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A psicanálise das análises preliminares

A psicanálise em seu modelo convencional,


adota uma postura de posicionar o outro como
o responsável por aquilo que se faz com que se
sente, essa postura é uma tendência a tirar o
analista da posição de mestre e como
sabemos, Freud estabeleceu alguns critérios
para as análises, que ele chamou de critérios
de analisabilidade. Temos duas condições
essenciais para as análises:

• Transferência: segundo Freud, a


transferência é o motor da análise, sem
ela fica impossível tal processo.
• Capacidade de associar livremente: é
o ato de falar livremente sem nenhum
tipo de manipulação da fala. Freud
coloca a associação livre como uma
regra fundamental.
Análises preliminares:

Freud em 1913 em seu artigo “sobre a


técnica”, fala sobre o tratamento de ensaio,
que são sessões onde o analista vai avaliar
as questões dos pacientes.

Estou ciente de que existem psiquiatras


que hesitam com menos frequência em seu
diagnostico diferencial, mas convenci-me
de que com a mesma frequência, cometem
equívocos. Cometer um equívoco, além
disso, é de muito mais gravidade para o
psicanalista que para o psiquiatra clínico,
como este é chamado, pois o último não
está tentando fazer algo que seja de
utilidade, seja qual for o tipo de caso. Ele
simplesmente corre o risco de cometer um
equívoco teórico e seu diagnostico não tem
mais que um interesse acadêmico. No que
concerne ao psicanalista, contudo, se o
caso é desfavorável, ele cometeu um erro
pratico; foi responsável por despesas
desnecessárias e desacreditou o seu
método de tratamento (p. 166).

Aqui Freud ressalta a importância das


análises preliminares no sucesso do
processo. Além disso, Freud fala sobre a
importância de ligar o paciente ao seu
tratamento por meio do manejo
transferencial.

Lacan em seu seminário, “O saber do


psicanalista (1971)” chama de análises
preliminares esse processo inicial.

Como visto, as análises preliminares


têm uma função importantíssima para o
sucesso do processo de análise e a
diferença entre essas análises preliminares
e as análises em si, é marcada pelo início
da livre associação. Freud também vai dizer
no texto sobre a importância de sistematizar
não so o início do processo, mas também
no fim como em um jogo de xadrez.

Quinet, vai falar sobre a importância do


diagnostico estrutural para os caminhos das
análises.

Nas entrevistas preliminares é importante,


no que diz respeito à direção da análise,
ultrapassar o plano das estruturas clínicas
(psicose, neurose e perversão), para se
chegar ao plano dos tipos clínicos (histeria
– obsessão), ainda que não sem hesitação,
para que o analista possa estabelecer a
estratégia da direção da análise, sem a
qual ela fica desgovernada (p. 27).

Será nessas análises preliminares que


vamos lidar com as crises emocionais e
todas as técnicas propostas, tem a
finalidade de reduzir a identificação do
paciente como crença disfuncionais
utilizando intervenções preliminares para tal
finalidade e todas as técnicas aqui
apresentadas terá embasamento nas
articulações significantes, na teoria das
identificações.

Não é incomum nos depararmos com


pacientes com dificuldade para expressar, ou
pacientes que não realizam transferência. O
que se faz com essas pessoas? Caso você
faça manejos para estimular a fala do paciente,
você se enquadra no famigerado discurso do
mestre, mas por outro lado definir através
desses critérios quem pode ou não fazer
análise também não é uma posição de mestre?
A fuga do discurso do mestre é uma utopia que
não pode ser alcançado, ele so existe no
campo da ideia, é um ideal inalcançável, logo
até que ponto é funcional essa tentativa de
fuga? Fugir desse discurso é o mesmo que ser
o carcereiro e o prisioneiro ao mesmo tempo.
Eu defendo a ideia de que deva existir um
rompimento equilibrado com o conceito de
discurso de mestre para que seja possível tirar
não exercer a posição de mestre ao definir
quem faz ou não análise e possibilitar que
todos possam passar pelo processo. Defendo
a possibilidade de estimular pacientes a fala,
de transformar transferência negativa em
positiva por meio da identificação, defendo o
rompimento do ciclo sintomático vicioso. Isso
tudo nas análises preliminares.
Um outro ponto incoerente na psicanálise é
a crítica que ela faz sobre modelos clínicos
engessados, protocolos que servem para
todos, mas quando se encontra um paciente
fora dessa curva, no caso a regra fundamental,
a psicanálise diz que esse é um dos que não
servem para a análise, ou seja, a crítica do
protocolo sendo exatamente um protocolo.

Vamos pensar de uma forma mais


abrangente. O que é a associação livre? É o
ato de falar de forma livre tudo aquilo que vem
à mente de forma livre. Não existe um discurso
livre, principalmente quando ele surge como
imposição para algo, toda a associação virá
sempre baseada em uma lógica significante,
logo todo discurso seja lá qual for, é passível
de ser analisado, todo discurso vem da lógica
significante que se concretiza como uma
produção de subjetividade.
É a partir das análises preliminares que
vamos lidar com as crises emocionais, com os
surtos.

As análises preliminares foram descritas


por Freud em seu texto de 1913 onde
denomina de análise de ensaio, já Lacan em
seu livro escritos, chama de análise
preliminares. Essas análises têm a finalidade
de organizar o processo para que este seja o
mais eficiente possível.

Nas análises preliminares vamos realizar


uma série de avaliações. São elas:

• Diagnóstico estrutural
• Avaliação de nível de consciência
• Preenchimento de uma ficha completa
de anamnese (essa etapa é um ponto
de muita divergência entre
psicanalistas)
• Identificação do tipo de transferência
• Identificação do tipo de resistência
• Compreender a demanda do analisando

Após essas avaliações é que vamos definir


quais os caminhos que serão mais eficientes
para cada paciente.

Mas nosso foco diante de um senário de


crise de um paciente transtornado será de
realizar intervenções que possam reduzir os
níveis dessa crise e em consequência, reduzir
os riscos para os pacientes e para outras
pessoas ao redor dele, o que inclui o analista
ou psicólogo. Na sequência vamos ver uma
série de técnicas e modelos de como trabalhar
com esses pacientes e ter bons resultados.

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