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A NATUREZA E O PAPEL DO ESTADO-BURGUÊS: uma análise sobre a

abordagem Durkheimiana, Weberiana e Marxista.1

Osmilde Augusto Miranda2

Resumo: com o advento da burocratização das formas de produção e de relação emanou


o Estado burguês e capitalista na Europa. Este não só renovou a realidade estrutural das
relações anteriores- relativo a sociedade estamental e mercantilista, como se
apresentara por meio de novas ordens jurídicas e burocratas. Com a legitimação do
poder houve a instrumentalização das instituições. É, no entanto, neste âmbito, que
buscarei analisar a natureza e o papel desta nova forma de organização e apropriação do
poder institucionais a partir de três diferentes perspectivas: a Durkheimiana, a
Weberiana e a Marxista. Contudo, deduzo que a forma ou a natureza que o Estado se
apresenta nessas três visões nos é indispensável, uma vez que nos permite perceber
ontológica e epistemologicamente o fenômeno estatal como algo não dado, mas que
tenha em si sua gênese, crescimento e, por último, superação.

Palavras-chaves: Estado. Natureza. Papel.

1 Trabalho de Conclusão da disciplina: Estado e Questão Social, do Programa de Pós-graduação em


Políticas Públicas- PPGPP.
2 Estudante do Doutorado de Políticas Públicas da Universidade Federal do Maranhão (UFMA.
1. Introdução
Objetivar a discussão ou análise sobre a natureza e o papel do Estado hoje nos
parece algo desnecessário. Há muito que nascemos, crescemos, e até mesmo chegamos
a morrer sem, de fato, questionarmos a nossa existência em certos sistemas de
organização social e política. O Estado, no entanto, não deixa de ser também este
enigma, que nos engendra um falso aparente ou mesmo essa ilusão do falso concreto,
muitas das vezes, se não apreendido por meio de um exercício disciplinar e
epistemológico escapa no olhar de quem nele habita.

Como afirmara o sociólogo Norbert Elias (1994), é o mesmo que pensar o


paradigma do indivíduo e a sociedade, de tal modo que ficamos na luta metodológica de
entender qual vem primeiro, se é a natureza da sociedade que está no indivíduo isolado
ou a sociedade como um todo, outrossim, se o papel do indivíduo que deve ser
compreendido na sua singularidade ou particularidade enquanto sujeito isolado ou em
grupo, ou ainda, conforme nos mostra também Agnes Heller (1986), ao desmitificar as
‘leis naturais’ em Marx. Segundo ela, Marx entendia a natureza como algo dado, por
isso a necessidade de negá-la e apreendê-la como algo não dado, isto é, o exercício da
negação dupla para poder objetiva-la como uma abstração do concreto para o concreto
pensado.

Eis o desafio que nos colocamos a fazer: Entender a Natureza e o Papel do


Estado- em Durkheim, Weber e Marx. Ora, a discussão a ser desenvolvido aqui não está,
necessariamente, na desconstrução dos teóricos ou das abordagens destes, mas, pelo
contrário, buscaremos apreender de modo cauteloso e crítico as formas de apresentação
do Estado em todos eles.

Assim, antes de apresentarmos os autores, gostaria de destacar que a visão


marxista sobre o Estado aqui empreendido-é resultado de um exercício teórico e
metodológico das três obras de Karl Marx, desenvolvido pelo professor Flávio Farias 3,
uma vez que este não chegou a elaborar quando estava em vida.

3 Flávio Farias, professor doutor do Departamento da Economia e Políticas Públicas da Universidade


Federal do Maranhão, autores de vários livros como: O Estado Capitalista contemporâneo: para a crítica
das visões regulacionistas (2000); A globalização e o Estado cosmopolita (2001); Filosofia política da
América (2004); O modo estatal global (2013); O imperialismo global (2013); e, por último, Crise global
(2015).
Em resposta ao Norberto Bobbio4, que negara a fundamentação teórica de uma
perspectiva marxista sobre o Estado, Farias, em decorrência da afirmação nos prendou
com o livro: O Estado Capitalista Contemporâneo: para uma crítica das visões
regulacionistas (FARIA, 2001), é, portanto, por meio deste que buscaremos dissertar o
olhar crítico sobre o Estado em Marx.

Desta feita, temos como proposta de discussão analisar como a natureza e o


papel do Estado-burguês e capitalista se apresenta nas visões Durkheinniana,
Weberianna e Flavianna**5 através da revisão bibliográfica. É importante também
destacar que o trabalho é resultado da disciplina: Estado e Questão Social, do
Programa de Pós graduação de Políticas Públicas da Ufma (PPGPP)- ministrada pelo
(a) professor (a) doutor (a), Flávio Bezerra de Farias e Cristina Costa Lima .

Portanto, acreditamos que a discussão é de extrema relevância uma vez que


engendra uma desconstrução burguesa de Estado- visto como uma única perspectiva de
abordagem, sem deixar de tornar inteligível as formas dialéticas de relação e produção,
resultado do próprio Estado como esse ser ontologicamente social.

4 Norberto Bobbio, nascido na Itália, é um dos mais respeitados pensadores políticos contemporâneos.
Bobbio desenvolver pesquisas relevantes sobre teoria política, como por exemplo, a obra A teoria das
formas de governo, O futuro da democracia, Estudos sobre Hegel, A era dos direitos e Os intelectuais e o
poder.
5 Enigma inventado pelo próprio autor, para destacar o pensamento do economista Flávio Faria.
2. A natureza e o papel do Estado em Durkheim

A natureza do Estado em Durkheim é uma discussão que aparece como algo


dado, ou seja, ele não problematiza a gênese do Estado em sua análise, tornando, assim,
a realidade estatal por meio de leis e princípios sociais resultado das relações
estabelecidas entre indivíduos ou grupos sociais, quando este afirma que o conjunto de
regras sancionadas são razões sine qua nom das relações sociais (DURKHEIM, 2002).

Uma das características da sociedade política nesta ordem não é a oposição entre
aqueles que governam e os governados, porém é a restrição dada ao espaço de
organização governamental, que, por sua vez, exige um território próprio e número
significativo de população.

Para ele, o Estado é uma sociedade formada pela reunião de um número mais ou
menos considerável de grupos sociais secundários, submetidos a uma mesma
autoridade, ou seja, não está preso de nenhuma autoridade superior regularmente
constituída. Este dividi entre as sociedade políticas superiores que são formadas por
uma agregação lenta das sociedades políticas inferiores que estão em uma ordem
hierárquica, organizados por regras, que determinam as relações dos indivíduos com a
autoridade soberana cuja função 6das suas ações estão submetidas.

A crítica que se apresenta, nesta primeira instância, ao pensamento de Durkheim


está justamente no modo como Estado cria as regras e como os indivíduos obedecem as
mesmas, uma vez que ele designa a complexidade das relações e subordinações dos
indivíduos como a natureza do Estado, ou seja, é nela que encontramos um conjunto de
funcionários específicos, no seio do qual se elaboram as representações que envolvem a
coletividade.

Neste âmbito, ao pensarmos a natureza do Estado-burguês em Durkheim é


indispensável associá-lo a um pensamento limitado de um observador que analisa o
funcionamento das instituições e dos agentes que nela o compõem, o que, todavia, não
deixa de ser essencial, mas torna incompreensível o processo das construção do Estado

6 Pensar a questão da função em Durkheim é, todavia, recorrer na sua obra, Da divisão social do trabalho
social, na qual ele afirma que a função pode ser vista de duas maneiras, ora como um sistema de
movimentos vitais, fazendo abstração dos seus efeitos, ora para exprimir a relação de correspondência
que existe entre os movimentos estabelecidos dentro do organismo. Assim sendo, ele vê a função da
divisão social do trabalho na perspectiva de não prejulgar o quanto a questão de saber como essa
correspondência se estabeleceu, se ela resulta de uma adaptação intencional e preconcebida ou de ajuste a
posteriori.
como algo não natural, o que influencia de algum modo na construção com que
empreendemos os seus papéis7.

Assim, o papel do Estado é nada mais do que fazer manutenção das regras ou
direitos, ou seja, impedir as usurpações ilegítimas dos indivíduos uns pelos outros. Isso
fica mais visível na relação entre o Estado e o indivíduo, ao afirmar que as crenças
coletivas detenham mais valor ou significância, e que o sujeito simplesmente aparece
como meio. Assim, o único caminho de prevenção desse particularismo coletivo e as
consequências que ele implica para o indivíduo é que só um órgão especial que possa se
encarregar da representação junto a essa coletividade particular à coletividade total,
reconhecendo seus direitos e interesses.

Mas, para que uma força coletiva aqui apresentado como Estado seja libertadora
do indivíduo é necessário de contrapeso no que toca a divisão dos poderes, ou seja, ela
deve ser contida por outras forças coletivas, “pois. é pelo Estado e só por ele que os
indivíduos existem moralmente” (Durkheim, 2002, p.89).

3. A natureza e o papel do Estado em Weber.

Weber na sua análise crítica sobre Estado-burguês deixa claro o quanto a sua
natureza é capitalista. Neste viés, busca a partir do exercício genealógico compreender a
sua formação. Ele afirmara que foi graças a relação entre o Estado nacional e o capital
que emanou a classe burguesa nacional e que sua origem se deu por meio da cidade-
estado romano, que nunca viu chegar ao poder a democracia, no sentido da cidade
grega, e, junto com ela, sua justiça.

Neste ambiente, vê-se o quanto capitalismo moderno não é produto somente do


direito romano, mas também do direito medieval. E é na ordem do direito formal que
tanto o Estado e o capital ganharam mais significância política. Observa-se o primeiro
indício de uma política econômica principesca racional que tinha como significado a
transferência do empreendimento aquisitivo capitalista para a área política- isto é,
dentro das características como estamental-monopolizador (regida pelas igrejas),
mercantilismo nacional, visando na proteção de sistematização das indústrias nacionais.

7 Vale ressaltar a questão da ausência de uma apreensão mais voltada a natureza do Estado Capitalista
como algo dado em Durkheim. Ele procura de todo modo ser fiel a sua metodologia sociológica que se
restringe em ver o Estado como produto funcional, isto é, escapando de outras abordagens que também
tentavam compreender o social ou a sociedade, como, a economia e a psicologia. A busca de um estudo
das organizações e do funcionamento do social o impediu de ver as contradições geradas nas relações de
produção.
Resultando, no surgimento do primeiro banco da Inglaterra-onde a gestão está de algum
modo voltado para uma atuação racional-puritana.

O Estado-moderno de Weber, vai ser então este meio específico que lhe é
próprio, como também a toda associação política por meio da coação física e, a política
como tentativa de participar no poder ou de influenciar a distribuição do poder. Por isso,
ele reforça que não basta entender o funcionamento dos agentes ou como as instituições
estão organizadas, e necessário pensar a relação histórica de dominação como caminho
de entendimento da desnaturalização do Estado burguês e capitalista.

Ele distingue três tipos de dominação, como, tradicional, relativo aos costumes
sagrados por validade imemorável e pela disposição habitual de respeitá-lo. A
carismática que está voltada a entrega pessoal e a confiança pessoal em revelações,
heroísmo ou outras qualidades de liderança de um indivíduo e, por último, temos a
legal, relativo a crença na validade de estatutos legais e da competência objetiva. É,
portanto, por meio da política que este percebe o quanto todo tipo de gerenciamento de
poder requer de quadro administrativo- tal como, recompensa material e honra social.

Para ele, o Estado-moderno é, no entanto, uma associação de dominação


institucional, que dentro de determinado território pretendeu com êxito monopolizar a
coação física legitima como meio de dominação e reuniu para este fim, nas mãos de
dirigentes, os meios materiais de organização, depois de desapropriar todos os
funcionários estamentais autônomos. Portanto, a natureza do Estado-moderno, segundo
Weber, é nada mais do que resultado de grupos de dominação e do monopólio ou
legitimação da força física que é próprio do Estado capitalista.

O papel do Estado está justamente no uso da força ou das formas de dominação


para o bem administrar, isto é, desde a direção política e o domínio dos funcionários. A
burocracia8 é uma das características do estado moderno capitalista, fazendo uma
analogia com a empresa, este vê o Estado moderno como uma fábrica, no qual existe
8 Percebemos o termo burocracia como esta estrutura social na qual a direção das atividades coletivas
fica a cargo de um aparelho impessoal hierarquicamente organizado, que deve agir segundo critérios
impessoais e métodos racionais. Esta tem três fontes principais: 1) Nasce na produção, cuja concentração
em poucas grandes unidades e cuja racionalização do trabalho geram o aparecimento de um aparelho
administrativo no seio da empresa capitalista; 2) Segunda fonte está no Estado moderno que se tornou um
instrumento de controle e administração de um número cada vez maior de setores da vida social; 3) a
terceira fonte do burocratismo está no crescimento das organizações políticas e sindicais. Assim sendo, a
sociedade moderna é uma sociedade de organizações burocráticas submetida a uma grande organização
burocrática que é o Estado que conseguiu transformar a maior absoluta da população em população
assalariada e integrando-os em organizações impessoais, em que o trabalho perdeu o significado
intrínseca e outras características (FERNANDO MOTA, 2000).
um conjunto de agentes, instrumentos, recursos e reservas que são essencial na
manutenção ou gerência da mesma, que se encontra na mão de um empresário ou
político.

A organização do trabalho racional é o principal aspecto no que cerne a mudança


estrutural e estruturante das ações dos atores na sua condição de empregados que,
derivou a prática do direito que estava na mão dos advogados ou ainda onde o juiz tinha
um papel autônomo na decisão dos conflitos internos da sociedade. A expropriação da
política fez com que surgisse o político profissional- e que se desenvolveu no passado
na luta entre os príncipes e os estamentos, no serviço dos primeiros.

Assim, a política como profissão se apresenta em duas perspectivas: 1) Viver da


política- relativo àqueles que tem a política como uma única fonte de renda; 2) Viver
para a política relativo àqueles que tem a política como uma causa. Por isso que ele
sugeri que a direção de um Estado deve ter mais dinheiro para evitar que estes usam as
receitas públicas e como solução é preciso o recrutamento não plutocrático.

Para Weber, foi a necessidade de uma direção formalmente unificada de toda a


política, inclusive a interna, por um estadista, que emanou o desenvolvimento da
constituição, para gerenciar os conflitos entre os funcionários e especialistas, que
derivou os parlamentos, primeiros ministros, funcionários públicos (especializados e
políticos). Contudo, percebe-se que a função do Estado burguês capitalista é nada mais
do que uma gerência empresarial estatal.

4. A natureza e o papel do Estado em Marx.

Como já mencionei anteriormente que a discussão sobre o Estado na perspectiva


marxista aqui apresentado não foi desenvolvido pelo próprio Marx, mas é por meio dos
seus estudos sobre “O capital”, que o economista Flávio Farias fundou a sua teoria e
metodologia. Farias, ao responder a afirmação de Bobbio, que negava não existir uma
abordagem marxista sobre o Estado, elabora por meio da epistemologia e a ontologia do
ser social constitutivas no método marxiano sua visão de Estado (FLÁVIO FARIAS,
2001).

Ele considera que o Estado e o capital são formas historicamente determinadas


de existência social, isto é, como fenômenos que estão situados na estrutura complexa
do próprio ser social, podendo, portanto, ser abordados por intermédio do mesmo
método didático e materialista, apreendendo, assim, o ser como algo orgânico,
inorgânico e social, dentro da lógica formal e dialética. Por isso, considera-se o
pensamento marxista sobre o Estado capitalista uma abordagem crítica e revolucionário
que difere da visão reformista.

Negando a ideologia reformista que busca mais ver os papeis instrumentais


como a expressão verídico e pura da existência da forma, demonstra que não é o
isolamento abstrato dos aspectos essenciais da forma do Estado que se possa
transformar ou mudar as contradições nele presente, mas é preciso apreender as suas
múltiplas determinações para melhor entender, o que envolve uma passagem dialética,
isto é, em um determinado contexto de formação econômica e social dada, apreendendo,
assim, um conjunto de aspectos do Estado como ser social histórico. “O estado-moderno
é um ser social situado no tempo e no espaço; é rico em determinações; trata-se de uma
totalidade concreta, complexa e contraditória”, (Flávio Farias, 2001, p.27).

Flavio destaca seis aspectos importantes para pensarmos a natureza do Estado-


burguês e capitalista na perspectiva marxista, isto é, através do silogismo, da estrutura,
do fetichismo, da genealogia, da fisco-finança, sem, portanto, esquecer da teleologia do
Estado.

O silogismo do Estado está, todavia, no seu movimento de totalização e de


concretização que se situa no tempo e no espaço, ou seja, é um silogismo uma vez que
está composta por três formas, isto é, no âmbito geral (forma-estado), particular (forma
de estado) e, por último, na sua singularidade (forma do estado).

A estrutura do Estado volta-se aos aparelhos que estão representados na sua


materialidade, em torno do qual se encontram as relações sociais, como, a legitimação
de Estado, ou a democracia burguesa formal. Enquanto que o fetichismo do Estado é a
manifestação de forma objetiva (máquinas burocráticas) e subjetivas (sob forma de
democracia e de ideologia burguesa correspondente).

“[...] o fetichismo do Estado é um fenômeno de consciência social e


do ser social, no sentido de que há uma restrição de fetichismo que
impulsiona a assimilar à sua objetividade sua subjetividade
(reificação) e vice-versa (personificação) (Flávio Farias, 2001, p.32).

Assim sendo, a genealogia do Estado vai ser nada mais do que a gênese, o
crescimento ou transição constante deste até a sua própria superação. Já o fisco-finança
está relativo a subsistência deste para si e em si, assumindo, assim, o seu papel de
mediador das contradições na sociedade. Por último, temos a teolologia do Estado que,
por sua vez, está relacionado com a existência natural, isto é, o Estado e o capital
apresentados como formas cuja teolologia é mutável desde sua origem até o
desenvolvimento e a sua extinção por meio da dialética e contradição. O que nos leva a
entender de modo mais conciso a sua objetivação nas funções que exerce na sociedade.

Assim, o papel do Estado pode se caracterizar em três aspectos: 1) O estado


como mediador, aquele que assume a função de participante de resolução de
contradições entre os indivíduos mercantis simples, bem como entre os capitalistas e
trabalhadores assalariados; 2) Agente de intervenção, que requer em uma
contextualização das leis gerais historicamente estabelecidas; 3) Espacial do Estado,
está relativamente na ação que o Estado assumi nas modalidades singulares no espaço,
onde ocorrem as lutas e os armistícios políticos e sociais e cuja instalação dos
compromissos se institucionalizam.

Contudo, podemos ver em Flávio que a natureza do Estado-burguês é nada mais


do que resultados das contradições das formas de relação e de produção do capital- que,
acaba se tornando determinante no âmbito econômico, social, político e cultural.

Natureza e Papel do Estado Capitalista

Autor Conceito de Estado Natureza Papel

Émile Durkheim O Estado é uma Como algo dado, O papel do Estado


sociedade formada ou seja, ele não é nada mais do que
pela reunião de um fazer manutenção
número mais ou identifica e nem dos regras ou
menos considerável problematiza o tipo direitos, ou seja,
de grupos sociais impedir as
de Estado-burguês
secundários, usurpações
submetidos a uma como Capitalista. ilegítimas dos
mesma autoridade, indivíduos uns
que não prendendo pelos outros.
de nenhuma
autoridade superior
regularmente
constituída.
Max Weber O Estado-moderno Natureza do O papel do Estado
de Weber, vai ser Estado-burguês está justamente no
então este meio como Capitalista, uso da força ou das
específico que lhe é resultado de grupos formas de
próprio, como de dominação e do dominação para o
também a toda monopólio ou bem administrar,
associação política legitimação da isto é, desde a
por meio da coação força física que é direção política e o
física. próprio do Estado domínio dos
capitalista. funcionários.
Flávio Faria O estado-moderno é A natureza do O papel do Estado
um ser social Estado-burguês e se apresenta a
situado no tempo e capitalista na
no espaço; é rico em perspectiva partir de três
determinações; trata- marxista, isto é, aspectos
se de uma totalidade através do
fundamentais,
concreta, complexa e silogismo, da
contraditória. estrutura, do como, mediação,
fetichismo, da agente de
genealogia, da
fisco-finança, sem, intervenção e em
portanto, esquecer espacial do Estado.
da teleologia do
Estado.

5. Considerações-Finais

Compreendemos que a discussão sobre a natureza do Estado-burguês e capitalista


não se apresenta da mesma forma nos três autores, visto que, para Durkheim a
natureza do Estado não é algo determinante no processo de construção da sua teoria,
mas que aparece dada por meio das relações estabelecidas através de leis regulares
de uma determinada sociedade. Diferente deste, Weber demonstra o quanto a
natureza e o papel do Estado estão condicionados numa forma capitalista, ou seja, as
ações dos atores está atrelado a uma forma estrutural maior de dominação (Sistema
Capitalismo), que varia em cada grupo social. Contudo, Flávio Farias não negando
a natureza capitalista do Estado burguês, reforça que este é complexo, uma vez ele
se apresenta como um ser social e que se apresenta em razão de uma diversidade de
determinações que, em qualquer momento pode ser superado.
6. Referência Bibliográfica

DURKHEIM, Émile. Lições de Sociologia. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

_______________. Da divisão do trabalho social. São Paulo: Martins Fontes, 2010.

ELIAS, Norbert. A sociedade dos indivíduos. Rio de Janeiro: Zahar, 1994.

FARIAS, Flávio. O estado capitalista contemporâneo: para uma crítica das visões
regulacionistas. São Paulo: Cortez, 2001.

HELLER, Agnes. Teoria das necessidades em Marx. Barcelona: Editora Península,


1986.

MOTTA, Fernando. O que é burocracia. São Paulo: Brasiliense, 2000.

WEBER, Max. Economia e Sociedade: fundamentos da sociologia compreensiva. São


Paulo: Editora Univerisdade de Brasilia, 1999 (p. 517-543).

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