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UNIVERSIDADE ABERTA ISCED

Coordenação do Curso de Direito

Cadeira: Ética e Deontologia Profissional

4º Ano-2023

TEMA:

O papel de ética e deontologia profissional na gestão de conflitos laborais

O Tutor:

 Edú Rafael Domingos Manuel

Discente:

 Virginia Armando Cumbula Benfica

Maputo, Maio de 2023


UNIVERSIDADE ABERTA ISCED

COORDENAÇÃO DO CURSO DE DIREITO

4º ANO

NOME DA ESTUDANTE:

VIRGINIA ARMANDO CUMBULA BENFICA

TRABALHO DE CAMPO

TITULO DO TRABALHO:

O PAPEL DE ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL NA GESTÃO DE


CONFLITOS LABORAIS

MAPUTO, MAIO DE 2023


ÍNDICE

CAPÍTULO I. ................................................................................................................................ 1

1.Introdução. ................................................................................................................................... 1

1.2.Objectivos ................................................................................................................................ 2

1.3. Metodologia ............................................................................................................................. 3

CAPÍTULO II ............................................................................................................................... 4

1.4. QUARO TEÓRICO ............................................................................................................... 4

1.4.1. ÉTICA ................................................................................................................................... 4

1.4.1.1. Deontologia Profissional.................................................................................................... 5

CAPÍTULO III .............................................................................................................................. 6

1.5. A Deontologia e a sua Relação com a Profissão..................................................................... 6

1.6. Importância da ética Profissional ............................................................................................. 7

1.6.1. Conflitos laborais .................................................................................................................. 8

1.6.2. A ética nas relações de trabalho ............................................................................................ 9

1.6.3. Estratégias para melhor aplicação da ética no ambiente de trabalho .................................. 12

2.Conclusão................................................................................................................................... 14

3.Referências Bibliográficas ......................................................................................................... 15


CAPÍTULO I

1.Introdução

A ética tem assumido neste passado mais recente uma relevância acrescida sobretudo tendo em
consideração o actual contexto de sociedade de informação e conhecimento em que nos inserimos.

A ética pode ser entendida (Argandoña; 1997: 64) como uma ciência que tem por objectivo
analisar, estudar e orientar a conduta e o comportamento do homem de acordo com o seu fim. Não
se trata de uma crença ou de um artefacto político ou económico que possa ou deva ser trabalhado
em função de determinados objectivos individuais ou particulares. A ética constitui ou deve
constituir um saber científico que pode ser aprendido e valorizado com a razão e a experiência.

Neste sentido, a deontologia é uma ética profissional de obrigações práticas, baseadas numa acção
livre da pessoa, no seu carácter moral, carente de uma legislação pública. Por outro lado, ela seria
um tribunal que julga a actuação do profissional no exercício das suas actividades. Neste sentido,
a deontologia é uma ética profissional de obrigações práticas, baseadas numa acção livre da pessoa,
no seu carácter moral, carente de uma legislação pública. Por outro lado, ela seria um tribunal que
julga a actuação do profissional no exercício das suas actividades.

Portanto, o presente trabalho de campo, tem como objectivo principal, analisar sobre o papel da
ética e deontologia profissional na gestão de conflitos laborais.

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1.2.Objectivos

Geral

 Analisar sobre o papel da ética e deontologia profissional na gestão de conflitos laborais

Específicos

 Ter noção geral da ética;


 Compreender a deontologia profissional;
 Conhecer a Importância da ética Profissional;
 Analisar a deontologia e a sua relação com a Profissão;
 Analisar a ética como base na gestão de conflitos.

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1.3. Metodologia

Para a realização do presente trabalho de pesquisa recorreu-se a pesquisa descritiva, esta exige do
investigador uma série de informações sobre o que deseja pesquisar. Esse tipo de estudo pretende
descrever os factos de determinada realidade GIL (1999: 47).

O tipo de pesquisa descritiva relaciona-se com o presente trabalho porque será feita uma pesquisa
documental para a sua execução, com o intento de debruçar sobre os coflitos laborais e mediação.

Como método de recolha de dados será usado no presente trabalho de pesquisa a consulta
bibliográfica. Consulta bibliográfica, consiste na análise de diversas obras disponíveis que
debruçam-se sobre o tema em pesquisa, onde também explicitaram-se os principais conceitos e
termos técnicos utilizados para a realização do presente trabalho, (MARCONI, 2011).

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CAPÍTULO II

1.4. QUADRO TEÓRICO

1.4.1. ÉTICA

Segundo Aranha (2009), as pessoas valoram constantemente as coisas e outras pessoas. Tais
valores, de acordo com a autora, podem ser unitários, lógicos, afetivos, estéticos, religiosos,
econômicose éticos.

A ética pode ser entendida (Argandoña; 1997: 64) como uma ciência que tem por objectivo
analisar, estudar e orientar a conduta e o comportamento do homem de acordo com o seu fim. Não
se trata de uma crença ou de um artefacto político ou económico que possa ou deva ser trabalhado
em função de determinados objectivos individuais ou particulares. A ética constitui ou deve
constituir um saber científico que pode ser aprendido e valorizado com a razão e a experiência.

Sempre que o âmbito da ética se circunscreve ao exercício de uma profissão falamos de


deontologia, entendendo-a como (Mercier; 2003: 6) o conjunto de regras adoptadas para o
exercício de uma profissão. A relevância da deontologia é ainda salientada pelo facto de
normalmente existir uma organização profissional que se constitui como a instância de referência
na elaboração, aplicação e vigilância das regras éticas.

Quando estas regras se encontram formalizadas dão origem aos Códigos Deontológicos ou de
Conduta, tendo muitas vezes como objectivo principal fazer salientar um padrão de conduta
(Lisboa; 1997: 59).

Para Sá (2005, p. 17), uma definição para o termo ética seria de “ciência da conduta humana
perante o ser e seus semelhantes”.Arruda, Whitaker e Ramos (2003), por sua vez, defendem que a
ética consiste no estudo do comportamento humano no âmbito de uma dada sociedade, tendo como
objetivo o estabelecimento de normas que possam garantir a convivência pacífica em sociedade e
entre elas. Nesse contexto, segundo os autores, a ética seria o ramo da ciência que busca investigar
os valores e códigos morais que subjugam os indivíduos, abrangendo, também, os comportamentos
individuais conforme a moral que é inserida em determinada sociedade, durante o decurso de um
período histórico. É sob esta perspectiva, ainda segundo os autores, que ética e moral se
correlacionam, mas não se confundem.

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1.4.1.1. Deontologia Profissional

Como referimos na secção anterior, o conceito deontologia provém do grego doem, defuntos, dever
e lotos - tratado, ciência.

No entanto o vocábulo entrou em uso quando Bentham deu a sua Science of morality de 1834, o
título de deontology. Para Bentham (1834), deontologia era a sua doutrina utilitarista dos deveres.
Depois, o conceito de Deontologia foi usado especialmente para designar as doutrinas sobre
determinadas classes de deveres, relativos a profissões ou situações sociais.

A deontologia é a aplicação dos princípios gerais da ética a uma realidade específica. Se ainda se
recorda, na unidade I vimos que a ética é uma só. No entanto, por questões didácticas ela pode ser
dividida em ética geral e aplicada. A deontologia é uma ética aplicada. Por isso podemos encontrar
uma deontologia para médicos, economistas, psicólogos, agrónomos, gestores

O vocábulo deontologia também significa o obrigatório, o justo, o adequado. Portanto, a


Deontologia pode ser definida como sendo a ciência que estabelece normas directoras das
actividades profissionais sob o signo de rectidão moral ou honestidade, estabelecendo o bem a
fazer e o mal a evitar, no exercício de uma profissão. Portanto, a deontologia profissional elabora
sistematicamente os ideais e as normas que devem orientar a actividade profissional.

A deontologia assenta numa ética baseada “na noção do dever, na rectidão ou em direitos”
(Blackburn; 1997: 145) contrastando com os sistemas éticos baseados na ideia de atingir um certo
estado de coisas (…), ou nas qualidades de carácter necessárias para viver bem.” (Blackburn; 1997:
145).

Neste sentido, a deontologia é uma ética profissional de obrigações práticas, baseadas numa acção
livre da pessoa, no seu carácter moral, carente de uma legislação pública. Por outro lado, ela seria
um tribunal que julga a actuação do profissional no exercício das suas actividades.

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CAPÍTULO III

1.5. A Deontologia e a sua Relação com a Profissão

De acordo com Hitt (1990), cada profissão tem uma deontologia que deve ter o seguinte esquema
básico de conduta profissional:

a)Na área da profissão

A deontologia prevê como norma fundamental, nomeadamente zelar pela competência e


honestidade pelo bom nome ou reputação da profissão, na busca honesta comprometida pelo bem
da sociedade, através dos meios que essa profissão proporciona.

b)Na área da ordem profissional:

Na relação com os seus pares e colegas da profissão deve-se criar um culto de lealdade e
solidariedade profissional evitando críticas levianas, competição e concorrência desleal; de toda e
qualquer acção dos colegas e sem nunca ferir a verdade, a justiça, ou a moral. Assim, as máfias,
pactos de silêncio e sociedades secretas não são necessários para o exercício profissional.

c)Na área dos clientes, usuários profissionais:

Esta área diz respeito aos que são usuários dos serviços profissionais. Nela encontramos 3 (três)
normas fundamentais:

• Execução íntegra do serviço conforme o combinado com o usuário: sempre que o pedido seja
moralmente lícito no plano objectivo e não vá contra o bem comum ou de terceiros ou do próprio
solicitante, o profissional deve esclarecer o cliente, mostrando as inconveniências existentes e os
procedimentos para melhor execução. Posteriormente pode deixar o cliente decidir e assumir toda
a responsabilidade pelas consequências, excepto se houver prejuízos ao bem comum ou a terceiros;
toda a responsabilidade pelas consequências, excepto se houver prejuízos ao bem comum ou a
terceiros;

• A remuneração justa: o valor cobrado a um cliente deve ser idêntico ao cobrado a todos os
clientes. Contundo, nada impede que se prestem serviços a menor preço ou mesmo
gratuitamente, em casos de necessidade financeira do usuário;
•O Sigilo Profissional: o que se vem a conhecer do íntimo e pessoal no exercício da profissão faz
parte do segredo confiado e só se pode usar para melhor prestação de serviços e não para outros

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fins. Exceptuam-se situações graves e urgentes, de perigo para o cliente, para si, para terceiros ou
para o bem comum. A título de exemplo, as informações prestadas durante uma consulta a um
médico, a um advogado ou a um psicólogo têm um carácter
confidencial.

Podemos concluir que, sendo a ética inerente à vida humana, a sua importância é bastante
evidenciada na vida profissional. Cada profissional tem responsabilidades individuais e
responsabilidades sociais, pois envolvem pessoas que dela se beneficiam. A ética é ainda
importante porque na acção humana o fazer e o agir estão interligados. O fazer diz respeito à
competência e à eficiência que todo profissional deve possuir para exercer bem a sua profissão. O
agir refere-se à conduta do profissional, isto é, ao conjunto de atitudes que deve assumir no
desempenho de sua profissão.

1.6. Importância da ética Profissional

A Ética Profissional estuda e regula o relacionamento do profissional com o seu cliente, utente,
paciente ou usuário, visando a dignidade humana e a construção do bem-estar no contexto
sociocultural onde exerce sua profissão. Sendo a ética inerente à vida humana, a sua importância
é bastante evidenciada na vida profissional, porque cada profissional tem responsabilidades
individuais e sociais que envolvem pessoas que dela se beneficiam.

Na sociedade actual, lamentavelmente, o sucesso económico passou a ser a medida de todas as


coisas. Apenas a riqueza e o poder contam e separam os vencedores dos vencidos. As pessoas
tendem a ser materialistas e individualistas e, por isso, menos responsáveis e solidárias (Kotler,
1997). Neste contexto, muitos gestores de empresas ingenuamente, pensam que para a ética ocorrer
dentro de uma empresa, basta distribuir folhetos contendo um código que todos magicamente
seguirão. Para exercê-la no contexto empresarial, mais do que palavras, é necessária acção.

Pensar em ética é pensar de forma, antes de tudo, reflexiva. É não se sentar em cima de respostas
prontas. Para viver eticamente em qualquer ambiente é preciso primeiro mergulhar dentro de si
mesmo, assumir as escolhas e lutar por um mundo melhor. Acreditar que a felicidade é possível,
já que esse é o objectivo maior da ética.

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A ética está directamente relacionada com valores morais, com o bem e o mal, o que é certo ou
errado. Entretanto, de acordo com Nash (1993) existem muitas razões para a recente promoção da
ética no pensamento empresarial. Os administradores percebem os altos custos impostos pelos
escândalos nas empresas: multas pesadas, quebra da rotina normal, baixo moral dos empregados,
aumento da rotatividade, dificuldades de recrutamento, fraude interna e perda de confiança pública
na reputação da empresa.

1.6.1. Conflitos laborais

Segundo Ferreira (1996, 363), “conflito vem do latim conflictu, embate dos que lutam; discussão
acompanhada de injúrias e ameaças; guerra, combate, colisão, choque; o elemento básico
determinante da acção dramática, a qual se desenvolve em função da oposição e luta entre
diferentes forças”.

O autor McIntyre (2007, 297) salienta que o conflito pode significar guerra, luta, combate, uma
série de ideias, estilos ou interesses diferentes, por sua vez o desacordo significa diferenças de
opinião e pode ser produtivo conduzindo a uma maior produtividade. Os conflitos existem sempre
que houver desacordos numa situação.

De acordo com Murteira (2007, 214) “conflito é uma situação na qual uns agentes procuram metas
diferentes ou defendem valores contraditórios, ou tem interesses opostos e distintos, ou procuram
de uma forma simultânea e competitiva, uma mesma meta, sendo comum nestas situações a
prestação de controlar a conduta do adversário, seja como meio para conseguir os objectivos”.

Dai pode se concluir que para que haja conflito devem verificar-se as seguintes circunstancias:

● Que exista interacção de, pelo menos, dois indivíduos ou grupos de indivíduos;

● Que se perceba ou exista uma incompatibilidade entre as metas, condutas, interesses ou valores
próprios;

● Que pelo menos uma das partes considere uma situação como injusta ou incompatível. De acordo
com Murteira (2007), a expressão conflitos laborais compreendem a qualquer controvérsia
referente as condições contratuais de emprego, a ocupação de postos e condições de trabalho,
também referente as associações de representação de pessoas para negociar condições de emprego

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de trabalho, independentemente se as partes envolvidas tenham entre si relações próximas de
emprego assalariado.

1.6.2. A ética nas relações de trabalho

Dentre as ramificações existentes do conceito de ética e sua aplicação nas relações de trabalho,
surge a noção de ética empresarial, que, de acordo com Moreira (2002, p.28), consiste no “[…]
comportamento da empresa – entidade lucrativa – quando ela age de conformidade com os
princípios morais e as regras do bem proceder aceitas pela coletividade”.

Segundo Arruda, Whitaker e Ramos (2003), a ética empresarial tem as suas bases fincadas na
conduta humana, mais precisamente nos valores e normas norteadores do ambiente empresarial.
Nesse sentido, dispõem Leisinger e Schmitt (2001, p.22) que “a ética empresarial reflete sobre as
normas e valores efetivamente dominantes em uma empresa, interroga-se pelos fatores qualitativos
que fazem com que determinado agir seja uma agir bom”. Srour (2008), por sua vez, contempla
tal definição por uma perspectiva mais atual e de cunho didático, por meio da qual a ética
empresarial, também denominada ética dos negócios, está atrelada ao estudo e a tornar inteligível
a moral que vige no âmbito das empresas capitalistas contemporâneas, e, em especial, da moral
que predomina em empresas de determinada nacionalidade.

Além da ética empresarial, existe, ainda, a ética profissional, que é apresentada por Camargo
(1999, p. 31) como “a aplicação da ética geral no campo das atividades profissionais: a pessoa tem
que estar imbuída de certos princípios ou valores próprios do ser humano para vivê-los nas suas
atividades de trabalho”. A ética individual, que vige no âmbito da ética profissional, apresente um
interesse tríplice, composto pelo interesse pelos outros, interesse por si próprio e interesse pela
instituição (ARRUDA, 2010).

Matos (2008) ainda faz mençãoà ética da competência, tratando-se, de acordo com o autor, de leis
não escritas, mas que se apresentam, talvez até por isso, catastroficamente eficientes. São as
seguintes:

• Lei da não criatividade: “Para matar uma sugestão e liquidar de vez com os criativos, transforme
sempre o autor da sugestão em execução da ideia.” (MATOS, 2008, p. 52). Para o autor, tem-se

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um resultado infalível, já que quem é pago para inovar e ter as ideias é o chefe, sugerindo uma
gestão com más atitudes e comportamentos;

• Lei da saturação: “Solicite sempre ao autor de uma idéia tantas informações, pareceres e
pesquisas, até que ele “estoure” e se atenha, exclusivamente, às ordens transmitidas” (MATOS,
2008, p. 52). Muitos talentos jovenssão embotados em razão deste expediente burocrático,
representando frustrações de caráter irrecuperável, em função de traumas que são decorrentes de
tentativas malsucedidas;

• Lei da proteção às avessas: “Excesso de proteção gera efeitos contrários”, e negativos. De acordo
com Matos (2008), tem-se que a ação exagerada de proteção de vantagens e direitos resulta em
boicote e repressão. Um exemplo que é citado pelo autor é referente às leis de proteção ao trabalho
da mulher, que deram causa a um maior índice de desemprego feminino;

• Lei da proteção às avessas: “Excesso de proteção gera efeitos contrários”, e negativos. De acordo
com Matos (2008), tem-se que a ação exagerada de proteção de vantagens e direitos resulta em
boicote e repressão. Um exemplo que é citado pelo autor é referente às leis de proteção ao trabalho
da mulher, que deram causa a um maior índice de desemprego feminino;

• Lei da inércia burocrática: deixar as coisas acontecerem, esperando que os outros assumam,
deixando ficar para ver como fica são formas colocadas pelo autor como sendo de alienação
administrativas, fatores que comumente geram um processo ineficaz e burocratizante. Para Matos
(2008, p. 54), “Deixe os outros se movimentarem, assim não se arrisca a tropeções e quedas”;

• Lei da valorização pela complexidade: “É preciso complicar para valorizar, pois se acreditaque
ninguém valoriza as coisas simples” (MATOS, 2008, p. 54). Para o autor, somente o sábio tem
capacidade de valorização da simplicidade. Para ele, são as manifestações complexas, oriundas
dos aparentemente competentes, que irão originar a burocratização infernal;

ambém se tem, no âmbito da ética nas relações de trabalho, a elaboração de um Código de Ética.
É o que destaca Srour (2008), ao destacar a necessidade para toda organização de estabelecimento
de um sistema de valores, de modo que, de forma direta ou indiretamente, se configure em uma
boa contribuição para o desempenho da própria organização.

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Para Arruda, Whitaker e Ramos (2003), estes valores podem ser coincidentes ou conflitantes com
os valores individuais estabelecidos por cada pessoa. Desse modo, é bom estabelecer políticas e
padrões uniformes, de modo que todos saibam qual seria a conduta apropriada e adequada a seguir.
Com isso, concebe-se no código de éticaum instrumento voltado à busca da realização da visão,
dos princípiose da missão da empresa. Para os autores, “os códigos de ética não tem a pretensão
de solucionar os dilemas éticos da organização, mas fornecer critérios ou diretrizes para que as
pessoas encontrem formas éticas de se conduzir” (ARRUDA; WHITAKER; RAMOS, 2003, p.
65).

Conforme Ramos Filho (2010), ao comitê de ética incumbe o delineamento de uma política que
será adotada, bem como a modernização do código de conduta de tempos em tempos, com vistas
a acompanhar as mudanças ocorridas, atendendo, assim,as necessidades dos stakeholders. Depois
da criação do comitê, segundo o autor, a empresa irá nomear um profissional de ética, que,
vinculado à Diretoria, terá total autonomia para a coordenação dos programas de ética, mantendo
atualizado e vivo o código de ética.

Para que o código de ética apresente um bom funcionamento, Arruda, Whitaker e Ramos (2003,
p. 68) destacam que “é preciso fazer com que qualquer funcionário sinta que tem crédito, que suas
opiniões não são apenas ouvidas, mas também valorizadas e aplicadas sempre que conveniente”.
Sendo assim, para que ele passe a ser parte da cultura da organização é necessário implementar
um sistema de monitoramento. Nesse sentido, é o seguinte trecho extraído da obra dos autores:

Para que se mantenha o alto nível do clima ético, resultante do esforço de cada
stakeholders, pode ser útil programar um sistema de monitoramento e controle dos
ambientes interno e externo da organização, para detectar pontos que podem vir a causar
uma conduta antiética. Esse sistema, denominado por alguns, auditoria ética, e por outros
compliance, visa ao cumprimento das normas éticas do código de conduta, certificando
que houve aplicação das políticas especificas, sua compreensão e clareza por parte de todos
os funcionários (ARRUDA; WHITAKER; RAMOS, 2003, p. 68).

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1.6.3. Estratégias para melhor aplicação da ética no ambiente de trabalho

Primeiramente, há que se destacar que, conforme disposto por Sá (2005), o indivíduo obtém
realização plena e reconhecimento por meio do desempenho de sua profissão. Isso porque, como
destaca o autor, é pelo seu exercício que ele prova o seu valor, demonstrando habilidade,
capacidade, inteligência e sabedoria, comprovando sua personalidade para vencer obstáculos. É,
pois, através de sua profissão que o homem demonstra utilidade para a comunidade. Atualmente,
contudo, há que se notar, como bem exposto por Srour (2008), a existência de disputa acirrada por
fatia do mercado consumidor, tornando-se esse ritmo de mudança cada dia mais frenético, fazendo
com que a empresa tenha que se adaptar. Em razão disso, deve o trabalhador seguir o mesmo passo,
já que, se não houver essa adaptação, o próprio mercado de trabalho o manda para fora.

Segundo Sennett (2005), as consequências dessa mudança, bem como o impacto por ela causado
no caráter dos trabalhadores das organizações contemporâneas, traz a possibilidade de considerar
intrínseca relação de questões éticas ao cotidiano. Nesse contexto, o autor aborda questões
pertinentes ao trabalho, à família e aos indivíduos por si mesmos enquanto seres dotados de poder
de decisão e de personalidade e a forma como os valores éticos podem ser afetados pelos riscos
incessantes do capitalismo contemporâneo e pelas mudanças experimentadas nesse contexto.

Ainda segundo o autor, o mundo do trabalhador atual pode ser contemplado como sendo um
mundo de incertezas, o que contribuiria para que fosse corrompido, assumindo postura de engano
ao acreditar que pode determinar o rumo de sua carreira, quando, verdadeiramente, o controle de
tal situação lhe escapa. É possível, também, considerar tal posicionamento como tentativa mal/bem
sucedida de adaptação ao meio em que vive (SENNETT, 2005).

O fato é que, como sustenta Medeiros (2003), o capitalismo contemporâneo torna as pessoas cada
vez mais consumistas, adeptas do imediatismo, querendo sempre mais e mais. Desse modo, o
comportamento do trabalhador terá consigo sempre um quê de insatisfação – seja com o salário,
seja com a função que ocupa, seja com o próprio emprego… Nesse contexto, desposta a relevância
da ética nas relações de trabalho, na medida em que, conforme o autor, o comportamento ético
deve ser considerado como princípio de vida das organizações contemporâneas, já que a ética
estaria atrelada ao relacionamento interpessoal, à preocupação do sujeito com a felicidade coletiva
e pessoal. A esse respeito, comenta Lisboa et al (1997) que, diante de tal quadro, é possível dizer

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que a definição de ética, de um modo geral, estaria, pois, atrelada a noções afetas à conduta humana
nas relações com o outro, tais como justiça, honestidade, ser correto, moralidade, ser bom. Todos,
conforme o autor, seriam sinônimos de ética e orientativos da conduta no âmbito laboral.

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2.Conclusão

Diante de tal quadro, pode-se concluir que a ética e deontologia profissional é relevante no
ambiente de trabalho na medida em que apresenta a todos atitudes e comportamentos a serem
adotados em prol de uma ótima convivência social, sendo comum, nas organizações
contemporâneas, a adoção de códigos de ética, a serem seguidos por todos na empresa, que dão tal
delineamento às relações interpessoais firmadas no ambiente profissional.

A deontologia traduz o cumprimento dos deveres que se apresentam a cada um na posição que
ocupa na vida profissional, e que estão presentes como um compromisso na consciência moral,
com respeito à profissão.

Apesar de existirem diferentes correntes para a ética , conforme o confirmam os diversos autores,
é consensual a opinião sobre a sua importância no adequado funcionamento da sociedade,
economia, organizações e profissões. De igual modo poderemos afirmar que existe um consenso
generalizado que a ética pode ou deve ser ensinada ou estimulada como mecanismo de
sensibilização para a melhoria das atitudes pessoais e profissionais na resolução dos conflitos
laborais.

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3. Referências Bibliográficas

Argandoña, António (1997): La importância de la ética en la empresa, pp. 61-77. In Ética


Empresarial e Económica. Porto: Vida Económica

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BLACKBURN, Simon (1997): Dicionário de Filosofia, Editora Gradiva

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MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia Científica. 6ª Edição, São Paulo, Atlas Editora,
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MEDEIROS, C. A. F. Comprometimento organizacional: um estudo de suas relações com


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