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SUMÁRIO
FACULESTE............................................................................................ 2
Introdução ................................................................................................ 3
A contratransferência...................................................................... 15
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FACULESTE
2
Introdução
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ação que prorroga qualquer intervenção dita terapêutica e terceiro consiste no
aproveitamento desse tempo de observação para o desenrolar do possível
tratamento(DOR, 1991)
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se saber algo do sofrimento dele, podendo tratá-lo. Mas isso não é o suficiente
para que a análise ocorra.
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análise, o que seria caracterizado na prática como um fator de histerização
(Quinet, 2000).
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A Entrevista Clínica Psicanalítica
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Entrevista Inicial
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impacto que pode ter-lhe significado o primeiro encontro” (ETCHEGOYEN, 2004,
p. 46).
Para que os objetivos gerais sejam atingidos, deve-se ter como objetivo
específico, durante essa etapa inicial, os seguintes itens:
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5) avaliar a realidade exterior do paciente: condições sócioeconômicas,
entorno familiar, sua posição profissional, seu projeto de vida próximo e futuro,
existência de fatos traumáticos, etc.,
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A entrevista, para Etchegoyen (2004), tem como objetivo avaliar o que se
pode esperar do potencial analisando e, reciprocamente, o que ele necessitará
do terapeuta. Avalia também até que ponto a interação que se estabelece entre
entrevistador e entrevistado será curativa ou iatrogênica.
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Compreensão processualmente orientada na primeira entrevista
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Para o analista, a possibilidade de entender algo sobre o paciente e sobre
a relação que se inicia, é uma precondição essencial para encorajar e manter
uma relação terapêutica, à medida que muitas motivações inconscientes ainda
não podem ser transformadas para a relação transferencial.
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máximo, mas defende as “interpretações compreensivas” nesta etapa, ou seja,
aquelas que dizem o suficiente para o paciente sentir-se compreendido.
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Por outro lado, o autor descreve e defende a postura intervencionista, que
consiste em interpretar desde a primeira entrevista, desde o momento em que
se entenda o significado do conteúdo latente do discurso do analisando. Essa
posição, defendida por muitos desde Melanie Klein, parte do pressuposto que a
transferência se estabelece de forma intensa desde o início do tratamento, sendo
sua intensidade dependente da resistência inicial ao processo terapêutico.
A contratransferência
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trabalho ("abordagem clássica", Kernberg, 1965) ou como a totalidade das
reações cognitivas e emocionais do analista ao paciente ("abordagem totalista",
ibid.). Recentemente essa discussão levou ao estabelecimento de uma
psicologia orientada pelo processo bipessoal, que descreve como "lidamos com
o sistema relacional no qual um fator é também função do outro" (Loch, 1965a,
p. 15).
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O instrumento de investigação é o analista sozinho, e Loch ressalta: "o
objeto de investigação e o instrumento de pesquisa … [pertencem] à mesma
categoria" (Loch, 1965a, p. 21). Ele processa sinais em duas direções como se
houvesse dois vetores no campo psicodinâmico da situação investigativa:
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de sofrimento, ainda que prefiram outros conceitos explicativos em nível
consciente.
Além do mais, esse limiar protege o analista do fato de que todo paciente,
com sua maneira específica, é capaz de incitar a estrutura de personalidade
inconsciente do analista ou sua estrutura conflitual, afetando assim suas áreas
de vulnerabilidade narcísica. Todos esses problemas são acompanhados por
afetos intensos, especialmente por ansiedade do analista a respeito tanto dos
seus próprios sentimentos quanto dos sentimentos do paciente.
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terapeuta, em tentar descobrir quais os significantes inconscientes envolvidos
causaram no paciente essa situação atual. Por ser o inconsciente atemporal,
desejos insatisfeitos e experiências traumáticas recalcadas pelo sujeito, e que
não estão acessíveis à consciência, tem um significado simbólico atual e
presente causando-lhe sofrimento. Segundo Freud (1996/1925-1926), esse
recalque acontece pela tendência do ser humano em buscar o prazer e renunciar
ao desprazer.
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Existem para Freud (1996/1911-1913), três causas precipitantes que
levam o indivíduo ao adoecimento psíquico, a primeira se deve ao fator externo,
que pode ser descrito como frustração, ou seja, o indivíduo será sadio enquanto
sua necessidade de amor for satisfeita por um objeto real no mundo externo. O
indivíduo, ao se deparar com a ameaça de perda desse objeto real, e não
conseguindo adaptar-se de maneira satisfatória diante das frustrações
relacionadas com essa perda, poderá adoecer. O segundo tipo, o indivíduo
poderá vir a adoecer pelo ensejo de sua tentativa de atender às exigências da
realidade - tentativa no curso da qual se defronta com dificuldades internas
insuperáveis. Nesse segundo tipo há uma contradição entre os desejos arcaicos
proibidos que foram recalcados, e a condição real a que estão submetidos devido
à exigência externa que não lhe permite a satisfação destes desejos. No terceiro
tipo o indivíduo fica doente devido a uma inibição no desenvolvimento, parece
uma exageração do segundo, ou seja, cair doente devido às exigências da
realidade. (FREUD, 1996/1911-1913).
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que consiste em ouvir, sem juízo de valores, os conteúdos do material
apresentado pelo paciente, de modo a possibilitar assim a sua interpretação.
O terapeuta irá interpretar aquilo que ele dispuser com relação à fala, aos
sonhos, aos atos falhos e ao próprio sintoma do paciente. Tendo o terapeuta
"descoberto" o material inconsciente, seu próximo passo será como propõe
Freud (1996/1916-1917), a eliminação do recalque efetuando-se em seguida a
substituição do que está inconsciente pelo que é consciente. Porém essa
substituição não se dá na forma de conselhos ou orientações, “[...] posso
assegurar-lhes que estão mal informados se supõem que o conselho e a
orientação nos assuntos da vida façam parte integral da influência analítica”.
(FREUD, 1996/1916-1917, p. 506). Pelo contrário, o terapeuta deve se abster de
conselhos ou orientações deixando que o paciente venha tomar decisões por si
mesmo. Menezes (2001) considera a ideia de que os fundamentos do tratamento
analítico é tentar propiciar ao paciente a possibilidade de vir a se apropriar,
dando forma e sentido, daquilo que por estar silenciado, inacessível e confuso
lhe causa sofrimento. Concordando com Freud, ele vem dizer que essa
apropriação por parte do paciente, não se dá por meio de sugestão ou conselhos
do psicoterapeuta, mas por meio de uma disposição receptiva, paciente e
reservada. Ou seja, o feedback ao paciente é transmitido, como preconiza Freud,
por meio de inferências que levam o paciente a tomar consciência por si só de
sua condição e é na relação terapêutica que se evidencia sua cristalização, por
meio da análise da transferência.
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contrário o terapeuta deve se fazer presente, de forma que o paciente o perceba
plenamente focalizado na sua pessoa, o terapeuta deve permanecer em alerta
diante do que acontece no setting terapêutico, no sentido de estar à disposição
do paciente. (NASIO, 2003). Haja vista que a significação do que está submerso
no inconsciente não será alcançado pelo paciente ao menos que o terapeuta
esteja engajado e se faça presente nesse processo. A tomada de consciência
de seus conflitos inconscientes propicia ao paciente o alargamento do seu ego,
quanto mais ele tiver consciência de seus desejos, medos e fantasias
desconhecidas, mais recursos ele disporá para lidar com as exigências da
realidade. Essa tomada de consciência propicia ao paciente uma alternativa de
transformação de sua vida psíquica, desde que seu sistema defensivo também
seja amenizado.
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Para Nasio (1993), a relação terapêutica permite que o terapeuta seja o
Outro do paciente, esse Outro como sombra do próprio Eu do paciente, essa
condição permite a ele reconhecer no terapeuta aspectos de sua vida interior.
Assim, no inicio o terapeuta faz parte do sintoma do paciente, e a medida que a
transferência se instala e que o paciente vai interpretando, o terapeuta vira a
causa do seu sintoma. Nasio, (1999), apoiado na teoria de Lacan, vem dizer que
há um desejo do analista, desejo de ocupar o lugar que se institui como a de
sujeito suposto saber, de autoridade, presente em qualquer situação terapêutica,
mas é somente na terapia psicanalítica que essa autoridade tem a dimensão de
o grande Outro. Todavia esse desejo do analista se converte na condição
essencial para que o terapeuta ocupe o lugar desse Outro na análise, a “do
objeto recoberto pelo véu de uma falo imaginário, opaco e enigmático”. (Nasio,
1999, p. 46). Para Nasio, (1999), a condição necessária para que o paciente fale
e se engane, para que haja novos sintomas e demandas de amor é que o
terapeuta venha ocupar esse lugar de objeto, a do falo imaginário (representação
psíquica do pênis no que se refere à anatomia, a carga libidinal nele acumulado
e a angustia pela fantasia de perda desse órgão). Mas por que falo? Na teoria
Lacaniana o falo é o regulador dos desejos inconscientes, e é responsável pelos
desejos que vão se satisfazer ou aparecer como sintoma e os que vão continuar
recalcados.
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estar sujeito com relação à contratransferência. A contratransferência se define
como todo sentimento hostil ou desejoso do terapeuta com relação ao seu
paciente. Ela implica em deixar-se levar pelas emoções do que lhe é mostrado
ou dirigido pelo paciente. É a possibilidade perigosa de projeção de seus
conflitos e angústias na figura do paciente, atribuindo ao mesmo aquilo que se
refere a si próprio. Já para Násio (1999), a contratransferência designa o
conjunto de obstáculos imaginários que se opõe à ocupação do terapeuta no
lugar do objeto, do Outro, do sujeito suposto saber. Ele coloca que “se o desejo
do analista designa o fato de ocupar efetivamente o lugar do objeto, a
contratransferência designa tudo o que se opõe a isso” (NASIO, 1999, p. 106).
Para autores como Freud, Lacan, Nasio entre outros, a condição essencial para
que o terapeuta não caia nos perigos da contratransferência é ter passado ou
que esteja passando por um processo de análise, por um tempo relativamente
longo.
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que se encontra substituído por outras representações no sintoma”. (MENEZES,
2001, p. 61 e 62). Mesmo que ocorram manifestações não verbais no processo
de significação ou ressignificação que é próprio na análise, esta é totalmente
dependente das potencialidades verbais. A discriminação e referenciação só são
possíveis por meios verbais. (MENEZES, 2001). Assim, o inconsciente poderia
ser pensado como “a projeção de estrutura da linguagem”. (MENEZES, 2001, p.
19).
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Neste caso o terapeuta deve abandonar o artifício de buscar focar algum
momento ou problema específico, estudando tudo que se achar presente no
momento, pois como foi dito anteriormente o inconsciente é atemporal e se faz
presente e o sintoma se repete em qualquer situação independente de algum
assunto específico. Segundo Menezes (2001), para se desenvolver uma escuta
eficiente, baseada na atenção flutuante o analista necessita de uma mobilidade
descontraída, assim como respeitar o silêncio do paciente e quando necessário,
lançar mão de seu próprio silêncio. Além de, como salienta Herrmann (1999),
conseguir ouvir de maneira que se vá suprimindo de maneira gradual a redução
consensual, ou seja, a rotina.
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do que lhe está recalcado. As únicas dificuldades realmente sérias que o analista
tem de enfrentar residem no manejo da transferência. Para Del Nero (2003), as
interpretações têm o objetivo de ligar os conteúdos manifestos aos conteúdos
latentes dos sintomas, possibilitando, desse modo, ao terapeuta estabelecer a
unidade da experiência vivida pelo paciente. Já Freud (1996/1901-1905, p. 238),
coloca que o objetivo da interpretação é “extrair do minério bruto das
associações inintencionais o metal puro dos pensamentos recalcados.”.
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Freud profere que o psicanalista precisa de certa quantidade de
sensibilidade e reserva quanto à interpretação, visto que o ouvinte só lhe dará
ouvidos quando tiverem familiarizado com a técnica. Assim o psicanalista tem
todo direito de resguardar-se do risco de uma exagerada exibição de perspicácia
de sua parte que poderá diminuir ou comprometer a fidedignidade dos seus
resultados. (FREUD, 1996/1911-1913).
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pedaços de frases, toques emocionais, repetições de uma palavra ou de uma
imagem que parecem importantes, silêncios bem colocados etc. (HERMMANN,
1999).
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tomada de consciência pelo paciente de seus desejos inconscientemente
recalcados.
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Devolução e contrato
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básica antes de iniciar uma análise ou psicoterapia inclui o tipo de tratamento
indicado (psicoterapia ou análise), o número de sessões semanais, tempo de
duração das sessões, horários, honorários, faltas e férias.
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Etchegoyen (2004) também pensa que não é prudente ser muito prolixo
ou fornecer muitas diretivas no momento do contrato. Enfatiza, no entanto, que
a introdução da regra fundamental de associação livre e uso do divã, no caso de
análise, deve ser feita já no contrato. Caso o paciente pergunte, no contrato,
acerca da duração do tratamento, o autor acredita que o terapeuta deve apenas
dizer que a análise é longa e que sua duração é imprevisível.
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