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EFICÁCIA DA PSICOTERAPIA BREVE FUNCIONAL DE

BASE REICHIANA

Autores: Frinéa Souza Brandão e João Paulo XX


Projeto de Pesquisa Clínica
Área de Concentração:

Julho de 2012
DESCRIÇÃO DA PESQUISA 

INTRODUÇÃO

O estudo proposto caracteriza-se como uma pesquisa exploratória, de natureza

qualitativa, intitulada “Eficácia da psicoterapia breve funcional de base reichiana”.

Esta pesquisa pretende comprovar a aplicabilidade desse modelo psicoterápico nos

transtornos de ansiedade, a partir de medidas qualitativas estruturadas, em pacientes que

procuram espontaneamente esse tipo de tratamento.

Sua importância deve-se a:

Aumento da ocorrência de transtornos mentais [escrever um parágrafo sobre]

Buscas de procedimentos mais rápidos e eficientes de modelos psicoterápicos. 

  OBJETIVOS

OBJETIVO GERAL:

Verificar a eficácia e a aplicabilidade da psicoterapia de base reichiana nos

transtornos de ansiedade.  

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

1. Especificar cada tipo de transtorno de ansiedade e diferenciá-los dos demais

transtornos tendo como referências o DSM IV e a CID 10.

2. Testar a eficácia da terapia breve focal de base reichiana durante o processo

terapêutico com o instrumento. de análise cronotrópica do ritmo cardíaco.. .

3. Testar a validação da terapia breve focal de base reichiana no final do processo

terapêutico com o instrumento de análise cronotrópica do ritmo cardíaco.....


 

ANTECEDENTES QUE JUSTIFICAM A PESQUISA

REVISÃO DE LITERATURA

Existem revisões atuais feitas por autores que representam o atual campo das

psicoterapias. A história das psicoterapias sempre foi permeada por descrédito e

sectarismo entre as diferentes escolas até meados do século XX. Entretanto, nos últimos

anos houve um aumento da integração entre as diferentes escolas e maior

reconhecimento por parte da população em geral. “Porém os estudos de eficácia, de

acordo com Seligman, são limitados na avaliação das psicoterapias, considerando que,

na prática clínica, a intensidade e a duração do tratamento são extremamente variáveis

e que se pode utilizar a autocorreção, isto é, quando uma maneira de intervir não tem

efeito, outra pode ser experimentada.” [Artigo de revisão: História recente e perspectivas atuais da pesquisa de resultados

em psicoterapia psicanalítica de longa duração Simone Isabel Jung*Ana Paula Mezacaza Fillippon**Maria Lúcia Tiellet Nunes***Cláudio Laks

Eizirik****]

Em concordância com Seligman, podemos dizer que este projeto intenciona

especificar a prática da psicoterapia através da utilização de uma abordagem clara e

precisa.

O referencial teórico/técnico que adotamos baseia-se no modelo clínico de tratamento

criado por Wilhelm. Reich. Esse modelo antecipa o que chamamos de uma abordagem

corporal. Por princípio teórico, corpo e mente possui a mesma expressão emocional.

Segundo Barreto (ANO):

“Se, à primeira vista podemos imaginar que a noção de corpo em Reich se


assenta no campo médico, vemos que a consideração de uma unidade
funcional, reunindo aspectos psíquicos e somáticos, de seu papel na
constituição da subjetividade humana, de sua abertura às forças sociais, bem
como da base biológica que o anima, sinaliza que não. O corpo reichiano é
algo distinto de um corpo restrito a uma dinâmica interna, fechado para o
mundo e cindido da natureza ainda que produto dela, ou então de um corpo
como agregado de órgãos, tecidos e músculos, reduzido à uma materialidade
imediata. O corpo de Reich é matéria, mas matéria viva e, neste sentido, seu
enfoque é mais biológico que médico, mesmo que este biológico assuma
características peculiares em sua obra”. (Barreto, ANO, p.178)

Por isso pressupomos que o modelo de psicoterapia individual para adultos aplica-se

a utilização de uma medida. Prevê um número total de sessões, número de sessões

semanais e abordagens específicas de acordo com cada CID. Descrição detalhada no

anexo IV.

Essas abordagens foram utilizadas por Reich para fins psicoterápicos desde 1932, e

tem seu uso difundido até o momento atual. Elas nasceram do modelo da análise do

caráter construído pelo autor nas primeiras décadas do século passado.

Reich foi discípulo de Freud na chamada segunda geração, a primeira geração

compreende os primeiros alunos, entre estes podemos citar Alfred Adler e Otto Rank.

Da segunda geração, maior em número de discípulos, fazia parte também Anna Freud.

Na década de 30, Reich se separou da já existente, Sociedade Psicanalítica

Internacional e mergulhou em pesquisas na Noruega. Esses estudos estavam

relacionados à temperatura da pele, à sexualidade e às emoções.

O autor continuou suas pesquisas nos Estados Unidos onde foi morar um pouco

antes da 2ª. Guerra. Foi professor da Universidade de Nova York, médico e

psicoterapeuta bem sucedido com várias obras publicadas até 1955, quando foi

processado pelo FDA e suas obras proibidas. Morreu na prisão em 1957.


Devido a esses trágicos acontecimentos sua obra foi praticamente esquecida até

a chegada da contracultura. Autores ligados a esse movimento como Herbert Marcuse

citam Reich em seus escritos. Neste período, ocorre uma espécie de redescobrimento de

sua obra. Em vários países psicoterapeutas utilizam e adaptam seus métodos.

Reich, na Análise do Caráter propôs um modelo de psicoterapia. Apesar de se

caracterizar como uma das poucas formas de psicoterapia a pressupor um modelo, a

psicoterapia desenvolvida por Reich é uma das mais ignoradas e pouco estudadas em

sua construção teórica/técnica. Cremos que por isso haja tantas apropriações indébitas

de sua obra.

Nossa apropriação aposta numa revisão dos conceitos de Reich que tem a ver

com a psicoterapia e a consequente união de novos conceitos que explicam e clarificam

sua teoria da técnica.

Achamos que podemos integrar ao modelo teórico de Reich o conceito da

propriocepção. Segundo Bateson (2002),

“A world of sense, organization, and communication is not conceivable without


discontinuity, without threshold. If sense organs can receive news only of difference,
and if neurons either fire or do not fire, then threslhold becomes necessarily a feature
of how the living and mental world is put together.”(op.cit., p.XX)
Para Reich existe uma função principal comum a todos os seres humanos: a da

percepção da totalidade do organismo através das pulsações constantes e equilibradas

entre o sistema nervoso simpático (SNS) e o parassimpático (SNP). Chama essa

combinação de pulsação e estas são percebidas através da respiração.

Algumas pesquisas foram realizadas recentemente usando a ioga como modelo.

Gostaríamos de pontuar que a ioga não é uma psicoterapia, mas nos ajuda a formular

hipóteses de trabalho.
Com objetivo de observar os efeitos calmantes da ioga e sua atuação no SNS,

pesquisadores do departamento de psiquiatria do All India Institute of Medical Sciences,

em Nova Déli, liderados por G. Sahasi, em 1989, compararam efeitos da ioga aos do

ansiolítico Diazepam. Ao fim de três meses de pesquisa, os autores descobriram que o

grupo que praticou ioga tinha pontuação significativamente menor em escalas de

ansiedade, reduzindo os sintomas. Tais resultados não foram encontrados no grupo que

havia tomado o medicamento. Em outro estudo que durou nove anos, liderado pelo

pesquisador N. S. Vahia, do departamento de psicologia médica da Seth G.S. Medical

College e do K.E.M. Hospital em Mumbai, na Índia, em 1973, os pesquisadores

observaram a eficácia de técnicas da ioga e de medicamentos ansiolíticos,

separadamente, na redução da ansiedade. Os autores concluíram que o grupo praticante

da técnica apresentou menor índice de ansiedade na escala de Taylor; em alguns casos,

os efeitos da técnica foram mais eficientes na redução dos sintomas que a

clordiazepóxido (ansiolítico) e a amitriptilina (antidepressivo).

Os exercícios com que trabalhamos têm um funcionamento muito semelhante ao dos

relatados no estudo anterior da meditação (Samyáma). As sensações relatadas são muito

aproximadas das reações dos nossos pacientes quando se submetem frequentemente a

exercícios. A diferença básica é que utilizamos exercícios específicos, de acordo com

cada propósito, sintoma e paciente.

A utilização dos exercícios específicos de acordo com os propósitos, sintomas e

pacientes já qualifica essa abordagem como focal.

Os objetivos de qualquer psicoterapia foram sugeridos por Freud. Em 1904, nos

seus artigos técnicos objetivou sua importância. Disse que a terapia precisa remover

amnésias, desfazer repressões e tornar o inconsciente acessível à consciência.Seu


objetivo é o da recuperação clínica do paciente, a restauração de sua capacidade de levar

uma vida ativa e de desfrutar prazer, sem que isto significasse a ausência completa dos

sintomas.

As psicoterapias começaram sendo breves. no inicio da Psicanálise a terapia

utilizada por Freud e seus discípulos eram de curta duração. Em 1910 e 1920 se deu a

inflação da Psicanálise,com o aumento do numero de sessões e do tempo de duração.

Esse fenômeno ficou conhecido como Fenômeno da Inflação da Psicanálise. (Malan D

H La psicoterapia Breve Artes Medicas l983 )

Freud, em 1937 na Analise Terminável e Interminável, propôs que se buscassem


novas técnicas na tentativa de abreviar a Terapia Psicanalítica. Chegou a conclusão que
o inconsciente não é uma estrutura mental, mais uma qualidade mental. Sendo assim
toda análise é interminável, mas a cura ou o controle dos sintomas podem ter um fim.

No final da década de 60 surgiram duas correntes com definição e experimentação


consistentes que são: a Inglesa da Clínica Psicanalítica Tavistock, representada por
Malan, e ° a Argentina que tem como principais representantes Fiorine e Knobel.

A PB é uma intervenção terapêutica com tempo e objetivos limitados. Os objetivos


são estabelecidos a partir de uma compreensão diagnóstica do paciente e da delimitação
de um foco, considerando-se que esses objetivos sejam passíveis de serem atingidos
num espaço de tempo limitado (que pode ser ou não preestabelecido), através de
determinadas estratégias clínicas.

Os principais conceitos que utilizamos são: foco, definido por Malan ‘como o ponto
de convergência das atenções do terapeuta’, o insight cognitivo (Knobel?), que
designa o ponto de vista topográfico como lugar ultimo do processo terapêutico. O Ics
tornado Cs dispara um conjunto de processos que confirmam cognitivamente a
compreensão dos sintomas, seus conflitos e causas.

A terapia reichiana pode ser considerada uma experiência emocional corretiva, por
ser uma experiência completa - cognitiva, emocional, volitiva e motora. Ao cognitivo,
experiência do insight, segue-se o afetivo, em consequência decorre a vontade que leva
a ação ( motor ).

 DESCRIÇÃO DETALHADA E ORDENADA DO PROJETO DE PESQUISA

A TRAJETÓRIA METODOLÓGICA DO ESTUDO

Este estudo constitui-se como uma pesquisa exploratória de campo e terá uma

abordagem quantitativa e qualitativa.

Criamos uma metodologia para medir a eficácia do método utilizado. E acreditamos

que haja maior facilidade de programar essa metodologia nesse formato de psicoterapia

– de base corporal – do em outros modelos baseados no uso da palavra.

Haverá para cada tipo de transtorno mental, dentre o espectro diagnóstico já

mencionados (depressões leves e transtornos de ansiedade) um tempo e um número de

sessões da psicoterapia pré-programados. O diagnóstico será padronizado utilizando

como referencial a CID 10 e o DSM IV.

A metodologia para cada CID abordado também é baseada em exercícios corporais

e respiratórios e manobras terapêuticas. Todos dos procedimentos psicoterapêuticos

serão padronizados, da entrevista à última sessão psicoterápica. Todos os terapeutas

serão treinados pela empresa Neurofocus Psicoterapias.

De início, os terapeutas receberão treinamento para utilizar as seguintes estratégias:

1. Priorizar a exploração dos transtornos atuais;

2. O tratamento dos sintomas;

3. A manutenção da melhora alcançada;

4. O fechamento da psicoterapia;
Esses procedimentos serão confrontados com um modelo de análise cronotrópica do

ritmo cardíaco para comparação dos resultados.

Para aproximação dos objetivos propostos, ela seguirá algumas padronizações:

1. No primeiro encontro do psicólogo com o paciente, este será informado

sobre o todo o procedimento utilizado. Inclusive que uma análise do

ritmo cardíaco será repetida mais duas vezes no decorrer do tratamento,

no meio e no fim.

2. O paciente só participará da pesquisa se assinar o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE (Anexo1).

3. Utilizando o instrumento padronizado M.I.N.I. − Mini International

Neuropsychiatric Interview enfatizaremos os transtornos de ansidade. Os

demais não serão empregados na pesquisa.

4. Não será utilizado o agrupamento F20 a F29 que reúne a esquizofrenia, o

transtorno esquizotípico, os transtornos delirantes persistentes e um

grupo maior de transtornos psicóticos agudos e transitórios.

5. Não será utilizado o agrupamento F30 a F32 onde estão localizados os

transtornos nos quais a perturbação fundamental é uma alteração do

humor ou do afeto, no sentido de uma depressão (com ou sem ansiedade

associada) ou de uma elação.

6. E ainda o item F60 que se caracteriza por transtornos específicos da

personalidade.

7. instrumentos utilizados para especificar os agrupamentos serão:

o MINI,
uma entrevista diagnóstica padronizada breve (aproximadamente 15-30

minutos), compatível com os critérios do DSM-III-R/IV e da CID-10, e

também compatível àquela utilizada na prática clínica e na pesquisa em

atenção primária e em psiquiatria.

8. O paciente será convidado a usar uma faixa peitoral para medir o seu

ritmo cardíaco. Essa faixa é ligada a um programa específico de

biofeedback que medindo o ritmo cardíaco nos dará um modelo de

análise cronotrópica para comparação de resultados.

9. Ainda no primeiro encontro o psicólogo realizará uma entrevista semi-

estruturada com o paciente. As entrevistas semi-estruturadas (Anexo II)

serão guiadas por um roteiro contendo perguntas fechadas. Optamos por

esse tipo de entrevista para permitir “ao entrevistado a possibilidade de

discorrer sobre o tema em questão sem que este se prenda à indagação

formulada” (MINAYO, 2007).

10. Será levada em consideração também uma amostra dos relatos

semiestruturados (anexo III) dos psicólogos, colhida também em três

tempos: início, meio e fim do tratamento. Essa amostra será baseada nos

sentimentos do psicólogo durante a abordagem.

11. O psicólogo se reunirá com a equipe de supervisão da Neurofocus para

avaliação dos testes e obtenção dos primeiros resultados. A proposta do

modelo terapêutico será feita de acordo com a avaliação dos dados.

12. O procedimento anterior será repetido no meio e final do tratamento.

O CENÁRIO DA PESQUISA E OS SUJEITOS


A pesquisa será desenvolvida nos consultórios dos psicólogos treinados pela

Neurofocus Psicoterapias. Esses consultórios, localizados nas cidades de Niterói e do

Rio de Janeiro, funcionam diariamente, durante os cinco dias úteis da semana, doze

horas por dia.

CUIDADOS ÉTICOS

Os pacientes que concordarem em participar serão informados sobre a pesquisa e

assinarão o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido indicando que estão ciente dos

objetivos e da metodologia do estudo, autorizando a utilização dos seus dados. (Anexo

II). A pesquisa será submetida ao Comitê de ética em Pesquisa responsável, de acordo

com a Resolução 196/96, da Comissão Nacional de Saúde (CONEP), visando respeitar

os aspectos éticos e sociais dos participantes. 

A COLETA DE DADOS

Para a coleta de dados serão utilizados os seguintes instrumentos: entrevista

semi-dirigida com roteiro pré-elaborado; análise cronotrópica do ritmo cardíaco através

do (NOME DO EQUIPAMENTO), entrevista diagnóstica padronizada breve utilizando

o M.I.N.I. (Mini International Neuropsychiatric Interview).

Ao final, esses dados serão comparados.

PROCEDIMENTOS EMPREENDIDOS NA ANÁLISE DOS DADOS.

A análise dos dados será feita à partir da integral da área sob a curva de variação

de frequência cardíaca.

BIBLIOGRAFIA
Almeida, F.; Cantal, C.; Junior, Á. (2004) HumanizaSUS - Prontuário transdisciplinar e

Projeto Terapêutico. Ministério da Saúde. Brasília, 2004.

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