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Metapsicologia Freudiana

A psicanálise é uma aventura intelectual dolorosa, longa, cara e sem


destino certo. Mesmo os que se consideram livres de seus sintomas não
sabem responder se são mais felizes. Não sei dizer qual será o futuro da
psicanálise como terapia, mas esse aspecto é o menos importante. A
psicanálise não é uma ideologia, e sim uma concepção de cunho filosófico
que jogou a última pá de cal sobre o antropocentrismo. Mostrou que não
somos nem mesmo o centro de nós mesmos, por estarmos sujeitos a
pulsões e a uma narrativa de nossa história individual criptografada no
inconsciente, essa maravilhosa descoberta. Freud, assim, jamais morrerá.
Foi - e é - um grande amigo da humanidade. (Jean-Bertrand Pontalis)

A metapsicologia freudiana traz os princípios, os modelos teóricos e os conceitos


fundamentais da clínica psicanalítica. É um método de abordagem de acordo com o
qual todo processo mental é considerado em relação com três
coordenadas: dinâmica, topográfica e econômica.

Estrutura e funcionamento do psiquismo

Pouco a pouco o psiquismo se organiza, se estrutura como um todo complexo,


com traços originais que não poderão variar depois. Bergeret (2006) fala que essa
organização e estruturação do psiquismo individual começará desde a tenra infância;
antes do nascimento em função da hereditariedade para certos fatores, mas sobretudo
do modo de relação com os pais, desde os primeiros momentos da vida, das
frustrações, dos traumas e dos conflitos encontrados, em função também das defesas
organizadas pelo ego para resistir às pressões internas e externas, das pulsões do id e
da realidade.
Em seus aportes teóricos Freud foi levado a elaborar um modelo de
funcionamento mental. Desde cedo ele forjou o termo metapsicologia mental para
designar os aspetos teóricos da Psicanálise. Essa metapsicologia busca dar conta dos
fatos psíquicos em seu conjunto, principalmente de sua vertente inconsciente. A
metapsicologia freudiana traz os princípios, os modelos teóricos e os conceitos
fundamentais da clínica psicanalítica.
A partir de Freud, podemos pensar num aparelho psíquico onde circula uma
energia que visa, de acordo com o Princípio do Prazer1, uma tendência que opera a
serviço de uma função que tem por missão libertar o aparelho mental das excitações e
1 Freud (2006d, p.20) apresenta o princípio do prazer como regulador dos eventos mentais que

movimentado por uma tensão desagradável buscando em si uma redução da tensão a partir de uma
evitação de desprazer ou produção de prazer. O princípio do prazer é próprio de um método primário
de funcionamento por parte do aparelho mental, mas é ineficaz do ponto de vista da autopreservação do
organismo. É substituído pelo princípio de realidade, entrando em constante conflito com o mesmo.
Freud (2006d, p.74) também salienta que a pulsão de morte parece ser servida pelo princípio do prazer,
que mantém guarda contra estímulos de fora que são vistos como perigosos por ambas as pulsões, mas
também esta é guarda contra a estimulação provida de dentro, que tornaria mais difícil a tarefa de
viver.
manter a quantidade de excitação constante ou mais baixa possível. Em contrapartida
há propriamente o aparelho psíquico que visa seu escoamento. Assim, introduzimos
também conceitos como libido 2 – uma energia vital - e pulsão 3 . Como um
instrumentalista, Freud isolava os dispositivos conceituais e os testava a fim de
investigar, no intuito de validar suas pesquisas, esgotando as possibilidades de
resultados para os quais estes conceitos poderiam conduzir.
Em 1915 fez uma tentativa para produzir uma ‘Metapsicologia. ‘Sobre o
Narcisismo’ (1914) ‘As Pulsões e suas Vicissitudes’ (1915), ‘Repressão’ (1915), ‘O
Inconsciente’ (1915), ‘Luto e Melancolia’ (1917) etc. vem fazer parte dessa tentativa.
Com isso queria construir um método de abordagem de acordo com o qual todo
processo mental é considerado em relação com três coordenadas, as quais descreveu
como dinâmica, topográfica e econômica, respectivamente.

Ponto de vista dinâmico

O ponto de vista dinâmico explica os fenômenos mentais como sendo o resultado


da interação e de contra-ação de forças mais ou menos antagônicas. A explicação
dinâmica examina não só os fenômenos, mais também as forças que produzem os
fenômenos. As pulsões 4 são um tipo especial de fenômeno mental que força no
sentido de descarga, experimentada como uma “energia urgente”. Zimerman (1999)
define pulsão como necessidades biológicas, com representações psicológicas que
urgem em ser descarregadas.
Segundo Freud (1915) as pulsões são o representante psíquico dos estímulos
somáticos. As pulsões tendem a baixar o nível de tensão através da descarga de forma
imediata, mas existem contra-forças que se oporão a essa descarga (satisfação da
pulsão). E a luta que se cria constitui a base dos fenômenos mentais.
Uma pulsão “não surge do mundo exterior, mas de dentro do próprio
organismo”, “jamais atua como uma força que imprime um impacto
momentâneo, mas sempre como um impacto constante (...) não há como
fugir dele. O melhor termo para caracterizar um estímulo [pulsional] seria
‘necessidade’. O que elimina uma necessidade é a ‘satisfação’”. (FREUD,
1915)

2 Utilizaremos aqui o conceito destacado por Freud no texto Psicologia de grupo e a análise do Ego:

“Libido é expressão extraída da teoria das emoções. Damos esse nome à energia, considerada como
uma magnitude quantitativa (embora na realidade não seja presentemente mensurável), daqueles
instintos que têm a ver com tudo o que pode ser abrangido sob a palavra ‘amor’.” (FREUD, 2006d, p.
101).
3 Trieb é o termo alemão utilizado por Freud para aquilo que chamamos de pulsão, ou impulso, ou até

mesmo instinto. Sua caracterização básica pode ser enunciada do seguinte modo: trata-se de um
impulso dinâmico (Drang) delimitado por fonte, finalidade e objeto. (PEREZ, 2012, p. 44)
Já em seu glossário, Safouan (2006, p.203) designa a pulsão como “uma compulsão ao
reencontro em que se resolve a relação com o objeto a. Longe de assimilar ao instinto e à repetição da
necessidade, a pulsão constitui o efeito mais virulento do significante no sujeito”.
4 Pulsões - É necessário distinguir pulsão (trieb) de instinto (instinkt), que designa explicitamente

padrões hereditários de comportamento animal, típicos de cada espécie. Na Tradução Brasileira das
Obras Completas de Freud pela editora Imago pulsão foi erroneamente traduzida como instinto.
Em Psicopatologia da Vida Cotidiana Freud (1914) diz que os lapsos de
língua, erros, atos sintomáticos, sonhos são os melhores exemplos de conflitos que se
produzem entre a luta pela descarga das forças que a isso se opõem. Em Conferências
Introdutórias Freud (1916) defende que o produto do lapso pode ele próprio ter o
direito de ser considerado como ato psíquico inteiramente válido, que persegue um
objetivo próprio. Para Freud os fenômenos lacunares – sonhos, atos falhos,
parapraxias, sintomas constituem um meio – êxito e um meio – fracasso para cada
uma das duas intenções.
Quando as tendências à descarga e as forças repressoras que inibem essa
descarga são igualmente fortes a energia consome-se em luta interna e oculta; o que
se manifesta clinicamente com sinais de exaustão sem produção de trabalho
perceptível. (Fenichel, 2005).

Ponto de vista econômico

O ponto de vista econômico considera a energia psíquica sob um


ângulo quantitativo. Esse ponto de vista econômico se esforça em estudar como
circula essa energia, como ela é investida e se reparte entre as diferentes instâncias, os
diferentes objetos ou as diferentes representações. (Boulanger, 2006)
A energia das forças pulsionais e das forças repressoras que estão por trás dos
fenômenos mentais é deslocável. Algumas pulsões são mais fortes e mais difíceis de
reprimir, mas podem sê-lo se as contra-forças forem igualmente poderosas. Que
quantidade de excitação pode ser suportada sem descarga é problema econômico.
A pulsão é um elemento quantitativo da economia psíquica. As pulsões são
constituídas pelas representações e pelos afetos que lhes estão ligados. o termo afeto
designa o aspecto qualitativo de uma carga emocional, mas também, o aspecto
quantitativo do investimento da representação dessa carga. Investimento é o nome
dado à ação de que uma certa quantidade de energia psíquica esteja ligada a uma
representação mental. Freud diz que investimento pode ser aumentado, diminuído,
deslocado, descarregado e que se estende sobre as representações, um pouco como
uma carga elétrica na superfície dos corpos.
Após este trabalho Freud postula uma transformação do estado do narcisismo5 do
ego em narcisismo de objeto, ou seja, a libido, até então voltada para o próprio ego6
(eu), se direciona para alguém ou algo externo, um objeto.

5 Como define Freud: Podemos identificar a expressão do amor a si mesmo, do narcisismo. Esse amor

a si mesmo trabalha para a preservação do indivíduo e comporta-se como se a ocorrência de qualquer


divergência de suas próprias linhas específicas de desenvolvimento envolvesse uma crítica delas e uma
exigência de sua alteração. (FREUD, 2006d, p. 113)
6 Tentaremos priorizar a utilização do termo EU (MOI) como vemos no glossário de Safouan (2006, p.

198). Esta é uma instancia à qual Freud primeiramente atribui o EU (ICH) a função de realidade. Ele a
reduz a uma estrutura passional com a introdução do narcisismo. Já em Lacan seria uma estrutura
imaginária, ligada em sua própria gênese a um conhecimento que de imediato cai ao lado ou que é
Sobre o narcisismo: uma introdução
(1914)

Caminho da formação dos relacionamentos humanos


Auto-erotismo: pulsões parciais; satisfação do órgão;
Narcisismo (primário): eu é colocado no lugar do objeto sexual; amor-próprio;
Escolha de objeto: complexo de Édipo; escolha anaclítica (de ligação) e escolha
narcisista (projeção).

. Narcisismo secundário: eu-ideal (ideia formada de um eu perfeito)

“Uma pessoa pode amar:


(1) Em conformidade com o tipo narcisista:
(a) o que ela própria é (isto é, ela mesma),
(b) o que ela própria foi,
(c) o que ela própria gostaria de ser,
(d) alguém que foi uma vez parte dela mesma.

(2) Em conformidade com o tipo anaclítico (de ligação):


(a) a mulher que o alimenta,
(b) o homem que a protege.”

Teoria Topográfica

A concepção tópica do aparelho psíquico ocorreu progressivamente e desde os


primeiros trabalhos de Freud sobre a histeria. O primeiro esquema topológico do
aparelho psíquico está descrito no capitulo VII da Interpretação dos Sonhos (1900) e
no ensaio sobre O Inconsciente (1915).
É no capítulo VII da Interpretação dos Sonhos que Freud formula o primeiro
grande modelo do aparelho psíquico (a primeira tópica). Nesse texto Freud teoriza
um psiquismo composto por dois grandes sistemas – inconsciente e pré-
consciente/consciente – que são separados por uma barreira (a censura) que através
do mecanismo de recalque expulsa e mantêm certas representações inaceitáveis fora
do sistema consciente. Mas essas representações exercem uma pressão para tornarem-
se conscientes e ativas. Ocorre um jogo de forças, entre os conteúdos reprimidos e os
mecanismos repressores. Como resultado desses conflitos há a produção das
chamadas formações do inconsciente: sintomas, sonhos, lapsos e chistes. Essas
formações representam o fracasso e o sucesso das duas forças em conflito, uma
espécie de acordo entre elas.

fundamentalmente desconhecimento, aquele que se opera no estádio do espelho. Apenas nas citações
de Freud (2006d), respeitaremos a tradução e manteremos o termo EGO.
A palavra “aparelho” é usada para caracterizar uma organização psíquica
dividida em sistemas, ou instâncias psíquicas, com funções especificas para cada uma
delas, que estão interligadas entre si. (Zimerman, 1999).

Consciente

Localizado entre o mundo exterior e os sistemas mnêmicos; é encarregado de


registrar as informações oriundas do exterior e perceber as sensações interiores
da série prazer – desprazer. (Boulanger, 2006).
Recebe informações provenientes do exterior e do interior que ficam registradas
qualitativamente (prazer x desprazer); mas não tem função de inscrição; não conserva
nenhum traço duradouro das excitações que registra; pois funciona em registros
qualitativos enquanto o resto do aparelho mental funciona em registros quantitativos.
Faz a maior parte das funções perceptivas, cognitivas e motoras, como a
percepção, o pensamento, juízo critico, evocação, antecipação, atividade motora.

Pré-Consciente

O conteúdo do pré-consciente não está presente na consciência, mas é acessível a


ela. Ele pertence ao sistema de traços mnêmicos e é feito de representações de
palavras.
Funciona como um pequeno arquivo de registros (representações de palavras)
que consiste num conjunto de inscrições mnêmicas de palavras oriundas e de como
foram significadas pela criança. (Zimerman, 1999).
A representação da palavra é diferente da representação da coisa, cujas inscrições
não podem ser nomeadas ou lembradas voluntariamente.

Inconsciente
“(...) retrataremos o aparelho psíquico como um instrumento composto a
cujos componentes daremos o nome de ‘instâncias’, ou ‘sistemas’. (...)
esses sistemas talvez mantenham entre si uma relação espacial constante,
do mesmo modo que os vários sistemas de lentes de um telescópio se
dispõem uns atrás dos outros. A rigor, não há necessidade da hipótese de
que os sistemas psíquicos realmente se disponham numa ordem especial.
Bastaria que uma ordem fixa fosse estabelecida pelo fato de, num
determinado processo psíquico, a excitação atravessar os sistemas numa
dada sequência temporal.” (Freud, A Interpretação dos Sonhos, 1900)

O inconsciente não é um estado, ele é uma instância.

Na Traumdeutung, ele apresenta a hipótese de que nossos pensamentos são


determinados por representações inconscientes investidas sobremaneira de libido, a
energia do aparelho psíquico. Essas representações-meta, como um guia, determinam
o que será ligado e construído na vida anímica do sujeito e, portanto, somos
determinados, no nível do pensamento, por essas representações inconscientes.
É a parte do psiquismo mais próxima da fonte pulsional. É constituído por
representantes ideativos das pulsões. Contém as representações das coisas, as quais
consistem em uma sucessão de inscrições de primitivas experiências e sensações
provindas dos órgãos dos sentidos o que ficaram impressas na mente antes do acesso
à linguagem para designá-las.
O inconsciente opera segundo as leis do processo primário e além das pulsões do
id, esse sistema também opera muitas funções do ego, bem como do superego.

Segunda tópica

As primeiras linhas dessa conceituação aparecem em Além do Princípio do


Prazer (1920) e será desenvolvida em o Ego e o Id (1923). Introduz a existência de
três instâncias: o Id, o Ego e o Superego. Essas três estruturas separadamente têm
funções especificas, mas que são indissociadas ente si, interagem permanentemente e
influenciam-se reciprocamente.

Isso-Id

O id tem um correspondente quase exato na primeira tópica: o inconsciente. É


o pólo pulsional. Na segunda tópica pulsão de vida e pulsão de morte pertencem a ele.
No id não há lugar para a negação, nem o princípio da não-contradição, ignora os
juízos de valor, o bem, o mal, a moral.
Em Esboço de Psicanálise Freud (1930) diz que na origem tudo era id; o ego se
desenvolveu a partir do id, sob a influência persistente do mundo externo.
Sob o ponto de vista econômico, o id é a um só tempo um reservatório e uma
fonte de energia psíquica. Do ponto de vista funcional ele é regido pelo princípio do
prazer; logo, pelo processo primário. Do ponto de vista da dinâmica psíquica, ele
abriga e interage com as funções do ego e com os objetos, tanto os da realidade
exterior, como aqueles que, introjetados, estão habitando o superego, com os quais
quase sempre entra em conflito, porém, não raramente, o id estabelece alguma forma
de aliança. (Zimerman, 1999).

Eu-Ego

O ego é o pólo defensivo do psiquismo. É um mediador. Por um lado pode ser


considerado como uma diferenciação progressiva do id, que leva a um continuo
aumento do controle sobre o resto do aparelho psíquico. Por outro ponto de vista, o
ego se forma na sequência de identificações a objetos externos, que são incorporados
ao ego. De qualquer forma, o ego não é uma instância que passa a existir
repentinamente, é uma construção.
O ego não é equivalente ao consciente, não se superpõe ao consciente, nem se
confunde com ele. O ego tem raízes no inconsciente, como é o caso dos mecanismos
de defesa, que são funções do ego, assim como o desenvolvimento da angústia.
A função do ego é mediadora, integradora e harmonizadora entre as pulsões do
id, as exigências e ameaças do superego e as demandas da realidade exterior.
Ao contrário do id, que é fragmentado em tendências independentes entre si, o
Ego surge como uma unidade, e com instância psíquica que assegura a identidade da
pessoa. (Boulanger, 2006). Também tem a função de consciência assegura a auto
conservação.

Supereu-Superego

É o herdeiro do Complexo de Édipo. É estruturado por processos de


identificação. A identificação com o superego dos pais. Assume três funções: auto
conservação; consciência moral; função de ideal – ideal de ego.
O superego é constituído pelo precipitado de introjeções e identificações que a
criança faz com aspectos parciais dos pais, com as proibições, exigências, ameaças,
mandamentos, padrões de conduta e o tipo de relacionamento desses pais entre si.
Zimerman, 1999).

Desejo
“Em Sigmund Freud, essa ideia é empregada no contexto de uma teoria do
inconsciente para designar, ao mesmo tempo, a propensão e a realização da
propensão. Nesse sentido, o desejo é a realização de um anseio ou voto (Wunsch)
inconsciente”. (ROUDINESCO & PLON, Dicionário de Psicanálise)

A teoria das identificações


A identificação em Freud (2006d, p.81) por estar ligada ao social, se dá em
relação e em posição a um outro como um modelo, um objeto, um auxiliar ou um
oponente.

A identificação constitui a forma original de laço emocional com um


objeto. O segundo, de maneira regressiva, ela se torna sucedâneo para uma
vinculação de objeto libidinal, por assim dizer, por meio de introjeção do
objeto no ego. Em terceiro, pode surgir com qualquer nova percepção de
uma qualidade comum partilhada com alguma outra pessoa que não é
objeto de um instinto – pulsão - sexual. Quanto mais importante esta
qualidade comum é, mais bem-sucedida pode tornar-se essa identificação
parcial, podendo representar assim o inicio de um novo laço. Ou seja, o
laço mútuo existente entre os membros é da natureza de uma identificação
desse tipo, baseada em uma importante qualidade emocional comum.
(FREUD, 2006d, p.117)

A relação de identificação é o que torna possível uma vida em comum,


relações amorosas e projetos políticos onde coloca-se um outro no lugar do ideal do
Eu.
Idealização:
O conceito básico de acordo com Freud, é “A tendência que falsifica o
julgamento nesse respeito é a da idealização. Agora, porém, é mais fácil encontrarmos
nosso rumo. Vemos que o objeto está sendo tratado da mesma maneira que nosso
próprio ego, de modo que, quando estamos amando, uma quantidade considerável de
libido narcisista transborda para o objeto. Em muitas formas de escolha amorosa, é
fato evidente que o objeto serve de sucedâneo para algum inatingido ideal do ego de
nós mesmos. Nós o amamos por causa das perfeições que nos esforçamos por
conseguir para nosso próprio ego e que agora gostaríamos de adquirir, dessa maneira
indireta, como meio de satisfazer nosso narcisismo.” (FREUD, 2006d, p. 122)7
Sobre as palavras:
Freud: “o primeiro homem a desfechar contra seu inimigo um insulto, em vez
de uma lança, foi o fundador da civilização” (FREUD, 1996h, p. 45). As palavras,
portanto, substituem a necessidade de ação; e exatamente por isso podemos retomar a
máxima ‘a palavra mata a coisa’. Mas é preciso escolher pela palavra.
A pulsão só se pacifica pela palavra. Onde cai a palavra, prevalece a
hostilidade em ato. Falo para não ir ao ato.

7
FREUD, S. (1921). Além do Princípio de Prazer, Psicologia de Grupo e a Análise do Ego e Outros
Trabalhos. In: Obras psicológicas completas de Sigmund Freud. Edição standard brasileira. Rio de
Janeiro: Imago. 2006d.
" O neurótico é um doente que se trata com a palavra, e acima de tudo,
com a dele. Ele deve falar, contar, explicar-se a si próprio. Freud define a
psicanálise como a assunção da parte do sujeito de sua própria história, na
medida em que ela é constituída pela palavra endereçada a um outro. A
psicanálise é a rainha da palavra, não há outro remédio. " (Lacan, em
entrevista para revista Panorama - Itália, em 1974)

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