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Psicoterapia Breve Focal

Conceituação, Histórico, Esquema Básico e Análise


Psicodinâmica
Conceituação

A psicoterapia Breve Focal, é uma técnica específica com


característica própria e que não significa o encurtamento do
processo terapêutico.

É também um procedimento psicoterápico que


independente da abordagem do terapeuta, o auxilia a
estabelecer um planejamento estratégico com o objetivo
específico e limitado.
“É um procedimento Psicoterápico onde, independente da abordagem,
o terapeuta estabelece uma estratégia inicial para atingir um objetivo
especifico e limitado, em função da problemática apresentada pelo
cliente e nas condições nas quais esta se insere.”
(Núcleo de Estudos e Pesquisa em Psicoterapia Breve -NEPPB)
Outras denominações:

Terapia Planificada;

Psicoterapia não
Regressiva;

Psicoterapia de
Emergência;

Psicoterapia intensiva;

Terapia Ativa.
Histórico
As raízes da Psicoterapia Breve de orientação
psicodinâmica se situam nos primeiros trabalhos
desenvolvidos por S. Freud no início da Psicanálise,
quando realizava atendimentos clínicos de curta
duração e eficazes, aplicando uma técnica rápida e
objetiva. Essa prática foi posteriormente modificada por
ele em razão de um desenvolvimento da sua teoria na
direção de uma formulação mais complexa.

1920 - Ferenczi foi primeiro discípulo de Freud a


propor técnicas ativas para diminuir a duração do
tratamento psicanalítico. 1ª Guerra Mundial;
1946 - F. Alexander e T. French introduziram, ainda no
campo da Psicanálise, o conceito de Experiência
Emocional Corretiva um dos conceitos fundamentais
da atual técnica de Psicoterapia Breve. 2ª Guerra
Mundial;
1963 - Malan-Balint - responsáveis pelo conceito de Foco;
Na América Latina, a P.B. se desenvolveu, em primeiro
lugar, na Argentina sob a influência da Psicanálise inglesa
representada pelo grupo da Tavistock Clínica;
Integram com destaque o grupo argentino, H. Kesselman
- que publicou, naquele país, o primeiro livro sobre o
assunto;
Fiorini, foi autor que enfatizou o conceito de Experiência
Emocional Corretiva;
Fiorini, foi autor que enfatizou o conceito de Experiência
Emocional Corretiva;
Knobel, que se radicou no Brasil, desenvolvendo seus
estudos na UNICAMP, em São Paulo;
1957 - Mathilde Neder – HC – São Paulo;
No Brasil, a 1ª publicação sobre o tema Psicoterapia
Breve, ocorreu em 1984 com o livro "Psicoterapia Breve: a
Técnica Focal", de Vera Lemgruber, seguida em 1986 por
Knobel.
Destacam-se ainda, em estudos e pesquisas sobre
Psicoterapia Breve um grupo de autores do Rio Grande do
Sul, entre os quais, Zimermann, Cordioli e Eizirick Aguiar
e, no Rio de Janeiro, Lowenkron, com a publicação de
Psicoterpia Breve, de 1993.
Tríade da Psicoterapia Breve Focal
Atividade

Planejamento Focalização

Atividade: é onde o terapeuta na área da PB tem uma postura ativa e


participativa com relação ao paciente.

Planejamento terapêutico: acontece após a avaliação psicodinâmica e


estrutura a ação do terapeuta.

Foco: é a área a ser trabalhada no atendimento terapêutico, pela qual o


terapeuta dará mais atenção, destacará de outros aspectos da vida do
paciente. É o ponto pelo qual vai direcionar todo o atendimento
terapêutico.
Esquema Básico da Psicoterapia Breve

Análise psicodinâmica – Aliança Terapêutica

Enquadramento - Planejamento

Apoio Processo
Técnica Ativa

Atenção Seletiva
01 Foco Focos
Interpretação Seletiva

Negligência Seletiva
P. De Urgência P. De Urgência
Extra e intra focal Extra e intra focal

EEC – Experiência Emocional Corretiva


Análise Psicodinâmica

A análise psicodinâmica estrutura a ação terapêutica;

Avaliar as condições internas e a estrutura da personalidade;

Guiar a ação do terapeuta no sentido de fazer um bom


planejamento, estabelecer estratégias e agir;
A base da Análise Psicodinâmica é a Teoria da
Personalidade e os dados coletados;

Porque a teoria da personalidade?


Estrutura;
Processos Motivacionais;
Crescimento e Desenvolvimento;
Psicopatologia.

Meio complementar: testes psicológicos.

Nesse momento o terapeuta vai descobrir se o paciente


realmente se enquadra na técnica da PB ou se é
necessário encaminhá-lo para outra forma de terapia.
Aliança Terapêutica
Cordioli ( 1993) define a Aliança Terapêutica como " a capacidade de o
paciente estabelecer uma ligação de trabalho com o terapeuta".

Freud (1913) destacou que " o primeiro objetivo da terapia é ligar o


paciente ao terapeuta". (apud Cordioli, op.cit.);

Para Greenson, a origem da Aliança Terapêutica estaria na motivação e


na disposição racional do paciente em colaborar e na sua capacidade de
participar ativamente do tratamento;

pelas próprias características da técnica, ela favorece o estabelecimento


de uma boa Aliança Terapêutica.

A Aliança terapêutica é essencial para propiciar condições


para que aconteçam as EEC’s
Enquadramento e Planejamento
Através da Análise Dinâmica, faremos o enquadramento do
paciente em PB Apoio ou PB processo.
Psicoterapia Breve Processo Psicoterapia Breve Apoio
Capacidade de insight, bons Na resolução de conflitos
Indicação recursos egóicos e agudos, ou seja, na crise
condições de suportar o aguda, e na busca de alivio
momento da crise. dos sintomas.
Restabelecer o equilíbrio Alívio dos sintomas,
Objetivo através do conflito supressão da ansiedade,
situacional(foco), sintomas e fortalecimento egóico e das
psicodinâmica. defesas adaptativas.
Orientada para várias Fortalecimento dos aspectos
Estratégia situações criticas, visando a sadios e positivos e dos
Básica resolução dos conflitos recursos necessários para
focais estabelecidos no lidar com a crise. Busca
planejamento. restabelecer o equilíbrio
homeostático.
Planejamento
Situação problema;
Pontos de urgência;
Foco(s);
Hipótese Psicodinâmica;
Estratégias;
Intervenções a serem utilizadas para atingir as EEC’s
Devolutiva:
Esse planejamento é devolvido para o paciente para que esse
possa se engajar no objetivo do tratamento Contrato
Terapêutico.
Regras gerais a serem esclarecidas:
Limitar o número de sessões ou semanas, previsões de
paralisações e retornos periódicos de reavaliações.
Principais Conceitos da Psicoterapia Breve
Foco

• Um conceito importante para a Psicoterapia Breve é o de Foco, que foi definido por
Malan "como o ponto de convergência das atenções do terapeuta", ou seja, o tema
central sobre o qual deve-se concentrar o trabalho terapêutico.

• T. French chamou de "conflito focal o conflito mais superficial e atual em contraste


com o conflito nuclear, que seria mais profundo e com origem na infância" (apud
Lemgruber, 1997b, pg. 22).

Os recursos técnicos utilizados pelo terapeuta


para manter o trabalho terapêutico
direcionado para o foco é a Técnica Ativa:
Atenção seletiva: busca-se relacionar todos
os fatos que o paciente traz ao foco;
Interpretação seletiva: busca-se interpretar
somente os conteúdos que estão relacionados
ao foco;
Negligência seletiva: negligencia-se tudo o
que não tiver ligação com o foco.
Pontos de Urgência
Corresponde a situação psíquica inconsciente de conflito
que, pela ação de fatores atuais, predomina no sujeito
num dado momento, sendo motivo de determinadas
ansiedades e defesas.
Focal: Extra focal:
Ligado Costumam
diretamente à apresentar-se
situação durante o
problemas ou tratamento
a fatos, que afetando o
correspondem paciente, mas
de algum saem do foco.
modo, à Como exemplo:
conflitiva assalto,
focal. morte,etc.
Experiência Emocional Corretiva

A atitude do terapeuta, mais adequada e mais


compreensiva, possibilita ao paciente revivenciar, dentro do
ambiente seguro do relacionamento terapêutico e em
circunstâncias favoráveis, situações emocionais difíceis do
passado, o que resulta numa experiência emocional que
corrige a experiência primitiva.

A Experiência Emocional
Corretiva é uma experiência
global, completa, que envolve
aspectos cognitivos,
emocionais, volitivos e motores,
possibilitando novas sinapses.
Efeito Carambola

• O conceito de "efeito carambola", foi introduzido por Vera Lemgruber,


(1995), como "o mecanismo de potencialização dos ganhos terapêuticos
por meio da técnica focal" .
• Se o conflito nuclear estiver contido no conflito focal, este, ao ser
resolvido, permitirá uma repercussão no conflito primário que
possibilitará mudanças mais profundas.
• O termo "Efeito Carambola" foi inspirado, segundo sua autora Vera
Lemgruber, no movimento que ocorre no jogo de bilhar quando uma
tacada bem direcionada acerta uma bola que em consequência atinge
outras, provocando o seu deslocamento sem que tenham sido tocadas
diretamente pelo taco.
Em outras palavras, o foco bem
direcionado representa essa bola
inicial, que bem trabalhado
terapeuticamente potencializa,
como consequência, resultados em
outras áreas.
Psicoterapia Breve - Contra indicação
PROCESSO

Diagnóstico Clínico Diagnóstico Psicodinâmico


 Psicoses;  Quando há grande
 Enfermidades debilidades egóicas;
psicossomáticas;  Dependências simbióticas
 Personalidade psicopáticas; intensas;

 Perversão;  Escassa motivação para o


tratamento;
 Toxicomanias,
 Dificuldade para estabelecer
 Suicidas em potencial; um foco, devido ao
 Estados fronteiriços; entrelaçamento de situações
dinâmicas múltiplas.
 Agitação psicomotora com
agressividade.
Psicoterapia Breve - Apoio
Trata-se de uma técnica que responde ao impulso moderno de
brevidade para os transtornos em crise, conceitualizando-a e
definindo suas características e sua prática.
De acordo com Erikson “Crise é um comportamento
indiferenciado, transitório, com transtornos afetivo e
cognitivo”.
Já para Parson, “Crise é quando o indivíduo está diante de
uma situação nova, da qual ele não tem controle e que o
sentimento predominante é a angústia diante do novo e do
desconhecido”.

“A PB Apoio, é uma forma de tratamento caracterizada pela


utilização de medidas diretas para manter ou estabelecer o
funcionamento anterior do paciente por meio da supressão dos
sintomas e, para manter, restaurar ou aumentar a auto estima.”
(Mac. Cullought et all apud Gouveia, 2000)
Não existe contra indicação para PB Apoio, a ênfase está
em melhorar o comportamento e os sentimentos
subjacentes à crise e não na modificação da personalidade
ou na resolução do conflito inconsciente.

Porém, para Novalis , Rojcewicz e Pellle(1993)apud in


Lemgruber, V. (2000). Como qualquer técnica psicoterápica, a
PBA também tem contra indicações para pacientes com:

Incapacidade de estabelecer aliança terapêutica ou uma


relação honesta com o terapeuta;

Falta de motivação para a mudança;

Sintomas que causam ganhos secundários ou efeito


agradável difíceis de serem mudados.
Horowiitz, in Lemgruber (2000, p.131), torna a
AT a peça central da explicação de todas as
mudanças terapêuticas:

“A aliança Terapêutica é uma condição


necessária, mas de forma nenhuma suficiente,
para o sucesso terapêutico”.

Porém, ele continua: “Na extensão em


que uma psicoterapia é de apoio, a
Aliança Terapêutica, torna-se tanto um
fim em si mesma, quanto o maior
vinculo do tratamento. Portanto, num
tratamento primariamente de apoio, a
Aliança terapêutica, não só é necessária,
mas também muitas vezes é suficiente
para a ocorrência da mudança
terapêutica”.
Na PB Apoio, o papel da aliança
terapêutica é especialmente “A relação entre o terapeuta e o
enfatizado e aumentado pelo uso paciente é uma relação baseada no
acurado das resposta empáticas, respeito mútuo, na comunicação e no
da validação dos sentimentos, do envolvimento emocional”.Goveia H.
respeito e atitude calorosa, do in Lemgruber (2000)
reasseguramento e de outros
esforços claros e manifestos para
estabelecer uma boa relação.

A Aliança Terapêutica não é


simplesmente uma relação de
amizade; requer do terapeuta e do
paciente a observação dos objetivos
do tratamento e do papel de cada
um; onde, o terapeuta como aquele
que ajuda e o paciente como aquele
que é ajudado para que se
alcancem os objetivos. Gouveia H.
in Lemgruber(2000)
As medidas de apoio
Utiliza-se PB Apoio para: são especificamente
utilizadas nas
situações em que o
Luto infantil; prejuízo é
temporário e
causado por tensão
Fase aguda do luto adulto; aguda.

Separação conjugal;
Usuários de droga;
Apoio a pacientes suicidas;
Na redução da ansiedade da
permanência no hospital.
As medidas de apoio são
especificamente utilizadas nas
situações em que o prejuízo é
temporário e causado por tensão
aguda.
Livros sobre Psicoterapia Breve Focal - Publicações no Brasil
1º livro: “Psicoterapia Breve: a Técnica Focal”. Vera Lemgruber (1984);
• “Psicoterapia Breve”. Mauricio Knobel (1986);

• “Psicoterapia Dinâmica Breve: saúde mental comunitária”. Maria Alice


Azevedo (1988);
• “Psicoterapia de Orientação Psicanalítica: Teoria e Prática”. C. Eizirick
(1989);
• “Psicoterapia Dinâmica breve e critérios psicodiagnósticos”. Elisa
Yoshida (1990);
•“Psicoterapia Breve - abordagem sistema em situações de crise”.
Eduardo Ferreira-Santos (1990);
•“Psicoterapia psicanalítica Breve”. Theodor Lowenkron (1993);
•Psicoterapia Focal – Efeito Carambola”. Vera Lemgruber ( 1995);
•“Psicoterapia Breve integrada”.Vera Lemgruber (1997);
•“Gestalt Terapia de Curta Duração”. Jorge Ponciano Ribeiro (1998);
•“O Futuro da Integração – desenvolvimentos em Psicoterapia Breve”.
Vera Lemgruber (2000).
“O limite de tempo é eficaz,
desde que se acerte com o
tempo correto para ele”
(Freud, 1937)

Obrigada pela atenção!!!

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