Área de atuação dos psicólogos do Brasil e da região Minas Gerais - Espírito Santo.
TABELA 2
Atividades Desenvolvidas %
Seleção de pessoal 38,4
Treinamento 15,9
Recrutamento de pessoal 11,3
Desenvolvimento de recursos humanos 9,7
Função gerencial 4,4
Acompanhamento de pessoal 4,1
Avaliação de desempenho 2,2
Psicoterapia 1,6
Orientação profissional 1,6
Plano de cargos e salários 1,6
Consultoria 1,6
Outras 7,6
Total 100,0
Em Síntese
Fontes Bibliográficas
A decisão de escrever este texto está associada à leitura dos artigos de SPINK (1)
e SAMPAIO (2) nos quais encontrei alternativas para a busca de um referencial teórico
para a Psicologia aplicada ao Trabalho. Desde 1990, tenho atuado como professora das
disciplinas relacionadas a esta área de aplicação da Psicologia, inicialmente no curso de
Pós-Graduação em Educação Tecnológica do CEFET-MG e posteriormente nos cursos
de Graduação e Pós-Graduação em Psicologia da FAFICH-UFMG. Minha preocupação
maior tem sido buscar um referencial teórico para a Psicologia do Trabalho, enquanto a
solicitação contida nas disciplinas que compõem a área tem se consistido em responder à
demanda de preparar os profissionais para um “fazer”tanto no interior das organizações
de trabalho ou nos órgãos de representação dos trabalhadores.
Ao entrar em contato com os dois artigos referidos acima, verifiquei que eles
oportunizam uma reflexão sobre este campo de aplicação da ciência psicológica e
acenam com a possibilidade de se encontrar um encaminhamento para a teoria que
poderá fundamentar os estudos de Psicologia do Trabalho.
Silva (5) também fala de arquitetura social, conceito transespecífico que ela busca
na teoria de Warren Bennis sobre Desenvolvimento Organizacional e vai além dele ao
afirmar:
No mesmo texto, Sampaio (2) menciona o surgimento, nos anos 70, da Escola
Contingencialista, que procura estudar os efeitos do ambiente e da tecnologia no
contexto da organização do trabalho. Admite que desta escola emergiu a pragmática
Administração Estratégica, a partir da qual se observa nova convergência entre a
Sociologia do Trabalho, a Administração e a Psicologia do Trabalho. É neste momento
que o autor faz referëncia ao surgimento da terceira face da Psicologia do Trabalho que,
usando o texto de Lima (6) ele define como :
“uma psicologia que tem como ponto central o estudo e a compreensão do
trabalho humano em todos os seus significados e manifestações.”(Lima,
1993, p.53)
Todas essas observações são procedentes, mas a questão que nos colocamos é:
Onde buscar a fundamentação teórica da Psicologia do Trabalho? Em que
teoria psicológica pode se basear o fazer do psicólogo do trabalho?
É neste sentido que retomamos o texto de Spink (1) segundo o qual a dificuldade
vem do pressuposto original que separa a teoria e a prática no caso da abordagem da
Psicologia aplicada ao campo do trabalho e das organizações. Decorre desta separação a
segmentação da Psicologia em diversos segmentos, o que nega a possibilidade de uma
práxis voltada à compreensão ativa de um mundo social processual. Assim, a visão do
trabalho como reduzido e preso à reprodução do capital, sem opção de análise completa
o círculo, afastando o profissional do acadêmico.
Para Spink (1), “uma aproximação com a psicologia social neste momento da sua
reconfiguração fornece diversas pistas para a reconcepção do campo,
iniciando-se com o reconhecimento de que o campo da Psicologia do
Trabalho é parte do fenômeno trabalho, ele é produto de suas circunstâncias e
não alheio a elas. Entretanto cabe aos psicólogos que militam no campo
organizativo a tarefa mais difícil da legitimação do fenômeno de trabalho e
das formas que a atividade humana assume com o espaço de pesquisa e
produção de conhecimento não sobre o trabalho ou sobre as organizações,
mas sobre a psicologia da vida associativa, a psicologia social - a psicologia.
...Poder, dominação, ideologia, conflito social e de classe não habitam um
espaço próprio alheio à academia; os campos do saber também têm seu
cotidiano.” (Spink, 1996, p.183)
Neste texto, escrito no final dos anos 60, os autores realçam que o estudo das
organizações teria passado por três fases: na primeira, que é a do “enfoque clássico”,
com Taylor, Fayol e outros, elabora-se a teoria da organizacional; na segunda fase,
chamada de “relações humanas”, a partir de Elton Mayo, elabora-se uma teoria da
organização informal. Na terceira fase, realiza-se uma síntese estruturalista das duas
precedentes, encontram-se os teóricos que defendem as posições tradicionais _ os
neoclássicos _ e os representantes da corrente relacionalista _ os psicossociólogos, que
abordaremos adiante.
A Psicossociologia, por sua vez, constitui uma vertente da Psicologia Social, cujo
campo de estudo é constituido pelos grupos e organizações, considerados como
conjuntos concretos que são criados, gerenciados e transformados pelas pessoas e que
servem como mediadores na vida dessas mesmas pessoas. Segundo Marília N.Mata
Machado e Sonia Roedel, na apresentação do texto de Levy (16), o objeto de pesquisa,
reflexão e análise da Psicossociologia é constituído pelas condutas concretas dos
indivíduos, grupos, organizações e comunidades, no quadro da vida cotidiana. A
inovação que a Psicossociologia traz ao campo da Psicologia Social está relacionada ao
seu objeto de estudo e à sua metodologia. O objeto de estudo, diferentemente da maioria
das correntes psicológicas, não é o sujeito abstrato, mas o sujeito concreto, isto é, aquele
ser humano inserido no seu cotidiano, considerado como afetivo, inteligente, mas
também como produtor das condições materiais de sua existência. A metodologia, por
sua vez, começa pela pesquisa-ação e incorpora, em seguida a intervenção
psicossociológica; trata-se de um método de estudo não mais de grupos artificiais, mas
de grupos naturais, no qual o psicossociólogo tem o papel de pesquisador-interventor,
respondendo a uma demanda e adotando a posição de analista e, deste modo, tendo
acesso a processos conscientes e inconscientes que têm lugar nas organizações.