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Psicologia como ret órica uma análise das apropriações dos conceit os vigot skianos pelo const rucioni…
Eduardo Moura da Cost a
Este texto tem como objetivo central introduzir os estudos acerca dos fundamentos
epistemológicos da psicologia socioistórica e, para tanto, procura contemplar questões gerais
básicas que favoreçam a compreensão de tais fundamentos. Assim, apresenta aspectos
teórico-metodológicos e históricos que permearam seu surgimento bem como as premissas
centrais da matriz filosófica que lhe confere sustentação, isto é, do materialismo histórico
dialético.
As categorias teórico-filosóficas expostas serão objetos específicos de estudos
subseqüentes, cujos conteúdos, pelos limites impostos a um texto único, não serão por ora
abordados. Portanto, o estudo da temática em pauta não se esgota na presente exposição,
outrossim, apenas se inicia; representando o ponto de partida para contínuas reflexões de
complexificação progressiva.
Principiando a conversa...
A Psicologia, ciência datada do século XIX, desde sua origem se fez marcada por
um traço muito específico: contemplar uma vasta gama de objetos, métodos e teorias. Esta
abrangência epistemológica, a rigor, coloca-nos diante de uma ciência multifacetada, ou,
como referem alguns de seus estudiosos, diante de “várias psicologias”.
Importante observar que esta abrangência, se por um lado reflete a hegemonia
lógico-formal característica do campo científico no século XIX, por outro, reflete as
demandas advindas da consolidação histórico-social da classe burguesa no poder. Instituindo-
se como ciência no final do século XIX, início do século XX, a psicologia, como bem analisa
Tuleski (2004), carregou consigo, desde sua origem... “a marca de dualismos rígidos e
insuperáveis, tais como objetividade / subjetividade, normal / patológico, social / individual,
orgânico / mental, entre outros” (p. 121).
No esteio de tais dualismos, dicotomizando a existência objetiva e,
conseqüentemente, psíquica dos indivíduos, a psicologia avançou século XX adentro
acumulando pesquisas, sistematizando conhecimentos, formulando leis e teorias. Contudo,
1
Doutora em Educação, professora do curso de Graduação em Psicologia, Departamento de Psicologia da Faculdade de Ciências, UNESP/
Bauru e do Programa de Pós-Graduação em Educação Escolar, Faculdade de Ciências e Letras, UNESP/Araraquara. Integrante do Grupo de
Pesquisa “Estudos Marxistas em Educação”.
não obstante a multiplicidade de fenômenos e métodos de investigação sobre os quais,
respectivamente, se debruçou e adotou, não logrou firmar-se na base de preceitos gerais
unificadores aptos a conferir-lhe uma identidade epistemológica, ou seja, uma especificidade
que nos permita dispensar- lhe um tratamento no singular.
Lev SemenovichVigotski, em artigo intitulado “O significado histórico da crise da
Psicologia”, datado de 1927, analisou profundamente esta questão destacando quão necessário
era (já naquele momento histórico!) a coordenação crítica de tantos dados heterogêneos, a
proposição de princípios gerais fundamentais e sobretudo, a construção de coerência teórico-
metodológica na ciência psicológica.
Nesse artigo, o autor coloca em questão os primeiros marcos referenciais sobre os
quais a psicologia encontrava-se edificada (e com poucos avanços encontra-se até os dias de
hoje), quais sejam: inconsciente / consciente; normal / patológico, comportamento animal /
comportamento humano, explicitando que a centralidade conferida às dimensões parciais do
psiquismo humano resulta na formulação de sistemas teóricos com reduzidas chances de
contemplar os fundamentos desta ciência.
Para Vigotski, o papel diretivo desempenhado por dimensões psicopatológicas e por
preceitos advindos da psicologia comparada animal; a exemplo do que se apresenta,
respectivamente, no sistema psicanalítico e derivados, bem como na reflexologia pavloviana e
no condutivismo; corrobora para a formulação de uma “psicologia” constituída por inúmeras
disciplinas particulares (ou abordagens) que, desprovidas de unidade ou de princípios
explicativos gerais, arvoram-se uma suposta autonomia, no âmbito da qual se esvai a própria
psicologia.
Nesta direção, Vigotski (1997) tece uma consideração bastante interessante:
2
Ou seja, a psicologia, na exata acepção desta palavra, ainda não existe, dado que não
deve ser considerado de menor importância mais o maior desafio desta ciência. Ao lançar a
pergunta: afinal, o que é a psicologia? Vigotski (1997) afirma claramente: “uma considerável
divergência de opiniões”! (p. 265)
Diante do exposto, é possível que nos interroguemos em que medida esta
configuração representa um problema. Apreendendo superficialmente o fato, nenhum.
Entretanto, em se tratando de ciência, as questões não podem ser abordadas superficialmente,
mas sim, do ponto de vista metodológico.
E é sob este prisma que as lacunas da psicologia se desnudam, expondo divergências
que revelam a inexistência de sua unidade teórico-metodológica. Aquilo que Willian James
constatava em 1911, ao afirmar... “não existe em psicologia nem uma só lei, no sentido em
que utilizamos esta palavra no campo dos fenômenos físicos, nem um só princípio do qual se
possa extrair conseqüências por via dedutiva” (apud Vigotski, 1997, p. 396), permanece como
um desafio no campo psicológico, determinante de grandes esforços acadêmicos até os dias
de hoje.
A assunção deste desafio é uma das características da psicologia socioistórica desde
seu surgimento e para Vigotski, um passo decisivo nesta direção consistia na formulação de
uma psicologia geral. Fundamento que estaria para “as psicologias” tanto quanto a biologia
está para a botânica, para a fisiologia, para a zoologia, para a ecologia, etc. Isto é... “para a
disciplina geral o objeto de estudo é o geral, o que é próprio de todos os objetos da ciência em
questão” (Vigotski, 1997, p. 265).
Para este autor, as várias disciplinas constitutivas da psicologia (também
denominadas sistemas ou correntes) se firmam independentemente, calcadas num paradoxo
interessante: ao se afirmarem, cada uma delas, na base de preceitos gerais próprios, reiteram,
por um lado, a inexistência da verdadeira psicologia geral e por outro, a impossibilidade da
investigação científica em detrimento dela.
Portanto, para Vigotski, as lacunas ou incompletudes da psicologia não seriam
superadas por proposições intermináveis de outros e novos sistemas teóricos e, nesse sentido,
foi enfático ao afirmar que seus esforços não apontavam na direção da proposição de uma
“nova abordagem” psicológica ou de uma “psicologia marxista”, outrossim, na luta pela
sistemalização das bases gerais sobre as quais pudesse ser edificada a psicologia científica.
Referindo-se à tarefa por ele assumida, Vigotski (1997) afirma:
3
Porque esta não consiste em criar uma escola junto a outras escolas. Nem delimita
uma parte ou faceta determinada, nem um problema, nem um procedimento de
interpretação da psicologia, junto com outras partes, escolas, etc, análogas. Se trata
de toda a psicologia em toda sua dimensão: de uma psicologia única, que não admite
nenhuma outra. Se trata de realizar a psicologia como ciência {grifos do autor}
(p.405).
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Esta citação remete-nos à segunda observação concernente à proposição vigotskiana
acerca da necessidade de constituição da psicologia científica, qual seja: a questão do método.
Podemos afirmar, ainda que de modo bastante geral, que toda ciência se estrutura na base da
delimitação de seu objeto e método. Conforme expresso anteriormente, se o nó górgio da
psicologia não é da alçada do objeto, resta-nos então, identificá-lo em sua expressão
metodológica. Este foi o raciocínio seguido por Vigotski ao dissecar a referida crise da
psicologia. Vejamos, mais uma vez, o que nos ensina este autor.
Com esta consideração, dentre outras, o autor amplia sua análise sobre a psicologia
apontando que à ela descortinavam-se duas possibilidades: ou como ciência ou como
conhecimento de visões fragmentárias, e neste caso, impossível como uma ciência. Nesta
direção, propõe e defende a tese segundo a qual a psicologia, como ciência dos fenômenos
psíquicos reais, precisava ultrapassar-se a si mesma, superando a abstração e a atomização
lógico formal sobre a qual se edificava.
Para tanto, Vigotski advoga um novo enfoque metodológico para a psicologia,
encontrando no materialismo histórico dialético o estofo epistemológico de suas formulações
teóricas. Para ele... “a dialética abarca a natureza, o pensamento, a história: é a ciência mais
geral, universal até o máximo. Essa teoria do materialismo psicológico ou dialética da
psicologia é o que eu considero psicologia geral” (1997, p. 389).
A formulação desta teoria foi perseguida por este autor em toda a sua breve
existência2, e a ele se uniram para essa empreitada outros proeminentes psicólogos, dentre os
quais, primeiramente, Alexis N. Leontiev e Alexander Romamovich Luria. Vigotski, Luria e
Leontiev, integrantes da denominada “troika” (que em russo significa trio) encabeçaram a
elaboração da Psicologia Científica; que não obstante os árduos esforços de seus proponentes
2
L.S. Vigotski nasceu em 1896 e faleceu em 1934.
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na recusa de que se firmasse como mais uma matriz do pensamento psicológico; consagrou-se
como Psicologia Histórico-Cultural ou Psicologia Sócio-Histórica.
Mas, para a efetiva compreensão da análise tecida por Vigotski acerca das
expressões da psicologia nos primórdios do século XX, bem como das bases sobre as quais se
edifica a Psicologia Socioistórica, outros fatores revelam-se fundamentais. Ou seja, como
fatos historicamente datados tais produções só podem ser verdadeiramente compreendidas em
suas relações mais amplas, em seus vínculos com o momento histórico que lhes confere
sustentação. Não se trata apenas de identificar, superficialmente, sob quais circunstâncias esta
ciência se desenvolveu mas, sobretudo, apreender os nexos existentes entre as esferas das
relações políticas, econômicas e sociais e o referido desenvolvimento.
A Revolução de Outubro ocorrida no ano de 1917 na Rússia é um marco referencial
de análise fundamental para a psicologia socioistórica. A conjuntura pós-revolucionária,
profundamente marcada pela necessidade de (re)construção de toda uma sociedade, se
instituiu como um grande movimento de transformações, em relação ao qual nenhuma ciência
pôde isentar-se, em especial, as ciências humanas.
Referindo-se especificamente aos rumos seguidos pela psicologia neste contexto, a
psicóloga Martha Shuare (1990) afirma:
Ainda segundo esta autora, aos debates presentes na psicologia russa na transição
entre os séculos XIX e XX somaram-se outros, que traziam consigo as demandas pela
construção de uma nova psicologia, requerida pelas circunstâncias históricas e consoante com
a superação da sociedade burguesa em prol de uma outra ordem social.
Tais debates, especialmente voltados para o problema da natureza dos fenômenos
psíquicos e para a delimitação do objeto e métodos da psicologia, assumiram suas mais
contundentes expressões nos congressos nacionais de Psiconeurologia ocorridos nos anos de
1923 e 1924, respectivamente em Moscou e Petrogrado.
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Esses eventos foram decisivos para as mudanças nos rumos teórico-metodológicos
trilhados pelos psicólogos soviéticos. Foi no Congresso de 1923 que se formulou pela
primeira vez a necessidade de se fundamentar a psicologia nos pressupostos do materialismo
dialético, dado que se fez acompanhado pela mudança, ainda no mesmo ano, na direção do
Instituto de Psicologia da Universidade de Moscou, que sob a condução de K. N. Kornilov
passou a congregar os esforços acadêmicos em prol das aproximações entre a psicologia e o
marxismo.
No centro dos debates travados neste período estavam a questão da dialética como
método de investigação e a delimitação do objeto da psicologia, ainda fortemente marcada por
duas posições: a definição de psiquismo como produto do cérebro e a concepção social da
natureza da consciência e da personalidade humana.
No segundo Congresso ainda imperaram as discussões acerca do método e objeto da
psicologia tendo em vista a construção de uma psicologia verdadeiramente científica. Não
obstante os esforços, em especial de K. N. Kornilov, as aproximações entre o marxismo e a
psicologia revelavam-se bastante incipientes, representando pouco além de uma transposição
linear do primeiro sobre a segunda. Neste congresso Vigotski fez sua primeira apresentação
de âmbito acadêmico nacional. Graças à notória repercussão de sua exposição foi convidado
para trabalhar no Instituto de Psicologia da Universidade de Moscou, somando-se a outros
jovens pesquisadores comprometidos com a elaboração efetiva de novos enfoques no campo
da psicologia. Assim surgia a “troika”, a quem concede-se o mérito histórico de,
pioneiramente, utilizar de modo criativo os princípios do materialismo histórico dialético nas
investigações dos fenômenos psicológicos.
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Sabidamente, toda formulação filosófica contempla uma concepção de homem, de
sociedade, da relação entre esses pólos e, sobretudo, acerca das possibilidades de construção
do conhecimento. Neste sentido, qualquer elaboração teórica, em especial nas ciências
humanas, traz em seu bojo preceitos filosóficos. Entretanto, nem todas teorias evidenciam-nos
e, muitas vezes, apenas pela via analítica podemos desvelar suas concepções ocultas.
Diferentemente, a psicologia socioistórica não se omite de um claro posicionamento político-
filosófico, tendo a compreensão do mesmo como requisito para seu efetivo domínio. Com
esta assertiva procuramos alertar para a impossibilidade de divórcio entre esta matriz do
pensamento psicológico e o sistema filosófico que medeia suas proposições.
Tecidas estas considerações, dediquemo-nos ao estudo do materialismo histórico
dialético que, por finalidades meramente didáticas, será apresentado em dois sub-ítens:
materialismo histórico e materialismo dialético.
1 Materialismo Histórico...
3
Para a correta interpretação desta tese é necessária uma brevíssima consideração sobre a posição filosófica idealista, à qual Marx e Engels
se contrapõem. Para o idealismo a consciência é o a priori da existência e a realidade, a encarnação das idéias. Assim, apenas a consciência
existe realmente e tudo o mais é por ela condicionado.
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que são produzidas na e pela relação ativa homem-natureza e como expressa Shuare (1990) ...
“o tempo humano é história tanto na vida individual como social; e nesta última, como
história do desenvolvimento da sociedade, a atividade produtiva (transformadora) dos homens
é o ponto nodal na compreensão do processo” (p.60).
Nesta concepção, a história é o produto dos modos pelos quais os homens organizam
sua existência ao longo do tempo e diz respeito ao movimento e as contradições do mundo,
dos homens e de suas relações. Inclui o processo de evolução dos seres vivos, o processo de
complexificação pelo qual passa esse ser, que, superando-se como ser biológico firma-se
como ser social e histórico.
Portanto, se todo existente é movimento, a dialética se apresenta no pensamento de
Marx como a lógica pela qual ele deva ser compreendido. A lógica dialética fornece o
caminho (método) para o conhecimento e interpretação da realidade em seu caráter material e
histórico, e sobre esta questão discorreremos no item Materialismo Dialético.
Tecidas estas considerações preliminares vejamos, então, as premissas centrais do
materialismo histórico.
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para sua própria vida. Ao atuar, por meio desse movimento sobre a Natureza externa
a ele e ao modificá-la, ele modifica ao mesmo tempo sua própria natureza (p. 149).
Ou seja, o homem, como parte da natureza, só pode sobreviver por seu constante
metabolismo com ela. Esse metabolismo é garantido por sua atividade vital, o que o torna um
ser natural ativo. Pertencendo à uma espécie animal e contando com determinado nível de
estruturação biológica, por meio do trabalho supera sua condição primária como ser
hominizado (que dispõe de dadas particularidades estruturais orgânicas) em direção à
condição de ser humanizado (que dispõe de particularidades histórico-socialmente
desenvolvidas).
Referindo-se a este movimento de superação Leontiev (1978, p. 262) destaca três
grandes estágios evolutivos. O primeiro compreende o estágio da evolução exclusivamente
biológica, acentuadamente marcada pelas relações naturais e adaptativas do ser à natureza.
Este estágio é seguido por aquele no qual, graças a um determinado nível de desenvolvimento
biológico já alcançado, principia um desenvolvimento embrionário de vida social. Este
segundo é preparatório para o surgimento da espécie Homo sapiens, quando o
desenvolvimento humano já não é condicionado ou determinado pela evolução biológica, mas
sim, pelo estabelecimento de funções novas, próprias da vida em sociedade. Assim, a partir do
terceiro estágio, o desenvolvimento humano passa a pressupor a superação de um sistema de
vida dominado por uma natureza dada (plano biológico) em direção a um sistema de vida
criador de uma natureza adquirida (plano histórico-social).
Este processo ocorre por meio da atividade vital humana que, para tanto, não pode
ser determinada casualmente. As conquistas do desenvolvimento referido só se verificaram na
medida em que encerraram ações intencionais. É esta dimensão teleológica que distingue a
atividade especificamente humana das demais formas vivas de atividade. Toda ação
verdadeiramente humana pressupõe a consciência de uma finalidade que precede a
transformação concreta da realidade natural ou social e, desse modo, a atividade vital humana
é ação material consciente e objetiva, ou seja: é práxis.
A práxis compreende a dimensão autocriativa do homem, sintetizando a dimensão
objetiva (“prática”) e a dimensão subjetiva (“teórica”) de seu ser, que se realiza na contínua
transformação da realidade e de si mesmo. Este processo formativo já não mais será garantido
por relações naturais, biológicas mas sim pela estruturação da consciência. Ao superar as
barreiras biológicas de sua espécie o homem rompeu, também, a fusão necessidade/objeto
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(que permanece própria dos demais animais), e na base deste salto qualitativo se
desenvolveram novas propriedades, dentre as quais se destacam as funções cognitivas e
afetivas.
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objetivas e subjetivas resultantes do processo de apropriação das circunstâncias
existentes, isto é, “as circunstâncias fazem os homens”. {grifos do autor} (p. 40).
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historicamente, tem consolidado os modos pelos quais garante sua sobrevivência, ou, na
condição de ser social ativo, produz as suas condições de vida.
Ocorre porém, que esta produção não é um ato solitário, os homens não produzem
individualmente os meios de sua sobrevivência, pelo contrário, produzem em comum,
interdependentemente. Por mais reduzidas que pudessem ser as objetivações necessárias à
vida de um indivíduo, seria impossível pensá-lo criando-as e produzindo-as por si mesmo. E é
por isso que, sejam quais forem as condições, a produção humana é sempre uma produção
social. Nela e por meio dela os homens estabelecem relações que não são imediatas e nem
circunscritas à produção de bens materiais, outrossim, edificam o modo de ser da sociedade.
Portanto, na base de todas as relações sociais estão as relações sociais de produção.
Ou seja, o trabalho por sua natureza é uma atividade coletiva e assim sendo, os homens
organizam-se em sociedade para produzirem suas condições de vida. E é exatamente no bojo
dessas relações de produção que os homens constroem não apenas os meios para sua
sobrevivência mas, sobretudo, edificam a si mesmos. Neste sentido, o aspecto essencial em
toda e qualquer sociedade é o modo de produção sobre o qual se erige. A história de seu
desenvolvimento se revela na história do desenvolvimento das forças produtivas - modos e
meios pelos quais o homem produz - e das relações que, para tanto, estabeleceram entre si.
São as mudanças nos modos de produção que provocam as transformações dos
modelos organizativos da sociedade, ou seja, do sistema político e econômico que lhe dá
sustentação. Por isso, o elemento central na caracterização de uma sociedade não reside nas
idéias que os homens tecem sobre ela, mas no tipo de relação de produção que nela se pratica.
Em face destas idéias torna-se necessária a distinção entre o que Marx e Engels caracterizam
como forças produtivas e relações de produção.
As forças produtivas indicam os instrumentos (objetivos e subjetivos) por meio dos
quais os homens produzem os bens materiais que lhes são necessários, as relações de
produção mostram na posse ou a serviço de quem se encontram os meios de produção. Grosso
modo, o desenvolvimento das forças produtivas desde os primórdios da humanidade até os
nossos dias pode ser assim representado: transição dos utensílios de pedra aos de metal;
passagem à agricultura; aprimoramento dos utensílios de metal e aparecimento da olaria;
surgimento de ocupações artesanais e separação destas da agricultura; desenvolvimento da
manufatura; transição dos instrumentos de produção artesanal à maquina e transformação da
produção artesanal-manufaturada em indústria mecanizada; complexificação do sistema de
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máquinas e expansão da mecanização moderna seguida da automação do trabalho pelas
sofisticadas conquistas tecnológicas.
É na base destas transformações que se desenvolvem, também, as relações de
produção, isto é, as bases econômicas da sociedade. Marx (1986, p. 84/86) em análise da
história das relações de produção destaca a existência de dois grandes estágios, dos quais
infere a existência de um terceiro. O primeiro compreende as sociedades pré-capitalistas
(comunidades primitivas, escravatura e regime feudal); o segundo, a sociedade capitalista e o
terceiro, postula a superação da sociedade burguesa. Tendo em vista os objetivos deste texto,
vamos nos ater às considerações por ele tecidas em relação ao segundo estágio.
O capitalismo se institui superando a unidade imediata entre os homens e suas
condições de existência que caracteriza as formas de organização pré-capitalistas. Nelas, o
objetivo econômico era a produção de valores de uso e as relações estabelecidas pelos
homens em face de suas condições sociais de existência não se diferenciavam,
substancialmente, daquelas estabelecidas entre eles e suas condições naturais e contingentes
de existência. Diferentemente, no sistema capitalista a produção de valores de uso cede
espaço (e importância) para a produção de valores de troca e as condições de existência dos
homens já não lhes serão naturalmente dadas mas sim, condicionadas pelas relações sociais
das quais participam.
Marx (1986) afirma que no capitalismo... “a produção aparece como objetivo do
homem e a riqueza como objetivo da produção” (p. 447), e assim sendo, absolutizando o valor
de troca esse sistema confere primazia total à produção de mercadorias. A propriedade
privada dos meios de produção (primitivamente instituída nos regimes escravocrata e feudal)
sofistica-se a passos largos, consolidando-se como substrato, como base, das relações de
produção. Portanto, no capitalismo co-existem aqueles que detêm a posse dos meios de
produção e aqueles que delas são desprovidos, a quem resta apenas a venda da força de
trabalho. Assim, se instituem como características inerentes a ele (capitalismo) a luta de
classes e a alienação, que são geradoras de contradições insolúveis na ausência de
transformações na relação capital-trabalho.
Na sociedade burguesa passam a imperar as condições para o trabalho alienado (que
não é o verdadeiro trabalho, em seu significado marxiano filosófico) e por isso Marx deixa
claro em toda sua obra que a condição para conquista do terceiro estágio na história da
humanidade é a abolição-superação do trabalho alienado fundado na propriedade privada dos
meios de produção. Em análises que realiza acerca do não-trabalho, este autor destaca a
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alienação na relação entre o indivíduo e o produto de seu trabalho, na relação entre o
indivíduo e o processo de produção e na relação entre o indivíduo e o gênero humano.
Vejamos, ainda que brevemente, o que nos diz.
Todo trabalho implica objetivações, isto é, a objetivação é a fixação do trabalho em
objeto. O processo de objetivação do trabalho parte dos homens, expressa capacidades
humanas que ao se materializarem sob a forma de objeto já não são mais elas mesmas,
tornam-se objetivadas. As objetivações, por sua vez, colocam-se como conteúdos das
apropriações para o atendimento dos carecimentos humanos. Entretanto, se por conta de
determinado modo de organização social as objetivações do trabalhador não se constituem em
objetos de suas apropriações, o produto do trabalho deixa de ser o engrandecimento de todos
os homens, ou seja, o produto do trabalho deixa de pertencer ao trabalhador tornando-se dele
independente, alienado. Eis o cerne da alienação entre o indivíduo e o produto de seu
trabalho.
Considerando-se que não existe produto sem um processo que lhe possibilite, sob
condições de alienação o curso trilhado na produção também apartar-se do trabalhador,
convertendo-se em ações que não lhe pertencem. O processo de produção existe fora dos
homens, ainda que como manifestação de sua própria vitalidade. Esta exteriorização é,
portanto, a objetivação das capacidades humanas e ao mesmo tempo a efetivação das
possibilidades de seu desenvolvimento. Porém, quando a exteriorização se converte em
alheiamento, quando o processo de produção demanda meramente ações conformadoras da
força de trabalho comprada pelo proprietário dos meios de produção, o trabalho se
empobrece, deixando de ser a condição fundante das capacidades, das aptidões e habilidades
humanas.
Desta forma, na medida em que a alienação se expressa tanto na relação do
indivíduo com o produto do seu trabalho quanto no processo de produção ela promove,
também, a ruptura, o distanciamento entre o indivíduo e o gênero humano. Pelo trabalho
alienado o trabalhador enriquece o gênero humano (a totalidade social) na mesma medida em
que empobrece sua existência individual, cuja finalidade última deveria ser a objetivação do
sujeito como ser genérico.
Diante do exposto fica claro que para Marx, sob dadas condições que são histórico-
sociais (e não naturais), o homem deixa de ser sujeito de sua atividade vital convertendo-se
em objeto dela. Nestas condições não são mais os autores do desenvolvimento de suas
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capacidades e de seu crescimento como pessoas, convertendo-se em mercadorias de um tipo
especial, aptas à produção de outras mercadorias.
Portanto, o esvaziamento da existência humana em condições de alienação abarca
tanto sua expressão no âmbito do trabalho social quanto no âmbito da vida pessoal, uma vez
que a ordem das relações políticas e econômicas subordina a si o próprio desenvolvimento da
consciência dos homens. Enfim, como afirma Lucien Sève (1979, p. 279), a economia
doméstica reflete a economia política!
Em suma, o materialismo histórico postula que apenas pela apropriação das
objetivações humano genéricas foi e continua a ser possível a transformação do ser orgânico,
do ser meramente biológico, em ser social, devendo-se a Marx e Engels a originalidade desse
pressuposto; para quem o trabalho representa a gênese do ser social, o fenômeno central e
decisivo da humanização. Na base deste pressuposto anunciam o trabalho em sua dimensão
ontológica, meio pelo qual o homem estabelece um intercâmbio com a natureza definido
intencionalmente, fundamento do salto qualitativo que se processa do animal ao homem.
Este processo de transformação resulta da atividade vital humana, condição
imprescindível para a plena realização da humanização dos homens. Entretanto, a efetivação
da atividade objetivadora, social e consciente só é possível pelo trabalho realizado
ontologicamente, a demandar a superação das relações determinadas pela alienação, cujo
fundamento reside na propriedade privada dos meios de produção, no sistema do dinheiro - no
capital.
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A dialética materialista reflete, deste modo, as leis do movimento dos objetos e
processos do mundo objetivo, incluindo o homem e sua sociedade, que atuam como
princípios e formas de atividade do pensamento. E neste sentido a dialética marxista
desempenha, em nova base filosófica, as funções quer de ontologia, quer de
gnosiologia, lógica e antropologia filosófica, sem reduzir-se a qualquer uma delas
separadamente ou a soma de todas (p. 65).
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Assim, antes de avançarmos em direção aos preceitos gerais do método materialista
dialético apresentemos, ainda que em linhas bastante gerais, as principais diferenças entre a
lógica formal e a lógica dialética.
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Hegel estava correto porém, suas idéias estavam colocadas de cabeça para baixo. Para Hegel,
o movimento do pensamento, a Idéia, cria a realidade, ou seja: o real é a manifestação
fenomênica do ideal. Diferentemente para Marx, o movimento do pensamento é o reflexo do
movimento do mundo real, que existe por anterioridade em relação à consciência.
Tecidas estas considerações históricas gerais sobre a lógica formal e a lógica
dialética, outra consideração é importante, qual seja: a lógica dialética não descarta ou exclui
a lógica formal, mas outrossim, incorpora-na por superação. Referindo-se ao método
materialista histórico dialético em suas expressões lógicas, Saviani (1986, p. 11) afirma que a
lógica formal e a lógica dialética não se excluem porque possuem, inclusive, objetos
diferentes. O objeto da lógica dialética é o processo de construção do concreto pelo
pensamento, enquanto o objeto da lógica formal é o processo de construção da forma do
pensamento. A primeira é, portanto, lógica concreta, a segunda, lógica abstrata. Como a
apreensão do concreto não ocorre sem a mediação do abstrato, a lógica formal integra-se à
lógica dialética, tornando-se parte dela.
Tal como afirmado por Hegel (apud Novack, 1993, p. 12) ... “nada se conhece
realmente até que se conheça seu oposto”. Portanto, o real conhecimento e utilização da
lógica dialética demanda o conhecimento e utilização da lógica formal e vice-versa. Nesta
direção, vejamos quais são as principais leis da lógica formal e, na seqüência, da lógica
dialética. Cabe observar que o tratamento sintético ora dispensado às referidas leis decorre do
objetivo introdutório deste texto, uma vez que complexidade das mesmas comportaria,
indiscutivelmente, estudos específicos.
Segundo Kopnin (1978, p.71/73), os princípios básicos da lógica formal são: lei da
identidade; lei da inadmissibilidade da contradição e lei do terceiro excluído.
A lei da identidade, seu princípio central, aponta que qualquer dado é sempre igual a
si mesmo. Se A é igual a A, permanecerá como tal sob qualquer circunstância. De acordo com
esta lei, nada pode ser e não ser ao mesmo tempo, isto é, ser a si mesmo e a algo distinto
concomitantemente. Suas mais significativas expressões na construção do conhecimento
residem na classificação e identificação dos fenômenos. Graças ao princípio da identidade os
dados podem ser agrupados, categorizados e classificados mediante a identificação, por
comparação, de suas semelhanças e diferenças.
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A lei da inadmissibilidade da contradição afirma a absoluta distinção entre
identidade e diferença, operando como corolário da lei da identidade. Se A é igual a A
(princípio da identidade), não pode ser Não A, ou seja, nega-se a diferença na essência das
coisas. Este princípio, possibilitando o discernimento da diferença, subsidia a análise,
auxiliando a parcialização (ou “recorte”) dos distintos aspectos de um fenômeno
apreendendo-se cada um deles em sua essencialidade particular. Conforme esta lei, se A é um
juízo (proposição do pensamento) verdadeiro, no mesmo sistema dedutivo não pode ser
verdadeiro o juízo contrário a A, ou seja, nesta forma de raciocínio subtrai-se um entre vários
juízos preterindo-se os outros que o contrariam.
A lei do terceiro excluído postula que se dois juízos que se contrariam não podem
ser verdadeiros e falsos ao mesmo tempo (inadmissibilidade da contradição), se um deles é
verdadeiro o outro é falso e vice-versa. Assim, um juízo é e só pode ser ele mesmo, isto é, não
pode ser parte de duas classes opostas ao mesmo tempo. Quando duas proposições opostas se
confrontam, ambas não podem ser verdadeiras e falsas concomitantemente.
Os princípios da lógica formal como recursos metodológicos para a construção do
conhecimento alcançam seu apogeu a partir do século XVII pelas mãos de Francis Bacon
(1561-1626) e Renée Descartes, ou, Renato Cartesius, como ele assinava em latim (1596-
1650) que elegeram a veracidade do conhecimento como objeto de suas reflexões filosóficas.
Ao primeiro deve-se a proposição pioneira da experimentação como critério de cientificidade
e ao segundo, a ênfase na razão e a afirmação do universo constituído por apenas duas
substâncias, mente e matéria, a partir da qual instalam-se os inúmeros dualismos
característicos do pensamento científico, isto é, a ciência cartesiana.
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Ao apreender os fenômenos em sua totalidade a dialética os afirma como sínteses de
múltiplas determinações, ou seja, a realidade congrega fenômenos que são essencialmente
intervinculados e interdependentes e, assim sendo, é impossível construir qualquer
conhecimento objetivo, explicar de fato o real, levando-se em conta as partes ou os aspectos
isolados que lhe constituem. Por esta razão, o método dialético abarca o existente como um
todo único no qual os fenômenos articulam-se organicamente. Postula que para serem
compreendidos objetivamente os dados precisam ser reconhecidos sob o ângulo dos
condicionantes que os cercam.
A lei da contradição parte do princípio que todos os objetos e fenômenos da
natureza encerram contradições internas. Ao contrário do pressuposto formal da identidade,
postula que tudo é e não é ao mesmo tempo. Entretanto, não se trata de reconhecer opostos
confrontados exteriormente, mas tê-los como interiores um ao outro, no que reside a
denominada identidade dos contrários. Trata-se da afirmação da unidade indissolúvel dos
opostos que contrapondo-se a si mesmos, transformam-se continuamente. Tomemos, a título
de exemplo, uma dada afirmação A: como tal, a afirmação A se sustenta na unidade com seu
oposto, na unidade com a afirmação B. Na tensão entre seus opostos as afirmações A e B se
transformam. Negando-se mutuamente revelam-se em outra positividade, afirmação C, que
conterá igualmente o germe de sua negação e assim, sucessivamente. Dai que todo e qualquer
desenvolvimento não é outra coisa, senão, o movimento sintetizado pela luta dos contrários.
A lei do movimento reflete a constatação da realidade como incessante
transformação e renovação. Por isso, o método dialético, além de pressupor sua apreensão
como totalidade e luta de opostos, exige seu reconhecimento do ponto de vista de seu
movimento e desenvolvimento.
Cada fenômeno, cada objeto, deve ser captado em seu trânsito, naquilo que congrega
não apenas em seu estado atual mas, especialmente, como chegou a ser o que é e como poderá
ser diferente. Assim, o desenvolvimento revela-se como resultado da acumulação de
mudanças quantitativas expressas em mudanças qualitativas. Toda transformação é uma
passagem da quantidade à qualidade, é um movimento progressivo, ascendente, que perpassa
do simples ao complexo.
Em suma, a lógica formal e a lógica dialética apresentam enfoques distintos no
estudo científico dos fenômenos e para se expressarem em suas máximas possibilidades
devem operar em unidade. A lógica dialética como lógica da totalidade não prescinde da
lógica formal mas revela os limites nela presentes ao se pretender como metodologia
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universal para a elaboração do conhecimento científico, e é neste sentido que a incorpora por
superação.
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configuração particular do fenômeno. É apenas na particularidade que ele (fenômeno) assume
as especificidades pelas quais a singularidade se constitui em dada realidade e de modo
determinado, porém, não completo, não universal.
Em suma, a implementação do método marxiano pressupõe como ponto de partida a
apreensão do real empírico, imediato, que convertido em objeto de análise por meio dos
processos de abstração resulta numa apreensão de tipo superior, expressa-se como concreto
pensado. Porém, esta não é a etapa final do processo, uma vez que as categorias
interpretativas, as estruturas analíticas constitutivas do concreto pensado serão contrapostas
em face do objeto inicial, agora captado não mais em sua imediatez mas, em sua totalidade
concreta. Este processo pode ser assim sintetizado: parte-se do real aparente (empírico),
procede-se à sua exegese analítica (mediações do pensamento), retorna-se ao real, agora
captado como real concreto ... como síntese de múltiplas determinações. Neste sentido, o
método marxiano tem a prática social como referência nuclear da construção do
conhecimento e nela residem os seus critérios de validação.
Finalizando...
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3 – Na realidade, uma pessoa nunca é igual a si mesma, pois, todos os fenômenos mudam
constantemente. Quais leis da lógica formal são contrariadas nesta afirmação. Explique-as.
4 - Interprete o poema musical indicado fundamentando-se nas leis da lógica dialética:
“Debulhar o trigo. Recolher cada bago do trigo. Forjar do trigo o milagre do pão e se fartar
de pão. Decepar a cana. Recolher a garapa da cana. Roubar da cana a doçura do mel, se
lambuzar de mel. Afagar a terra. Conhecer os desejos da terra. Cio da terra, propícia
estação, de fecundar o chão” (Cio da Terra, Milton Nascimento).
5 – Analise, fundamentando-se no estudo do texto em pauta:
“O que eu acho é que nunca vivemos tanto na caverna de Platão como hoje. Porque as
próprias imagens que nos mostram da realidade, de tal maneira, substituem a realidade. Nós
estamos no mundo a que chamamos mundo audiovisual. Nós estamos repetidamente a repetir
a situação das pessoas aprisionadas ou atadas na caverna de Platão, olhando em frente,
vendo sombras e acreditando que estas sombras são realidade” (José Saramago).
Referências Bibliográficas:
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Shuare, M. La psicología soviética tal como yo la veo. Moscú: Editorial Progresso, 1990.
Tuleski, S. Reflexões sobre a Gênese da Psicologia Científica. In: Duarte, N. (org.) Crítica ao
Fetichismo da Individualidade. Campinas: Autores Associados, 2004, p. 121/144.
Vigotski, L.S. Obras Escogidas. Tomo I. Madrid: Visor, 1997.
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