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Única vantagem que eu exerço por ser dono é não ficar na fila para
entrar, eu entro pela porta dos fundos e ninguém me vê. Na hora de
ir embora, pago minha comanda com meu dinheiro pessoal e saio
pela porta da frente, igual à todos.
O segundo mandamento do cafajeste: (é algo que eu só depois de
experiente entendi a importância) seja discreto a respeito das suas
conquistas, qualquer conquista que seja. Eu nunca contei que ia
começar um negócio, até o negócio ser bem sucedido, eu nunca
contei que ia trocar de carro, até que estivesse de carro novo, nunca
contei que ia viajar até estar pendurando as fotos na parede.
As conquistas pertencem apenas a mim mesmo, e ser discreto a
respeito do que você possui é um dos segredos para atrair pessoas
verdadeiras.
Falei bastante enquanto tomava esse café que ele até esfriou.
Hoje é sexta-feira, estou me arrumando para a academia e continuo
formulando meus planos para noite. Desço até o subsolo do meu
prédio, tenho um Mustang e um Jeep Renegade na garagem.
Entro no Jeep e vou até a academia, que fica no último andar do
maior Shopping da cidade, levo junto uma roupa extra, já tomarei
banho por lá mesmo para não perder muito tempo, e concluir os
preparativos.
Na academia minha personal-trainner que conheci em muitas
sextas-feiras atrás prontamente vem me atender. Ela tira meu coro
nesse treino, enquanto alterna os exercícios com disfarçadas
perguntas do que eu farei no fim de semana. Treino concluído é
hora de comprar o fardamento pra noite.
Apenas uma nova camisa basta, não sou uma noiva indo para o
casamento. Vou almoçar no Shopping e ali também corto o cabelo,
morando numa cidade grande, é inteligente reunir tudo o que você
precisa num local só, depois volto para casa. Tomo meu cafézinho
da tarde contemplando minha vista, vejo à beira mar alguns
pescadores e lembro-me que logo irei colocar minha isca na água
também.
Termino a tarde dando uma rápida olhada nos meus negócios,
algumas páginas escritas e a noite de sexta enfim chega. Me
arrumo sem pressa, não se pode ter pressa ao cuidar de si mesmo.
Quando está próximo das 19h e vou para o meu Club, pois preciso
como empresário ver se tudo está em pleno funcionamento e
também tem um restaurante em anexo à boate e é ali que vou
jantar.
Faço uma refeição leve para não atrapalhar os movimentos pesados
de mais tarde. Polvo é meu prato preferido. Vou até o meu escritório
que fica na parte interna da boate, para escovar os dentes, dar mais
uma olhada no visual e driblo aqueles que vem me pedir alguma
coisa dizendo apenas: “fale com o gerente” e sigo em frente.
Não há como ter múltiplos negócios, se todos os negócios precisam
de sua presença para funcionar.
É assim que você se torna escravo dos seus compromissos, e eu já
disse à vocês, eu gosto de ser livre.
Vou explicar para vocês como é a planta baixa do meu
estabelecimento, a começar pela escolha do nome da boate que é
“Seven Club”. Hoje eu digo que foi uma jogada muito inteligente a
escolha desse nome. No começo, pensei em ter sócios ou
investidores para o meu club, achei que precisaria implorar a algum
deles, mas aconteceu bem o contrário, me senti como a dona de
casa que fecha as cortinas da casa pra fazer de conta que não tem
ninguém.
Houve uma batalha de investidores interessados na minha idéia, e
tudo isso se deve à escolha do nome. Pois se o nome do clube é
“sete” então o já conhecido empresário de sucesso J.F Rozza, deve
ter ao menos outros seis clubs bem sucedidos pelo país.
O que existe aqui é um conceito de estratégia e não de mentira.
Nunca ninguém me perguntou quantos clubs eu tenho, eles mesmos
deduziram que eu tinha vários. Coloquei “Seven” por ser um número
da sorte, apenas isso. E ele acabou me trazendo sorte, é um
complexo bem sucedido que foi criado sem eu ter que investir um
real do meu bolso.
Existia a entrada principal e mais quatro ambientes: música ao vivo,
eletrônica, pop e um som ambiente estilo Pub. Também há um
restaurante, meu escritório e claro os banheiros. No centro de tudo
isso, há um jardim de inverno que é passagem para ir a cada um
dos demais ambientes. Todos os ambientes circulam esse Jardim de
inverno.
Tem até uma ponte sobre um pequeno riacho artificial, onde é
possível ver carpas japonesas nadando. Toda a decoração do club é
em estilo japonês. E claro, meu restaurante também serve sushi.
O restaurante fica funcionando enquanto a boate estiver aberta, na
madrugada também servimos lanches. Se você jantar no
restaurante, você não enfrenta fila nem paga ingresso para acessar
a boate.
Jantei no meu restaurante, fui até o escritório e agora encontro-me
no meio do Jardim. Toda sexta quando cruzo por esse jardim e me
dirijo ao primeiro ambiente, o Pub eu sinto a empolgação bater
enquanto penso que enfim, A noite chegou.
Logo ao entrar no Pub, já começo a reconhecer algumas presenças
sempre confirmadas, alguns moradores locais que estão presentes
em todas as festas. Cumprimentei alguns conhecidos, uns clientes
fiéis e troquei sorrisos com antigas sextas-feiras e então me
aproximo do Bar, o barmen então diz quando me vê: - Manda meu
patrão o que vai beber hoje?
Dou apenas um riso de canto e ele entende que nesse momento
não sou o “patrão”.
O cafajeste está no volante. - Uma Corona pra começar a noite,
respondo.
Eu não costumo sair com amigos para as minhas atividades de
sedução, pois a maioria deles são homens de vida comum, quando
digo comum me refiro a vida tradicional: casamento, filhos e família.
Talvez você esteja achando que eu sou um menino e por isso ainda
vivo como cafajeste, mas você está totalmente enganado. Eu sou
um homem bem sucedido na vida e estou aproveitando meus trinta
e cinco anos. Abandonei a muito tempo tudo que era comum,
previsível e entediante.
Meu melhor amigo de infância, no dia de hoje coloca seus filhos
para dormir cedo, se ele tiver sorte a esposa lhe dará uma atenção
e lhe fará um favorzinho sexual, mas o mais provável é que ela
aproveite para ir descansar cedo também. Então, enquanto eu estou
aqui no club, ele senta sozinho em frente a televisão para beber
uma cerveja e assistir algum empolgante filme sobre liberdade.
Meus amigos tornaram-se aqueles que vivem para serem maridos,
pais e bons provedores. Torço para que tenham encontrado a
felicidade em uma rotina familiar. Para alguns, isso é o sonho
realizado. Para eles isso é a meta de suas vidas e estão bem com
isso.
Só que para tantos outros, isso é uma prisão que querem evitar. Eu
sempre acreditei que a maioria dos casamentos fosse apenas uma
prisão para o pênis, onde as esposas mal o usam e não deixam
você usá-lo livremente.
O homem quando casa, é como um pássaro que entra em uma
gaiola por vontade própria, ele se sente confortável por um tempo,
pois há alimento, segurança, companhia e sexo.
E o sexo é bom, pelo menos no começo, enquanto há sexo e há
novidades. Conforme o tempo passa o interesse no sexo por parte
do homem até aumenta mas o da mulher diminui, e ele começa a
sentir vontade de voar para longe, só que mesmo com a porta
aberta ele não consegue partir. Há uma corrente invisível chamada
filhos e responsabilidades que não o deixam partir. Óbviamente ele
acaba se contentando em apenas sonhar e relembrar os tempos em
que ele podia voar livre em solitude.
Posso até mesmo usar os lobos como exemplo. Sabe-se que o lobo
é mais forte quando em uma alcáteia, mas estando em uma,
grandes são suas obrigações e responsabilidades. Há bocas para
alimentar, há fracos para proteger, há a prole para criar.
Para o lobo solitário, aquele que caça sozinho, sua única
preocupação é consigo mesmo. Não há nada para proteger, não há
ninguém para sustentar.
O Lobo é solitário mas é livre para correr por novos campos sem
precisar olhar para trás.
Ele é vulnerável por estar sozinho, mas é livre de obrigações.
Este livro não foi escrito para o desfrute dos meus amigos que
tornaram-se homens de família. Esse livro é para você que nesse
momento da vida, encontra-se livre e desimpedido, podendo ter
quantas aventuras quiser, com quantas mulheres quiser.
Chega um ponto na vida do homem, que ele deve fazer uma
escolha: em sua frente há duas portas, a porta da direita o leva a
vida adulta tradicional: casar, criar os filhos e envelhecer
acompanhado.
A porta da esquerda é a não convencional e é onde muitos se
perdem na tristeza da solidão mas outros se encontram na
felicidade da solitude. Essa é a vida que eu escolhi pra mim ao
entrar pela porta da esquerda. Meus amigos entraram pela
tradicional porta da direita, a porta que dá direto à família,
paternidade e casamento.
Minha escolha foi feita há muitos anos sem eu nem ter percebido.
Quando criança eu nunca sonhei em ter uma família, esposa e filhos
e conforme fiquei mais velho percebi que para alguns, a felicidade
não se encontra em um lar cheio, mas sim em várias aventuras e
principalmente na liberdade que uma vida em solitude proporciona.
O que de fato eu sempre quis fazer é perseguir meus objetivos e
escalar meu império.
Mas aí entrei em conflito com meus hormônios e minha adoração às
mulheres. Veja bem a contradição: Quero ter mulheres mas não
quero a vida tradicional, então crio uma terceira porta, e nela está
escrito Cafajeste Sedutor.
O homem não nasceu para viver sozinho e de fato há noites em que
precisa de companhia para espantar a solidão, é preciso calor
corporal e é preciso acalmar o tesão sexual. Você pode se
masturbar o quanto quiser mas nada se compara a um sexo bem
feito, onde há entrega e cumplicidade. Eu amo ser livre, mas
também gosto de me perder nos braços de uma bela mulher. E eu
quero aproveitá-la ao máximo sem precisar amá-la e jurar
compromisso e fidelidade.
Quero a adorar e desfrutar dos momentos em que sou dela e ela é
minha. Mas ao amanhecer esse pássaro precisa voar livre pelos
céus para buscar outras novas oportunidades que surgirão no
horizonte. A empolgação de novas conquistas é o que move todo
cafajeste. Não saio com meus amigos de infância, mas como
amante da vida noturna, eu sempre cultivo alguns conhecidos para
que eu possa conversar num momento ou outro. Um importante
dom de todo sedutor é a boa comunicação e a influência que ele
exerce no lugar e com as pessoas.
Aquele tipo de homem que chega mudo e sai calado, não é
percebido e não desperta curiosidade nas mulheres.
Aquele homem que é procurado para conversas, que parece ser
bem recebido por todos, apreciado e que é receptivo à conversas
sobre qualquer assunto, aquele a quem as pessoas consultam
sobre fatos e dúvidas, aquele eloquente e até mesmo engraçado
quando quer, esse sim chama a atenção das mulheres.
- Aqui está sua cerveja seu Rozza.
Ah Corona, cerveja não é minha bebida alcóolica preferida, mas
uma Corona bem gelada em um dia quente é extremamente
saborosa.
Antes que eu pudesse tomar ao menos um gole da cerveja, meus
olhos tornam-se como puro ferro e foram atraídos contra a minha
vontade para a porta de entrada, como se uma extrema força
magnética entrasse por ela nesse exato momento.
O magnetismo criado pela presença dessa mulher fez com que uma
onda de choque percorresse todo meu corpo e eu sentisse um
calafrio na espinha, perdi por um momento a noção do tempo e
naveguei em nublados pensamentos. Àquela que entrou pela porta
nesse instante fez meu sangue ferver e eu me sintir como um
adolescente que experimenta uma avassaladora paixão à primeira
vista.
Meu coração bateu forte e apaixonado, acelerado como um tambor
em anunciação e essa batida anuncia que A Dama de Vermelho
acaba de entrar no recinto e na minha vida.
CAPÍTULO UM
Meus treinados olhos foram sequestrados imediatamente pelas
belas e provo-cantes curvas da Dama de vermelho que invade o
lobby nesse instante.
Poucos minutos me separam dela, se eu tivesse demorado alguns
tantos segundos a mais para chegar aqui, teria a encontrado logo no
jardim.
Assim que ela entrou pela porta reinvindicou a atenção de todos
para si, foi como se todos os cafajestes de plantão sentissem a sua
chegada, como uma brisa refrescante que causa um arrepio na
espinha e traz consigo um silêncio que logo tomou conta do local.
Como se espera de uma casa noturna, esse ambiente era bastante
barulhento, onde homens e mulheres conversavam sem parar, mas
agora, após sua triunfal entrada até mesmo a música coinciden-
temente cessou por alguns segundos, enquanto o cantor toma um
gole de água para molhar a garganta.
Não houve exceções, por alguns instantes todos interromperam
seus assuntos, suas conversas apenas para observar a mulher que
acabara de chegar.
Olho ao meu lado e percebo que todos estão olhando o grupinho
que acabou de chegar, pois uma coisa é certa, mulher linda, nunca
é linda sozinha. Todas as mulheres do seu grupo de amigas eram
nota onze numa escala 0 à 10, mas Dama de Vermelho arrasa, é
diferenciada, além de linda tem um charme cativante de mulher
feita, possuindo uma forte energia sensual diferente de todas que eu
já havia conhecido até hoje.
Tentei a todo custo ver o seu rosto, mas as seis amigas que
chegaram com ela atrapalhavam a minha visão. Isoladas, cada
amiga dela era uma beleza a ser admirada, porém em conjunto todo
belo era anulado e ofuscado pela Dama de Vermelho. Assim que
entraram pelo lobby elas se afas-taram totalmente do meu campo
de visão, foram até o outro lado do bar onde encontraram um grupo
de mulheres, sentaram-se nos ban-quinhos e começaram o doce
canto das sereias.
Eu preciso ver seu rosto, seu corpo me encantou e a primeira vista
está decidido que ela será a minha sexta-feira, minha refeição
especial.
Eu agora, preciso observar e reunir informações antes de me
aproximar. É possível me apaixonar por uma mulher sem nem ao
menos ver seu rosto?
Fui para o outro lado do bar e me encostei em uma parede próxima
dos camarotes e caminho do banheiro feminino. Haviam alguns
sofázinhos, mesas e bancos ali próximo mas eu não sentei, fiquei
em pé a observar. Ela ainda não havia se virado ao ponto de que eu
pudesse ver seu rosto e eu só conseguia ver suas costas e a
lembrança de sua triunfal entrada.
Ah se ao menos as palavras pudessem descrevê-la. É o tipo de
situação em que você apenas diz: “é difícil de explicar, você
precisaria ter visto para entender”. Tentarei te passar a imagem que
hipnotizou meus olhos, espero que a sua imaginação consiga criar
algo jus à mulher que irei descrever: Ela usava um vestido longo,
vermelho vivo com uma fenda na perna direita, era aberto nas
costas mas sem decote na frente, era elegante e justo à ponto de
moldar todo o seu corpo... espera um pouco, estou indo direto para
as curvas dela, deixa eu ser um pouco mais detalhista pois ela
merece.
Sapato de salto alto, um tom de vermelho que era suavemente mais
forte que a cor do vestido. O salto talvez fosse um pouco exagerado
em seu tamanho, isso poderia ser para compensar uma baixa
estatura? Pensando bem, não acho que uma mulher desse porte
tenha qualquer tipo de problema com autoestima que precise ser
resolvida com um salto alto.
Ela deveria ter 1,60 de altura, poucas mulheres sabem, mas a
maioria dos homens preferem mulheres de baixa estatura e eu
poderia afirmar que 1,60 é a altura ideal no gosto masculino. Ao
meu gosto pelo menos é a altura perfeita. Perfeita pelo menos para
homens de estatura mediana, que é o meu caso pois tenho 1.75 de
altura.
Ela usava uma meia calça preta, talvez houvesse alguma estampa,
algo que eu não conseguia ver de onde estava, precisaria me
aproximar para ser mais exato quanto a isso. O que posso dizer é
que eu senti inveja daquela meia calça que pode tocar aquelas
belas curvas, tão acentuadas com a delicadeza daquele fino tecido
que vestia.
Coxas grossas, de tamanho perfeito, nem pra mais nem pra menos,
bunda grande e redonda, de aparência firme, aquele tipo de bunda
que é resultado de passar anos indo à uma academia. Cintura fina
que certamente causa inveja nas outras mulheres, que até fariam
uma foto daquela cintura e daquele abdômen, levariam as fotos ao
cirurgião plástico e diriam: eu quero tudo igual, bem assim. Sem
hipocrisia que até mesmo eu levaria uma foto ao meu personal e
diria: eu quero um abdômen desses.
Os seios eram fartos mas não tão grandes assim. Com toda certeza
ela é o estereótipo perfeito de mulher violão, mas um violão do
tamanho certo, e aquele violão deve entonar belíssimas canções
para quem souber como tocá-lo.
Ela também usava poucos acessórios, algumas pulseiras, brincos e
relógio. Trazia em mãos uma jaqueta preta e pendurada no ombro
uma pequena bolsa também preta. Nada em sua aparência era
exagerado, tudo foi combinado de forma maestral, tudo de muito
bom gosto. Seu cabelo era loiro, uma mistura que começava liso e
terminava ondulado, cabelo que ia até a metade de suas costas.
Além da beleza evidente, havia aquilo que os olhos não viam,
aquele fator a mais que todos sentiam, mas só os experientes
saberiam explicar. Era facilmente percebido no ar um tom de mulher
elegante e culta. Essa mulher é aquela do tipo que pode usar
qualquer roupa sem parecer vulgar, muito pelo contrário, ela
emanava uma aura extremamente sensual e fina. Mulher que
poucos homens conseguem seduzir. Mulher que nenhum homem
conseguiria dizer não.
Lindas pernas que cruzavam de um lado à outro em tom
provocativo, seus movimentos eram hipnóticos capazes de captar a
atenção de todos ao seu redor. Sei que já falei dos seios,
visualmente perfeitos que eu preciso novamente mencioná-los, pois
nem a minha imaginação poderia criar curvas tão delicadas. Seu
corpo era uma escultura vívida, exposta para todos admirarem e
como toda obra de arte exposta, ela era fortemente protegida pela
órbita de adoradores. Haviam homens e mulheres ao seu redor,
como se formassem uma muralha intransponível.
Os homens agiam como defensores, com olhares espantavam
quem tentasse se aproximar, mas eles mesmos eram incapazes de
a conquistar e o máximo que podiam fazer era impedir que outro a
possuísse.
Ainda não havia visto seu rosto e apostei comigo mesmo que um
corpo desses não deveria vir com um rosto bonito, um corpo desses
deveria ser uma compensação de uma mulher de face simplória,
talvez até feia. Não que isso mudasse minha escolha.
Antes que minha imaginação pudesse me levar à todos os tipos de
possíveis rostos que ela poderia ter, ela virou-se e olhou
diretamente para mim. Enquanto relatava à você o que meus olhos
viam, acabei me distraindo e esqueci que mulher também enxerga
pelos olhos das amigas e certamente alguma amiga contou-lhe
sobre este cafajeste observador.
Não consigo determinar a cor exata de seus olhos, eram claros e
realçados pela maquiagem que usava, maquiagem suave e
marcante, nariz perfeito, pele clara e sem manchas, boca vermelha,
carnuda e antes que eu pudesse reparar em algo mais, ela dispara
contra mim uma arma nuclear de destruição em massa que explode
deixando vítimas fatais.
Um sorriso lindo, sexy e impecável.
Meu mundo parou. Todos os meus treinados anos de cafajeste não
foram suficientes para me proteger contra o sorriso que essa mulher
lançou sobre mim, fui desarmado na hora. Por um momento fiquei
sem reação e sem saber o que fazer nem como agir. Quando voltei
a mim percebi que minha boca traidora já havia retribuído o sorriso
sem me pedir permissão.
Trocados sorrisos, ela volta sua atenção para as amigas e liberta
meu mundo que começa a girar novamente pra mim.
Linda, sensual e perigosa, o tipo de mulher capaz de descontrolar
qualquer homem. Foi fácil entender que a aposta feita comigo
mesmo fora perdida, pois a minha frente estava uma mulher de
beleza completa. Não há escala para dar uma nota à ela. Onze é
muito pouco.
Obviamente fiquei atraído pela perfeição, e principalmente pelo
sorriso convidativo que me deu. A beleza capaz de tornar homens
em meninos me desarmou, mas pensando bem, foi justamente para
isso que eu saí de casa, para encontrar uma mulher que me
cativasse a ponto de eu me apaixonar e desejar conquistá-la.
É necessário domar os sentimentos selvagens que tentam pular do
peito para que não cavalguem ao longe, é preciso tomar o controle
da admiração para não me tornar apenas mais um que é atraído
pela sua gravidade e passar apenas a orbitar ao seu redor. Sem ter
a menor chance de conquistá-la.
Enquanto todos viraram meninos reféns dos hormônios e da
admiração, eu visto minha máscara e me torno o herói de todo
adolescente que chega à puberdade, sonhando com as beldades
que assistiam nas sessões da tarde, eu me torno o Cafajeste
Sedutor. É por isso que nessa noite, sou eu quem a levará para
casa, ou melhor, para a minha lancha.
Há uma pergunta que preciso fazer a mim mesmo agora, e preciso
responder nesse exato momento.
- Como me aproximar, me destacar entre tantos e estabelecer o
primeiro contato direto?
Em ocasiões normais, eu procuro por brechas e sinais, dentro
dessas brechas as mais exploradas são os amigos em comum.
Quando não há amigos em comum, eu procuro amigos de amigos
em comum, essa é uma forma extremamente fácil de abordar. Eu
percebo algum conhecido que conhece uma amiga dela, através
dele eu descubro o nome dessa amiga, então eu chego nessa
amiga e falo: - Oi Paula, tudo bem? Não vai me apresentar sua
amiga?
- Antes que a Paula tenha tempo de sequer pensar em: - Quem
diabos é você? Eu já uso dessa abertura para diretamente ir à
mulher em si, me apresentar e pedir seu nome, pois eu só precisava
de um momento de atenção e assim eu consigo. Após o primeiro
contato o que falta é despertar o interesse dela e manter assuntos
atrativos conforme vou abrindo espaço para a sedução.
Pra mim, é uma abordagem que funciona bastante. Após
estabelecer o primeiro contato, testar um contato físico para
perceber todas as zonas de interessa dela, descobrindo seus
interesses descubro como a manter envolvida em um assunto
infinito, ainda uso essa tática no final, para escancarar minhas
intenções na última fase do flerte onde eu digo honestamente algo
assim: - Olha quer saber uma coisa engraçada?
Eu não conheço a sua amiga, a Paula, descobri o nome dela e usei
disso pra vir falar com você, eu precisava mesmo vir até você, não
me perdoaria se deixasse você simplesmente partir sem eu nem me
apresentar.
Ela pode rir, pode admirar sua cara de pau, mas definitivamente irá
admirar sua atitude. Mulher gosta de homem de atitude, isso é fato.
E eu geralmente falo isso no ouvido antes de beijá-la. É a jogada
final desse movimento.
Não há amigos em comum, não há amigos de amigos em comum,
todos ao seu redor são desconhecidos pra mim. Eu poderia pedir ao
gerente do club que descobrisse o nome dela pra mim, mas isso
seria informação privilegiada e tira a graça do jogo.
Eu também poderia simplesmente ir já na cara de pau e partir para
uma abordagem direta, mas uma abordagem direta funciona melhor
se algumas defesas já tiverem sido derrubadas, se algum contato já
tiver sido estabelecido. E eu não estou com pressa, acabei de
chegar e não há sinais de que ela esteja entediada e querendo ir
embora, afinal de contas, ela também acaba de chegar. Ela
certamente quer se divertir com as amigas antes de ceder ao flerte
de algum homem.
Entender o “timing” é essencial ao bom conquistador, pois outro
mandamento fundamental do sedutor, é o poder de observação. O
conquistador é aquele que observa tudo antes de agir. Dizem que as
mulheres tem visão periférica, então o cafajeste deve ter a visão em
360 graus. Ele enxerga tudo, e nem sempre com os próprios olhos.
Um reflexo num espelho, os olhos de um conhecido e quando ela
também usa uma amiga como olhos próprios, você percebe que a
amiga te olha apenas para relatar para a outra, o cafajeste é aquele
que observa todos os detalhes. Assim ele sempre estará vários
passos à frente de todos.
Usando meus dons de observador, de imediato percebo que ela
está com amigas que aparentemente não via a muito tempo.
Provavelmente como todas minhas conquistas, ela está de
passagem pela cidade ou veio a algum evento ou até mesmo se
morar aqui, por eu nunca tê-la visto em baladas, ela pode ser uma
recém solteira, pode ter terminado um relacionamento e está saindo
com as amigas depois de muito tempo.
Vejo que não está usando aliança mas distante assim não consigo
ver se há marcas de anel em seu dedo. Talvez ela até more no
exterior e esteja apenas visitando, isso faria até sentido pois se for
isso ela é uma mulher viajada, conhecedora de outras línguas e
culturas e talvez daí, venha essa vibração de mulher culta e
elegante.
Outro mandamento fundamental ao bom conquistador é não ser
apressado, ele deve calar sua ansiedade para não ser atropelado
por ela. Lembre-se que em uma partida de xadrez, sempre são
necessários alguns movimentos antes de declarar o cheque-mate.
O xadrez é emocionante quando a oponente também sabe como
jogar. É uma batalha de rendição, onde você faz movimentos de
ataque e ela faz os movimentos de defesa e até mesmo de contra-
ataque. Se você for o melhor jogador da mesa, você derrubará
todas as defesas até que ela não tenha mais jogadas a fazer além a
de se render à você.
Nenhum bom jogador é apressado, todos são cautelosos, ousados e
acima de tudo estrategistas. Então eu ir logo no início da noite falar
com ela pode muito bem ser uma jogada suicida, pois mesmo que
ela esteja interessada em mim, ela irá me dar o fora, pois ela veio
rever as amigas e ela não trocará as amigas por um homem, pelo
menos não nesse momento e nessa exata hora. Isso é um
raciocínio básico.
Ela veio rever as amigas, mesmo que esteja afim de você, enquanto
as amigas estiverem ávidas por conversa, ela não dará atenção
para nenhum homem, isso é ter classe e educação. Ao passar da
noite, cada amiga seguirá seu rumo, com seu acompanhante ou
outro alguém, por cortesia ela não se ausentará primeiro, porque ela
definitivamente não quer no dia seguinte escutar a frase: “você veio
aqui pra nos ver, mas logo já nos trocou pelo primeiro que
apareceu.”
Sabendo disso e controlando minha ansiedade, passei a jogar com
ela o jogo da sedução através do olhar, algumas olhadas discretas
evitando um contato visual prolongado. Para deixar a dúvida no ar:
será que ele estava me olhando?
Não foi uma batalha muito fácil de jogar, visto que ela estava de
costas para mim, mas hora ou outra eu conseguia ver seus olhos no
espelho a me observar.
De repente, fugindo de toda estratégia e raciocínio, eis que ela se
levanta, fala algo para as amigas e começa a se afastar e eis que
vem caminhando em “minha direção”, ela vem driblando todos os
homens que se colocam “discretamente em seu caminho” e marcha
ao meu encontro. Já me faço de difícil e não a olho diretamente
como se esperasse sua chegada, continuo olhando ao redor,
despretensioso e descontraído, consigo acompanhar sua
caminhada em segundo plano, em uma visão de canto de olho.
Faço isso para não ser só mais um homem que a receberá de
sorriso no rosto e será posto de lado só porque demonstrou uma
admiração.
Meu coração tenta palpitar mais forte mas onde a razão reina, a
emoção se cala. Minhas emoções não fogem do meu controle.
Segurei a excitação e ela passou reto por mim, trombando “sem
querer em meu ombro”. Não reagi, sequer olhei, a deixei passar, fiz
charminho de homem fazido. Olhei discretamente e vi que ela
estava se dirigindo ao banheiro. Essa pequena olhada foi uma
maravilhosa experiência, a visão das suas costas era espetacular.
Eu estou posicionado aqui de forma estratégica, eu sabia que ela
não estava vindo em minha direção quando começou a caminhar,
ela estava vindo em direção ao banheiro e é por isso que parei
exatamente aqui, pois se você quer cruzar com uma mulher numa
festa, posicione-se próximo ao banheiro, mulheres vão
constantemente ao banheiro. Além de terem a bexiga pequena elas
não estão acostumadas a beber e retoques de maquiagem são
sempre necessários. Já aconteceu de eu me posicionar aqui e a
mulher não vir.
Na época então usei como estratégia mandar o garçom lhe enviar
uma garrafa de champagne, como presente de um admirador
secreto, somente para ela beber e precisar vir finalmente ao
banheiro, sem contar o fato que muitas vão juntas ao banheiro.
Então aqui, no “caminho” é o local perfeito para a “emboscada”.
Eu não fico parado na porta do banheiro, aqui é apenas o caminho
de passagem, um local discreto mas que sei que ela terá de trilhar
se quiser ir ao toalet.
Uma pequena semente de insegurança foi plantada em minha
mente. Minha visão de segundo plano trouxe alarmantes
preocupações. Se não fosse por essa trombada, que pode muito
bem ter sido despretensiosa, do momento em que ela levantou até
passar por mim, ela não olhou em minha direção um momento
sequer. Isso confunde um pouco a razão, porém deve-se entender
que ela também pode estar jogando. Ela pode muito bem ter me
cuidado pelo canto de olho desde que levantou.
Estar aqui nessa posição foi premeditado assim como o fato de que
ela me perderá de vista por alguns minutos, essa jogada se tornará
uma oportunidade única de testar se há mesmo um real interesse
dela em mim.
Este momento é uma oportunidade rara e devo usá-lo de forma
inteligente. Não é possível fazer esse movimento duas vezes na
mesma noite. Faremos uma jogada agora, para testar se ela
realmente estava me flertando com olhares de interesse ou estava
apenas olhando ao longe sem me enxergar. Talvez até mesmo o
sorriso, tenha sido à outra pessoa. Agora é hora de ter certeza do
interesse dela.
É uma jogada digna de um mestre do xadrez que está prestes a
emboscar a rainha, eu, simplesmente me retiro do lugar que estou,
local que ela sabe que eu estou, e observo.
Usei um simples truque e resolvi brincar de “esconde-come” digo
“esconde-esconde” com essa mulher. Não há porque eu ficar imóvel
no mesmo lugar esperando ela voltar, sendo que eu posso fazer um
movimento esperto agora, ela sabe onde eu estou e eu agora quero
saber se seus olhos vão me procurar nessa multidão.
Imediatamente saio de onde estava, e vou para outro lugar, onde ela
pouco havia olhado, mais pra perto do palco onde os artistas se
apresentam, é um lugar mais barulhento, que eu dificilmente vou. Eu
preciso testar se ela irá perceber minha ausência ou se o sorriso
que ela me lançou foi sem pretensão alguma. Talvez uma
coincidência apenas? Sorriu de algo que ouviu e deu o acaso de ser
na mesma hora que nossos olhos se cruzaram? Mas e a amiga que
lhe falou algo antes dela olhar?
Todas as dúvidas serão respondidas com o seu regresso. Ela sai do
banheiro, dá alguns passos e olha sem disfarçar para o local que eu
estava, até mesmo fez uma pequena pausa como quem procura
entender o que viu.
- Sei, então ela estava me olhando de canto de olho, e como não
me viu precisou virar-se totalmente para me procurar.
Ela retorna às suas amigas, começa a olhar para trás com maior
frequência, eu seguro com a mão direita a minha cerveja que a essa
altura já está quente, coloco a outra mão no bolso e começo a me
balançar disfarçadamente, como se estivesse ali com os demais
balançadores curtindo a música. Não dá pra considerar uma dança
pois é apenas um discreto movimento de quem está curtindo o som.
Então eis que vejo ela falando algo com a mesma amiga de antes,
àquela com a qual ela falou antes de sorrir pra mim, a amiga lhe fala
algo no ouvido e ela rapidamente, olha diretamente para mim.
A manchete do jornal é: Extra, extra! Pescador joga isca em um rio
cheio de piranhas e pesca uma sereia! O marinheiro pegou uma
sereia e ela está totalmente fisgada. Não há dúvidas. Há um
interesse e é somente isso que eu precisava saber para realizar o
movimento de “cheque” que precede o “cheque-mate”.
Esta é a minha vez de tomar a iniciativa, sem perder tempo disparei
a queima roupa meu melhor sorriso. Esta arma, não é apenas o
mostrar de dentes, é um sorriso diferente de todos, não é um sorriso
igual aos que você solta quando ri de uma piada. Esse sorriso
revela suas intenções, esse sorriso é simpático, sensual, malicioso,
esse sorriso é uma promessa de que algo muito especial está para
acontecer.
Esse sorriso tem que desarmá-la.
Eu sorrio e ela retribui. Seu sorriso definitivamente foi um convite ao
flerte, através do olhar ela me disse tantas coisas sobre si e eu
acabei revelando muito mais do que queria sobre mim, de todas as
coisas que ela me disse nesse sorriso o mais importante é o fato
que ela não quer ir embora sozinha após essa festa. Me considero
um cavalheiro e com toda certeza atenderei seu pedido.
Enquanto eu continuo ali me sacudindo ao ritmo da música, começo
a pensar no quão rápido tudo aconteceu nessa sexta-feira. (Não
houve muita emoção nessa conquista apesar do impacto visual,) foi
até mesmo fácil. Eu posso dizer que essa é uma das mulheres mais
bonitas que eu vi em minha vida, e foi assim, fácil desse jeito?
Assim que entrei nesse ambiente do Club a vi, fiquei hipnotizado,
acabei nem percebendo as tantas outras oportunidades que haviam
por ali. Dentro do grupo de amigas dela estavam muitas mulheres
lindas. Meu Club é daquele tipo que se você quer ver uma mulher
bonita, basta olhar para o lado. Mas hoje a noite está diferente, a
conquista está ao alcance, e eu pressinto que algo ainda maior está
para acontecer.
Chega de balancinhos, me afasto do palco, decido dar uma volta
pela boate antes de fazer uma aproximação. Vi muitas mulheres
bonitas, tantas outras lindas mas no fim das contas nada que
ofuscasse a dama de vermelho que foi a primeira a chamar minha
atenção.
Está cedo, apesar da multidão inicial, a boate ainda não está cheia,
muita gente ainda deve chegar, talvez seja bom eu testar um
primeiro contato com ela enquanto há menos barulho.
Mesmo sabendo que é cedo demais para que eu possa ter a
atenção dela totalmente pra mim, eu decido que é necessário pré-
estabelecer um contato inicial com ela, antes que outro homem a
aborde e ela eventualmente troque de interesse.
Ah você achou que ela estava no papo? Você também, assim como
eu, acha que é uma conquista garantida? Hoje eu rio do que
aconteceu naquela noite, mas na verdade é que ao fim dessa noite
eu terei usado tantas abordagens e flertes que meu sábado
começará com uma forte dor de cabeça.
Nenhum contrato entre nós foi assinado. Afinal de contas, ela
apenas demonstrou um singelo interesse, e interesse é facilmente
transferível, agora está comigo, mas pode facilmente ser roubado
por outro. O interesse pode ser despertado em outro homem da
mesma forma que foi comigo. Ela apenas me deu um olhar, ela não
se apaixonou por mim e nossos olhos nada prometeram um ao
outro.
Não é porque ela sorriu para mim, que ela é uma conquista
garantida, não é porque ela sorriu pra mim, que ela irá esperar a
noite inteira apenas para falar comigo. E eu não sou nada ingênuo a
ponto de esperar, que ela venha falar comigo.
Isso é a coisa mais certa do mundo. É mais fácil um meteoro cair
aqui nesse exato instante, do que ela tomar a iniciativa de vir falar
comigo.
Jamais será ela que virá falar comigo, se eu quero alguma coisa
com essa mulher, sou eu quem deve agir.
Da mesma forma que se você deseja conhecer uma mulher, deseja
seduzir, namorar, é bom você entender que ela não vai abordar
você, é você que tomará a iniciativa, é você que deve ser o homem
da relação, e ter a atitude de iniciar a conquista.
Então comecei a andar em direção a ela, os tambores do meu peito
despertos no inicio da noite agora estão calmos, foram silenciados a
anos e para mim isso é apenas uma conquista como outra qualquer,
há apenas a emoção da atração e nada mais, nenhum medo ou
temor. Particularmente eu não penso em quase nada quando vou
falar com uma mulher, é um exercício que pratico desde sempre,
pois quem muito pensa pouco faz, há anos eu apenas decido ir e
vou, eu não penso em coisas inúteis como rejeição nem no que
pode ou não pode acontecer.
Uma abordagem é uma coisa extremamente simples: É apenas eu,
indo falar com uma mulher. Ser rejeitado é um temor, claro que é,
mas a rejeição não é nada demais e também não é definitiva.
Não há nenhuma garantia de que eu serei ou não rejeitado por ela,
mas existe uma certeza universal que você precisa entender agora:
Mil vezes ser rejeitado para aprender a não ser rejeitado, pois é
FUNDAMENTAL saber os motivos de estar sendo rejeitado!
Conhecendo os motivos, também conhecemos as soluções.
Mil vezes a rejeição do que chegar em casa sozinho, deitar na cama
sozinho, olhar para o teto sozinho e repetir a frase que todo homem
sem coragem diz quando deita em companhia da tristeza e solidão.
Essa frase é dita constantemente pelos covardes que esperam
demais para agir:
E SE eu tivesse ido falar com ela?...
Muita coisa pode acontecer se eu decidir ir falar com ela.
Mas nada acontece se eu não for falar com ela.
Vamos dar uma viajada nas possibilidades que estão em jogo aqui,
para entendermos qual o caminho mais inteligente a seguir: Se eu
for falar com ela, agora, apenas duas coisas poderão acontecer.
Apenas duas coisas. Não existe uma terceira.
- A Primeira coisa que poderá acontecer: Eu fui falar com ela, ela
me deu atenção e conversou comigo.
Se ela me deu sua atenção, é porquê ao menos quer saber o que
eu tenho a dizer. Eu tenho a real chance de conquistar essa mulher.
E muita coisa poderá acontecer porque eu simplesmente agi e fui
até ela, um mundo de oportunidades poderão se abrir para mim. Ao
invés de deitar na cama sozinho tentando acordar um pênis solitário
e depressivo, tendo como imagem o teto do quarto enquanto me
masturbo, se eu for falar com ela eu posso mudar toda essa
realidade solitária, posso estar olhando para o corpo dela nú na
minha cama agora ou eu posso estar olhando para o teto, mas
recebendo um prazeroso sexo oral.
Pode ser que eu tenha um noite de sexo que ficará na história, pode
ser que eu me apaixone, pode ser que a gente namore, que
sejamos felizes por muito tempo. Pode ser que essa conquista se
estenda por dias, uma viagem, um cruzeiro, pode ser que eu precise
de algum tempo para amar completamente essa mulher, ou pode
ser que tudo isso acabe em uma foda bem dada e nada mais.
Também pode ser que ela tenha se interessado por mim, mas não
queira ficar comigo na boate, porém ela me passa seu contato e eu
ainda tenho todas as oportunidades de conquistá-la.
TUDO É POSSÍVEL, PORQUE EU FIZ ALGUMA COISA À
RESPEITO AO INVÉS DE FICAR APENAS IMAGINANDO. Todo
esse sonho só é possível se eu for falar com ela, então eu só tenho
a ganhar.
A segunda coisa que poderá acontecer: Vou falar com ela, mas ela
apenas me ignora.
Fui completamente rejeitado. Ela me ignorou e não me deu
nenhuma atenção, nem a cortesia de responder ao meu “boa noite
tudo bem” ela teve. OK! Eu me afasto na elegância. Tentei e não
deu certo. Veja que coisa MARAVILHOSA que foi ser rejeitado sem
enrolação! Desisto dessa mulher, e parto para a próxima tentativa,
eu tenho o resto da noite para tentar novamente com outra mulher.
Se eu ficasse três horas encarando ela seriam três horas totalmente
perdidas. Então eu só tenho a ganhar se ela me ignorar, pois assim
ela faz por mim a única coisa que pode fazer: faz com que eu pare
de me iludir.
Então novamente eu sei, que eu só tenho a ganhar indo falar com
ela!
As duas únicas consequências de ir falar com ela são essas. É 50%
a favor e 50% contra. Muito mais a ganhar, do que a perder. Já
pensou ficar a noite inteira ali, observando, sonhando e no final não
ter coragem de ir falar com ela? Ficar encarando a noite inteira e
apenas observar outro chegar e a levar para casa.
QUE GRANDE ESTUPIDEZ É ESSA? VOCÊ É ESTÚPIDO?
O cafajeste é um observador, mas ele não está assistindo um filme
de ficção. Ele faz parte da história, ele observa para agir.
Não há por que não ir falar com ela. Simplesmente não há nada
senão temor ao ir falar com ela.
Eu sei que eu sou homem suficiente para calar meus temores e agir
com coragem. Eu sou corajoso, e você também é? Estou certo?
Só não aborda a mulher que deseja, aquele refém da timidez e dos
pensamentos desmotivadores. Cale o seu “temor” e apenas faça.
Quando eu vou abordar uma mulher, é um fato até simples, nada
demais, que precise de muito ensaio e coragem, é apenas eu
fazendo o que decidi fazer sem me preocupar com coisas que
poderão apenas me desencorajar a falar com ela.
E é assim quando se vai falar com uma mulher. Decida ir e vá,
quando chegar lá você pensa e desenrola a conversa. Quem
planeja e não executa, vai pra casa sozinho bater punheta.
Então, eu aqui agora, simplesmente decido ir falar com ela e vou.
Estou indo em direção a ela, meus “temores” estão calados e eu
apenas caminho determinado em ir falar com ela. Por um momento
senti-me indo em direção a esfinge, aquela da lenda Egípcia que se
você não decifrar seus segredos será devorado, essa esfinge é
diferente, se eu desvendar seus mistérios ela é que será devorada e
essa mulher quer que eu desvende seus segredos, seu sorriso foi
um desafio e eu aceitei esse desafio. Sinto que já falei essa
analogia da esfinge antes, mas precisa ser novamente mencionada.
Não tenho medo de aproximar-me dela, mesmo ela estando em
uma posição de empoderamento sobre as demais. Ela estava
sentada em um banquinho alto, bem em frente a copa deste bar.
Antes de me aproximar, nós trocamos alguns olhares e eu pude
perceber seu convite, qualquer homem normal se sentiria intimidado
à se aproximar, pois ela era como um tesouro cercado de perigos e
armadilhas.
Não adianta mais ficar pensando e planejando, não há porque dar
tempo ao “temor” chegar e se instalar em meus pensamentos.
Decido agir, e ajo. Solto a garrafa de cerveja em uma mesa qualquer
e me encaminho à perdição.
Haviam diversos obstáculos e ela estava cercada por homens e
mulheres e eu precisei pedir alguns pares de “com licença” para
abrir caminho, acabei não sendo nada sutil em minha aproximação,
cheguei pela lateral, o caminho não era fácil, tanto que as amigas
dela perceberam minha chegada e se afastaram, como que em sinal
de “permissão para conversar” com ela.
Conforme me aproximava, olhei em frente ao espelho e a vi já me
observando. Ela não conseguiu esconder o sorriso de canto da boca
quando nossos olhos refletidos se encontraram.
Meu olhar foi fixado nos seus e ela percebeu que eu estava me
aproximando para falar com ela.
Ela estava sendo o centro das atenções desse local, homens e
mulheres orbitavam ao seu redor como se ela exercesse sobre eles
uma força gravitacional que atraí tudo para si. Seu cabelo era loiro e
bem cuidado, pude imaginar o doce cheiro de shampoo caro, e
também pude imaginar o gosto daquele cabelo suado em minha
boca. Dentre as mulheres que estavam no club, logo se percebia
que era ela a de maior valor, a que estava dizendo à todas as
demais apenas com sua presença “eu sou a mulher alfa do local”.
E quem sou eu você me pergunta? Claro, que rude da minha parte,
já estou antecipando a história antes de me apresentar, ou melhor,
de cumprimentá-lo pois já nos conhecemos de muitos livros atrás.
Eu sou J.F Rozza e neste momento, neste bar estou prestes a ter
uma grande conquista com uma das mulheres mais lindas da minha
trajetória como cafajeste. Eu não sou nem de longe o príncipe do
local em busca da princesa, eu sou o lobo mau que bagunçará a
vida dela e deixará ela louca de paixão. E eu só consegui ter sua
atenção porque eu estou passando a mensagem corporal de que eu
sou confiante, atraente e misterioso, ou seja “eu sou o Cafajeste
Sedutor Alfa daqui”.
Continuo indo em direção a ela, senti-me como um jogador de
futebol americano de tantos obstáculos que precisei passar para
marcar o touchdown, sinto-me carregando a bola pelo campo e
driblando as tantas pessoas que bloqueavam meu caminho.
Diferente do jogador que usa da violência, eu passei por todos com
gestos sutis vencendo a barreira de defensores e amigas e consigo
finalmente me aproximar, o jogador enfim chegou com a bola e são
‘logo duas.’
Me aproximo pelo seu lado esquerdo, ela vira o rosto e me encara,
mas eu passo reto por ela e paro ao seu lado direito, ela continua
olhando para a esquerda, para disfarçar o fato de eu não ter
retribuído seu olhar. Agora ela volta a tomar seu drink, olhando
concentrada o copo a sua frente. Mexe as pedras de gelo com o
canudo, e enfim olha para o espelho, e quando ela percebe que
estamos ambos olhando um ao outro através do espelho do bar,
sem desviar os olhos eu falo para o barman: - Eu gostaria de um
“Manhattan” por favor. O Manhattan é um coquetel à base de whisky
e vermute.
Fiz questão de deixar meu braço encostar no dela, quando cheguei,
mais um teste de interesse, se não houvesse interesse da parte
dela, ela rapidamente tiraria o braço.
Essa é uma abordagem sutil, pois ir diretamente a ela poderia deixá-
la com o ego mais inflado ainda. Eu posso simplesmente ter vindo
na copa pedir um drink, não há como saber o que se passa na
minha cabeça e essa curiosidade é minha aliada. Mesmo que
pareça escancaradamente que eu vim por causa dela, o que está
por vir na minha abordagem não é nada previsível.
Aqui está senhor.
- Obrigado eu respondo.
Enquanto o barman marca em minha comanda meu consumo, eu
sutilmente coloco a mão esquerda no bolso, e com a mão direita
levo o copo a boca. Viro-me totalmente para ela e percebo-a me
encarando, dessa vez diretamente. Ela rapidamente disfarça e olha
em frente.
- Olá tudo bem?
Ela vira a cabeça e me responde.
- Sim tudo bem e você?
Porém, aqui ela mostrou sua experiência com conquistadores, ela
me deu uma resposta sem corpo, apenas seu rosto se virou, como
se fosse apenas por educação. Sinalizando que não está aberta
para uma conversa longa. Mas também errou ao parar de conversar
com as amigas, assim me mostrou que nosso assunto poderá ser
prolongado, mesmo que tenha me dado uma resposta fria no
começo.
Eu continuo a conversa... é preciso continuar puxando assunto ou
acabará aqui a abordagem.
- Qual seu nome?
Ela pensa um pouco, me olha e enfim responde.
- Carla.
Eu poderia até comemorar aqui que agora sei seu nome, mas a
frieza com a qual respondeu desanimaria homens inexperientes.
Novamente, ela apenas responde friamente, eu poderia entender
como uma negativa, pois ela não pediu o meu nome. Ao invés de
desespero, basta apenas observar para entender o fato de que ela,
ainda está sentada ali ao meu lado, mexendo no seu drink, ela
poderia voltar a falar com as amigas para me espantar, mas
continua dando sinais de interesse, o culpado dela não participar da
conversa sou eu e eu apenas não estou fazendo as perguntas
certas.
Então é preciso ousar um pouco nas perguntas, afim de quebrar o
gelo e fazê-la descer desse pedestal:
- E então, Carla, estou esperando....
Ela me olha com olhar de espanto e pergunta:
- Esperando o quê?
Eu respondo em tom descontraído, com um sorriso discreto, e
semblante que minha mãe se orgulharia de ter um filho tão
simpático e tranquilo.
- Ué, seu pedido de desculpas, você esbarrou em mim agora pouco.
Ela ri e enfim se vira totalmente pra mim, fazendo um movimento
com seu cabelo.
- Qual é o seu nome?
Meu nome é JF.
- Então querido J.F, me perdoe por ter esbarrado em você.
Fala e solta uma gargalhada, seu corpo agora está totalmente
virado pra mim, como se agora sinalizasse que está pronta para
uma conversa mais longa.
Fiquei tentado a olhar suas pernas cruzadas em minha frente mas
seguro os olhos altos.
Olho fundo em seus olhos, e faço questão dela perceber que estou
olhando para sua boca quando começo a dizer a seguinte frase: -
Não foi nada Carla, acontece. Eu admiro muito mulheres educadas
como você. - Foi um prazer conhecê-la.
Estendo minha mão e ela aperta, meio sem entender que novo jogo
é esse.
- Tchau Carla, até mais.
Falo isso e me retiro. Faço agora bom uso da horta de “conhecidos”
que cultivo, entro em uma roda de conhecidos e sou muito bem
vindo, alguns exageram na cortesia e me abraçam e eu logo
começo a participar da conversa, ficando de costas para ela mas a
observando entre um reflexo e outro.
Para ela, é um choque tremendo, ela deu abertura, estava pronta
para o flerte e simplesmente “foi rejeitada”?
Logo ela, “o centro do universo”, Deusa de homens e mulheres,
aquela que pode ter qualquer homem aos seus pés, ela queria
conversar com aquele homem e ele a ignora? A única forma de
chamar a atenção de uma Deusa, é sutilmente ferir seu Ego.
Particularmente, saindo agora da conversa, fazendo esse joguinho
de ignorar, eu vejo isso como parte do charme do cafajeste para não
demonstrar total interesse, agindo assim acabo evitando frases
como “não posso, estou com minhas amigas” ou “mais tarde a gente
se fala”.
Claro que essa é uma jogada ousada, para players mais
experientes, eu poderia usar a brecha para falar com ela ali mesmo,
mas não é por ela ter me dado atenção que a conquista estava
garantida, fiz isso apenas para implantar nela a dúvida, e a certeza
de que há ao menos um homem nessa festa, que não caiu de
amores ao seus pés, um homem a quem ela deu a chance de se
aproximar mas ele preferiu se afastar.
“Esse homem tem algo a mais, e eu preciso descobrir.” Da próxima
vez que eu for falar com ela, tenho certeza que ela tentará manter
uma conversa longa, ou poderá tentar se vingar, pois para todo
ataque há uma contramedida.
Gerar dúvida é nossa aliada, e o homem que planta a dúvida colhe
o resultado.
A Jornada do Leitor.
- Eu te amo, mas não sou mais apaixonado por você. Precisamos
nos separar, precisamos parar de nos enganar e parar de viver essa
infelicidade acompanhada. Mesmo estando junto de você, mesmo
segurando sua mão durante uma caminhada, ou dormindo ao seu
lado todas as noites, mesmo assim eu me sinto sozinho e infeliz.
- Nossa vida em casal é miserável, não há mais qualquer tipo de
emoção, eu sei que te amo, mas já não é um amor de homem e
mulher, é um amor que vem do companheirismo de todos os anos
que passamos juntos. Em algum momento fomos felizes como
casal, mas esse momento hoje só existe em nossa memória.
- O melhor para ambos, é tentar ser feliz redescobrindo novos
amores. A vida é muito curta para viver um amor em desencanto.
O leitor recitou frente ao espelho essas lindas palavras, um término
digno de filme, maduro e emocionante, enquanto se olhava no
espelho e terminava o ensaio ele preparava-se para uma das piores
conversas que teria na vida. Muitos homens adiam tanto essa
conversa, essa decisão que passam a viver sonhando em terminar
mas nunca de fato conseguindo tomar a iniciativa para ser livre.
Saiu do banheiro e dirigiu-se à sala, sua mulher estava deitada no
sofá assistindo a novela, ela hoje, era uma sombra da mulher que
um dia ele conheceu, então ele procurou repetir exatamente as
belas palavras que disse em frente ao espelho.
- Amor, eu queria conversar com você...
Antes que pudesse falar, ele foi surpreendido com a resposta da
mulher.
- Eu não te amo mais, eu quero me separar de você! Levantou-se e
saiu.
Surpreendido pela mesma decisão que tomara a instantes.
Obviamente se você vive uma infelicidade acompanhada, o
descontentamento é mútuo. Ele também não passava de uma
sombra do homem que ela conheceu. Geralmente um
relacionamento ruim, é ruim para ambos os lados, e continua ruim
até que alguém tenha coragem de tomar a decisão que mudará
essa realidade.
O grande golpe aqui, é que o orgulho masculino aceita muito bem o
fato de rejeitar, mas ser rejeitado mexe com a mente da maioria. Ao
ser rejeitado suas vontades mudaram. Ele agora não queria mais
terminar, ele queria uma chance para consertar a relação. Começou
a se questionar e temer ficar sozinho. Recomeçar a vida de homem
solteiro pareceu assustador. Todo discurso e decisão que teve a
pouco, agora se tornaram súplicas e promessas de mudanças. Mas
toda súplica foi em vão.
Ele obteve o que queria, seu relacionamento acabou, mas não da
forma como pensou, sentiu sua confiança cair e para sua surpresa,
a tristeza o acolheu em um gélido abraço. Enquanto se lamentava,
sua agora ex-mulher arrumava as malas para partir.
Quando ela voltou do quarto, sua imagem carregando uma mala e
uma mochila fizeram lágrimas virem à tona.
Ele manteve-se firme escondendo o rosto, ela abriu a porta, colocou
a mala para fora, olhou para ele e antes de partir foi até o seu
encontro, lhe deu um último beijo de gosto salgado e um abraço
apertado. Abriu sua mochila e puxou dois livros e entregou ao Leitor
dizendo: - Sei que parece o fim do mundo, mas leia esses livros e
você irá me entender e entenderá que o que estávamos vivendo,
não era mais uma relação.
Terminou a frase, soltou os dois livros em cima do sofá e partiu.
O Leitor com a visão embaçada pelas lágrimas, leu em voz alta o
título dos dois livros que eram:
“O Manual Secreto da reconquista” e, “Superando uma ex-
namorada.”
O Leitor com raiva pegou os livros, leu o nome do autor e disse:
- J.F Rozza, não sei quem é mas já odeio esse cara.
Melancólicos dias se seguiram na vida do Leitor, até que enfim no
auge de sua tristeza, rendido, ele finalmente pega os livros e inicia a
leitura pelo Manual da Reconquista.
O primeiro capítulo se chamava “As três reconquistas” e então ele
leu sobre a história de homens e mulheres que estavam presos em
relacionamentos iguais ao seu, das três reconquistas que ele leu,
ele entendeu qual foi a que a mulher escolheu, e que ele não tinha
opção além de também acatar“. A primeira reconquista, a
reconquista de si mesmo.” Imediatamente após ele ler esse livro ele
devorou o segundo livro que ela deixara, “Seis passos para superar
uma ex-namorada”.
Um novo dia começou e esse novo dia trouxe à vida um novo
homem que já acordado enfim despertava aos poucos.
Foi a leitura de uma noite toda que lhe devolveu a masculina
vontade de viver.
Superar o término de um relacionamento não é uma tarefa fácil.
Estava por anos acostumado com aquela mulher, ela era um
membro da família, alguém que ele nem gostava mais de conviver,
porém quando partiu deixou saudades.
Trabalhou arduamente em si mesmo até que se reconquistou.
Reconquistou diversos aspectos da sua personalidade que haviam
desaparecido, tais como sua vaidade, seu desejo de crescer mais,
de viajar, de conhecer coisas novas.
- J.F Rozza, eu realmente preciso me render, estou amando esse
autor!
Escreveu alguns e-mails ao autor pedindo dicas e surpreendeu-se
ao ser respondido, acabou criando uma “amizade virtual” com o
autor dos livros e este acabou o presenteando com os demais livros
de sua autoria.
Assim que recebeu os livros, retribuiu a gentileza publicando uma
foto no Instagram, segurando os livros e agradecendo o autor. O
autor então comentou em sua foto “Orgulho de ver sua evolução,
continue.”
A cada livro que lia, algo novo nele despertava e aos poucos tornou-
se novamente dono de si mesmo, sua confiança voltou, sua
determinação voltou, e obviamente o seu tesão pelas mulheres
voltou. É hora de virar a página e recomeçar uma nova experiência
na vida amorosa.
Uma grande festa estava para acontecer na sua cidade, o evento
era tão único e especial que ele decidiu que essa festa seria o local
do seu reencontro com as mulheres.
Viveu alguns dias de ansiedade até finalmente chegar o dia x. Logo
que acordou começou os preparativos, lustrou os sapatos e saiu
para literalmente ter um dia de “princeso”. Melhorou sua aparência
até onde pode melhorar, passou o dia cuidando de si, até limpeza
de pele fez e naquela tarde comprou roupas novas para usar a
noite.
Voltando para casa, no elevador do seu prédio olhou se no espelho
e sentiu orgulho do que havia se tornado, qualquer um consegue
melhorar a si mesmo de uma forma considerável, desde que este
ame a si mesmo e não tenha preguiça de cuidar de si.
Entrando em casa, fez um lanche e deu uma última olhada nas
dicas de sedução do livro Código dos Homens.
Soltou o livro Código dos Homens Edição Especial na cabeceira da
cama e pensou consigo mesmo:
- Já faz um certo tempo desde que comecei a ler essa coleção,
superei minha ex e a vida foi seguindo seu rumo, comecei a me
desenvolver como homem e segui a risca todos os ensinamentos,
exceto o das conquistas amorosas.
- Pelo que li nos livros, não preciso ser um homem lindo, do tipo
príncipe encantado, como o próprio JF escreveu nem todos os
conquistadores são em tese lindos, eles são acima de tudo no
mínimo organizados e alinhados.
Se você se arrumar como se fosse trabalhar na obra, chinelo de
dedo, camisa velha e bermuda rasgada, então vá trabalhar na obra.
Esse é seu fardamento para o trabalho, e tal como existe o do
trabalho, também existe o uniforme para a sedução.
Não precisa ter nenhum nome na sua cueca, nenhuma marca na
sua calça, nenhuma grife na sua camisa. Desde que elas estejam
limpas, desde que sejam do seu tamanho, desde que estejam
passadas esse pode muito bem ser o seu fardamento para as
conquistas.
Quando não usamos roupas de grife, quando ainda não temos
condições de usar ternos e camisas como se estivéssemos em um
filme de hollywood, devemos nos ater a conquistar mulheres que
assim como nós, são limpas e alinhadas, porém são mais “simples”
por assim dizer.
Toda mulher pode ser conquistada, mas um homem não pode
conquistar qualquer mulher, simplesmente porque existem gostos,
sentimentos e preferências particulares de cada uma. Se todas as
mulheres gostassem apenas de homens musculosos, não haveriam
gordinhos no mundo.
Da mesma forma, se todas as mulheres gostassem de homens
fofinhos, não haveriam homens musculosos no mundo. Não há um
tipo único de homem que agrade todas as mulheres, existem as
preferências da maioria, mas até mesmo este pode ser rejeitado por
alguém que prefira um homem que seja o oposto dele.
O segredo da arte da conquista é acima de tudo perceber qual
mulher pode ser conquistada por você.
Se você for chegar em uma mulher que usa bolsa Victor Hugo, cinto
da Gucci, camisa da puta que pariu que seja, ela claramente te
analisará da cabeça aos pés. Ela é uma consumidora e entendedora
de marcas e colocará valor no homem conforme o valor visível em
suas roupas. Então para vencer na arte da conquista, atente-se para
objetivos similares a você mesmo.
O Leitor não trabalhava, ele estudava para concurso público afim de
realizar o sonho da mãe de vê-lo ocupar cargos estáveis e
visivelmente importantes.
Ganhou o apartamento em que morava da mãe e não precisava se
preocupar com aluguel, e para as demais contas ela ainda lhe dava
um “pagamento mensal” para que ele apenas estudasse. Talvez
esse fato tenha contribuido para o marasmo que tornou-se o seu
relacionamento pois sua vida era sempre viver a promessa de que
no próximo ano tudo iria melhorar.
CAPÍTULO 04
UM BEIJO E UMA PROMESSA
Eu realmente não acredito nisso. Eu, irei ver o Rozza em ação
pessoalmente.
O Leitor parecia demonstrar mais empolgação com a minha
conquista do que a que ele mesmo teve agora pouco.
Essa é uma das oportunidades em que preciso fazer bom uso dos
olhos do Leitor.
- Descreva o que você vê. Digo a ele.
- Loira, vestido vermelho....
- Não! Não precisa descrevê-la, descreva o que está acontecendo
do outro lado.
- Ah tá.
- Bom... ela está com uma amiga, uma única amiga. De todas
aquelas que vieram junto, tem uma amiga com ela, e essa amiga
está meio nervosa por assim dizer, colocou a mão no rosto diversas
vezes.
Ela segue a passos lentos, como quem trava uma guerra interna
entre o dever de ir e o querer de ficar, mas a batalha é perdida
quando ela por fim cruza o jardim até a saída principal, nada posso
fazer além de a observar partindo e a deixo sumir da minha vida.
A dama de Vermelho partiu.
FIM
- Olha ali um quiosque diz Jéssica, vamos pegar alguma coisa. Uma
coxinha, pastel, o que tiver. E ela continua: - Ai que linda a lua,
vamos molhar os pés na água Leitor, tira o calçado e vem.
O Leitor tira os calçados, e deixa a carteira e o celular em cima do
banco.
E então os dois saem do carro e vão em direção à praia. Eu demoro
um pouco a sair do carro e quando me preparo para sair sou
surpreendido por Renata, que me puxa, e fecha a porta. Ela então
aperta a tranca da porta e o motorista desliga o motor do carro e
também desce do veículo e vai em direção da praia, deixando
apenas o rádio ligado. O motorista agiu assim, apenas porque sou
eu que estou dentro do carro.
Em outros casos, ele fica sempre bem atento se algo no banco de
trás acontece contra a vontade da ocupante. Bem ao lado, no teto
do carro há um botão vermelho, é o botão de pânico, e toda mulher
que entra no carro é avisada que ele existe.
O carro tem película total, a ponto que qualquer curioso do lado de
fora, mesmo que colasse os olhos nos vidros não enxergaria nada.
Após fechar a porta, ela senta no outro banco em minha frente. Fica
me olhando com cara de safada e eu apenas falo: - Vem.
EPÍLOGO
O AMANHECER DE UM BELO SÁBADO.
Ah planos. É tão bom quando eles saem exatamente como
planejamos, outras vezes ter seus planos frustrados podem trazer
deliciosas surpresas àqueles que não desistem do que querem.
Ter meus planos frustrados foi uma das melhores coisas que me
aconteceu, a tempos eu não me divertia tanto assim. O que
começou como apenas uma sexta-feira rotineira, transformou-se em
algo totalmente diferente do planejado, ou eu poderia dizer, melhor
que o planejado.
Se eu fosse adolescente, poderia me gabar de ter beijado duas
mulheres lindas, transado com uma e a noite poderia dar-se por
encerrada. Mas eu já falei antes, eu sou o Cafajeste Sedutor, e
minha sedução não se trata apenas de gozar e sim aproveitar toda a
beleza da mulher que eu seduzo, tanto sexualmente quanto
intelectualmente.
Mulheres são como oceanos, a beleza paira pela superfície mas há
muito mais quando você mergulha em suas profundezas e o homem
que tem coragem de mergulhar muitas vezes é recompensado. O
que nos surpreende tem um sabor diferente pelo fato de ser um
acontecimento que não podemos controlar.
Enquanto o carro anda fazendo o caminho de volta, o motorista abre
a janela e me pergunta: - Direto pra casa, Rozza?
Respondo: - Não amigo, preciso pegar minha chave no club, passa
lá antes por favor.
- Sem problemas patrão. E fecha novamente a janela.
Seguindo a viagem, eu começo a lembrar da grande aventura que
vivi. Estou um pouco embriagado, com a cueca gozada e sozinho.
Realmente não era o que eu esperava para essa noite, não estou
satisfeito, mas até mesmo eu, com toda experiência posso terminar
a noite sem ninguém e está tudo bem. Estamos no amanhecer de
um novo dia, e com ele certamente novas oportunidades virão.
A vida em solitude é boa demais para aquele que sabe aproveitar.
Confiro meu celular e vejo que o número dela está aqui e está salvo
como Dama de Vermelho. Abro as conversas no whatsapp, a
procuro em contatos e abro uma janela de nova conversa, vejo
aparecer sua foto no perfil. A Dama de Vermelho é real e me deu
seu número verdadeiro, de repente, tudo é novamente possível.
Penso em lhe mandar uma mensagem mas não estou tão bêbado
assim, e se eu mandar mensagem agora, revelo que estou
acordado até essas horas.
O carro enfim chega, o motorista estaciona em frente ao club e eu
desço, entro pela porta da frente, essa hora tá liberada. O relógio
marca 5:00 Am.
- Vai levar apenas alguns miinutos, já volto. Digo ao motorista antes
de descer do carro.
Dou meus primeiros passos cruzando o jardim de inverno e, vejo o
local onde há algumas horas troquei um dos melhores beijos da
minha vida. A balada ainda está viva e continua lotada, exceto pelos
casais e alguns ‘bêbados’ que já estão se retirando, ainda há muita
gente no club, vou até minha sala e pego o meu casaco, deixo o do
Leitor para levar durante a semana, ou ele poderia pegá-lo ali
mesmo.
Antes de voltar ao carro, decido ir até o bar pegar uma água para ir
tomando. Agora minha preocupação será a de eliminar todo álcool
do meu corpo e infelizmente não será pelo suor das atividades
noturnas. Hoje serei eu que chegarei em casa e olharei para o teto
sozinho.
Dou um volta pelo club para ver se está tudo em ordem, paro no bar,
troco algumas palavras com o gerente que estava ali. Sinto a
camisinha ainda no meu pau e por um momento sinto um certo
desconforto.
Sorte que minha calça jeans é preta e não ficou marcada.
Uma noite sozinho? Realmente faz tempo que eu não termino a
sexta-feira sozinho, eu sempre tenho uma companhia para viajar,
transar e fazer alguma atividade. E nesse momento, parado aqui de
cueca gozada, eu lembro do mandamento mais importante do
cafajeste. Aquele que fica acima de todos os demais.
O bom cafajeste é também um bom observador.
Morena de cabelo curto, usando uma calça jeans e um top branco.
Magrinha de abdômen trincado, pernas torneadas mas não estilo
panicat. Ela está tomando uma dose de qualquer coisa sentada no
bar. Se está ali ainda tomando drinks é porque sua noite não
terminou, e obviamente parece que ela não quer terminar a noite
sozinha.
Ela não se arrumou desse jeito, para terminar a noite sozinha e de
ressaca. Ela está acompanhada de uma amiga, que neste momento
está sendo engolida por furiosos beijos trocados com um homem no
bar. Logo a amiga talvez vá embora e ela ficará sozinha.
Nesse momento escuto meu “passageiro” dizer: não vá J.F, é tarde,
você está cansado, com uma camisinha na cueca, é arriscado
demais. Simplesmente vá para casa.
Assim que ele diz, meu lado “destemindo” o afasta. - Ela está
entendiada e solitária. Uma bela moça passar a noite sozinha é um
crime. Ajude a pobre moça a sair do tédio J.F Rozza, compense-a
por ter se arrumado e esperado até agora sozinha na festa. Foda
com força até a cabeça dela explodir de prazer =D
O bom observador só vai para casa sozinho, quando para de
observar. Parado aqui eu vejo uma mulher totalmente disposta ao
flerte, ela me olha, disfarça e olha para o lado, com o rosto virado ao
lado, apenas seus olhos viram pra mim e novamente me encaram.
Mas dessa vez eu capturo sua atenção com meu sorriso de
cafajeste, ela se vira e ri sem jeito. Ela então olha para baixo sem
graça, aproveita e olha no relógio. Talvez ela tenha que trabalhar
cedo, e confere as horas para ver se dá tempo de fazer alguma
atividade especial.
Quando ela me olha novamente, eu olho para meu pulso direito, eu
não tenho relógio. Ela acha graça e ri, sua postura que estava caída
agora ergue como quem diz: venha, estou pronta.
O relógio dela marca 5:30 Am, o meu relógio não marca nenhum
horário, apenas a frase: a refeição está servida, hora de comer.
Sutilmente levanto, eu caminho em direção a ela, não olho nada
mais ao meu redor, é como se apenas ela importasse nesse
momento, como se eu tivesse vagado a noite toda apenas para
encontrá-la agora.
No meu universo existe ela e eu, nada mais, ela se sente especial
pelo meu olhar, pensa: - valeu a pena ficar até agora na festa.
Fica pouco envergonhada mas está totalmente virada em minha
direção.
Chego perto dela, não há necessidade de joguinhos e abordagens
indiretas, dessa vez sou claro na intenção, paro na sua frente e
digo:
- Olá tudo bem?
- Meu nome é JF Rozza e o seu?