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Esta conferência têm dois propósitos básicos: Primeiro apresentar de uma forma geral, para
linguajar, a conceitografia que a filosofia requer para a exposição e respostas dos mesmos.
Ou seja, este trabalho é um trabalho de divulgação que pretende esboçar alguns problemas
de filosofia política pertinentes à modernidade e à pauta que inscreve este nosso debate.
filosofia política são tratados. O segundo propósito é o que se refere ao norte que esta
palestra tem, isto é ao seu tema: O problema com o qual estou concernido aqui é esboçar
por que o projeto ou a utopia política marxista engendra necessariamente um estado avesso
ao que ela mesma se propõe, a saber: o da realização plena da liberdade individual por
violência no interior da esfera das relações sociais. - Não devemos nos esquecer que a
questão da violência é um dos motes fundamentais da reflexão política moderna com o qual
Hobbes, Hegel, e Marx estão concernidos - .Ou ainda de outro modo por que o projeto
marxista engendra uma forma de Estado político - e se estanca nele – em que o avesso da
totalitarismo de esquerda que vivenciamos no século passado e do qual restam ainda alguns
desta nova face do terror que é o totalitarismo. Para tanto, não me orientarei sobre as
análises conjunturais dos sucessos ou insucessos econômicos deste modelo Político. Isto é,
não me orientarei por princípios ou critérios econômicos para pensar sobre este problema.
conjunto de benesses partilhadas pela coletividade - tivessem sido fantásticos sob uma
certa perspectiva – o que não é verdade - a crítica sob o âmbito das liberdades ainda teria de
ser feita. O que quero dizer com isto é que se constitui em uma falácia a justificativa de um
regime autoritário pelas benesses de caráter material que este porventura possa produzir.
Portanto, também a crítica negativa a esta forma de regime político que se fundamentar
política. E diria mais que o aniquilamento das liberdades individuais, do Estado de Direto
Republicano, da democracia, pelo exercício político do marxismo teve como uma de suas
causas concorrentes esta confusão conceitual, que é alimentada teoricamente pela doutrina
do próprio Karl Marx sobre o papel do Estado. Não nos esqueçamos que Marx reduz o
Estado a uma meta-instância da estrutura de produção dos bens, responsável apenas pela
manutenção de interesses de classe segundo uma ideologia que se conforma a este fim. Do
mesmo modo, a crítica à democracia e ao Estado de Direito feita por parcelas da esquerda
parecem denotar igualmente esta confusão. Muitas vezes ouvimos esta questão: se a
democracia no Estado de Direito é tão boa por que existem tantos miseráveis no mundo,
por que graça a miséria e a concentração de renda? Esta pergunta se pauta por um equívoco
conceitual, a saber: não distinguir entre as esferas públicas, privadas, não ter clareza sobre o
real papel do Estado em relação a sociedade civil organizada – e o valor que isto representa
- e a dinâmica própria da órbita dos carecimentos que é a esfera da produção dos bens de
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consumo e sua distribuição. Além disto, suscita igualmente o não ter consciência,
sobretudo, sobre que bases o Estado moderno e o âmbito próprio da política se fundam, a
saber: uma concepção sobre a natureza humana. Não quero suscitar com isto que a
miséria, a fome, as carências de todas as ordens não são problemas políticos importantes e
contingentes a uma forma de modelo econômico que deve ser nos seio de uma sociedade
livre repensado. Nós sabemos, por experiência própria – a cena brasileira - o quanto isto é
problema para consigo e para com a sociedade como um todo. A situação de miséria e de
representa no mais das vezes - o seu enfraquecimento político, porque denota que o estado
está deixando de cumprir com sua função primordial: a manutenção da paz social e o
correto ornamento para progresso das faculdades humanas. Hobbes bem observa isto
quando afirma que é tarefa do Estado a manutenção da paz pelo progresso livre das
atividades humanas – o comércio, a ciência, as artes em geral- pois isto suscita nos súditos
a adesão pelo regozijo de uma vida boa e digna. Veja-se o quanto somos afetados nas
quando reclamamos políticas mais eficazes para coibir e reparar estes males, reclamamos
imprensa, ou quando nos organizamos livremente para combater e debelar estes malefícios.
justiça para além dos interesses mais particulares ou até mesmo, nos casos acima
mencionados ilegítimos. Esta é a nossa representação comum de Estado Político que muitas
vezes é obscurecida por pseudo-problemas ou análises confusas. E é com esta matéria que o
Estado é feito: Direitos que esboçam aquilo que todos queremos e que reconhecemos como
universais e que orientem as políticas do Estado em relação a sociedade civil e que tem
como norte regulador a promoção da boa vida ou da vida digna para seus membros. Ou
seja, o Estado aparece para nós, no fundo de nossas cobranças e críticas, como aquele ente
político que legitimamente deve senão banir a violência diminuir em grau as condições do
seu surgimento no interior da sociedade civil. Qual a diferença desta acepção de Estado –
em jogo nestas duas acepções? Esse é o núcleo central da nossa análise aqui e dele tratarei a
partir de agora.
Para que tenhamos uma concepção exata, frente a polissemia ou a diversidade de sentidos
que o próprio termo Estado engendra, nada melhor do que identificarmos no âmbito da
domínio próprio das relações políticas. Este ponto propriamente marca a reflexão política
em toda a extensão de sua tradição, tradição que se inicia com os texto clássicos de
Aristóteles e Platão. Nos deteremos entretanto em dois pensadores modernos para com os
quais Marx guardava grande admiração e respeito intelectual e sobre quais declara menos
Fenomenologia do Espírito como o exercício pelo qual o próprio escravo irá dissolver esta
redentor de uma situação que se apresenta como opressiva para uma das partes e que liberta
elevando os mesmos a um novo patamar de relações entre si, é assumido por Marx da
materialista que este inaugura no campo da teoria política, Marx herda a noção de natureza
humana, como seres finitos que pelo esforço – agora conceituado como trabalho –
concepções sobre o domínio da Política, i.e da esfera das relações humanas instrumentadas
por leis estatais, são absolutamente distintas entre si. Hobbes e Hegel – salvo as grandes
Estado é necessário em virtude daquilo que ele preserva: a saber nós mesmos de nós
mesmos ou a sociedade civil de sua dissolução. Tanto para Hobbes como para Hegel o
Estado não é um momento transitório para qualquer outro estágio que se queira imaginar,
mas a realização de uma esfera - a das relações políticas - que tem como sentido último a
manutenção do exercício das atividades privadas, cujo o fim é a satisfação dos sujeitos quer
modelos destes dois intelectuais não são abolidos os jogos que conformam a natureza da
sociedade civil determinados pela natureza desejante que rege os interesses e as ações
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humanas quer pela busca de prestígio ou reconhecimento – Hegel- quer pela satisfação das
para o progresso de todos os agentes nas esferas de suas vidas, regrando-os somente no que
próprio Estado político se afirme como necessário em virtude da natureza própria dos
agentes. Ou seja, sob o pano de fundo da esfera política encontra-se inscrito na própria
intelectuais como hegeliano de esquerda – peço licença para uma exposição ainda que
A sociedade civil – que antecede o advento do estado - se caracteriza por ser um contexto
que possui suas próprias normas e regras segundo os princípios do direito abstrato. Ou seja,
os agentes que a compõe, as corporações e os seus membros, tem como base da sua ação a
neste sentido exercitam seus interesses de forma legitima. A sociedade civil burguesa
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caracteriza-se historicamente por ser uma sociedade orientada pelo mercado, pelas relações
comerciais e, portanto, tem as suas instituições marcadas pelo jogo dos carecimentos, das
185 que esta conforma “o reino da dissolução, da miséria e da corrupção física e ética”.
Entretanto, apesar disto, nela reside igualmente um aspecto da liberdade, aquela que
conforma a vontade dos agentes segundo uma perspectiva jurídica mediante a qual o
reconhecimento mútuo está posto pelo reconhecimento dos agentes como portadores de
para a sua manutenção, pois o risco de que o jogo dos carecimentos e a particularidade nele
contida implodam esta forma societária é muito alto. Ou seja, o princípio jurídico que
contradições segundo outro domínio do direito parece ser requerida pela sociedade civil.
Entretanto, esta potência - o Estado - é constituído por uma noção, uma idéia que norteia e
legitima sua intervenção nas relações que se dão no seio da sociedade civil burguesa., a
saber: o bem comum. O bem comum se apresenta como a preservação pelo Estado das
diversas esferas nas quais os agentes podem exercer livremente suas distintas formas
advento do Estado irá promover a indivíduo a convivência com uma nova forma de relação
em uma outra esfera, a esfera do Cidadão, da relação não entre vontades livres que
aparecem como membros de corporações, mas entre agentes que são iguais segundo uma
esfera jurídica própria que o Estado encarna. São iguais e livres segundo o conjunto de
anular-se no jogo das particularidades, tendo sido caracterizada como um contexto que
desta possibilidade de ameaça ao exercício da liberdade nesta esfera por parte dos agentes,
dirimir dos conflitos e contendas. Neste sentido, o Estado não suprime a vontade particular,
preservem de sua própria vocação, a realização das satisfações privadas, que exercidas ao
a efetivação dos interesses da vontade privada é o elemento que legitima o Estado frente à
sociedade civil e o limita quanto ao violar estes limites que constituem e preservam a
mesma. Isto constitui um forte impedimento – pelo menos no âmbito teórico - à tentação
espaço tanto para a realização da vontade particular – que deve ser absolutamente
preservado, pois é a razão própria do Estado existir - como para a realização de uma
vontade que se orienta pelo bem comum. Em Hegel, pode-se perceber claramente o
conceito de individuo moderno se efetivando, pois um sujeito pode ao mesmo tempo ser
cidadão e se interesar pela vida pública e ser membro de uma corporação, portanto dedicar-
se aos seus interesses privados, sem que isto determine qualquer contradição de fundo.
cidadão pode delegar a outrem a representação e continuar cuidando dos seus interesses e
Como bem salientei, considerei aqui a perspectiva hegeliana de Estado moderno, porque
Marx sobre ela se debruçou e a examinou teoricamente, para tecer sua crítica contundente.
Antes de passarmos à Marx devemos salientar que o denominador comum entre Hobbes e
Hegel é que ambos pressupõe nos seus respectivos modelos uma ordem de carecimentos
disputam por bens – ou por aquilo que cada um considera como um bem para si – e assim
agem porque estão racionalmente autorizados a supô-los como finitos e a supor que os
finito e por isto carente de bens para se manter vivo - considerar os bens como finitos e os
morte. Este momento, entretanto, configura um paradoxo de composição, pois aquilo que
cada indivíduo almeja como finalidade de sua ação – a vida – passa a ser mais ameaçado
que em ambas teorias políticas paira sobre esta ordem pré-política um domínio de
violência, violência esta que reside de certa forma na natureza dos agentes em questão. Isto
denota igualmente que nos dois modelos casos uma concepção sobre a natureza dos
com os agentes tal como estes são concebidos e descritos. O código de leis não é
Em Marx não há propriamente uma teoria política do Estado, isto é do que o Estado deve
ser. Desde os escritos de sua juventude, Marx se alia aquela parcela da tradição moderna
dominantes. Devemos salientar que frente a conjuntura política do século dezenove, esta
hoje não toleramos mais este tipo de situação e o Estado de Direito incorporou as demandas
dos trabalhadores como expressão efetiva do Direito do Trabalho. Mas esta não é a questão
central. Para além da crítica feita pelos socialistas utópicos, pelos anarquistas e comunistas
ao modo como o Estado se afigurava então, se elaborou a tese de que os valores que eram
designado por ele como o Estado Burguês. O Estado se afigura como uma superestrutura,
cujo o poder é derivado do poder exercido no interior da sociedade civil pela classe que
detém os meios de produção. Tal como para Hobbes, para Marx é na esfera da produção
dos bens que se origina o poder, embora em Hobbes o poder político se consolide sobre
mesmo garante a sua universalidade. Para o marxismo o poder político não se constitui pela
representação, mas pelo domínio de classe sobre o aparato de estatal, que passa a ser seu
nenhuma nesta esfera, ela, e como isto a noção de bem comum é reduzida à uma peça da
oratória ideológica. Isto é uma conseqüência da redução que Marx opera no plano da
história, a qual não escapa nem a esfera das justificativas teóricas. Todo processo de
sua aparição. Ora se assim fosse a geometria de Euclides ou a física de Newton teriam que
se justificar não pelas premissas e axiomas dos quais partem, mas em virtude do contexto
histórico no qual são enunciadas. Ora, é óbvio que podemos e devemos supor a idéia de que
de justificativa. Para atacarmos a filosofia política de Hobbes, por exemplo, devemos nos
verificando a sua coerência interna, entre outros critérios. O mesmo ocorre no plano da
trabalho no plano da história acaba por consolidar uma análise dos valores, princípios
tempo. Ora, não é atoa que o governo do então Estado Soviético tenha incentivado, à época
de Stalin, uma ciência dialética da biologia, da física – da economia não pois já tinham uma
- entre outras e fiscalizavam seus intelectuais e artistas para saber se não estavam
produzindo ciência e arte burguesas. Neste sentido, o projeto marxista ou a utopia de uma
sociedade livre dos auspícios da “naturalização” das relações sociais é decorrente deste
modelo teórico. Para Marx a sociedade civil burguesa expressa – concordando com Hegel –
uma forma de relação entre os agentes que se pauta pela égide da necessidade, das
carências que tem na determinação do valor da mercadoria sua expressão máxima. Ou seja,
a lei da oferta e da procura que determina em última análise o valor dos bens é uma
de que esta disputa pelo poder ocorre em um momento da história entre classes de
interesses contrapostos e também em virtude de uma certa característica natural dos homens
e dos bens: ser existencialmente finito, desejante e os bens igualmente finitos. Esta questão
sobre a natureza humana em Marx é fundamental, pois não é atoa que no seu viés crítico ao
longo da história da humanidade e sobretudo do século XIX, tenha como ponto de partida a
categoria econômica revela ao fundo um ser desejante que tende a satisfazer suas pulsões,
suas necessidade e carecimentos, mas que assume distintas formas de consciência históricas
encontra sempre uma forma social na qual os indivíduos produzem e distribuem riquezas
ou bens, segundo uma ideologia que legitima suas posições sociais em relação à disposição
obrigados a nos interrogar sob que condições isto poderia ocorrer. Ora, se a natureza
materialismo e que está inscrito na categoria de trabalho – como pensar em uma forma de
sociabilidade em que a disputa e acúmulo por bens ou riquezas não ocorra? Ora, frente a
estas premissas tal projeto que apregoa o fim da estrutura Estatal e a liberdade de uma
comunidade que se auto determina, só pode ser pensado como Marx fez: sua utopia tinha
como objetivo alçar a humanidade a um domínio em que as relações sociais não fossem
mais regidas pelo império da necessidade e dos carecimentos, para que os homens
capacidades mais nobres nas artes, na ciências e na filosofia . Para que isto se realizasse era
necessário quebrar com a lógica destas relações, não em termos meramente ideológicos,
mas em termos de produção e organização do trabalho. Era necessário criar não a ilusão de
que os bens são infinitos, mas realmente torná-los tendentes ao infinito, através da
superprodução. Este seria o único modo de subtrair a sociedade dos auspícios do domínio
das relações humanas pautadas pela lei da oferta e da procura – que tem como pressuposto
a finitude dos bens de um lado e agentes carentes do outro. A base material para a liberdade
seria assim conquistada, i.e, os homens – seres desejantes e finitos – viveriam em uma
sociedade em que não haveria a possibilidade da violência engendrada pela disputa pelos
bens e, portanto, o Estado - como aparato regulador e como estrutura sobre posta à
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enunciada como um imperativo para a realização desta forma de sociedade: que os bens
fossem produzidos de tal modo que fossem distribuídos a cada um segundo suas
necessidades. Ora, ao que parece isto não é possível de ser realizado. A nossa experiência
histórica anuncia cada vez mais um reino de carecimentos e finitudes. A idéia de uma
natureza de forças e matérias inesgotáveis para a criação humana pelo trabalho e pela razão,
não têm mais referência possível. Ao que consta, os bens são irremediavelmente finitos e
nós estamos, dentro deste estágio do capitalismo, ampliando cada vez mais o nosso leque
de desejos e necessidades: cada vez mais nos reafirmamos como subjetividades desejantes.
então não é possível, deve-se perguntar aos socialistas, por que o socialismo? Como
sabemos, Karl Marx é um socialista por contingência de sua própria perspectiva da história.
Isto é, segundo seu etapismo histórico, o socialismo seria um momento correlato à ditadura
do proletariado, que tinha como tarefa fundamental a criação das condições mundiais para
reconhece a sua real inviabilidade, defender tal forma de relação entre os homens. Não seria
contraditório com o próprio projeto marxista tal situação? A resposta é sim, seria, pois
segundo a própria lógica marxista, a finitude dos bens reporia no interior desta forma de
Estado e sociedade a disputa pelos mesmos em uma situação em que o terror ganha o
Primeiro por que em uma tal forma de relação do Estado com os agentes sociais, a
que a sociedade civil deve manter através do livre mercado. Isto entretanto não significa,
dizer que a social democracia hoje, frente aos fracassos da década de setenta e alguns
uma pauta, uma agenda cujo conteúdo parece incrementar o debate sobre o papel do Estado
frente a economia, na qual o Estado aparece não mais como um Estado desenvolvimentista,
utopia revolucionária, toma para si a tarefa de não voltar ao capitalismo como um socialista
arrependido. Mas, reformá-lo e fazê-lo a avançar a partir dos valores absolutos das
democracia consegue êxito nisto tornando o Estado um agente mediador das diferenças e
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discurso e prática revolucionária que têm na luta de classes seu eixo de realização. O risco
da social democracia brasileira e dos seus mais novos convertidos é o populismo, isto é,
ceder facilmente à tentação da execução a curto prazo de uma agenda de longo prazo e com
pelas hostes marxistas e sociais democratas e tecer alguns comentários sobre esta forma
absoluta supressão da sociedade civil e das garantias individuais. Sobre isto – o terror -,
Hegel faz referência a possibilidade da usurpação da esfera política por uma forma de
consciência de si que ao querer a realização de uma forma política universal, não tolera
para si os limites que qualquer forma de ordem impõe e requer. A sua vontade é, então,
regida por uma liberdade negativa, que Hegel descreve como aquela que representa o
objeto do querer como para além de si, não se reconciliando com as instituições que cria,
óbvias. Entretanto, este apareceu sob uma nova forma, o terror da consciência utópica. Esta
existência não em qualquer forma de reciprocidade com uma esfera autônoma da sociedade
civil, ou em uma ordem universal de direitos, mas na sua própria vocação, a saber: a
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vocação para a realização de um projeto que prescreve, para além do presente e da história,
Estado nesta acepção, diriam seus vogais, não encontra em si mesmo e na sua relação com
os homens no presente a sua própria fundamentação, mas na utopia que o rege. É uma
forma de instituição absolutamente vocacionada para a realização de algo que lhe é externo,
seja uma utopia de esquerda ou mesmo de direita. A necessidade enunciada por aqueles que
somente nas diretrizes de sua utopia. A provisoriedade das instituições do Estado totalitário
é remissiva ao seu compromisso com o futuro e nele encontra sua forma de justificativa,