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AULA PSICOTERAPIA BREVE – MÓDULO 2

Formação em Psicoterapia Breve – Conceitos em PB e construção do planejamento


terapêutico

Danielle Feitosa Araujo

PB é um planejamento muito bem organizado, é um erro considerá-la “curta”, existem outros


elementos que a caracterizam que vão além do tempo da psicoterapia.

PB dá singularidade e a elucidação para cada abordagem em situações que exigem um foco.


Abordagem com a técnica da PB → não é uma visão da abordagem, é diferente.
PB é técnica.

PB conhecida também como:


1. Terapia planificada
2. Terapia não regressiva
3. Psicoterapia de emergência → Contexto da Covid-19 influenciou muito a esse nome e a essa
intervenção mais pontual e direcionada ao cenário específico.
4. Psicoterapia intensiva
5. Terapia ativa

Conceitos da PB
• Técnica específica, com características próprias e que não significa simplesmente o
encurtamento de um processo terapêutico
• PLANEJAMENTO
• Técnica focal; experiências corretivas; atividade de foco
• Série que guia as intervenções do terapeuta baseada numa teoria de personalidade e em
proposições concernentes a diagnóstico, a dinâmica da doença e ao tratamento de causas
e/ou defeitos
• Leia a fase e o desenvolvido que o sujeito está passando NO MOMENTO
• Procedimento psicoterapêutico psicodinâmica (COMO O PACIENTE SE ENCONTRA
NAQUELA FASE?) onde o terapeuta estabelece uma estratégia inicial para atingir um
objetivo específico e limitado, em função da problemática apresentada pelo paciente e das
condições nas quais esta problemática se insere. Resulta daí um processo cuja duração é
limitada, podendo ou não ser estipulada seu término desde o início
• TEM COMEÇO, MEIO E FIM EM CADA ENCONTRO

ATIVIDADE
1. Postura mais ativa/participativa do terapeuta; movimento –
comunicação/corpo/comunicação. RECAPITULAR O QUE O PCT FALA/CONFIRMAR
COM O PACIENTE O QUE ENTENDEU – CONSTRUIR UMA RELAÇÃO E UM FOCO
JUNTO AO PACIENTE
2. Avalia e diagnostica condições internações do paciente, através de uma Avaliação
Psicodinâmica*
3. Identifica o foco (plano terapêutico) ser trabalhado → descreve o porque que o paciente traz
um sofrimento psíquico; trazer o que é ressaltado e reparado na fala do paciente
4. Avaliação do paciente TRAZENDO o paciente a tona → Aliança terapêutica
5. Planeja estratégias a serem utilizadas no decorrer do atendimento
6. Estabelece metas e objetivos a serem alcançados em companhia do paciente dentro de seu
foco de sofrimento estabelecido
7. Cria condições para propiciar ao paciente E.E.C. (EXPERIÊNCIAS EMOCIONAIS
CORRETIVAS)
8. Usa técnica focal tendo atenção seletiva, interpretação seletiva e negligência seletiva →
porque estamos voltados ao foco
9. Utiliza recursos alternativas para atingir a resolução do foco → pegar elementos da casa do
paciente/recursos de enfrentamento aliado a condição de chegar esses recursos na
hospitalização
10. Valoriza a realidade atual do paciente
11. Às vezes não é apenas um foco que é trabalhado

Identidade e adoecimento.
Trabalhar de forma ampla, de um ou mais focos.

E.E.C.
Complexo psíquico onde tem que se considerar o encadeamento e associação destes aspectos.
Paciente entende/cai a ficha/tem insights.
Nisso, o terapeuta serve como catalisador neste processo de mudança.
O paciente muda sua postura quando está passando pela E.E.C.
Repercute muito na vida.
Muda de escolhas, de postura.
Para FOMENTAR A E.E.C. DEVEMOS TER VÍNCULO/ALIANÇA TERAPÊUTICA COM
SEU PACIENTE
Forma com que construímos nosso contato terapêutico como nos vinculamos com o paciente.

TODO PSICOLOGO PODE TRABALHAR COM PB? NÃO!!! POIS PRECISAMOS DE UMA
ATIVIDADE/DE UM FOCO A SER TRABALHADO. Um psicologo com escuta livre não
consegue trabalhar com PB.

PLANEJAMENTO

SITUAÇÃO PROBLEMA
1. Contexto que se torna presente na vida do indivíduo
2. Situação crítica=situação obstáculo=situação desencadeante
3. Diferente da queixa principal que é o motivo que traz o cliente à consulta
4. Fato que é realmente trabalho
5. É o que desencadeia o tratamento (no hospital p. ex.)
6. É o TRATAMENTO, não de fato o adoecimento (queixa principal) → estratégias e
percepções para ver de outra forma. Exemplo: paciente que vai ter que amputar a perna e
tem sonho de jogar futebol. Mudou o lugar dentro do campo – de jogador foi para juiz
7. Algo extra/extrafocal
PONTOS DE URGÊNCIA
1. Corresponde à situação psíquica inconsciente de conflito que, pela ação de fatores atuais,
predomina no sujeito num dado momento, sendo motivo de determinadas ansiedades de
defesas.
2. TIPOS – FOCAL: ligado diretamente à situação-problema ou a fatos que correspondem, de
algum modo, à conflitiva focal
EXTRAFOCAL: costumam apresentar-se durante o tratamento afetando o paciente mas
“saem do foco” (morte, roubo EXTERNO) – Ex: morte do filho da paciente hospitalizada
3. São variáveis, diferentes entre si e se sucedem desde as entrevistas iniciais até as etapas
finais do tratamento
4. Tal variabilidade se deve à influência de diversos estímulos procedentes dos mundos interno
e externo do paciente, e entre estes últimos, se distinguem os que são próprios de sua vida
cotidiana e os que provém da atividade terapêutica
Exemplo: paciente TQT retirada – medo de comer – conversa com a equipe de fono e fisio
INCRÍVEL

- “Grupo em busca do sentido” – Victor Frankl.

FOCO
1. Algo delimitado como ambiente a ser trabalhado durante o processo terapêutico
2. Alvo que o terapeuta busca atingir ao centrar sua ação em determinada área
3. Área pela qual o terapeuta dará mais atenção, destacará de outros aspectos da vida do
paciente, é o ponto pelo qual vai direcionar todo o atendimento terapêutico
Exemplo: criança abusada/abusador

ESTRATÉGIAS E INTERVENÇÕES – MAGNÍFICAS E IMPORTANTES PARA


EVOLUÇÃO EM PRONTUÁRIO
1. Ouvir atentamente – perceber tudo do paciente/não apenas o que ele disse, escutar
também o não dito – devolvendo e trazendo uma reflexão para o paciente do que foi
ouvido
2. Interrogar
3. Promover livre expressão verbal
4. Dar feedback – postura ativa do terapeuta – falar que percebeu outra coisa por exemplo,
se o paciente falou que está bem
5. Propiciar informações
6. Confirmar ou retificar – pré operatório por exemplo*
7. Confirmação: contribuir para a consolidação do paciente de sua confiança em seus
próprios recursos
8. Retificação: Permite ressaltar os pontos cegos do discurso – o que o paciente entendeu
da conversa com o médico por exemplo?*
9. Refletir sobre sentimentos
10. Clarificar (sentimentos): desembaraçar um relato a fim de recortar os pontos importantes
do mesmo. DEVOLVENDO A FALA AO PACIENTE
11. Interpretar: intervir com imediação
12. Assinalar relação – aparece quando o paciente entende a postura do terapeuta e vice-
versa, e isso pode ser CONVERSADO. Reforçar a importância do papel de cada um;
não concordar com algumas informações por exemplo “quem tem câncer morre”;
relação clara
13. Sugerir/indicar algo para o paciente dentro do processo terapêutico (indicar para algum
serviço/ligação de vídeo dentro da internação; conversar sobre expectativas)
14. Sugerir: algo mais aberto, sutil
15. Indicar: algo mais direto, fechado (muito frequente em PBA [PSICOTERAPIA DE
APOIO])
16. Validar emoções
17. Reassegurar
18. Encorajar – exemplo do idoso que realizou cirurgia no reto e estava em sofrimento no
banheiro, falar sobre a coragem que ele teve em fazer a cirurgia
19. Confrontar ou desafiar
20. Realizar uma meta intervenção: NÃO REALIZA EM PBA
21. Dramatizar – tomar espaço com seus pacientes; intervenção no ambiente (janela/algo
que possa entrar de casa no hospital/organização que garanta seu cuidado)
22. Facilitar modelação; paciente aprende com a observação do outro (Grupos
psicopedagógicos, psicoterapêuticos – GRUPO DO CORAÇÃO)
23. Solicitar interconsulta
24. Fazer uma intervenção ambiental
25. Recapitular as sessões anteriores; importante que ocorra em todo início das sessões
26. Encerrar – reassegurar o vínculo é de extrema importância

*Equipe auxilia muito nesse trabalho


Temas em psicologia II – PB na prática
PB é potencializadora, é mobilizadora

ONDE FICA CLARO O USO DA TÉCNICA?


• Presença de um problema específico
• A capacidade do paciente de expressar sentimentos e interagir flexivelmente com o terapeuta
(difícil trabalhar PB com pacientes psiquiátricos)
• Disposição para participar ativamente da avaliação do seu problema; capacidade de
reconhecer que seus sintomas são de origem psicológica
• Curiosidade a respeito de si próprio
• Abertura a novas ideias
• Expectativas realistas em relação aos resultados do tratamento
• Disposição para fazer um sacrifício razoável para o processo

→ Dados que devemos coletar


Nome/idade/sexo/naturalidade/onde reside/com quem
Enquadramento
Situação problema
Foco
Pontos de Urgência
Estratégias: como vou fazer?
Intervenções: o que vou fazer?
Resolutividade: como ficou?

Usado TAMBÉM no hospital.


AULA PSICOTERAPIA BREVE – MÓDULO 4
Formação em Psicoterapia Breve – PSICOTERAPIA BREVE NO HOSPITAL

Danielle Feitosa Araujo

Hospital – nos leva a pensar em nós/na nossa vida CONSTANTEMENTE – nos mobiliza, faz com
que nós saia da nossa bolha. Desconhecido, medos, inconstância etc. História que poderíamos viver.
PB vem para nos dar uma visão mais clara do problema que o paciente esteja passando.
Escuta treinada e visão ampla da conjuntura.

O cenário hospitalar
• Especificidade da cena hospitalar
• Tempo do hospital x tempo do paciente x tempo do adoecimento – “PRECISAMOS SER
MAIS AGRESSIVOS QUE A DOENÇA” – hoje o paciente compreende os cuidados, mas
ontem não por exemplo. É um processo.
• Desconhecido → medo do próximo passo/incertezas/não saber o que vai acontecer
• Risco real de morte → possibilidades verdadeiras. Qual morte?
• Crise já estabelecida* → diferentes crises ao longo do tratamento, ou não
• Símbolos para o paciente – exemplo: paciente que realizou mastectomia “nunca mais vou
ser mãe” → ampliar o cenário da paciente; quem gera a vida é o útero, não a mama
• Ambiente incerto; inesperado

ELA – angústia/limitação/equipe/tríade/família.

• Crise já estabelecida? Por quê?


Adoecimento por si só desestabiliza
• O adoecimento aparece como uma crise por perda ou aquisição?
Não é ganho ou perda. Depende do que a doença desencadeou na vida daquele paciente.
Aquisição → aumento de seu universo pessoal (família/escolhas/ativação no processo)
Perda → diminuição de seu universo pessoal (família se afasta/perda de espaços
sociais/funções)
Exemplo: gravidez é os dois.
DEPENDE DA HISTÓRIA DO PACIENTE PARA ENTENDERMOS ISSO
• Uma crise por desenvolvimento ou acidental?
As doenças aparecem como CRISES ACIDENTAIS, INDEPENDENTE DA ORIGEM →
ninguém espera
• O que observamos quando pensamos na redução do universo pessoal no adoecimento?
Mudança da rotina/convívio familiar/estado anterior/fisicamente/socialmente/mudança
corporal “QUEM EU SOU A PARTIR DISSO?”. Várias perdas

Fatores desencadeantes de sofrimento


Perda da autonomia
Despersonalização ocasionada pelo adoecimento
Luto de papeis – luto simbólico (tempo de hospitalização/perdas na internação)
Lutos reais
*médicos, mães, pais, provedores profissionais da saúde → como lidar com essa “inversão de
papéis forçada” → ÀS VEZES NOS PRONTUÁRIOS É ESCRITO – exemplo da médica na UTI
que prescreveu seu exame porque ninguém achava nada – EM QUEM ELA IA CONFIAR?

ESTUDO DE CASO 01
Foco: adoecimento acidental
Pontos de urgência: PROGRESSÃO DA DOENÇA MUITO RÁPIDA/filhos (luto desses
filhos/entendem de alguma forma a fragilidade da mãe)/luto/planejamento do luto do marido/luto
antecipatório que no momento se tornou muito real/processo de luto vivenciado foi muito rápido
Situação problema: pouca comunicação – tratamento para a equipe de saúde (fragilizam bastante)
Preocupação da mãe com as filhas – “Será que elas vão ficar bem?” - entendimento da possibilidade
da morte; você pode não voltar, e se não, como você quer que as coisas estejam? (terapeuta);
paciente realizou uma despedida indireta → óbito
Minimizar as ansiedades
→ ÀS VEZES MUDAMOS O FOCO MAIOR, E REPLANEJAMOS OS PONTOS DE
URGÊNCIA
RESPEITAR O CASO EXISTENCIAL DO PACIENTE

ESTUDO DE CASO 02
Foco: envelhecimento → não é adoecimento; porque a paciente traz um caminhar da vida e de
doenças dessa trajetória
Pontos de urgência: autonomia (não querer a sonda/trabalhar com a equipe [fisio] e família de
cuidado [normal envelhecer, visualizar o envelhecimento]); construir o PTS para a paciente; 12
filhos “falar a mesma língua” – trabalhar comunicação da família com a equipe
Geralmente envelhecimento não aparece como foco, mas sim como pontos de urgência

Principais focos encontrados no ambiente hospitalar – não são os únicos, mas o que mais
aparecem no cenário hospitalar
1. Adoecimento
A doença como mobilizador de angústia
A partir do adoecimento “eu tive que parar/mudar/deixar a rotina, a vida
Encontro com o não planejado
Inesperado
Pontos de urgência do adoecimento – desconhecimento (existencial/de sua história de
vida)/insônia(medo de morrer, medo de sentir algo a noite, medo de falts de ar,
fantasia, uso de remédio para dormir etc)/isolamento/medo da morte/inapetencia
2. Hospitalização
Entrar e ter que tirar tudo – não se reconhecer – deixar todos seus pertences (causa muito
sofrimento para o paciente, óculos/aparelho auditivo por exemplo)
DESPERSONALIZAÇÃO QUE O HOSPITAL COMETE PARA O PACIENTE E
FAMÍLIA
Mudança na vida
Insegurança (paciente fica com a vida entregue à equipe)
Isolamento (família, mesmo que presente, é difícil ter todos ao mesmo tempo [mãe com 12
filhos por exemplo]); isolamento que o paciente sente no ato de não querer falar também;
hospital isolando o paciente dos suportes que ele poderia receber → isolamento institucional
“Minha vida está em pausa” – não, ela está funcionando em outro contexto inesperado
3. Alta
Todos os pacientes se sentem seguros em receber alta? - vulnerabilidade social; aparato de
cuidado dentro de casa; quem vai cuidar?
Alta como desencadeador de ansiedade – cenário da casa/da família/da vida da pessoa.
Pensar o porque o paciente quer permanecer no hospital, qual o cenário dele lá fora?
Insegurança do FAMILIAR na alta: que cenário é esse?
4. Óbito
Processo de luto real
Processo de luto simbólico
Luto antecipatório
Naturalização do sofrimento (geralmente com internações recorrentes que a família
desconsidera/acostuma com o sofrimento do outro – sobreposição de sofrimento/acumulo)

PORQUE ESSE PACIENTE SOFRE TANTO? ENTENDER O FOCO DESTE SOFRIMENTO.

ESTUDO DE CASO 03
Foco: risco que o paciente corre de perder o cuidado no hospital por conta de seu plano de saúde;
adoecimento
Pontos de Urgência: vínculo com a família (fala que não quer ninguém mexendo em seu dinheiro –
correndo risco de perder o tratamento – o que mais prejudicaria ele no momento); fragilidade;
questão financeira
Solicitar avaliação psiquiatra (transtorno bipolar? Interditar o paciente?)

ESTUDOS CUIDADOS PALIATIVOS: CURSO DE ATUALIZAÇÃO ALBERT EINSTEIN

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