira convincente, mediante um trabalho de
Soluciona este o problema do mal precisamente
conquista espiritual. Foi assim que os primeiros
mediante os dogmas fundamentais do pecado
Padres da Igreja se empenharam na elaboração
original e da redenção da cruz. Finalmente, a
de inúmeros textos sobre a fé e a revelação
justificação da Revelação em geral, e a
cristãs. O conjunto desses textos ficou conhecido
determinação, dilucidarão, sistematização
como patrística por terem sido escritos
racional do conteúdo da mesma, têm uma
principalmente pelos grandes Padres da Igreja.
importância indireta com respeito à filosofia,
porquanto implicam sempre numa intervenção da Uma das principais correntes da filosofia
razão. Foi esta, especialmente, a obra da patrística, inspirada na filosofia GrecoRomana,
Patrística e, sobretudo, de Agostinho. tentou munir a fé de argumentos racionais. Esse
projeto de conciliação entre o cristianismo e o
A Idade Média inicia-se com a
pensamento pagão teve como principal expoente
desorganização da vida política, econômica e
o Padre
social do Ocidente, agora transformado num
mosaico de reinos bárbaros. Depois vieram as Agostinho. “Compreender para crer, crer
guerras, a fome e as grandes epidemias. O para compreender”. (Santo Agostinho)
cristianismo propaga- se por diversos povos. A
diminuição da atividade cultural transforma o
homem comum em um ser dominado por crenças
e superstições.
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

escolástica (de escola). A partir do século XIII, o


aristotelismo penetrou de forma profunda no
pensamento escolástico, marcando-o
definitivamente. Isso se deveu à descoberta de
muitas obras de Aristóteles, descobertas até
então, e a tradução para o latim de algumas
delas, diretamente do grego.
A busca da harmonização entre a fé
cristã e a razão manteve-se, no entanto, como
problema básico de especulação filosófica.
Nesse sentido, o período escolástico pode ser
dividido em três fases:

Fonte: www.pt.slideshare.net
• Primeira fase – (do século IX ao fim do
século XII): caracterizada pela confiança
26 ESCOLÁSTICA na perfeita harmonia entre fé e razão.

No século VIII, Carlos Magno resolveu • Segunda fase – (do século XIII ao princípio
organizar o ensino por todo o seu império e do século XIV): caracterizada pela
fundar escolas ligadas às instituições católicas. A elaboração de grandes sistemas
cultura greco-romana, guardada nos mosteiros filosóficos, merecendo destaques nas
até então, voltou a ser divulgada, passando a ter obras de Tomás de Aquino. Nesta fase,
uma influência mais marcante nas reflexões da considera-se que a harmonização entre fé
época. e razão pôde ser parcialmente obtida.
• Terceira fase – (do século XIV até o século
XVI): decadência da escolástica,
caracterizada pela afirmação das
diferenças fundamentais entre fé e razão.

Fonte: www.resumoescolar.com.br

No século VIII, Carlos Magno resolveu


organizar o ensino por todo o seu império e
fundar escolas ligadas às instituições católicas. A
cultura greco-romana, guardada nos mosteiros Fonte: www.pt.slideshare.net
até então, voltou a ser divulgada, passando a ter
uma influência mais marcante nas reflexões da
época. Tendo a educação romana como modelo, 27 AS CARACTERÍSTICAS FILOSÓFICAS
começaram a ser ensinadas as seguintes DO CRISTIANISMO
matérias: gramática, retórica e dialética (o Não há propriamente uma história da
trivium) e geometria, aritmética, astronomia e filosofia cristã, assim como há uma história da
música (o quadrivium). Todas elas estavam, no filosofia grega ou da filosofia moderna, pois no
entanto, submetidas à teologia. pensamento cristão, o máximo valor, o interesse
A fundação dessas escolas e das central, não é a filosofia, e sim a religião.
primeiras universidades do século XI fez surgir Entretanto, se o cristianismo não se apresenta,
uma produção filosófico-teológica denominada de fato, como uma filosofia, uma doutrina, mas
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

como uma religião, uma sabedoria, pressupõe Soluciona este o problema do mal
uma específica concepção do mundo e da vida, precisamente mediante os dogmas fundamentais
pressupõe uma precisa solução do problema do pecado original e da redenção da cruz.
filosófico. É o teísmo e o cristianismo. Finalmente, a justificação da Revelação em
geral, e a determinação, dilucidação,
sistematização racional do conteúdo da mesma,
têm uma importância indireta com respeito à
filosofia, porquanto implicam sempre numa
intervenção da razão. Foi esta, especialmente, a
obra da Patrística e, sobretudo, de Agostinho.
Foi conquistada a cidade que conquistou
o universo. Assim definiu São Jerônimo o
momento que marcaria a virada de uma época.
Era a invasão de Roma pelos germanos e a
queda do Império Romano. A avalancha dos
bárbaros arrasou também grande parte das
Fonte: www.slideshare.net
conquistas culturais do mundo antigo.

Não há propriamente uma história da


filosofia cristã, assim como há uma história da
filosofia grega ou da filosofia moderna, pois no
pensamento cristão, o máximo valor, o interesse
central, não é a filosofia, e sim a religião.
Entretanto, se o cristianismo não se apresenta,
de fato, como uma filosofia, uma doutrina, mas
como uma religião, uma sabedoria, pressupõe
uma específica concepção do mundo e da vida, Fonte: www.slideplayer.com.br
pressupõe uma precisa solução do problema
filosófico. É o teísmo e o cristianismo.
A Idade Média inicia- se com a
O cristianismo fornece ainda uma? desorganização da vida política, econômica e
Imprescindível? Integração à filosofia, no tocante social do Ocidente, agora transformado num
à solução do problema do mal, mediante os mosaico de reinos bárbaros.
dogmas do pecado original e da redenção pela
Depois vieram as guerras, a fome e as
cruz. E, enfim, além de uma justificação histórica
grandes epidemias. O cristianismo propaga-se
e doutrinal da revelação judaico-cristã em geral,
por diversos povos. A diminuição da atividade
o cristianismo implica uma determinação,
cultural transforma o homem comum em um ser
elucidação, sistematização racional do próprio
dominado por crenças e superstições. Sob a
conteúdo sobrenatural da Revelação, mediante
influência da Igreja, as especulações se
uma disciplina específica, que será a teologia
concentram em questões filosófico-teológicas,
dogmática.
tentando conciliar a fé e a razão. E é nesse
Pelo que diz respeito à solução do esforço que Santo Agostinho e Santo Tomás de
problema do mal, solução que constitui a Aquino trazem à luz reflexões fundamentais para
integração filosófica proporcionada pelo a história do pensamento cristão.
cristianismo ao pensamento antigo? Que sentiu
profundamente, dramaticamente, este problema
sem o poder solucionar?
Frisamos que essa representa a grande
originalidade teórica e prática, filosófica e moral,
do cristianismo.
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

28 FILOSOFIA MEDIEVAL E O Os aristocratas patrícios (proprietários e


CRISTIANISMO guerreiros) recebem uma educação que visa
perpetuar os valores da nobreza de sangue e
cultuar os ancestrais. Na Antiguidade, a família
não era nuclear como a nossa, mas extensa
(composta por pais, filhos solteiros e casados,
escravos e clientes dos quais o paterfamilias é
proprietário, juiz e chefe religioso). Até os sete
anos as crianças permanecem sob os cuidados
da mãe ou de outra matrona, “mulher especial”.
Depois dos sete anos, as meninas
continuam no lar aprendendo os serviços
domésticos, enquanto o pai se encarrega
pessoalmente do filho. O menino acompanha o
pai às festas e aos acontecimentos mais
Fonte: www.pt.slideshare.net importantes, ouve o relato as histórias dos heróis
e dos antepassados, decora a Lei das Doze
Tábuas, desenvolvendo a sua consciência
Ao longo do século V d.C., o Império histórica e o patriotismo. O menino aprende a
Romano do Ocidente sofreu ataques constantes cuidar da terra, trabalho que coloca lado a lado o
dos povos bárbaros. Do confronto desses povos senhor e o escravo. Aprende a ler, escrever e
invasores com a civilização romana decadente contar. Torna-se hábil no manejo das armas, na
desenvolveu-se uma nova estruturação europeia natação, na luta e na equitação.
de vida social, política e econômica, que
Aos 15 anos, o menino acompanha o pai
corresponde ao período medieval. Em meio ao
ao foro, praça central onde se faz o comércio e
esfacelamento do Império Romano, decorrente,
são tratados os assuntos públicos e privados, e
em grande parte, das invasões germânicas, a
em torno do qual se erguem os principais
Igreja católica conseguiu manter-se como
monumentos da cidade, inclusive o tribunal, onde
instituição social mais organizada. Ela consolidou
aprende o civismo. Aos 16 anos, o jovem é
sua estrutura religiosa e difundiu o cristianismo
encaminhado para a função militar ou política.
entre os povos bárbaros, preservando muitos
(Educação voltado mais para a formação moral,
elementos da cultura pagã greco-romana.
que intelectual) à Aprendizagem baseada na
vivência cotidiana, entremeada de exemplos que
29 ANTIGUIDADE ROMANA: EDUCAÇÃO reforçam a importância da imitação de modelos
representados pelo pai e pelos antepassados.
HEROICO-PATRÍCIA

Fonte: www.pt.slideshare.net
Fonte: www.pt.slideshare.net
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

30 EDUCAÇÃO COSMOPOLITA • Eram frequentadas pelos jovens da elite,


que se destacavam na vida pública e que,
por isso, deveriam se preparar para as
assembleias e tribunas. Estudavam
política, direito e filosofia, sem esquecer as
disciplinas reais, próprios de um saber
enciclopédico.
• A educação física mereceu a atenção dos
romanos, mas com características mais
voltadas para as artes marciais.

ATIVIDADES DE FIXAÇÃO
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Questão 01
Roma republicana: desenvolvimento do
comércio, enriquecimento de uma camada de Platão é apontado como o grande
plebeus e início da expansão romana tornam discípulo de Sócrates, do qual fez uma defesa
mais complexa a sociedade romana, exigindo pública no processo movido contra ele pela
outro modo de educar. Século IV a.C: criação de aristocracia ateniense. A obra de Platão que nos
escolas elementares particulares – escolas do apresenta a essa situação é:
ludi (jogo, divertimento) magister (mestre), nas
quais aprende-se demoradamente a ler, escrever
e contar, dos sete aos doze anos. Os mestres a) Diálogos.
eram pessoas simples e mal remuneradas. Para b) O Banquete.
desempenhar seu ofício, ajeitavam-se em
qualquer espaço. As crianças escreviam com c) Ética.
estiletes em tabuinhas enceradas, aprendendo d) Apologia de Sócrates.
tudo de cor, ameaçados por castigos. Com o
contato com os povos helênicos, inúmeros e) A Política.
professores gregos ensinam a sua língua, dando
início à formação bilíngue dos romanos.
Questão 02
Surgiram as escolas dos gramáticos, em
que os jovens de 12 a 16 anos conheciam os Uma das obras de Aristóteles essenciais
clássicos gregos, ampliando seus conhecimentos aos estudos da sociedade é A Política; escrita no
literários. Ao mesmo tempo estudavam século III a. C., que influenciou bastante o
geografia, aritmética, geometria e astronomia pensamento de gerações seguintes. Sobre A
(disciplinas reais). Iniciavam-se na arte de bem Política de Aristóteles, é INCORRETO afirmar
escrever e bem falar. Surge um terceiro grau de que:
educação (escola do retor = professor de
retórica), pois a retórica exigia o aprofundamento
do conteúdo e da forma do discurso. a) Os sistemas de governos são estudados.
Diferentemente dos ludi magister e dos b) A sociedade doméstica ou familiar é
gramáticos, os retores eram professores mais analisada.
respeitados e bem remunerados.
c) Não se importa em tematizar os modos de
se gerir a coisa pública.
As escolas superiores:
d) A formação do cidadão e a educação dos
• Desenvolveram-se no decorrer do século I jovens aparecem como uma das
a.C e cresceram durante o Império. temáticas.
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

e) A situação das mulheres e dos escravos


na sociedade é nela abordada.
Questão 06
Sobre a Escolástica, surgida na Idade
Questão 03 Média e tida como uma das manifestações da
A Estética, uma das áreas da Filosofia, filosofia medieval, é CORRETO afirmar que:
pode ser identificada como uma das
preocupações filosóficas de Aristóteles:
a) É o único movimento filosófico originado
da sociedade normanda.
a) A principal preocupação da filosofia b) Consiste no conteúdo formado pela
medieval. síntese das doutrinas platônico
b) A manifestação maior do espírito crítico, aristotélicas com as doutrinas cristãs.
segundo os humanistas.
c) Não tinha ligações com a prática
c) O tema excluído dos estudos de adorno e pedagógica.
Walter Benjamin.
d) Sofreu duras críticas por parte do
d) A área na qual se inaugurou o discurso da pensamento de São Tomás de Aquino.
pós-modernidade. e) Resistiu a um caráter formalista, repetitivo,
verbalista e dogmático.
Questão 04
Dentre os nomes que se destacaram na Questão 07
Filosofia na Roma Antiga, podemos destacar: Sobre a obra de Erasmo de Rotterdam
(1466-1536), grande humanista holandês dos
primórdios do século XVI, é CORRETO afirmar
a) Marco Aurélio e suas Meditações. que:
b) Júlio César e sua Guerra da Gália.
c) Tito Lívio e sua História de Roma. a) Não manteve diálogos nem reflexos na
d) Heródoto e sua História. reforma luterana.

e) Petrônio e seu Satiricon. b) Adotou uma postura de neutralidade em


relação às críticas feitas, na época, às
posturas da igreja católica.
Questão 05 c) Evitou envolvimento em polêmicas
Acerca da filosofia patrística, é religiosas comuns à época.
CORRETO afirmar que:
d) Adotou um conceito de loucura retomado
posteriormente, por Michel Foucault, no
século XX.
a) Dialogava constantemente com os
pressupostos filosóficos de Aristóteles. e) Sua obra mais conhecida, elogio da
loucura (1509), foi escrita na Inglaterra, na
b) Negou a influência do pensamento de
casa de Thomas More.
Platão.
c) Surge no contexto histórico de transição da
Idade Antiga para a Idade Média. Questão 08
d) Renegou temas, como a natureza de Deus "O silêncio desses espaços infinitos me
e da alma e a vida moral. apavora..." (Pascal). Esta frase do grande filósofo
do século XVII revela muito dos impulsos da
e) Encontrou em Santo Agostinho o seu chamada revolução científica deste período.
maior contestador e crítico. Sobre este período da História da Filosofia
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

Ocidental, podemos constatar a afirmação de a) Negação das ideias herdadas do


que: pensamento aristotélico.
b) Recusa na crença da atuação das
a) Ele não teve nenhuma ligação com o impressões sensoriais na produção do
chamado Renascimento. conhecimento.

b) Tinha em Copérnico um dos seus críticos c) Reestruturação do pensamento


mais argutos, dado a suas ligações com a escolástico medieval.
Inquisição Católica. d) Continuidade de algumas ideias de Platão.
c) Nomes, como Galileu Galilei, tiveram um e) Produção de nomes, como bacon, Locke,
destaque inconteste no movimento. Berkeley e Hume.
d) As ideias de Newton não tiveram tanto
impacto na comunidade científica da
época.
31 EDUCAÇÃO NO IMPÉRIO
e) Na Matemática, as contribuições de
Fermat ofuscaram as de nomes, como
Leibniz, Pascal, Newton e Descartes.

Questão 09
A obra de René Descartes (1596-1650)
foi uma das bases da filosofia moderna,
constituindo-se como referência indiscutível na
formação do pensamento pósmedieval. Sobre a
obra cartesiana, é CORRETO afirmar que:

a) Rompeu com o aparato conceitual da


escolástica medieval para edificar um
sistema de pensamento próprio.
Fonte: www.slideplayer.com.br
b) Sua produção se resume à publicação do
discurso do método.
c) Nega veementemente a existência de Aumenta a intervenção do Estado nos
deus em franco ataque à filosofia assuntos educacionais: uma bem montada
medieval. máquina burocrática para a administração do
império requeria funcionários com instrução
d) Não se ocupou da matemática no seu elementar, pelo menos. Notável procura por
processo de construção do conhecimento. cursos de estenografia (taquigrafia) – sistema de
e) Sua influência no devir da história da notação rápida. Recurso exigido cada vez mais
filosofia pode ser caracterizada como na atividade dos notários (hoje conhecidos como
limitada ao trabalho dos autores pós- tabeliões, mas inicialmente eram apenas
estruturalistas. secretários incumbidos de fazer anotações, ao
acompanhar os magistrados e altos
funcionários).
Questão 10 Século I a.C: o Estado estimulou a
Sobre o chamado Racionalismo criação de escolas municipais em todo o Império.
Empiricista de tendência anglo-saxônica, que O próprio César concedeu o direito de cidadania
marcou a filosofia produzida na Europa do século aos mestres de arte liberais. Século I d.C:
XVII, podemos considerar a: Vespasiano libera de impostos os professores de
ensino médio e superior e institui o pagamento a
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

alguns cursos de retórica, de que beneficia o


mestre Quintiliano. Trajano manda alimentar os
1ª. Via: Movimento – Utiliza-se do
estudantes pobres. Outros importantes
pensamento de Ato e Potência de Aristóteles,
imperadores legislam sobre a exigência de as definindo o Movimento não como mero
escolas particulares pagarem com pontualidade movimentar, mas as mudanças do ser. Se tudo é
os professores, definindo o montante a lhes ser movimento é preciso que reconheça um primeiro
pago.
motor a movimentar todas as coisas.
Juliano, no ano 362, oficializou toda a 2º Via: Causalidade Eficiente –
nomeação de professor pelo Estado. Opunha-se Fundamentada no pensamento Socrático, e tem
à expansão do cristianismo e pretendia, impedir muito a ver com a primeira via. O Movimento é
a contratação de professores cristãos, com essa limitado? Quem nasceu primeiro o ovo ou a
medida. Outro destaque da época do Império é o galinha? Sim o movimento e finito, por todo causa
desenvolvimento do ensino terciário, com os
chega-se a um causante, se investigar a fundo
cursos de filosofia e retórica e a criação de
chega a um causante incausado. A quem ele
cátedras de medicina, matemática, mecânica e
atribui a Deus.
escolas de direito.
3º Via: Contingente – Também partindo
de uma investigação de ato e potência. Nem tudo
32 FILOSOFIA TOMISTA: TOMÁS DE tem sua razão por existi em si mesmo, por se
AQUINO chega a compreensão de um ser incontingente.
4º Via: Graus de Perfeição – Da filosofia
platônica, Tomás de Aquino diz que na
observância do mundo se percebe em todas as
coisas a hierarquia, uma escada de submissão.
Do m menos não é possível se extrair o que for
mais. “Os estercos servem as ervas, as ervas a
vaca, que dela se alimenta. A vaca serve ao
homem com o leite. E o homem a quem serve se
não a Deus?
5º Via: Ordem do Universo – Há uma
ordem perfeita em todas as coisas, não existe
Fonte: www.pensador.com ordem sem haver uma inteligência ordenadora.
Seria impossível acreditar que foi uma mera
explosão que deu origem ao Universo, explosão
é caos e não ordem. Como as águas estão
TOMÁS DE AQUINO - (1225-1274). perfeitamente reunidas no oceano? As estações
Teve uma vida inteiramente dedicada a Igreja do ano, Distância exata do Sol a Terra, nem
Católica, com muita meditação e estudo. Mas a próximo demais que mate todos queimados, e
sua filosofia parte da pergunta: Deus existe? nem distante de mais que congelasse toda a
superfície da Terra.
Contribuiu muito com a Filosofia e a
Teologia, mas ao contrário de Agostinho ele via a Leitura complementar
filosofia e a teologia como ciências distintas. A relação da filosofia com a educação
Escreveu valiosos tratados, como a “Suma existe desde o mundo grego. Os filósofos
Teológica, ” onde relata as cinco vias para a gregos, em busca da virtude humana, foram os
prova da existência de que deram início às discussões sobre a
Deus. Tomás de Aquino foi totalmente filosofia da educação e seu sentido no mundo.
Aristotélico, e como atribuem a Agostinho a Pode-se dizer que a filosofia da educação
cristianização do pensamento de Platão, a ele é surgiu do forte vínculo entre a filosofia e a
atribuída a cristianização da Filosofia de pedagogia estabelecido no decorrer dos anos,
Aristóteles. pois a filosofia, preocupada com as formas do
conhecimento perfeito, orientou o homem
5 VIAS PARA APROVA DA EXISTÊNCIA
DE DEUS
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

segundo a razão, inferindo um pensamento transformação social. Dessa forma, concorda-


pedagógico que busca a perfeição. se com LUCKESI (1990, p.33) quando afirma
que, "a reflexão filosófica sobre a educação é
Presente na dicotomia e na relação
que parece animá-la, a filosofia da educação que dá o tom a pedagogia, garantindo-lhe a
da segunda metade do séc. XX tematiza o compreensão dos valores que, hoje,
contraste entre cultura científica e cultura direcionam a prática educacional e dos valores
humanística. A diversificação, bastante clara que deverão orientá-la para o futuro". Então,
se constata que a Pedagogia nada mais é do
nos últimos anos, permeia de um lado a
filosofia de cunho descritivo e, de outro, a que uma concepção filosófica da Educação, a
qual deve ser exercida nas práxis, para obter
filosofia de tipo histórico e ontológico.
seus melhores resultados.
A filosofia da educação, no seu
acontecer histórico, esclareceu muitas
dúvidas, contribuindo para transformações 33 ANTIGUIDADE ROMANA: A
qualitativas na sociedade. Torna-se importante HUMANISTAS
retomar e discutir o sentido do filosofar nos
cursos de formação de professores, para que Podemos distinguir três fases na
os futuros profissionais da educação possam educação romana: a latina original, de natureza
atribuir novos significados às práticas patriarcal; depois, a influência do heletismo é
docentes. Na medida em que há uma criticada pelos defensores da tradição; por fim,
racionalidade que não podem mais dá-se a fusão entre a cultura romana e a
simplesmente explicitar o modelo de ensino helenística, que já supõe elementos orientas,
idealizado ou lógico de filosofia, introduz-se a mas nítida supremacia dos valores gregos.
possibilidade de reconduzir as propostas A educação na Roma arcaica teve,
pedagógicas a partir do reconhecimento sobretudo, caráter prático, familiar e civil,
intersubjetivo e hermenêutico de conjugação destinada e formar em particular os civis
entre a filosofia e a prática educativa. romanus, superior aos outros povos pela
Acredita-se que a Filosofia leva ao consciência do direito como fundamento da
trabalho de pensar, refletir, raciocinar e, assim, própria “romanidade”.
despertar o senso crítico e,
consequentemente, auxiliar a construir uma
nova visão de sociedade, onde, pressupõe-se
que a educação é a principal responsável
pelas transformações da mesma.
Historicamente, pode-se ver que a
educação vem sofrendo modificações, as
quais, por sua vez, visam torná-la mais
adequada à realidade. Entretanto, a Filosofia
afirma que é a partir do convívio e da ação do
homem com e sobre a realidade, que ele se
Fonte:www.slideplayer.com.br
forma e se estrutura. Assim sendo, constata-
se que o senso comum a respeito da educação
é o de uma formação fragmentária, incoerente, Os civis romanos era, porém, formado
desarticulada, enfim, totalmente desprovida de antes de tudo em família pelo papel central do
certeza. Enquanto na consciência filosófica pai, mas também da mãe, por sua vez menos
acontece o contrário, pois, é uma concepção submissa e menos marginal na vida da família em
com total coerência, unidade e articulação. E comparação com a Grécia. A mulher em Roma
ainda fornece à educação uma reflexão sobre era valorizada como manter famílias, portanto
a sociedade na qual está situada. Entretanto, reconhecida como sujeito educativo, que
compreende-se que a educação está aberta a controlava a educação dos filhos, confiando-os a
questionamentos. Por isso, acredita-se que a pedagogos e mestres. Diferente, entretanto, é o
Filosofia é uma das muitas alternativas para se papel do pai, cuja autorias, destinada a formar o
tentar pensar a educação como instrumento de futuro cidadão, é colocada no centro da vida
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

familiar e por ele exercida com dureza, verdadeiro risco da liberdade. Assim enfrentará o
abarcando cada aspecto da vida do filho (desde nada, e a possibilidade da morte, que o fará
a moral até os estudos, as letras, a vida social). inicialmente sentir-se angustiado perante o fato
Para as mulheres, porém, a educação era de que a morte seja o fim de todos os projetos e
voltada a preparar seu papel de esposas e mães, possibilidades, mas depois de encarado tal
mesmo se depois, gradativamente, a mulher desafio, ele finalmente se tornará autêntico,
tenha conquistado maior autonomia na construindo sua essência como ser humano.
sociedade romana. O ideal romano da mulher,
Assim, para o existencialista, a educação
fiel e operosa, atribui a ela, porém, um papel
verdadeira é aquela que possibilita o homem a
familiar e educativo.
construção de sua essência a partir da liberdade.
Os romanos tinham uma mentalidade A educação deve transformar o homem em ser
prática; procuravam alcançar resultados autêntico, e não em apenas mais um no rebanho.
concretos adaptando os meios aos fins. Portanto a educação como impositora de normas
Enquanto os gregos julgavam e mediam todas as para a reprodução do sistema não serve para o
coisas pelo padrão da racionalidade, da existencialismo, pois transforma o homem em
harmonia ou da proporção, os romanos julgavam inautêntico, já que o ensina a respeitar a moral da
tudo pelo critério da utilidade ou da eficácia. Por aceitação e da submissão.
isso os romanos sempre consideraram os gregos
A educação, então, deverá libertar o
como um povo visionário e ineficiente, enquanto
homem das amarras, permitir a ele que se
os gregos consideravam os romanos como construa como homem dentro do processo
bárbaros sórdidos, com força de caráter e valor histórico, sem que seja condicionado por forças
militar, mas incapazes de apreciar os aspectos que lhe vendam os olhos e que lhe impeça de
superiores da vida. construir sua existência/essência.
O homem existencialista é o homem da
34 EXISTENCIALISMO luta, da coragem, que não tem medo do terrível
desafio que a liberdade lhe impõe com todo o
risco de solidão e angústia. A educação deve
levar o homem a enfrentar este risco. Aliás, a
educação não deve levar o homem, pois ele
deverá conduzir-se a isso. A educação então
deverá lhe abrir a possibilidade, talvez lhe
mostrar o caminho. E isto só é possível através
de uma educação libertadora em todos os
sentidos.

Fonte: www.pt.slideshare.net Esta educação deverá também mostrar


ao homem que a sua liberdade está estritamente
vinculada à responsabilidade pois o ato
Para o existencialismo a essência responsável do homem também é o ato
humana se constrói na existência concreta. O responsável por toda a humanidade.
homem nasce sem essência, e somente depois,
35 ESSENCIALISMO
a partir de sua existência, irá construir sua
essência como homem. O essencialismo desconsidera os seres
reais considerando-os em seus aspectos ideais.
Esta essência dependerá da decisão que
O ideal de bondade, justiça, felicidade etc. São
o homem tomará. Poderá ele acomodar-se com
ideais que transcendem o aspecto natural, isto é,
os fatos, não correr o risco da liberdade, e assim
que não é acessível a um conhecimento por meio
deixar-se tragar pela massa insossa constituída
da experiência. A leitura essencialista de mundo
por todos os outros, e assim perder sua
se estabelece no período da Antiguidade grega,
identidade, assumindo a moral do rebanho. Será
século V a.C. e Idade Média. Para o
então o inautêntico, o nojento, repleto de vícios,
essencialismo há uma substância, uma essência
o homem de "má-fé" que existe como coisa, pois
humana que identifica cada espécie e tem por
não teve coragem para assumir o risco da
característica ser universal, vale dizer, que se
liberdade. Ou então, o homem poderá assumir o
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

estende a tudo, por toda parte e que tem o caráter


de absoluta generalidade.

36 A EDUCAÇÃO DIFUSA

Fonte: www.dicio.com.br

Nesta perspectiva existe uma natureza


humana, desde sempre dada, sendo que a ação
humana é resultado desta necessidade
intrínseca, ou seja, desde sempre estabelecida e
dada. Em outras palavras, já nascemos com
Fonte: www.pt.slideshare.net
certa potencialidade que deve passar por um
trabalho em direção a um fim que seria a
perfeição. Nas sociedades tribais, a educação das
O homem, nessa perspectiva é um ser crianças se dava de forma difusa. Elas
educável. Sua essência é a racionalidade. Trata- aprendiam imitando os ofícios dos adultos, tendo
se, portanto, de uma educação dirigida ao assim já a certeza do papel que deviam
espírito. Podemos destacar como principais desempenhar quando fossem adultos. Ainda
representantes desta filosofia educacional os hoje, na sociedade contemporânea a educação
filósofos Platão (428-347 a.C.), Aristóteles (384- difusa permanece, embora sob um diferente
324 a.C.), Santo Agostinho, (354-430 d.C.) e aspecto.
Santo O conhecimento técnico, científico, não é
Tomás de Aquino (1227-1274 d.C.). Na passível de ser transmitido por imitação, requer
perspectiva essencialista O real constitui uma metodologia e um processo sistematizado de
ordem ontológica: tanto o mundo como o homem transmissão e avaliação. Este conhecimento
são vistos como entes/substâncias que realizam tecnicista visa formar profissionais para o
uma essência. A essência de cada ente contém mercado de trabalho e as exigências do mundo
e define as características específicas de cada capitalista.
um, que são universais e comuns a todos os Porém, não é só nos bancos escolares
indivíduos da mesma espécie. A perfeição de que se dá a educação. Visto que educação não é
cada ente se avalia pela plenitude de realização só um saber técnico, é uma maneira de ver o
dessas potencialidades intrínsecas. mundo, de entender a sociedade, de exercer o
papel de cidadão dentro dela, com direitos e
deveres conscientes. Não basta se inserir no
mercado de trabalho é preciso aprender para a
vida também.
Assim sendo, a educação tem
características ESSENCIALISTAS quando é A criança se auto educa em todos os
concebida como processo de atualização da ambientes que ela frequenta. Os
potência da essência humana, mediante o comportamentos de todos os adultos com que ela
desenvolvimento das características convive, formam a base da sua educação.
específicas contidas em sua substância, Constituem os seus valores e complementam a
visando sempre um estágio de plena formação da pessoa como um todo.
perfeição e atualização total. O educando imita o adulto,
principalmente quando tem com ele laços
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

afetivos bem estabelecidos e seguros. Por isso a O modo adequado de educar seria
melhor maneira de se ter uma criança bem- proteger o indivíduo da influência corruptora da
educada e compreendê-la enquanto criança. Se sociedade, estimulando adequadamente o
ela se sentir amada, valorizada e respeitada, a desenvolvimento de sua bondade natural no
educação difusa que se dá em casa, soma-se, processo educativo. Para isto o aluno deveria ser
para complementar seu desempenho escolar. educado com base na sua curiosidade e nas suas
motivações naturais. Enquanto ao mesmo tempo
mantendo-se em mente o contexto social no qual
o aluno futuramente se integrará.
A criança precisa construir sua identidade
Isto somente pode ser conseguido
e acreditar no seu potencial para se
através de um método muito bem controlado.
encaixar neste meio. Isso requer
autoconfiança, segurança, é a base que se
constrói no lar. A educação formal pode Não há nada que esteja menos sob o
nosso domínio que o coração, e, longe de
até reafirmar valores e princípios, mas podermos comandá-lo, somos forçados a
desde que essa semente tenha sido obedecer-lhe
plantada na educação difusa. E esse papel
é dos pais, não há como delegá-lo a
Método Pedagógico
outros, nem o deixar unicamente ao
Seu método de educação era o de
encargo da escola. Na tribo, no gineceu,
retardar o crescimento intelectual, permitindo à
na casa ou no apartamento, o papel da criança demonstrar seus próprios interesses em
família continua sendo fundamental. um assunto e fazer suas próprias perguntas. No
estágio da puberdade a sensibilidade do jovem
deveria ser educada sem que houvesse qualquer
restrição moral em seu ambiente, até os 15 anos.
37 QUATRO IMPORTANTES FILÓSOFOS O objetivo é que o aluno desenvolva plenamente
DA EDUCAÇÃO seu Eu natural. Obviamente, uma tal educação
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) só seria possível se o aluno fosse totalmente
isolado da sociedade e não tivesse contato
social, senão com seu mestre. O aluno somente
entraria na sociedade quando a tendência para a
socialização surgisse como uma de suas
necessidades naturais.

Herbart: (1776-1841)

Fonte: www.ebah.com.br

No texto do livro Emile, de Rousseau, é


bastante clara a passagem da Filosofia da
Educação para uma Teoria Educacional, e um Fonte: www.slideplayer.com.br
Método pedagógico. O pressuposto básico de
Rousseau, quando sua filosofia aborda o tema da
educação, era a crença na bondade natural do
homem, e a atribuição à civilização da culpa de
O Ocidente havia quase um século
corrompê-lo.
seguia as diretrizes fundamentalista Educação
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

propostas pelo filósofo alemão Johann Friedrich • Generalização: além das experiências
Herbart, que teve várias gerações de seguidores, concretas, o aluno é capaz de abstrair,
a partir da Alemanha. Segundo ele, a ação chegando a conceitos gerais, sendo que
pedagógica se orienta por três procedimentos: o esse passo deve predominar na
governo, a instrução e a disciplina. adolescência;
• Aplicação: através de exercícios, o aluno
a) O governo: é a forma de controle da evidencia que sabe usar e aplicar aquilo
agitação da criança, inicialmente exercido que aprendeu em novos exemplos e
pelos pais e depois pelos mestres, com a exercícios. É deste modo, e somente deste
finalidade de submeter a criança às regras modo, que a massa de ideias passa a ter
do mundo adulto e viabilizar o início da um sentido vital, perdendo o aspecto de
instrução. acumulação de informações inúteis para o
indivíduo.
b) A instrução é o principal procedimento da
educação e pressupõe o desenvolvimento
dos interesses. O interesse determina Os fatores determinantes de sua
quais as ideias e experiências que influência no pensamento pedagógico foram:
receberão atenção por parte do indivíduo.
Herbart não separa a instrução intelectual
a) O caráter de objetividade de análise,
da instrução moral, pois para ele, uma é b) A tentativa de psicometria,
condição da outra.
c) O rigor dos passos a serem seguidos para
c) Para que a educação seja bem-sucedida é a instrução e a sistematização que
conveniente que sejam estimulados o imprimiu ao seu método.
surgimento de múltiplos interesses.
d) Para ele, o conhecimento é dado pelo
d) A disciplina é a responsável por manter mestre ao aluno, de modo que só mais
firme a vontade educada, no caminho e tarde este o aplica a experiências vividas.
propósito da virtude, supondo Sua educação é pela instrução, e neste
autodeterminação, que é uma caso, possui um caráter mais
característica do amadurecimento moral intelectualista.
levando para a formação do caráter que e) Uma das contribuições mais duradouras
está sendo proposta, ao contrário do de Herbart para a educação é o princípio
governo, que é heterônomo e exterior, de que a doutrina pedagógica, para ser
mais adequado ao trato com as crianças realmente científica, precisa comprovar-se
pequenas. experimentalmente – uma ideia do filósofo
Immanuel Kant que Herbart desenvolveu.
O Método de Instrução Herbartiano.
f) Surgiram daí as escolas de aplicação, que
conhecemos até hoje. Elas respondem à
Herbart propõe 5 passos formais que necessidade de alimentar a teoria com a
favorecem o desenvolvimento da aprendizagem prática e vice-versa, num processo de
do aluno: atualização e aperfeiçoamento constantes.
• Preparação: o mestre recorda o que a Muitas das contribuições de Herbart para a
criança já sabe para que o aluno traga ao psicologia e a pedagogia continuam
nível da consciência a massa de ideias valiosas, mas seu pensamento e a prática
necessárias para criar interesse pelos que dele se originou no século 19 se
tornaram ultrapassados, sobretudo com o
novos conteúdos;
aparecimento do movimento da escola
• Apresentação: a partir do concreto, o ativa. O norte-americano John Dewey, por
conhecimento novo é apresentado; exemplo, fez duras críticas à doutrina
Herbartiana.
• Assimilação: o aluno é capaz de comparar
o novo com o velho, distinguindo
semelhanças e diferenças;
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

John Dewey (1859-1952) sua natureza, passivo; a atividade é um dever.


Origem geral desse erro: a imperfeita
organização social.

III) Erro de compreensão:


concepção inadequada do funcionamento de
meios e fins na vida humana.
Desenvolvimento da teoria de John Dewey a
respeito do seu verdadeiro funcionamento.
Ilustração demonstrativa da inversão que se
opera, com a explicação da moral tradicional,
na ordem real dos fatos.
Fonte: www.educarparacrescer.abril.com.br Espiritualismo e materialismo, vítimas
do mesmo equívoco.
38 A CONDUTA HUMANA E A IV) A organização atual da vida
EDUCAÇÃO justifica esse erro. Exceções: vida infantil, vida
de alguns homens. Identidade da atividade
com o próprio fim da vida.
V) As regras da conduta humana
fluem de princípios eternos e estranhos à
experiência positiva dos homens. Princípios
extra-humanos ou, puramente, ideais.
Necessidade de fundamentos experimentais
para os "princípios" ou "hipóteses" diretores
da moral. Assim, o bem ou a felicidade está
na atividade presente, dirigida
inteligentemente.

39 MORAL CIENTÍFICA E MORAL


Fonte: www.slideplayer.com.br
TRADICIONAL

A análise da relação da conduta humana


e a da educação tem três premissas basilares e
apresenta algumas consequências.

I) A natureza humana é corrompida


ou bárbara. Concepção religiosa da natureza
humana. Concepção da filosofia do século
XVIII. Determinismo spenceriano do século
Fonte: www.mundodasmensagens.com
XIX. A função do conhecimento, segundo
Dewey. Concepção atual da natureza
humana. Indeterminismo do progresso social Há uma ciência da moral e da conduta
ou moral. humana. E também ela está a passar por uma
II) A atividade humana é um transformação sensível, baseada no estudo
simples meio para se atingir o bem, que é um objetivo da natureza humana. Essa
fim estranho ou superior a atividade. Vida é transformação deve impregnar toda a vida da
preparação. Diferentes aspectos dessa escola, se é que lhe cabe, conforme vimos, o
concepção. Erro de fato e erro de papel predominante na formação do homem. Até
compreensão. Erro de fato: o homem é, por os dias de hoje a conduta humana não se pôde
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

guiar por conceitos positivos e experimentais Longe de nós a suposição ingênua de


similares aos que caracterizam as demais que se irão suprimir da vida as suas
ciências. E isso por quê? Porque, como em perplexidades, as suas incertezas e os seus
relação às ciências naturais quando eram fracassos. Não se irão suprimir, mas chegaremos
tratadas pelo método da magia, o problema tem a explicá-los. E tornando-os, desse modo,
sido fundado em pressupostos falsos. compreensíveis, torná-los-emos aproveitáveis
para uma crescente reorganização do futuro. A
Que era a magia? A sua concepção
grande transformação estará em fazer da
básica era a mesma da ciência - causalidade dos
conduta moral do homem uma consequência dos
fenômenos. Reputavam-se, porém, misteriosas
conhecimentos positivos a que o homem vai
as causas que governavam esses fenômenos e
misteriosos os meios de controlá-las. Ainda chegando em fisiologia e em psicologia.
encontramos, nas religiões, vestígios dessa Quando chegarmos a conceber o mal
concepção. Para o indiano, a malária que lhe como um simples funcionamento anormal dos
mina o organismo, não é causada pelos germes órgãos biossociais do homem - digamos assim -,
com que o infetam os mosquitos, mas pela e tivermos para com ele a mesma atitude
necessidade, em que se acha, de purgar nesta experimental que temos para com os males
vida os pecados de vidas pregressas. Não há, físicos, teremos dado o primeiro passo para uma
pois, outro meio de tratar-se, senão pela oração ciência moral.
e penitência.
Em vez da moral "espiritual", isto é, presa
A essência da magia está aí: o a preconceitos imutáveis e eternos, uma moral
tratamento dos fenômenos naturais como efeitos experimental baseada nas conclusões de uma
originários de causas misteriosas. Está claro que, ciência do homem. Na sua glorificação da
enquanto assim pensar, não poderão progredir, "natureza", o que realmente glorificam são os
com aquele indiano, a biologia ou a patologia. impulsos, os apetites e os desejos - tudo que é
Para todo o sempre, ele continuará a rezar, a mais vulgar e menos pessoal na natureza
fazer penitência e a ter malária. humana. Submeter-se às paixões, tornando-se
delas miseráveis ou elegantes escravos, a
fórmula suprema da liberdade.
Tem sucedido com a Moral uma coisa
Escandalizar os burgueses é o dístico
semelhante.
romântico que insculpem em seus escudos de
Os moralistas - ao traçarem a ciência do Dom Quixotes do prazer. Nunca uma concepção
Bem - têm partido do pressuposto de que a de individualidade foi tão limitada e, sobretudo,
natureza humana é essencialmente má e que o tão ininteligente. Os grandes burgueses são,
ideal seria se a pudéssemos substituir por pelos menos, inteligentes. Na vida eles querem
qualquer outra coisa. Daí decorre que o reinado alguma coisa e o querem com força e lucidez, e
da moral ou do bem, como os moralistas o manipulam devidamente os meios, inclusive a
concebem, é estranho à natureza humana. moral, para consegui-la.
Qualquer coisa acima ou fora dela, a que temos
de conformá-la ou que temos de conquistar com
o sacrifício dessa pobre natureza. E como uma e 40 MORALIDADE ÉTICA
outra coisa são mais ou menos impossíveis,
estamos como estávamos em relação à ciência,
no tempo da magia - absolutamente incapazes
de progresso. Hoje, como ontem, como há vinte
e há trinta séculos, nós continuamos a pregar, em
moral, uma coisa e a fazer outra. E a moral que
nos devia fazer felizes, apenas nos faz mais
infelizes. O estudo recente da natureza biológica
e social do homem, em bases positivas e
científicas, que nos deverá dar, afinal, uma
ciência da saúde, da eficiência e da felicidade do
homem.
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

Fonte: www.blog.maxieduca.com.br
1. Considerar a natureza humana como
Aqueles românticos, vencidos no que qualquer coisa impura e corrompida ou
desejam, o que, bem possivelmente, seria o bárbara, incapaz de chegar naturalmente a
mesmo que os burgueses, refugiam-se num um desenvolvimento feliz.
amor tolo e indiscriminado à natureza e aos seus 2. Considerar a atividade humana em si, não
impulsos. Há, porém, um terceiro grupo. É o dos como o bem, mas como simples meio de
que tomam a sério a moral como qualquer coisa atingir o bem, que era estranho ou superior
estranha às atualidades da vida e à natureza do a essa atividade.
organismo humano. Esses se preocupam com o
progresso espiritual de suas almas. Considerar que as regras da conduta
humana fluem de princípios morais
Com a perfeição interior. Com a análise preconcebidos e estranhos à experiência racional
inquieta dos seus motivos de ação. Vivem a ou positiva. Esses princípios
perscrutar a natureza íntima de suas ações.
1. Se prendem a uma ordem espiritual
‘A "vida quotidiana" é para esses homens
sagrada, que se não pode modificar sem
uma coisa atroz. A vida de ação, de negócios, de
graves prejuízos para os homens.
política - a inconsciência organizada. A vida
daqueles apaixonados da "natureza", uma Essas três premissas fizeram da vida
degradação sem limites. Vivem fora do mundo. humana a trama obscura e contraditória onde
Mas, pelo menos, dir-se-ia, esses são perfeitos e não há lugar para a felicidade, entendida como
felizes, esses vingam a maldade e a corrupção resultado de um desenvolvimento normal e
dos outros. Não é verdade. progressivo da individualidade. A confusão que
acontece entre as palavras Moral e Ética existem
Primeiro, esse grupo confirma os outros
há muitos séculos. A própria etimologia destes
dois. É uma razão, às avessas, em favor dos
termos gera confusão, sendo que Ética vem do
outros. Se a vida moral exige que desprezemos
grego “ethos” que significa modo de ser, e Moral
a própria vida, exige que a renunciemos - de que
tem sua origem no latim, que vem de “mores”,
mais se precisa para provar que ela está errada,
significando costumes.
está afastada de seu objetivo? Segundo, estão
longe da pureza imaginada os componentes Esta confusão pode ser resolvida com o
desse terceiro grupo. esclarecimento dos dois temas, sendo que moral
é um conjunto de normas que regulam o
O isolamento mental em que se
comportamento do homem em sociedade, e
comprazem, o desprezo que alimentam pela vida
estas normas são adquiridas pela educação, pela
material, a convicção em que se mantêm de que
tradição e pelo cotidiano. Durkheim explicava
são os últimos homens de espírito em um mundo
moral como a “ciência dos costumes”, sendo algo
sórdido de materialistas, fazem brotar em seus
anterior a própria sociedade. A Moral tem caráter
corações uma qualidade de orgulho de que não
obrigatório. Já a palavra Ética, Motta (1984) defini
têm sequer conhecimento os homens comuns, os
como um “conjunto de valores que orientam o
que viajam na planície. Esse orgulho gera uma
comportamento do homem em relação aos
inumanidade característica. As fórmulas doces
outros homens na sociedade em que vive,
do amor dos homens não são percebidas por
garantindo, outrossim, o bem-estar social”, ou
esses cavalheiros do espírito. Foi tal
seja, Ética é a forma que o homem deve se
inumanidade que, em outros tempos, permitiu
comportar no seu meio social.
todos os suplícios e que hoje continua a permiti-
los sob formas mais sutis e mais encobertas. A Moral sempre existiu, pois, todo ser
humano possui a consciência Moral que o leva a
Analisemos as premissas em que se
distinguir o bem do mal no contexto em que vive.
funda essa moral que faz da vida de cada um a
Surgindo realmente quando o homem passou a
tragédia ou a comédia que todos conhecemos e,
fazer parte de agrupamentos, isto é, surgiu nas
do mesmo passo, indiquemos o que nos
sociedades primitivas, nas primeiras tribos. A
pareceria a correção dos seus erros. São três as
Ética teria surgido com Sócrates, pois se exigi
premissas fundamentais da moral tradicional,
maior grau de cultura. Ela investiga e explica as
como foi entendida até os começos deste século.
normas morais, pois leva o homem a agir não só
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

por tradição, educação ou hábito, mas o caminho para o Criticismo Kantiano. Veja um
principalmente por convicção e inteligência. pouco de cada uma dessas correntes. Em
Vásquez (1998) aponta que a Ética é teórica e Descartes, a ideia de sujeito é o mesmo que:
reflexiva, enquanto a Moral é eminentemente substância pensante, descobrindo com isso a
prática. Uma completa a outra, havendo um inter- posição do cogito (do pensamento), definindo-o
relacionamento entre ambas, pois na ação como substância do sujeito, (metafísica da
humana, o conhecer e o agir são indissociáveis. subjetividade). Para ele, a verdade está no
interior do próprio sujeito: a certeza da
Em nome da amizade, deve-se guardar
consciência de si. O conhecimento está na
silêncio diante do ato de um traidor? Em
consciência do sujeito pensante enquanto
situações como esta, os indivíduos se deparam
com a necessidade de organizar o seu representação e/ou adequação entre a “coisa” (o
comportamento por normas que se julgam mais mundo) e o pensamento (o cogito).
apropriadas ou mais dignas de ser cumpridas. A substancialização do sujeito, em
Tais normas são aceitas como obrigatórias, e Descartes, reduz o corpo a uma extensão física
desta forma, as pessoas compreendem que têm e que não contribui positivamente na busca da
o dever de agir desta ou daquela maneira. Porém verdade. A garantia da existência das coisas, do
o comportamento é o resultado de normas já mundo, nos é dada pela substância pensante que
estabelecidas, não sendo, então, uma decisão se reconhece através dos seus modos e de suas
natural, pois todo comportamento sofrerá um ações como sendo a afirmação do próprio
julgamento. E a diferença prática entre Moral e pensar, ou seja, os modos de vida do indivíduo
Ética é que esta é o juiz das morais, assim Ética ou a sua ética. A subjetividade é constituída
é uma espécie de legislação do comportamento justamente em sua autonomia para com o mundo
Moral das pessoas. Mas a função fundamental é pelo processo de afirmação da consciência, do
a mesma de toda teoria: explorar, esclarecer ou pensamento.
investigar uma determinada realidade.
A modernidade se consolida a partir de
Descartes, acentuando suas bases no poder da
razão caracterizando o sujeito moderno
cartesiano, fundador do conhecimento, já que a
41 UMA NOVA FORMA DE verdade se encontra no interior de si mesmo
CONHECIMENTO SEGUNDO A enquanto certeza da consciência de si. O sujeito
FILOSOFIA E SEUS PENSADORES pensante é, então, um sujeito individual. O
importante em Descartes é mostrar como se dá o
distanciamento na constituição da subjetividade
(do pensamento, da consciência) entre o pensar
e a realidade corpórea. Sendo assim, ele surge
na modernidade como o filósofo criador do sujeito
individual, totalmente separado do mundo das
coisas.
Jhon Locke, David Hume e Francis
Bacon foram os primeiros empiristas e
fundadores da ciência moderna, viam a mente
como uma tábula rasa, e que o conhecimento
vem de nossos sentidos e experiências. Francis
Bacon, influenciado pelo contexto histórico
político da Inglaterra - cuja ciência do momento
era focada na experiência, observações e
julgamentos do senso comum - começou a
Fonte: www.slideplayer.com.br questionar a mente humana e as suas falhas,
afirmando que o entendimento humano, de sua
A nova forma de pensar da Filosofia natureza peculiar facilmente supõe um maior
Moderna culminou no Racionalismo (René grau de ordem e igualdade nas coisas do que
Descartes) e no Empirismo (Francis Bacon, John realmente encontra.
Locke, David Hume) e preparou, de certa forma,
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

Locke compara as mentes a uma lousa Sobre a linha do desenvolvimento do


em branco, ou tabula rasa. Em vez de ser o empirismo, Locke representa um progresso em
conhecimento inato, Locke escreve todo o confronto com os precedentes: no sentido de que
conhecimento baseia-se e, finalmente, deriva-se a sua gnosiologia fenomeniza-empirista não é
de sentido, ou algo análogo a ele, que pode ser dogmaticamente acompanhada de uma
chamado de sensação. Hume considera que de metafísica mais ou menos materialista. Limita-se
um lado há o conhecimento obtido pela aplicação a nos oferecer, filosoficamente, uma teoria do
do raciocínio, pela construção de relações conhecimento, mesmo aceitando a metafísica
lógicas e de outro, há o conhecimento das tradicional, e do senso comum pelo que concerne
questões de fato, que busca expressar conexões a Deus, à alma, à moral e à religião. Com relação
e relações descrevendo ou explicando à religião natural, não muito diferente do deísmo
fenômenos concretos. Ele acredita que o abstrato da época; o poder político tem o direito
conhecimento tem por fundamento princípios da de impor essa religião, porquanto é baseada na
mente: impressões, ideias, imaginação, hábito e razão. Locke professa a tolerância e o respeito às
crença. A experiência seria assim, uma religiões particulares, históricas, positivas.
apreensão da realidade externa através dos Locke viajou fora da Inglaterra,
sentidos que forma a base necessária de todo
especialmente em França, onde ampliou o seu
conhecimento. horizonte cultural, entrou em contato com
Para Kant e o Iluminismo Criticista, o movimentos filosóficos diversos, em especial
sujeito seria constituído de uma estrutura racional com o racionalismo. Tornou-se mais consciente
dotada de formas a priori da sensibilidade, do do seu empirismo, que procurou completar com
entendimento e da razão que indicaria aquilo que elementos racionalistas (o que, entretanto,
o homem poderia ou não conhecer, existindo representa um desvio na linha do
duas formas da sensibilidade responsáveis por desenvolvimento do empirismo, procedente de
ordenar as sensações ou impressões no sujeito: Bacon até Hume).
espaço e tempo. Ele critica na tradição da
John Locke nasceu em Wrington, em
filosofia é a iniciativa dos filósofos em colocar a
1632. Estudou na Universidade de Oxford
realidade objetiva como prioridade sem se filosofia, ciências naturais e medicina. Em 1665
perguntarem pela natureza da própria razão.
foi enviado para Brandenburgo como secretário
de legação. Passou, em seguida, ao serviço de
Loed Ashley, futuro conde de Shaftesbury, a
quem ficou fiel também nas desgraças políticas.
Foi, portanto, para a França, onde conheceu as
42 O EMPIRISMO DE JOHN LOCKE
personalidades mais destacadas da cultura
francesa do "grand siècle". Em 1683 refugiou-se
na Holanda, aí participando no movimento
político que levou ao trono da Inglaterra
Guilherme de Orange. De volta à pátria, recusou
o cargo de embaixador e dedicou-se inteiramente
aos estudos filosóficos, morais, políticos. Passou
seus últimos anos de vida no castelo de Oates
(Essex), junto de Sir Francisco Masham. Faleceu
em 1704.
As suas obras filosóficas mais notáveis
são: o Tratado do Governo Civil (1689); o Ensaio
sobre o Intelecto Humano (1690); os
Pensamentos sobre a Educação (1693). As dotes
principais do pensamento de Locke são: o
nominalismo escolástico, cujo centro famoso era
Fonte: www.znfilosofica.blogspot.com.br Oxford; o empirismo inglês da época; o
racionalismo cartesiano e a filosofia de
Malebranche.
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

43 O PENSAMENTO: A GNOSIOLOGIA agora propor a questão do seu valor lógico.


Costuma-se dizer que as ideias são "verdadeiras
Locke julga, como Bacon, que o fim da
ou falsas"; melhor seria chamá-las "justas ou
filosofia é prático. Entretanto - diversamente de
erradas", porque, propriamente, "a verdade e a
Bacon, que julgava fim da filosofia o
falsidade pertencem às proposições", em que se
conhecimento da natureza para dominá-la (fim
afirma ou se nega uma relação entre duas ideias.
econômico) - Locke pensa que o fim da filosofia
E esta relação, afirmada ou negada, pode ser
é essencialmente moral; quer dizer: a filosofia
precisamente falsa ou verdadeira. O
deve proporcionar uma norma racional para a
conhecimento da relação positiva ou negativa
vida do homem. E, como os seus predecessores
entre as ideias é, segundo Locke, de dois tipos:
empiristas, ele sente, antes de mais nada, a
intuitivo e demonstrativo. No primeiro caso a
necessidade de instituir uma investigação sobre
relação é colhida intuitiva, imediata e
o conhecimento humano, elaborar uma
evidentemente. Por exemplo: 3 = 2 + 1. No
gnosiologia, para achar um critério de verdade.
segundo caso a relação é colhida mediatamente,
Podemos dizer que a sua filosofia se limita a este
recorrendo às ideias intermediárias, ao
problema gnosiológico, para logo passar a uma
raciocínio. Por exemplo: a existência de Deus
filosofia moral (e política, pedagógica, religiosa),
demonstrada pela nossa existência e pelo
sem uma adequada e intermédia metafísica.
princípio de causalidade. Naturalmente, a
Locke não parte, realisticamente, do ser, demonstração é inferior à intuição.
e sim, fenomenisticamente, do pensamento. No
nosso pensamento acham-se apenas ideias (no
44 IDEIAS METAFÍSICAS
sentido genérico das representações): qual é a Estamos, porém, ainda fechados no
sua origem e o seu valor? Locke exclui mundo subjetivo, fenomênico; de fato, tratou-se,
absolutamente as ideias e os princípios que deles até agora, de relações positivas ou negativas,
se formam, derivam da experiência; antes da concordes ou desacordes com as ideias.
experiência o espírito é como uma folha em Podemos nós sair desse mundo subjetivo e
branco, uma tabula rasa. atingir o mundo objetivo, isto é, podemos
No entanto, a experiência é dúplice: conhecê-lo imediatamente ou mediatamente na
sua existência e na sua natureza? Locke afirma-
externa e interna. A primeira realiza-se através
da sensação, e nos proporciona a representação o, sem mostrar, entretanto, como este
conhecimento do mundo externo possa
dos objetos (chamados) externos: cores, sons,
odores, sabores, extensão, forma, movimento, concordar com a sua geral (fenomenista)
etc. A segunda realiza-se através da reflexão, concepção e definição do conhecimento. É a
que nos proporciona a representação das sólita posição de um fenomenismo ainda não
plenamente consciente de si mesmo. Corta as
próprias operações exercidas pelo espírito sobre
os objetos da sensação, como: conhecer, crer, relações com o ser e vai para o fenomenismo
absoluto, mas tem ainda saudade desse ser do
lembrar, duvidar, querer, etc. Nas ideias
qual se isolou.
proporcionadas pela sensibilidade externa, Locke
distingue as qualidades primárias, absolutamente Em todo caso, Locke acredita poder
objetivas, e as qualidades secundárias, atingir, antes de tudo, o nosso ser, depois o de
subjetivas (objetivas apenas em sua causa). Deus, e, finalmente, o das coisas. O nosso ser
O nominalismo de Locke, compreende- seria intuitivamente percebido através da
se como, para ele, é impossível a ciência reflexão. A existência de Deus seria
verdadeira da natureza, considerada como racionalmente demonstrada mediante o princípio
de causa, partindo do conhecimento imediato de
conhecimento das leis universais e necessárias.
Locke julga também inaplicável à natureza a uma outra existência (a nossa). A existência das
coisas seria sentida invencivelmente, porque nos
matemática - reconhecendo-lhe embora o caráter
de verdadeira ciência - isto é, não acredita na sentimos passivos em nossas sensações, que
físico-matemática, à maneira de Galileu. deveriam ser causadas por seres externos a nós.
Entretanto, mesmo que a ciência da natureza não Entretanto, pelo que diz respeito ao
nos desse senão a probabilidade, a opinião, seria nosso ser, é mister ter presente que nós não
útil enquanto prática. Até aqui foram analisados e conhecemos intuitivamente a substância da
descritos os conteúdos de consciência. É mister alma, e sim as suas atividades. Pelo que diz
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

respeito a Deus, a prova da sua existência vale, mas renunciam unicamente ao direito de defesa
se vale absolutamente o princípio de causa - o e de fazer justiça, para conseguir que os direitos
que Locke não demonstrou. Enfim, pelo que diz inalienáveis sejam melhor garantidos. Antes, se
respeito às coisas externas, mesmo admitida a o estado violasse esses direitos inalienáveis, os
prova aduzida por Locke - segundo a confissão indivíduos teriam o direito e o dever de a ele
do próprio filósofo - tal prova vale apenas pelo resistir e de se revoltar contra o poder usurpador.
que concerne à existência das coisas, e não pelo A doutrina política de Locke, contida no seu
que concerne à natureza delas. De fato, segundo Tratado sobre o Governo Civil, é a expressão
a filosofia de Locke, não sabemos se as ideias da teórica do constitucionalismo liberal inglês, em
natureza das coisas correspondem à realidade contraste com a doutrina do absolutismo
das coisas. naturalista de Hobbes.
45 MORAL E POLÍTICA 46 IDEIAS PEDAGÓGICAS
Locke não admite, naturalmente, ideias e
princípios inatos nem sequer no campo da moral.
A sua moral, todavia, é muito mais intelectualista
do que empirista, pois ele lhe reconhece o caráter
de verdadeira ciência, universal e necessária.
Entretanto, não basta ter construído uma
moral em abstrato, embora racional. É preciso
torná-la praticamente eficaz, isto é, faz-se mister
uma obrigação moral, que se imponha à nossa
vontade. Ora, visto que é natural, no homem, a Fonte: www.pt.slideshare.net
tendência para o próprio bem-estar, é natural que Com respeito à religião, Locke toma uma
ele seja atingido pelas penas, pelas sanções, que atitude racionalista moderada. Admite uma
precisamente lhe impedem tal realização. Que religião natural, exigível também politicamente,
parte tem a liberdade da vontade em tudo isto? porquanto fundamentada na razão. E professa a
Locke nega, propriamente, o livre arbítrio, tolerância a respeito das religiões particulares,
porquanto nós nos inclinamos necessariamente históricas, positivas. Locke interessou-se
para um bem determinado e devemos desejar o especialmente pelos problemas pedagógicos,
bem maior. escrevendo os Pensamentos sobre a Educação.
Quanto à política, Locke deriva a lei civil Aí afirma a nossa passividade, pois nascemos
da lei natural, racional, moral, em virtude da qual todos ignorantes e recebemos tudo da
todos os homens - como seres racionais - são experiência; mas, ao mesmo tempo, afirma a
livres iguais, têm direito vida e à propriedade; e, nossa parte ativa, enquanto o intelecto constrói a
entretanto, na vida política, não podem renunciar experiência, elaborando as ideias simples.
a estes direitos, sem renunciar à própria Afirma-se que todos nascemos iguais,
dignidade, à natureza humana. Locke admite um dotados de razão; mas, ao mesmo tempo, todos
originário estado de natureza antes do estado temos temperamentos diferentes, que devem ser
civilizado. Não, porém, no sentido brutal e desenvolvidos de conformidade com o
egoísta de inimizade universal; mas em um temperamento de cada um. Esta educação
sentido moral, em virtude do qual cada um sente individual não exclui, mas implica a educação, a
o dever racional de respeitar nos outros a mesma formação social, para ampliar, enriquecer a
personalidade que nele se encontra. própria personalidade. Tem muita importância a
Também Locke admite a passagem do obra do educador, mas é fundamental a
estado de natureza ao estado civilizado, colaboração do discípulo, pois trata-se da
porquanto, no primeiro, falta a certeza e a formação do intelecto, da razão, que é,
regularidade da defesa e da punição, que existe necessariamente, autônoma. A formação
no segundo, graças à autoridade do superior. educacional consiste, portanto,
Entretanto, estipulando este contrato social, os fundamentalmente, no desenvolvimento do
indivíduos não renunciam a todos os direitos, intelecto mediante a moral, precisamente pelo
porquanto os direitos que constituem a natureza fato de que se trata de formar seres conscientes,
humana (vida, liberdade, bens), são inalienáveis; livres, senhores de si mesmos. Por conseguinte,
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

a educação deve ser formativa, desenvolvendo o Questão 03


intelecto, e não informativa, erudita, mnemônica.
"O homem é condenado a ser livre". Esta
Igualmente Locke é fautor de educação física,
frase de Jean Paul Sartre sintetiza o movimento
mas como o meio para o domínio de si mesmo.
filosófico, que marcou a Europa no pós-Segunda
Guerra Mundial, a saber o (a):

ATIVIDADES DE FIXAÇÃO
a) Estruturalismo.
b) Pós-modernidade.
c) Pós-estruturalismo.
Questão 01
A chamada Escola de Frankfurt marcou
d) Dodecafonismo.
a Filosofia da primeira metade do século XX, e) Existencialismo.
tendo como temática chave a (o) desestruturação
das ideias herdadas do materialismo histórico.
Questão 04
O estruturalismo, surgido na França da
a) Crítica da indústria cultural e do
primeira metade do século XX, exerceu uma forte
capitalismo.
influência em relação ao modo de pensar de
b) Reestruturação do socialismo francês do vários intelectuais, nas mais distintas áreas com
século XIX. abrangências na Antropologia, na Filosofia, na
História. Essa forma de pensar as estruturas
c) Dilema entre a ética e as políticas públicas sociais encontra respaldo, principalmente, na
liberais.
obra de:
d) Crítica da razão em moldes pós-
estruturalistas.
a) Jürgen Habermas.
Questão 02 b) Marti Heidegger.
Nos estudos sobre Fenomenologia, a c) Antonio Gramsci.
obra de Martin Heidegger se destaca como
referência indiscutível. Sobre este grande
d) Gilles Deleuze.
pensador do século XX, é CORRETO afirmar e) Claude Levi-Strauss.
que:

Questão 05
a) Se opôs ao Nazismo alemão, sendo uma
A perspectiva neopositivista da filosofia
das figuras emblemáticas da resistência ao
do século XX encontra repercussão na obra dos
totalitarismo e ao antissemitismo.
autores citados abaixo, com EXCEÇÃO de:
b) Desenvolveu uma filosofia da existência
totalmente pautada nas contribuições de
seu mestre Husserl. a) Ludwig Wittgenstein.
c) Defendeu a reestruturação do conceito de b) Jacques Lacan.
subjetividade, apresentando-o como
c) Karl Popper.
substituto do conceito de racionalidade.
d) Bertrand Russell.
d) Dentre suas obras, destaca-se a
publicação de Ser e Tempo. e) Rudolf Carnap.
e) Não se interessou pelo estudo das
relações entre ciência e tecnologia.
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

Questão 06 d) Hermenêutica.
Nascido em Viena, Áustria, em 1859, e) Linguística.
este filósofo, lógico e matemático, que faleceu
em 1951, concentrou suas investigações
filosóficas na análise da lógica da linguagem e Questão 09 - Considere as proposições
nos seus diversos usos, tendo suas idéias abaixo acerca das caraterísticas de alguns
influenciado diversas áreas do pensamento filósofos contemporâneos.
contemporâneo. Dentre seus trabalhos, podemos
destacar o Tractatus Logico - Hilosophicus e a
I- Simone de Beauvoir, além de ser uma das
grandes teóricas do feminismo moderno,
Investigação Filosáfica. Estamos nos referindo a:
se destacou no existencialismo.
II- Hannah Arendt, em sua obra, procurou
a) Cornelius Castoriadis. articular a reflexão sobre política, técnica,
b) Sören Kierkegaard. ética, trabalho e a própria atividade
intelectual da reflexão.
c) Matthew Lipman.
III-Cornelius Castoriadis busca dar sua
d) Karl Jaspers. contribuição ao pensamento filosófico
contemporâneo, recuperando a tradição
e) Ludwig Wittgenstein.
grega em confronto com as principais
correntes de pensamentos da atualidade,
como o marxismo e a fenomenologia.
Questão 07
Considerando-se as afirmativas
O pensamento de Michel Foucault
acima, é CORRETO afirmar que:
exerce influência atualmente em várias áreas do
conhecimento humano e da produção científica.
Foucault produziu sua obra na segunda metade
a) Todas as proposições são falsas.
do século XX, e sobre ela é CORRETO afirmar
que: b) Apenas II está correta.
c) Todas as afirmações estão corretas.
a) Sofreu forte influência do positivismo. d) Apenas III está incorreta.
b) Abordou, de forma praticamente pioneira, e) Só I está correta.
temas, como a loucura e a sexualidade.
c) Refutou ideias defendidas por Nietzsche
no século XIX. Questão 10
A Educação e a Sociedade andam
d) Desenvolveu propostas levantadas
sempre em constante compasso. O professor de
anteriormente por Habermas.
Filosofia tem de estar atento a esta realidade. A
e) Encontrou no pragmatismo sua melhor sociedade vem mudando nos últimos anos e
classificação. desejando outro tipo de pessoa, tanto no nível de
relações com o conhecimento quanto no de
relações afetivas, éticas e político-sociais. Neste
Questão 08 contexto, a Filosofia:
As obras de Gilles Deleuze e de Michel
Foucault estão ligadas à chamada:
a) Pode ajudar nesse sentido, pois atua no
aprimoramento do pensar e oferece
a) Arqueogenealogia. oportunidades de aprender a aprender.

b) Psicanálise. b) É completamente dispensável, já que a


sociedade contemporânea prioriza o
c) Fenomenologia. conhecimento tecnicista.
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

c) Se torna incapaz de responder às que eu existo porque eu penso”. Cogito, ergo


inquietações da sociedade, por trabalhar sum, isto é, “Penso, logo existo”: eis a primeira
com utilidades imediatas. certeza cartesiana, da qual é possível ter-se uma
ideia clara e distinta. O Cogito cartesiano (“eu
d) Não encontra espaço no currículo escolar, penso”) fundamenta a possibilidade da ciência:
por ser um conhecimento dispensável no admitem-se como verdade apenas ideias claras
atual projeto pedagógico. e distintas. A evidência racional é o critério que
e) Não dialoga com as necessidades exigidas deve guiar todo o ser humano na construção do
do pensar, comunicar-se, agir e sentir. conhecimento.
48 LOCKE: A CONSCIÊNCIA – O EU, A
PESSOA, O CIDADÃO E O SUJEITO.
47 DESCARTES E AS CONDIÇÕES DO
CONHECIMENTO VERDADEIRO

Fonte: www.slideplayer.com.br
Fonte: www.recreiobrasil.com
René Descartes (1596-1650), filósofo John Locke (1632-1704), também
francês, e reconhecidamente o “pai da filosofia filósofo inglês, expõe em sua obra Ensaio acerca
moderna” é o principal representante do do entendimento humano, os fundamentos do
empirismo. Tem como finalidade principal
racionalismo, cujos fundamentos se encontram
“investigar a origem, certeza e extensão do
em suas obras Discurso sobre o método e
conhecimento humano”. Para Locke, a mente
Meditações metafísicas. Movido pelo espírito
humana é uma folha de papel em branco (tabula
científico da época e apoiado na matemática,
rasa) e todas as ideias têm origem em duas
uma de suas paixões, Descartes encaminha suas
reflexões filosóficas em direção à verdade. A fontes, a sensação e a reflexão.
percepção de que o homem se engana com Suponhamos, pois, que a mente é, como
facilidade e de que os conhecimentos dissemos, um papel em branco, desprovido de
provenientes dos sentidos são muitas vezes todos os caracteres, sem quaisquer ideias; como
duvidosos, impulsiona Descartes na busca de ela será suprida? De onde lhe provém este vasto
certezas inabaláveis. estoque, que a ativa e que a ilimitada fantasia do
Dessa maneira, ele encontra na dúvida homem pintou nela com uma variedade quase
um caminho seguro para encontrar a verdade: infinita? De onde apreende todos os materiais da
razão e do conhecimento? A isso respondo,
Converte a dúvida em método. Começa
duvidando de tudo, das afirmações do senso numa palavra, da experiência.
comum, dos argumentos da autoridade, dos Todo o nosso conhecimento está nela
testemunhos dos sentidos, das informações da fundado, e dela deriva fundamentalmente o
consciência, das verdades deduzidas pelo próprio conhecimento. Empregada tanto nos
raciocínio, da realidade do mundo exterior e da objetos sensíveis externos como nas operações
realidade do seu próprio corpo. internas de nossas mentes, que são por nós
mesmos percebidas e refletidas, nossa
A dúvida metódica conduz descartes a
observação supre nossos entendimentos com
um primeiro conjunto de verdades: “Eu duvido,
isso é certo. Se duvido, é porque eu penso, isso todos os materiais do pensamento. Dessas duas
fontes jorram todas as nossas ideias, ou as que
também é certo. Se eu penso, eu existo: é certo
possivelmente teremos.
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

Em primeiro lugar, os sentidos percebem é representada por Platão na metáfora da


os objetos sensíveis e imprimem na mente as “alegoria da caverna”, no momento em que um
imagens desses objetos. Nisso consiste a dos homens presos no fundo de uma caverna
sensação, uma experiência externa, primeira consegue se libertar do conhecimento da roxa,
fonte das ideias para efetivar o conhecimento enxergando a luz da verdadeira realidade. “O
humano. Em segundo lugar, as operações da caminho da Filosofia, para Platão, era o de
própria mente sobre as ideias que já possui conhecer a realidade por conceitos, até perceber
constituem a segunda fonte de ideias, que a própria realidade é ela mesma, o mundo
denominada reflexão, uma experiência interna, das ideias, dos conceitos puros, ou mais
que consiste na percepção das operações que a exatamente, das formas puras” (Ghiraldelli, 2001,
própria mente realiza – a percepção, o p.32-33).
pensamento, o duvidar, o crer, o raciocinar, o Na visão platônica, a filosofia deveria
conhecer, o querer e todos os diferentes atos de transcender a contingência histórica,
nossas próprias mentes. contribuindo para o processo de esclarecimento
Quanto à política, Locke deriva a lei civil da verdadeira sabedoria, na superação das
da lei natural, racional, moral, em virtude da qual falsas crenças, lançando a ideia de uma
todos os homens – como seres racionais – são educação para a virtude, uma educação perfeita,
livres iguais, têm direito vida e à propriedade; e, com a qual o homem se torna culto e erudito. A
entretanto, na vida política, não podem renunciar epistemologia, enquanto teoria do conhecimento,
a estes direitos, sem renunciar à própria é o campo da filosofia que se debruça sobre uma
dignidade, à natureza humana. Locke admite um série de questões representadas pelo seguinte
originário estado de natureza antes do estado esquema:
civilizado. Não, porém, no sentido brutal e Assim, a nossa “missão” nesta aula é
egoísta de inimizade universal; mas em um
acompanhar as diferentes respostas dadas pelos
sentido moral, em virtude do qual cada um sente filósofos a esses questionamentos e, se possível,
o dever racional de respeitar nos outros a mesma
criamos, nós mesmos, novas e intrigantes
personalidade que nele se encontra.
perguntas. Mas, antes, precisamos refletir sobre
algumas questões preliminares. Objetivos de
aprendizagem:
49 NA EDUCAÇÃO

• Relacionar os diversos tipos de


conhecimento;
• Identificar e compreender as condições de
possibilidade do conhecimento;
• Diferenciar e articular os principais
argumentos das epistemologias
abordadas.

E, nessa expectativa, a educação


Fonte: www.pt.slideshare.net acabou tornando-se objeto de estudos e reflexão
da filosofia desde os tempos gregos. Pode-se
A relação da filosofia com a educação dizer que a filosofia da educação surgiu do forte
existe desde o mundo grego. Os filósofos gregos, vínculo entre a filosofia e a pedagogia
em busca da Arete humana, foram os que deram estabelecido no decorrer dos anos, pois a
início às discussões sobre a filosofia da filosofia, preocupada com as formas do
educação e seu sentido no mundo. Viam na conhecimento perfeito, orientou o homem
educação um meio necessário para o alcance de segundo a razão, inferindo um pensamento
uma cultura ideal e de uma alma purificada, pedagógico que busca a perfeição. Assim,
capaz de elevar o homem ao conhecimento percebe-se a disciplina sendo marcada pela
inteligível, apostando na busca de um ideal história do pensamento filosófico, com
artístico de cultura. A busca pela educação ideal
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

fundamentos e objetivos voltados aos biológico e humano (psíquico, social, político e


entendimentos da tradição. histórico). Assim, por exemplo, a organização do
processo de trabalho nas indústrias é
Na questão da educação, Locke afirma-
se que todos nascemos iguais, dotados de razão; considerada científica, pois se baseia nos
mas, ao mesmo tempo, todos temos conceitos de psicologia, sociologia, economia
temperamentos diferentes, que devem ser etc., que permite dominar e controlar o trabalho
humano (controle mente e corpo, segundo
desenvolvidos de conformidade com o
Foucault).
temperamento de cada um. Esta educação
individual não exclui, mas implica a educação, a A lógica, a serviço da razão e a medida
formação social, para ampliar, enriquecer a em que esta se torna instrumental, a ciência
própria personalidade. Tem muita importância à torna-se um instrumento de dominação, mas que
obra do educador, mas fundamental a não seja percebida como tal, cria suas ideologias
colaboração do discípulo, pois se trata da através da escola e dos meios de comunicação
formação do intelecto, da razão, que é, de massa. A ciência humana considera o próprio
necessariamente, autônoma. A formação homem como seu objeto. Esta ideia do homem
educacional consiste, portanto, como objeto de estudo científico surgiu no século
fundamentalmente, no desenvolvimento do XIX, bastante recente, e procura empregar meios
intelecto mediante a moral, precisamente pelo racionais para definir os acontecimentos
fato de que se trata de formar seres conscientes, históricos, a razão do homem nesse aspecto e
livres, senhores de si mesmos. Por conseguinte, suas relações com o meio, as transformações
a educação deve ser formativa, desenvolvendo o das sociedades e das estruturas sociais.
intelecto, e não informativa.
51 O PENSAMENTO GREGO: PLATÃO

50 O MÉTODO CIENTÍFICO E AS
CIÊNCIAS HUMANAS

Fonte: www.pt.slideshare.net

O pensamento político de Platão é


decorrente da sua forma de explicar a realidade
através da Teoria das Ideias. Vamos, então,
Fonte: www.slideplayer.com.br explicar a Teoria das Ideias. Platão afirma que
existem dois mundos: um mundo sensível e um
mundo inteligível. O mundo sensível é marcado
O filósofo Francis Bacon, no início do pelas aparências porque é apenas cópia e
século XVII, criou uma expressão ao referir-se ao sombra do mundo das Ideias. O mundo das
objeto do conhecimento científico: “A Natureza Ideias é o lugar das essências imutáveis de todas
atormentada”, ou seja, fazer a natureza reagir a as coisas, dos verdadeiros modelos e arquétipos.
condições artificiais criadas pelo homem, que O mundo das Ideias é o único mundo verdadeiro.
poderia controlar e dominar a natureza. Dessa
forma, o homem não se contenta somente em As ideias, também chamadas de
conhecer as coisas, mas transformá-las, de protótipos ou formas, são modelos únicos e
modo artificial, a construção do mundo físico, perfeitos de todas as coisas existentes. As ideias
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

não têm matéria e são inacessíveis aos sentidos. prisão da alma. É necessário que a alma se
Somente a alma tem acesso ao conhecimento liberte do corpo para que possa retornar ao
das ideias. As Ideias são eternas, perfeitas e Mundo das Ideias, onde tudo é perfeito. A partir
imutáveis. Há uma Ideia para cada série de desse pensamento, Platão considera que as
homens, mulheres, animais e demais seres atividades intelectuais são mais importantes do
existentes. Estas ideias obedecem uma que as atividades manuais. Em função dessa
hierarquia e em seu ponto mais alto está a Ideia teoria e devido a sua frustração em relação à
do BEM, a mais perfeita e mais geral de todas. democracia ateniense (é importante lembrar que
Todos os seres existem à medida em que foram os políticos atenienses que condenaram
participam do BEM, considerado a Beleza Sócrates à morte), Platão propôs a constituição
Suprema, isto é, o Deus de Platão. Todos os de um governo e de uma sociedade totalmente
seres são criados pelo Demiurgo (um ser divino diferentes - a República - para superar a
artesão), que contempla as Ideias e, usando uma democracia decadente e autoritária de Atenas.
matéria-prima, vai moldando tudo o que existe. A A República, idealizada por Platão, seria
matéria resiste a essa fabricação e surge a governada por pessoas inspiradas pelo bem
diversidade dos seres da mesma espécie. Platão comum. A República de Platão deveria ser
tem uma concepção dualista do ser humano. Nós
dividida em três grupos sociais, semelhança das
somos formados pelo corpo e pela alma. almas dos indivíduos: os filósofos, grupo
O corpo está ligado ao mundo sensível e dirigente que corresponde alma racional, os
a alma está ligada ao mundo das Ideias. Os dois guardiães ou soldados, encarregados da defesa
estão juntos, mas a convivência é marcada pela da cidade, equivalem à alma irascível, os
violência. A alma vivia no mundo das Ideias de produtores (agricultores e artesãos) são
forma livre e independente. Ao se encarnar, a comparados à alma concupiscível. Os dirigentes
alma imortal deve viver aprisionada num corpo receberiam uma longa, complexa e exigente
corruptível e mortal, que resiste à sua orientação. educação, que teria por base a ginástica, a
O corpo é fonte dos baixos instintos e das música, a poesia e a história, passando pela
paixões e precisa ser conduzido pela alma. A matemática e culminando na filosofia, a ciência
alma precisa se libertar dos desejos e paixões do Bem. Só tendo contemplado o Bem, alguém
físicas para voltar purificada ao mundo das seria capaz de participar do governo da cidade,
Ideias, onde ficará de acordo com a sua voltando-se para o interesse geral. A classe dos
evolução, aguardando o momento de voltar ao produtores receberia uma educação elementar
mundo sensível ou ficar definitivamente no até os vinte anos e depois as pessoas
Mundo das Ideias (Platão acreditava na assumiriam as suas funções de trabalho manual.
reencarnação). A alma racional ou intelectiva, A classe dos guardiões receberia uma educação
que corresponde à razão, reside na cabeça. A até os trinta anos para o melhor desempenho da
alma irascível reside no peito e corresponde às defesa da cidade. A classe dirigente continuaria
emoções e à agressividade. seus estudos. Aos cinquenta anos, os membros
da classe dirigente que passassem por todos os
A alma concupiscível está localizada no
ventre e fica voltada para os prazeres do mundo testes e provações seriam admitidos no corpo
sensível. A alma racional tem a tarefa de manter supremo dos magistrados.
a harmonia entre elas. O conhecimento Vejam, de forma esquemática, como
verdadeiro ocorre através da alma racional. A seria a estrutura social da República defendida
alma teve uma vida anterior no mundo das Ideias por Platão.
e contemplou os objetos únicos e perfeitos.
Vivendo no mundo sensível, a alma vai se
recordando das Ideias que havia contemplado na República o Classe Dirigente - Filósofos
vida anterior no mundo das Ideias. As almas - Alma Racional - Governo da Cidade o Classe
precisam recordar o conhecimento porque ao dos Guardiães - Soldados - Alma Irascível -
voltarem para o mundo material, elas bebem a Defesa da Cidade o Classe dos Produtores -
água do rio do esquecimento, ainda no mundo Agricultores e Artesãos - Alma Concupiscível -
das Ideias. Manutenção da Cidade
Vocês notaram, assim, que para Platão,
a alma é superior ao corpo, que é considerado a
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

52 ARISTÓTELES pensamento difere dos gregos que tratavam a


política numa linha normativa, isto é, a
idealização de um governante para administrar
os assuntos da polis, e do pensamento medieval
que abordava a política em uma perspectiva
religiosa. Maquiavel trabalha a política com uma
postura autônoma, isto é, não busca mais
idealizar um governante ou explicar os
acontecimentos políticos sob a ótica da religião.
Pelo contrário, Maquiavel desenvolve um
pensamento realista, por isso é considerado o
fundador da ciência política.
Fonte: www.netmundi.org
Por isso, sua preocupação é analisar
Aristóteles afirmava que o ser humano é, como os homens agem de fato para
por natureza, um animal social e político. conquistarem e se manterem no poder, a fim de
Portanto, o fato do homem viver em sociedade é proporcionar a melhor prática da ação política.
uma consequência natural da sua própria Maquiavel garante a autonomia da ciência
essência. O ser humano, por ser social e político, política, afastando-a do controle da religião,
deve viver na polis, ou seja, na cidade. Aristóteles fazendo da reflexão política uma atividade
defendia que o dever do Estado era garantir o secularizada, ou seja, centrada nas questões
bem-estar do cidadão. No entanto, Aristóteles concretas do cotidiano independente da
tem uma visão elitista da política. Para ele, só autoridade religiosa. Para Maquiavel, o
poderia exercer um cargo político quem tivesse governante virtuoso é aquele que age certo na
tempo livre para atuar nas assembleias. Ora, hora certa, ou seja, sabe aproveitar os momentos
trabalhadores e escravos estariam eliminados de certos para agir, a fim de conquistar e manter o
participar dos destinos da polis, ou seja, de serem poder. Todos os valores éticos são vistos sob a
cidadãos participativos da política, porque ótica das consequências do ato político. Em
deveriam estar continuamente trabalhando. determinados momentos, por exemplo, o
Somente os proprietários (elite) teriam condições governante precisará agir com força, caso seja
efetivas de trabalharem como políticos. necessária para conter uma revolta que esteja
ameaçando o controle da situação de quem está
no poder. Podemos ver em Maquiavel um
53 O PENSAMENTO POLÍTICO
pensador que tem uma visão pragmática da ação
MODERNO política, ou seja, sua preocupação é mostrar
como e porque pessoas conseguiram se manter
ou não no poder. Sua contribuição está
exatamente no fato de estabelecer a autonomia
da ciência política.
54 OS SOFISTAS
Os mitos gregos eram recolhidos pela
tradição e transmitidos oralmente pelos medos e
lapsodos, cantores ambulantes que davam forma
poética a esses relatos e os recitavam de cor em
praça pública. A grande aventura intelectual não
começa propriamente na Grécia Continental,
mas nas colônias gregas: na Jônia e na Magna,
foi lá que se originou o pensar filosófico. Neste
trabalho mostraremos quem eram os sofistas, o
Fonte: www.pt.slideshare.net pensamento político de Platão (suas obras e
legado para a Filosofia), mostraremos também
que foi Aristóteles e suas formas de governo.
Maquiavel (1469-1527) realiza uma
revolução no modo de pensar a política. O seu
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

O centro de suas teorias era a de ideias


e formas. Platão defendia que nós seres
humanos participamos de dois mundos
diferentes. O primeiro é o mundo físico no qual
experimentamos através de nossos sentidos
corporais e através desses sentidos temos
contato com o mundo inferior.
O outro mundo no qual Platão chama de
mundo superior ou mundo das formas composto
de essência imaterial e eterna que para ele é o
mundo ideal no qual aprendemos com nossas
Fonte: www.pt.slideshare.net mentes. Ele defendia que o que encontramos no
Um tanto difícil discorrer sobre tudo, mas mundo físico são cópias ou exemplos imperfeitos
tentaremos expor através de pesquisas (em de absolutos imutáveis como bondade, justiça,
livros didáticos e também livros de autoria de beleza e verdade. E também acreditava que
Platão e Aristóteles) o pensamento político grego essas formas do mundo ideal existiriam
e sua política normativa. Os sofistas sempre independente de alguém pensar nelas e que são
foram mal interpretados devido às críticas que universais, ou seja, podem estar em várias coisas
deles faziam Sócrates e Platão. A história da ao mesmo tempo.
filosofia nos dá nem faz referência a eles. Para Platão, o mundo concreto percebido
A palavra sofista, etimologicamente, vem pelos sentidos é uma pálida reprodução do
de sophos, que significa “sábio”, ou melhor, mundo das Ideias. Cada objeto concreto que
“professor de sabedoria”. Mas no sentido existe participa, junto com todos os outros
pejorativo, significa “homem que emprega objetos de sua categoria de uma Ideia perfeita.
sofismas”, ou seja, alguém que usa de raciocínio Uma determinada caneta, por exemplo,
capcioso, de má fé, com intenção de enganar. terá determinados atributos (cor, formato,
Bem verdade que este momento não se tamanho etc). Outra caneta terá outros atributos,
dirige ao povo em geral, mas a uma elite, àqueles sendo ela também uma caneta, tanto quanto a
bons oradores que poderiam, nas assembleias outra. Aquilo que faz com que as duas sejam
públicas, fazer uso da palavra livre e pronunciar canetas é, para Platão, a Ideia de Caneta,
discursos convincentes e oportunos. A retórica perfeita, que esgota todas as possibilidades de
será o instrumento desse processo e os sofistas, ser caneta. A ontologia de Platão diz, então, que
os mestres, da nova arte política. algo é na medida em que participa da Ideia desse
objeto. No caso da caneta é irrelevante, mas o
foco de Platão são coisas como o ser humano, o
55 TEORIA DOS DOIS MUNDOS bem ou a justiça, por exemplo.
DEFENDIDA POR PLATÃO Os mais famosos sofistas foram:
Protágoras, Górgias, Híppias, Trasímaco,
Pródico, Hipódamos, etc. vindos de todas as
partes do mundo grego desenvolvem um ensino
itinerante pelos locais em que passam, mas não
se fixam em lugar nenhum. Para escândalo dos
seus contemporâneos costumam cobrar pelas
aulas. Por esse motivo, Sócrates os acusava de
prostituição.
Outra obra importante foi a
sistematização do ensino. Formam um currículo
de estudos: gramática - da qual foram os
iniciadores - retórica e dialética. Com o
Fonte: pt.slideshare.net brilhantismo da participação no debate público,
deslumbram os jovens do seu tempo.
Desenvolvem um espírito crítico e a facilidade de
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

expressão, mas são com frequência acusados de e o nível social, econômico e cultural de seus
superficialidade e logo maquia, ou seja, de alunos e alunas. Educadores e educadoras não
pronunciar um discurso vazio, um palavreado podem se colocar na posição de ser superiores,
oco. Não deixaram obra escrita, apenas citações que ensinam um grupo de ignorantes, mas sim
de outros filósofos, e como já vimos sempre na posição humilde daqueles que comunicam um
tendenciosas. saber relativo a outros que possuem outro saber
relativo.
56 O PAPEL SOCIAL DO PROFESSOR:
UMA CONTRIBUIÇÃO DA FILOSOFIA Como educadores engajados em um
processo de transformação social, necessita-se
DA EDUCAÇÃO que esses profissionais acreditem na educação,
e, mesmo não tendo uma visão ingênua,
acreditando que essa sozinha possa transformar
a sociedade em que está inserida, e acreditem
que sem ela nenhuma transformação profunda
se realizará. É preciso confiar nessas mudanças
e esperar o inesperado.
Observamos nesse curso que toda teoria
pedagógica tem seus fundamentos baseados
num sistema filosófico. É a filosofia que,
expressando uma concepção de homem e de
mundo, dá sentido à Pedagogia, definindo seus
objetivos e determinando os métodos da ação
Fonte: www.pt.slideshare.net educativa. Nesse sentido, não existe educação
neutra. Ao trabalhar na área de educação, é
sempre necessário tomar partido, assumir
Vive-se um momento de profundas posições. E toda escolha de uma concepção de
transformações. Não se sabe ao certo para onde educação é, fundamentalmente, o reflexo da
se caminha e nem qual o caminho a trilhar. A escolha de uma filosofia de vida. Ao pensar
sociedade atual encontra-se em profunda crise, filosoficamente, o educador foge da simplicidade,
na qual somos remetidos a repensar nossos da ingenuidade e das explicações mágicas ao
valores e atitudes. Nesse contexto incerto, o interpretar os problemas do cotidiano, buscando
papel do profissional da educação precisa ser aprofundar sua análise, não se satisfazendo com
repensado. É necessário que o professor se as aparências, buscando a causalidade dos fatos
posicione não mais neutro, ele pode ascender à de forma inquieta e intensa.
sociedade usando a educação como instrumento
de luta, levando a população a uma consciência A educação é considerada o único
crítica que supere o senso comum. instrumento apropriado para a construção de
uma sociedade laica e justa, gerenciada por um
Nessa perspectiva, entende-se que o aparelho estatal que se inaugura a partir de um
povo de posse desse saber mais elaborado projeto político iluministicamente concebido e
poderá vir a ter condições de se proteger contra juridicamente implementado. Nessa perspectiva,
a exploração das classes dominantes se cabe à filosofia da educação empenhar-se na
organizando para a construção de uma construção de uma imagem de homem como
sociedade melhor, menos excludente, e sujeito da educação, buscando uma visão
realmente democrática. Não se pode esperar que integradora que leve em consideração a
tal organização brote espontaneamente, mas sim historicidade desse ser.
por meio da educação que pode caminhar lado a
lado com a prática política do povo.
Educadores e educadoras precisam ATIVIDADES DE FIXAÇÃO
engajar-se social e politicamente, percebendo as
possibilidades da ação social e cultural na luta
pela transformação das estruturas opressivas da
sociedade classista. Para isso, antes de tudo Questão 01
necessitam conhecer a sociedade em que atuam, Leia o texto para responder à questão.
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

Platão: c) A necessidade de buscar, de forma


A massa popular é assimilável por racional, a causa primeira das coisas
natureza a um animal escravo de suas paixões e existentes.
de seus interesses passageiros, sensível à d) A ambição de expor, de maneira metódica,
lisonja, inconstante em seus amores e seus as diferenças entre as coisas.
ódios; confiar-lhe o poder é aceitar a tirania de
um ser incapaz da menor reflexão e do menor e) A tentativa de justificar, a partir de
rigor. Quanto às pretensas discussões na elementos empíricos, o que existe no real.
Assembleia, são apenas disputas contrapondo
opiniões subjetivas, inconsistentes, cujas
contradições e lacunas traduzem bastante bem o Questão 03
seu caráter insuficiente. (Citado por: CHATELET, Leia a letra da canção a seguir.
F. História das Ideias Políticas. Rio de Janeiro:
Zahar, 1997, p. 17). Os argumentos de Platão,
filósofo grego da antiguidade, evidenciam uma Nada do que foi será
forte crítica à:
De novo do jeito que já foi um dia
Tudo passa
a) Oligarquia Tudo sempre passará
b) República A vida vem em ondas

c) Democracia Como um mar


Num indo e vindo infinito
d) Monarquia
Tudo que se vê não é
e) Plutocracia
Igual ao que a gente
Viu há um segundo
Questão 02
Tudo muda o tempo todo
A filosofia grega parece começar com
No mundo […]
uma ideia absurda, com a proposição: a água a
origem e a matriz de todas as coisas. Será
mesmo necessário deter-nos nela e levá-la a Fonte: SANTOS, Lulu; MOTTA, Nelson.
sério? Sim, e por três razões: em primeiro lugar, Como uma onda. In: Álbum MTV ao vivo. Rio de
porque essa proposição enuncia algo sobre a Janeiro: Sony-BMG, 2004.
origem das coisas; em segundo lugar, porque o
faz sem imagem e fabulação; e enfim, em terceiro Da mesma forma como canta o poeta
lugar, porque nela embora apenas em estado de contemporâneo, que vê a realidade passando
crisálida, está contido o pensamento: Tudo é um. como uma onda, assim também pensaram os
NIETZSCHE. F. Crítica moderna. In: Os pré- primeiros filósofos conhecidos como Pré-
socráticos. São Paulo: Nova Cultural. 1999 socráticos que denominavam a realidade de
physis. A característica dessa realidade
O que, de acordo com Nietzsche, representada, também, na música de Lulu
caracteriza o surgimento da filosofia entre os Santos é o (a):
gregos?

a) Fluxo
a) O impulso para transformar, mediante
justificativas, os elementos sensíveis em b) Estática.
verdades racionais.
c) Infinitude
b) O desejo de explicar, usando metáforas, a d) Desordem
origem dos seres e das coisas.
e) Multiplicidade
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

sua sociedade. No entanto, essas regras não


passavam de invenções humanas. RACHELS.
Questão 04 J. Problemas da filosofia. Lisboa: Gradiva,
Leia o texto a seguir. 2009

O sofista Trasímaco, personagem


Pois manifesto que a ciência a adquirir imortalizado no diálogo A República, de Platão,
é a das causas primeiras (pois dizemos que sustentava que a correlação entre justiça e ética
conhecemos cada coisa somente quando é resultado de:
julgamos conhecer a sua primeira causa); ora, a) Determinações biológicas impregnadas na
causa diz-se em quatro sentidos: no primeiro, natureza humana.
entendemos por causa a substância e a
essência (o “porquê” reconduz-se pois à noção b) Verdades objetivas com fundamento
última, e o primeiro “porquê” é causa e anterior aos interesses sociais.
princípio); a segunda causa é a matéria e o c) Mandamentos divinos inquestionáveis
sujeito; a terceira é a de onde vem o início do legados das tradições antigas.
movimento; a quarta causa, que se opõe à
precedente é o “fim para que” e o bem (porque d) Convenções sociais resultantes de
este é, com efeito, o fim de toda a geração e interesses humanos contingentes.
movimento). Adaptado de: ARISTÓTELES.
e) Sentimentos experimentados diante de
Metafísica. Trad. De Vincenzo Cocco. São
determinadas atitudes humanas.
Paulo: Abril S. A. Cultural, 1984. p.16. (Coleção
Os Pensadores.)
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

Com base no texto e nos conhecimentos Leia o texto a seguir e responda à (s)
sobre o tema, assinale a alternativa que indica, próxima (s) questão (ões).
corretamente, a ordem em que Aristóteles
apresentou as causas primeiras:
De onde vem o mundo? De onde vem o
universo? Tudo o que existe tem que ter um
a) Causa final, causa eficiente, causa começo. Portanto, em algum momento, o
material e causa formal. universo também tinha de ter surgido a partir
de uma outra coisa. Mas, se o universo de
b) Causa formal, causa material, causa final repente tivesse surgido de alguma outra coisa,
e causa eficiente. então essa outra coisa também devia ter
surgido de alguma outra coisa algum dia. Sofia
c) Causa formal, causa material, causa
entendeu que só tinha transferido o problema
eficiente e causa final.
de lugar. Afinal de contas, algum dia, alguma
d) Causa material, causa formal, causa coisa tinha de ter surgido do nada. Existe uma
eficiente e causa final. substância básica a partir da qual tudo é feito?
A grande questão para os primeiros filósofos
e) Causa material, causa formal, causa final não era saber como tudo surgiu do nada. O
e causa eficiente.
que os instigava era saber como a água podia
se transformar em peixes vivos, ou como a
terra sem vida podia se transformar em
Questão 05
árvores frondosas ou flores multicoloridas.
Trasímaco estava impaciente porque Adaptado de: GAARDER, J. O Mundo de
Sócrates e os seus amigos presumiam que a Sofia. Trad. De João Azenha Jr. São Paulo:
justiça era algo real e importante. Trasímaco Companhia das Letras, 1995. p.43-44
negava isso. Em seu entender, as pessoas
acreditavam no certo e no errado apenas por
terem sido ensinadas a obedecer às regras da
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

numa longa exposição ou empregar o método


Questão 06 interrogativo? Estrangeiro: – Com um parceiro
assim agradável e dócil, Sócrates, o método mais
Com base no texto e nos conhecimentos fácil é esse mesmo; com um interlocutor. Do
sobre o surgimento da filosofia, assinale a contrário, valeria mais a pena argumentar apenas
alternativa correta: para si mesmo. (Platão. O sofista, 1970.
Adaptado.)

a) Os pensadores pré-socráticos explicavam É correto afirmar que o interlocutor de


os fenômenos e as transformações da Sócrates escolheu, do ponto de vista
natureza e porque a vida é como é, tendo metodológico, adotar:
como limitador e princípio de verdade
irrefutável as histórias contadas acerca do
mundo dos deuses. a) A maiêutica, que pressupõe a
contraposição dos argumentos.
b) Os primeiros filósofos da natureza tinham
a convicção de que havia alguma b) A dialética, que une numa síntese final as
substância básica, uma causa oculta, que teses dos contendores.
estava por trás de todas as transformações c) O empirismo, que acredita ser possível
na natureza e, a partir da observação, chegar ao saber por meio dos sentidos.
buscavam descobrir leis naturais que
fossem eternas. d) O apriorismo, que funda a eficácia da
razão humana na prova de existência de
c) Os teóricos da natureza que deus.
desenvolveram seus sistemas de
pensamento por volta do século VI a.C. e) O dualismo, que resulta no ceticismo sobre
partiram da ideia unânime de que a água a possibilidade do saber humano.
era o princípio original do mundo por sua
enorme capacidade de transformação.
d) A filosofia da natureza nascente adotou a
imagem homérica do mundo e reforçou o
antropomorfismo do mundo dos deuses
em detrimento de uma explicação natural
e regular acerca dos primeiros princípios
que originam todas as coisas.
e) Para os pensadores jônicos da natureza,
Tales, Anaxímenes e Heráclito, há um
princípio originário único denominado o
ilimitado, que é a reprodução da aparência
sensível que os olhos humanos podem
observar no nascimento e na degeneração
das coisas.

Questão 07
O sofista é um diálogo de Platão do qual
participam Sócrates, um estrangeiro e outros
personagens. Logo no início do diálogo, Sócrates
pergunta ao estrangeiro, a que método ele
gostaria de recorrer para definir o que é um
sofista.
Sócrates: – Mas dize-nos [se] preferes
desenvolver toda a tese que queres demonstrar,
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

57 BIBLIOGRAFIA BÁSICA
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofia da Educação. 3.ed. São Paulo: Moderna, 2006.

CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 12. ed. São Paulo: Ática, 2002.

GHIRALDELLI Jr., Paulo(Org.). Estilos em filosofia da educação. Rio de Janeiro:


DP&A, 2000.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

COELHO, Wilson Ferreira. Psicologia da Educação. 1ª Ed. Pearson. São Paulo, 2015.

GADOTTI, Moacir. História das Ideias Pedagógicas. 8. ed. São Paulo: Ática, 2004.

GALLO, Silvio. Ética e cidadania: caminhos da filosofia. 6. ed. São Paulo: Papirus, 2000.

GHIRALDELLI Jr., Paulo(Org.). O que é filosofia da educação. 2. ed. Rio de Janeiro:


DP&A, 2000.

MORIN, Edgar.Os sete saberes necessários à educação do futuro. 2.ed. São Paulo: Cortez;
Brasília: UNESCO, 2000.

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