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Formação e Orientação Junguiana pelo Quíron

Professora: Liliane Martins


Discente: Adriana Coelho Sampaio

Resumo da aula de Psicoterapia breve

Fazer uma reflexão do que é psicoterapia dentro da analise Junguiana, sendo


direta é fazer um tratamento, uma analise da psique, dentro da orientação Junguiana.
Tentar acolher o outro dentro de sua necessidade mais especifica, significa ser atendido
por alguém que esteja habilitado dentro do que podemos fazer, atuamos como o fio de
Ariadne que procura manter o herói Teseu em seu caminho, para que esse possa se
sentir seguro na sua jornada.
Como surgiu a psicoterapia Breve (PB)? Em virtude de olhar o outro em suas
necessidades e ao invés de conter, de afastar, tratar. Com a evolução do entendimento
do processo psíquico, se faz necessário compreender a mente humana. As guerras
mundiais, são o ápice do momento, para que seja necessário buscar recursos para os
sofrimentos das perdas e do sofrimento daqueles retornavam. Freud fala da importância
do homem ser ouvido em sua angustia. E que essas pessoas necessitavam de ajuda, de
técnicas que pudessem trazer condições e suporte para enfrentar seus momentos.
OS autores Yoshida e Enéas se referem ao período psicanalítico como estagio
psicanalítico com Freud, Ferenczi e Rank e o estagio intermediário com Alexandre e
French.
Freud, é considerado o percussor da PB, mas como não era o foco de seus
estudos não deu continuidade. Em seu caminho se tem Sandor Ferenczi, com a técnica
ativa, que foi rechaçada por Freud, mas que abriu o olhar da influencia do terapeuta nas
terapias. Otto, também contribuiu com o trauma de nascimento e também precisou
repensar suas ideias, pois não eram aceitas por Freud. Ë importante ver que Ferenczi e
Rank deixaram algumas ideias que foram retomadas posteriormente por outros autores
que estavam pensando uma forma de contextualizar a PB. Desse modo eles deixam
como base da fundamentação da PB, a atenção maior nas questões emergentes da
atualidade, considerando as questões relativas a separação para Rank, as questões da
postura do terapeuta na relação com o seu cliente no caso de Ferenczi e na preocupação
que Freud tinha com o atendimento as necessidades mais especificas da pessoa, mas
sempre na situação emergente na atualidade.
A psicoterapia Breve vai surgindo e se efetivando como uma psicoterapia que
vai atender a uma situação especifica que surgiu na atualidade. Em seguida vem
Franz Alexander e Tomas French, que compõem o estagio intermediário da PB, que
desenvolvem o conceito de experiência emocional corretiva (EEC), onde se detém em
reviver de melhor forma os traumas do passado. Uma construção teórica da psicanalise
que é primordial do PB é o conceito de conflito primário e o secundário. O conflito
primário seria o conflito de base somado com a referencia da relação parentais e o
secundário com pessoas presente da vida da pessoa.
O que podemos ver é que a psicanalise foi o caminho inicial da psicoterapia Breve.
Dentro da separação do momento histórico da PB, trazido por Yoshida e Enéas,
há o estágio Psicodinâmico Breve onde outros autores vão trazer uma perspectiva, dos
critérios de seleção, alterações técnicas da psicanalise, como uma forma de organização
do processo de atendimento na PB, cada um trazendo um com seu olhar uma
contribuição.
São J. Mann (1973), D. Malan (1974), H. Davanloo (1980), Eduardo Braier (1986) entre
outros, que trouxeram terapias modernas e dinâmicas. É importante falar da escola de
Tavistock Clinic, em Londres de Ballit e posteriormente Malan, que desenvolvem a
elaboração do conceito de foco, pois sua preocupação era a de compreensão da
dinâmica na clinica para tentar circunscrever a área de atuação do terapeuta. Para Malan
e Ballit, a elaboração do foco era primordial, pois dessa forma eles teriam uma hipótese
psicodinâmica de base, que procura explicar a problemática principal do paciente.
Identificando o conflito primário, onde se constitui a reedição da problemática atual.
A segunda escola que também merece ser mencionada é a de Sifneos, conhecida como
grupo de Boston que desenvolve a psicoterapia Breve provocadora de ansiedade.
Indicada para lidar com casos em que os sintomas neuróticos são claramente
delimitados, aqui pessoas com o estágio egoico fragilizado não entravam, pois a
intenção era que ela tivesse capacidade de realizar confrontos com o inconsciente.
No Brasil foram introduzidos vários conceitos e desenvolvidos a partir de
perspectivas teóricas diferentes como: Mauricio Knobel psicanalista; Caracushansky,
que teve uma formação psicanalítica mas vai estudar Jung e apesar de não desenvolver
nenhum trabalho dentro da PB, mostrou considerações interessantes para se pensar num
processo mais breve de atendimento na clinica; Yoshida, psicanalista mas também aera
clinica social o que traz uma perspectiva diferente, Lemgruber, psicanalítica que
trabalhou mais detidamente na teoria focal com Ballit e por fim nossa Mestre Liliane
Melo, que vem trazer de forma mais clara dentro da perspectiva Junguiana como é a PB.
Me detendo nos autores nacionais o Mauricio knobel, que traz uma perspectiva
holístico, psico-bio-social, fenomenológico e metapsicológico, que vai levar em
consideração até a situação geográfica em que a pessoa se encontra. Outro que
desenvolveu uma técnica d psicoterapia breve, aplicável a programa de prevenção de
saúde mental, que visava oferecer um atendimento psicológico o mais precoce possível,
para o maior numero de pessoas, ele tinha a intenção de realizar o atendimento em no
máximo de 12 sessões, onde o enquadre do tratamento está na vontade do terapeuta e do
cliente de trabalhar e desenvolver juntos. A ideia central era fazer a pessoa sair da crise
e voltar ao estagio posterior em que ela lidava bem ou se encontrava em ordem de
funcionamento. Já a Lemgruber, tem sua formação e área de atuação focada na
psicanalise, citado pela professora que poderia ainda está atuando com professora no
Rio de Janeiro. A importância de falar desses autores é que eles contribuíram com
propostas do modelo psicodinâmico adaptado a realidade Brasileira.
Vale ressaltar alguns trabalhos como o de Malan (1976-1981), onde ele
desenvolveu a teoria base do triangulo do conflito, onde o triangulo tem na base a
ansiedade e defesa e na ponta o desejo; e o triangulo da pessoa, onde o terapeuta e a
pessoa presente se encontram na base e a pessoa no passado se encontra na ponta.
Dentro de sua perspectiva ele vai elaborar uma avaliação diagnostica composta de até 8
sessões, vai estabelecer critérios de indicação e contraindicação para p processo
psicoterapêutico e dentro desse contexto a focalização do processo terapêutico. Pra
Malan, se o paciente já tem uma boa compreensão do foco terapêutico, uma parte do
processo terapêutico já se encontra em desenvolvimento. E nós vamos trabalhar com
esse olhar pensando na questão da tipologia. Principalmente no foco da função inferior.
A importância da teoria de Malan, e o foco, pois sem isso, podemos no perder no
contexto do que está sendo trabalhado, no tempo que deve ser trabalhado e assim não
estaremos fazendo o atendimento do contexto da psicoterapia breve.
James Mann, pois este promove a autonomia do paciente que estabelece com ele
o foco do que vai ser trabalhado, trabalha com a psicoterapia de tempo limitado, onde
ele estabelece uma avaliação com no máximo 3 sessões e são fixadas 12 horas para o
tratamento, distribuído de acordo com a necessidade do paciente. Ele elenca temas
centrais como: a independência x dependência; a atividade x passividade; a autoestima
adequada x autoestima diminuída ou perda dela; e o luto não resolvido.
A psicoterapia Breve entra no Brasil pela Argentina, com autores como Fiorini,
que vem trazer temas como a iniciativa pessoal do terapeuta, a individualização do
paciente, a focalização, a planificação, flexibilidade levando sempre a uma maior
objetivação. É importante ver que os temas aqui trazido, vem a fortalecer o que de fato é
a psicoterapia breve. O Braier (1986), com a Psicoterapia breve de orientação
psicanalista e o Moffart (1987), que tem base existencialista, e trabalha dentro do
contexto da teoria de crise.
Como já foi citado alguns autores brasileiros, me detive no primeiro trabalho
sobre a psicoterapia breve de abordagem Junguiana aqui no Brasil, feito por Liliane
Melo, ate por que é o foco do curso. Seu trabalho foi direcionado para o seu publico que
basicamente era institucional, dentro das diversas instituições que passou, percebendo a
necessidade de um atendimento mais dinâmico para melhor atender seus diversos
públicos. O processo utilizado estabelecido com tempo e objetivo delimitado, tendo a
atenção voltada para a situação de crise, ou seja, existe uma crise, que pode ser
evolutiva (como um processo normal, como a entrada na menopausa) ou acidental
(entendido como uma intercorrência na vida da pessoa). O fator que motiva a crise
(queixa ou sintoma), a hipótese diagnostica com o estudo do tipo psicológico e assim
estabelecer o foco terapêutico que está na função inferior. Por que o que está doendo
pode ate se revelar na função superior, mas se encontra na função inferior.
Então se entende que a psicoterapia breve deve ser, uma psicoterapia com
objetivos limitados, no menor tempo possível, deve se ater dentro da perspectiva do tipo
de crise a ser tratada, procurando não se estender há 26 sessões, tendo como exceção o
que o autor Otto Rank traz como um tratamento que leva 9 messes como meio de
facilitar um renascimento psicológico, e que requer um planejamento. Este tem que está
fundamentado por uma avaliação psicológica, delimitando uma focalização no processo
e os objetivos a serem atingidos.
Analisando dentro da perspectiva Junguiana a PB vai diferenciar por exemplo no
tempo e objetivo, por que na analise Junguiana não há uma preocupação em ter um
tempo delimitado, já dentro da PB o tempo deve respeitar o limite máximo de um ano.
E a intenção é oferecer condições para a pessoa ter melhorias na integração egoica,
respeitando aquilo que é mais fácil e como é mais fácil pra ela apresentar, mas tendo o
entendimento daquilo que é mais difícil também, esse entendimento é ter um olhar mais
compreensivo, ou seja, com a pessoa eu vou disponibilizar os recursos que sejam mais
fáceis para ela. O processo mais importante não é a hipótese diagnostica, mas o
encontro humano. A hipótese diagnostica é o estudo de tipos psicológicos, mas não
existe a obrigatoriedade de se utilizar o questionário – QUATI, pode ser utilizado
outros instrumentos como, a mandala de palavras, os desenhos, ou só a entrevista, a
ideia é ter uma avaliação diagnostica para saber o meu foco de trabalho, para dai eu
passar para o planejamento. Onde vou estabelecer os recursos que vou utilizar, o tempo
e os instrumentos para o processo da psicoterapia breve.
Elencando o que maias achei relevante na compreensão da Psicoterapia Breve de
abordagem Junguiana, foi o fato da necessidade de participação recíproca de terapeuta e
cliente numa relação de igualdade, em harmonia com o que Jung se referiu em seus
ensinamentos, a necessidade do face a face. Por que o analista se torna o curador ferido.
Sobre o procedimento, entender que a o paciente vem com uma crise que é um
desequilíbrio energético da psique, por isso a importância dos tipos psicológicos, porque
a energia que se encontra em contato direto com o inconsciente é a inferior. É na crise,
que a compensação psíquica ocorre de forma desordenada, como uma invasão do
inconsciente no consciente. A crise é o meio que o inconsciente encontra pra viabilizar a
pessoa o que precisa ser trabalhado. As crises elas decorrentes de processos evolutivos,
que acompanham o desenvolvimento da pessoa e os acidentais, ordenado por algo
inesperados. Estabelecendo a fase da crise, se mais aguda ou não, é que definimos se as
intervenções serão secundarias ou terciarias, seguindo a ordem a primeira para crises
menos severas e as terciarias para crises mais severas. É importante prestar atenção em
que momento evolutivo se encontra a pessoa, pois as condutas terapêuticas vão ser
diferentes.
As características do psicoterapeuta são essenciais, pois o ganho do cliente pode
não ser o esperado, e isso pode ser frustrante para ambas as partes. Estabelecer o rapport
vai colaborar para a construção de diagnostico mais assertivo. Esse processo requer a
observação direta, para nos proporcionar uma certa orientação e a observação indireta,
através de uso de testes. É importante salientar que em Psicoterapia Breve o diagnóstico
não tem o objetivo reducionista, para a classificação de uma patologia, mas para trazer
condições melhores para um planejamento eficaz. O foco deve ser em cima da queixa
principal, os tipos psicológicos como já dito podem ajudar a ver como a consciência
está lidando com os conteúdos do inconsciente. O Foco pode e deve ser mudado se
surgirem-no processo psicoterapêuticos pontos de urgências, como: acidentes de
percurso, informações novas ou separações. A importância de se estabelecer um foco
esta no fato da centralização do trabalho em função da queixa, pois dessa forma
atenderemos no tempo estabelecido aos critérios que foram delimitados.
O planejamento é onde vamos decidir quais recursos utilizaremos para atingir ao
objetivo. Ele está ligado diretamente a queixa, a avaliação, o foco e objetivo que se
pretende alcançar. Levando em consideração os conhecimentos técnicos e práticos do
psicoterapeuta e dessa forma estabelecermos os recursos que utilizaremos. Podem ser,
recursos verbais e não verbais como: a mandala de palavras, a sandyplay, os contos de
fadas e mitos, a imaginação ativa, a casa lúdica, o uso da argila, etc. deve ser escolhido
um ou dois em virtude do tempo que podem variar de 6 a 26 sessões, em virtude das
necessidades que serão trabalhadas
Parafraseando Jung, mobilizamos o curador interno do cliente quando somos
capazes de projetarmos a nossa própria ferida interna no mesmo...

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