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International Biocentric Foundation

Escola de Biodanza Sistema Rolando


Toro Rio-Barra

GRUPO - UMA MATRIZ DE RENASCIMENTO

Monografia apresentada à Escola de


Biodanza Rio-Barra,como requisito parcial
para a obtenção do título de Facilitador de
Biodanza.

Orientadora:
Erika Mendel Ferreira
Facilitadora Didata pela IBF
Registro IBF . RIOB 1201

06 de Fevereiro de 2015
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Obra Síntese apresentada à Escola de Biodanza Rio-Barra e aprovada pela
comissão julgadora formada pelos didatas:

_____________________________________________
Orientadora e Supervisora: Erika Mendel Ferreira
Facilitadora Didata de Biodanza pela International Biocentric Foudantion
Registro IBF . RIOB 1201

_____________________________________________
Anna Cristina Peralva
Facilitadora Didata de Biodanza pela International Biocentric Foudantion
Reg. RJ nº 0570

Visto e permitido a impressão

Rio de Janeiro, 07 de Fevereiro de 2015.

__________________________________________
Eliana Almeida
Diretora Escola de Biodanza Sistema Rolando Toro Rio-Barra International
Biocentric Foudantion
Reg. RJ, nº 9717

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AGRADECIMENTOS E DEDICATÓRIAS

À minha filha, que está sempre do meu lado em tudo que faço e a quem dedico todo
o meu amor.

À minha irmã Lucia que me apresentou a Biodanza

A toda minha família e amigos com quem eu posso contar sempre.

A Eliana, como minha facilitadora e diretora da Escola, que me incentivou e me deu


a direção desse caminho.

A todos os amigos do curso de formação de Biodanza pelos lindos momentos de


convivência e pelos incentivos que me deram.

A Anna Cristina pela orientação antes de formar grupo

Aos meus alunos por confiarem em mim e no poder da Biodanza

À Érika, que como supervisora dedicada, para mim foi uma luz para a realização
desta (projeto) monografia.

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RESUMO

O objetivo desse trabalho é mostrar a importância do grupo no sistema


Biodanza. O sistema Biodanza funciona somente em grupo através de sua
metodologia cuja base é a vivência. A evolução do ser humano só é possível em
presença do semelhante. Resgatar o instinto gregário e o prazer de estar com o
outro é de grande importância para o fortalecimento da identidade, para criar
vínculos afetivos, para mudar o estilo de vida e para sentir alegria de viver.

Palavras chave: Biodanza, Grupo,Instinto gregário, vínculo afetivo,ação social.

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INTRODUÇÃO

Este trabalho está dividido em quatro capítulos:

No primeiro capítulo apresento os conceitos fundamentais de Biodanza, sua


definição, seu modelo teórico, que explicam este poderoso sistema que é capaz de
transformação do ser humano e através de cada aula se experimenta o caminho da
integração. Apresento também de forma resumida a história do seu criador Rolando
Toro.

No segundo capítulo apresento alguns conceitos sobre o fenômeno grupo,


que foi objeto de estudo realizado por vários teóricos em épocas e contextos
diferentes. O estudo e definição sobre grupo sempre instigou curiosidade dos
pesquisadores visto que é a melhor forma de estudar o comportamento humano e
sua relação com o outro. Também apresento conceitos sobre instinto gregário,
empatia e sincronicidade que são elementos importantes para que os seres estejam
interligados e se agrupem.

No terceiro capítulo apresento o que é um grupo em Biodanza, sua


importância, como funciona, sua dinâmica ,o processo de integração, seu princípio e
suas funções.

No quarto capítulo apresento a ação social em Biodanza, a minha experiência


na formação de um grupo num trabalho voluntário numa ONG, o caminho que
percorri até formar um grupo considerado uma matriz de renascimento. Apresento
também os resultados obtidos com a prática de Biodanza com essas pessoas.

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INDICE

CAPITULO I – BIODANZA
1.1. Conceitos fundamentais de Biodanza ......................................... 08
1.1.1. Criador da Biodanza: Rolando Toro Araneda .............................. 08
1.1.2. Conceito de Biodanza .................................................................. 10
1.1.3. Ação da Biodanza no Organismo ................................................. 11
1.1.4. Modelo teórico ............................................................................. 13

CAPITULO II - GRUPO
2.1. Conceitos fundamentais de Grupo ............................................... 17
2.1.2. Abordagens sobre grupo segundo diferentes
áreas do conhecimento e autores ............................................. 18
2.2. Instinto Gregário ...................................................................... 25
2.2.1. Definição de instinto ................................................................. 25
2.2.2. Instinto gregário ....................................................................... 25
2.2.3. Sincronicidade .......................................................................... 28
2.2.4. Empatia .................................................................................... 29

CAPITULO III - O Grupo em Biodanza


3.1. Importância do Grupo em Biodanza ................................................ 31
3.2. Integração do Grupo em Biodanza ............................................. 32
3.3. Dinâmica do Grupo de Biodanza .................................................. 33
3.4. Grupo Semanal ........................................................................... 33
3.5. Participação do Facilitador no Grupo ............................................. 34
3.6. O Grupo e o Modelo Teórico ......................................................... 35
3.7. Grupo e o Princípio Biocêntrico .................................................... 35
3.8. Funções do grupo ......................................................................... 36

CAPITULO IV – O GRUPO DE PRÁTICA


2.1. Sobre Biodanza e ação social ....................................................... 39
2.2. Introdução sobre o grupo de Prática
Opção pelo grupo Social Voluntário ............................................... 41

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2.3. Sobre a ONG Casa da Arte do Terreirão – CAT ...................... ........ 42
2.4. Processo de Formação do Grupo e Aulas Regulares ..................... 44
2.4.1. Alguns pontos Significativos que Emergiram
durante o processo .................................................................... 56
2.5. Verificação Final ................................................................................ 59
Conclusão ........................................................................................... 61
Referências Bibliográficas .................................................................... 62

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CAPITULO I – BIODANZA

1.2. Conceitos fundamentais de Biodanza

1.2.1. Criador da Biodanza: Rolando Toro Araneda,

Rolando Toro, psicólogo, antropólogo, poeta e pintor, nasceu em Concepción,


Chile, em 1924. Ele vem de uma família de professores: o avô, mãe e sete tias.
Formou-se como professor de ensino básico na Escola normal do Chile em 1943 e
lecionou como professor primário durante 16 anos.

Foi professor de psicologia da criatividade, de arte e expressão no Instituto de


Estética da Pontifícia Universidade Católica do Chile em 1964.

Foi em 1965, enquanto trabalhava como membro docente do Centro de


estudos de antropologia médica da Escola de Medicina da Universidade de Santiago
do Chile, que iniciou os primeiros trabalhos de dança com pacientes do Hospital
psiquiátrico da referida universidade. Sua preocupação era experimentar técnicas
que pudessem “humanizar a medicina”

Nas primeiras experiências com danças, descobriu que alguns tipos de


música tinham o efeito de facilitar o estado de transe e outras músicas aumentavam
o sentimento de identidade e a consciência corporal. Esse foi o ponto de partida
para criar o modelo teórico e o sistema Biodanza.

Em 1970, aplica o sistema, que neste momento tinha o nome de psicodanza,


em pacientes em luta contra o câncer e é nomeado professor emérito da
Universidade Aberta Interamericana de Buenos Aires.

Em 1979 muda para o Brasil onde troca o nome Psicodanza por Biodanza, “A
Dança da Vida”. Aí instalou o primeiro instituto de Biodanza, ganhando
posteriormente a expansão do sistema por toda América Latina. Ao mesmo tempo

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trabalha com enfermos mentais no hospital Jequiri, São Paulo e com mulheres
mascterizadas do instituto do Rádio.

Em 1989 emigra por oito anos à Milão, Itália, onde trabalha com enfermos de
Parkinson e de Alzheimer. Cria diversas escolas em toda Itália e na Europa.

Em 1998 regressa a Santiago do Chile onde dirige todo o movimento de


Biodanza constituído por centros e escolas de formação deste sistema distribuídas
na Europa, América Latina, Estados Unidos, Sul da África, Japão e Nova Zelândia.
Nestes países, Biodanza se expandiu, aplicando-se também a Educação
Biocêntrica, formulada por ele em 1970.

No ano de 2001 é nomeado como postulante do prêmio Nobel da paz por


seus trabalhos em Biodanza e Educação Biocêntrica na Casa de América em Madri,
Espanha. No ano de 2006 é nomeado Doutor Honorário da Causa na Universidade
Federal da Paraíba. Em 2008 é também nomeado professor emérito pela
Universidade Metropolitana do Peru.

Escreveu os livros “La Noche” (1952), “Projeto Minotauro” (1988), “Extasis do


Renascido- Poemas” (1992), “Tras los passos de Afrodita- Poemas” (1995), “Lo
impossible puede suceder- Poemas” (1995), “Auf Den Spuren Von Afrodite” (1997),
“L’Alfabeto della vitta- Poemas em conjunto com Nicola Franceschiello” (1997),
“Biodanza”, Italia (2000) e “Biodanza”, Brasil (2002), e “Biodanza”, Chile (2007)
“Balada Del Angele Caido” (2005).

Em 16 de fevereiro de 2010, Rolando Toro faleceu aos 85 anos em Santiago


do Chile. Deixou um legado através de sua poesia e da Biodanza, de uma riqueza
imensa para a humanidade, pois o sistema Biodanza é capaz de resgatar o que se
perdeu em nossa cultura: o sentimento da sacralidade da vida e o prazer de viver.

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1.2.2. Conceito de Biodanza

“Biodanza é um sistema de integração afetiva, renovação orgânica e


reaprendizagem das funções originais da vida baseadas em vivências
induzidas pela música, dança e situações de encontro em grupo.”
(RolandoToro)

a) Integração afetiva: É o restabelecimento da unidade entre o homem e a natureza.


As vivências induzem a uma integração afetiva e ativam o sistema límbico
hipotalâmico que influi nos instintos, vivências e emoções.

b) Renovação orgânica: É a organização biológica do ser. É a regulação das células


pela função de autorregulação. As vivências integradoras acessam o inconsciente
celular de modo que acontece uma reparentalização das células e uma regulação de
todas as funções biológicas, promovendo uma organização, uma harmonização de
todo o ser.

c) Reaprendizagem das funções originais da vida: É aprender a viver de acordo com


nossos impulsos primordiais. É aprender a viver de acordo com a nossa natureza
biológica pois assim estaremos conservando a vida e permitindo sua evolução.

d) Vivência: é a base da metodologia da Biodanza. É uma sensação intensa de viver


o aqui- agora, que envolve a cinestesia, as funções viscerais e emocionais. Os
exercícios em Biodanza estão direcionados a induzir vivências cujos efeitos
correspondem aos objetivos metodológicos para o processo de integração do ser.

e) Música: a música tem o poder de deflagrar emoções e por isso ela pode evocar
vivências. As músicas em Biodanza passaram por um estudo de seus conteúdos
emocionais e são utilizadas de acordo com os efeitos orgânicos e o tipo de vivência
que provocam. As músicas de ritmo alegre e eufórico e as danças com elas
realizadas tem uma ação que estimula o sistema nervoso autônomo simpático ou
seja efeitos de ativação. E as músicas lentas, suaves e danças com movimentos
lentos estimulam o sistema nervoso autônomo parassimpático, ativando os estados
de transe e regressão ou seja efeito de relaxar. Portanto os exercícios e músicas,

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sendo aplicados adequadamente possuem o efeito harmonizador, regulador do
equilíbrio neurovegetativo.

Em 2009, Rolando toro formula uma nova definição para a Biodanza de


forma a abarcar ainda mais os conceitos biológicos e fisiológicos do sistema:

“Biodanza é um sistema de aceleração de processos integrativos à


nível celular, metabólico, neuroendócrino, imunológico e existencial,
mediante a ambiente enriquecido com músicas específicas,
movimentos integradores e carícias que deflagram vivências.”
(Rolando Toro, 2009)

1.2.3. Ação da Biodanza no Organismo

O sistema nervoso autônomo (SNA) é a parte do sistema nervoso que


comanda as diversas funções involuntárias que servem à conservação da vida tais
como atividades do coração, dos pulmões, aparelho digestivo, dos órgãos sexuais,
etc. Ele regula cada uma dessas funções entre si, mantendo o equilíbrio entre elas e
a atividade psíquica. Quando ocorre o desequilíbrio, aparecem os distúrbios
psicossomáticos. É constituído por dois subsistemas: o simpático e o
parassimpático.

O Sistema Nervoso Simpático está relacionado ao estado de vigília e aos


mecanismos de luta e fuga. Através da noradrenalina age estimulando o
metabolismo, aumentando a circulação, o ritmo cardíaco e a pressão arterial,
promove a broncodilatação para permitir maior ventilação pulmonar e maior fluxo de
sangue aos músculos, predispondo o organismo a situações de defesa.

Já o Sistema Nervoso Parassimpático, com a produção de acetilcolina, está


relacionado aos mecanismos de repouso, estados de relaxamento, renovação
orgânica, onde acontece a diminuição da pressão arterial e do ritmo cardíaco,
aumento das secreções glandulares, etc.

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Quando um desses sistemas está em funcionamento, o outro está em
repouso, e por isso podemos estimulá-los separadamente com exercícios de
Biodanza. Se ativa o Sistema Nervoso Simpático com músicas alegres, eufóricas,
potentes, buscando a alegria, o prazer, a vitalidade, etc. Se ativa o Sistema Nervoso
Parassimpático, com músicas lentas e suaves, desaceleradas, buscando o estado
de relaxamento predispondo ao sono e ao repouso.

O estilo de vida em que vivemos, condicionado pela nossa cultura, estimula


predominantemente a atividade simpática, induzindo a um desequilíbrio
neurovegetativo. A Biodanza, por sua vez, com sua atuação do Sistema Nervoso,
promove este equilíbrio pois existe uma íntima relação entre a psique, sistema
nervoso, glândulas endócrinas e sistema imunológico.

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1.1.4. Modelo teórico

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O modelo teórico de Biodanza consta de dois eixos virtuais colocados dentro
de uma espiral. O eixo vertical é estável e que ascende desde o potencial genético
(desenvolvimento ontogênico) e o eixo horizontal que é pulsante (consciência da
identidade-regressão)

O potencial se expressa através de cinco linhas de potencial genético por


meio das vivências. As vivências são induzidas pela música, dança e situações de
encontro estimulam o sistema integrador-adaptativo-límbico-hipotalâmico (SIALH). O
modelo teórico é pulsante. Em torno das linhas de vivência, que se entrelaçam em
forma de espiral ascendente, encontra-se um eixo horizontal virtual que oscila entre
os dois polos em forma pulsante. Os potenciais genéticos se expressam dentro
desse campo pulsante.

Alguns componentes do modelo teórico:

a) Filogênese: É o desenvolvimento evolutivo da espécie desde o seu


aparecimento.

b) Potencial genético: É o conjunto de características únicas que cada indivíduo


possui e, que estão contidas em cada uma das células, que se expressam ao
longo da vida. Algumas características dependem de uma ação conjunta dos
genes para serem expressadas. Outras existem, mas não são expressadas. A
Biodanza, através do seu mecanismo de ação possibilita a expressão desses
potenciais genéticos, funcionando como um gerador de ecofatores positivos
através de vivências específicas em ambiente nutritivo.

c) Protovivências: São as sensações que o bebê experimenta durante os seis


primeiros meses de vida, e que determinarão o desenvolvimento das cinco
linhas de vivência durante a sua vida (ontogênese).

d) Linhas de vivências: São as cinco modalidades de expressões genéticas que


se desenvolvem em espiral em torno do eixo vertical do modelo teórico.

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São as seguintes:

Vitalidade: Caracteriza-se pelo bom nível de saúde forte motivação para viver,
homeostase , harmonia biológica.

Sexualidade: É a capacidade de sentir desejo e prazer na vida.

Criatividade: É a capacidade de renovação e criação no sentido de recriar a


própria vida.

Afetividade: É a capacidade de amor por todos os seres, sentimento de


empatia, solidariedade, altruísmo, amizade.

Transcendência: É a capacidade de superar a força do ego e ir além da


autopercepção para identificar-se com a totalidade.

e) Ecofatores: São fatores ambientais, que podem ser positivos ou negativos


que respectivamente estimulam ou inibem, a expressão dos potenciais
genéticos. Uma sessão de Biodanza constitui um campo de ecofatores
positivos para expressão dos potenciais genéticos.

f) Integração: A integração é um processo de crescimento em que os


potenciais genéticos altamente diferenciados se organizam em sistemas cada
vez mais amplos no nível orgânico e emocional em uma forma de
sintonização cada vez mais perfeita com a unidade cosmo biológica.

As linhas de vivência,se interagem num processo dinâmico e criativo, se


desenvolvem, resultando a integração do ser, um processo que ocorre durante toda
a sua vida.
g) Transtase: Ascensão a um novo nível de integração na escala evolutiva.

h) Regressão: A medida que diminui a vigilância e perde a noção do próprio


limite corporal entramos num estado que se manifesta pela diminuição da

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atividade voluntária e cortical. Em Biodanza, é uma regressão biológica onde
são reativados os modelos fisiológicos primordiais. A regressão é saudável,
integradora e harmonizadora.

i) Identidade: A identidade de cada um de nós é única e diversa, porém em


estado de regressão, a consciência de nossa identidade diminui e se dissolve
na totalidade. Na experiência de retorno há uma expansão da consciência e
um sentimento de plenitude e conexão com a própria identidade.

j) Transe: O transe é o veículo que leva o indivíduo, da consciência de si, para a


regressão.

IDENTIDADE -------------transe-------------------REGRESSÃO

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CAPITULO II - GRUPO

2.2. Conceitos fundamentais de Grupo

O termo grupo é de origem alemã e significa cacho, molho, pilha...palavras


que sugerem um conjunto de coisas ou pessoas. Contudo o grupo é algo muito mais
complexo do que um simples agrupamento de pessoas.

Podemos dizer que a vida em sociedade faz parte da natureza humana e que
o grupo tem papel importante na vida das pessoas e que só podemos compreender
o comportamento humano através das relações. As pessoas vivem em grupo,
trabalham em grupo e se divertem em grupo.

Desde há muito tempo os processos de grupo levantam a curiosidade dos


investigadores e existem controvérsias sobre sua definição. Na verdade quando se
define um grupo é que se decide as características que se considera realmente
imprescindível a sua existência.

Em Sociologia a palavra grupo se aplica indiscriminadamente a conjuntos


diferentes de pessoas cujas relações se fundem numa série de papéis interligados, e
que interagem de modo mais ou menos padronizado e formam os mais diversos
grupos sociais. Ex: igreja, grupo de professores, sócios do clube, alunos da escola.

A sociologia, na sua análise, classifica os grupos sociais em grupo primário e


grupo secundário.

Grupo primário: É aquele cujos componentes, em número relativamente


pequeno, estão associados de maneira íntima. Os contatos são predominantemente
pessoais, visando convivência estrita e integral de seus membros. O principal grupo
primário é a família, e inclui também os amigos e em alguns casos, vizinhança e em
certas circunstâncias, uma sociedade inteira necessariamente pequena.

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Grupo secundário: É o grupo cujos membros, geralmente em número
elevado, estão associados em virtude de interesses comuns ou para atingir metas
pré-estabelecidas. Nesse grupo a comunicação é mais formal e mais impessoal do
que nos grupos primários. O grupo secundário é um macro grupo onde predominam
as formas de controle social indireto, chefiado por pessoas ou instituições
especializadas. Entre os grupos secundários estão grupo de empresa, sindicatos,
associações, os partidos políticos, grupos étnicos.

Os grupos ainda podem ser:

Grupos formais: Grupo que possuem metas estabelecidas: escola, grupo de


trabalho, departamento, equipes de projeto, etc..

Grupos informais: Surgem com o passar do tempo através da interação dos


membros da organização. As metas são implícitas frequentemente recreativas e
interpessoais: pessoas de departamentos diferentes que saem para almoçar juntas.

Grupos temporários: Formados com um tarefa específica ou problema


específico em mente e cuja dispersão é algo esperado assim que conclua a tarefa:
grupo que se reúne para combater a dengue.

Grupos permanentes: são aqueles de quem se espera continuidade ao longo


de diversas tarefas. Ex: família, amigos de infância.

Grupos homogêneos e heterogêneos dependem das características pelos


quais são classificados. Por exemplo, um grupo pode ser homogêneo quanto a
determinada característica e ao mesmo tempo heterogêneo sob outros aspectos.

2.1.2 Abordagens sobre grupo segundo diferentes áreas do conhecimento e


autores:

Alguns filósofos e sociólogos que contribuíram com suas idéias e estudos


sobre grupo:

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a) Charles Fourier (1772-1837), um socialista utópico que considerava o
homem, em essência, como um ser grupal e que idealizou uma comunidade social
utópica onde, com o objetivo de aumentar a produtividade dos grupos e os tornar
menos conflituosos, cada indivíduo trabalharia segundo os seus gostos, agrupando-
se segundo as suas preferências.

b) Auguste Conte (1798-1875), contemporâneo de Fourier, trouxe para a


discussão a ideia de que a dimensão moral do homem está relacionada com os
sentimentos e emoções que derivam da sua interação social, sublinhando que a
unidade social verdadeira, é a família, enquanto grupo social, à volta da qual se
estrutura toda a organização social.

c) G. Tarde (1843-1904), que explicou os fenômenos sociais a partir da interação


interpessoal, baseando-se no processo da imitação. Para Tarde, todos os fenômenos
sociais são redutíveis à relação entre duas pessoas, em que uma delas exerce influência
mental sobre a outra.

d) Emile Durkheim (1858-1917): O primeiro a falar em consciência coletiva


(pensamento grupal), um produto do desenvolvimento do homem dentro dos grupos
que refere que o fenômeno grupal é o elemento chave na explicação dos fenômenos
sociais. Define o grupo de forma holística e dialética, encarando-o como mais do que
o mero resultado da soma das partes constituintes.

e) Charles Cooley (1869-1929): Dentro da estrutura social, classificou os


grupos em primários e secundários, sendo os primeiros, grupos pequenos
caracterizados pela existência de contatos cara a cara e, os segundos, grupos
sociais mais amplos.

f) Martin Bulber (1878-1965): Deu ênfase a ideia de que não há existência


sem comunicação e diálogo e que os objetos não existem sem que haja interação
com eles. O homem nasce com capacidade de inter-relacionamento com seu
semelhante, ou seja, a intersubjetividade é a relação entre sujeito e sujeito e/ou
sujeito e objeto: Eu-Tu (relação), Eu-Isso (experiência). A inter-relação segundo ele
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envolve, diálogo, encontro e responsabilidade. A relação Eu-Tu acontece entre duas
pessoas, entre dois sujeitos. A alteridade se instala somente na relação Eu-Tu.

g) George Homans (1919-1989) Um grupo significa um número de pessoas


que frequentemente comunicam entre si por um período de tempo e, que são
suficientemente poucos, de forma a que cada um é capaz de comunicar com todos,
não indiretamente, através das pessoas, face a face.

Ao longo de mais de um século de investigação sobre grupos produz-se uma


grande diversidade de teorias sobre Psicologia de Grupo. Essas investigações que
foram feitas em momentos e contextos diferentes resultam em muitos trabalhos:

No começo da século passado Joseph Pratt, um médico generalista de


Boston, foi considerado o precursor da Psicoterapia de Grupo. Ele era responsável
pelo tratamento de um grande número de pacientes tuberculosos. Então por motivos
econômicos e de ordem prática passou atendê-los em grupos de 20 ou 30, duas
vezes por semana, em que fazia palestra, discutiam sobre questões de saúde e
respectivas condições de vida. Observou que a troca de informações entre os
pacientes promovia sensíveis melhoras no quadro clínico e situação da vida de cada
um, demonstrando que o tratamento grupal era extremamente proveitoso.

Psicólogos e médicos que contribuíram com seus estudos e pesquisas sobre


psicologia dos grupos:

1) Gustave Le Bon (1841-1931): Interessou pelo que intitulou de “alma das


massas”. Os indivíduos num grupo, independente de quem sejam, colocam-se
numa espécie de “mente coletiva” que os faz agir, pensar e sentir de uma maneira
muito diferente daquela que cada um faz quando em estado de isolamento. Cada
“célula” (indivíduo) tem um comportamento no grupo diferente daquela quando
isolada das demais (dos outros indivíduos). Le Bon acreditava que surgem nos
indivíduos, numa situação grupal, Três fatores diferentes: a) Sentimento de poder
invencível: o inconsciente se manifesta e o domínio do consciente desaparece; b)

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Contágio do comportamento: interesse coletivo sobrepõe ao pessoal. c)
Sugestionabilidade: Indivíduo está submetido ao operador do grupo.
Le Bon refere-se aos elementos heterogêneos do grupo. Pessoas com hipóteses de
vida diferente reúnem-se entre si, provisoriamente, porque possuem algum objetivo
em comum. Por isso devem estar ligadas por um elo. A necessidade de haver um
líder no grupo já era discutido por ele.

2) Sgmund Freud (1856-1939), Aplicou as suas ideias ao grupo, destacando o


papel do líder nos processos identificativos que operam mediante uma introspecção
real ou imaginária. Para Freud, a formação do grupo baseia-se nos laços afetivos e
libidinosos que surgem entre os seus membros, não deixando o indivíduo de
pertencer passivamente ao grupo, apesar deste quadro de forças irracionais, uma
vez que estabelece vínculos grupais, em muitas direções, esses vínculos ajudam a
equilibrar a sua personalidade. Para ele, o ser humano é algo mais do que um ser
que deve apenas ser tomado na sua individualidade, ou seja , ele é um ser que está
em constante relação com os outros.

Freud destaca que as grandes decisões de pensamento, das soluções, dos


problemas e dos momentos de descobertas, somente são possíveis aos indivíduos
em trabalhos isolados, apesar dos grupos se destacarem em atividades como
linguagens, canções e similares.

3) William McDougall (1871-1938): Na linha de Le Bon, e expandindo o seu


trabalho, desenvolveu considerações importantes em torno do comportamento
grupal organizado. Tal como Le Bon, acreditava que os grupos desorganizados
eram emocionais impulsivos e violentos, defendeu que a massa desagrega o sujeito,
visto que este pensa e sente num plano inferior à média dos seus membros.
Paradoxalmente, defende que o homem só pode rentabilizar as suas
potencialidades através da sua participação na vida do grupo e em sociedade.

4) Kurt Lewin (1890-1947) Um grupo não se define pela simples proximidade


ou soma dos seus membros mas como um conjunto de pessoas interdependentes.
É neste sentido que o grupo constitui um organismo e não uma coleção de

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indivíduos. A interdependência transforma o grupo num todo dinâmico, o que
significa que uma mudança em qualquer das subpartes, modifica o estado de todas
as outras. Afirmou que, quando os indivíduos se juntam num grupo, algo de novo se
cria e este novo produto, deve ser, em si mesmo, alvo de estudo. Para uma
mudança de comportamento acontecer, deve-se levar em consideração todos os
detalhes, tanto do indivíduo quanto do ambiente. Conforme a mudança ocorre, as
qualidades e os valores centrais de um sistema vão se revelando. Portanto, o
próprio processo de mudança fornece informações importantes sobre o sistema.
Só compreendemos um sistema quando tentamos transformá-lo.

5) Wilfred Bion (1897-1979): Assim como Freud sempre demonstrou uma


visão unificadora das psicologias individual e grupal. Constata em primeiro lugar a
existência de afetos inconscientes compartilhados por todos os participantes do
grupo. Ele distingue nos grupos três hipóteses de base:
a) Dependência: necessidade de ser protegido e de proteger. Dependência
de um líder.
b) Luta/Fuga: Desejo de agredir ou ser agredido por um lado ou pela fuga de
outro lado.
c) Hipótese de pares: Junção de pares ou subgrupos- atmosfera otimista,
esperança messiânica.
O grupo evolui nestas suposições básicas para poder constituir-se um grupo
cooperativo e maduro.

6) Carl Rogers (1902-1987): Fundador da abordagem psicoterapêutica


conhecida como “Terapia Centrada na Pessoa” foi um grande estudioso dos
fenômenos de grupo. Ele compreendeu profundamente que o grupo, em si, é um
organismo, um sistema autorregulador, onde cada indivíduo é parte fundamental
constituinte do todo, ao mesmo tempo em que é também um todo em si. Da mesma
maneira que um indivíduo tem em si as forças de sua própria evolução, o grupo
também o tem. O grupo é capaz de progredir e fazer evoluir os seus membros. Para
isto, é preciso um clima afetivo e de compreensão onde seus membros possam
refletir e expressar seus sentimentos.

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7) Pichon Reviére (1907-1977): Define grupo como um conjunto restrito de
pessoas ligadas entre si por constantes de tempo e espaço, articulados por sua
mútua representação interna, que se propõe de forma implícita ou explícita uma
tarefa que constitui sua finalidade. O grupo em conjunto estabelece vínculos de
intensa reciprocidade entre si, numa dialética contínua que por meio de uma ação
educativa modifica os sujeitos durante a interação. Dentro desse processo o
indivíduo é visto como uma resultante dinâmica no interjogo estabelecido entre
sujeito e objeto, e sua interação dialética por meio de uma estrutura dinâmica
denominada Vínculo. O vínculo é definido como uma estrutura complexa que inclui
um sujeito, um objeto, e sua mútua inter-relação com processos de comunicação e
aprendizagem.

Tendemos a repetir padrões de relacionamento internalizados (relações


interpessoais da primeira infância). Então no grupo podemos reexperimentar estes
padrões e fazer novas aprendizagens ( reeditar padrões comportamentais).

8) James Hilman (1926-2011): Teórico da psicologia junguiana. Seus


fundamentos: personificação mais do que conceituação abstrata dos dominantes
psíquicos, um estilo mais literário que científico, uma configuração politeísta da
psique mais do que individualista, foco na psicologia da cultura e do meio ambiente
mais do que exclusivamente do sujeito. Em 1970 lançou um movimento dentro da
psicologia junguiana rumo a imaginação da cultura, com o objetivo de extrair a
terapia de seu confinamento do consultório para incluir aos seus cuidados
desordens mais amplas do coletivo. Na sua opinião as psicoterapias fazem com que
cada problema seja subjetivo, problema interno. Para ele, os problemas vem do
ambiente, das cidades, da economia, do racismo, do sistema de ensino e do
capitalismo. O problema não está apenas dentro da pessoa, é também no sistema,
na sociedade.

9) Max Pagés (1926-2014): O grupo é um agente de mudanças. Grupo é


enfim, “um conjunto de pessoas onde se vivencia, de uma forma especial, a relação
vivida entre os homens, são cooperativas de explicitação e transformação da
relação. A relação inter-humana é sempre e de imediato afetiva, é o sentimento do

23
outro, consciente ou inconscientemente vivido, da mesma forma que o sentimento
põe de imediato em relação com o outro. Não existe grupo sem referência afetiva.
No grupo vive-se toda a dinâmica de sentimento de ligação e amor autêntico como
também a angústia da separação.

10) Irvin Yalom (1931-2014): Faz menção a teoria do fenômeno do contágio


(de que fala Le Bon), quando revela a partir de suas pesquisas que uma parte das
pessoas em terapia, temem que o sofrimento do outro os contagie de alguma forma.
Nesse sentido os fenômenos inconscientes exercem mais influências que nossa vida
consciente. A maior parte de nossos comportamentos é regida pelas leis da
instância psíquica que não temos conhecimento - o inconsciente.

A necessidade de pertencer é característica do ser humano e quando um


grupo inicia-se, o que está em jogo é o compartilhamento afetivo do mundo interior
de cada um e a aceitação dos membros do grupo. A busca pela psicoterapia é
muitas vezes motivada por uma frustração associada à vida social e relacional das
pessoas e nestes casos a psicoterapia de grupo revela-se particularmente
importante, uma vez que oferece aos participantes um ambiente livre para o contato
social, que é seguro e confiável e que dê suporte e estrutura para que estas
mudanças também ganhem espaço fora do grupo, no ambiente social alargado.

11) Kenneth Gergen (1934-2014): Toda inteligibilidade humana é gerada


dentro dos relacionamentos. É a partir das relações que os humanos retiram suas
capacidades do que é real, racional e bom. Deste ponto de vista, as teorias
científicas não devem ser avaliadas em termos de verdade, pois a questão não é a
precisão, mas seu potencial para humanidade.

A bióloga Lynn Margulis (1938-2011): “A vida não teria sido possível sem
solidariedade. Um planeta simbiótico no qual a existência de acoplamentos e
interdependência foram um importante motor para a evolução.”

24
2.2. Instinto Gregário

2.2.1 Definição de instinto

Instinto é uma conduta inata hereditária que não requer aprendizagem e que
desencadeia frente a estímulos específicos. Sua finalidade biológica é a adaptação
ao meio para a sobrevivência da espécie.

Vivemos numa cultura que desconsidera os instintos tendo como


consequência as patologias da civilização. A Biodanza nos ajuda a entrar em
contato com nossos instintos, que são uma manifestação biológica do ser. Todos os
instintos se organizam com base no instinto de sobrevivência. Os instintos de
sobrevivência e conservação da vida se relacionam dinamicamente com a força da
identidade. A identidade é a expressão dos cinco canais do potencial genético e não
se baseia no desenvolvimento do indivíduo culturalmente.

Os instintos apresentam frequentemente aspectos complementares entre si, e


isso torna possível sua autorregulação. Esta complementaridade é uma expressão
lógica da vida, que permite resolver problemas de adaptação. Como exemplo de
instintos complementares temos: Instintos migratório e regressivo, territorial e
exploratório, fome e saciedade, luta e fuga, gregário e isolamento dentre outros.

Os instintos foram fortemente reprimidos durante a história pelas religiões e


ideologias, o que causou muitas consequências negativas a humanidade, no seu
estilo de vida e até perigo de extinção. A Biodanza propõe resgatar os instintos de
conservação, dar oportunidade de comunhão e empatia, lutar contra preconceitos,
aumentar a consciência ética, entre outras propostas que poderemos resgatar
através de trabalho em grupo.

2.2.2 Instinto gregário:

A palavra gregário vem do latim: “grex” e significa rebanho. Instinto gregário é


aquilo que faz as pessoas se sentirem compelidas a estarem umas com as outras,

25
formando grupos de influências mútuas. O instinto gregário se desenvolveu nos
animais como uma decorrência do instinto de conservação da espécie. Juntos, estes
poderiam se proteger melhor dos ataques inimigos, assegurando-se uns aos outros:
alertando da presença, dispersando e confundindo o inimigo.

Kropotkin (1842-1921),assim com Darwin, acreditava que os grupos


cooperativos de animais (ou de humanos) superam em desempenho os menos
cooperativos. Ou seja a capacidade de operar em grupo e de construir uma rede de
sustentação é uma habilidade de sobrevivência decisiva.

Wilfred Trotter (1872-1939) descreve os fenômenos anímicos acerca do


grupo de um instinto gregário que afeta o homem e as outras espécies animais de
maneira inata. Esse gregarismo é biologicamente uma analogia e, de algum modo,
um prolongamento da multicelularidade e, no seio da teoria da libido, uma outra
manifestação da tendência procedente da libido que todos os seres vivos da mesma
espécie tem de se reunir em unidades cada vez mais englobantes. O indivíduo se
sente incompleto quando só. O instinto gregário não deixa espaço para o líder.

Ele argumentou que juntamente com os instintos da autopreservação, da


nutrição e do sexo, o instinto gregário é considerado primário.

“A vida é muito menos uma luta competitiva pela sobrevivência do


que um triunfo da cooperação e da criatividade. Na verdade, desde a
criação das primeiras células nucleadas a evolução procedeu por
meio de arranjos de cooperação e de coevolução cada vez mais
intricada”. (Fritjof Capra)

Ao deixarem a floresta e entrarem num ambiente aberto e perigoso, nossos


ancestrais tornaram-se alvos de predadores e tiveram que desenvolver um instinto
de rebanho que supera o de muitos animais. Em estudos feitos, verificou-se que os
macacos parecem estabelecer uma relação entre esforço e a compensação. Talvez
como resultado das caçadas coletivas em seu habitat natural eles compreendem a
primeira regra da caça ao cervo, que estabelece que o esforço coletivo exige

26
recompensas coletivas. “É melhor caçar um peixe grande e dividi-lo com todos do
que caçar individualmente, peixes pequenos”.

A cooperação é de extrema importância para a manutenção das espécies.


Observamos diversas relações de cooperação nos animais: os pássaros quando
estão voando mudam constantemente de posição para vencer a resistência do ar,
voando em "v". Os leões, assim como vários outros animais, se unem para caçar
uma presa maior, obtendo maior êxito. Uma presa fica mais segura andando em
bando do que sozinha. Os cardumes que vencem a pressão da água nadando em
bandos e alternando constantemente os indivíduos da linha de frente.
Nós humanos, estamos vivos até a presente data, devido à cooperação, e a
organização da sociedade e da vida em comunidade.

No indivíduo, a cooperação gera um estado físico de saúde estimulando um


funcionamento glandular harmonioso pois gera sentimentos e emoções altamente
construtivas tais como o amor, a compaixão, a alegria e a equanimidade.

“Os homens são animais gregários, altamente cooperativos e


sensíveis à injustiça, belicosos às vezes, mas na maior parte do
tempo amantes da paz. Uma sociedade que ignore essas tendências
não poderá funcionar bem”. (Frans de Waal)

“Ao insistir que nossa espécie faça


uso do instinto de rebanho que manteve as sociedades unidas por
milhões de anos, não estamos pedindo nada que lhe seja estranho.
Não se trata de seguir um ao outro cegamente, e sim de nos
mantermos unidos, em vez de nos dispersarmos em todas as
direções. Todo indivíduo está ligado a um todo maior do que ele.
Aqueles que dizem que essa ligação é construída e não faz parte da
Biologia humana não contam com o apoio das descobertas recentes
sobre o comportamento e o funcionamento cerebral. Essa ligação é
algo que vem das nossas profundezas, nenhuma sociedade pode
prescindir dela.”(Frans de Waal)

27
Nos humanos as tendências de mutualismo e reciprocidade estão presentes
em graus mais elevados, o que os tornam capazes de um nível de cooperação mais
complexo e em maior escala.

Nos seres humanos, o instinto gregário pode manifestar de inúmeras formas:


na formação de grupos desde menores até aqueles que reúnem milhares de
pessoas.

Do lado contrário, do instinto gregário está o desejo e a necessidade, também


de liberdade e originalidade; é a polaridade dos instintos. A identificação com o outro
proporciona sensação de segurança. Porém a diferenciação, desafia a busca do
novo, possibilita a criatividade. Gregarismo e liberdade são tendências opostas, que
se integram no processo de evolução.

O instinto gregário nos seres humanos pode também estar reprimido pela
cultura que promove o individualismo, o que é conveniente para que todo o sistema
econômico se prevaleça dele, já que as pessoas em grupo se fortaleceriam muito
mais na busca dos seus direitos e desejos.

2.2.3 Sincronicidade

“Todos os animais que vivem juntos precisam coordenar as


ações, e a sincronicidade é o elemento-chave para isso. Trata-se da
forma mais antiga de ajustamento aos membros do grupo. A
sincronia, por sua vez, baseia-se na capacidade de fazer um
mapeamento entre o próprio corpo e o corpo de um outro e de
incorporar os movimentos desse outro, que é exatamente a razão por
que a risada ou o bocejo do outro nos faz rir ou bocejar” (Frans de
Waal)

“Somos interligados aos nossos semelhantes, tanto do ponto de


vista corporal quanto do ponto de vista emocional. A prontidão com
que o Homo sapiens é impelido numa ou noutra direção emocional
pelos seus companheiros é verdadeiramente impressionante.” (Frans
de Waal)

28
Os peixes que formam cardumes mantêm distâncias muito precisas um do
outro e sincronizam perfeitamente a velocidade e a direção de seu movimento, numa
fração de segundo. São milhares de indivíduos agindo praticamente como se fossem
um só organismo, para se protegerem dos seus predadores.

Outro exemplo em que o poder da sincronia pôde ser útil, foi a situação em
que uma manada de cavalos ficou presa num pequeno pasto no meio de uma área
alagada na Holanda. Vinte animais já tinham se afogado. Entre várias propostas
bem difíceis para salvar os demais cavalos, a que obteve sucesso foi a sugestão de
uma pessoa que trabalhava no centro hípico: Quatro cavalos montados por
mulheres misturaram-se ao rebanho em apuros. Em seguida foram chapinhando por
uma parte mais rasa e foram seguidos pelo resto da manada. As amazonas
chegaram em terra firme seguidas por aproximadamente 100 cavalos salvos.

Na verdade somos habilidosos na sincronia, pois quando alguém caminha ao


lado da outra, seus passos seguem automaticamente o mesmo ritmo, porém isso
acontece se a pessoa tem um caminhar integrado, e não perdeu essa habilidade
inata do ser.

2.2.4. Empatia

Empatia é a capacidade de se colocar no lugar do outro, compreendendo


melhor seu comportamento e suas decisões. Está intimamente ligada ao altruísmo-
amor e interesse pelo próximo. É a capacidade de ajudar. É uma espécie de
inteligência emocional: habilidade de experimentar reações emocionais por meio de
observação da experiência do outro.

Quando um fóssil de um hominídeo foi encontrado recentemente no Cáucaso,


os cientistas sugeriram que a sobrevivência desse indivíduo teria sido impossível se
ele não tivesse sido alimentado e cuidado pelos seus semelhantes. Eles concluíram
que esses ancestrais, que viveram há quase dois milhões de anos, provavelmente
se pareciam com os humanos, uma vez que praticavam a compaixão.

29
Mac Lean (1913-2007) sugere que o sistema límbico, uma das partes mais
antigas do nosso cérebro, e suas conexões com o córtex pré-frontal estaria
envolvido na empatia. Ele proporcionaria aos homens a capacidade de se colocar no
lugar dos outros. Dessa forma, uma empatia primitiva estaria presente desde cedo
na evolução humana, e com a aquisição de novas estruturas cerebrais e circuitos
neurais, adicionou-se a essa empatia uma forma de cognição, de tal forma que pôde
ser experienciada em conjunto com uma consciência social mais desenvolvida.

“A empatia faz parte de uma herança tão antiga quanto a


própria linhagem mamífera. Ela mobiliza regiões do cérebro que
existem há mais de cem milhões de anos. A capacidade de sentir
empatia pelo outro emergiu num passado extremamente longínquo,
com o mimetismo motor e o contágio emocional. Depois disso a
evolução foi acrescentando camada após camada, até que nossos
ancestrais se tornassem capazes não apenas de sentir o que os
outros sentem, mas também de compreender os desejos e as
necessidades de seus semelhantes.” (Frans de Waal)

“Mêncio nos fez refletir sobre a origem da empatia e sobre a sua


dependência nas conexões corporais. Essas conexões explicam
também a nossa dificuldade de empatizar com as pessoas estranhas.
A empatia apoia-se na proximidade, similaridade e na familiaridade, o
que faz muito sentido, uma vez que ela evoluiu para favorecer a
cooperação entre os membros do grupo. Juntamente com o nosso
interesse na harmonia social, que requer uma distribuição equitativa
dos recursos, a empatia levou a espécie humana a formar sociedade
em pequena escala, que enfatiza igualdade e a solidariedade. Hoje
em dia, a maioria de nós vive em sociedade, muito maiores, onde
essa ênfase é mais difícil de manter , mas o nosso funcionamento
psicológico permanece o mesmo.” (Frans de Waal)

A empatia promove a ligação entre os indivíduos e favorece a cada um deles


uma “participação” no bem estar dos outros, encurtando a distância entre os
benefícios diretos_ “que vantagem isso me traz?”_ e os benefícios coletivos , cuja
compreensão não é imediata. A empatia tem o poder de abrir os nossos olhos para
esses benefícios coletivos, conferindo valor emocional a eles.
30
CAPITULO III - O Grupo em Biodanza

3.1. Importância do Grupo em Biodanza

“O grupo de Biodanza constitui uma antecipação de um mundo


altamente evoluído do futuro. Não é a realização onírica de uma
utopia, mas o pôr em marcha, aqui e agora, as maiores
potencialidades humanas” (Rolando Toro)

“No grupo de Biodanza, as pessoas se encontram, se necessitam e


oferecem ao outro o melhor de si mesmas” (Rolando Toro)

Grupo em Biodanza é muito mais do que reunião entre pessoas que


interagem, é uma matriz de renascimento na qual cada participante se sente
protegido, nutrido, cuidado e respeitado em sua individualidade. No grupo, cada
componente é um facilitador do processo de integração do outro e vice-versa. A
Biodanza com sua metodologia vivencial, onde a vivência é marcada pela presença
do outro tem um grande poder que é o GRUPO. Sua técnica só é possível se
aplicada em grupo pois, se baseia na vinculação do ser humano nos três níveis:
consigo, com o outro e com a totalidade. A alegria deflagrada pela aula de Biodanza
é contagiante, curativa provocando nos alunos a necessidade dessa convivência . A
afetividade na forma de empatia, vínculo e solidariedade é o suporte para que o
grupo seja um núcleo onde os participantes se sintam num ambiente acolhedor.
Podemos dizer que no grupo de Biodanza acontece uma energia biológica
renovadora e harmonizadora. As situações de encontro possibilitam mudança das
pessoas em todos os seus níveis orgânicos e existenciais.

Hoje já se sabe que não existe a possibilidade de uma evolução solitária.


Martin Buber, Pichon Rivière, James Hilmann e Kenneth J. Gergen começaram a
busca do homem como ser relacional.

31
3.2. Integração do Grupo em Biodanza

A partir do momento em que o grupo se estabelece, ou seja, existe um certo


número de participantes fixos podemos dizer que existe uma matriz, e aí, a
vinculação entre as pessoas vai acontecendo progressivamente e o grupo começa a
integrar-se formando uma entidade grupal.

No início é natural que os mecanismos de defesa sejam acionados porque os


fenômenos de projeção são ativados através do grupo, pois o grupo serve projeção
dos inconscientes reprimidos.

No processo de integração do grupo como um organismo (todo), surge o


sentimento de solidariedade e ao mesmo tempo a angústia de uma possível
separação.

A relação com o outro é simultânea a descoberta da própria identidade. No


encontro humano autêntico iniciam-se as modificações da identidade. Três fatores
podem provocar as afinidades e os rechaços interindividuais:

A estrutura seletiva individual , o contexto grupal, e as características individuais do


encontro

Esses três fatores determinam a qualidade do processo integrativo. Tanto o


contexto grupal como a qualidade do encontro podem ser influenciados pelo método
de Biodanza. Cada pessoa tem sua história de vida, suas protovivências, sua
ontogênese, que se desenvolveu em ambiente distinto e traz suas características
individuais.

A prática de Biodanza exerce influência na qualidade do encontro, já que


cada exercício possui um objetivo metodológico a ser alcançado e provoca vivências
integradoras. O grupo vai sendo influenciado pela qualidade das vivências e pela
energia gerada nele.

32
Um grupo pode ter um determinado perfil e mudar com a chegada de outras
pessoas que, podem deflagrar potencialidades que estavam oprimidas nesses
componentes.

3.3. Dinâmica do Grupo de Biodanza

Em Biodanza os grupos devem ser semiabertos, e não se empregam as


técnicas de psicodinâmica de grupo. O conceito de terapia em Biodanza não parte
de sintomas, mas da parte sã. Se é possível fazer crescer a parte luminosa e
saudável do praticante, a parte escura (os sintomas) desaparece. Busca-se reforçar
os aspectos saudáveis e desenvolver as potencialidades de cada um.

Durante os exercícios em que há baixa da consciência de si mesmo, o grupo


se transforma em um útero onde se revive sensações de segurança, harmonia,
nutrição. No processo de retorno o grupo vai devolvendo amorosamente suas
identidades.

O Grupo compacto em Biodanza é um dos exercícios fundamentais. Tem o


caráter simbólico de um útero materno. No grupo compacto, as pessoas em estado
de relaxamento, de olhos fechados, num movimento, lento, de entrega, em um
transe coletivo se transformam em um só corpo vivo formando uma unidade sem
identidades isoladas. Nesse estado há uma reorganização fisiológica e psicológica
do indivíduo.

3.4. Grupo Semanal

Ao se inscrever em um grupo, é importante que as pessoas saibam que não é


uma proposta de recreação para o tempo livre, mas sim um sistema de
desenvolvimento pessoal que requer um compromisso sério e profundo consigo e
com o grupo.

33
As aulas são semanais porque é o tempo necessário para elaboração das
vivências e o suficiente para que os benefícios e efeitos de uma aula de Biodanza
aconteçam.

Cada sessão de Biodanza consiste em:

- Teoria: Uma pequena explanação sobre a parte teórica de Biodanza,


explicando a base do seu sistema. É importante esse esclarecimento para que as
pessoas sintam-se mais seguras e se entreguem aos movimentos e exercícios que
acontecem na aula. É importante que o facilitador dê oportunidade aos alunos para
que eles exponham suas dúvidas e, seus pontos de vista, num diálogo gentil.

- Relato vivencial: Momento em que o aluno pode revelar sua experiência


íntima e pessoal ocorrida durante o exercício. Ao relatar sua vivência ele assume a
experiência vivida. O relato de vivência é também importante porque, ao
compartilhar com o grupo, uma experiência interior, que é um ato de confiança, está
estabelecendo um vínculo e comunhão com todos os participantes do grupo.
Quando um aluno fica muito emocionado durante um relato, o facilitador ou os
companheiros que estejam próximos podem dar-lhe “continente afetivo” através de
um gesto ou de um abraço. O relato é um recurso verbal, no entanto Biodanza não
pode ser considerada como disciplina verbal e não trabalha com técnica de
confissão pública.

- Aula: que é o momento relevante, baseada na metodologia de Biodanza com


seus respectivos exercícios, movimentos e músicas.

3.5. Participação do Facilitador no Grupo

É importante que haja uma relação simétrica entre o facilitador e os alunos,


eliminando o autoritarismo no processo de crescimento. O facilitador de Biodanza
deve expor suas qualidades humanas naturais, sem mistificação, de tal forma que os
alunos sintam que podem vincular-se com ele de uma maneira espontânea. Sem
dúvida é fácil que os alunos idealizem o facilitador e sintam o efeito de um poder

34
pessoal, já que evidentemente está mexendo com energias muito profundas e, por
isso mesmo encarna os arquétipos do inconsciente coletivo: “o grande pai” e outros.
Então no início do processo, pode se criar uma relação transferencial, que logo se
dissolve no amor pelos demais membros do grupo. Em Biodanza à medida que o
grupo se integra, o aluno ensaia numerosas formas de relação e contato com os
outros companheiros, aprendendo a estabelecer vínculos retroalimentados. Desse
modo o facilitador passa a ser mais um membro do grupo.

3.6. O Grupo e o Modelo Teórico

Como já foi citado acima no capítulo II, o modelo teórico consta de dois eixos
virtuais: um horizontal e um vertical. O eixo horizontal representa cada aula de
Biodanza e o vertical a ontogênese do ser humano. Em cada aula através das
vivências vai acontecendo uma organização através do transe representada no eixo
horizontal e o processo de integração durante a vida é representado pelo eixo
vertical.

Para que haja desenvolvimento evolutivo (integração) é preciso que os


potenciais genéticos encontrem fatores ambientais propícios que em Biodanza são
denominados Ecofatores Positivos. E os seres humanos são os principais ecofatores
existentes em Biodanza. A identidade pode ser influenciada pela música e situações
de encontro. Portanto o grupo é imprescindível para que por meio do transe de
regressão a pessoa abandone sua consciência vigilante, deixando dissolver-se no
nele para integrar-se a uma unidade mais ampla e indiferenciada. O retorno do
transe se caracteriza por um estado de expansão de consciência e um sentimento
profundo de renascimento.

3.7. Grupo e o Princípio Biocêntrico

O Princípio Biocêntrico situa o respeito a vida como centro e ponto de partida


de todas as disciplinas e comportamentos humanos. Restabelece a noção de
sacralidade da vida. Em Biodanza, as pessoas, ao se relacionarem em uma dança
de amor, restabelecem um sentido cósmico que as integra a uma unidade maior. As

35
pessoas são o nosso mais poderoso meio ambiente. O par ecológico, a família
ecológica, a comunidade ecológica são expressão do Princípio Biocêntrico. Existe
um fator instintivo de coesão (gregário) entre os indivíduos de uma espécie
vinculado a sobrevivência. Existe um laço de vinculação biológica entre os membros
da espécie. Atualmente sabemos que esta vinculação transcende a espécie e que
estamos vinculados pelo processo da vida a todo o universo.

As situações de encontro tem o poder de mudanças profundas nas atitudes e


nos relacionamentos. A integração é o resultado da Vivência. Biodanza é um
sistema exclusivamente de grupo e vivencial, portanto não pode ser individual. “O
encontro é a transubstanciação de identidades diferentes”

3.8. Funções do grupo:

Segundo Rolando Toro, o grupo em Biodanza adquire funções diferentes de


acordo com o desenvolvimento da sessão, a força indutora da música e a sequência
dos exercícios. O grupo pode assumir as seguintes funções:

Permissiva: O grupo tem a função protetora. A medida que as aulas vão


acontecendo vai gerando uma confiança e segurança nas pessoas e vão diminuindo
os mecanismos de defesa e as pessoas vão expressando seus potenciais de
afetividade. A energia afetiva que estava reprimida começa se manifestar criando
uma energia vinculativa que faz com que todos sintam- se protegidas no grupo.

Observei esta função através de relatos dos próprios alunos: “Existe uma forte
energia de um para o outro o que dá permissão para relaxar” “Os exercícios de
dançar no cento da roda, lúdicos, dançar para o outro, e em grupo, todos percebem
que não há crítica e assim cria uma capacidade de acolhimento, ninguém se
envergonha porque existe uma proximidade, é como se fosse uma família”.

Facilitadora: A função facilitadora consiste em que cada pessoa possa


expressar os potenciais inatos e reforçar as suas expressões saudáveis como
ímpeto vital, alegria, criatividade. Todas as pessoas tem, geneticamente todos os

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potenciais, que podem estar reprimidos por vários motivos. Esses potenciais são
expressos através de cinco linhas de vivência, se num ambiente possibilitador.

A partir do momento em que o grupo diminui as defesas e atinge a função


permissiva passa a ter a função facilitadora do processo de forma que revele em
cada componente sua parte saudável que estava reprimida, de forma contagiante no
grupo, manifestada pela alegria e afetividade dos componentes.

Deflagradora: Deflagra situações ou emoções ocultas que promovem um


processo de crescimento. Certos aspectos da identidade que estavam ocultos
podem revelar-se subitamente. A experiência é vivida com grande intensidade e
tem o caráter de uma autodescoberta comovedora.

O grupo, ao facilitar a sua proteção e a expressão dos potenciais dos


componentes possibilita para que através das vivências sejam deflagradas situações
reveladoras em vários aspectos, que antes eram desconhecidos.

Mesmo que na aula não aconteça uma forte situação, pelo menos desperta
para algo que estava adormecido. Todos os temas das aulas desse projeto
desencadeou nos alunos fortes descobertas sobre suas sensações de confiança,
autoconfiança, descoberta do próprio valor e do sentimento de empatia.

Integradora: Conquistar um novo nível na espiral evolutiva. Passa primeiro


pela integração motora, afetivo-motora e ideomotora, permitindo mais tarde uma
integração entre o sentir, pensar e agir. Os alunos têm a percepção de que
superaram um estado de maior maturidade. Quando o grupo promove a expressão
dos potenciais inatos que estavam reprimidos acontece o processo de integração
que é o processo de evolução de cada um. Os exercícios de contato e carícia são
instrumentos poderosos na indução de mudanças integradoras, porém, com
progressividade das aulas num grupo matriz. Ex: caminhar mais integrado, vencer
o medo de se expor, abraçar as pessoas de forma diferente.

37
Criadora: Indução de situações expressivas e de um de tensão criadora que
dá lugar ao inusitado, ao extraordinário.

Transcendente: Quando o grupo tem como função principal ser uma matriz
de renascimento. ( “Cerimônia de Transe” ou” Danças com Posições Geratrizes” )

38
CAPITULO IV – O GRUPO DE PRÁTICA

2.1. Sobre Biodanza e Ação Social

“A desiguladade mata”
“A distribuição desigual da riqueza produz verdadeiros
abismos sociais e destrói as sociedades, diminuindo a confiança
mútua e elevando os níveis de violência e de ansiedade, o que acaba
comprometendo o sistema imunológico tanto dos ricos quanto dos
pobres. (Richard Wilkinson-epidemologista britânico)

“A fraternidade é também mais fácil de entender do ponto de vista dos


primatas, uma vez que a sobrevivência depende tão fortemente dos
laços afetivos, das relações sociais e da coesão entre os membros do
grupo. Os primatas evoluíram para formar comunidades. Ainda assim,
a tendência à igualdade e a relação entre esforço e recompensa não
são estranhas a eles.” (Frans de Waal)

Ação social é todo comportamento cuja origem depende da reação de outras


partes envolvidas. Essas “outras partes” podem ser indivíduos ou grupos, próximos
ou distantes, conhecidos ou desconhecidos por quem realiza a ação.

A ideia central da ação é a existência de um sentido na ação: ela se realiza de


uma parte (agente) para outra. É uma atitude sobre a qual recai ao menos um
desejo de intercâmbio, de relacionamento. Como toda relação social, é determinada
não só pelos resultados para o agente, mas também pelos efeitos (reais ou
esperados) que pode causar ao outro.

A Biodanza por si só é um agente de transformação social.

A Biodanza propõe um trabalho social baseado no sentimento de


fraternidade. Segundo Rolando Toro, as mudanças sociais só podem ocorrer
baseadas em sentimentos de vinculação e não através de luta política que na
verdade promovem apenas mudanças externas.

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Existe uma vinculação biológica entre os indivíduos de uma mesma espécie
assim como também a espécie está vinculada pelo processo da vida, a todo
universo. A vinculação inter-humana é uma função biocósmica.

Vivemos numa sociedade em que os impulsos de afinidade são suprimidos


por uma cultura patológica que propaga através dos meios de comunicação e de
suas instituições, atitudes de segregação, agressão, exploração de outras pessoas,
competição e se estrutura num esquema de poder. Essas características constituem
um modo de ser que Chance (etólogo) denomina “sociedade agonística”. Ele se
opõe a este modelo propondo um estilo de vida hedônico, onde as tensões inter-
humanas possam inexistir ou diminuir através do contato, carícia e continente
afetivo.

A Biodanza propõe exatamente um estilo de vida saudável através da


ativação hipotalâmica das vivências de contato e afetividade, ativando os potenciais
inatos de vinculação humana.

A ação social em Biodanza é uma forma de reabilitação existencial não


somente socioeconômico mas também do estilo de vida, dos transtornos motores e
mentais.

Do ponto de vista psicológico Biodanza com sua metodologia vivencial e em


grupo é importante sistema de mudança para qualquer grupo social pois, tem o
efeito de reduzir a ansiedade e estresse mediante exercícios específicos que
evocam vivências integradoras para favorecer a autorregulação orgânica. Do
ponto de vista terapêutico propõe mudança no estilo de vida levando a consciência
de sua implicação em determinadas patologias. (Arthur Joves contabilizou 2000
doenças existentes, sendo que somente 500 são comuns aos homens e animais e
1500 são exclusivamente humanas, e as considerou como doenças da civilização).

Em um grupo (específico) a Biodanza é muito importante porque propõe a ele


trabalhos com objetivo de restabelecer a dignidade, a autoestima e as relações de
vínculos entre as pessoas, pois através das vivências num ambiente saudável

40
(grupo), podem conectar com seus valores e potenciais de afetividade.
Biodanza, como um sistema de renovação orgânica pode ajudar as pessoas a
resgatarem seus potenciais de vitalidade melhorando a questão da imunidade já que
o acesso a medicina preventiva não lhes é muito favorável.

A ação social da Biodanza pode modificar a cultura atual e seus valores


elitistas, competitivos e discriminatórios baseado num movimento de amor.

Então Biodanza e ação social é uma oportunidade e um compromisso de


doação e amor através do vínculo empático gerando oportunidades de inclusão.

2.2. Introdução sobre o grupo de Prática: Opção pelo grupo Social Voluntário

Minha experiência no processo de formar um grupo de Biodanza: Ao iniciar a


busca por um grupo, o meu objetivo era encontrar um espaço no Bairro do Recreio,
onde moro, ou próximo que pudesse ser gratuito ou de valor baixo e também, sem
cobrar pelo meu trabalho, já que o importante seria o estágio e a experiência que eu
iria adquirir como facilitadora de Biodanza. A primeira tentativa foi num local
chamado Mantra, espaço destinado a atividades alternativas e yoga. Fiz três aulas
abertas, mas não prosperou. Daí comecei a procurar espaços em vários lugares no
Recreio: casas de dança, local de teatro, espaços médicos. Por sugestão de uma
amiga, procurei a AMOR (Associação de moradores do Recreio). Fui à reunião deles
e falei sobre Biodanza. Gostaram, se interessaram e marcamos aulas abertas para
às quintas feiras à noite. Apareceram pouquíssimas pessoas.

Resolvi convidar as moças que faziam trabalho voluntário todas às quartas-


feiras na associação. Elas pediram para que eu desse aula durante o dia. Marcamos
para quinta feira às 15 horas. Não apareceu ninguém.

Fui informada que no CAT (Casa da arte do Terreirão) havia espaço deixado
por uma professora que dava aula de dança. Então fui lá e conversei com uma das
coordenadoras e ofereci aula de Biodanza como trabalho voluntário. Eles hesitaram
em aceitar, com receio de que não fosse haver um compromisso sério com essa

41
atividade, porém diante dos meus argumentos se convenceu do contrário.
Marcamos uma aula aberta para terça feira, 17/09/14, às 18 horas e este foi o inicio
da atividade de Biodanza no CAT.

2.3. Sobre a ONG Casa da Arte do Terreirão - CAT

A Casa de Artes do Terreirão (CAT) é uma Associação sem fins lucrativos,


que tem por objetivo oferecer atividades educativas, culturais e recreativas às
comunidades de baixa renda do Canal das Tachas (Terreirão), Vila da Amizade,
Restinga, Recanto dos Pescadores e Jacaré do Papo Amarelo.

A Associação foi constituída em setembro de 2003 com a finalidade de reunir


a população para realizar um trabalho de desenvolvimento social e, desde 2005, ano
em que iniciou suas atividades, atrai, influencia e beneficia as famílias (crianças/
adolescentes/ jovens e adultos), através das oficinas, cursos, atividades e eventos
gratuitos que proporciona.

Devido a sua sólida estrutura, a CAT atua há 9 anos na região prevendo o


preenchimento de necessidades das comunidades atendidas e promovendo o bem-
estar e crescimento intelectual das pessoas envolvidas, num ambiente adequado e
estimulador.

A CAT realiza ações preventivas nas comunidades de baixa renda que,


apesar da pobreza, tem a sorte de não ter o tráfico instalado.

Tornou-se referência nessas comunidades nos serviços de assistência social,


cultural, educacional, geração de renda e capacitação para o trabalho e procura
integrar-se aos agentes, lideranças e entidades do bairro, contando com avaliações
muito positivas, não só de alunos atendidos, mas, também, dos responsáveis,
Associação dos moradores, colaboradores e outros.

Entre seus colaboradores e coordenadores tem pessoas da Associação de


moradores, cooperados, lideranças comunitárias, assistente social e pedagoga. A

42
participação desses agentes é fundamental para o fortalecimento da instituição e
transparência dos seus atos.

Através dos eventos promovidos, a CAT protagoniza as manifestações


culturais e artísticas da comunidade e incentiva novos adeptos ao trabalho. Foi
constatado que, após um evento, várias pessoas procuraram a Instituição, com
interesse de integração nas oficinas oferecidas.

Atende um público a partir dos 7 anos de idade, visando desenvolver ações


de inclusão social e melhoria da qualidade de vida dessas pessoas e evitar o
desenvolvimento de comportamentos, como a mendicância e tráfico de drogas,
situações tão comuns às populações menos favorecidas.
A CAT mantém aberta às comunidades a Biblioteca Vira- Folhas, com um acervo
diversificado e atualizado de livros de literatura, num espaço agradável e confortável,
que facilita a prática da leitura literária.

Em 2007 recebeu o prêmio Marketing Best Responsabilidade Social em


virtude do reconhecimento do trabalho desenvolvido e no ano de 2010 foi premiada
na 5ª. Edição do Troféu Responsabilidade Social, pela Associação de Imprensa
da Barra da Tijuca, que visa reconhecer e premiar as ONGs que mais se destacam
em trabalhos voltados para ações sociais na cidade do Rio de Janeiro.

2.4. Processo de Formação do Grupo e Aulas Regulares

43
Após ter sido marcado aula aberta, a secretaria abriu inscrições para aula de
Biodanza através do convite exposto no quadro de aviso:

Nesta semana, 15 pessoas se inscreveram e apenas 4 pessoas


compareceram. Aconteceu um equívoco e as pessoas que se inscreveram não
sabiam que as aulas teriam continuidade. Ela chegou a dizer que não poderia
continuar com as aulas devido ao número de comparecimento baixo. Então
conversamos e eu expliquei que Biodanza não é uma atividade conhecida como as
que acontecem lá. Ela abriu novas inscrições. Eu liguei para as pessoas que não
apareciam, convidando-as para conhecerem a Biodanza. Muitas ficaram
agradecidas e qualificadas com a ligação. Então no mês de outubro haviam 19
pessoas inscritas com comparecimento em média de 7 pessoas. As pessoas que
nunca apareciam ou faltavam durante um mês eram cortadas e abriam-se novas
inscrições.

44
Foram aproximadamente 80 pessoas que se inscreveram no total, porém a
frequência foi bem diferente deste número, inclusive, muitas pessoas inscritas nunca
apareceram e não foi possível o contato as mesmas. O que ocorreu com as demais
pessoas foi o seguinte:

 Se inscreveram, porém surgiu emprego ou curso no horário que as impediu


de aparecer pelo menos uma vez.
 Foram impedidas de continuar por motivo de mudança de residência ou
doença na família.
 Foram a uma aula e não voltaram mais.
 Frequentaram durante algum tempo e saíram sem justificar.

A direção do CAT entendeu que Biodanza é uma atividade diferente no


sentido de que não é algo que as pessoas procuram, sabendo do que se trata. A
partir do mês de julho/2014 procederam da seguinte forma: Todos que chegavam
para fazer inscrição, eram instruídos a fazer a aula e caso se identificasse com a
Biodanza, posteriormente faria a inscrição. Assim o número de inscrição foi menor e
de maneira mais organizável.

As pessoas que se identificavam com Biodanza, tinham uma noção do seu


conteúdo e entendia que ela poderia ajudá-las, então permaneceram no grupo. E
assim foi acontecendo um número maior de pessoas comprometidas com o
processo.

Até o mês de julho/2014 não foi possível considerar uma matriz de grupo
devido a grande flutuação de pessoas. Os vínculos só poderiam acontecer quando
se formasse um pequeno núcleo assíduo.

Segundo este ponto de vista, compreendo que houve então dois ciclos com
características específicas que descrevo a seguir:

Primeiro Ciclo: De outubro de 2013 a agosto de 2014

45
Durante o tempo que durou de novembro de 2013 ao mês de agosto de 2014
foi trabalhado no grupo, exercícios de integração motora, integração afetivo- motora,
aulas baseadas na radicalização da progressividade, temas de alegria, leveza,
muitos exercícios lúdicos e de fluidez. Não havia um grupo constante. Como já foi
mencionado, em quase todas as aulas haviam muitas pessoas fazendo aula pela
primeira vez. Abaixo está o quadro mostrando o número de pessoas inscritas e o de
comparecimento:

Primeiro Ciclo
Mês # de pessoas # de pessoas que Média de
Inscritas frequentaram Comparecimento
Outubro 19 11 07
Novembro 23 13 07
Dezembro 23 09 06
Janeiro 29 11 09
Fevereiro 29 14 12
Março 34 13 08
Abril 34 14 10
Maio 43 20 15
Junho 45 18 13
Julho 47 16 13

Durante o primeiro ciclo, os relatos eram basicamente os seguintes:

 Se interessaram pela Biodanza porque gostam de dançar.


 Ficaram curiosas para saber do que se tratava, já que no convite dizia da
melhora da saúde e estresse.
 Estavam procurando algo para conhecer pessoas e fazer amigos.
 Porque passaram por perdas na vida.

Segundo Ciclo: De Setembro até Novembro de 2014

46
A partir do mês de agosto, estabeleceu-se uma matriz grupal. Eu já vinha
trabalhando com eles sobre a questão do compromisso e diante de um número de
comparecimento satisfatório, conversei sobre o compromisso comigo e com eles
para poder fazer um pequeno aprofundamento (evidentemente que progressivo e
gradativo) das aulas. Durante o primeiro ciclo foi observado no grupo as suas
maiores dificuldades. Baseado nelas montei um projeto de oito aulas que considerei
como fazendo parte do segundo ciclo. Os temas a serem trabalhados estão
relacionados também com o tema desta monografia.

Segundo Ciclo
Mês # de pessoas # de pessoas que Média de
Inscritas frequentaram Comparecimento
Agosto 26 16 13
Setembro 23 15 12
Outubro 20 15 13
Novembro 18 16 13

O objetivo da escolha dos temas abaixo, além de trabalhar as dificuldades do


grupo, foi resgatar o instinto gregário e os vínculos afetivos, enfatizando a
importância do grupo neste processo. Nas aulas foram trabalhadas a conexão
consigo, com o outro e com a totalidade. Iniciei com o tema da identidade que é
importante porque através do seu fortalecimento e autoconfiança podem sentir a
47
empatia, a confiança e os vínculos com o outro. A partir da confiança em si e no
outro facilita a permissão para a vivência da entrega e do contato. Pois a partir daí o
grupo pode se beneficiar do sistema Biodanza e adquirir os resultados relacionados
com suas expectativa pelas quais iniciaram esta atividade.

1. Identidade: “Expressando o nosso valor”

Data: 23/09/2014
Objetivo: Estimular a expressão da identidade
Abordagem teórica: Identidade
Exercício chave: Posição geratriz de valor

Nesta aula, falei da importância do grupo no processo do contato com a


própria identidade. E que não há desenvolvimento de forma solitária e sim através
do outro e com o outro. E que fortalecemos a nossa identidade através do outro. Em
Biodanza, no grupo somos respeitados, valorizados da forma que somos e ao
mesmo tempo somos agentes de mudanças no sentido de facilitar a expressão
criadora e dos potenciais de cada um .

Quando sentimos empatia, nos identificamos com a outra pessoa, ela passa a
ser o semelhante o que nos remete a consciência de si mesmo.

48
O homem é o único ser que tem consciência de sua identidade. A consciência
da própria identidade não é somente um pensamento mas uma comovedora
sensação de sentir-se vivo, é uma vivência corporal.

A vinculação com o mundo pode significar perder e ganhar a identidade, pois


ela é estável e dinâmica. É o que em mim permanecer, apesar das mudanças. Em
Biodanza, fazemos o processo: mudamos o que é preciso mudar mas a nossa
essência, o ser que somos é respeitado e valorizado na sua individualidade.

E os relatos foram os seguintes:


-“Foi uma aula forte”,
-“O exercício de PG de valor foi forte”.
-“A aula gerou em mim uma forte emoção”.
-“A aula foi intensa”.
-“Me dei conta que na verdade a gente pensa que está tudo bem e é pega
desprevenida pela vivência”.

2-Empatia: Sentindo o outro

Data: 30/09/2014
Objetivo: Estimular a afetividade e resgatar capacidade de sentir empatia.
Abordagem teórica: Afetividade e empatia
Exercício chave: Dança de coração a coração

Nesta aula sobre empatia e afetividade estávamos dando sequência ao tema


da identidade, quando as pessoas fizeram uma conexão consigo, contato com o
próprio valor. Só poderemos sentir empatia se estamos com a identidade integrada.
Empatia é o sentimento de se colocar no lugar do outro, um ato afetivo. A empatia
não depende excessivamente dos processos cognitivos mas, de estarmos
harmonizados biologicamente. Então a Biodanza com seu método promove essa
harmonização e nos possibilita resgatar nossos potenciais de afetividade.

49
Nessa aula foi muito bonito ver a dança para o outro, como receberam a
dança do outro, como se acolheram e se qualificaram.

Relato dos alunos:

Uma aluna relatou que havia entrado para um grupo de ajuda para parar de
fumar e estava incentivando outra amiga do grupo.

3 -Vínculo Afetivo: Comunhão afetiva com o outro

Data: 07/10/2014
Objetivo: Criar disponibilidade para encontrar o outro e estimular o vínculo afetivo.
Abordagem teórica: Vinculo afetivo
Exercício chave: Encontro com o irmão

Dando continuidade da aula em que foi trabalhada a empatia, falamos de


vínculos. Em Biodanza falamos de vínculos saudáveis, onde as relações são
harmônicas e nutritivas. O vínculo afetivo é um fenômeno profundo que se
desenvolve a profunda conexão consigo, que consiste em resgatar a unidade
psicofísica, vínculo com o próximo e com o outro. Consiste em restabelecer a
identificação com o semelhante (com a espécie) e, com a totalidade, que é
restabelecer vínculo com a natureza, reconhecer-se como parte de um todo. O
grupo em Biodanza é fundamental para desenvolver os vínculos através dos
exercícios que, de forma acolhedora e amorosa permite que cada participante se
sinta a vontade e permita conectar com suas emoções.

Os relatos foram os seguintes:


- “Entrei em contato com a sutileza da criança. Fiz um resgate da criança que foi
reprimida e que foi endurecida por conta da exigência da própria vida.”
- “Não gosto de ser chamada pelo nome completo (composto) prefiro ser chamada
por um deles.”
- “Gosto muito da Biodanza porque me identifico com os exercícios lúdicos pois
adoro ser criança.”

50
- “Quando entrei no grupo tive a sensação que já conhecia as pessoas devido ao
sentimento de acolhimento, e quando emiti uma opinião tive o apoio de outras
pessoas.”

4 - Vínculo (Olhar): Olhar sincero e vinculante

Data: 14/10/2014
Objetivo: Estimular a espontaneidade e a sinceridade do olhar e o vínculo afetivo
através do olhar.
Abordagem teórica: A importância do olhar no vínculo
Exercício chave: Encontro de mãos e olhares

Dando continuidade ao tema anterior sobre vínculo, nesta aula enfatizou-se


vínculo através do olhar. Em nossa cultura existe muitos tabus com a questão do
olhar. O olhar é muito revelador, fala de nós e,nem sempre podemos controlar o que
mostramos através dele. Em Biodanza, através dos exercícios podemos reabilitar a
comunicação natural através do olhar, para que haja um meio sincero de se
comunicar. Nesta comunicação pode ser restabelecido o caminho para a percepção
essencial do outro. Quando o olhar é natural, integrado nós podemos nos vincular ao
outro através dele. Os exercícios lúdicos estimulam a espontaneidade e ajudam a
dissolver as tensões relacionadas com as dificuldades de ser sincero. Precisamos
olhar para o outro para potencializar o afeto e não por precisar do seu aval. Nesse
aspecto a Biodanza trabalha com a autoestima.

Relatos da aula

- “A vivência do olhar me chamou a atenção para a questão: quando as pessoas não


olham pra gente fica uma falta, a gente não sabe quem ela é, não que essa pessoa
seja má, mas se ela não olha não sabemos quem é ela. Quando a pessoa olha fica
melhor, você confia, o olhar é um ato de coragem. Aqui na aula, quando a gente
olha para cada pessoa, de repente você não olha e não a vê individualmente, você
olha e vê todas as pessoas como se fosse uma energia única.”

51
- “Olhar é uma dificuldade que a gente têm, porém é muito prazeroso poder olhar
num ato sincero.”
- “Na vivência do olhar intensa de afeto, pensei: que pena que fora da Biodanza, as
pessoas não são assim, no entanto estão perdendo esta oportunidade”.
- “Esta semana encontrei uma pessoa na rua que estava chorando e daí me
aproximei dela dei um abraço nela , e ela ficou extremamente agradecida.”

5 - Confiança – “Confiando eu me permito”.

Data:21/10/2014
Objetivo: Estimular a confiança em si, no outro e na vida.
Abordagem teórica: Confiança e autoconfiança
Exercício chave: Dança do anjo guardião

Para que haja autoconfiança é preciso que tenha autoestima, pois quando a
pessoa tem autoestima reforçada, mesmo que ela não tenha determinadas
capacidades ou aptidões, ela se sente confiante para aprender ou buscar aquilo que
ela quer. Sentir confiante é sentir o corpo como fonte de prazer e de saber. É uma
questão de autoaceitação e vivência do próprio valor. A autoestima se estrutura com
base na qualificação dos genitores ou pessoas próximas. A Biodanza com sua
metodologia e através do grupo permite resgatar essa falta de base na estruturação
da autoestima. A falta de transcendência se manifesta por uma falta de confiança
em si mesmo, no outro e na vida. A falta de confiança pode gerar uma sensação de
estarmos em perigo, de não estarmos protegidos.

Relatos vivenciais:

- “A aula trouxe a questão dificuldade de confiar nas pessoas hoje. Vivemos uma
dificuldade em confiar nas pessoas, parece que ninguém é confiável.”
- “Tive muita dificuldade em conduzir o outro no exercício de confiança: parecia que
não acabava nunca.”

6 - Vivência (Entrega) - “Me perdendo eu me encontro”

52
Data:28/10/2014
Objetivo: Estimular a vivência de entrega através de exercícios de liberação do ritmo
e de exercícios que favoreçam transe induzido pela afetividade.
Abordagem teórica: Vivência em Biodanza
Exercício chave: Segmentar de pescoço compartilhado.

Vivência é uma experiência vivida com grande intensidade por um indivíduo


em um lapso de tempo aqui agora abarcando as funções emocionais, cenestésicas
e orgânicas. Em Biodanza o conceito de vivência é pleno, porque possui uma
metodologia que provoca vivências integradoras capazes de expressar, modificar o
estilo de vida e restabelecer a ordem biológica. Há uma prioridade de indução de
vivências integradoras de alegria, paz, ternura, erotismo, transcendência, ímpeto,
vital, entusiasmo...

A vivência possui efeito harmonizador e não é necessário elaborar a nível da


consciência pois, são elaboradas nos órgãos, nas glândulas endócrinas e nos
neurotransmissores. As sensações que surgem das vivências são assumidas e não
interpretadas. A consciência tem o papel de registrar e resolver os problemas com o
mundo externo. Na vivência não há conflitos. O conflito surge entre a consciência e
o mundo externo. (o neurótico é exemplo do indivíduo em conflito consigo mesmo
tentando conciliar a natureza e a cultura.) A vivência não está sob controle da
consciência, ela pode ser evocada. Para isso é preciso diminuir os mecanismos de
defesas que estão à nível do inconsciente. Ela terá ressonância diferente para cada
participante porque depende do nível de repressão e sensibilidade de cada um. Por
isso é importante a progressividade das aulas e de uma matriz de grupo onde se
pode trabalhar a identidade, estabelecer os vínculos, a confiança o que pode resultar
na permissão para entrar em vivência.As vivências geram a sensação de “sentir-se
vivo”.

Relatos vivenciais:

- “Senti o abraço das pessoas diferente de antes.

53
-“Tive um insigth, me dei conta de que antes o abraço me incomodava (apertava) e
agora sinto o quanto é bom o abraço”.
- “Esse espaço, na minha opinião, é para se permitir vivenciar e, não falar em
problemas os quais devem ser deixados lá fora, onde devem ser resolvidos.”

7- Contato - Despertando o desejo e o prazer

Data:04/11/2014
Objetivo: Ativar os circuitos que criam respostas cognitivas, neurológicas,
imunológicas e endócrinas.
Abordagem Teórica: Contato e Carícia em Biodanza
Exercício Chave: Acariciamento de mãos em grupo de cinco

O contato e a carícia produzem efeitos emocionais e viscerais em nosso


corpo. O contato em Biodanza é uma fonte de saúde e é a ação terapêutica mais
importante. Refiro-me “em Biodanza” porque uma atividade de contato mecânico,
exploratório ou de diagnóstico não possui efeitos como em Biodanza por
desconsiderar o caráter emocional e erótico dos exercícios. O contato carregado de
intenção ativa o circuito criador de energia vital. A biologia do contato humano
permite criar respostas em todos os níveis do organismo (cognitivo, neurovegetativo,
imunológico e endócrino)

Carícia é uma expressão de afeto através do contato corporal e cuja condição


é um balanço entre o desejo de dá-la e o desejo de recebê-la. Portanto a essência
da carícia é o estabelecimento de um circuito de ida e volta entre os indivíduos. As
carícias ativam o sistema cardiorrespiratório, dissolvem as tensões crônicas de
defesa e reforçam o sistema imunológico. No aspecto psicológico, as carícias
diminuem a repressão sexual e as tendências do autoritarismo. A carícia é um
instrumento poderoso de indução de mudanças integradoras. A função do contato é
considerada terapêutica porque ela pode dissolver as tensões musculares crônicas.
A carícia , alem disso, ativa, mobiliza, transforma e fortalece nossa identidade
porque induzem um aumento da autoestima.

54
Em Biodanza, o GRUPO é imprescindível para os exercícios de contato
indiferenciado, onde progressivamente pode-se trabalhar a dissolução das couraças
através das carícias e do contato afetivo. O grupo é o grande facilitador para que o
contato entre as pessoas possibilitem a organização biológica do ser. O grupo é um
continente para que as identidades se encontrem, se misturam e se transformam em
identidades renovadas e fortalecidas.

Relatos :
- “Foi muito bom, o exercício do acariciamento de mãos.”

8 - Instinto Gregário: “Comunhão com o todo”

Data:11/11/2014
Objetivo: Entrar em contato com o instinto gregário através do contato afetivo com
todos.
Abordagem teórica: instintos e instinto gregário
Exercício chave: Grupo Compacto de embalo
A abordagem teórica já foi mencionado acima quando falei sobre instinto e instinto
gregário.

Relatos :
- “Eu sinto uma sensação da infância, brincadeiras, fazendo os mesmos gestos, um
resgate da infância que vivi, sinto que tem uma criança adormecida , que voltou com
a Biodanza, me sinto integrada.”
- “Quero relembrar a questão da confiança. Através do grupo me fortalece e renasce
a confiança. Eu pensava que não devia confiar nas pessoas. De certa forma fui
estimulada a não ter confiança. Vejo que não é bem assim. Não tenho que cortar a
confiança. Agora eu sinto um modo diferente de ser.”

- “O exercício do grupo de embalo foi muito bom, e senti uma emoção e veio um
choro.”

2.4.1. Alguns pontos Significativos que Emergiram durante o processo

55
Os relatos mais recentes (incluindo alguns anteriores as últimas oito aulas)
dos componentes do grupo foram os seguintes:
 “Acho-me estressada. Normalmente estou sempre em atividade, trabalhando
para os outros e, a Biodanza é importante porque assim posso parar e fazer
algo por mim, num espaço que me permito ficar comigo mesmo.”
 “Depois da Biodanza me surpreendi e aos outros pois, em festa de família
dancei muito, o que não fazia antes, e também passei a me priorizar mais do
que aos outros.”
 “Me identifiquei com a Biodanza porque percebi que não é dança competitiva
e sim uma dança integrativa.”
 “Me sinto melhor corporalmente e estou me aproximando mais das pessoas.A
Biodanza me proporciona um bem estar.”
 “Me dei conta de que estou expondo mais minhas próprias opiniões, não
consentindo tudo calada.”
 “Me sinto muito mais alegre.”
 “Numa vivência senti vontade de parar com os remédios.”
 “Me dei conta de que estou mais atenta aos sinais que a vida dá.”
 “Venho para a aula com um peso e saio leve. Me sinto bem e com melhora da
autoestima.”
 “Melhorei no lidar com as pessoas, sei mais o que quero, e me priorizo mais.”
 “A Biodanza está me ajudando encontrar o equilíbrio e dar valor a momentos
nos quais me sinto bem. Percebo que estou me valorizando.”
 “Vejo a Biodanza como uma terapia de grupo que ajuda na socialização. A
vivência o relacionamento. A Biodanza relaxa, desinibe e preenche um vazio
em seus participantes.”
 “Aprendi a confiar mais no próximo. Quando saio da aula me sinto a pessoa
mais feliz do mundo. Aprendi a escutar mais e a viver com harmonia.”
 “Na maioria das vezes, as aulas me fazem sentir um grande bem estar, um
momento único, experiências, vivências bastante interessantes.”
 “A Biodanza me devolveu a vida.”
 “A Biodanza me deixou menos ansiosa com as situações do cotidiano.”

56
 “Melhorei a autoestima. A Biodanza é uma terapia muito agradável e
prazerosa.”
 “É espetacular agregar um grupo de pessoas com experiências tão diferentes.
Saio da aula como uma criança animada.”
 “Eu me senti mais integrada com as pessoas, com o grupo. Tenho um outro
olhar para a vida e para o mundo.”
 “Descobri que o ser humano tem que ter amigos, formar um grupo ,pois,
dialogar faz bem para a saúde.”
 “A maneira como hoje eu consigo lidar com as minhas vontades e da maneira
como aceito as pessoas como elas são é bem mais tranquilo do antes de
fazer Biodanza.”

57
Participantes do grupo:

1) A. - Idade:45 anos- Profissão: maquiadora e cabeleireira


Expectativa: Harmonia do corpo e mente. Ficar mais calma e tranquila. Mente e
corpo em sintonia.
2) A. - Idade: 62 anos - Profissão: do lar
Expectativa: Diminuir a depressão e se soltar mais.
3) A. L. : Idade: 55 anos - Profissão: Do lar (babá)
Expectativa: Ficar calma, diminuir os remédios, melhorar a autoestima e melhorar a
comunicação.
4) A. P.- mulher- Idade: 54 anos- Profissão: Professora
Expectativa:Regatar a pessoa alegre que um dia conseguiu ser.
5) Ar. - mulher - idade: 65 anos- Profissão: psicóloga
Expectativa: Desestressar, melhorar a autoestima,sentir mais segura e mais leve.
6) Ar. - Idade: 51 anos - Profissão:cabeleireira
Expectativa: Sentir mais feliz e aproximar de pessoas
7) B. - Idade: 40 anos-Profissão: Professora
Expectativa: Encontrar o equilíbrio, viver momentos em que eu me sinta bem e onde
possa me perceber valorizada.
8) I. - Idade:56anos - Profissão: cuidadora de idoso, secretária
Expectativa:Se soltar mais, criar vínculos com pessoas, sair do individual, diminuir o
medo de aproximar das pessoas e aceitá-las do jeito que elas são.
9) I. – Idade:52 anos - Profissão: Artesã
Expectativa: Estar em contato com pessoas que tenham qualidade de vida. Melhorar
o meu psicológico e corporal e me sentir bem.
10) J. M. - Idade: 60anos - Profissão:agente de saúde (aposentado)
Expectativa: Desestressar, relaxar, me colocar em primeiro plano,evoluir física e
psicologicamente , ter um relacionamento mais afetivo comigo mesmo e melhorar a
auto estima.
11) L. H. - Idade: 59 anos - Profissão: Representante comercial
Expectativa:O refinamento de viver, liberar os bloqueios,expressar os potenciais de
liberdade.
12) L. - Idade: 56 anos - Profissão: costureira
Expectativa: Ser mais aberta, mais liberal, menos introspectiva.

58
13) M. - Idade: 68 anos - Profissão: Funcionário público (psicologia,direito e
economia)
Expectativa: complementar a yoga, relaxar e ajudar minhas cirurgias de safena.
14) M. L. – Idade; 53 anos-Profissão: Do lar (Bazar na igreja)
Expectativa:Melhorar o corpo, a saúde, viver melhor, melhorar a qualidade de vida.
15) N. – Idade: 51 anos - Profissão: Professora de teatro
Expectativa: Me conhecer melhor, me aceitar mais, amar e respeitar os outros e a
natureza. Compreender mais a vida.
16) N. – Idade:60 anos - Profissão: advogada
Expectativa: Equilíbrio psicológico. Me sentir feliz interiormente. Poder me priorizar,
pois sempre priorizo os outros.
17) R. J. - Idade: 53 anos-Profissão: Do lar
Expectativa:Melhorar a depressão, autoestima, sentir mais valorizada e mais
tranquila. Sentir mais gente.
18) R. R. – Idade: 50 anos - Profissão: Do lar
Expectativa:Melhorar a fibromialgia, coluna, estar bem com a vida e estar próximo
de pessoas.

2.5. Verificação Final

Ao terminar as oito aulas do projeto, fiz a entrevista através do questionário


abaixo, e seu resultado está expresso no gráfico. Este questionário foi feito para que
as pessoas que não fizeram relatos verbais pudessem comunicar de uma forma
mais simplificada suas experiências, já que algumas pessoas tem mais dificuldades
em expressar seus sentimentos. Algumas pessoas, além do questionário
escreveram depoimentos no espaço para observação, os quais foram acrescentados
acima.

QUESTIONÁRIO
Nome:_______________________________________________________
Profissão________________________ Data_____________________

59
(1) (2) (3)
1-Sentir o próprio valor (autoestima) : ( ) ( ) ( )
2-Confiança em si e no outro ( ) ( ) ( )
3-Comunicação: expressar a opinião ( ) ( ) ( )
4-Sentir harmonia,equilíbrio (menos estresse) ( ) ( ) ( )
5-Permissão para viver com prazer (entrega) ( ) ( ) ( )
6-Cuidado com a saúde e qualidade de vida ( ) ( ) ( )
7-Vínculos afetivos (família e amigos) ( ) ( ) ( )
8-Sentir alegria de viver ( ) ( ) ( )

( 1 ) Não mudou
( 2 ) Melhorou
( 3 ) Melhorou muito

Os resultados foram tabelados e resultou no gráfico abaixo:

14
12
10
8
6
4
2
Não mudou
0 Melhorou
a) tro ião e) ga
) a
os
) r Melhorou Muito
m u in ess r e v id ig v ive
ti o p tr nt e m e
es no ao es ed ea
t o- e r s r (e
a d a r iad
u si sa o ze d íli g
(a m es en ra ali m ale
r e r ( m p u fa r
lo ça xp rio m q ( ti
va an o:e b co ee v os Sen
ir o fi çã lí r d ti
n ui e ú e
óp Co ica eq viv sa af
pr un ia , r a
m
a lo s
tiro om on pa co n cu
n C m ã o o Ví
Se ar iss ad
tirh r m u id
Se
n Pe C

60
Conclusão:

Eu fiquei muito feliz com o resultado desse trabalho, com a experiência que
adquiri e com pequenas mudanças que ocorreram nos alunos, como uma semente
lançada. Na verdade o processo é gradativo, mas senti que houve uma
manifestação afetiva entre todos eles, tanto durante as aulas quanto fora dela, até
porque geograficamente já são próximos e através da Biodanza se conheceram de
forma harmonizadora.

Fica muito claro o quanto o grupo é necessário na vida das pessoas para o
crescimento pessoal , fortalecimento dos vínculos e mudança no estilo de vida. Um
fato positivo foi que duas alunas, uma ajudando a outra, passaram a frequentar
grupo de apoio para dependentes, e pararam de fumar. Elas atribuíram essa decisão
pelo fato estarem na Biodanza No último dia de aula do ano, por iniciativa deles,
houve uma festa de despedida e uma manifestação da vontade da continuidade do
grupo por entenderem que Biodanza é importante na vida de cada um.

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Referências Bibliográficas

AZEVEDO - Ana Beatriz- Psicoterapia de Grupo – Artigo

BION W. R - Experiência com grupos

CAPRA Fritjot – A Teia da Vida

Diversos Autores - O livro da PSICOLOGIA- As grandes ideias de todos os tempos

HALS Frans – A era da empatia

JOUCOSKI Emerson- Psicologia de Grupo e análise do ego

MARANHÃO Ana Lucia Scarpa A. – Refletindo grupos- Artigo

MORETTI José- Instinto gregário – Artigo

PAGÉS Max - A vida afetiva dos grupos

RIBEIRO Paulo Silvino- Grupos Sociais- Artigo

RODRIGUES Anabela Santos- A definição de grupo e suas implicações no


funcionamento do sistema

SANTOS Maria Lucia P - Biodança Vida e Plenitude

TORO Rodrigo - Origenes de Biodanza

TORO Rolando – Biodanza - editora Olavabrás 2005

------------------- Definição e modelo teórico Apostila do Curso de Formação para


Professores de Biodanza, Escola Modelo de Biodanza Sistema Rolando Toro

------------------- Inconsciente Vital e Principio Biocêntrico- Apostila do curso de


Formação para professores de Biodanza, Escola Modelo de Biodanza Sistema
Rolando Toro

-------------------- Aspectos Psicológicos -Apostila do curso de formação para


professores de Biodanza, Escola Modelo de Biodanza Sistema Rolando Toro.

-------------------- Afetividade- Apostila do curso de formação para professores de


Biodanza, Escola Modelo de Biodanza Sistema Rolando Toro.

------------------- Identidade e Integração - Apostila do curso de formação para


professores de Biodanza, Escola Modelo de Biodanza Sistema Rolando Toro.

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------------------- Biodanza e Ação Social- Apostila do curso de formação para
professores de Biodanza, Escola Modelo de Biodanza Sistema Rolando Toro.

------------------- Metodologia V – Grupo de Biodanza- Apostila do curso de


formação para professores de Biodanza, Escola Modelo de Biodanza Sistema
Rolando Toro.

-------------------- Teoria da Biodanza - Coletânea de Textos - Tomo I -


Organização e Edição - Associação Latino americana de Biodanza - ALAB - 1991

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