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O grupo de trabalho é uma reunião de pessoas cujo propósito é a concretização de uma

tarefa prévia, na medida que se consegue manter um nível refinado de comportamento e


cooperação entre os membros. De acordo com (SAMPAIO, 2002), tal reunião pode ser
abstraída na concepção de espírito de grupo, dotado de certas características como o
objetivo comum, o reconhecimento hierárquico de seus membros, a valorização das
contribuições individuais, a liberdade de trânsito e a resiliência do grupo em suportar
conflitos internos e auto descontentamento. No entanto, o grupo não serve apenas a
realização material, mas é indistinguível da realização mental do homem, isto é, a
necessidade intrínseca de se conectar ao coletivo por meios comuns.

Segundo (SAMPAIO, 2002), o grupo de trabalho apresenta uma estrutura exterior e


impositiva que dinamita a racionalidade das decisões do grupo e que é fortalecida de
maneira inconsciente por cada participante, essa é a chamada mentalidade de grupos, que
na concepção Bioniana, é a expressão unânime da vontade grupal. De tal maneira, todas
as organizações existem meio a tensão da busca pela realização dos objetivos da mesma
contra a imposição dos impulsos de seus membros como fator de adequação aos seus
anseios psíquicos.

Na mentalidade de grupo, tal como argumenta (SAMPAIO, 2002), são constantes certos
pressupostos básicos considerados a partir da luz da teoria freudiana, são esqueletos que
sustentam a existência de determinada organização pelo seu propósito e intermediação da
figura do líder. A saber: dependência, acasalamento e luta-fuga, sendo que nas associações
podem existir mais de um pressuposto ou ainda em diferentes proporções.

No pressuposto de dependência, é notável a existência de um objeto externo cuja função


é a fornecer segurança e estabilidade a um organismo interno, por isso o papel de líder se
assemelha a de uma divindade responsável pelo trato dos seus membros, estes incapazes
de processar suas emoções e problemas internos, de modo a necessitar de maneira
extremada pela atenção e supervisão mediadora como fonte da coesão da própria narrativa
ou fundamento do coletivo.

O pressuposto de acasalamento é demarcado pelo anseio do futuro, de uma realidade


melhor e mais perfeita que a atual, advinda pela governança de um messias prometido. O
caminho de fuga dos problemas de agora é a esperança de salvação da desintegração do
grupo pelo atrito interno, de modo que tem esperança por dias melhores. Nesse tipo de
organização, não há um líder formal, mas sim a relativa descentralização de poder em
células sociais que coexistem.

O último pressuposto é o de luta-fuga, que é permeado pela discussão de um elemento


ausente perigoso a coesão do grupo. É considerado que o bem-estar individual é de menor
importância frente a unidade e continuidade do grupo, de modo que o líder é aquele que
apresenta um mecanismo ou caminho de fuga em face dos perigos identificados.

Por fim, existe o conceito de cultura de grupo, isso é, uma reação a ação da mentalidade
de grupo e os anseios individuais, de modo que a partir dessa tensão é criado um
mecanismo de regulação do bom funcionamento da associação afim de reforçar seus
objetivos primários.

Vale ressaltar que (SAMPAIO, 2002) menciona as contribuições de Eic Trist, colega de
trabalho de Bion, na continuidade das dinâmicas de grupo elencadas pela sociotécnica,
isso é, a otimização conjunta do desempenho da tarefa e da interação psicológica no
trabalho, sem decair na desumanização do método taylorista. Além de propor a formação
e desenvolvimento de grupos semi autônomos na qual o líder tem mais um papel de
coordenar os esforços dos colaboradores.

Referências

SAMPAIO, J. DOS R.. A "Dinâmica de Grupos" de Bion e as Organizações de Trabalho.


Psicologia USP, v. 13, n. 2, p. 277–291, 2002. Disponível em:
https://doi.org/10.1590/S0103-65642002000200015. Acesso em: 22 de mar. 2024.

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