Você está na página 1de 3

FENOMENOLOGIA

1. Explique o que é fenomenologia


A fenomenologia é um movimento filosófico que surgiu em 1884 com Edmund Husserl
(astrônomo e matemático), que busca fundamentar as ciências. É o “estudo dos fenômenos”ou
“estudo das essências”, tendo em vista que o objetivo de se estudar um fenômeno, é descobrir sua
essência.

2. Apresente sua origem e desenvolvimento


A fenomenologia surgiu como crítica ao positivismo em 1884 através de Edmund Husserl,
um astrônomo e matemático que foi influenciado pelas ideias de Franz Brentano. A partir de então,
Husserl buscou criar um método que pudesse fundamentar as ciências, que estavam em crise no
século XIX. Husserl demonstrou que a ciência não poderia ser fundamentada em um único método,
justamente pelo fato de haver diversas ciências, cada uma com sua especificidade quanto ao objeto
de estudo, método e metodologia. Portanto, acreditava que as ciências humanas não poderiam ser
medidas pelo mesmo rigor das ciências naturais.
De acordo com a fenomenologia, para se chegar à essência do fenômeno é necessário realizar
epoche, onde o sujeito “joga para trás” seus pré-conceitos, valores e julgamentos, para se chegar a
um objeto puro que possa ser analisado sem atribuições pessoais sobre ele (“pôr entre parênteses”
a realidade do senso comum). Deve-se reivindicar valores enraizados ao longo dos anos, para
analisar o fenômeno e desta forma, chegar à sua essência.

3. Explique como a fenomenologia entende a consciência e quais as implicações disso na prática do


terapeuta
Para Husserl, é consciência é livre a ativa, responsável por dar sentido às coisas. A
consciência não é um depósito de objetos do mundo exterior, mas é ela quem dá sentido e valor ao
que existe na realidade objetiva. A consciência é intencional porque ela é sempre a consciência de
alguma coisa, dando significado e nome á cada objeto.
No contexto terapêutico, é importante que o terapeuta permita que o próprio cliente dê
sentido/significado às coisas, suas experiências e sentimentos. A partir do relato do cliente, o
terapeuta irá realizar a investigação fenomenológica para se chegar à essência do fenômeno e
trabalhar isto com o cliente.

4. Explique os instrumentos utilizados pela fenomenologia


a) Descrição: Descrever como se dá a experiência naquele momento (Ex: como você se sente quando
diz que...?)

b) Epoché: Suspender ou “jogar para trás” pré-conceitos, julgamentos, crenças, teorias e


julgamentos, olhando o outro de forma neutra, considerando sua singularidade e a sua própria
percepção sobre determinada situação. (Ex: quando o cliente diz que se sente desanimado, o
terapeuta deve questionar para ele o que é/como é estar desanimado, sem utilizar o próprio
conceito sobre o que é desânimo, tendo em vista que este conceito pode ser diferente para o
paciente, valorizando então suas experiências). O fato do próprio cliente dar significado às suas
vivências e sentimentos, faz com que ele se sinta valorizado em relação às suas experiências.

c) Investigação fenomenológica: A investigação fenomenológica compreende três perguntas


fundamentais: O QUE (o fenômeno), COMO (descrição), PARA QUÊ (função).
d) Reduções fenomenológicas:

Redução Histórica – Suspender/abrir mão de tudo o que tenta determinar o que o objeto é,
eliminando interpretações que tenho sobre aquilo, deixando apenas o fenômeno como ele é. (Ex:
historicamente, de acordo com minha história de vida, tenho a concepção de que o ensino médio é
algo tranquilo, tendo impressões boas sobre o colégio. Já para o outro, de acordo com a história de
vida ele, a escola pode ser algo terrível, punitivo. Portanto, quando me relatam algo sobre o
ambiente escolar, faço epoche de minhas percepções históricas sobre o assunto e busco
compreender qual a percepção do outro sobre o tema.)

Redução Eidética – Fazer epoche, suspendendo nossas manifestações psíquicas, pré-conceitos e


julgamentos sobre determinado objeto.

Redução Transcendental – É chegar na essência do fenômeno, colocando entre parênteses tudo


aquilo que não é correlato á consciência, tudo aquilo que não é essencial.

5. Explique o que é a escuta fenomenológica


A escuta fenomenológica é aquela que reconhece e prioriza os elementos significativos
presentes na fala da pessoa, desprovida de juízos de valor por pare do psicoterapeuta. A partir
desta escuta, o terapeuta deve retomar o que o cliente disse, em forma de questionamento
reflexivo, convidando-o a se perceber, a se escutar e a se reconhecer na sua própria fala.

6. Apresente as características da escuta fenomenológica


-Prioriza elementos significativos da fala do cliente
-Escutar não apenas as palavras, mas os pensamentos, sentimentos e significados pessoais
-Omitir-se para não interferir na fala da outra pessoa (silêncio)
-Auxiliar o outro a se perceber, se escutar e se reconhecer na própria fala
-Postura de aceitação/acolhimento para com o outro
-Fortalecimento da relação terapêutica

7. Apresente uma reflexão sobre os cuidados que o terapeuta precisa ter para apresentar uma escuta
fenomenológica
Para que a escuta fenomenológica seja de qualidade, é preciso que o terapeuta ouça
genuinamente a fala do cliente, realize epoche de suas concepções, tenha capacidade de acolher e
aceitar plenamente o cliente, além de estar bem-resolvido com problemas pessoas e existenciais.
Além disso, o terapeuta deve tomar cuidado para não realizar afirmações ou deduções pessoais
sobre a experiência do sujeito, pois a escuta fenomenológica abrange o próprio sujeito dar
significado à suas experiências e seus sentimentos, sendo que o terapeuta é um facilitador que o
ajuda neste processo de reflexão.

8. Apresente alguns impactos comuns da escuta fenomenológicas sobre o cliente

9. Explique cada um dos obstáculos para a escuta fenomenológica


-Ausência de reflexão sobre a qualidade de sua escuta por parte do terapeuta: O terapeuta deve
constantemente, refletir sobre a qualidade de sua escuta fenomenológica, se está de fato ouvindo
o cliente genuinamente, ou se a escuta do cliente está sendo afetada pelas impressões pessoais do
terapeuta sobre algo.
-Inabilidade de lidar com o diferente: O terapeuta deve ter aceitação/acolhimento incondicional,
independentemente se as perspectivas do cliente forem diferentes da do terapeuta.
-A fragilidade emocional de quem escuta: O terapeuta deve estar bem em relação às suas
dificuldades existenciais, para que se concentre plenamente no relato do cliente, para que possa
fazer uma boa escuta e para que não haja interferências pessoais durante a terapia.

-Ânsia por resolver dificuldades do cliente ou por lhe dar respostas: O terapeuta não deve se
sentir pressionado em solucionar os problemas do cliente ou por dar respostas, pois é o próprio
cliente quem precisa se dar conta da realidade e escolher o que deseja fazer perante à situação.

Você também pode gostar