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Terapia Centrada nas Soluções

TCS – Processo terapêutico breve, sugerindo sessões únicas que permitem mudanças
duradouras e consistentes.

De shazer (1991) Não existem no self das pessoas, nem no sistema ou na interação
sugere que:
com os outros.

Problemas
Existem no modo como as significações se tornam problemáticas,
não havendo nada de mais substancial por detrás da linguagem que
faz os problemas.

Ora, se os problemas são feitos na linguagem, ou nos sistemas de


significação, também terão que ser “desfeitos” através da linguagem.

De Shazer (1994), propõe um “retorno à superfície” – um retorno às palavras que são


usadas na sessão terapêutica para que o problema se consolide ou que se dissolva.

Diferença entre:

Resolução Dissolução

Mudança de algo tengencial


Necessário fazer algo ao
ao problema que produz
problema para que ele
uma modificação
mude.
significativa no mesmo.
Terapia Centrada nas
Soluções

Terapia Breve Terapia


Terapia desreificadora
Despatologizadora

Efeito dominó. Este efeito Recusa que os problemas


supõe que depois da Não faz sentido falar-se de tenham uma existência
mudança estar em curso, patologias ou de autónoma das palavras (ou
novas modificações diagnósticos, mas de mais precisamente, dos
espontâneas irão ocorrer dificuldades e problemas sistemas de signficação)
sem necessidade da ação (e, preferencialmente, de que são usadas para os
de um terapeutas. soluções) contruir.

A terapia deve procurar


criar um movimento
progressivo de dissolução
das faculdades, mas não
ambicionar a remoção de
todas as dificuldades.

O que são soluções?

Um agricultor estava num campo quando


A ideia central da TCS é a de que nem percebeu que um tsunami viria destruir a sua
sempre as soluções resultam da aldeia. Sentindo-se impotente para alertar as
resolução de um problema. Esta propõe pessoas ocorreu-lhe que as poderia salvar se
um deslocamento da causalidade incendiasse os campos. Quando da aldeia
eficiente para a causalidade final, em viram as chamas, deslocaram-se monte acima
que as intenções, os projetos, as com o intuito de apagar o fogo, enquanto a
finalidades “causam” o momento atual. onda destruía a aldeia.
Para De Shazer (1991), o futuro tem a capacidade de modificar o presente. A
imaginação de outros futuros tem a capacidade de modificar o presente.

Uma última característica da construção das soluções é que esta não deve
corresponder a uma mera ausência de problemas. Há duas razões essenciais para este
cuidado:

(i) Uma ausência é mais difícil de imaginar do que uma presença


alternativa (ex: é mais fácil imaginar que a cadeira onde estamos
sentados foi substituída por outra mais confortável, do que
imaginar que ela deixou de existir)

(ii) A ausência não pode ser demonstrada. A mera ausência não


prova que os sintomas não possam voltar. A presença de algo
novo no lugar de um problema, de uma transformação
significativa, constitui uma prova mais sólida.

Clientes, queixosos e visitantes

Visitante: Pessoa que acha que não tem problema ou não quer estar na
terapia. A pessoa assume um estatuto de visitante e está ali porque não tem outra
solução;

Queixoso: Pessoa que chega à terapia com a compreensão de que há um


problema, mas com a crença de que este não lhe pertence. Querem que o problema
desapareça ou mude sem que eles tenham que fazer nada.

Cliente: Alguém que sabe que tem um problema e que quer fazer algo acerca
disso, embora não saiba o que fazer.

De Shazer (1998), recomenda-nos a não reificar esta categorização. Segundo


ele não há pessoas visitantes, mas antes pessoas que a determinada altura da
sua vida de comportam como visitantes.

(esta pode ser a alternativa da pessoa para lidar com o problema)


Para fazer TCS não é preciso um problema concreto, necessitamos de um foco de trabalho.
Precisamos de ter algo que a pessoa gostaria de melhorar, não sabendo como fazer.

Estratégias para lidar com não-clientes

Lidar com visitantes

(i) Não procurar resolver o problema, por muito óbvio que seja a
sua resolução;
(ii) Ser simpático e estar do lado de quem está a ser entrevistado;
(iii) Procurar identificar o que funciona;
(iv) Não prescrever tarefas;
(v) Identificar formas de mudar a posição de visitante para a de
cliente;

Objetivos terapêuticos

(i) Pequenos – e se o cliente os formular de um modo excessivo o


terapeuta esforça-se por os decompor;
(ii) Claros e descritos de um modo concreto;
(iii) Descritos como o começo de algo novo;
(iv) Susceptíveis de ser atingidos;
(v) Percebidos pelos clientes como envolvendo esforço;

Estratégias Terapêuticas: três jogos de linguagem

Produzir excepções
Podem assumir a imaginação ou
Imaginar ou descrever novas Confirmar que a mudança
a descrição em detalhe de vidas
alternativas (o cliente pode vidas está em curso
descrever a sua vida no futuro
sem a presença de problemas)
Competências e recursos do cliente

As competências do cliente são dimensões que nos situam nos antípodas do


problema. O terapeuta pode recorrer a:

- Competências passadas: “quando era aluno na escola secundária e se


sentia bem, que tipo de competências o faziam sentir-se assim?”

- Competências presentes: “como seria sentir-se competente o domínio


x – problemático -, tal como se sente no domínio Z – não problemático?”)

• "O que acontece, quando o problema não está


Ênfase nas excepções
presente?".

• O uso de escalas permite tornar os objetivos mais


Escalonamento graduais, especificar que implicações as melhorias
trariam e, ainda, documentar que o cliente está a mudar.

• Forma habil de permitir utilizar a imaginação do futuro


Pergunta-milagre ao serviço da identificação de soluções e da
concretização gradual dos objetivos.

(i) Se o cliente disser que não vai acontecer, central no que vai
acontecer;
(ii) Se o cliente se centrar nos outros, deve centrar as questões no
cliente;
(iii) Deve questionar acerca da validação e do testemunho dos outros;
(iv) As questões devem detalhar acções concretas, mas também
sentimentos, pensamentos, valores ou ideias;
(v) Quanto mais detalhado for o dia seguinte mais claramente o
cliente é conduzido a imaginar uma vida sem o problema.
gf
Utilização de Tarefas

Fazer algo diferente: o cliente é convidado a usar a sua criatividade e a fazer


algo de dramaticamente diferente nos momentos em que começam os ciclos
problemáticos

Pedir para continuar a fazer o que funciona: se o terapeuta identificar o


que funciona, e o cliente conceber o que funciona como relevante, o
terapeuta pode estruturar tarefas que envolvsm mais do que funciona

Não mudar ou ir devegar: útil em situações em que a pressão para mudar


está a funcionar contra a própria mudança

Fazer o contrário: A pessoa tem muitas vezes o poder de fazer o contrário do


problema, não sendo este contrário necessariamente parar o problema, mas
fazê-lo de modo diferente

Tarefas de Predição: sugere-se que o terapeuta assuma que ainda não


descobriram qual é o padrão que está subjacente à ocorrência das excepções.

Outro rituais: escrever pensamentos ruminativos e depois decidir se o papel


deve ou não ser queimado .

Estrutura genérica da terapia

Objetivo: produzir mudanças mesmo que o cliente venha a uma única sessão

Cada sessão deverá ter uma espécie de unidade temática.


1º Sessão

• Identificar e expandir as mudanças que ocorreram antes da primeira sessão


1

• O terapeuta deve ser capaz de re-centrar a discussão no problema


2

• Estabelecer metas (ex: qual seria o primeiro sinal de mudança; como se sentiria
3 satisfeito com a psicoterapia)

• Poderá ser colocada a pergunta-milagre e utilizado o escalonamento de modo a


4 tornar as metas terapêuticas mais claras.

• Pode ser realizado um intervalo a seguir ao qual é formulada uma mensagem


5 final e, se o terapeuta o decidir, pode propor uma tarefa.

Nas sessões seguintes, deve-se começar pelas tarefas terapêuticas ou por um sumário da
consulta anterior. De seguida o terapeuta deve procurar perceber o que está melhor ou o
que está a funcionar e esforça-se por amplificar todas as mudanças.

Limitações e dificuldades habituais

a) Forçar os clientes a tomar uma decisão para a qual eles não se sentem
preparados.

b) Há clientes que precisam que a terapia, mais do que facilitar acções


alternativas, seja um espaço de clarificação. O facto de poder falar com alguém
fora do seu espaço social é em si mesmo terapêutico.

c) O terapeuta deve manter-se curioso acerca das dificuldades do cliente. Sem


isto, as perguntas centradas nas soluções tornam-se formulas vazias de
significado.

d) O terapeuta deve estar atento para evitar a terapia forçada nas soluções.

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