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PERTURBAÇÃO DE ASPERGER

- ASPECTOS GERAIS -

- Faz parte das chamadas “Perturbações Globais de Desenvolvimento” que


se caracterizam por défice em diversas áreas do desenvolvimento:
competências sociais, competências de comunicação e/ou presença de
comportamentos, interesses e actividades estereotipadas.

» Características
A) Défice grave e persistente da interacção social
- no uso de comportamentos não verbais (contacto ocular; expressão facial;
postura corporal e outros gestos reguladores da interacção social)
- incapacidade para desenvolver relações com os companheiros adequadas
ao nível de desenvolvimento (pouco ou nenhum interesse em estabelecer
amizades; interesse na amizade mas falta de compreensão das convenções
na interacção social; ausência da tendência espontânea para partilhar com
os outros prazeres, interesses ou objectivos)
- falta de reciprocidade social ou emocional (preferência por actividades
solitárias; dificuldade em perceber o mal-estar nas outras pessoas)

B) Presença de comportamentos, interesses e actividades restritos e


estereotipadas
- adesão aparentemente inflexível a rotinas ou rituais específicos
- maneirismos motores estereotipados e repetitivos (bater com os dedos;
abanar as mãos; balançar-se...)
- anomalias posturais (andar nas pontas dos pés)
- preocupação persistente com partes de objectos ou fascinação com
determinados movimentos
- restrição de interesses

» Perturbações associadas
- Poderá haver atraso em atingir as fases do desenvolvimento motor e é
muitas vezes observada uma lentificação motora

» Etiologia
- Consenso quanto ao facto de estas perturbações representarem a face
visível ou perceptível de um “defeito” neurobiológico; todavia, apesar dos
avanços conseguidos, ainda não foi possível a identificação precisa dos
factores etiológicos responsáveis em todos os casos de autismo

» Evolução
- na vida adulta estes sujeitos podem ter problemas com a empatia e na
modulação da interacção social
- aparentemente esta perturbação segue uma evolvuçao contínua e na
grande maioria dos casos a duração é para toda a vida
- actualmente alguns autores consideram que o diagnóstico destas
patologias tem uma natureza dinâmica, isto é, pode evoluir. Contudo, a
grande namaioria das crianças diagnosticadas como autistas vão manter
este diagnóstico quando crescerem; para alguns indivíduos pode haver
progressos que conduzam a uma perturbação menos incapacitante

» Algumas indicações – Aspectos que costumam funcionar com


indivíduos com este quadro

Relação
- Não descurar a tentativa de estabelecimento de relação afectiva com o
jovem pois o problema reside no facto de a criança não saber como
responder de forma recíproca à interacção do adulto, em partilhar
interessese pontos de vista, e não numa falta de afectividade ou de
sensibilidade emocional
- Não diminuir a tentativa de envolvimento sócio-emocional

Ensino estruturado
- Os estudos têm demonstrado que os programas educativos estruturados
são os mais eficazes no processo educativo das crianças com autismo
- A estrutura é essencial para o funcionamento das crianças com autismo
devido aos seus défices ao nível da auto-organização e à sua dificuldade em
compreender ou realizar de forma autónoma as mais diversas actividade do
quotidiano; em suma, o ensino estruturado permite fazer com que o mundo
pareça mais previsível e menos confuso para a criança com autismo
- O ensino estruturado centra-se nas áreas fortes frequentemente
encontradas nas crianças com perturbações do espectro do autismo - o
processamento visual, a memorização de rotinas e os interesses especiais

Estrutura física
- Delimitação clara das diversas áreas de trabalho e das fronteiras que
separam essas áreas - permite à criança compreender melhor o seu meio e a
relação entre os acontecimentos
- Outra vantagem da estrutura física consiste na diminuição dos estímulos
distractivos e consequente centração de atenção nos aspectos mais
relevantes da tarefa

Sistemas de trabalho individual


- Os sistemas de trabalho individual fornecem informação detalhada sobre
o que a criança deverá fazer quando vai para a área de trabalho individual
- Têm por objectivo fundamental tornar a criança capaz de realizar uma
actividade de forma autónoma
- Fornecem 5 tipos de informação fundamental
que trabalho a criança deverá fazer
qual a sequência através da qual deve realizar esse trabalho
a quantidade de trabalho que deverá realizar
quando é que o trabalho terminou
o que acontece quando o trabalho terminou
- Apresentados visualmente

As estruturas visuais
- As crianças com perturbações autistas conseguem compreender e seguir
muito mais facilmente as instruções quando estas lhes são apresentadas em
termos visuais
- Uso de um modelo-padrão que constitui uma representação visual da
forma como a tarefa deve ser realizada

Instruções
- Devem ser curtas, claras e fáceis de compreender
- Quando são dadas oralmente deve ser utilizado o mínimo necessário de
linguagem; utilizando uma linguagem quase telegráfica, ajuda-se a criança
a identificar os conteúdos mais relevantes da mensagem

Ajudas
- As crianças autistas aprendem melhor quando completam com sucesso as
tarefas porque a realização bem sucedida de uma tarefa até ao fim permite-
lhe saber exactamente o que e como fazer

Reforços
Análise de tarefas
- Filosofia subjacente: quando uma criança não consegue realizar uma
tarefa é porque não possui uma competência ou conhecimento essencial
para que a tarefa possa ser correctamente realizada - pode existir um pré-
requisito em termos de competência que ela não adquiriu e que a impede de
alcançar o objectivo que pretendemos ensinar-lhe
- pode ser definida como o processo de isolar, sequenciar e descrever todos
os componentes necessários da tarefa

» Fontes consultadas:
- “DSM-IV: Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais
– Quarta Edição” – Lisboa, 1996

- “Perturbações do espectro do autismo - Carla Elsa Marques; Quarteto;


Coimbra, 2000

- “Living and working with autism” – the National Autistic Society, 1992

- “Theory of mind in Asperger’s Syndrome” - Bowler

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