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Edilson Rodolfo Popinsky

Papel do Psicólogo do Trabalho e das Organizações e Sua Relação com a Ética do Trabalho

Licenciatura em Psicologia Social e das Organizações

3º Ano

UniRovuma

Nampula

2021
Edilson Rodolfo Popinsky

Papel do Psicólogo do Trabalho e das Organizações e Sua Relação com a Ética do Trabalho

Licenciatura em Psicologia Social e das Organizações

3° Ano

Trabalho de pesquisa de carácter avaliativo,


realizado no âmbito da cadeira Psicologia do
Trabalho, a ser entregue na Faculdade de
Ciências de Educação e Psicologia.
Leccionado pelo Prof. Doutor Mussa Abacar.

UniRovuma

Nampula

2021
Índice
1. Introdução.................................................................................................................................4
1.1. Objectivos.........................................................................................................................4
1.1.1. Objectivo geral...........................................................................................................4
1.1.2. Objectivos específicos...............................................................................................4
2. Contextualização teórica..........................................................................................................5
2.1. Organização......................................................................................................................6
2.2. Psicólogo organizacional e seu papel dentro da organização...........................................7
3. Relações interpessoais no ambiente de trabalho....................................................................12
4. A metodologia do trabalho do psicólogo organizacional.......................................................14
4.1. Análise do comportamento organizacional.....................................................................15
4.2. Perfil do psicólogo organizacional e sua relação com a ética de trabalho......................17
5. Conclusão...............................................................................................................................19
6. Referências bibliográficas......................................................................................................20
1. Introdução
Falar do papel do psicólogo em si, e de um modo mais generalizado, é abordar também
da própria área de conhecimento, ou seja, é falar da Psicologia. E falar da Psicologia é abordar
sobre temas pertinentes e importantes sobre a mente humana e seus processos, é perceber como
esta funciona e os factores por detrás do seu funcionamento, envolvendo sempre a questão
estímulo-resposta.

Historicamente, vários autores sustentam a ideia de que toda Psicologia surge da


Psicologia Social, ou seja, através do condicionamento – processo de resposta ao estímulo,
objecto ou contexto, o comportamento humano vê-se geralmente influenciado pela convivência
em grupo ou em sociedade.

Este pensamento foi ainda mais desenvolvido ao longo da II Guerra Mundial, quando se
destaca o interesse pelo conhecimento das habilidades e competências humanas para a prática
militar. Entretanto, embora a II Guerra Mundial tenha destacado o desenvolvimento da
Psicologia, foi a Revolução Industrial, um dos principais marcos que influencia o surgimento da
Orientação Vocacional e Profissional, que se preocupava com a criação de estratégias de ajuda
aos adolescentes em suas perspectivas vocacionais, em suas capacidades e interesses, assim
como os seus pressupostos de vida, o que viria a melhorar e controlar o ambiente de trabalho.

Contudo, com base nesta breve história, podemos afirmar que a Psicologia tem carregado
uma enorme responsabilidade, que se espelha também na própria profissão do futuro psicólogo,
desde a promoção e prevenção da saúde até a reestruturação de organizações em termos de
estudo de mercado, a relação entre grupos, entre outros diversos.

1.1. Objectivos

1.1.1. Objectivo geral


 Definir a profissão psicólogo e o seu papel nas organizações.

1.1.2. Objectivos específicos


 Descrever o papel do psicólogo organizacional;
 Entender a relação do psicólogo organizacional com a ética de trabalho.
2. Contextualização teórica
Não há como negar que desde a existência humana, apenas nos períodos actuais surge um
enorme esforço das pessoas em acompanhar as mudanças tecnológicas, ligadas a economia, entre
outras descobertas, exigindo uma busca desesperada para a compreensão dos porquês da busca
da felicidade e motivação que surgem como ajuda aos impasses enfrentados nos momentos
actuais.

Vários estudos virados a área de psicologia organizacional dão base a uma série de
técnicas, metodologias e práticas no apoio à gestão de pessoas, que surge junto a outros
segmentos tradicionais da psicologia, desde o momento que se percebe que o trabalho não só
modifica o ambiente, mas também o próprio ser humano.

Tal como aponta Filho (2003), é difícil falar ou analisar o factor humano nas
organizações sem pensar na questão da identidade. Afinal, quando se pensa em organização, faz-
se referência a uma estrutura em que há relacionamentos humanos desenvolvidos por indivíduos.
Jacques (1996 citado pelo mesmo autor) aponta que no dia-a-dia do trabalho e suas
determinações qualificam o personagem trabalhador e se expressam nas respostas à pergunta
“quem és?”

Uma organização é definida como um conjunto de sistemas envolvendo pessoas, que se


inter-relacionam e inter-influenciam umas com as outras. Portanto, enquanto um potencial
influenciador do comportamento humano, as organizações disponibilizam o trabalho, atribuindo
assim uma identidade social ao homem.

Entretanto, é neste mesmo contexto, onde se exigem capacidades e habilidades


qualificadas para que um indivíduo faça parte da organização, sem deixar de lado os problemas
de saúde e conflitos interpessoais que este possa vir a presenciar futuramente. E, olhando para o
aspecto identidade do individuo, Filho (2003, p. 5) aborda que,

“Olham-se também diversos elementos que podem ser percebidos e que


contribuem para a compreensão do papel do psicólogo, tais como o
sentimento de pertença ao grupo ou à organização; a participação activa
do indivíduo na vida da organização; a identificação do indivíduo com a
organização – a vitória da organização é a sua própria vitória.” (Filho,
2003)
Contudo, é com vista nesta visão que o psicólogo organizacional, munido de ferramentas
e de ideologias da psicologia, auxilia e desenvolve estratégias viradas a redução de situação
conflituosas, de modo a melhorar o ambiente e a qualidade de vida no trabalho.

A psicologia organizacional é a psicologia que actua nas organizações, tais como


empresas, ONG’s, instituições, governo, entre outras. O papel do psicólogo nas organizações é o
de desenvolver estratégias para melhorar o ambiente de trabalho, em geral. Ou seja, o psicólogo
organizacional contribui para a estruturação ou reestruturação da empresa como um todo, desde
o número de funcionários até a faixa salarial de cada um deles.

O papel do psicólogo organizacional é, portanto, imensurável, pois, conforme as tarefas e


o desempenho são exigidos dentro da organização assim como o verdadeiro sentimento de
pertença ao grupo, trazem consigo impactos positivos e negativos sobre o corpo e a mente dos
colaboradores, daí que, o psicólogo intervém com o objectivo de adaptar os efeitos no ponto de
vista de aumentar o bem-estar e a satisfação dos colaboradores e vice-versa.

2.1. Organização
Uma organização é um sistema composto de vários subsistemas, os quais se inter-
relacionam e inter-influenciam de forma que o todo é maior do que a soma das suas partes ou
elementos.

De acordo com Maximiano (1992) uma organização é uma combinação de esforços


individuais que tem por finalidade realizar propósitos colectivos, sendo, por meio desta, a
possibilidade de perseguir e alcançar objectivos que seriam inatingíveis para uma pessoa. Uma
organização pode ser uma empresa ou uma oficina, um laboratório ou o corpo de bombeiros, um
hospital ou uma escola.

Uma organização é, muitas vezes, denominada como um sistema, pois é um conjunto de


unidades relacionadas de maneira funcional, onde as partes reagem como um todo, buscando
sempre um estado de melhor equilíbrio. As partes componentes, ou subsistemas se inter-
relacionam mas não se somam, ou seja, o todo é maior que as partes.

Afirmam-se, ainda, que a alteração de um elemento ou de um subsistema ressoará em


todo o sistema, que poderá ou tenderá a sofrer alterações. Daí que, em um sistema, uma ou
algumas estruturas de relações colaboram para a manutenção do status quo. Ou seja, cada evento
ou comportamento está ligado a muitos outros e, por meio da repetição destes, possibilitará a
formação de padrões característicos constantes que funcionam para equilibrar ou auto-regular o
sistema.

Tal como aponta Chiavenato (1998), uma organização é um sistema de actividades


conscientemente coordenadas de duas ou mais pessoas, a fim de alcançar objectivos específicos.
Onde, o homem é visto como um sistema composto por subsistemas (como o sistema ósseo,
muscular, circulatório, etc.) que, por sua vez, faz parte de sistemas maiores (podendo ser a
família, seu grupo de amigos, o local de trabalho, a comunidade, o país e outros).

Geralmente, um sistema é regido por princípios, a destacar, (1) o princípio de totalidade,


onde os subsistemas reagem conjuntamente como um todo; (2) o princípio de auto-regulação,
baseado na constante movimentação, regulando-se para não se romper e para manter a
identidade; e (3) o princípio de limites, com relação a pouca ou nenhuma permeabilidade e
péssima comunicação a uma boa permeabilidade e comunicação eficaz.

2.2. Psicólogo organizacional e seu papel dentro da organização


Podemos ressaltar que não se fala sobre o psicólogo sem olhar para a área de estudo ou
de formação deste profissional, ou seja, a psicologia. A psicologia organizacional é uma linha de
estudo e aplicação de conceitos da área organizacional, que se preocupa com a observação e
compreensão dos factores que influenciam o comportamento dos colaboradores de uma
organização, com vista na melhoria da qualidade de vida do trabalho, contribuindo para o bem-
estar dos mesmos.

O psicólogo, de forma geral é definido como o especialista ou o profissional que estuda o


comportamento humano junto dos seus processos psicológicos. É o profissional que estuda,
pesquisa e avalia o desenvolvimento emocional e os processos mentais e sociais dos indivíduos,
grupos e instituições. Por sua vez, um psicólogo organizacional é o profissional que dá suporte
aos colaboradores, de maneira a que este se mostre pronto para lidar com os factores ligados a
pressão, responsabilidade em atingir metas, buscando desta maneira, um resultado que alinha
bem-estar da mão-de-obra humana da organização. Ele é um profissional que tem o papel de
“ajudar a organização a pensar”, e com isso ajudar a torná-la capaz de lidar com os problemas
emergentes das mudanças nas relações entre o capital e o trabalho.

Como aponta Maximiano (1992), as organizações são formadas por um conjunto de


pessoas, máquinas e outros equipamentos, recursos financeiros, entre outros. São o resultado da
combinação de todos estes elementos, orientados a um objectivo comum.

Desta forma, uma tarefa sem fim, mas de carácter valioso, investir nas pessoas,
culminando com a valorização do psicólogo, um profissional de Recursos Humanos, que
desenvolve actividades que supram as necessidades da organização e as auxiliem a se tornarem
competitivas e a sobreviverem nesse mercado globalizado, onde o capital humano e a qualidade
total são os pontos-chave para o sucesso organizacional, como afirmam Chiavenato, Silva (2009;
2005 apud Chaves & Nunes, 2010).

Gagno & Venturi (1997) afirmam que o mundo profissional do psicólogo deve-se basear
com a interacção com o seu ambiente de trabalho, ou seja, a organização em si, e não com o
isolamento de seu gabinete. Concluem, ainda, que,

“As organizações actuais precisam de um psicólogo que assuma


responsabilidades e seja competente ao fazer a “leitura” da realidade
organizacional, da multi-determinação dos comportamentos dos
colaboradores, dos factores que mais afectam a motivação dos mesmos,
dos conflitos, da competição pelo poder, das relações interpessoais, das
relações trabalhistas, do comportamento das pessoas e de seu grau de
resistência às mudanças, e que esteja, além disso, sempre atento às
perspectivas teóricas que sustentem sua prática, consciente de seu papel
político dentro da organização, numa constante reavaliação da sua
actuação” (Gagno & Venturi, 1997, p. 46).
Sustentando a visão acima, Mion (2007 cit Chaves & Nunes, 2010, p. 3) afirma que o
mercado actual exige mais da área dos Recursos Humanos e, consequentemente, dos
profissionais desta área, a adquirirem uma mudança de postura em relação aos tradicionais
modelos de antigamente. Recrutar, seleccionar, treinar e avaliar são apenas algumas das
possibilidades de actuação do profissional de Recursos Humanos. Contudo, para se adequar a
essa nova tendência, o profissional deve conciliar diferentes conhecimentos teóricos, antecipar
necessidades e transformar o seu trabalho, que, muitas vezes, é subjectivo em resultados
papáveis para as organizações.
Geralmente, o papel do psicólogo organizacional vê-se, de forma simplicista, ligado
apenas ao processo de recrutamentos, selecção, treinamento e avaliação de novos colaboradores
de uma organização. O psicólogo deve orientar e propiciar um ambiente de trabalho que
promova o bem-estar dos funcionários, a fim de aprimorar o desempenho da organização. Que,
de acordo com Schein (1982), este profissional exerce a funcao de avaliar a organizacao, seu
ambiente e suas equipas de colaboradores, de maneira a identificar possiveis problemas e falhas,
e sugere solucoes para elas.

Entre as funções desempenhadas pelo psicólogo organizacional, Zanelli, Borges-Andrade


& Bastos (2014) e Shein (1982) destacam, as seguintes:

a) Recrutamento, selecção e treinamento

O recrutamento é um conjunto de técnicas e procedimentos que visa a atrair candidatos


potencialmente qualificados e capazes de ocupar cargos dentro da organização, é realizado
sempre de acordo com as necessidades presentes e futuras dos recursos humanos da organização.
É, neste processo, que se elabora e publica-se o anúncio de vagas disponíveis, no qual vários
candidatos se farão dispostos a assumir a vaga, disponibilizando seus currículos, que serão
avaliados pelos psicólogos e gestores de recursos humanos.

Entretanto, para se apurar que as informações sobre os candidatos a vaga contidas nos
currículos são verdadeiras, segue-se a selecção, onde os psicólogos elaboram testes
psicotécnicos, tais como a entrevista, a dinâmica de grupo, entre outros, tarefa cuja qual o
psicólogo poderá identificar quais candidatos são qualificados para ocupar o cargo, de forma a
atender às necessidades da organização, escolhendo assim, o melhor profissional para a vaga.

Outra actividade muito solicitada ao psicólogo organizacional é a de treinamento e


desenvolvimento de pessoal. Actividade necessária tanto para colaboradores novos como para os
já experientes, envolve o aprendizado e desenvolvimento de novas habilidades, obtenção de
novos conhecimentos e modificar atitudes e comportamentos. O treinamento é o acto intencional
de fornecer os meios para proporcionar a aprendizagem. O desenvolvimento de um programa
envolve cinco etapas, a destacar: (1) avaliação das necessidades – determinação de quem precisa
de treinamento e o tipo de treinamento; (2) definir objectivos do treinamento; (3) projectar o
programa de treinamento; (4) a aplicação; (5) a avaliação do treinamento, de modo a certificar-se
de que o objectivo foi atingido.

b) Analisar e desenvolver cargos e administração do pessoal

O psicólogo organizacional é, também considerado como o profissional que define quais


são as responsabilidades e exigências de cada cargo dentro da organização. Não somente, é o
psicólogo quem identifica se existe ou não a necessidade da criação de novos cargos, os
benefícios concedidos e o valor dos salários. Em geral, o psicólogo organizacional é quem dá
atenção a remuneração e ao planeamento de recursos humanos, que são considerados os
principais agentes de motivação e satisfação dos colaboradores.

c) Análise do comportamento e diagnóstico organizacional

O psicólogo organizacional é o profissional que se preocupa com a análise e elaboração


do diagnóstico, tendo em vista a identificar a existência ou não de reestruturação e melhor
integração entre os diversos sectores da organização de maneira a criação de equilíbrio e que se
caminhe na mesma direcção. Preocupa-se, ainda, com a análise de postos de trabalho e suas
rotinas, definição de competências exigidas para cada cargo e alocação e desenho de tarefas;

Ele propõe-se a diagnosticar a cultura e o clima organizacional, a fazer pesquisas sobre


motivação, satisfação, comprometimento e envolvimento no trabalho, assim como,
produtividade, desempenho individual, rotatividade e absenteísmo, tendo em vista a busca de
melhores resultados.

Como afirma Shein (1982), a análise e pesquisa do clima e cultura organizacional, tendo
em conta, que esta é uma das ferramentas estratégicas na gestão de recursos humanos, tem por
objectivo analisar o grau de comprometimento e satisfação dos colaboradores. Segundo o autor,
é importante conhecer os colaboradores e saber como eles se sentem em relação às situações
vividas no dia-a-dia no seu ambiente de trabalho, pois ajudará a incentivar os pontos positivos e
a melhorar os negativos.
a) Zelar pela saúde do trabalhador e promoção da segurança no trabalho

Promover a segurança do trabalho e prevenção de acidentes, programas de ajustamento e


bem-estar, programas de qualidade de vida no trabalho, assistência psicossocial e diagnóstico e
maneio de doenças ocupacionais, do stress no trabalho e síndrome de burnout, surgem como
preocupação com o bem-estar do trabalhador. O intuito é melhorar a qualidade de vida no
trabalho e promover um ambiente de trabalho agradável e saudável (Shein, 1982).

De acordo com o mesmo autor, o psicólogo organizacional deve se preocupar em


proporcionar um ambiente que seja seguro para o colaborador. Desta forma, ele deve conhecer
todos os processos da empresa, identificar possíveis riscos ao trabalhador e orientar sobre o que
fazer para evitá-los.

b) Desenvolver estratégias de orientação pessoal e profissional

Camacho (2016) afirma, que um funcionário pode se sentir desmotivado e se ver a


prejudicar a sua produtividade no trabalho. O psicólogo organizacional deve ser capaz de
identificar quais são as dificuldades enfrentadas pelos colaboradores para, então, poder orientá-
los. Se algo se mostrar como um problema relacionado ao trabalho, o psicólogo deve procurar
estratégias de sanar o problema e incentivar o colaborador no desenvolvimento e busca de novos
conhecimentos para exercer da melhor forma a sua função, ou ainda, crescer na sua carreira,
conquistando novos cargos.

Caso contrário, se o colaborador apresentar problemas sérios de ordem pessoal, o


psicólogo deve encaminhar o colaborador para um psicólogo clínico ou agente especialista na
área, tudo para que o colaborador se sinta valorizado e que possa atingir um equilíbrio pessoal e
profissional, de maneira a que possa adquirir mais produtividade a organização.

Entretanto, Chaves & Nunes (1997) afirmam que um psicólogo integrado com as novas
solicitações da sua profissão deveria buscar, entre outras coisas, tais como:

 Actualizar-se sobre as modernas técnicas de gestão;


 Estar sintonizado com as mudanças sociais que se impõem (como a globalização da
economia);
 Trocar de experiencias profissionais, participando de debates e discussões;
 Conhecer o negócio da organização em que actua;
 Antecipar-se às mudanças;
 Envolver-se no planeamento estratégico;
 Utilizar seus conhecimentos para melhorar a qualidade de vida dos colaboradores da
organização;
 Assessorar a direcção da organização em planear seus recursos humanos;
 Ser criativo;
 Exercer a liderança;
 Ter flexibilidade para a actuação; e,
 Trabalhar as resistências à mudança e os benefícios decorrentes dessa nova situação;

Resumidamente, portanto, deve ser carácter do psicólogo organizacional, repensar sobre


o seu papel profissional e não restringir sua actuação a uma mera reprodução daquilo que
aprendeu na universidade, isto pois, caso não modificar a sua postura, quando alcança posições
de influência em nível decisório, tornar-se-á num profissional dispensável para as organizações e
perderá o espaço já conquistado, ou seja, psicólogo organizacional deve ser um visionário. Ou
seja, actualmente, o psicólogo organizacional cumpre um papel mais político e estratégico, na
elaboração de políticas de recursos humanos, planeamento estratégico, desenvolvimento de
carreiras e planos de sucessos, desenvolvendo equipas, análises e mudanças da cultura
organizacional e qualidade de vida no trabalho. Actuando, assim como o scanner de
identificação de problemas e propondo soluções para problemas que envolvam os recursos
humanos.

3. Relações interpessoais no ambiente de trabalho


Designa-se por relação interpessoal, as relações humanas que ocorrem entre uma pessoa e
outra, ou de membros de um grupo, grupos pertencentes a uma organização, grupo de família,
etc. De acordo com a EEEP, as relações humanas existem desde os primórdios da raça humana,
ou seja, é, o homem, uma unidade social, então, as relações humanas se fazem presentes onde
aconteça a acção humana. Tal como aponta Carvalho (2009),

“O relacionamento inicia com o primeiro convívio, as prévias sensações


expõem noções que colaboram ou que causam danos à relação, e nessa
situação o desdobramento é definido pela comunicação, e pela linguagem
que os sentimentos, críticas e elogios são manifestados, fomentando a
intimidade entre as partes.” (Carvalho, 2009 apud Miranda, 2018).
Para este autor, os seres humanos são seres sociais que precisam viver em conjunto e
interagir com outras pessoas, para assim haver uma troca de saberes e descobertas. E, portanto,
para se relacionar, o ser humano depende do convívio social. Geralmente, as relações
interpessoais começam sempre por meio do processo de troca de informações, ou seja, a
comunicação.

No ambiente de trabalho, as relações interpessoais podem ser percebidas como a união de


vários indivíduos dentro do ambiente corporativo. Sendo, muitas vezes, desenvolvida por
colaboradores ou profissionais que trabalham na mesma organização ou façam parte de uma
mesma equipa. Tal como aponta o psicólogo Marcelo Tozato citado por Mendes (2021),

“O relacionamento interpessoal no ambiente de trabalho, normalmente


ocorre em organizações de médio e grande porte, em função do maior
número de pessoas que integram um sistema de trabalho. As pessoas
costumam se aproximar por empatia, factor importante para o
relacionamento interpessoal no trabalho e também para a colocação do
indivíduo no mercado.” (Tozato apud Mendes, 2021).
Contudo, é por meio das relações interpessoais no trabalho, que os profissionais
conseguem, de forma facilitada, mais feedback honesto, apoio durante os momentos de crise,
uma melhor divisão das tarefas de trabalho e melhora do clima organizacional.

Vale ressaltar que, enquanto um processo de socialização, as relações interpessoais, seja


no ambiente de trabalho ou num sentido social, advêm de diversos factores. Tal como afirma
Chanlat (1993), as relações interpessoais se desenvolvem em decorrência dos processos de
interacção, que corresponde às situações de trabalho compartilhadas por duas ou mais pessoas, as
actividades colectivas e pré-determinadas a serem executadas, bem como interacções e
sentimentos recomendados, tais como a comunicação, cooperação, respeito, amizade e, entre
outros factores que vão desde o auto-conhecimento, amor-próprio, tolerância e empatia. E, à
medida que tais actividades e interacções prosseguem, os sentimentos despertados podem ser
diferentes dos indicados inicialmente e, inevitavelmente, os sentimentos positivos de simpatia e
atracão provocarão aumento da interacção e cooperação repercutindo favoravelmente nas
actividades que, consequentemente gerarão maior produtividade.
Portanto, torna-se importante fazer a abordagem e investir no aspecto das relações
interpessoais nas organizações, pois permite a existência de equilíbrio para com todos, de
maneira a que se possam criar condições de as pessoas sentirem-se parte da organização,
focalizando, ainda, o papel do psicólogo organizacional, permitindo que os colaboradores
possuam metas e objectivos em comum, pois é com base no comportamento e clima
organizacional que são constituídos pelas diferentes possibilidades de perceber o outro num
conjunto de comunicações e inter-relação.

4. A metodologia do trabalho do psicólogo organizacional


De acordo com a Colectânea da Conexão Psi (2004-2007) a forma de conduzir os
negócios de uma determinada organização tornando-a parceira e co-responsável pelo
desenvolvimento social. Assim, accionistas, colaboradores, prestadores de serviços,
fornecedores, consumidores, comunidade, governo e o meio ambiente tornam-se fundamental da
organização ao decidir suas acções.

De acordo com autores Abreu & Melo (2019) com tantas transformações sociais,
políticas, económicas e tecnológicas, desde o final do século XVIII, passando pelo advento da
internet em meados do século XX e mais recentemente, com o impacto da tecnologia digital
“mobile” no mundo dos negócios, surge também a necessidade de se inventar novas formas de
experimentar o tempo e o espaço, as relações do homem com o trabalho junto dos seus
contextos, que agora, primam menos pela tradição, mais pela mobilidade e velocidade. Com isso,
os autores sustentam ainda, que

“Há sempre dúvidas se o que se está a fazer é o certo, o adequado, o


melhor, o mais actual, o que é mais eficiente. Há sempre dúvidas! Persiste
uma sensata angustiante de que nada basta e por mais que se faça, há
necessidade de mais algo novo, algo a ser construído, de preferência
rápido e de muito boa qualidade.” (Abreu & Melo, 2019).

Com base nos mesmos autores, é neste cenário actual, que o contexto organizacional tem
uma grande justificativa a inserir psicólogos organizacionais como parte de uma equipa
interdisciplinar, pois, a participação deste profissional se mostra fundamental para que se
construa não somente o diálogo, mas também acções que aglutinem diferentes e complementares
saberes e práticas com vista ao alcance de objectivos compartilhados diante de cenários tão
desafiadores. Para tanto, é esperado que psicólogos do trabalho e organizacionais desenvolvam
competências que lhes permitam a capacidade de fazer a leitura e a situação estratégica na
organização, a exemplos,

“Processos de trabalho, ter consciência das atribuições individuais e das


unidades, nem como articular visão, missão, valores, metas e estratégias
organizacionais. A partir desses saberes, são possíveis acções como
aumentar a capacidade estratégica, consolidar predisposicoes para
mudança e fortalecer a formação de equipas de alto desempenho.” (Zanelli
et al. 2014 up Abreu & Melo, 2019).
O psicólogo organizacional é o profissional que se preocupa com o estudo do
comportamento humano enquanto subsistemas pertencentes a uma organização. Portanto, como
já é por nós sabido, o comportamento é o resultado da interacção entre o organismo e o seu
ambiente (incluindo o ambiente social), na qual os dois elementos da relação interagem
dinamicamente, modificando continuamente um ao outro.

De acordo com Franceschini (2009), ao se tratar do estudo do comportamento, os


psicólogos organizacionais que actuam dentro das organizações se propõem a analisar o
comportamento organizacional, daí, que, a definição de “organização” deve-se mostrar clara
antes que se faça uma análise do comportamento organizacional.

4.1. Análise do comportamento organizacional


Como objecto de estudo, o comportamento é, para os psicólogos organizacionais como
as respostas emitidas pelos organismos e suas consequências, pois, indica que a selecção de
comportamentos pelas suas consequências é um mecanismo causal válido e rigoroso capaz de
explicar uma infinidade de actividades humanas, desde uma simples interacção verbal entre duas
pessoas até o planeamento de políticas públicas (Martone & Todorov, 2005 apud Franceschini,
2009).

De acordo com a mesma autora, qualquer análise funcional do comportamento deve


compreender tanto o comportamento de indivíduos em organizações quanto o comportamento de
organizações enquanto entidades funcionais. Uma organização é, de forma geral, constituída por
um grupo de pessoas que desempenham tarefas que resultam em produtos particulares, de forma
que toda a organização será definida pelo que produz (Glenn & Mallot, 2005 citados pela mesma
autora). A análise comportamental feita por um psicólogo organizacional será o entrelaçamento
formado pelo comportamento de múltiplos indivíduos e seus produtos.

A metodologia de trabalho do psicólogo organizacional ou a preocupação com a gestão


de pessoas surge da própria Psicologia do Trabalho e das Organizações. Ou seja, a visão de que
“os indivíduos devem se adaptar à tarefas mais adequadas às suas características pessoais
perpassam a história da humanidade, daí que se consolida como a primeira forma de pensar e
agir em gestão de pessoas na Psicologia. Desta forma, ao psicólogo caberia uma intervenção
técnica visando o bom funcionamento do sistema, sem envolvimento com questões estratégias,
que não fariam parte do seu rol de atenção e acção.

Entretanto, para se começar a fazer a análise do comportamento organizacional, o


ambiente organizacional deve obrigatoriamente dividir com o colaborador a posição de objecto
de estudo. Franceschini (2009) dispõe que diante de um esquema descritivo de uma estrutura
organizacional, um psicólogo ou analista organizacional tenderá a usar ferramentas conceituais
disponíveis, tais como, a identificação de esquemas de reforço ou de punição vigentes no
ambiente de trabalho, as variáveis que controlam o comportamento dos colaboradores ou as
condições culturais e estratégias que determinaram tal estrutura. Este trabalho dependeria de uma
observação directa das contingências em acção no local de trabalho, desde a relação do
colaborador com as regras da organização, assim como sua relação do colaborador junto dos seus
pares.

Portanto, como todos os componentes de uma relação no trabalho surgem como resultado
da interacção do colaborador com o ambiente, ambos permeados pela cultura, é necessário que
analisar todos os componentes desta relação para planear uma intervenção eficiente: organismo
(colaborador), ambiente (social e físico) e cultura (sociedade e momento histórico). Ou seja,
devido a dinâmica organizacional, o psicólogo ou analista comportamental pode começar por
seleccionar pessoas e avaliar se as historias contadas por elas, de verdade, as orienta para o cargo
ou posição a ocupar.
4.2. Perfil do psicólogo organizacional e sua relação com a ética de trabalho
O psicólogo organizacional é um profissional que conta com conhecimentos e
habilidades que ajudam a seleccionar, desenrolar, reter e gerir o talento nas organizações. Ele é
um agente que se preocupa com a melhoria do rendimento e qualidade do ambiente de trabalho.

Um psicologo organizacional, geralmente apresenta um perfil de competências


categorizadas em recursos de personalidade (autocontrole, auto-estima, empatia, relações
interpessoais e adaptabilidade); recursos intelectuais (inteligência, atitude verbal, atitude
numérica, critério e sentido comum e pensamento analítico); competências gerais (orientado ao
serviço e aos resultados, planifica e organiza, trabalha em equipa e possui ética e descrição);
competências específicas (habilidades de comunicação, criatividade, toma decisões, soluciona
conflitos, pode desempenhar um papel de líder, cria impacto e influencia); funções (avalia,
diagnostica, dá intervenção, investiga, luta pela prevenção e promoção e é um bom docente) e
especialidades de área (marketing e comportamento do consumidor, saúde ocupacional,
responsabilidade social e comportamento organizacional).

No que diz respeito a ética, vários autores afirmam a dificuldade de definir a ética sem
enquadrar os diversos conceitos que se encontram intimamente associados, sendo o primeiro a
atitude, à postura ou ao modo, definido como uma predisposição para responder de forma
favorável ou desfavorável a um objecto, pessoa ou instituição.

A ética, num sentido geral pode possuir várias definições e possuir variadas categorias,
entretanto, o trabalho em questão, tem em vista a ética do trabalho, principalmente com a ética
do trabalho do psicólogo.

Camargo (1999 apud Passos, 2007) define ética profissional como um conjunto de
normas morais pelas quais um indivíduo deve orientar seu comportamento profissional. Sendo
esta importante em todas as profissões, assim como para todo o ser humano, com o objectivo de
que todos possam viver bem em sociedade. De acordo com o mesmo autor,

“A ética profissional é a aplicação da ética no campo das actividades


profissionais; a pessoa tem que estar imbuída de certos princípios ou
valores próprios do ser humano para vivê-los nas suas actividades de
trabalho.” (Camargo, 1999 apud Passos, 2007).
De acordo com Bock, Furtado, Teixeira (1999 apud Lipert, Araújo & Gonçalves) toda a
profissão é regida por um código de ética. É, por meio deste manual que os psicólogos se
baseiam e direccionam suas condutas como profissionais. Sustentam, ainda, que o manual aponta
alguns princípios fundamentais da carreira de psicólogo, a destacar:

 O psicólogo baseará o seu trabalho no respeito à dignidade e integridade do ser humano;


 O psicólogo trabalhará visando promover o bem-estar do indivíduo e da comunidade,
bem como a descoberta de métodos e praticas que possibilitem a consecução desse
objectivo;
 O psicólogo, em seu trabalho, deve procurar sempre desenvolver o sentido de sua
responsabilidade profissional através de um constante desenvolvimento pessoal,
cientifico, técnico e ético;
 A actuação profissional do psicólogo compreenderá uma análise crítica da realidade
política e social;
 O psicólogo estará a par dos estudos e pesquisas mais actuais de sua área, contribuirá
pessoalmente para o progresso da ciência psicológica e será um estudioso das ciências
afins;
 O psicólogo, no exercício de sua profissão, completará a definição de suas
responsabilidades, direitos e deveres, de acordo com os princípios estabelecidos na
Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada em 10/12/1948 pela Assembleia
das Nações Unidas (ONU).
5. Conclusão
Falar sobre o papel do psicólogo organizacional e sua relação com a ética do trabalho é
relacionar as actividades deste profissional junto da sua área de conhecimento, a Psicologia. A
sobrevalorização do ser humano enquanto mão-de-obra organizacional começou a ser tema de
destaque há não muito tempo.

Quando se percebe que o ser humano é uma peça chave para a produtividade
organizacional, surge também a necessidade de o ver como um ser social, e que procura o
trabalho como forma de adquirir identidade, e também para o seu sustento.

Com o surgimento da Psicologia, especificamente a Psicologia Industrial ou do Trabalho,


sugeriu-se uma nova perspectiva de o que o ser humano representa para a organização tocando-
se muito sobre o aspecto humano sempre virado para o seu bem-estar, assim como com a
qualidade de vida do trabalho.

O psicólogo organizacional é um profissional, que munido de ferramentas, ajuda as


organizações a entender o quanto o factor humano influencia bastante na produtividade das
organizações, concluindo que com o bem-estar e qualidade de vida satisfatórios, os
colaboradores de uma organização farão o seu trabalho de forma segura e sem impasses. A
preservação, promoção e prevenção da saúde do colaborador é um aspecto preponderante. Com
isso, ocorre uma melhora na eficácia da organização como uma totalidade.

Portanto, conclui-se, ainda, que o trabalho do psicólogo organizacional é amplo e que


com o tempo, o psicólogo organizacional foi-se distanciando da análise do indivíduo e passou a
enxergar a organização como um todo (o comportamento organizacional).
6. Referências bibliográficas
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possibilidades de actuação do psicólogo nas organizações. PePSIC, Goiânia, 2019.
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