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AS TÉCNICAS DA GESTALT

TERAPIA:
O EXPERIMENTO
 O QUE É EXPERIMENTO NA GESTALT-
TERAPIA?
• A Gestalt-terapia é um modelo psicoterápico humanista. Ela faz uso dos princípios do
humanismo no fundamento de seu conceito de pessoa, tem uma orientação semelhante à da
fenomenologia porque respeita a experiência interior do indivíduo: o trabalho terapêutico
baseia-se na perspectiva do próprio cliente.
• Com isso, uma das qualidades singulares da Gestalt-terapia é a ênfase na modificação do
comportamento de uma pessoa, dentro da própria situação terapêutica. Essa modificação
comportamental sistemática, quando brota da experiência pessoal do cliente é chamada de
experimento (Zinker, 2007, p. 141)
• O experimento gestáltico, como salienta Filho (2002) em seu livro, é uma oportunidade,
favorecida na situação psicoterápica, conduzida pelo terapeuta, na qual o cliente vai
experienciar algo, tornando-se, a um só tempo, sujeito e objeto para a investigação.
• É uma técnica que envolve ações intencionais do terapeuta para o cliente vivenciar algo que emerge
na situação clínica. O experimento visa a modificação do comportamento do cliente a partir da sua
própria experiência pessoal.
• Um experimento é um ato criativo, uma peça única, irrepetível. Nasce da particularidade individual
do cliente e evolui segundo os desígnios da intuição e da técnica do condutor. É um trabalho a quatro
mãos, guardadas as especificidades do papel de cada um.
• Os experimentos não precisam brotar de conceitos; podem começar simplesmente como brincadeiras
e desencadear profundas revelações cognitivas. (Zinker, 2007, p. 30)
• Os experimentos podem ser: a cadeira vazia, a amplificação, o self box, a fantasia dirigida e a viagem
de fantasia, o trabalho corporal, a representação, identificação, a exageração, as metáforas etc. Pode
ser o pedido para a edição de um sonho, transformar perguntas em afirmações, diálogo entre partes,
fazer colocações específicas ao invés de generalizações pelo cliente. Podemos também pensar na
escuta atenta e na intervenção verbal do psicoterapeuta. Enfim, é qualquer ato criado por este
profissional para atender as necessidades do cliente.
 COMO O EXPERIMENTO FUNCIONA NA PRÁTICA?:
• Em geral, é o terapeuta que convida o cliente ao experimento a partir de um tema emergente – um assunto,
um gesto, uma fantasia etc. Ele sugere uma experiência, isto é, um modo de explorar o tema, fazendo algo
com aquilo que não seja só falar sobre... o cliente tem a oportunidade de agir.
• O percurso realizado é escolhido e construído pelo cliente, havendo assim imprevisibilidade para o
psicoterapeuta e o cliente (Zinker, 2007).
• A realização do experimento pelo cliente não é obrigatória, já que o psicoterapeuta deve perceber a sua
disponibilidade para desenvolvê-lo. Caso o cliente tenha interesse em efetuá-lo, poderá interromper a
qualquer momento, de acordo com o seu limite.
• Neste sentido, o psicoterapeuta deve ter uma atitude compreensiva e respeitosa em relação à recusa ou
interrupção do cliente. E dependendo do caso, pode falar a respeito disto, ou mudar de assunto e falar de
outro tema.
• O terapeuta precisa estar atento ao tempo (timing) e ao preparo do cliente, para que o experimento tenha
realmente valor.

• A fim de obter elementos suficientes para a formulação do experimento, o terapeuta pode utilizar recursos
como: perguntar ao cliente sobre a sua necessidade naquela situação; perguntar o que quer fazer com o
tema emergente; pedir que entre em contato com suas sensações e seus sentimentos; sugerir que preste
atenção no ambiente, olhando para as pessoas à sua volta.

• Além disso, o terapeuta pode aproveitar sinais que lhe chamem a atenção na expressão, na postura corporal
ou até mesmo no clima do grupo, e explorar isso como uma possibilidade de prosseguimento.

• Como é algo singular, o psicoterapeuta pode sugerir "novamente" o desenvolvimento da ação. Por
exemplo, pode propor ao cliente em uma sessão para perceber um movimento ou para focalizar em um
gesto e em outro momento solicitar "novamente" isto. A respeito disto, o que pode emergir em cada sessão
é único e o cliente pode ter sensações e percepções diferentes em seu processo.
 OBJETIVOS E BENEFÍCIOS DO EXPERIMENTO:
• O experimento terapêutico na Gestalt-terapia conecta o falar, o sentir e o agir. Assim, não é uma
reprodução de uma situação inacabada ou um treinamento para um evento futuro, mas experimentar
no momento atual a sensação de fluidez com consciência para a sua ação (Polster e Polster, 2001).

• O experimento é um convite do terapeuta para o cliente experimentar uma situação


inacabada no aqui e agora. É uma outra forma de se expressar e a disponibilidade para
arriscar em um ambiente seguro e acolhedor (Zinker, 2007).

• O que se teria de benéfico através do experimento é que o mesmo possibilita descrever a situação
vivenciada e reconstituí-la no presente. O sujeito integra diversas possibilidades, como, por
exemplo, recordações, sensações, sentimentos, pensamentos, emoções, expressão corporal,
respiração. Isto possibilita ao sujeito estar consciente do seu momento existencial e emocional,
podendo assim produzir novos sentidos e novas formas de experienciar a situação.
• Percebe-se que o que emerge tem intencionalidade para o cliente. Apresenta um caráter exploratório e
vivencial para o sujeito, que propicia o reconhecimento de novas possibilidades de ação, trazendo o
enfoque para a forma que o cliente vivencia este processo, e não apenas para o conteúdo.

• Para Ribeiro (2006), uso dos experimentos no setting terapêutico propicia ao cliente a arte de se
experimentar, tornando-o um experimento vivo, ou seja, o cliente é um sujeito ativo e seu próprio
instrumento de trabalho. Desta forma, a sessão de psicoterapia é um experimento e o psicoterapeuta um
facilitador deste processo. Desta maneira, para Zinker (2007, p. 51), "fazer terapia é como fazer arte“.
EXEMPLO PRÁTICO
• Um experimento pode ser algo bem simples ou algo extremamente complexo. Para entender melhor,
vou apresentar um exemplo desta forma mais simplificada de experimento. Podemos estar com um
cliente que está falando sobre a constante sensação que tem tido em sua vida de estar sempre
“correndo atrás do rabo”. Note que toda vez que o cliente já traz uma metáfora, uma imagem ou uma
cena pronta, isso é material precioso que precisa ser trabalhado pelo terapeuta.
• Voltando ao caso, um experimento simples, porém bem apropriado para este contexto, seria o de
pedir para o cliente levantar e representar com um gesto corporal o que seria para ele, literalmente,
“correr atrás do rabo”. A partir daí, poderá ser explorada as sensações, os sentimentos, as ideias
(introjeções, por exemplo), padrões de comportamento, o “para que” desta situação, etc. Isto é um
experimento!
• Muitas vezes, o terapeuta acredita que o experimento é sempre algo muito complexo e elaborado e
não é verdade. Um impacto emocional deste exemplo relatado é imprevisível e poderá ajudar muito o
cliente na direção da ampliação do seu processo de awareness.
• A Gestalt-terapia apresenta quatro possibilidades ou formas de se sugerir um experimento: pela
representação, pela fantasia, pelo comportamento dirigido ou por meio de lições de casa.
OS SONHOS COMO
EXPERIMENTO NA GESTALT‐
TERAPIA
• A GT utiliza‐se do sonho como um instrumento exploratório de significados existenciais para a
pessoa que sonha. O trabalho com sonhos em GT se dará pela busca da compreensão de mensagens
existenciais presentes nestes, a partir da percepção subjetiva.
• Para Perls (1977), todos os elementos que compõem o sonho, seja uma pessoa, um objeto, um lugar
ou uma situação, todos os fragmentos integrados, são potencialmente reveladoras da história de vida
de cada pessoa. Portanto, a cena onírica é realizada pelo sonhador em uma projeção de si mesmo em
situações diferentes.
• Na utilização do sonho como experimento, o cliente/paciente poderá falar sobre este,
identificando elementos em termos de importância e, isso permitirá que a pessoa assuma a
responsabilidade (tomada de responsabilidade individual pela sua própria vida, em vez de
culpar os outros) pelos sonhos, aumentando a consciência de seus pensamentos e emoções
(SELIGMAN, 2006).
• O sonho pode ser usado como experimento em GT, a partir do recurso de psicodrama ou monodrama.
Perls (1977) utilizava o psicodrama ― ou monodrama, em seus trabalhos com sonhos como uma
forma de proporcionar ao cliente/paciente a oportunidade de revivê ‐los, substituindo os papéis com o
objetivo de que o mesmo pudesse ressignificar, no aqui e agora, os conteúdos neles contidos.
COMO FUNCIONA ?

• Primeiramente, pede‐se que o cliente conte o sonho, de forma detalhada ou do jeito que
venha à sua memória.
• Após esta fase, deixa‐se o cliente/paciente livre para escolher o que quer trabalhar no sonho.
• Uma vez definida a problemática, pede‐se ao cliente que conte novamente a situação vivida,
mas, desta vez, narrando no presente do indicativo, como se estivesse acontecendo no
momento presente.
• Após este relato dramatizado, o cliente será responsável a dar significados aos diversos
papéis por ele desempenhados.
• O sonho como experimento proporciona possibilidades na atuação terapêutica, trabalhando e
entendendo o homem em sua totalidade, estimulando ‐o a reconstituir o seu campo
fenomenológico, para que o próprio cliente/paciente, na posição de sonhador, entre em
contato com as suas figuras e situações inacabadas e, a partir daí consiga alcançar à
conscientização de sua realidade, movimentando‐se em direção à um reequilíbrio mais
saudável.
REFERÊNCIA
S
• FILHO, Alberto Pereira Lima. Gestalt e sonhos. 2. ed. São Paulo: Summus, 2002. P. 30-52.
• SANTANA, Djeane da Silva; YANO, Luciane Patrícia. Experimentos em gestalt-terapia: os
sonhos como recurso integrativo. Rev. NUFEN, Belém , v. 6, n. 2, p. 91-101, 2014 .
Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2175-
25912014000200007&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 27 de maio de 2023.
• Curso de Gestalt-terapia: Módulo IV. Portal educação. Disponível em:
www.PortalEducação.com.br. Acesso em 27/05/2023.
 GRUPO:
 Bruna Victorino
 Filipe Silva
 Janaine Almeida
 Jefferson Oliveira
 Nayla Almeida

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