Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA
DESABRIGO EM ESTRUTURA:
A REGIONALIZAÇÃO DE PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA NO MUNICÍPIO DO
RIO DE JANEIRO – RJ
Região e Regionalização
Professor: Luiz Miguel Pereira
Niterói
04/07/2023
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo apresentar a regionalização das
pessoas em situação de rua no município do Rio de Janeiro – RJ e, a partir do
método de revisão de literatura e levantamento de dados, lidos e apresentados
dentro de determinada ótica marxista, propor uma reflexão sobre os motivos que
põem estes cidadãos diante de tal perda de dignidade, reconhecendo que a moradia
é um dos direitos básicos presentes em nossa constituição de 1988.
INTRODUÇÃO
O dados obtidos nos ajudam a entender como elementos pautados por exclusões
estruturais, que vigoram desde as origens de nosso país, reforçam a necessidade
de enfrentamento de questões como o racismo, pra ficarmos em um exemplo mais
evidente, já que do total destas quase 8 mil pessoas em situação de rua, 84% são
autodeclarados pretos ou pardos.
Outro número que nos salta aos olhos é o fato de 11% não saber ler ou escrever
um bilhete simples, além de 64% possuir ensino fundamental incompleto,
desnudando a relação entre desigualdade econômica e desigualdade de acessos à
educação e cultura.
1
.https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2023-04/censo-identifica-7865-pessoas-em-situacao-d
e-rua-na-cidade-do-rio#
● Produzir um mapa que exponha a distribuição desta população em
situação de rua dividido entre as zonas que compõem a cidade do Rio
de Janeiro a partir do Censo de população em situação de rua de
2022;
● Expor a relação entre estes números e a própria dinâmica excludente
presente nos territórios comandados pela lógica da acumulação de
capital, num momento de desemprego estrutural, trabalho precário e
crise econômica.
O título deste trabalho, qual seja, Desabrigo em estrutura, tem o objetivo de expor
as contradições entranhadas em um modo de produção que se expande tendo
como perspectiva máxima a sobreposição do valor de troca sobre o valor de uso, ou
seja, as necessidades de valorização do próprio capital acaba por se impor às
necessidades humanas, de homens, mulheres, animais e meio ambiente,
transformados todos em meios quantitativos para o avanço do lucro e do ganho de
alguns sobre os demais. Tal inversão de princípios se mostra visível na malha
urbana de forma mais extrema no drama das pessoas em situação de rua, já que a
estrutura que norteia e na qual se baseia esse modo de produção acaba por excluir
uma gama crescente de indivíduos, que veem muitas vezes nas drogas legais ou
ilegais, um método de abrandar a dor e o sofrimento causados pelo desemprego e
pelo racismo estruturais, que os impõe uma existência miserável pelas ruas das
grandes cidades do país.
2
.https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2023/03/trabalho-semelhante-ao-escravo-deve-ter-forte-alta-
com-crise-e-impunidade-sob-bolsonaro-diz-chefe-da-oit.shtml
não é tão direta e simplificada, já que há alguns pontos a serem considerados, como
o contexto histórico, já que o uso de drogas faz parte da história da humanidade e
muitas vezes está relacionado a necessidades sociais específicas ao longo do
tempo. Também temos de levar em conta que seu consumo não é necessariamente
prejudicial. Pode ocorrer de diferentes maneiras, desde usos ocasionais e
recreativos até comportamentos abusivos e dependentes. Nem todas as pessoas
que usam drogas acabam em situação de rua. A forma como o Direito lida com as
drogas, através de leis e políticas proibicionistas, também desempenha um papel
significativo nessa questão, já que na nossa atual sociedade a maneira de tratar o
usuário vai na direção da repressão e da violência3, se obtendo a marginalização de
uma parcela social que quando em situação de rua, acaba por incorporar mais uma
camada de preconceito e estigma sobre si.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
3
.https://oglobo.globo.com/politica/violencia-policial-bate-recorde-em-2020-atinge-maioria-negra-jove
m-25111227
relações históricas que são representadas por dito recorte. No caso inserido no
âmbito desta pesquisa, tal olhar mais rigoroso, baseado numa metodologia
marxista, nos permitiu enquadrar a problemática do desabrigo atravessada por
outras opressões e por outros aspectos de ordem do poder e da subjugação, tais
como o racismo e o patriarcado, nos permitindo abordar esta condição extrema de
desassistência estatal costurada á outras formas de manutenção do status quo. Se
as condições que geram tal quadro de miséria é social e histórico, significa que a
regionalização pode fornecer elementos para o combate as raízes desta situação,
parafraseando o poeta e dramaturgo alemão Bertold Brecht, que “nada deve
parecer natural, nada é impossível de mudar”.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
. MARX, K. O capital: crítica da economia política. São Paulo: Boitempo, 2013. cap.
I, XXIII e XXIV.