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Cleonise Vânia Geraldo Sampareia

Guiardácio César Bruno Chaleque


Glória Adriano
Izilda Cipriano
Juliana Faustino Cuessene

Desenvolvimento Sustentável em Moçambique


Licenciatura em Antropologia

(1º Ano)

Universidade Rovuma
Nampula
2022
Cleonise Vânia Geraldo Sampareia
Guiardácio César Bruno Chaleque
Gloria Adriano
Izilda Cipriano
Juliana Faustino Cuessene

Desenvolvimento Sustentável em Moçambique


Licenciatura em Antropologia

(1º Ano)

Trabalho de pesquisa de carácter avaliativo,


realizado no âmbito da cadeira Moçambique
Contemporâneo, a ser entregue na Faculdade
de Ciências Sociais. Leccionado pela MA
Elton das Neves Sinalo.

Universidade Rovuma
Nampula
2022
Índice

1. Introdução............................................................................................................................ 4
1.1. Objectivos .................................................................................................................... 4
1.1.1. Objectivo geral ..................................................................................................... 4
1.1.1. Objectivos específicos .......................................................................................... 4
2. Contextualização teórica ..................................................................................................... 5
2.1. Sustentável e desenvolvimento sustentável ................................................................. 5
2.2. Princípios do desenvolvimento sustentável ................................................................. 7
2.2.1. Sustentabilidade social ......................................................................................... 7
2.2.2. Sustentabilidade económica ................................................................................. 8
2.2.3. Sustentabilidade ambiental ................................................................................... 8
2.3. Objectivos do desenvolvimento sustentável .............................................................. 10
2.4. História, posição geográfica caracterização ecológica e socioeconómica de
Moçambique ......................................................................................................................... 11
2.4.1. Desenvolvimento sustentável em Moçambique ................................................. 12
3. Conclusão .......................................................................................................................... 16
4. Referências bibliográficas ................................................................................................. 17
1. Introdução

Diversos autores e comissões abordam sobre o desenvolvimento, levando em conta a


sua vasta diversidade de objectivos que fazem jus a progressão de estratégias de evolução do
bem-estar humano.

O desenvolvimento pode muitas vezes ser definido como sinónimo de crescimento, de


progresso, de dinamismo, de transformação, ou ainda, evolução. Desenvolvimento é um todo
onde encontramos diversas características relativas a mudança.

Contudo, podemos conceituar o desenvolvimento sustentável como o termo que


exprime a relação entre o crescimento económico, a conservação ambiental e a preocupação
social. Ou seja, o desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento capaz de suprir as
necessidades da geração actual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades
das futuras gerações. É um desenvolvimento que se propõe a conservar recursos para o futuro.

1.1. Objectivos
1.1.1. Objectivo geral
 Definir e mencionar os princípios do desenvolvimento sustentável

1.1.1. Objectivos específicos


 Identificar os objectivos do desenvolvimento sustentável fazendo jus sobre o plano
estratégico de desenvolvimento de Moçambique.
2. Contextualização teórica
2.1. Sustentável e desenvolvimento sustentável
Para que se possa alcançar o desenvolvimento sustentável, geralmente, os países
vêem-se na responsabilidade de planear estratégias e reconhecer de que os recursos naturais
nele presentes são finitos.

Tal como afirma Cândido (2010), o actual modelo de crescimento económico gerou
enormes desequilíbrios; se, por um lado nunca houve desenvolvimento e prosperidade, por
outro lado, a miséria, a degradação ambiental e a poluição aumentam dia-a-dia. Diante desta
constatação, surge a ideia do Desenvolvimento Sustentável, buscando conciliar o
desenvolvimento económico com a preservação ambiental e, ainda, o fim da pobreza.

O conceito de desenvolvimento sustentável é muitas vezes confundido com


crescimento económico, que depende muito do crescente consumo de energia e recursos
naturais. Ou seja, este tipo de desenvolvimento tende a ser insustentável, pois leva ao
esgotamento dos recursos naturais dos quais a humanidade precisa.

Segundo Carvalho et al. (2015), o conceito de desenvolvimento sustentável (DS) teve


sua origem a nível mundial no relatório de Brundtland em 1987, como fruto de análises
coordenadas pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, criada em
1983 pela Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), com o propósito de desenvolver o
crescimento económico e superar a pobreza dos países desenvolvidos e dos países em
desenvolvimento.

De acordo com este relatório na visão de Cândido (2010), há só uma terra, mas não
um só mundo. Mesmo assim, cada comunidade, cada país luta pela sobrevivência e pela
prosperidade quase sem levar em consideração o impacto que causa sobre os demais.

O Relatório de Brundtland, Nosso Futuro Comum, em muito contribuiu para impor a


referência ao desenvolvimento sustentável como um novo elemento semântico da linguagem
internacional e como elemento de focalização dos trabalhos dos peritos das organizações
internacionais (Hatem apud Godard, 1997 in Carvalho et al., 2015).

O desenvolvimento sustentável representa uma nova forma de desenvolvimento


económico, que leva em conta o meio ambiente e as pessoas nela inseridas. É um
desenvolvimento que pressupõe que os recursos são finitos, daí que se planeiam estratégias e
mecanismos com vista a conservar estes recursos para as gerações vindouras.
Vele destacar, porém, que este conceito é muito complexo de definir, daí que, Mendes
(2016) conclui que, os conceitos de “desenvolvimento sustentável” e “desenvolvimento”
devem ser interpretados como sinónimos, ou seja, sempre que o conceito “desenvolvimento”
seja referido, estar-se-á implicitamente a falar de desenvolvimento sustentável; e que a
definição completa de desenvolvimento sustentável engloba, por defeito, os seguintes
aspectos:

i. O reconhecimento da interactividade e complementaridade entre três


sistemas: o sistema económico, ambiental e social;
ii. A assunção (assumir) de que o ambiente produz stocks e gera fluxos
de bens e de serviços naturais diferenciados que são, na maioria dos
casos, insubstituíveis ou dificilmente substituíveis pela actividade
humana: bens estes que podem ser de diversos tipos e podem ser
usados e usufruídos quer pela economia quer pela sociedade, quer
directa ou indirectamente;
iii. O reconhecimento de que o ambiente está limitado fisicamente;
iv. A satisfação das necessidades básicas das populações e a promoção
da sua qualidade de vida;
v. A assunção (assumir) de que a satisfação das necessidades da
população e promoção da qualidade de vida não depende apenas do
consumo/usufruto de bens e serviços, transacionados ou não em
mercados, depende também quer da qualidade do sistema ambiental e
da sua capacidade de regeneração, quer de um sistema social coeso,
sólido, respeitador da paz, da liberdade de escolha, capaz de gerar
justiça, igualdade, de garantir o respeito pelo ser humano e de gerar
um conjunto de serviços ligados à educação, saúde, infra-estrturas,
arte e cultura (Mendes, 2016, p. 44).
Sob ponto de vista da autora, só existirá desenvolvimento sustentável quando todos
estes aspectos acima descritos forem geridos em prole do bem-estar das populações, no
presente e no futuro. Junto a esses factos, afirmou, ainda, que a conceituação de um “ambiente
sustentável”, do “desenvolvimento social”, “desenvolvimento económico” “desenvolvimento
socioeconómico”, ou ainda, “desenvolvimento socio-ambiental”, também devem ser
interpretados como sendo referências a componentes parciais do desenvolvimento sustentável,
sem, no entanto, serem confundidos com a definição de desenvolvimento sustentável.

Portanto, o termo sustentabilidade refere-se à gestão do stock de recursos naturais e


dos fluxos de serviços ambientais. Neste sentido, só é sustentável quando a gestão é feita com
base no reconhecimento da existência de limitações físicas do sistema ambiental, as quais
enquadram irremediavelmente a satisfação das necessidades e das expectativas dos seres
humanos. Ou seja, o desenvolvimento sustentável se trata do uso racional dos recursos
naturais em prole do bem-estar social, garantindo o crescimento económico necessário para
suprir as necessidades do presente e as necessidades das futuras gerações (Carvalho et al.,
2015).

Em Moçambique, este conceito vem sendo atribuído como plano de estratégias do


Governo, ou seja, a implementação da Estratégia Nacional de Desenvolvimento (ENDE)
aprovado em 2015. Com base nesta estratégia, o governo moçambicano pretende avaliar o
crescimento da economia entre os anos de 2015 a 2035. Todavia, este instrumento ainda passa
sob revisão do ministro das finanças e outros quadros académicos com previsão para o seu
término em Maio de 2022, última proposta do documento do Governo que será submetida à
avaliação pela Assembleia da República (Jornal O País).

De acordo com a fonte acima referida, para o Governo, a revisão da estratégia é para
responder ao surgimento de novos paradigmas de desenvolvimento, com formas novas de
trabalho, novas tecnologias e, acima de tudo, envolver os sectores produtivos na tomada de
decisões.

2.2. Princípios do desenvolvimento sustentável

Como descritos anteriormente, o desenvolvimento sustentável está envolto a três


principais princípios, a destacar, o principio económico, ambiental e social. Estes princípios
sustentam o conceito do termo desenvolvimento sustentável, que indica a promoção do
crescimento económico baseado no respeito ao meio ambiente e na melhoria da qualidade de
vida da população. Neste sentido, para se desenvolver de forma sustentável, uma nação deve
atuar de forma que esses três princípios coexistam e interajam entre si de forma plenamente
harmoniosa.

Contudo, a divisão desses princípios permeia a importância de cada uma dessas


grandes áreas para o alcance do desenvolvimento sustentável e, ainda, a necessidade de que
exista um trabalho conjunto, para que os diferentes princípios sejam desenvolvidos de
maneira a suscitar a igualdade, em prole de um objectivo maior, ou seja, o desenvolvimento
sustentável.

2.2.1. Sustentabilidade social


Trata-se de todo capital humano que está direta ou indiretamente relacionado às
atividades desenvolvidas, geralmente sob ponto de vista consensual entre o governo e seus
governados.
Desenvolver acções socialmente sustentáveis vai muito além de, por exemplo, dar
bons salários aos funcionários, redução de custos de bens e serviços de primeira necessidade,
tais como, transporte e alimentação. Deve-se proporcionar um ambiente que estimule a
criação de relações de trabalho legítimas e saudáveis, além de favorecer o desenvolvimento
pessoal e coletivo da direta ou indiretamente envolvidos.

Este princípio explica que o governo deve estar em constante ligação com a
população, deste modo, este órgão saberia quais as necessidades que os cidadãos enfrentam e,
procurar agir de forma consensual a identificar estratégias e mecanismos viáveis para a
satisfação das necessidades humanas.

2.2.2. Sustentabilidade económica


Para que uma nação ou órgão seja economicamente sustentável, deve ser capaz de
produzir, distribuir e oferecer seus produtos ou serviços de forma que estabeleça uma relação
de competitividade sem, no entanto, ter que esgotar as suas reservas. É necessário que se faça
um planeamento estratégico que proponha a maneira correcta de administrar os recursos, e a
distribuir de maneira igualitária (justiça).

Além disso, seu desenvolvimento económico não deve existir às custas de um


desequilíbrio nos ecossistemas a seu redor. Se existe lucratividade em meio a exploração da
dura mão-de-obra dos cidadãos, ou as más condições de trabalho dos funcionários ou a
degradação do meio ambiente da área à sua volta, por exemplo, definitivamente não haverá
desenvolvimento económico sustentável, pois existe falta de harmonia nas relações
estabelecidas. Ou seja, em caso de lucratividade na exploração de recursos naturais, é
importante que o governo crie condições favoráveis aos seus concidadãos, de maneira a suprir
as suas necessidades, impulsionando na qualidade de vida.

2.2.3. Sustentabilidade ambiental


Considerando o meio ambiente como um factor condicionante do crescimento
económico e parte integrante para o desenvolvimento sustentável, na medida em que se deve
promover a sua preservação para que as gerações futuras também o possam usufruir. Oliveira
(2004 apud Cândido, 2010), afirmam que

Durante vários séculos, o meio ambiente foi visto como uma fonte
supridora de matéria-prima para as actividades económicas.
Acreditava-se que os recursos naturais eram inesgotáveis, e que o
crescimento económico poderia continuar nas mesmas proporções
sem preocupar-se com os stocks de recursos. Num passado não muito
distante, a economia renegava a questão ambiental, actualmente,
diante dos efeitos negativos cada vez mais visíveis, causados pelas
actividades económicas ao meio ambiente, esta tem incorporado as
variáveis ambientais como dimensão importante dos modelos
económicos vigentes.

Segundo a mesma autora, países desenvolvidos e em vias de desenvolvimento sentem-


se ameaçados pelo ambiente; enquanto que os países desenvolvidos se mostram preocupados
com a escassez de recursos, países em vias de desenvolvimento, reivindicam o seu momento
de crescimento económico.

A problemática da sustentabilidade assume neste novo século um papel central na


reflexão sobre as dimensões do desenvolvimento e das alternativas que se configuram. Este
quadro, socio-ambiental, revela que o impacto dos humanos sobre o meio ambiente tem
gerado consequências cada vez mais complexas, tanto em termos quantitativos quanto
qualitativos. Ou seja, a exploração dos recursos naturais presentes no ambiente, podem gerar
um crescimento económico aos seus portadores, assim como, gerar poluição e degradação
ambiental.

Tal como afirma Mendes (2008 apud Carvalho et al., 2015), o crescimento é crucial se
quisermos satisfazer as necessidades humanas, porém existem limites e obstáculos que devem
ser mensurados, pois o “x” da questão está em determinar que tipo de crescimento é
necessário para atender as necessidades humanas.

Portanto, com a deterioração dos valores naturais do planeta e o aumento da poluição,


a humanidade começa a se ver ameaçada, no que diz respeito aos seus mais primários direitos,
ou seja, o direito à existência. Desta forma, estabelece-se a tomada de consciência da relação
directa entre a vida, qualidade, saúde e ambiente.

Como afirma Cândido (2010), é neste principio que se começa então a ver uma maior
produtividade legislativa e conventual de proteção dos recursos naturais, tendo o direito
surgido como um meio de combate à poluição, privilegiando-se uma intervenção de caracter
sancionatório. Daí que, é comum observar-se que tanto as nações quanto organizações do
ramo da exploração de recursos têm adoptado medidas mitigatórias, como, por exemplo,
promover acções de plantio de árvores após a emissão de gases poluidores, como se uma
coisa compensasse a outra.
2.3. Objectivos do desenvolvimento sustentável
De acordo com Mendes (2012), em 1995, a Conferencia das Nações Unidas para o
Desenvolvimento Sustentável aprovou um conjunto de objectivos de desenvolvimento
sustentável como referência para os países em vias de desenvolvimento.

A 1 de janeiro de 2016, entrou em vigor a resolução da Organização das Nações


Unidas (ONU), intitulada “Transformar o Nosso Mundo: Agenda 2030 de Desenvolvimento
Sustentável”, constituída por 17 objectivos, que foi aprovada pelos líderes mundiais, a 25 de
setembro de 2015 (Unric, 2016).

De acordo o antigo secretário-geral da ONU Ban Ki-Moon, “os 17 Objectivos de


Desenvolvimento Sustentável (ODS) são a visão comum para a humanidade e um contracto
social entre os líderes mundiais e os povos” – é uma lista das coisas a fazer em nome dos
povos e do planeta, e um plano para o sucesso (Unric, 2016).

 Erradicar a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares;


 Erradicar a fome zero, alcançar a segurança alimentar, melhorar a nutrição e promover
agricultura sustentável;
 Garantir acesso à saúde de qualidade e promover o bem-estar para todos, em todas as
idades;
 Garantir acesso à educação de qualidade e equitativa, e promover oportunidades de
aprendizagem ao longo da vida para todos;
 Alcançar a igualdade de género e empoderar todas as mulheres e raparigas;
 Garantir a disponibilidade e a gestão de água potável e do saneamento para todos;
 Garantir o acesso a fontes de energias fiáveis, sustentáveis e modernas para todos;
 Promover o crescimento económico inclusivo e sustentável, o emprego pleno e
produtividade e trabalho decente para todos;
 Construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização sustentável e e
inclusiva e fomentar a inovação;
 Reduzir as desigualdades no interior dos países e entre os países;
 Tornar as cidades e comunidades inclusivas, seguras, resilientes e sustentáveis;
 Garantir padrões de consumo e de produção sustentáveis;
 Adoptar medidas urgentes para combater as alterações climáticas e os seus impactos;
 Conservar e usar de forma sustentável os oceanos, mares, recursos marinhos para o
desenvolvimento sustentável;
 Proteger, restaurar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de
forma sustentável as florestas, combater a desertificação, travar e reverter a
degradação dos solos e travar a perda da biodiversidade;
 Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável,
proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes,
responsáveis e inclusivas a todos os níveis;
 Reforçar os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o
desenvolvimento sustentável.

2.4. História, posição geográfica caracterização ecológica e socioeconómica


de Moçambique

Moçambique, oficialmente designado como República de Moçambique, é um país


localizado no sudeste do continente Africano, banhado pelo oceano Índico, com um clima
tropical, a leste e que faz fronteira com a Tanzânia ao norte; Malawi e Zâmbia a noroeste;
Zimbábue a oeste e Essuatíni e África do Sul a sudoeste. A capital e maior cidade do país é
Maputo, anteriormente chamada de Lourenço Marques, durante o domínio português.

Entre o primeiro e o século V, povos bantos migraram de regiões do norte e oeste para
essa região. Portos comerciais suaílis e, mais tarde, árabes existiram no litoral moçambicano
até a chegada dos europeus. A área foi reconhecida por Vasco da Gama em 1498 e em 1505
foi anexada pelo Império Português. Depois de mais de quatro séculos de domínio português,
Moçambique tornou-se independente em 1975, transformando-se na República Popular de
Moçambique pouco tempo depois. Após dois anos de independência, o país mergulhou em
uma guerra civil intensa que durou de 1977 a 1992, e no ano de 1994, o país realizou as suas
primeiras eleições multipartidárias e manteve-se como uma república presidencial
relativamente estável desde então.

Moçambique é dotado de ricos e extensos recursos naturais. A economia do país é


baseada principalmente na agricultura, mas o sector industrial, principalmente na fabricação
de alimentos, bebidas, produtos químicos, alumínio e petróleo, está crescendo. O sector de
turismo do país também está em crescimento. Desde 2001, a taxa média de crescimento
económico anual do produto interno bruto (PIB) moçambicano tem sido uma das mais altas
do mundo. Entretanto, as taxas de PIB per capita, índice de desenvolvimento humano (IDH),
desigualdade de renda e expectativa de vida de Moçambique ainda estão entre as piores do
planeta, daí que a Organização das Nações Unidas (ONU) considera Moçambique um dos
países menos desenvolvidos do mundo.

De acordo com Cândido (2010), em Moçambique existe um vasto leque de vegetação.


Existem mais de 5.500 espécies que foram registadas e, pressupõe-se que o numero real seja
superior. A zona costeira é constituída por um complexo mosaico de diferentes tipos de
vegetação que incluem florestas de dunas, bosques, pradarias, planícies deltaicas de
inundação e mangais, que são mais desenvolvidas no norte e centro.

Segundo a mesma autora, devido a sua localização geográfica e existência de uma


bacia hidrográfica ampla e grande costa marinha e diferentes relevos que lhe oferece
diferentes climas subtropicais, Moçambique possui uma biodiversidade considerável que faz
do país rico em recursos naturais como o carvão, o titânio, o gás natural, a energia
hidroeléctrica, o tântalo e a grafite. Existem zonas definidas como áreas de reserva e de
protecção da flora e da fauna bravia como também áreas de protecção da biodiversidade.

Moçambique também possui uma biodiversidade marinha ampla, cuja parte dela serve
como fonte de alimentação e de rendimento para o país, com exportações para países o qual
não são privilegiados por uma costa marinha ou de fraco recurso marinho.

2.4.1. Desenvolvimento sustentável em Moçambique


Actualmente, existe uma preocupação mundial quanto a preservação dos recursos
naturais e ambientais devido aos problemas provenientes da degradação ambiental. O
Relatório de Brundtland afirma que a degradação ambiental passou a ser associada ao grau de
pobreza da população (Cândido, 2010), visto que este constitui um importante sector
económico para o equilíbrio sustentável.

Tal como afirma Mendes (2012), a racionalidade humana, actualmente, prioriza a


busca pelo lucro nas actividades em que actua, deixando de lado as questões éticas
primordiais na conservação de tudo o que representa a vida para espécie humana.

De acordo com Cândido (2010),

Moçambique possui uma riqueza mineral extraordinária, mas a sua


exploração mineira tem muitas vezes destruído vários ecossistemas
em locais onde é implementada. A actividade de extração mineira
mais activa em Moçambique é a do carvão mineral (de caracter
industrial) e a exploração do ouro (de caracter artesanal) além de da
extração de areias pesadas, mármore e gás natural (industrial). O pais
possui, também, quantidade diversa de plantas para a exploração
de madeira de diferentes tipos e, devido a sua dureza, confere
uma qualidade excelente. Estas árvores levam muito tempo a
crescerem e podem viver por muitos anos.
A autora afirma também, que, a princípio, a exploração de madeira não constituía
perigo de destruição do meio ambiente (floresta), porque a sua exploração era artesanal e não
industrial, embora nunca houvesse reposição da mesma ou novas espécies após o abate de
uma árvore.

A China tornou-se, nos últimos anos, o país que mais explora madeira em
Moçambique, fazendo com que este tipo de exploração seja visto como uma ameaça a
biodiversidade e da flora de Moçambique, sem deixar de lado a destruição e degradação da
natureza sem precedentes, visto que a destruição põe também em perigo a fauna bravia e
outras biodiversidades locais.

Segundo o Projecto Floresta em Pé do Programa Nacional de Desenvolvimento


Sustentável (PNDS), dentro das normas e práticas actuais de exploração, as áreas de floresta
têm tendência a desaparecer, como ilustra a imagem, a seguir:

Com vista a minimizar os impactos da exploração de madeira, Moçambique propõe


um programa de fiscalização florestal, todavia, este não consegue conter esta barbaridade,
pois, com uma situação de salários baixos, os funcionários de fiscalização com a necessidade
de ganhar mais dinheiro, de maneira a conseguir melhorar a forma de vida, e pela ignorância
em relação às consequências negativas futuras que possam advir ao ecossistema local,
facilmente são corrompidos, impedindo que os agentes que efectuam actos ilegais contra a
exploração dos recursos naturais, sejam punidos, contribuindo deste modo para a degradação
da natureza e do meio ambiente local (Cândido, 2010).
A autora ressalta ainda, que junto dos agentes de fiscalização destes recursos,
encontram-se algumas populações locais, no geral, pobre, que facilmente encontram a
actividade de venda de madeira como fonte alternativa de rendimento e que por sua vez, os
exploradores estrangeiros compram-na e exportam-na para os seus países. “esta população
não repõe as árvores abatidas”, afirma a autora.

A questão é que o desenvolvimento sustentável depende directamente do equilíbrio


entre o comportamento social, nossa relação com o meio ambiente e o processo de mudanças
na exploração dos recursos naturais, também está relacionado com o bom gerenciamento dos
investimentos tecnológicos, promovido pelas instituições públicas e privadas (Mendes, 2012).

De acordo com Cândido (2010), estas pessoas são enganadas por alguns trocados
oferecidos por exploradores (muitas vezes já ricos e que dizem estarem a investir no país).
“Essas pessoas não têm noção da tamanha destruição que eles próprios estão a executar para o
meio ambiente onde vivem. Neste sentido, contudo, há necessidades urgentes de sensibilizá-
los de forma a terem noção destes actos e a abrir suas mentes e assim terem peso de
consciência das barbaridades que estão a ser feitas contra a natureza. Embora a sensibilização
não influencie o término de exploração de madeira como fonte de rendimento, ajudará no
cultivo de suas mentes, na consciencialização ambiental e na seleção de espécies para o abate
e exploração desta matéria para a sua actividade comercial, como também ajudará na
reposição de novas plantas da mesma espécie para o reflorestamento das áreas exploradas.

Mendes (2012) sustenta também que é preciso reavaliar eticamente comportamentos,


primar por condutas responsáveis e inteligentes, posicionarmo-nos neste planeta como únicos
seres viventes com obrigações ambientais. Ou seja, promover o equilíbrio ambiental
representa uma mudança ética e moral de cada cidadão, uma reeducação nos hábitos de
consumo. A atitude de cada consumidor é que vai determinar os novos rumos da exploração
dos recursos naturais.

2.4.1.1. Estratégias de desenvolvimento de Moçambique


Moçambique está a conhecer importantes transformações sociais, económicas,
politicas e ambientais, decorrentes da descoberta e exploração de recursos naturais, com
destaque para os minerais que representam uma oportunidade para tornar a economia nacional
mais competitiva. O país também está a sofrer profundas transformações ambientais,
sobretudo devido as mudanças climáticas que podem perigar os ganhos de desenvolvimento
alcançados e almejados.
Face a este cenário, e por forma a assegurar uma maior coordenação do processo de
desenvolvimento, o Governo decidiu elaborar a Estratégia Nacional de Desenvolvimento, que
tem por objectivo “elevar as condições de vida da população através da transformação
estrutural da economia, expansão e diversificação da base produtiva”.

De acordo com o Governo da República de Moçambique (2014), a Estratégia Nacional


de Desenvolvimento pressupõe que o alcance do desenvolvimento económico e social
integrado passa pela transformação estrutural da economia para um estagio competitivo e
diversificado, apostando assim na industrialização como principal via para alcançar a visão de
prosperidade e competitividade, assegurando que os activos naturais continuem a oferecer os
recursos e serviços ambientais dos quais depende o bem-estar e progresso contínuo do país.

Para o Governo, os principais desafios da economia sob visão da Estratégia Nacional


de Desenvolvimento são: (i) o aumento da competitividade da economia através da
diversificação da economia; (ii) aposta nos polos de desenvolvimento; (iii) investimento de
capital humano, em infra-estruturas e na pesquisa e inovação. Coloca-se, ainda, o desafio de
assegurar uma maior ligação entre os recursos minerais e outros sectores da economia. Para a
materialização do objetivo central, a Estratégia Nacional de Desenvolvimento define 4 pilares,
nomeadamente:

 Desenvolvimento do capital humano (formação orientada para o mercado,


instituição e expansão de um ensino profissionalizante e melhoria dos padroes de
saúde e proteccao social);
 Desenvolvimento de infra-estruturas de base produtiva (investimento e ordenamento
de infra-estruturas de base produtiva; parques industriais; aquaparques; centrais
térmicas; estradas e caminhos de ferro; definição de zonas habitacionais e reservas
do Estado);
 Investigação, inovação e desenvolvimento tecnológico (criação de centros
especializados de pesquisa e desenvolvimento (P&D) nas áreas de agricultura,
pecuária e pesca, energia, recursos minerais, gestão de recursos hídricos e TICs);
 Articulação e coordenação institucional (aprimoramento das instituições puublicas,
melhoria da coordenação e articulação intersectorial, reforma da legislação e criação
de instituições que sirva a estratégia de industrialização – por exemplo, o Banco de
Desenvolvimento).
3. Conclusão

Combater a pobreza e proporcionar um bem-estar e qualidade de vida dos cidadãos,


passa a ser o objectivo principal dos governos que se comprometem com o bem-estar social.
Desta forma, adoptar um perspectiva sustentável do desenvolvimento é procurar superar a
problemática da pobreza.

Trabalhar em vista a superar os problemas sociais das populações pobres requer, de


acordo com a perspectiva do desenvolvimento sustentável, um trabalho integrado entre
agentes institucionais capazes de colocar em prática, acções transformadoras da realidade.
Unir o poder politico, o sector privado e a sociedade civil organizada torna-se num caminho
de toda a iniciativa pública que pretende integrar para desenvolver.

Contudo, a integração no desenvolvimento sustentável deve ir além da relação entre


esses agentes institucionais. É necessário integrar acções práticas, ou seja, proporcionar a
interconexão entre áreas estratégias, tais como a educação, saúde, assistência social, geração
de empregos e renda, infra-estrutura urbana, habitação, conservação ambiental, cultura e
lazer. Todos estes aspectos fazem jus a intervenção eficiente e eficaz junto das populações, de
maneira a consolidar um padrão de vida mais digno e humano para as mesmas.
4. Referências bibliográficas

CÂNDIDO, Maria Clara de Almeida. Desenvolvimento Sustentável e Pobreza no Contexto de


Globalização. O caso de Moçambique. Dissertação apresentada a Faculdade de Ciências
Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, 2010.

CARVALHO, Nathália Real de et al. desenvolvimento Sustentável x Desenvolvimento


Economico. Revista Monografias Ambientais (REMOA)/UFSM, Santa Maria, 2015.

MENDES, Ana Carolina Silva de Paula. Desenvolvimento Sustentável: uma visão da gestão
empresarial. Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Instituto Educacional de Ensino
Superior de Assis, Fundação Educacional do Município de Assis/FEMA, Assis, 2012.

MENDES, Isabel. O Conceito de Desenvolvimento Sustentavel. ResearchGate. 2016.

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE. Estratégia Nacional de Desenvolvimento (2015-2035).


Maputo, 2014.

UNRIC. Centro de Informação das Nações Unidas para a Europa Ocidental. Guia sobre
Desenvolvimento Sustentável: 17 Objectivos par transformar o nosso mundo; Agenda 2030
de Desenvolvimento Sustentável. 2016.

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