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O experimento é um convite do terapeuta para o cliente experimentar

uma situação inacabada no aqui e agora. Ao invés de usar as


palavras, o cliente tem a oportunidade de agir. É uma outra forma de
se expressar e a disponibilidade para arriscar em um ambiente
seguro e acolhedor (Zinker, 2007). O experimento gestáltico, como
salienta Filho (2002) em seu livro, é uma oportunidade, favorecida na
situação psicoterápica, conduzida pelo terapeuta, na qual o cliente
vai experienciar algo, tornando-se, a um só tempo, sujeito e objeto
para a investigação.

O papel do terapeuta, segundo o mesmo autor, seria o de catalisador,


isto é, um facilitador, um indicador, para que uma reação se efetue.
Ele não participa do composto; é apenas um desencadeador.

Ao longo do trabalho vivencial, fica de prontidão para dar


continuidade ao fluxo relacional do cliente

MODIFICAMOS comportamentos concretos de maneira cuidadosamente articulada.


Os experimentos podem envolver cada uma das esferas do funcionamento humano.
Contudo, a maioria deles tem uma qualidade em comum: pedem ao cliente que
expresse alguma coisa comportamentalmente, em vez de apenas passar por uma
experiência cognitiva interior.
A natureza do experimento depende dos problemas da pessoa, do que ela experiencia
no aqui e agora, e também do repertório de experiências de vida que tanto ela quanto
o terapeuta trazem para a sessão.
O experimento pede que a pessoa se explore; de forma ativa. O cliente se torna o
diretor-geral da experiência de aprendizagem.
A construção do experimento é uma dança complexa, um empreendimento
cooperativo.
Base de trabalho: Acolher a experiência de outra pessoa requer o desenvolvimento de
um rapport no início de cada uma das sessões
O processo de negociação com o cliente para a elaboração do esboço de um
experimento e a disponibilidade dele para participar é o que se chama de consenso. O
cliente precisa saber que estou à sua disposição, que ele não está só.
O termo “gradação” indica que aiudo o cliente a executar o experimento naquele nível
em que ele está pronto para trabalhar, dentro da sessão. Se ele não se sentir capaz de
participar de determinada investigação porque acha difícil demais, o terapeuta deve
estar preparado para diminuir a intensidade da tarefa, a fim de que o cliente tenha
melhores chances de alcançar êxito em seus esforços.
Para o desenvolvimento de um experimento, minha receptividade e valorização do
conteúdo e da qualidade da awareness do cliente são prioritárias. (p.155)
Ao passo que o "foco define o processo e a direção de uma sessão de terapia, o tema
está relacionado ao seu conteúdo, O terapeuta é brindado com uma ampla massa de
conteúdos variados que deve destilar, condensar, resumir, denominar e unificar. A
palavra finalmente destilada das informações vindas do cliente é chamada de tema.
Corno no caso do foco, o tema de um experimento não permanece estático. Os temas
são entrelaçados e criam uma rica trama experiencial numa determinada situação
(existencial).
Insight e conclusão - Há aqui uma lição a ser aprendida: nunca suponha que o cliente,
tendo completado uma experiência, aprendeu com ela a mesma coisa que você.
Pergunte o que ele aprendeu, Embora as palavras dele possam não corresponder a
suas experiências organísmicas, mesmo assim estarão expressando o que sabe nesse
momento. Muitas vezes, esses aprendizados soam incrivelmente simplistas e limitados
em comparação com a profundidade de sua compreensão dos atos do cliente. Grande
parte do que ele aprende é difícil de ser expresso em palavras e precisa permanecer
incubado por algum tempo em seu organismo. Um dia lhe ocorrerá como um insight
espetacularmente novo em folha enquanto o terapeuta já está em contato com esse
fenômeno há meses.
Desenvolver um experimento é como desenvolver uma obra de arte- os dois processos
e seu resultado podem ter elegância- Um proces.so elegante é aquele bem
cadenciado, em que cada parte do trabalho é facilmente observada e assimilada pelo
cliente. Associo elegância com clareza e lucidez de propósito: oriente tem certa noção
da relevância do trabalho para seu problema ou dilema, e o terapeuta tem clareza
acerca do propósito do experimento ou do que está buscando. Associo a questão do
timing com a elegância do trabalho: cada aspecto do experimento
é apresentado num certo momento da prontidão do terapeuta e, ainda
mais importante, da prontidão do cliente. (p.173)

O experimento em gestalt-terapia é uma tentativa de agir contra o beco sem saída do


falar sobre, ao trazer o sistema de ação do indivíduo para dentro do consultório.
Polster, p.238
O experimento não é nem um ensaio nem um ato póstumo. Se o homem que gritou
com seu chefe seguisse essa cena como se ela fosse um script para o futuro, ele seria
visivelmente absurdo e auto-sabota-dor. Contudo, como uma preparação para um
contato mais inventivo com seu chefe, o experimento poderia abri-lo para sua auto
sustentação e para sua engenhosidade que anteriormente estava imobilizada.
É esta mesma disponibilidade da awareness que sustenta o indivíduo, orientando-o
para suas necessidades e impelindo-o para ações que expressem e realizem seu
senso natural de eu. (Polster, p. 239
O experimento na Gestalt-terapia não pode reduzir-se a uma técnica ou coisa
mas deve ampliar seu significado, o psicólogo não pode ser só um controlador de
um experimento e observador de dados, ele arma os experimentos, mas divide o
controle e observação com o paciente e consequentemente o resultado dos
experimentos indicam direções para novos experimentos, quando o cliente segue
a experienciar sem o terapeuta, quer dizer que a terapia está terminada
(YONTEF,1998).

A Gestalt – terapia ao se basear na experimentação permite que o ato


psicoterápico seja um campo de experiência. O experimento é um exercício, um
meio de levar o cliente a uma conscientização, é um instrumento, uma ferramenta
do terapeuta, um guia para levar a pessoa a experienciar ampliando sua
awareness e compreensão de si mesmo. (RIBEIRO, 2007, CADELLA, 2002).

Percebemos que o que emerge tem intencionalidade para o cliente. Apresenta um


caráter exploratório e vivencial para o sujeito, que propicia o reconhecimento de
novas possibilidades de ação, trazendo o enfoque para a forma que o cliente
vivencia este processo, e não penas para o conteúdo. Para Zinker (2007), o
psicoterapeuta facilita o processo do cliente tornar-se um experimentador,
educador, transformador ativo de si mesmo e da sua realidade. No setting
terapêutico, o cliente ousa criar e rompe os seus limites, conforme sua
disponibilidade. Enfatizamos que o psicoterapeuta deve respeitar o tempo e o limite
do cliente.

A Gestalt-terapia proporciona uma ferramenta


extremamente adequada para essa postura
terapêutica – a arte do experimento. O uso
dessa ferramenta pressupõe uma visão de
homem que confia no seu impulso natural
para o crescimento, integração e satisfação de
suas necessidades da forma mais estética
possível em dado contexto e momento.

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