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As funções das entrevistas preliminares

“…Portanto, aos seus questionamentos, oferece-lhes apenas o


silêncio, o silêncio e um dedo apontando o caminho.”
Com essa apresentação, Quinet quer retratar a posição do
psicanalista na clínica, portanto, aos seus questionamentos,
oferece-lhes o silêncio é um dedo apontando o caminho, o qual o
cliente vai precisar percorrer.
O autor começa por fazer referência ao início da análise, lembrando
que esse início difere da entrada do paciente no consultório. O que
significa dizer que não basta alguém entrar no consultório para o
definirmos como paciente, então é necessário fazer uma avaliação
para saber se de facto esse paciente tem resposta dentro daquilo
que a psicanálise quer ou pode oferecer.
Início de tratamento
Freud utilizava um período de cerca de 2semana para fazer uma
espécie de avaliação inicial, o que chamou tratamento de ensaio.
Nesse período Freud dizia que avaliava se o paciente teria
condições de facto para fazer terapia, e nesse período Freud falava
que era importante deixar o paciente falar e só colocar questões
que o façam prosseguir naquilo que está a dizer. Freud diz também
que é o período preciso para que a pessoa se ligue, que o trabalho
fundamental é ligar o paciente ao psicanalista, permitindo assim a
emergência da transferência.
A transferência que é fundamental para o tratamento do paciente
porque só o paciente se ligando ao psicanalista e lhe dado um
lugar de destaque na sua vida é que o psicanalista pode intervir
modificando-o. Se não há transferência não há analise.
A expressão entrevistas preliminares é a mesma coisa que o
tratamento de ensaio em Freud, e que esse tempo das entrevistas
preliminares é um tempo anterior a análise propriamente dita e é um
tempo que deve ser diferenciado da análise propriamente dita.
A entrada em análise é um momento posterior ao da entrevista
preliminar, ele coloca dessa forma:
EP=A e EP#A
As entrevistas preliminares têm a mesma estrutura de uma análise
na medida em que há nelas atenção flutuante e também associação
livre, no entanto há alguma coisa que difere á Analise
propriamente dita das Entrevistas preliminares, que é A
transformação do sintoma em um enigma. Portanto, o sujeito
traz um sintoma que apresenta como uma resposta e o terapeuta
vai fazer intervenções que faz com que esse sintoma se transforme
numa pergunta/enigma para o qual ele vai buscar resposta , a
constituição da transferência, essa transformação do sintoma em
enigma é que vai fazer surgir a figura do sujeito suposto saber
que é aquele que é suposto saber sobre o sintoma, o enigma que o
paciente apresenta é que lhe vai ajudar a essa resposta.
Para o paciente é o sujeito suposto saber que é o psicanalista que
vai lhe dar resposta sobre a sua questão mas o psicanalista sabe
que quem vai encontrar a resposta para sua questão é o próprio
paciente na medida em que vai trabalhar, vai fazer pesquisas, vai
buscar esse saber inconsciente que constitui a resposta para sua
pergunta. É um trabalho que ele vai fazer quê vai lhe fazer chegar a
esse saber.
Isso é que diz a forma:
S-Sq (qualquer que é o analista)
E em baixo os diversos “ss” que é a construção do saber
inconsciente que é a fórmula da transferência.
Portanto, a transferência correlata do suposto saber, esse momento
da transformação do sintoma em enigma representa a entrada em
análise propriamente dita que é a busca desse saber desconhecido
que é o saber inconsciente.
Quinet acrescenta ainda, que é preciso saber que o sujeito suposto
saber não é o psicanalista, não é a pessoa do psicanalista há uma
disjunção entre o sujeito suposto saber e o psicanalista, portanto
o psicanalista não deve encarnar esse papel de quem sabe, ele ter
o que se chama de uma ignorância dolta ( que é a sabedoria, ele
sabe que não é suficientemente dono do saber sobre o indivíduo
que o procura e que esse saber está no inconsciente e o seu
trabalho é levar o paciente até lá permitindo que ele o produza)
Quinet diz que as entrevistas preliminares têm três funções:
1. Função Sintomal (Que significa a estruturação da queixa),
não se pode sair da primeira secção sem ter clareza daquilo
que é a queixa do paciente;
2. Função Diagnóstica( apresentar um diagnóstico, dizer se é
neurótico, se tem uma psicose, se tem uma perversão, etc)
3. Função Transferencial;

Retificação subjectiva: É a responsabilização do paciente


daquilo que ele apresenta enquanto forma de mal estar, que
na verdade é o seu próprio gozo.
Devemos perguntar sempre ao paciente, qual é a sua
participação naquilo que se queixa para ele pode se
responsabilizar por isso.

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